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Equação Diferencial de Segunda Ordem Via Série de Potências Cálculo III - ECT 1312 Escola de Ciências e Tecnologia Universidade Federal do Rio Grande do Norte Maio 2012 Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 1 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Soluções em torno de Pontos Ordinários Já vimos que uma série de potências centrada em x0 tem a seguinte forma ∞ ∑ n=0 an(x− x0)n = a0+a1(x− x0)+a2(x− x0)2+ · · · . Dizemos que a série acima converge para x se limN→∞ SN(x) = limN→∞∑Nn=0 an(x− x0)n existe e é finito. O conjunto de valores para os quais a série converge é chamado de intervalo de convergência I. E seu raio de convergência R é a distância entre o centro da série a um dos extremos do intervalo de convergência. Assim a série converge absolutamente para todo x no intervalo (x0−R,x0+R). Vimos também que se R> 0, a série define uma função contínua que pode ser derivada e integrada termo a termo. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 2 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Soluções em torno de Pontos Ordinários Para ilustrar a idéia do método da série de potências considere a EDO y′− y= 0, cuja solução facilmente pode ser obtida por integração, à saber y(x) = cex. Neste caso vamos supor que a solução procurada pode ser expressa como uma série centrada em, digamos, x0 = 0, i.e, y(x) = ∞ ∑ n=0 anxn. Como a série acima representa a solução procurada, esta deve ser convergente (R> 0). Assim a mesma pode ser derivada termo a termo, ou seja, y′(x) = ∞ ∑ n=1 nanxn−1. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 3 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Soluções em torno de Pontos Ordinários Substituindo a função e sua derivada na EDO temos ∞ ∑ n=0 anxn− ∞ ∑ n=1 nanxn−1 = 0. Fazendo n= k no primeiro somatório e n−1= k no segundo temos ∞ ∑ k=0 akxk− ∞ ∑ k=0 (k+1)ak+1xk = 0, ∞ ∑ k=0 [ak− (k+1)ak+1]xk = 0. A equação acima implica que ak+1 = akk+1 . Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 4 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Soluções em torno de Pontos Ordinários A equação ak+1 = akk+1 é chamada de relação de recorrência e permite determinar os coeficientes ak+1 em termos de ak. Assim k = 0 =⇒ a1 = a0, k = 1 =⇒ a2 = a12 = a01·2 , k = 2 =⇒ a3 = a23 = a01·2·3 , k = 3 =⇒ a4 = a34 = a01·2·3·4 e assim por diante, de forma que ak+1 = a0k! . Logo a série fica y(x) = ∞ ∑ n=0 anxn = ∞ ∑ n=0 a0 n! xn = a0 ( 1+ x+ x2 2! + x3 3! + x4 4! + · · · ) = a0ex. Assim a série obtida representa a função ex que como já vimos é solução da EDO. A seguir veremos sob que condições podemos aplicar este método na resolução de EDOs lineares. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 5 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Função Analítica Dizemos que f : I→ R é analítica em x= x0 ∈ I se a série de potências de f (x) centrada em x0 convergir, em outras palavras, se a série de Taylor de f (x) centrada em x0 convergir. Uma função é dita analítica se for analítica em todos os pontos do seu domínio I. Pontos Ordinários e Singulares Considere a seguinte EDO de segunda ordem y′′+p(x)y′+q(x)y= 0. Dizemos que x= x0 é um ponto regular da EDO acima se os coeficientes da EDO acima, p(x) e q(x), forem funções analíticas em x0. Do contrário x0 é dito singular. