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1 Introdução à Ciência e Tecnologia dos Materiais Cursos de Graduação em Engenharia de Produção e Engenharia Mecânica Diagramas de fase Por que estudar? � Muitas estruturas estão submetidas a variações de temperatura sob condições de serviço. � O conhecimento do diagrama de fases permite o projeto e o controle dos tratamentos térmicos aplicados. � O desenvolvimento da microestrutura de uma liga está relacionado com as características do seu diagrama de fases. Processamento Estrutura Desempenho Propriedades 2 Conceitos Básicos � COMPONENTE: são metais puros e/ou compostos que compõem uma liga. Exemplos: Latão = Cu-Zn Bronze = Cu-Sn � SISTEMA: se refere à série de possíveis ligas que consistem nos mesmos componentes, porém independente da composição específica da liga. Exemplo: Sistema Fe-C Conceitos Básicos � SOLUÇÃO SÓLIDA: forma-se a partir da dissolução do átomo de soluto na rede cristalina do solvente. As posições ocupadas pelo soluto podem ser intersticiais (Fe-C) ou substitucionais (Cu-Ni). Em geral, as soluções sólidas são representadas por letras gregas minúsculas nos diagramas de fases. 3 Conceitos Básicos � LIMITE DE SOLUBILIDADE: concentração máxima de soluto que pode se dissolver no solvente para formar a solução sólida. � A adição de soluto em excesso a esse limite resulta na formação de outra solução sólida ou de um composto com composição marcadamente diferente. � Depende da temperatura, apresentando, em geral, comportamento crescente com o aumento da temperatura. DIAGRAMA ÁGUA-AÇÚCAR Solução líquida (xarope) Limite de solubilidade Solução líquida (xarope) Açúcar sólido Açúcar Água Composição (% peso) T em p er at u ra ( ºC ) T em p er at u ra ( ºF ) 4 Conceitos básicos � FASE: porção homogênea de um sistema que possui características físicas e químicas uniformes. Todo metal puro é considerado como uma fase, assim como as soluções sólidas, líquidas e gasosa. Sistemas de 1 fase: homogêneos Sistemas de 2 ou mais fases: heterogêneos Observação: Quando 2 fases estão presentes, não é necessário que existam diferenças nas suas propriedades físicas E químicas. Exemplo: água e gelo. Conceitos básicos � Uma fase é identificada pela composição química e microestrutura. � A interação de 2 ou mais fases em um material permite a obtenção de propriedades diferentes. � É possível alterar as propriedades do material alterando a morfologia e distribuição das fases. 5 Conceitos básicos � Se mais de uma fase estiver presente em um dado sistema, cada uma possuirá suas propriedades individuais e irá existir um contorno separando as fases, através do qual haverá uma mudança abrupta nas propriedades físicas e/ou químicas. Conceitos Básicos LIGA MONOFÁSICA LIGA BIFÁSICA 6 Conceitos básicos � MICROESTRUTURA: é caracterizada pelo número de fases presentes, por suas proporções e pela maneira na qual estão distribuídas ou arranjadas. Parâmetros externos que alteram a microestrutura: temperatura, pressão e composição. � A microestrutura de uma liga depende de variáveis tais como: - Os elementos de liga que estão presentes; - As concentrações dos componentes; - O tratamento térmico a que a liga foi submetida, isto é: temperatura, tempo de aquecimento a temperatura do tratamento e taxa de resfriamento ate a temperatura ambiente. Ex: Microestrutura de um aço Fonte: Prof. Paulo Emílio Valadão de Miranda 7 Conceitos básicos � EQUILÍBRIO: um sistema está em equilíbrio quando a energia livre alcança o menor valor possível sob condições combinadas de temperatura, pressão e composição. As características do sistema não mudam com o tempo, sendo este estado considerado estável. � EQUILÍBRIO DE FASES: constância das características das fases de um sistema ao longo do tempo. Situação de menor energia livre interna. Conceitos básicos � ESTADO DE NÃO-EQUILÍBRIO (METAESTÁVEL): a taxa pela qual o sistema se aproxima do equilíbrio é extremamente lenta. Um sistema pode permanecer longo tempo em condições fora do equilíbrio. Sendo assim, um estado ou microestrutura metaestável pode existir indefinidamente, sofrendo mudanças quase imperceptíveis ao longo do tempo. 