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DESAPROPRIACAO ADM II

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DESAPROPRIAÇÃO
DESAPROPRIAÇÃO COMUM OU ORDINÁRIA
OBS: Necessidade pública: implica situação de urgência, cuja melhor solução será a transferência de bens particulares para o Poder Público.
	Utilidade pública: é a transferência conveniente da propriedade privada para a Administração, não havendo o caráter imprescindível nessa transferência, que é apenas oportuna e vantajosa para a Administração.
	Interesse social: em que ocorre a transferência da propriedade para melhorar a vida em sociedade, buscando reduzir as desigualdades sociais. O que deve ficar claro é que esses bens desapropriados por interesse social não são destinados à Administração ou a seus delegados, mas à coletividade ou a beneficiários determinados.
A desapropriação possui, obrigatoriamente, duas fases distintas:
FASES
1ª. Declaratória
Consiste na edição de um ato administrativo normativo de efeito concreto (decreto) pelo qual a Administração manifesta seu interesse em adquirir compulsoriamente bem determinado explicitando ainda os motivos de sua pretensão.
O decreto expropriatório produz consequências relevantes: 1. Direito de penetração (o Estado pode penetrar no imóvel, mas não poderá modificar nada); 2. Será fixado o estado do bem, considerando inclusive as benfeitorias nele existentes. Não poderão ser incluídas no valor da indenização as benfeitorias realizadas após o decreto de desapropriação, salvo aquelas autorizadas pelo Poder Público; 3. Dá início à contagem do prazo para a caducidade do ato expropriatório.
 
2ª. Executória
Momento em que se leva à cabo o que foi declarado na fase anterior. Pode consistir em um acordo ou em processo judicial de execução. 
OBJETO
Qualquer bem móvel ou imóvel, corpóreo ou incorpóreo, ou seja, podem ser desapropriados bens ou direitos.
OBS: O que não pode ser desapropriado? Os bens da União, Os bens tombados (matéria de divergência), Direitos personalíssimos, moeda corrente do país, bens encontráveis no mercado e pessoas.
OBS: Bens Públicos podem ser desapropriados desde que haja autorização legislativa (art 2º, parágrafo 2º da LGD) obedecendo a abrangência do Ente Federativo.
NATUREZA JURÍDICA
Forma originária de aquisição de propriedade
1ª. FASE – DECLARATÓRIA art 6º. A 8º. DL 3365/41
Competência:
	COMPETÊNCIA
	MATERIALIZAÇÃO
	Poder Executivo de U, E, DF, e M
	Decreto
	Poder Legislativo de U, E, DF e M
	Lei de Efeito Concreto
	DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes Lei 10233/01 (antigo DNER)
	Portaria do Ministro dos Transportes
	Pessoas Jurídicas de Direito Público da Administração Indireta (Autarquias e Fundações Autárquicas) por delegação Legal
	Resolução
Prazo de validade:
Necessidade ou utilidade pública 5 anos
Interesse Social – 2 anos
2ª. FASE – EXECUTÓRIA
Por acordo
Quando não houver dúvida fundada sobre o domínio e as partes acordarem sobre o valor da indenização e a forma de transferência do bem desapropriado.
Deve ser formalizado por instrumento público.
Por sentença
 Quando não há acordo entre o poder expropriante e o expropriado se ingressa em juízo com a propositura da ação expropriatória
É uma ação de execução que tem por título a ser executado o ato expropriatório (declaração – 1ª. fase)
 
Da Imissão provisória na posse (art. 15, caput e § 1º do DL 3.365/41)
- É a transferência da posse do bem objeto da expropriação para o expropriante já no início da lide, concedida pelo Juiz, se o Poder Público declarar urgência e depositar em juízo, em favor do proprietário, importância fixada segundo critério previsto em lei (art. 15, caput).
- Diz-se "provisória" porque não é a posse que acompanha a propriedade. Esta, o expropriante só obterá mediante o pagamento da justa indenização fixada pelo Juiz depois do arbitramento em que se apure o verdadeiro e real valor do bem desapropriado (após a perícia). A posse definitiva, com o registro público somente após o pagamento efetivo do precatório, se for o caso.
