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AULA 07 - PROCEDIMENTOS ESPECIAIS - Atualizado 1

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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
AULA 07
 DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Em regra, a ação penal é privada com as seguintes exceções: 
1. Crimes contra honra de Presidente da República ou Chefe de Governo estrangeiro (art. 145 CP) - 	 Ação Penal Pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça .
2. Injúria Real praticada com emprego de lesão corporal - 	 Ação Penal Pública condicionada à representação. 
3. Injúria preconceituosa (art. 140, §3º CP) - Ação Penal Pública condicionada à representação. 
4. Crime contra a honra de funcionário público relacionado ao exercício da função - Pelo Código Penal, a ação penal é pública condicionada à representação. 
	Porém, o STF editou a Súmula 714 dando legitimidade concorrente ao ofendido mediante o ajuizamento de queixa. 
SÚMULA 714 – STF
É CONCORRENTE A LEGITIMIDADE DO OFENDIDO, MEDIANTE QUEIXA, E DO MINISTÉRIO PÚBLICO, CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO, PARA A AÇÃO PENAL POR CRIME CONTRA A HONRA DE SERVIDOR PÚBLICO EM RAZÃO DO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES.
A maioria dos crimes contra a honra é considerado delito de menor potencial ofensivo, razão pela qual o procedimento adotado será aquele previsto na Lei 9.099 - Juizado Especial. 
Porém, existem alguns crimes contra a honra cuja pena supera o limite de 2 anos, razão pela qual, nessas hipóteses, o rito será o dos art. 519 e seguintes do CPP. 
PEDIDO DE EXPLICAÇÕES
Antes do oferecimento da queixa, é possível que o ofendido formule o pedido de explicações previsto no art. 144 do CP. 
O pedido de explicações consiste em uma medida facultativa de caráter preparatório, que tem por objetivo esclarecer as ofensas, dando ao querelante justa causa para o oferecimento da queixa. 
PEDIDO DE EXPLICAÇÕES
Esse pedido não interrompe o prazo decadencial, tendo como única consequência processual a prevenção. 
Da decisão que indefere de plano o pedido de explicação, cabe recurso de Apelação – art. 593, II do CPP.
Obs: Alguns denominam o pedido de explicações como interpelação judicial. 
PEDIDO DE EXPLICAÇÕES
Os crimes contra a honra em que a ação penal é pública cabe pedido de explicações? 
	
	Não, pois o art. 144 só conferiu legitimidade ao querelante. 
AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO (art. 520 CPP)
Condição de prosseguibilidade: 
	O querelante oferecerá queixa, com ou sem pedido de explicações, porém, antes do juiz decidir sobre o recebimento, ele deverá designar a audiência de conciliação prevista no art. 520 do CPP. 
	Essa audiência possui natureza de condição de procedibilidade imprópria ou condição de prosseguibilidade, cuja inobservância é causa de nulidade absoluta. 
AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO (art. 520 CPP)
Nos crimes contra a honra em que a ação penal é pública cabe audiência de conciliação? 
	
	Não cabe em razão do Princípio da Indisponibilidade que norteia a ação penal pública. 
AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO (art. 520 CPP)
A ausência do querelante na audiência de conciliação é causa de perempção? 
	
