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Asma Prof. Luan Simões Definição Doença inflamatória crônica das vias aéreas associada à hiper-responsividade das vias aéreas que leva a episódios recorrentes de sibilos, dispneia, opressão torácica e tosse, particularmente à noite ou no início da manhã BARRETO, SSM, et al. Pneumologia. 1 Ed Artmed, 2009 Características • Hiper-reatividade • Estímulos (genética + exposição ambiental) • Inflamação e estreitamento das vias aéreas • Reversão espontânea ou sob tratamento • Completamente ou parcialmente reversível NÃO TEM CURA! Hospedeiro geneticamente sensível -> exposto -> inflamação persistente das vias aéreas (remodelamento das VA), hiper-responsividade brônquica e obstrução do fluxo aéreo -> espectro da asma -> reativada (fatores adicionais). Etiologia e patogênese Fatores individuais Exposição ambiental Um paciente com asma inala um alérgeno que ele é sensível: • O antígeno se liga com moléculas de IgE específica fixadas à superfície dos mastócitos da mucosa e submucosa brônquicas • Os mastócitos degranulam rapidamente (30 min) -> liberando múltiplos mediadores inflamatórios (histaminas, citocinas) • Mediadores -> contração do músculo liso, congestão vascular -> obstrução do fluxo aéreo Resposta imediata Resposta tardia (40%): influxo e ativação de células inflamatórias (eosinófilos, linfócitos e neutrófilo) Etiologia e patogênese Epidemiologia ESTIMA-SE: • 300 milhões possuem a doença (60% crianças) no mundo • 20 milhões no Brasil PREVALÊNCIA: • Global: 1 a 18% • No Brasil: 20% das crianças e adolescentes MORTALIDADE (aumentando): • 250 mil morte/ano • No ano 2000: 2,29/100 mil hab -> 0,41% (adultos jovens hospitalizados) • Custos aumentam com a gravidade (25% da renda familiar) Epidemiologia INTERNAÇÕES NO BRASIL: • 300 a 350 mil/ano • 3ª ou 4ª causa de hospitalizações no SUS (2,3%) Classificação da asma EXTRÍNSECA INTRÍNSECA Asma extrínseca • Forma alérgica • Mais frequente • Predisposição genética para uma resposta de hipersensibilidade imediata contra uma extensa gama de estímulos externos ambientais • Pode também resultar de uma exposição a uma grande variedade de compostos químicos orgânicos ou inorgânicos – Asma atópica -> IgE (alérgico) – Asma não-atópica -> ocupacional Asma intrínseca • Asma criptogenética -> sem evidência de atopia (não-imunes) • Testes cutâneos negativos • Níveis séricos de IgE normais -> elevados em cerca de 30% • Início na idade adulta • Responde mal aos broncodilatadores • Estímulos: – Aspirina – Infecções pulmonares – Frio – Estresse psicológico – Exercício – Irritantes inalados Classificação da asma Fatores de risco no prognóstico • Hiper-reatividade das vias aéreas • Alergia atópica • Infecções respiratórias • Tabagismo • Condições climáticas • Idade do início • Iatrogenia Fatores precipitantes e agravantes Alergênios Irritantes Condições climáticas Infecções Exercícios físicos Fatores emocionais Refluxo gastroesofágico Hipersensibilidade não-alérgica Fatores endócrinos Asma noturna Diagnóstico Sugestivo • Dispneia • Tosse crônica • Sibilância • Opressão ou desconforto torácico (à noite ou primeiras horas da manhã) • Crises mais frequentes à noite -> perturbação do sono • Duram algumas horas ou dias e cedem espontaneamente ou sob efeito de medicamento Diagnóstico fortemente sugestivo • Variabilidade dos sintomas; • Desencadeamento por irritantes inespecíficos (ex: fumaças, odores fortes e exercício) ou aeroalérgenos (ex: ácaros, fungos); • Piora à noite, melhora espontânea ou após o uso de medicações específicas para asma. OBSERVAÇÃO Asma de início recente em adultos pode estar relacionada com exposições ocupacionais. Exame físico • Rotineiramente -> exame do tórax normal -> expiração forçada -> sibilos – Sibilos (ins, exp ou ambos) -> podem não estarem presentes em todos os pacientes – Expiração prolongada • NA ASMA AGUDA -> os sibilos podem atenuar-se ou desaparecer, à medida que a insuficiência respiratória se configurar • NAS CRISES GRAVES -> hiperinsuflação torácica, contratura dos músculos respiratórios acessórios, posição de ortopneia, pulso paradoxal e cianose. Testes de função pulmonar Fornecem dados objetivos de função pulmonar que o clínico pode correlacionar com dados altamente subjetivos • Resultados quantitativos e reprodutíveis • Importantes para o diagnóstico e acompanhamento • Resultados imediatos OBS: Colaboração do paciente é essencial Diagnóstico funcional Indicações da espirometria na asma • Estabelecer o diagnóstico • Documentar a gravidade da obstrução ao fluxo aéreo • Monitorar o curso da doença e as modificações decorrentes do tratamento. Espirometria • Mede a quantidade de ar que entra e sai dos pulmões. • O paciente coloca o