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Direito Penal 2 Completo

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Direito penal 2.
Crimes unissubjetivos e plurissubjetivos
Crimes unissubjetivos são aqueles que podem ser praticados por apenas um sujeito, entretanto, admite-se a coautoria e a participação.
Crimes plurissubjetivos (ou de concurso necessário) são aqueles que exigem dois ou mais agentes para a prática do delito em virtude de sua conceituação típica
O concurso eventual de pessoas tem a ver com crimes plurissubjetivos, que podem ser praticados por mais de uma pessoa.
Exemplo estupro coletivo, concurso eventual de pessoas.
Associação criminosa = concurso de pessoas
Espécies de Concurso de pessoas
Concurso eventual e concurso necessário
Concurso eventual de pessoas: Diz respeito aos crimes monossubjetivos (Unissubjetivos) que são aqueles que podem ser praticados por uma só pessoa, mas que eventualmente, são praticados por vários.
A maioria dos crimes do código pode ser praticada por uma só pessoa, mas, pode ser também por vários. Exemplo: Estupro.
Concurso necessário de pessoas: Diz respeito aos crimes plurissubjetivos, que só podem ser praticados em concurso. Exemplo: Crime de associação criminosa, crime de rixa (aquele que se caracteriza, por agressões recíprocas).
Requisitos para que haja concurso de pessoas
Esses requisitos são cumulativos, tanto na autoria quanto na coautoria. 
a) Pluralidade de condutas. Exige a prática de duas pessoas – Exige, no mínimo, duas condutas, que podem ser principais ou uma principal e a outra acessória.
 Uma empresta a arma e outro mata -> acessória; principal.
b) Relevância causal da conduta: Uma determinada conduta só pode ser considerada para efeito de concurso de pessoas se, de alguma forma, contribuiu para o resultado final.
Uma pessoa matou a outra, o assassino é meu amigo, bate na minha porta e eu o escondo, assim como a arma. Vou responder? Não vou responder pelo homicídio, pois, não contribuí para o resultado final. 
Da mesma forma aquele que emprestar uma arma para alguém e ele matar o outro com veneno, então, nesse caso, não vai responder pelo homicídio, pois não existe relevância causal. Agora se contribuiu pelo estímulo, então, vai responder.
Exemplo: João empresta uma chave falsa para José furtar uma residência. José entra na casa arrombando a janela. Caso João não tenha estimulado a prática do furto, ele não responderá pelo furto, pois não houve relevância no ato de emprestar a chave falsa.
c) Liame subjetivo: É o vínculo psicológico que liga os participantes do crime. É a adesão à vontade alheia, não sendo necessário um acordo prévio, mas, que exige, no entanto, que pelo menos um dos participantes venha a aderir à conduta dos demais. 
Para que haja concursos de pessoas tem que haver liame subjetivo; liame é um elo, uma ligação. Assim tem que haver um vínculo psicológico que ligue essa conduta.
Um dos participantes deve aderir à conduta do outro. Duas pessoas, que desconhecem a intenção um do outro, atiram em um terceiro e ele é morto. Por não haver liame, somente um responderá. Mas, se houve a combinação dos dois, então ambos responderão.
É o caso de uma empregada que percebendo que alguém deseja furtar a casa, deixa, propositadamente, a porta aberta. Nesse caso ambos responderão, pois ela aderiu ao furto.
Todos aqueles que participam de um crime, respondem pelo crime. No caso da empregada, ela não subtraiu bem alheio, mas vai responder.
d) Identidade de infração penal para todos os participantes: Significa que todos aqueles que concorrem para um crime respondem por ele.
Exemplo: Tanto quem empresta a arma quanto quem mata, respondem por homicídio. 
No caso dos dois que atiraram em uma pessoa, mas não sabiam da existência um do outro, um deles, nesse caso, não irá responder pelo homicídio, o que não é o caso de se conhecer a intenção um do outro.
Natureza Jurídica do concurso de pessoas
No Brasil se adota a teoria monista, todos que concorrem para um crime respondem pelo crime.