- A urgência, para fins de imissão na posse, pode ser declarada a qualquer momento depois da declaração de utilidade pública do bem e dentro de seu prazo de validade.
- Prazo improrrogável de 120 dias e não pode ser interrompido ou renovado (Decreto-Lei 3.365/41, art. 15, §§ 2" e 3") -findo o prazo, não será concedida a imissão provisória.
- Ao expropriado é facultado levantar 80% da importância depositada e prosseguir na lide, discutindo o valor que considera realmente justo para indenizar o bem objeto de expropriação (Decreto-Lei 3.365/41, art. 41).
- Não confundir imissão provisória com o Direito de Penetrar no imóvel, previsto no art. 7º. do Decreto-Lei 3.365/41. Este último não acarreta transferência de posse do bem do proprietário ao expropriante, apenas o direito de fazer medições e verificações após a declaração. A imissão provisória é autorizada pelo juiz após o ajuizamento da ação expropriatória (liminar).
- O bem só passa a integrar o patrimônio público (com o registro público) após o pagamento do precatório. A sentença transitada em julgado da desapropriação só tem efeito declaratório (afeta o bem). O efeito constitutivo surge com o pagamento do precatório. A imissão definitiva na posse sucede ao pagamento do bem expropriado - corrente majoritária) (Art. 5º, XXIV, da CF/88 fundamento jurídico). Há corrente que entende que a sentença transitada em julgado teria efeito constitutivo sujeito à condição resolúvel.
OBS:Segundo Hely Lopes Meirelles "A imissão provisória na posse era admitida até mesmo antes da citação do expropriado, desde que o expropriante declarasse a urgência da medida e efetuasse em juízo o depósito prévio segundo o critério legal do § lo. do Art. 15 do DL 3.365/41. Após a CF /88, contudo, o STF passou a entender que tal dispositivo não foi recepcionado pela nova carta, uma vez que os ínfimos depósitos realizados pelo expropriante não atendiam à prévia e justa indenização em dinheiro estabelecida como garantia individual contra a desapropriação (CF, Art. 5°, XXIV). Segundo tal entendimento, a perda da posse significa, em última análise, a supressão de quase todos os poderes inerentes ao domínio e, por isso, a imissão initio litis só pode ser autorizada com o depósito do valor apurado em avaliação prévia judicial". Conclui-se que o Juiz deve verificar o preço depositado diante do caso concreto, se for razoável, não houver impugnação do réu (expropriado), autorizar a imissão provisória na posse, já que posse não se confunde com propriedade. Não atentando assim, com o previsto no art. 5°, XXIV da CF /88.
Contestação
Só poderá versar sobre:
 O valor da indenização;
 Vícios processuais;
 Direito de extensão (é o direito do expropriado de exigir que a desapropriação e a consequente indenização atinjam a totalidade do bem, quando o que remanescer provocar esvaziamento econômico do bem. Cabível na desapropriação parcial, quando o que restar é inservível para o expropriado – que pode, na contestação, pedir que seja desapropriada toda a área).
Na desapropriação indireta, porém, o réu poderá alegar qualquer matéria de defesa, de mérito ou processual.
Indenização 
A) Indenização justa (CF, art. 5º, XXIV) - corresponde real e efetivamente ao valor do bem expropriado.
ATENÇÃO! A regra é ser a desapropriação precedida de justa e prévia indenização em dinheiro. Mas o próprio art. 5º, XXIV da CF traz ressalvas desta regra. As exceções constitucionais à indenização em dinheiro estão no art. 182, § 4º, III (pagamento em títulos da dívida pública), art. 184, caput (na reforma agrária, mediante títulos da dívida agrária, de competência da União) e art. 243 (na desapropriação-confisco, em que não há o pagamento de qualquer indenização ao proprietário), todos da CF.