8 Diagramas de Fase � DEFINIÇÃO: representam as relações entre temperatura e as composições de cada fase em condições de equilíbrio, considerando uma pressão constante (1 atm). São úteis para prever as transformações de fases e as microestruturas resultantes. � Os diagramas de fases não indicam o tempo necessário para que uma transformação ocorra. � Os diagramas de equilíbrio mostram as estruturas que se formam sob condições de resfriamento LENTO. As taxas de resfriamento encontradas na prática provocam o SURGIMENTO DE ESTRUTURAS ADICIONAIS, não previstas nestes diagramas. Diagramas de fase de 1 componente (unário) 9 Diagramas de fase de 1 componente (unário) � Diagramas de composição constante (substância pura); � Gráfico pressão x temperatura; Diagrama de fases pressão-temperatura a para água. Diagramas de fase de 1 componente (unário) � Para o diagrama do slide anterior: - Cada fase (sólida, líquida, gasosa) existe sob condições de equilíbrio ao longo das áreas do diagrama correspondentes; - As curvas em vermelho são as fronteiras entre as fases. Em cima da linha, as duas fases coexistem em equilíbrio. - Ponto O é o ponto triplo ou ponto invariante. 10 Diagramas de fase binários Diagramas de fase binários � Pressão constante (1 atm); � Gráfico temperatura x composição (variáveis que alteram a microestrutura); � Transformação de fase: mudança que ocorre quando a temperatura é modificada. � Estes diagramas são úteis para prever transformações de fases e as microestruturas resultantes. 11 Sistemas isomorfos binários � Completa solubilidade dos componentes em estado líquido e sólido. Exemplo: Cu-Ni - Mesma estrutura cristalina (CFC) - Raios atômicos próximos - Eletronegatividades próximas - Valências semelhantes DIAGRAMA DE FASES DO SISTEMA Cu-Ni 12 Sistemas isomorfos binários � Para o diagrama do slide anterior: - Eixo das ordenadas (y): temperatura; - Eixo das abscissas (x): composição; - L: solução líquida homogênea, composta por Cu e Ni; - α: solução sólida substitucional contendo átomos de Cu e Ni, com estrutura cristalina CFC. - Linha liquidus e linha solidus; - Para ligas, a fusão não ocorre em uma temperatura fixa, mas sim em um intervalo de temperaturas. Interpretação dos diagramas de fases � Informações fornecidas pelos diagramas de fases: 1 – Fases presentes; 2 – Composição das fases; 3 – Quantidade das fases; 4 – Morfologia. 13 Interpretação dos diagramas de fases 1: Fases presentes � Basta localizar o ponto temperatura-composição no diagrama e observar as fases que correspondem ao campo de fases identificado. Interpretação dos diagramas de fases 2: Composição das fases � Regiões monofásicas: a composição da fase corresponde à composição global da liga. � Regiões bifásicas: constrói-se uma linha de amarração (isoterma) através da região bifásica na temperatura desejada; em seguida, são anotadas as interseções da linha de amarração com as fronteiras de fases. A composição da fase será a composição correspondente ao ponto de interseção. 