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Aula 4 Alegaçãop Memorial

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PRATICA SIMULADA III ( PENAL) 
AULA 4
EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA___ VARA CRIMINA DA COMARCA DE CURITIBA/PR.
 
PROCESSO nº______ 
 
 
JORGE, devidamente qualificado nos autos do processo em epigrafe, que lhe move o Parquet Estadual, vem perante Vossa Excelência, por seu Advogado que a esta subscreve, tempestivamente, apresentar 
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS
 
DOS FATOS 
Jorge, em um bar com outros amigos, conheceu Analisa, uma linda jovem, por que se encantou. Após um bate-papo informal e trocarem beijos, decidiram ir para um local mais reservado, trocando caricias e de forma voluntaria, praticaram sexo oral e vaginal.
Depois da noite juntos, ambos foram para suas residências, tendo antes trocado telefones e contatos na rede social.
No dia seguinte, ao acessar a rede social de Analisa, Jorge constatou que a jovem tinha apenas 13 anos de idade. O seu medo foi constatado com a chegada da noticia, em sua residência, da denuncia movida por parte do MP Estadual, onde o pai de Analisa, ao descobrir o ocorrido, procurou a autoridade policial narrando o fato e dando seguimento no Processo na Vara Criminal de Curitiba. 
Jorge, por ser primário, ter bons antecedente e residência fixa, respondeu ao processo em liberdade.
Na A.I.J, a vitima afirmou que aquela foi sua primeira noite, mas que tinha o habito de fugir de casa com as amigas para frequentar bares adultos.
As testemunhas de acusação, não firam os fatos e não tinham conhecimento das fugas de Analisa, já as testemunhas de defesa, amigos de Jorge, disseram que ele não estava embriagado quando conheceu Analisa e que para o local em que estavam, o comportamento de Analisa e suas roupas, eram incompatíveis com uma menina de 13 anos e que qualquer pessoa que a visse, acreditaria que era maior de 14 anos.
O Réu, em seu interrogatório, disse que se interessou por Analisa, por ser muito bonita e por estar bem vestida. Disse que não perguntou a sua idade, pois pela hora e local, acreditava que somente pudessem frequentar maior de 18 anos. Confirmou que praticaram o sexo oral e vaginal de forma espontânea e voluntaria por ambos.
 
DO DIREITO
Diante dos fatos apresentados, e elementos do interrogatório do réu, entende-se que seria impossível que o réu conseguisse acertar a idade da suposta vitima. Qualquer pessoa que ali estivesse, sob as condições temporais apresentadas, não conseguiria acertar a idade, visto o local, horário, vestimenta e aparência da suposta vitima. 
As circunstancias ratificadas pelas testemunhas de acusação e Réu, indicam claramente que houve erro de tipo acerca da real idade da vítima no momento do fato , sendo pontos cruciais para induzir ao erro o que exclui o 
dolo e acarreta a atipicidade da conduta. 
Desta forma, entende-se que o reu deverá ser absolvido e também considerado que não houve violência ou grave ameaça para conjunção carnal.
A conduta ilícita atribuída ao Acusado foi assim decidida jurisprudencialmente
Processo
20160510017333 - Segredo de Justiça 0001723-14.2016.8.07.0005
Orgão Julgador
3ª TURMA CRIMINAL
Publicação
Publicado no DJE : 08/08/2017 . Pág.: 199/212
Julgamento
3 de Agosto de 2017
Relator
JOÃO BATISTA TEIXEIRA
PENAL E PROCESSO PENAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO ACOLHIDO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS QUANTO À CIÊNCIA PELO RÉU ACERCA DA IDADE DA MENOR. ERRO DE TIPO RECONHECIDO. JUSTIÇA RESTAURATIVA. PREJUDICADO. 1. Se o conjunto probatório carreado aos autos autoriza o reconhecimento do erro de tipo previsto no art. 20 do Código Penal, que exclui o dolo da conduta, e não admite a forma culposa, deve o agente ser absolvido pelo delito tipificado no art. 217-A do Código Penal. 2. Diante da absolvição do réu, resta prejudicado o pedido de submissão dos autos à Justiça Restaurativa. 3. Recurso provido para absolver o réu.
(TJ-DF 20160510017333 - Segredo de Justiça 0001723-14.2016.8.07.0005, Relator: JOÃO BATISTA TEIXEIRA, Data de Julgamento: 03/08/2017, 3ª TURMA CRIMINAL, Data de Publicação: Publicado no DJE : 08/08/2017 . Pág.: 199/212)
Subsidiariamente, Mesmo sendo evidente a Atipicidade da conduta e por isso a ausência do crime, outros pontos precisam ser observados quanto a capitulação do Crime. O crime de estupro é único e não há de se falar em concurso de crime neste caso, por ter o réu praticado sexo de duas formas distintas, no mesmo momento,com a suposta vitima .
Neste sentido, o autor Guilherme Nucci, comenta: " Se o agente constranger a vítima e com ela manter conjunção carnal e cópula anal, comente um único delito de estupro, pois a figura típica passa a ser mista alternativa. Somente cuidará de crime continuado, se o agente cometer novamente , em outro cenário, anda contra a mesma vitima , outro estupro”
Deve-se atentar ao afastamento do concurso material de crimes. O Art 217-A CP é um tipo penal misto alternativo.. Considerando-se também, respeitosamente, o afastamento da agravante genérica de embriaguez premeditada. Se não havia dolo de praticar o crime, não há de considerar embriaguez para tal. Além disso, as testemunhas disseram que JORGE não estava embriagado no momento em que conheceu a suposta vítima.
Ainda assim, fixação de pena base no mínimo legal, pois JORGE possui residência fixa,não possui antecedentes criminais , réu primário. Em síntese, nenhuma circunstancia que lhe seja desfavorável.
DO PEDIDO
Entende-se que os fatos apresentados, corroboram com o entendimento do erro de tipo, ou seja,trata-se de erro que incide sobre as elementares ou sobre as circunstâncias da figura típica da norma penal incriminadora. Diante do exposto, quanto ao mérito, pede-se a absolvição do reu por atipicidade do fato, com base Art 386, III, CPP. 
Caso Vossa Excelência entenda por bem, não acolher o que foi pedido no mérito , pleiteia-se, subsidiariamente que o Réu seja condenado no mínimo legal precisto para ART 217-A CP, com regime inicial de cumprimento no semi-aberto . 
 
Rio de Janeiro, 24 de Abril de 2014. 
 
ADVOGADO
OAB

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