B) Juros moratórios - são os devidos pelo Poder Público (expropriante) ao expropriado pela demora no pagamento do valor da indenização - Código Civil/02, art. 406, e Súm. 70 STJ, = contam-se a partir do trânsito em julgado da sentença condenatória(que será corrigido monetariamente).
C) Juros Compensatórios - são os devidos pelo Poder Público (expropriante) ao expropriado, a título de compensação pela perda antecipada da posse (na imissão provisória na posse – IPP) que o expropriado haja sofrido - não previstos em lei - construção jurisprudencial- 12% ao ano (Súm.618 STF) = tanto na desapropriação direta como na indireta, contam-se desde o momento da perda efetiva da posse até a data do pagamento da indenização (ou sentença homologatória da desistência).
Obs.: MP 2183, de 24/08/2001, fixou os juros compensatórios em 6 % (seis por cento) ao ano, mas tal valor só vale para as imissões provisórias na posse posteriores à sua edição (termo a quo data da perda antecipada da posse) (RE 406502/SP - 1ª Turma do STJ).
Atenção! Os juros moratórios e os compensatórios podem ser perfeitamente cumulados.
D) Correção Monetária (Decreto-Lei 3.365/41, art. 26, § 2º) decorrido prazo superior a um ano a partir da avaliação, o juiz ou tribunal, antes da decisão final, determinará a correção monetária do valor apurado na perícia judicial que fixou o preço.
Obs.: Decisão final = é aquela que determina a imissão definitiva na posse, ou seja, a que sucede ao pagamento do bem expropriado. ( Súm. 561 STF).	
E) Honorários Advocatícios (Súm. 617 STF) - calculados sobre a diferença entre o valor oferecido pelo expropriante e aquele apurado como justo na avaliação, corrigidos monetariamente, não havendo orientação firmada sobre o quantum percentual a ser aplicado.
Momento em que se consuma a desapropriação
 Art. 29 - "Efetivado o pagamento ou a consignação, expedir-se-á, em favor do expropriante, mandado de imissão na posse, valendo a sentença como título hábil para a transcrição no registro de imóveis."
Obs.: Não basta a expedição do precatório. Só com o efetivo pagamento é que se pode registrar a sentença no R. G. I. (Registro Geral de Imóveis).
A sentença transitada em julgado tem duplo efeito:
1 ) Autoriza a imissão definitiva na posse do bem em favor do expropriante;
2) Consubstancia título idôneo para a transcrição da propriedade no registro imobiliário (ou para efetivação da tradição, em se tratando de bens móveis).
OBS: O momento em que se perfaz a transferência da propriedade é matéria controvertida aceitando 3 entendimentos:
1a. Corrente: Paga a indenização fixada na sentença (acórdão), transfere-se a propriedade (sentença teria efeito meramente declaratória - somente com o pagamento a posteriori é que se tem o efeito constitutivo).
Prof. José Santos Carvalho Filho - Diógenes Gasparini, José Carlos de Moraes Salles - (no momento do pagamento da indenização - efeito constitutivo).
2a Corrente: Com a transcrição da Sentença no Registro Imobiliário (sentença teria efeito declaratório) - Prof. Pontes de Miranda (Efeito constitutivo com a transcrição).
Crítica: A desapropriação é forma de aquisição originária, e não derivada, servindo o registro apenas para fixar a cadeia causal da alienação.
3a Corrente: Com a expedição do mandado de imissão na posse definitiva (sentença de efeito declaratório) - Prof. Sérgio Ferraz (mandado de imissão - efeito constitutivo).
Crítica: A posse e a propriedade são institutos diversos e autônomos, podendo existir uma sem a outra.
- Dispõe o art. 35: "Os bens expropriados, uma vez incorporados á Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos."
- A corrente dominante é que com a afetação do bem ao patrimônio público o mesmo passou a ser incorporado por ficção jurídica apenas para o efeito de inobstar as Ações Possessórias e a Ação Reivindicatória, ou seja, a solução jurídica resolve-se com a indenização (perdas e danos).
- A simples afetação do bem particular a um fim público não constitui forma de transferência de propriedade.