14 3: Quantidade das fases � Regiões monofásicas: a liga é composta inteiramente (100%) por aquela fase. � Região bifásica: utiliza-se a regra da alavanca. A fração de uma fase é calculada tomando-se ocomprimento da linha de amarração desde a composição global até a fronteira entre fases com a OUTRA fase e, então, dividindo-se esse valor pelo comprimento total da linha de amarração. Interpretação do diagrama 15 Desenvolvimento da microestrutura em ligas isomorfas � Condição de equilíbrio: o resfriamento é lento suficientemente para permitir a redistribuição dos átomos através da difusão. � Na prática, não há tempo para a difusão completa e as microestruturas não são exatamente iguais às do equilíbrio. O grau de afastamento do equilíbrio dependerá da taxa de resfriamento. 16 DESENVOLVIMENTO DA MICROESTRUTURA EM SISTEMAS ISOMORFOS BINÁRIOS (resfriamento em condições de equilíbrio) Desenvolvimento da microestrutura em ligas isomorfas � a: o material possui apenas uma fase (L), com composição igual à composição global da liga. � b: início da solidificação; formam-se os primeiros núcleos sólidos da fase α no líquido. � c: com o prosseguimento do resfriamento dentro do campo bifásico, tanto as composições quanto as quantidades das fases mudam. Contudo, a composição global da liga permanece a mesma. � d: término da solidificação. � e: o resfriamento após o fim da solidificação não causa mudanças na microestrutura. 17 Sistemas eutéticos binários � Eutético = que se funde com facilidade. � Exemplo: Sistema Cu-Ag - 3 regiões monofásicas: solução líquida (L) e soluções sólidas α (rica em Cu) e β (rica em Ag), ambas com estrutura cristalina CFC. - Solubilidade limitada em cada solução sólida. - Fronteira CB: linha solvus. SISTEMA COBRE-PRATA 18 Diagramas eutéticos binários � Ponto E: ponto invariante. Caracteriza o ponto (composição, temperatura) onde ocorre a reação eutética e todo o líquido se transforma em 2 fases sólidas distintas. Neste ponto, as 3 fases coexistem em equilíbrio. � Aplicações: Um exemplo é a solda 60%Sn-40%Pb que é facilmente fundida e utilizada em soldas de baixa temperatura. Reação eutética: L ↔ α + β Desenvolvimento da microestrutura em ligas eutéticas (condição de equilíbrio) � A microestrutura resultante depende da composição. � Considerando o diagrama de fases do sistema Sn-Pb: 19 CASO 1 Composições ricas em Pb ou Sn A microestrutura se desenvolve de forma semelhante ao que ocorre nas ligas isomorfas. CASO 2 Composições que excedem a solubilidade da fase α ou da fase β, mas que não cruzam a linha eutética O cruzamento da linha solvus excede a solubilidade da fase α, formando pequenas partículas de β nos grãos da fase α. Com o prosseguimento do resfriamento, essas partículas crescem em tamanho, pois a quantidade da fase β aumenta com a diminuição da temperatura. 20 CASO 3 Composição eutética Durante a reação eutética, deve haver redistribuição dos componentes, através da difusão. A microestrutura resultante é composta por camadas alternadas (lamelas) das fases α e β. O resfriamento subsequente não resulta em alterações microestruturais significativas. A morfologia lamelar é justificada porque assim a difusão ocorre ao longo de distâncias menores. 21 Microestrutura de uma liga à base de estanho de composição eutética CASO 4 22 Microestrutura de uma liga Pb-Sn contendo 50%Pb-50%Sn. Diagramas de equilíbrio contendo fases intermediárias α η β γ δ ε Soluções sólidas terminais Soluções sólidas intermediárias 23 � Composto intermetálico: possui composição exata. É representado por uma linha vertical no diagrama de fases. O intermetálico age como constituinte independente, dividindo o diagrama de fases em outros diagramas. Reações eutetóides e peritéticas Além do eutético, outros pontos invariantes envolvendo três fases diferentes são encontrados em alguns sistemas de ligas. � Reação eutetóide: β ↔ α + γ � Reação peritética: β + L ↔ α 24 Exercício 9.5 25 26 27 O diagrama Fe-C � Sistema de liga binário mais importante, constituindo os materiais mais utilizados pelo homem. O diagrama de equilíbrio Fe-C permite uma melhor compreensão desses materiais e dos tratamentos térmicos a que são submetidos normalmente. � Normalmente, na extrema esquerda do eixo das composições, representa-se o ferro puro sem nenhuma adição de carbono, e na extrema direita desse eixo, representa-se o ferro com a máxima adição de carbono que é de 6,7%, pois o carbono forma com o ferro o composto Fe3C, que contem, aproximadamente 6,7% de carbono. Pouco se conhece acima desse teor de carbono, na realidade acima de 4,5% de carbono essas ligas não tem aplicação tecnológica. 