tubo na boca e após algumas respirações normais inala até CPT e expira o mais rápido possível (6 segundos) até que o computador assinale que não há mais ar para sair. • No mínimo 3 manobras adequadas -> melhor resultado é registrado. CVF VEF1 Indicativos de asma na espirometria • OBSTRUÇÃO DAS VIAS -> redução do VEF1 ( < 80% do previsto) e da relação VEF1/CVF (< 0,75 em adultos e a 0,86 em crianças) • REVERSIBILIDADE APÓS USOS DE BRONCODILATADOR Hiper-responsividade das vias aéreas TESTE DE BRONCOPROVOCAÇÃO • Teste de broncoprovocação com agentes broncoconstritores (metacolina, histamina, carbacol) com alta sensibilidade e alto valor preditivo negativo -> redução de 20% VEF1 • Teste de broncoprovocação por exercício demonstrando queda do VEF1 acima de 10% a 15%. Pico de fluxo expiratório (PFE) • SÃO INDICATIVOS DE ASMA: – Diferença percentual média entre a maior de três medidas de PFE efetuadas pela manhã e à tarde com amplitude superior a 20% em um período de duas a três semanas – ATENÇÃO: Redução 20 a 30% do melhor PFE Medidas do estado alérgico TESTES CUTÂNEOS: • Devem ser realizados utilizando-se extratos biologicamente padronizados; a técnica mais utilizada é a de puntura. • Outros alérgenos inaláveis (pólen, baratas, epitélio de gatos e cães) têm menos importância. Alimentos raramente induzem asma. DETERMINAÇÃO DE CONCENTRAÇÃO SÉRICA DE IGE ESPECÍFICA: • Confirma e complementa os resultados dos testes cutâneos. Classificação das crises Crise leve – Sensação de aperto no peito – Fadiga leve – Síbilos ou tosse quando ri ou faz pequenos esforços – Alteração discreta do PFE (> 80% do esperado) Crise Moderada –Desconforto perceptível na respiração – Fadiga com esforços moderados – Aumento da FR –Dispneia – Síbilos – PFE entre 50 a 80% do valor normal do paciente. Classificação das crises Crise grave – Intenso desconforto na respiração – Taquipneia – Frequência respiratória elevada – Dispneia intensa – Aumento do suor – Pele apresenta-se fria – Fadiga com atividades da vida diária (falar, caminhar, comer) – Tosse muito intensa e frequente – Nariz apresenta-se bem aberto e observa-se o batimento das “asas” nasais– Uso dos músculos acessórios da inspiração – Cianose (lábios e unhas) – PFE abaixo do valor normal do paciente. Tratamento • OBJETIVO: Permitir a manutenção de uma boa qualidade de vida do paciente, não interrompida pelos sintomas da asma, pelos efeitos colaterais da medicação ou por limitações no trabalho ou na prática de exercício. Tratamento Painel do National Asthma Education Program (NAEP) Componentes: • Mensurações e monitorização objetivas da função pulmonar (VEF e PFE) • Tratamento medicamentoso • Controle ambiental • Educação do paciente e familiares Tratamento da crise aguda Asma grave: – Óbito (crises) – Provocar obstrução irreversível das vias aéreas – Paraefeitos da medicação Prevenir: – Angústia respiratória – Necessidade de atendimento em serviço de emergência – Evolução da crise para asma aguda grave – Insuficiência respiratória – Óbito Tratamento precoce Prevenir Abortar a crise Tratamento da crise aguda “O broncoespasmo não é a causa da asma e, sim, resulta da inflamação das vias respiratórias, e que os broncodilatadores não suprimem essa inflamação” Beta-2-adrenégicos Corticosteróides INFLAMAÇÃO FATORES AMBIENTAIS DE RISCO HIPER-RESPONSIVIDADE DAS VIAS AÉREAS LIMITAÇÃO DO FLUXO AÉREO SINTOMAS DESENCADEANTES Conduta domiciliar Iniciado precocemente ao primeiro sinal de exacerbação • Paciente de alto risco • Exacerbação moderada (PFE < 50% do previsto ou angústia respiratória importante) • Resposta ao broncodilatador não se mantém (3h) • Inalação de beta-2-adrenérgico a cada 3 a 4h por mais de 24 a 48h • Sem melhora em 2 a 6h após início de corticosteroide • Progressiva piora apesar da medicação Tratamento hospitalar MEDIDAS TERAPÊUTICAS • Oxigênio (SatO2 > 90%) • Beta-2-adrenérgicos • Epinefrina • Brometo de ipratrópio • Aminofilina • Corticosteróides • Antibióticos • Mucolíticos • Sedativos • Hidratação FISIOTERAPIA ? Tratamento de manutenção OBJETIVO: Diminuir a hiper-reatividade das vias aéreas visando à prevenção de crises graves que podem significar risco de vida • Tratamento não deve ser apenas sintomático • Monitoramento através de provas de função respiratória • Identificar os fatores precipitantes e evitá-los Antiinflamatórios REFERÊNCIAS • BARRETO SSM, et al. Pneumologia. 1 Ed Artmed, 2009 • SARMENTO G.J.V. Fisioterapia respiratória no paciente crítico: rotinas clínicas. 3 Ed. Barueri – SP: Manole, 2010. • TARANTINO, A.B. Doenças Pulmonares. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. • WEST, JB. Fisiopatologia Pulmonar. 8 Ed. Art Médica, 2014.
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