- A afetação apenas caracteriza o momento que só restará ao particular esbulhado ajuizar ação de indenização - perdas e danos - e não mais poderá defender via Ações Possessórias.
-Ocorre que, como não houve ainda a justa e prévia indenização (Art. 5° XXIV, CF), não há que se falar em uma incorporação de fato e de direito.
-Em tese, é possível vislumbrar quatro momentos para considerar consumada a desapropriação:
1 ) imissão na posse (provisória) - Afetação - Há controvérsia
2°) sentença transitada em julgado com imissão definitiva na posse;
3°) com o registro da sentença judicial transitada em julgado no cartório de imóveis;
4°) No momento do pagamento do precatório, já que se cuida de aquisição originária.
 _ Para José Arthur Diniz Borges e Maria Sylvia Z. Di Pietro a afetação do bem só ocorre quando não é mais possível reverter o mesmo, em benefício do expropriado, ou seja, ocorreu modificação substancial do conteúdo do bem em prol do interesse público. Exemplo: Desapropriação Indireta - Apossamento ilícito pela Administração Pública - Se somente iniciou a obra com possibilidade de impugnação do proprietário esbulhado, no caso concreto, suspende-se a obra em prol do restabelecimento da legalidade. Se a obra já está adiantada ou terminada (uso e gozo da coletividade) não cabe ação possessória, nem a reivindicatória, a solução seria perdas e danos em prol do expropriado.
Desistência da desapropriação e indenização 
1 Enquanto não consumada a desapropriação, enquanto não houver condenação no valor a ser pago, o expropriante pode sempre desistir dela e, regra geral, sem qualquer indenização ao expropriado.
2 Caberá, entretanto, indenização ao proprietário pelos prejuízos que tenha causado em razão da simples declaração de utilidade pública (ou interesse social) ou pela propositura da ação ou da imissão provisória da posse, desde que haja efetiva comprovação do prejuízo.
3 STJ - "Constatadas substanciais alterações no imóvel objeto da ação expropriatória, tornando impossível a restituição ao estado em que se encontrava antes da imissão provisória, não há como se acolher o pedido de desistência apresentado pelo expropriante".
 
Assim sendo, podemos considerar quatro requisitos para a desistência:
a) Seja ela definida pelo expropriante antes de ultimada a desapropriação (haja algum ato formal explicitando tal vontade estatal);
b) Ressarcimento pelo expropriante de todos os danos que causou ao expropriado (comprovação de prejuízo deve ser feita pelo expropriado); 
c) Ressarcimento das despesas processuais (para o expropriado);
d) Devolução do mesmo bem (no mesmo estado em que se encontrava antes). Atenção! Decisão recente do STJ mitigando esse requisito.
 
 Obs1:A desistência da desapropriação nesse caso deverá ser explicitada através de instrumento formal do expropriante manifestando tal vontade estatal (ato discricionário) (motivação expressa).
 Obs2: Há controvérsia se o termo final para a desistência seria a condenação com trânsito em julgado ou o efetivo pagamento (cumprimento do precatório).
 Obs3: Não confundir com a desistência em efetivar o fim a que se destinou a desapropriação após o pagamento do precatório. 
ATENÇÃO! Só há três exceções em que não poderá ocorrer a desistência:
STF: se houve o depósito do valor da indenização.
Se o imóvel foi objeto de desapropriação indireta.
Se o Poder Público já deu destinação de bem de uso comum do povo ao imóvel.
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA
Conceito
É o fato administrativo pelo qual o Estado se apropria de bem particular, sem observância dos requisitos da declaração (decreto expropriatório) e da indenização prévia;
É a que se processa sem observância do procedimento legal e costuma ser equiparada ao esbulho possessório.
Considerações
-Forma abusiva (Abuso de Poder na modalidade Excesso de Poder) e irregular de apossamento de bem particular para ingresso no patrimônio público.
- Art. 35 do DL 3.365/41.
"Os bens expropriados. uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação. ainda que fundadaem nulidade do processo de expropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos".