	 Apesar das divergências, predomina nos Tribunais Superiores que há perempção, pois demonstra o seu desinteresse na relação processual. 
AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO (art. 520 CPP)
 O juiz pode rejeitar liminarmente a queixa antes da audiência de conciliação? 
	1. O juiz deve rejeitar quando a queixa for manifestamente inepta, sob pena dessa audiência caracterizar um constrangimento ilegal (posição mais razoável). 
	2. Não é possível a rejeição liminar, pois o juiz deverá sempre designar a audiência tentando pacificar o conflito de interesses. 
EXCEÇÃO DA VERDADE
É possível que o querelado, como forma de defesa, ajuíze a exceção da verdade na tentativa de demonstrar que o que foi dito por ele é verdadeiro. 
	Obs: Natureza jurídica da exceção da verdade - incidente processual como forma de defesa. 
Em regra, não há julgamento prévio da exceção da verdade, ou seja, ação e exceção são julgadas pelo juiz na sentença, salvo quando o querelante tiver foro por prerrogativa de função. 
EXCEÇÃO DA VERDADE
Um magistrado propôs queixa crime em face de B pela prática do crime de calúnia, pois B teria dito "esse juiz vende sentenças". B resolve ajuizar a exceção da verdade, na tentativa de demonstrar que o juiz realmente vende sentenças. 
	O que estará sendo discutido na exceção da verdade é se o magistrado cometeu ou não um delito, razão pela qual ela deverá ser remetida ao tribunal para julgamento prévio. 
O tribunal poderá chegar as seguintes conclusões: 
	1) Ele julga procedente a exceção da verdade, ou seja, reconhece que o fato imputado era verdadeiro. Nesse caso, resta ao juiz singular a absolvição (fato criminoso não é falso). 
	2) O tribunal julga improcedente a exceção da verdade. Nesse caso, o juiz poderá condenar ou absolver pela calúnia de acordo com as provas constantes nos autos. 
E se na hipótese anterior o fato imputado fosse uma contravenção penal, como ficariam ação e exceção? 
	O processamento da exceção dependerá do conteúdo da difamação. 
	Se o fato imputado era ofensivo, porém atípico, não há razão para remetermos a exceção ao tribunal, ou seja, o próprio juiz singular julgará ação e exceção. 
	Porém, se o fato imputado caracterizava uma contravenção penal, o que estará sendo discutido na exceção é se o magistrado cometeu ou não um delito. 
	Logo, a exceção deverá ser remetida ao tribunal para julgamento prévio. 
	A exceção da verdade, deverá ser oposta no prazo da defesa preliminar, se adotado o rito da Lei 9.099/95 ou da resposta escrita, se adotado o rito ordinário.
O querelante poderá contestar a exceção no prazo de 02 dias – art. 523 CPP.
PROCEDIMENTO DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
Artigos 524 a 530-I, CPP
	a) Crimes contra a propriedade imaterial - artigos 184 do Código Penal e artigos 183 a 195 da Lei n. 9.279/96. 
 Em regra, estes crimes são de ação penal privada.
	Exceções - artigo 186, CP
CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
Artigos 524 a 530-I, CPP
1) artigo 184, § 1º e § 2º, CP - ação penal pública incondicionada (art. 186, II)
2) artigo 184, § 3º, CP - ação penal pública condicionada à representação do ofendido (art. 186, IV CP) 
3) artigo 186, III, CP - crimes cometidos em desfavor de entidades de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo Poder Público - ação penal pública incondicionada.
CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
Artigos 524 a 530-I, CPP
4) artigo 191 da Lei n. 9.279/96 - ação penal pública incondicionada (artigo 199 da mesma Lei)
	Os crimes contra a propriedade imaterial seguem o procedimento do rito ordinário, exceto no crime simples – art.184, caput – cuja pena máxima é de 01 ano, onde o procedimento será o sumaríssimo. 
CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
Artigos 524 a 530-I, CPP
		b) O exame de corpo de delito é condição de procedibilidade para o exercício da ação penal. Artigo 525 do CPP.
É nula a decisão que recebe a queixa, que não adotou esta medida previamente.
CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
Artigos 524 a 530-I, CPP
	c) Prova de legitimidade e interesse. 
	Artigo 526 do CPP
	d) No caso de crime de ação privada se procede na forma dos artigos 524 a 530 do CPP (artigo 530-A do CPP)
	e) No caso de crime de ação pública se procede na forma dos artigos 530-B até 530-H (artigo 530 I do CPP)
PROCEDIMENTO – AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA
Requerimento de Busca e Apreensão
Realização da Busca e Apreensão por 02 Peritos
Elaboração do laudo por peritos
Prazo de 03 dias
Homologação do laudo pericial – art. 528 CPP
Oferecimento da Queixa
Prazo de 30 dias após a homologação
Possibilidade de Rejeição Liminar da Queixa
Citação
Resposta