(Artigo 29 do CP)
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
Existem várias teorias acerca do tema: 
a) Teoria Pluralista: Cada um dos participantes responde por um delito próprio.
b) Teoria Dualista: Há crime para os autores e crime diferente para os partícipes.
c) Teoria Monista: É a teoria adotada como regra pelo artigo 29 código penal; todos que concorrem para a empreitada criminosa respondem pelo mesmo crime.
É importante observar que apesar de responderem pelo mesmo crime, não terão a mesma pena. Princípio da individualização da pena.
Existem, no entanto, exceções pluralistas no Código Penal.
Observação: Exceções pluralistas à teoria monista: (artigo 29 parágrafo segundo)
Duas pessoas tratam sobre um furto. Um fica de fora aguardando enquanto o outro entra na casa. Durante a ação, uma arma é utilizada para ameaçar uma pessoa (roubo). Uma responderá por furto e outro por roubo.
Cooperação dolosamente distinta -> uma pessoa colabora com um crime do qual não tinha conhecimento; isto se enquadra no caso acima. Um queria praticar furto, mas o outro comete roubo. Também é chamado de desvio subjetivo de conduta.
Primeira Exceção: artigo 29 parágrafo segundo do Código Penal, chamado cooperação dolosamente distinta, ou desvio subjetivo de conduta, que se dá quando um dos participantes quis praticar crime menos grave. Exemplo: João e Maria combinam a prática de um furto; durante a execução do crime, sem a anuência de Maria, João pratica um roubo. Nesse caso, rompe-se a teoria monista, ou seja, Maria responde por furto e João por roubo.
No entanto, no caso de previsibilidade, ou seja, saber que o furto poderia resultar em roubo, nesse caso, a pena de Maria será aumentada em metade (artigo 29, parágrafo segundo); seria o caso dela saber que João carregava uma arma. 
Caso seja previsível o resultado mais grave, o participante que queria praticar o crime menos grave continua respondendo por ele, mas terá um aumento de metade na sua pena.
Outro exemplo, no caso de aborto (artigo 124), que é o crime praticado pela própria gestante ou consente que outra pessoa o faça. 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem o provoque: 
Pela teoria monista, a pessoa que fez responderia pelo mesmo crime, mas pelo artigo 126 caput, o médico responderá pelo artigo 126 e não pelo artigo 124.
 Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante.
Outra exceção: Artigo 318, crime do funcionário público que facilita com contrabando ou descaminho. Ele responderá pelo artigo 318, mas, o contrabandista responde pelo artigo 334 a.
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida.
Na parte especial, o próprio código penal traz exceções, em que o autor responde por um crime e o partícipe por outro. Exemplo artigo 124 e 126 do CP.
Pela teoria monista não há diferença entre autor e partícipe, ou seja, é o mesmo status. A doutrina, no entanto, faz a diferença, ou seja, existem várias teorias.
Teorias para distinguir a figura do autor da figura do partícipe
A doutrina costuma distinguir autor e partícipe.
Com a finalidade doutrinária de se distinguir a figura do autor e do partícipe, várias teorias surgiram. Vamos descrever as duas mais utilizadas pela nossa doutrina.
a) Teoria Objetivo Formal: 
Autor é aquele que realiza o verbo típico. Quem colabora para o crime sem praticar o verbo típico será partícipe.
Emprestei a arma para alguém matar outro, que consuma o homicídio. Quem matou é autor, quem emprestou é partícipe.
Mentor intelectual, por essa teoria, é o partícipe.
Extorsão mediante sequestro -> mentor não é o autor.
b) Teoria
do domínio final do fato: 
Autor é aquele que tem o controle, o domínio sobre o crime; é aquele que tem poderes para decidir sobre o crime. Por essa teoria, o mentor intelectual, mesmo sem realizar o verbo típico, será o autor. Partícipe será aquele que colabora para o crime sem ter o controle sobre ele.
O autor é quem tem o domínio sobre o crime. Assim, nesse caso, o mentor intelectual é o autor.
É o caso de extorsão mediante sequestro. O mentor nesse caso, responderá pelo mesmo crime que os executores.
Na extorsão mediante sequestro, o mentor é o autor.