-Na visão de Maria S. Z. Di Pietro
A desapropriação indireta somente se concretiza com a afetação do bem (uso e gozo pela coletividade). Como a desapropriação indireta costuma ser equiparada ao esbulho, pode ser obstada por meio das ações possessórias como o Interdito proibitório; Manutenção de posse; Reintegração da posse; Ação reivindicatória (discute a propriedade).
-A partir da afetação (uso e gozo da coletividade, Poder Público dá uma destinação pública ao bem) o proprietário não poderá mais reivindicar o bem, ou seja, propor ação Reivindicatória, nem mesmo manejar as ações possessórias. A simples afetação do bem particular a um fim público não constitui forma de transferência da propriedade. A afetação apenas indica o momento que restará ao particular ajuizar Ação Indenizatória de perdas e danos no caso de esbulho (apossamento ilegal pela Administração Pública) (Art. 35 do DL 3.365/41). Conclusão: O manejo das ações possessórias vai até a afetação.
OBS: Mesmo em se tratando do Poder Público, cabe ao prejudicado a proteção possessória (antes da afetação- antes que a coisa fique incorporada ao patrimônio público por força da afetação), seja através:
a) Ação de Interdito Proibitório = na hipótese de justo receio de ser o possuidor direto ou indireto molestado na posse, a fim de impedir a turbação ou esbulho iminente;
b) Ação de Manutenção de Posse = em caso de turbação; 
c) Ação de Reintegração de Posse = no esbulho consumado.
 Conceito de afetação
 “O fato ou a manifestação de vontade do Poder Público, em virtude do que a coisa fica incorporada ao uso e gozo da comunidade”.
-Lícita é a afetação que alcança bens já integrados legalmente no Poder Público, na qualidade de bens dominicais para passá-los à categoria de Uso Comum do Povo ou de Uso Especial.
- Se o Poder Público ilegalmente construir uma praça, uma escola, um hospital, em área pertencente a particular, terminada a construção e afetado o bem ao uso comum do povo ou ao uso especial da Administração, a solução que cabe ao particular é pleitear indenização por perdas e danos.
Ação do Expropriado: 
Ação de Indenização (Perdas e Danos) - o expropriado tem o direito (Art. 35, DL 3.365/41) de postular perdas e danos após a afetação. Têm, portanto, conteúdo condenatório a ação e a sentença - pedido condenatório de natureza indenizatória (obrigação de dar quantia certa - via precatório) - causa de pedir = fato administrativo do apossamento ilegal (esbulho possessório) pelo Poder Público depois da afetação ilegal. Pago o proprietário, em sentença transitada em julgado, na ação indenizatória, levada tal sentença para ser transcrita no Registro de Imóveis, aí, sim, dá-se a incorporação do bem ao patrimônio público.
Natureza da Ação Indenizatória : real ou pessoal?
1ª Corrente - (era Majoritária antes da nova redação do parágrafo único do art. 10 do Decreto-Lei 3.365/41- Doutrina e Jurisprudência): Real - em virtude da situação particular do litígio, no qual o pedido indenizatório se funda na perda da propriedade.
2ª Corrente - (era Minoritária - hoje, após a nova redação do parágrafo único do art. 10 do Decreto-Lei 3.365/41, passou a ser expressamente prevista em lei, ou seja, foi suprida a omissão legislativa, embora a controvérsia persista em face da concessão da liminar em ADIn suspendendo seus efeitos): Ação Pessoal- já que a ação tem como objeto pedido condenatório de natureza indenizatória. Depois da afetação ilegal, por ficção legal, o bem fica transferido e incorporado ao patrimônio público. Tal fato administrativo extinguiu a desapropriação (indireta), e com ela a relação de direito real com a transferência ilegal e coativa da propriedade. Sendo assim, restou relação de caráter meramente indenizatório, razão por que melhor seria sua caracterização como ação pessoal (Prof. José dos Santos Carvalho Filho).
Obs.: Tal natureza acarretará consequências na determinação da competência do foro e prazo prescricional.