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 6 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Teorema: Existência de Soluções em Séries Se x0 for um ponto regular da EDO y′′+p(x)y′+q(x)y= 0, poderemos sempre encontrar duas soluções linearmente independentes na forma de séries de potências centradas em x0, i.e., y(x) = ∑∞n=0 an(x− x0)n, com raio de convergência R sendo pelo menos a menor distância entre x0 e o ponto singular mais próximo. Raio de Convergência Note que no Teorema acima a solução em série só é garantida se x0 for ponto regular de ambas p(x) e q(x). Se x1 for um ponto singular da EDO então o raio de convergência é pelo menos R= |x0− x1| se x1 ∈ R. Se x1 for complexo, i.e., da forma a+ ib então R= √ (x0−a)2+b2. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 7 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 1 Determine uma cota inferior para o raio de convergência da solução em série das equações diferenciais (1− x2)y′′−2xy+α(α+1)y= 0 e (1+ x2)y′′+2xy′+4x2y= 0 em torno do ponto x0 = 0 e em torno do ponto x0 =−12 . Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 8 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 1 (Solução) Na forma padrão a primeira EDO fica y′′− 2xy 1− x2 + α(α+1)y 1− x2 = 0. Logo vemos que x=±1 são pontos singulares da EDO. Para uma solução em série centrada em 0 temos que 1 é uma cota inferior para o raio de convergência. Para uma solução em série centrada em −12 temos que 12 é cota inferior para o raio de convergência. A segunda EDO na forma padrão fica y′′+ 2xy 1+ x2 + 4x2y 1+ x2 = 0. Neste caso os pontos singulares são ±i. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 9 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 1 (Solução) Para uma solução em série centrada em 0 temos que 1 é uma cota inferior para o raio de convergência. Para uma solução em série centrada em −12 temos que √ (−1/2−0)2+(−i)2 = √ 5 2 é cota inferior para o raio de convergência. Assim a solução y(x) = ∑∞n=0 anxn converge pelo menos para −1< x< 1. Já a solução y(x) = ∑∞n=0 an(x+1/2)n converge pelo menos para −√5−1 2 < x< √ 5−1 2 . Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 10 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 2 Resolva y′′+ y= 0. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 11 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 2 (Solução) Neste caso qualquer valor de x é ponto regular. Para simplificar vamos procurar uma solução centrada em x0 = 0, i.e., y(x) = ∑∞n=0 anxn): ∞ ∑ n=2 n(n−1)anxn−2+ ∞ ∑ n=0 anxn = 0 ∞ ∑ n=0 [(n+2)(n+1)an+2+an]xn = 0, =⇒ an+2 =− an (n+2)(n+1) . Note que n= 0 =⇒ a2 =− a02 ·1 , n= 1 =⇒ a3 =− a1 3 ·2 , n= 2 =⇒ a4 =− a24 ·3 = a0 4! , n= 3 =⇒ a5 =− a35 ·4 = a1 5! , n= 4 =⇒ a6 =− a46 ·5 =− a0 6! , n= 5 =⇒ a7 =− a57 ·6 =− a1 7! . Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 12 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 2 (Solução) De forma que a solução procurada é y(x) = a0 ( 1− x 2 2! + x4 4! − x 6 6! + · · · ) +a1 ( x− x 3 3! + x5 5! − x 7 7! + · · · ) y(x) = a0 cos(x)+a1 sin(x). Note que nem sempre é possível escrever a solução em série como uma função elementar. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 13 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 3 Resolva y′′+ xy= 0. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 14 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 3 (Solução) Novamente x0 = 0 é um ponto regular assim, ∞ ∑ n=2 n(n−1)anxn−2+ ∞ ∑ n=0 anxn+1 = 0 ∞ ∑ n=0 (n+2)(n+1)an+2xn+ ∞ ∑ n=1 an−1xn = 0 2a2+ ∞ ∑ n=1 [(n+2)(n+1)an+2+an−1]an−1xn = 0. A equação acima implica a2 = 0 e an+2 =− an−1 (n+2)(n+1) . Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 15 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 3 (Solução) Note que n= 1 : a3 =− a03 ·2 , n= 2 : a4 =− a1 4 ·3 , n= 3 : a5 =− a2 5 ·4 = 0, n= 4 : a6 =− a36 ·5 = a0 6 ·5 ·3 ·2 , n= 5 : a7 =− a4 7 ·6 = a1 7 ·6 ·4 ·3 , n= 6 : a8 =− a58 ·7 = 0, n= 7 : a9 =− a6 9 ·8 =− a0 9 ·8 ·6 ·5 ·3 ·2 n= 8 : a10 =− a710 ·9 =− a1 10 ·9 ·7 ·6 ·4 ·3 . Assim y(x) = a0 ( 1− x 3 3 ·2 + x6 6 ·5 ·3 ·2 − x9 9 ·8 ·6 ·5 ·3 ·2 + · · · ) + +a1 ( x− x 4 4 ·3 + x7 7 ·6 ·4 ·3 − x10 10 ·9 ·7 ·6 ·4 ·3 + · · · ) . Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 16 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 4 Resolva (x2+1)y′′+xy′− y= 0. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 17 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 4 (Solução) Note que x=±i são pontos singulares da EDO. Assim para uma solução centrada em x0 = 0, y(x) deve convergir para |x|< 1. Assim (x2+1) ∞ ∑ n=2 n(n−1)anxn−2+ x ∞ ∑ n=1 anxn−1− ∞ ∑ n=0 anxn = 0, ∞ ∑ n=2 n(n−1)anxn+ ∞ ∑ n=2 (n+2)(n+1)an+2xn+ ∞ ∑ n=1 anxn− ∞ ∑ n=0 anxn = 0, 2a2+6a3x+a1x−a1x+ ∞ ∑ n=2 [(n+2)(n+1)an+2+(n+1)(n−1)an]xn = 0. De onde temos que a2 = a0 2 , a3 = 0 e an+2 =−(n−1)ann+2 . Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 18 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 4 (Solução) Note que n= 2 : a4 =−a24 =− a0 222! , n= 3 : a5 =−2a35 = 0, n= 4 : a6 =−3a46 = 1 ·3a0 233! n= 5 : a7 =−4a57 = 0, n= 6 : a8 =−5a68 =− 1 ·3 ·5a0 244! n= 7 : a9 =−6a79 = 0. De forma que y(x) = a0 ( 1+ 1 2 x2− 1 222! x4+ 1 ·3 233! x6− 1 ·3 ·5 244! x8+ · · · ) +a1x. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 19 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 5 Resolva y′′+ cos(x)y= 0. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 20 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 5 (Solução) Nenhum ponto x0 é singular para a EDO acima. Assim vamos supor uma solução centrada em x0 = 0. Expandindo o cos(x) centrada na origem e substuindo na y(x) = ∑∞n=0 anxn na EDO temos: ∞ ∑ n=2 n(n−1)anxn−2+ ( 1− 1 2! x2+ 1 4! x4− 1 6! x6+ · · · ) ∞ ∑ n=0 anxn = 0, 2a2+a0+(6a3+a1)x+ ( 12a4+a2− a02 ) x2+ ( 20a5+a3− a12 ) x3+ · · ·= 0 De onde temos que a2 =−a02 , a3 =−a16 , a4 = a012 , a5 = a030 etc. De forma que y(x) = a0+a1x− a02 x 2− a1 6 x3+ a0 12 x4+ a0 30 x5+ · · ·= a0y1(x)+a1y2(x) = a0 ( 1− 1 2 x2+ 1 12 x4−·· · ) +a1 ( x− 1 6 x3+ 1 30 x5−·· · ) Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 21 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Pontos Singulares Regulares e Irregulares Considere a seguinte EDO y′′+p(x)y′+q(x)y= 0. Dizemos que um ponto singular x0 é um ponto singular regular se as funções P(x) = (x− x0)p(x) e Q(x) = (x− x0)2q(x) forem analíticas em x0. Do contrário, o ponto é dito singular irregular. Para pontos singulares não é válido o teorema anterior, isto é, não podemos supor uma solução centrada em x0 uma vez que os coeficientes da EDO não são analíticas no ponto. Mas veremos em seguida que se o ponto for singular regular ainda é possível determinar pelo menos uma solução em série. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 22 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 6 Classifique os pontos singulares da seguinte EDO (x2−4)2y′′+3(x−2)y′+5y= 0. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 23 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 6 (Solução) A EDO na forma padrão fica y′′+ 3 (x−2)(x+2)2 y ′+ 5 (x−2)2(x+2)2 y= 0. Os pontos singulares são x= 2 e x=−2. Para x= 2 temos que as funções P(x) = (x−2)p(x) = 3 (x+2)2 Q(x) = (x−2)2q(x) = 5 (x+2)2 , são analíticas em x= 2. Assim x= 2 é singular regular. Em x=−2, P(x) = (x+2)p(x) = 3 (x−2)(x+2) não é analítica, logo x=−2 é um ponto singular irregular. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 24 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Teorema de Frobenius Se x= x0 for um ponto singular regular da EDO y′′+p(x)y′+q(x)y= 0, então existirá pelo menos uma solução da forma y(x) = (x− x0)r ∞ ∑ n=0 an(x− x0)n = ∞ ∑ n=0 an(x− x0)n+r, onde r é uma constante a ser determinada. A série converge pelo menos em algum intervalo 0< x− x0 < R. O teorema acima não garante a existência de duas soluções em série. Mas podemos encontrar pelo menos uma solução na forma de série de potências. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 25 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 7 Determine a solução de 3xy′′+ y′− y= 0. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 26 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 7 (Solução) Note que x0 = 0 é ponto singular regular. Assim substituindo y(x) = ∑∞n=0 anxn+r na EDO temos 3 ∞ ∑ n=0 (n+ r)(n+ r−1)anxn+r−2+ ∞ ∑ n=0 (n+ r)anxn+r−1− ∞ ∑ n=0 anxn+r = 0 ∞ ∑ n=0 (n+ r)(3n+3r−2)anxn+r−1− ∞ ∑ n=0 anxn+r = 0 xr [ r(3r−2)a0x−1+ ∞ ∑ k=0 [(k+ r+1)(3k+3r+1)ak+1−ak]xk ] = 0. O que implica r(3r−2) = 0 (equação indicial) e ak+1 = ak(k+r+1)(3k+3r+1) . Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 27 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 7 (Solução) Da equação indicial temos duas soluções r = 0 e r = 2/3, o que nos fornece as seguintes relações de recorrências ak+1 = ak (3k+5)(k+1) para r = 2 3 , e ak+1 = ak (k+1)(3k+1) para r = 0. Logo temos as seguintes soluções y1(x) = x2/3 [ 1+ 1 5 x+ 1 2! ·5 ·8x 2+ 1 3! ·5 ·8 ·11x 3+ · · · ] , Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 28 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 7 (Solução) E y2(x) = x0 [ 1+ x+ 1 2! ·4x 2+ 1 3! ·4 ·7x 3+ · · · ] . Assim a solução geral é y(x) = C1y1+C2y2, apesar das soluções y1(x) e y2(x) dependerem da mesmas constante a0, podemos mostrar que as mesmas formam uma base para a solução, logo estas não são proporcionais, isto é, combinição linear uma da outra. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 29 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Equação Indicial Considere a seguinte EDO y′′+p(x)y′+q(x)y= 0. Seja x0 um ponto singular regular da EDO acima, isto é, as funções P(x) = (x− x0)p(x) e Q(x) = (x− x0)2q(x) são analíticas. Multiplicando a EDO acima por (x− x0)2 temos (x− x0)2y′′+(x− x0)2p(x)y′+(x− x0)2q(x)y= (x− x0)2y′′+(x− x0)P(x)y′+Q(x)y= 0. Sejam ∑∞n=0 an(x− x0)n+r, P(x) = ∑∞n=0 bn(x− x0)n e Q(x) = ∑∞n=0 cn(x− x0)n. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 30 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Equação Indicial Derivando e substituindo na EDO, após agruparmos os termos de mesma potências, teremos (x− x0)r{[r(r−1)+ rb0+ c0]a0+ · · ·}= 0. Como a0 6= 0, devemos ter r(r−1)+ rb0+ c0 = 0. A equação acima é a Equação Indicial da EDO. Aqui temos 3 casos a considerar a) Raizes distintas, r1 6= r2, com r1− r2 diferente de um inteiro positivo, b) Raizes iguais, r1 = r2, c) Raizes distintas, com r1− r2 igual a um inteiro positivo. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 31 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Equação Indicial No caso a) teremos a seguinte solução y(x) = (x− x0)r1 ∞ ∑ n=0 an(x− x0)n+(x− x0)r2 ∞ ∑ n=0 An(x− x0)n. No caso b) teremos y(x) = (x− x0)r1 ∞ ∑ n=0 an(x− x0)n+ y1(x) ln(x− x0)+(x− x0)r1 ∞ ∑ n=1 An(x− x0)n. No caso c) teremos y(x) = (x−x0)r1 ∞ ∑ n=0 an(x−x0)n+Ky1(x) ln(x−x0)+(x−x0)r2 ∞ ∑ n=0 An(x−x0)n. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 32 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 8 Determine a solução de x(x−1)y′′+(3x−1)y′+ y= 0. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 33 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 8 A EDO na forma padrão é y′′+ 3x−1 x(x−1)y ′+ 1 x(x−1)y= 0, onde vemos que x= 0 e x= 1 são pontos singulares regulares. Note ainda que P(x) = 3x−1(x−1) e Q(x) = x (x−1) , de forma que P(x) = (1−3x)(1+ x+ x2+ · · ·) = 1−2x−2x2+ · · · Q(x) =−x(1+ x+ x2+ · · ·) =−x− x2− x3+ · · · . Onde vemos que b0 = 1 e c0 = 0, logo a equação indicial é r(r−1)− r = 0 =⇒ r2 = 0, raízes repetidas. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 34 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 8 A primeira solução é y(x) = x0∑∞n=0 anxn = ∑ ∞ n=0 anx n. Derivando e substituindo na EDO x(x−1) ∞ ∑ n=2 n(n−1)anxn−2+(3x−1) ∞ ∑ n=1 nanxn−1+ ∞ ∑ n=0 anxn = 0 (a0−a1)+(4a2−4a1)x+∞ ∑ s=2 [(s2+2s+1)as− (s+1)(s+1)as+1]xs = 0. De onde temos que a0 = a1 = a2 e as+1 = as. Logo a solução fica y(x) = a0(1+ x+ x2+ x3+ · · ·) = a01− x = a0y1(x). Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 35 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 8 A segunda solução pode ser obtida pelo método da redução de ordem. Sendo y1(x) = 11−x , temos que y2(x) = u(x)y1(x), com u(x) = ∫ w(x)dx e w(x) = 1 y21 e− ∫ p(x)dx. Note que − ∫ p(x)dx=− ∫ dx x − ∫ 2dx x−1 =− ln(x)−2ln(x−1) = ln [ 1 x(x−1)2 ] . Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 36 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 8 Logo temos que w(x) = (1− x)2 1 x(x−1)2 = 1 x . Assim u(x) = ∫ w(x)dx= ∫ dx x = ln(x). A segunda solução fica y2(x) = ln(x) 1− x . A solução geral é y(x) = C1 1− x +C2 ln(x) 1− x . Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 37 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 9 Determine a solução de (x2− x)y′′− xy′+ y= 0. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 38 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 9 A EDO na forma padrão é y′′− 1 x−1y ′+ 1 x(x−1)y= 0, onde vemos que x= 0 e x= 1 são pontos singulares regulares. Note ainda que P(x) =− xx−1 e Q(x) = xx−1 , de forma que P(x) = x(1+ x+ x2+ · · ·) = x+ x2+ x3+ · · · Q(x) =−x− x2− x3+ · · · . Onde vemos que b0 = 0 e c0 = 0, logo a equação indicial é r(r−1) = 0 =⇒ r1 = 1 e = 0 r2 = 0, note que r1− r2 = 1, inteiro positivo, terceiro caso. Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 39 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 9 A primeira solução é y(x) = xr1∑∞n=0 anxn = ∑ ∞ n=0 anx n+1. Derivando e substituindo na EDO (x2− x) ∞ ∑ n=1 (n+1)nanxn−1− x ∞ ∑ n=0 (n+1)anxn+ ∞ ∑ n=0 anxn+1 = 0 −6a1x−a0x+a0x+ ∞ ∑ s=1 [s2as− (s+1)(s+2)as+1]xs+1 = 0. De onde temos que a1 = 0 e as+1 = s 2 (s+1)(s+2)as, logo as = 0 para s≥ 1. y(x) = xa0 = a0y1(x). Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 40 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 9 A segunda solução pode ser obtida pelo método da redução de ordem. Sendo y1(x) = x, temos que y2(x) = u(x)y1(x), com u(x) = ∫ w(x)dx e w(x) = 1 y21 e− ∫ p(x)dx. Note que − ∫ p(x)dx= ∫ dx x−1 = ln(x−1). Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 41 / 41 Soluções em Séries para EDOs Lineares Exercício 9 Logo temos que w(x) = x−1 x2 = 1 x − 1 x2 . Assim u(x) = ∫ w(x)dx= ∫ [1 x − 1 x2 ] dx= ln(x)+ 1 x . A segunda solução fica y2(x) = x ln(x)+1. A solução geral é y(x) = C1x+C2 [x ln(x)+1] . Leonardo Mafra (ECT-UFRN) Maio 2012 42 / 41
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