No caso do crime culposo, essa teoria não funciona (Capez).
Espécies de autoria 
a) Autoria Direta ou Imediata 
Acontece quando o autor executa diretamente o crime
b) Autoria indireta ou mediata 
O agente se vale de uma terceira pessoa que atua sem vontade ou sem discernimento para em seu nome praticar o crime.
Exemplo: Suponha que João dê uma pistola para Pedro, um débil mental, e diz que a arma é de brinquedo, e que é para fazer uma brincadeira com Artur. Pedro, pensando ser, realmente, uma brincadeira, atira em Artur, que vem ao óbito. Nesse caso, João é o autor mediato, pois se utilizou de um inimputável para cometer um crime.
Exemplo: Carlos, gerente de banco, sentindo-se ameaçado por um marginal, subtrai dinheiro do cofre. Quem coagiu o gerente será o autor mediato, pois se valeu de uma terceira pessoas “sem vontade”. O gerente não responderá pelo roubo.
Exemplo: Durante uma cirurgia, um médico instrui uma enfermeira a administrar um medicamento injetável, e o paciente vem ao óbito em função da droga. O médico será o autor mediato, pois a enfermeira não sabia sobre o resultado da droga, e o injetou no paciente por confiança.
Exemplo: Coação moral irresistível, utilização de um inimputável por doença mental para praticar o crime; erro provocado por terceiro (caso da enfermeira que seguiu o médico e aplicou injeção que foi letal ao paciente).
Eu convenço um débil mental a se jogar de uma janela, porque ele poderia voar então eu serei o autor mediato.
c) Autoria Colateral 
Acontece quando mais de um agente realiza a conduta objetivando a morte de alguém, sendo que não há entre os agentes, qualquer vínculo psicológico. Nesse caso, cada um responderá somente pelo resultado que produziu.
É o contrário de coautoria. 
É o caso de duas pessoas que atiram em uma terceira, uma delas acerta, mas não sabem um do outro. Nesse caso não há liame subjetivo e, portanto, cada um vai responder pelo ato que praticou. Assim, um responderá por homicídio consumado e o outro por tentativa de homicídio. Se estiverem combinados, então ambos respondem por homicídio consumado.
Exemplo: Duas pessoas em uma festa querendo matar uma terceira, desconhecendo a conduta um do outro. Um deles coloca veneno em um copo que será utilizado pela vítima, e o outro, também vai lá, e coloca veneno. O médico legista constata que uma dose isolada não mataria, mas as duas acabariam por matar. Por não existir liame subjetivo, então não há coautoria. Existe, sim, autoria colateral, ou seja, teríamos um morto e dois respondendo por tentativa de homicídio. (Para Capez seria crime impossível, e ninguém responderia).
d) Autoria Incerta 
Ocorre quando na autoria colateral não se consegue identificar quem é o autor do resultado final. Neste caso, aplica-se o princípio “in dubio pro reo”, e ambos responderão por tentativa de homicídio.
Digamos que no caso daqueles dois que atiraram em um terceiro, caso não se consiga identificar a arma que levou ao óbito, tem-se a autoria incerta. A solução jurídica seria a tentativa de homicídio para ambos.
Teorias que buscam explicar a punibilidade do partícipe
O conceito de crime é tripartite: fato típico, ilícito e culpável.
a) Teoria da Acessoriedade Máxima 
Para que o partícipe responda a conduta do autor, a ação tem que ser: típica, ilícita e culpável.
Assim, quem empresta uma arma a um menor para que ele mate uma pessoa, não responderá pelo homicídio. Ela não é justa, pois o maior não responderá, pois, o menor não é culpável.
b) Teoria da Acessoriedade Mínima
Para que o partícipe responda, a conduta do autor tem que ser apenas típica. 
Por essa teoria, se A emprestar uma arma para que B mate em legítima defesa, A responderá por homicídio.
João está prestes a ser morto, Mateus joga uma arma para que João possa se defender, e ele mata o agressor, ou seja, configurou-se legitima defesa. No entanto, Mateus, por essa teoria vai responder por homicídio. Isso não é justo, pois Mateus emprestou a arma para que João agisse de acordo com o direito. Caso Mateus matasse o agressor não responderia, em razão de legítima defesa de terceiro.