Legitimidade para a Ação
É inversa a da ação de desapropriação (direta e legal) na desapropriação indireta:
Autor - Expropriado (o esbulhado)
Réu - (Poder Público - Pessoa de direito público responsável pelo esbulho)
OBS: O autor deve ser o proprietário, cabendo-lhe provar o domínio, e, sendo casado, a jurisprudência exige o comparecimento de ambos os cônjuges no pólo ativo, sob pena de ser extinto o processo.
Foro da Ação
Em se tratando de Ação Real, se for o caso, o foro é o do local do imóvel, e não o domicílio do réu, sendo qualquer outro absolutamente incompetente. Se se entender Ação Pessoal, foro das regras normais do CPC (domicílio do réu).
Prescrição da Ação
Antigamente se entendia que se aplicava o prazo vintenário do art. 550 do antigo CC (que era o mesmo prazo para o usucapião), entendendo-se pela natureza de ação real. Depois, houve modificação no próprio Decreto-Lei, que estabelecia um prazo de cinco anos no parágrafo único do seu art. 10 (o que, então, mudaria o entendimento de natureza de direito real para direito pessoal). Porém, o STF, considerando um prazo muito irrisório para o particular se defender de eventual abuso do Poder Público ao seu direito de propriedade, suspendeu liminarmente a eficácia do parágrafo único do art. 10 do DL 3.365/41. 
E, ao final de tantas mudanças, em 2001 houve nova alteração no mesmo parágrafo único do art. 10 do DL 3365/41, retirando a sua eficácia para as desapropriações indiretas e apossamentos administrativos. Então, hoje, com a nova redação dada ao dispositivo (acrescentado pela MP 2.183-56/2001), temos que:
“Art. 10. Parágrafo único: Extingue-se em cinco anos o direito de propor ação que vise a indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público”. Assim, este prazo será utilizado para a desapropriação comum (não a indireta) e para as demais formas de intervenção estatal na propriedade privada ensejadoras de pedido indenizatório. E para a desapropriação indireta, ou apossamento administrativo, ENTENDIA a doutrina majoritária que o prazo era o do art. 1238 CC/2002 = 15 anos, PORÉM, O STJ PASSOU A ENTENDER QUE NO CASO DA DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA POR POSSE-TRABALHO, APLICA-SE O PRAZO PREVISTO NO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 1238 CC = PRAZO DE 10 ANOS.
 (OBSERVADAS AS REGRAS DE TRANSIÇÃO PREVISTAS NO ART. 2038 CC).
(CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002) 
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo). 
Interrupção da prescrição da ação indenizatória
A Jurisprudência tem decidido que se a entidade pública ocupante do imóvel expede o Decreto Expropriatório está reconhecendo, implicitamente, a titularidade do domínio do proprietário (RSTJ 45/240).
Se cobrar tributo do proprietário em virtude da propriedade do imóvel, o próprio expropriante que se apossa ilegalmente, o ato também implica reconhecimento do domínio do proprietário expropriado, interrompendo-se o prazo prescricional, porque, ao fazê-lo, o Estado declara que ocupa o bem sem animus domini (RJTJSP 163/80).
RETROCESSÃO
Código Civil/02, art. 519 "Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa".
É a obrigação que se impõe ao expropriante de oferecer o bem ao expropriado, quando não lhe der o destino declarado no ato expropriatório, mediante a devolução do valorda indenização (ou perdas e danos se não devolver). 
Há vedação para a retrocessão no §3º do art. 5º do DL 3.365/41(na desapropriação para implantar parcelamento popular = classes de baixa renda).
Natureza Jurídica 
1ª Corrente - Direito real do ex-proprietário de reaver o bem expropriado, em face de o bem não ter sido afetado à finalidade pública, o proprietário receberia o bem e devolveria o dinheiro, ou seja, paga o preço atualizado que lhe foi destinado na desapropriação.
2ª Corrente - Direito Pessoal -só cabe perdas e danos, não se trata de indenizar com o valor total já recebido - mas sim uma indenização a título de sanção pelo descumprimento do dever legal.