Possibilidade de Absolvição Sumária
Recebimento da Queixa
PROCEDIMENTO – AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA
Audiência de Instrução e Julgamento
Oitiva da Vítima
Oitiva das testemunhas de acusação e defesa 
Esclarecimentos dos Peritos
Acareação e Reconhecimentos de Pessoas ou Coisas
Interrogatório
Requerimento Oral de Diligências
Complementares
Debates Orais
Sentença Oral
PROCEDIMENTO – AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA
Crimes 
Arts. 184 § 1º e 3º
Lei 10.695/2003
Ofendido não precisa requer busca e apreensão
Juiz não precisa homologar
Busca e Apreensão pela Autoridade Policial (art. 530-B CPP)
Laudo deve acompanhar o IP (art. 530-C CPP)
PROCEDIMENTO – AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA
DENÚNCIA
Possibilidade de Rejeição Liminar da Denúncia
Citação
Resposta
Possibilidade de Absolvição Sumária
Recebimento da Denúncia (Rito Ordinário)
PROCEDIMENTO DOS CRIMES PRATICADOS POR 
FUNCIONÁRIO PÚBLICO
CRIMES DE RESPONSABILIDADE COMETIDOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
 A peculiaridade refere-se à existência de uma fase prévia ao recebimento da denúncia ou pela queixa por parte do juiz, fase essa, que pode acarretar na rejeição da denúncia por parte do juiz. 
Ademais, caso a queixa ou a denúncia seja recebida, conforme artigos 517 e 518 do Código de Processo Penal, o acusado será citado e a Instrução Criminal será regida pelo procedimento comum previsto no mesmo código.
CRIMES DE RESPONSABILIDADE COMETIDOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
 Apesar do julgamento dos crimes funcionais estarem submetidos às regras do procedimento ordinário, no momento da apreciação judicial, prevê o Código de Processo Penal, também, uma condição primária de procedibilidade da ação, ou seja, uma condição anterior ao processo judicial e que permite a apresentação de justificação e defesa pelo acusado para apuração do fato delituoso, mediante procedimento administrativo.
CRIMES DE RESPONSABILIDADE COMETIDOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Dessa forma, aos crimes afiançáveis, cometidos por funcionário público, garante-se o direito a apresentação de defesa, em fase que antecede ao início da ação penal, sendo possível, inclusive, que o funcionário se adentre às questões preliminares e de mérito referente a um processo que ainda não teve início.
CRIMES DE RESPONSABILIDADE COMETIDOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Os crimes funcionais são aqueles cometidos pelo funcionário publico no exercício das suas funções contra a administração publica. Dentre estes estão:
A) Crimes funcionais próprios; só podem ser praticados por funcionários públicos, ou seja a ausência da condição de funcionário público leva a atipicidade da conduta.
CRIMES DE RESPONSABILIDADE COMETIDOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
B) Crimes funcionais impróprios: são aqueles que podem ser praticados também por particulares, ocorrendo tão somente uma nova tipificação. A inexistência da condição de funcionário público leva a desclassificação para outra infração.
Tanto os crimes funcionais próprios como os impróprios submetem-se ao procedimento especial, bastando apenas que sejam afiançáveis. 
CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Para fins penais, o conceito de funcionário público se encontra no Art. 327 do Código Penal, qual seja:
	"Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
	§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.“
CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Logo, para fins penais, funcionário público é toda pessoa física que, embora transitoriamente ou sem receber contraprestação financeira pelo serviço, executa atividade típica da Administração Pública.
Importante ressaltar que militares, embora exerçam atividade típica da Administração Pública, não estão sujeitos ao conceito acima, vez que os servidores militares possuem lei mais específica.
CRIMES DE RESPONSABILIDADE COMETIDOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Art.513 - “Nos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo processo e julgamento competirão aos juízes de direito, a queixa ou denúncia será instruída com documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas”. 
CRIMES DE RESPONSABILIDADE COMETIDOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Art.514 – “ Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias”
 Art. 516 – “O juiz rejeitará a queixa ou denúncia em despacho fundamentado, se convencido, pela respostas do acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime ou da improcedência da ação.”
CRIMES DE RESPONSABILIDADE COMETIDOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
	 