Para essa teoria, se eu empresto a arma para alguém matar em legítima defesa eu responderia pelo homicídio.
c) Teoria da Acessoriedade Limitada
Para que o partícipe responda, a conduta do autor tem que ser típica e ilícita, sendo irrelevante ser ou não culpável. 
No caso do empréstimo da arma ao menor, o partícipe responderia, não importando se fosse culpável ou não.
Formas de Participação
a) Induzimento
 Fazer nascer, na cabeça do autor, a ideia de praticar o crime.
b) Instigação
O partícipe fomenta a ideia que o autor tem de praticar o crime. (o autor já tem a ideia de praticar o crime).
c) Auxílio
É o suporte material para a prática do crime. Exemplo, emprestar a arma para o homicídio.
Cada uma dessas formas Isoladamente, em regra, não será punível. Para responder o autor deverá executar o crime. (artigo 31 do CP). A isso, dá-se o nome de participação impunível.
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
Participação impunível (artigo 31 do CP): A instigação, o induzimento e o auxílio não serão puníveis se ao autor não ingressar na execução do crime.
Participação por Omissão: É possível desde que o omitente seja agente garantidor (artigo 13, paragrafo segundo Código Penal).
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
Superveniência de causa independente
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
A participação de um crime por omissão acontecerá se for agente garantidor, que possui o dever e o poder de agir. 
Exemplo: Estupro ocorrendo, você policial ouve os gripes, mas, ao invés de atuar, aumenta o rádio a vai dormir. Nesse caso, vai responder. 
O mesmo ocorreria em caso de agressão a uma mulher, e o policial não faz nada, finge que não vê.
Participação da participação, ou participação em cadeia: Quando ocorre uma conduta assessória de outra conduta assessória. 
Exemplo: Uma amiga fala para a amiga de uma grávida para que ela aborte.
Exemplo: “A” induz “B” a induzir “C” a praticar um crime.
Participação Sucessiva: Ocorre quando o partícipe colabora para o crime com mais de uma forma de participação. 
Exemplo: Maria induz uma grávida ao aborto e empresta o dinheiro.
Comunicabilidade das circunstâncias e elementares do crime 
(artigo 30 do CP)
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
Circunstancias de um crime: dados que se agregam para aumentar ou diminuir a pena de um crime.
a) Elementar de um crime: é algo que se você eliminar, o crime desaparece.
Exemplo: Em um caso de infanticídio, se você retirar o estado puerperal, o crime desaparece,
e, portanto, é um elementar do crime.
Exemplo: Em um crime de peculato, se eu retiro o fato de ser um funcionário público, não existe peculato.
b) Circunstâncias subjetivas ou de caráter pessoal: jamais se comunicam, sendo irrelevante se o coautor ou participe delas tinha conhecimento.
Diz respeito à motivação, personalidade etc.
Exemplo: O fato de João ter praticado um crime como uma pessoa reincidente não irá agravar a pena de Maria, partícipe, somente a dele.
c) Circunstâncias objetivas: comunicam-se, mas desde que o coautor ou participe delas tenha conhecimento.
Circunstâncias objetivas dizem respeito ao lugar etc..
Exemplo: crime de peculato, quando o coautor ou partícipe do funcionário público, sabedor dessa situação, mas, que, ele mesmo, não pertence aos quadros da administração pública, incide nas penas deste delito.
Exemplo: Caso Isabela Nardoni, morta pelo pai e pela madrasta; a circunstancia dele de ser o pai da menina, agrava a pena dele, mas, não, a da madrasta.
Exemplo: Caso de apropriação de uma arma de funcionário público que vende a arma, alguém auxilia na venda. Nesse caso, quem auxiliou a venda responderá por peculato desde que seja sabedor que o outro é funcionário público.
As circunstâncias de caráter pessoal não se comunicam ao coautor ou partícipe, ainda que eles tenham conhecimento dessa circunstância. 