3ª Corrente – Direito misto – pessoal e real ao mesmo tempo; em que o expropriado pode se valer de ação de preempção ou preferência (natureza real) ou, se preferir, perdas e danos.
TREDESTINAÇÃO
Significa destinação desconforme com o plano inicialmente previsto, é uma mudança, desvio na finalidade da desapropriação.
a) Ilícita
É aquela pela qual o Estado, desistindo dos fins da desapropriação, transfere para terceiro o bem desapropriado ou pratica desvio de finalidade, permitindo que alguém se beneficie de sua utilização (inclusive aspectos que denotam a desistência da desapropriação).
Consequências:
1ª. Corrente - Ação de Nulidade cumulada com Reivindicatória para decretar a nulidade do ato de desapropriação, reintegrar os autores na posse do imóvel e condenar o réu a indenizar lucros cessantes. 
2ª Corrente - Ação de Perdas e Danos em face do Art. 35 do Decreto Lei 3.365/41.
b) Lícita
É aquela que ocorre quando, persistindo o interesse público, o expropriante dispense ao bem desapropriado destino diverso do que planejara no início. O Estado desejava construir um Hospital e decidiu fazer uma Escola Pública. O motivo (fato) expropriatório continua revestido do interesse público. Assim, se o Poder Público alterar o destino do bem expropriado, mas mantendo o interesse público, não há que se falar em direito à indenização por tredestinação lícita.
Há hipóteses legais em que se vedam a tredestinação - Art. 50, § 3°, do DL 3.365/ 41 (introduzido pela Lei 9.785/99). Assim, se o imóvel for desapropriado para implantação de parcelamento popular, destinado a classes de menor renda, não poderá haver qualquer outra utilização, nem haverá retrocessão.
Desistência do uso
É a demora na Utilização do Bem ou não efetivação (concretização) do fim a que se destinou a desapropriação e equipara-se à desistência após o efetivo pagamento. A desistência, que seria uma espécie de tredestinação ilícita, não tem um critério objetivo. 
A não-utilização do bem pelo expropriante gera o direito à retrocessão?
1ª. Corrente -Se o Poder Público não utiliza o bem no prazo de 5 anos, presumir-se-ia desistência (analogia Art. 10 DL 3.365/41).
2a Corrente-Inexiste presunção de desistência, ou seja, é preciso que a situação fática demonstre claramente que expropriante não deseja mais destinar o bem ao fim público.
T JMG:" simples não-utilização do terreno em 5 anos contados do decreto que o declarou de utilidade pública não gera ao expropriado o direito de retrocessão, uma vez que esta só é justificável quando o expropriante demonstra, inequivocamente, a sua intenção de não se utilizar do terreno expropriado, o que somente se dá pela sua alienação, venda ou doação a terceiro". (Jurisprudência dominante - José dos Santos Carvalho Filho)
	
DIREITO DE TERCEIROS
Art. 31, DL 3.365/41 - "Ficam sub-rogados no preço quaisquer ônus ou direitos que recaiam sobre o bem expropriado".
Art. 26 - "No valor da indenização, que será contemporâneo da avaliação, não se incluirão direitos de terceiros contra o expropriado".
- Sub-rogação: É instituto que indica a modificação da natureza do direito, vale dizer, o direito de terceiro; no caso, foi substituído pelo direito pecuniário decorrente da indenização.
- Adotado pelo legislador o sistema de indenização única - princípio da unicidade da indenização ou princípio da sub-rogação.
- O Poder Expropriante tem apenas o dever de pagar a indenização, mas não deve suportar qualquer limitação em seu propósito de obter a transferência do bem. Uma vez depositado o valor indenizatório, são os próprios interessados que devem disputar suas respectivas parcelas de acordo com a natureza e a dimensão de seus direitos.
- Corrente majoritária: Apenas os direitos reais foram abrangidos pelo dispositivo legal: em primeiro lugar, porque a expressão direitos que recaiam sobre o bem expropriado dá ideia dessa categoria de direito; em segundo lugar, porque determina que no valor da indenização não se incluirão os direitos de terceiros contra o expropriado.