	Eugênio Paccelli de Oliveira defende determina que o procedimento especial de que tratam os artigos 513 a 518 do CPP encontram-se tacitamente revogados, após promulgação da lei 11.719/2008, que trouxe nova redação aos artigos 396 e 397, bem como criou novas determinações, conforme disposto no art. 396-A do CPP.
CRIMES DE RESPONSABILIDADE COMETIDOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
	 
	Segundo seu posicionamento, “com a unificação dos procedimentos, segundo lei 11.179/2008, não há razão alguma para insistir no tema. O rito, como se vê, rigorosamente, é o ordinário. E as decisões judiciais anteriormente previstas no artigo 516 devem ser redirecionadas para os 395 e 397 CPP.”
APLICAÇÃO OU NÃO DA SÚMULA 330 STJ
 Súmula 330-STJ
"É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial“.
APLICAÇÃO OU NÃO DA SÚMULA 330 STJ
 O caput do Art. 514 do Código de Processo Penal, que se insere no Capítulo que trata do procedimento e julgamento dos crimes cometidos por funcionários públicos, prevê:
"Art. 514.  Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias."
APLICAÇÃO OU NÃO DA SÚMULA 330 STJ
 Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), a falta de notificação do acusado para apresentar a resposta prevista no artigo acima acarretará na nulidade do processo, conforme RT 572/412, in verbis: "Artigo 514 do CPP. Falta de notificação do acusado para responder, por escrito, em caso de crime afiançável, apresentada a denúncia. Relevância da falta, importando nulidade do processo, porque atinge o princípio fundamental da ampla defesa. Evidência do prejuízo."
APLICAÇÃO OU NÃO DA SÚMULA 330 STJ
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) vem compartilhando do mesmo entendimento, conforme RSTJ 34/64-5:
	"Recurso de habeas corpus Crime de responsabilidade de funcionário público. Sua notificação para apresentar defesa preliminar (art. 514, CPP). Omissão. Causa de nulidade absoluta e insanável do processo. Ofensa à Constituição Federal (art. 5º., LV). Nos presentes autos, conheceu-se do recurso e deu-se-lhe provimento, para se anular o processo criminal a que respondeu o paciente, pelo crime do artigo 317 do CP, a partir do recebimento da denúncia (inclusive), a fim de que se cumpra o estabelecido no artigo 514 do CPP."
APLICAÇÃO OU NÃO DA SÚMULA 330 STJ
Em razão das decisões proferidas, pelos Tribunais Superiores, verifica-se que quando os crimes funcionais NÃO foram investigados por IP, ou seja, investigados por sindicâncias ou processos administrativos, será oportunizada a defesa anterior ao recebimento da denúncia. Não tendo aplicabilidade a Súmula 330 STJ.
Se o crime funcional tiver sido fruto de investigação em inquérito policial, será adotado procedimento comum e aplica-se a Súmula 330 STJ.
OBSERVAÇÕES:
Doutrina e Jurisprudência divergem quanto a consequência da omissão do juízo em observar a fase da defesa preliminar. Se ocorreria, nulidade relativa ou absoluta. O STF firmou entendimento que a omissão do juízo em observar a fase da defesa preliminar.
A Jurisprudência é no sentido de que só cabe a defesa preliminar, se o funcionário ainda estiver no cargo.
Corréu que não é funcionário público – desnecessidade de defesa preliminar.

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