As circunstancias podem ser objetivas ou de caráter pessoal. Aquelas, de caráter pessoal, não transmitem, mas as objetivas (meio de execução, hora da prática) transmitem desde que o coautor ou partícipe tenha conhecimento.
As circunstâncias objetivas que são aquelas que dizem respeito ao meio de execução (momento em que o crime foi praticado etc.), ou seja, que dizem respeito ao fato, se comunicam ao coautor ou partícipe desde que esse tenha conhecimento desta circunstância. 
Exemplo: Marcos empresta um barco para João matar Rogério afogado. Caso Marcos conheça as intenções de João, isso se comunica Marcos que emprestou o barco, e ambos vão responder por homicídio.
Espécies de autoria 
a) Autoria Direta ou Imediata 
Acontece quando o autor executa diretamente o crime
b) Autoria indireta ou mediata 
O agente se vale de uma terceira pessoa que atua sem vontade ou sem discernimento para em seu nome praticar o crime.
Exemplo: Suponha que João dê uma pistola para Pedro, um débil mental, e diz que a arma é de brinquedo, e que é para fazer uma brincadeira com Artur. Pedro, pensando ser, realmente, uma brincadeira, atira em Artur, que vem ao óbito. Nesse caso, João é o autor mediato, pois se utilizou de um inimputável para cometer um crime.
Exemplo: Carlos, gerente de banco, sentindo-se ameaçado por um marginal, subtrai dinheiro do cofre. Quem coagiu o gerente será o autor mediato, pois se valeu de uma terceira pessoas “sem vontade”. O gerente não responderá pelo roubo.
Exemplo: Durante uma cirurgia, um médico instrui uma enfermeira a administrar um medicamento injetável, e o paciente vem ao óbito em função da droga. O médico será o autor mediato, pois a enfermeira não sabia sobre o resultado da droga, e o injetou no paciente por confiança.
Exemplo: Coação moral irresistível, utilização de um inimputável por doença mental para praticar o crime; erro provocado por terceiro (caso da enfermeira que seguiu o médico e aplicou injeção que foi letal ao paciente).
Eu convenço um débil mental a se jogar de uma janela, porque ele poderia voar então eu serei o autor mediato.
c) Autoria Colateral 
Acontece quando mais de um agente realiza a conduta objetivando a morte de alguém, sendo que não há entre os agentes, qualquer vínculo psicológico. Nesse caso, cada um responderá somente pelo resultado que produziu.
É o contrário de coautoria. É o caso de duas pessoas que atiram em uma terceira, uma delas acerta, mas não sabem um do outro. Nesse caso não há liame subjetivo e, portanto cada um vai responder pelo ato que praticou. Assim, um responderá por homicídio consumado e o outro por tentativa de homicídio. Se estiverem combinados, então ambos respondem por homicídio consumado.
Exemplo: Duas pessoas em uma festa querendo matar uma terceira, desconhecendo a conduta um do outro. Um deles coloca veneno em um copo que será utilizado pela vítima, e o outro, também vai lá, e coloca veneno. O médico legista constata que uma dose isolada não mataria, mas as duas acabariam por matar. Por não existir liame subjetivo, então não há coautoria. Existe, sim, autoria colateral, ou seja, teríamos um morto e dois respondendo por tentativa de homicídio. (Para Capez seria crime impossível, e ninguém responderia).
d) Autoria Incerta 
Ocorre quando na autoria colateral não se consegue identificar quem é o autor do resultado final. Neste caso, aplica-se o princípio “in dubio pro reo”, e ambos responderão por tentativa de homicídio.
Digamos que no caso daqueles dois que atiraram em um terceiro, caso não se consiga identificar a arma que levou ao óbito, tem-se a autoria incerta. A solução jurídica seria a tentativa de homicídio para ambos.
Teorias que buscam explicar a punibilidade do partícipe:
O conceito de crime é tripartite: fato típico, ilícito e culpável.
a) Teoria da Acessoriedade Máxima 
Para que o partícipe responda a conduta do autor, a ação tem que ser: típica, ilícita e culpável.