-Os direitos obrigacionais relacionados com o bem expropriado terão que ser pleiteados contra o Poder Expropriante em ação própria (Art. 20, DL 3.365/41). Poder Expropriante = Responsável pela indenização diante de Direitos Obrigacionais ou Pessoais de terceiros que sofreram prejuízos com a desapropriação do bem é o Poder Expropriante. O Locador ou arrendante não é o responsável pelo dever indenizatório, mas sim o expropriante; porquanto, é a este que se imputa a causa da cessação do vínculo contratual.
-No caso de ser o bem sujeito a hipoteca ou penhor, de natureza real, portanto, se sub-roga automaticamente no valor do quantum indenizatório correspondente a seu crédito, operando-se, em consequência, o vencimento antecipado da dívida.
 Usufruto
É direito real sobre a coisa alheia (art. 1.225, IV, do Código Civil/02), há controvérsias sobre como se resolve o usufruto na desapropriação:
1ª Corrente: Tendo em vista que o usufruto não se extingue pela desapropriação, mais apenas altera o objeto da incidência, passando do bem desapropriado para o valor da indenização, o proprietário e usufrutuário exercem conjuntamente seus direitos.
O proprietário é o dono do montante indenizatório.
O usufrutuário percebe os rendimentos oriundos do referido montante.
2a Corrente: O proprietário com a indenização adquire outro bem, semelhante ao expropriado, transferindo-se para o bem os direitos ao usufruto afetado pela desapropriação.
3a Corrente: Ajuste entre proprietário e usufrutuário, em que o primeiro destinasse parte da indenização ao segundo como compensação pela desapropriação do bem sobre o qual incidia direito real.
 Locações - Arrendamento 
 
É pacífico que a desapropriação resolve (desconstitui) os contratos de locação (arrendamento). Como não se trata de direito real, não há sub-rogação do direito do locatário (arrendatário), titular do direito pessoal, no valor indenizatório.
Consequências Jurídicas: Cabe indenização ao locatário (arrendatário) - não há norma que exclua a responsabilidade civil do Estado no caso de desapropriação (há responsabilização do Estado até por atos lícitos, como é o caso) (Art. 37, § 6°, da CF/88 - Responsabilidade Objetiva do Estado). Provando o Locatário (ou arrendatário) que teve prejuízos com a resolução do contrato locatício (de arrendamento) por força da desapropriação, tem direito a tê-los reparados pelo expropriante, com fundamento no art. 37, § 6°, da CF/88.
 Fundo de Comércio na locação comercial 
Uma vez que o fundo possui valor patrimonial, haverá inevitável prejuízo ao locatário pela rescisão do contrato, e terá ele direito à reparação dos prejuízos em face do Poder Expropriante. Obs.: É evidente que neste caso o valor da indenização inclui o fundo de comércio do quantum (RDA 88/159, RT 213/143).
Obs.: Fundo de comércio é o conjunto de bens corpóreos ou incorpóreos que facilitam o exercício da atividade mercantil. São os valores que se integram à estimativa do valor dos imóveis não-residenciais. Sua proteção específica é evidente e era este, aliás, o objetivo maior do antigo Decreto 24.150/34, conhecido como Lei de Luvas, e revogado pela vigente Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91).
Pólo passivo das ações indenizatórias 
 
Responsável pela indenização diante de DireitosObrigacionais ou Pessoais de terceiros que sofreram prejuízos com a desapropriação do bem é o Poder Expropriante. O Locador (ou arrendante) não é o responsável pelo dever indenizatório, mas sim o expropriante; porquanto, é a este que se imputa a causa da cessação do vínculo contratual. 
OBS: O pedido indenizatório não pode ser formulado nos autos do processo de desapropriação, mas em ação autônoma (art. 20, DL 3.365/41) já que se trata de matéria alheia à transferência do bem, que constitui objeto da ação expropriatória.

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