28 Reação eutética Máxima solubilidade do C na austenita Reação eutetóide Máxima solubilidade do C na ferrita O diagrama Fe-C � Fe puro: ao ser aquecido, experimenta duas transformações polimórficas antes de se fundir: - Ferrita α (CCC): solução sólida do C no Fe, estável até 912ºC. Máxima solubilidade do C é de 0,022% (727ºC). - Austenita γ (CFC): estável no intervalo de temperaturas entre 912 e 1394ºC. Máxima solubilidade do C é de 2,14% (1147ºC). - Ferrita δ (CCC): estável entre 1394 e 1538ºC, sendo esta última a temperatura de fusão do Fe puro. 29 O diagrama Fe-C FERRITA AUSTENITA O diagrama Fe-C Mais resistenteDúctilPropriedades mecânicas 2,14% a 1147ºC0,002% a 727ºCSolubilidade máxima do carbono NãoSim (até 768ºC)Magnética 912-1394ºCAté 912ºCTemperatura de equilíbrio CFCCCCEstrutura cristalina Austenita (γ)Ferrita (α) 30 � A ferrita δ é estável somente em temperaturas relativamente altas e, portanto, não possui interesse tecnológico. � No diagrama Fe-C, o eixo das composições se estende somente até 6,7% C, composição na qual se forma o composto intermediário Fe3C (ortorrômbico), chamado de CEMENTITA. Essa fase se forma quando o limite de solubilidade para o carbono na ferrita α é excedido à temperaturas abaixo de 727ºC. A cementita é um composto intermetálico metaestável, embora a velocidade de decomposição em ferro α e C seja muito lenta. É uma fase muito dura e frágil. O diagrama Fe-C Porcentagem de Fe3C Porcentagem de Fe3C Composição (%C) Composição (%C) Alongamento Redução de área Energia de impacto Izod Tensão de escoamento Dureza Brinell Limite de resistência à tração (LRT) T en sã o d e es co am en to e L TR D u re za B ri n el l D u ct ili d ad e (% ) E n er gi a d e im p ac to I zo d (f t. lb f) Influência do teor de C nas propriedades mecânicas das ligas ferrosas. 31 Classificação das ligas ferrosas � 0-0,008%C: Fe puro � 0,008-2,14%C: aços - 0,008-0,76%C: aços hipoeutetóides - 0,76%C: aços eutetóides - 0,76-2,14%C: aços hipereutetóides � 2,14-6,7%C: Fe fundidos Desenvolvimento da microestrutura nos aços resfriados em condições de equilíbrio Perlita=lamelas alternadas de ferrita (α) e cementita (Fe3C) Micrografia de um aço de composição eutetóide. Crescimento de microestrutura Eutetóide em aço: http://www-g.eng.cam.ac.uk/mmg/teaching/typd/addenda/eutectoidmicrostructure1.html 32 Desenvolvimento da microestrutura nos aços resfriados em condições de equilíbrio Microestrutura de um aço com 0,38%C, composta por ferrita proeutetóide e perlita. Desenvolvimento da microestrutura nos aços resfriados em condições de equilíbrio Microestrutura de um aço com 1,4%C, composta por cementita proeutetóide e perlita. 33 Desenvolvimento da microestrutura nos aços resfriados em condições de equilíbrioFERRITA (α) e CEMENTITA (Fe3C) CEMENTITA PRÓ-EUTETÓIDE + PERLITA > 0,76HIPEREUTETÓIDE FERRITA (α) e CEMENTITA (Fe3C) PERLITA= 0,76EUTETÓIDE FERRITA (α) e CEMENTITA (Fe3C) FERRITA PRÓ-EUTETÓIDE + PERLITA < 0,76HIPOEUTETÓIDE FasesMicroconstituintes%p CAÇO Bibliografia � Callister Jr, W.D., (2008) Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. 7a ed. Rio de Janeiro. LTC Editora. 705 p.
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