Assim, quem empresta uma arma a um menor para que ele mate uma pessoa, não responderá pelo homicídio. Ela não é justa, pois o maior não responderá, pois o menor não é culpável.
b) Teoria da Acessoriedade Mínima
Para que o partícipe responda, a conduta do autor tem que ser apenas típica. 
Por essa teoria, se A emprestar uma arma para que B mate em legítima defesa, A responderá por homicídio.
João está prestes a ser morto, Mateus joga uma arma para que João possa se defender, e ele mata o agressor, ou seja, configurou-se legitima defesa. No entanto, Mateus, por essa teoria vai responder por homicídio. Isso não é justo, pois Mateus emprestou a arma para que João agisse de acordo com o direito. Caso Mateus matasse o agressor não responderia, em razão de legítima defesa de terceiro.
Para essa teoria, se eu empresto a arma para alguém matar em legítima defesa eu responderia pelo homicídio.
c) Teoria da Acessoriedade Limitada
Para que o partícipe responda, a conduta do autor tem que ser típica e ilícita, sendo irrelevante ser ou não culpável. 
No caso do empréstimo da arma ao menor, o partícipe responderia, não importando se fosse culpável ou não.
Formas de Participação
a) Induzimento
 Fazer nascer, na cabeça do autor, a ideia de praticar o crime.
b) Instigação
O partícipe fomenta a ideia que o autor tem de praticar o crime. (o autor já tem a ideia de praticar o crime).
c) Auxílio
É o suporte material para a prática do crime. Exemplo, emprestar a arma para o homicídio.
Cada uma dessas formas Isoladamente, em regra, não será punível. Para responder o autor deverá executar o crime. (artigo 31 do CP). A isso, dá-se o nome de participação impunível.
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
Participação impunível (artigo 31 do CP): A instigação, o induzimento e o auxílio não serão puníveis se ao autor não ingressar na execução do crime.
Participação por Omissão: É possível desde que o omitente seja agente garantidor (artigo 13, paragrafo segundo Código Penal).
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
Superveniência de causa independente
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
A participação de um crime por omissão acontecerá se for agente garantidor, que possui o dever e o poder de agir. 
Exemplo: Estupro ocorrendo, você policial ouve os gripes, mas, ao invés de atuar, aumenta o rádio a vai dormir. Nesse caso, vai responder. 
O mesmo ocorreria em caso de agressão a uma mulher, e o policial não faz nada, finge que não vê.
Participação da participação, ou participação em cadeia: Quando ocorre uma conduta assessória de outra conduta assessória. 
Exemplo: Uma amiga fala para a amiga de uma grávida para que ela aborte.
Exemplo: “A” induz “B” a induzir “C” a praticar um crime.
Participação Sucessiva: Ocorre quando o partícipe colabora para o crime com mais de uma forma de participação. 
Exemplo: Maria induz uma grávida ao aborto e empresta o dinheiro.
Comunicabilidade das circunstâncias e elementares do crime 
(artigo 30 do CP)
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
Circunstancias de um crime: dados que se agregam para aumentar ou diminuir a pena de um crime.
a) Elementar de um crime: é algo que se você eliminar, o crime desaparece.
Exemplo: Em um caso de infanticídio, se você retirar o estado puerperal, o crime desaparece, e, portanto, é um elementar do crime.
Exemplo: Em um crime de peculato, se eu retiro o fato de ser um funcionário público, não existe peculato.
b) Circunstâncias subjetivas ou de caráter pessoal: jamais se comunicam, sendo irrelevante se o coautor ou participe delas tinha conhecimento.
Diz respeito à motivação, personalidade etc.
Exemplo: O fato de João ter praticado um crime como uma pessoa reincidente não irá agravar a pena de Maria, partícipe, somente a dele.
c) Circunstâncias objetivas: comunicam-se, mas desde que o coautor ou participe delas tenha conhecimento.
Circunstâncias objetivas dizem respeito ao lugar etc..
Exemplo: crime de peculato, quando o coautor ou partícipe do funcionário público, sabedor dessa situação, mas, que, ele mesmo, não pertence aos quadros da administração pública, incide nas penas deste delito.
Exemplo: Caso Isabela Nardoni, morta pelo pai e pela madrasta; a circunstancia dele de ser o pai da menina, agrava a pena dele, mas, não, a da madrasta.
Exemplo: Caso de apropriação de uma arma de funcionário público que vende a arma, alguém auxilia na venda. Nesse caso, quem auxiliou a venda responderá por peculato desde que seja sabedor que o outro é funcionário público.
As circunstâncias de caráter pessoal não se comunicam ao coautor ou partícipe, ainda que eles tenham conhecimento dessa circunstância. 
As circunstancias podem ser objetivas ou de caráter pessoal. Aquelas, de caráter pessoal, não transmitem, mas as objetivas (meio de execução, hora da prática) transmitem desde que o coautor ou partícipe tenha conhecimento.
As circunstâncias objetivas que são aquelas que dizem respeito ao meio de execução (momento em que o crime foi praticado etc.), ou seja, que dizem respeito ao fato, se comunicam ao coautor ou partícipe desde que esse tenha conhecimento desta circunstância. 
Exemplo: Marcos empresta um barco para João matar Rogério afogado. Caso Marcos conheça as intenções de João, isso se comunica Marcos que emprestou o barco, e ambos vão responder por homicídio.
Concurso de Crimes
Uma mesma pessoa cometendo vários crimes 
O concurso de crimes se dá quando um agente, mediante uma ou várias ações pratica dois ou mais crimes. 
Exemplo: Alguém Joga uma bomba e mata vários passageiros; Alguém entra no avião, e sai atirando nos passageiros.
Sistemas de aplicação da pena adotados pelo código penal quanto ao concurso de crimes
a) Sistema do cumulo material: o juiz aplica isoladamente a pena de cada crime cometido e depois soma. Essa soma pode ser superior a 30 anos (o cumprimento é que é unificado em 30 anos).
Exemplo: Uma pessoa entra em uma casa, estupra moradora e a mata; nesse caso, o juiz aplica pena por estupro, aplica pena por homicídio, e depois soma as penas.
b) Sistema da exasperação da pena: O juiz aplica a pena de só um dos crimes cometidos pelo agente (o mais grave), e sobre essa pena acrescenta certo percentual. 
Espécies de concurso de crime
a) Concurso Material ou Real (ação implica em dois ou mais crimes).
O Concurso material também chamado de real pode ser homogêneo, quando o agente mediante duas ou mais ações pratica pluralidade de crimes idênticos, (exemplo: matou o inimigo, percebeu que havia uma testemunha ocular, e resolveu mata-lo), ou heterogêneo, quando o agente, mediante duas ou mais ações, pratica pluralidade de crimes diferentes (exemplo: o estuprador estupra a vitima e depois resolve mata-la).
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. 
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
O sistema de aplicação será definido pelo artigo 69.
No concurso material, aplica-se o sistema do cúmulo material, ou seja, as penas dos diversos crimes cometidos serão somadas na sentença condenatória. 
Observação: O teto de 30 anos estabelecido no artigo 75 do Código Penal é o limite de cumprimento de pena, mas não impede que a soma das penas na sentença ultrapasse 30 anos.
b) Concurso Formal ou Ideal (artigo 70 do CP)
Caracteriza-se pela unidade de ação e pluralidade de crimes. Pode ser homogêneo, quando com uma única ação pratica vários crimes idênticos (exemplo: João atira em Pedro matando-o, mas acaba, também atingindo Marcos, que também vem ao óbito), ou heterogêneo, quando com uma só ação pratica vários crimes diferentes (exemplo: João atira em Pedro, matando-o, mas, acaba atingindo Marcos, provocando fratura em uma costela ).
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.
 “designio autronomus” -> vontade de obter o resultado.
O concurso formal ainda pode ser:
a) Perfeito ou Próprio: É aquele que resulta de um único desígnio. O agente, por meio de uma só vontade, dá causa a mais de um resultado. (exemplo, agente avança o sinal bate com o carro matando três pessoas, ele não tinha vontade de matar, mas sim, de avançar o sinal). No caso usará o sistema de exasperação.
No concurso formal perfeito, que está no artigo 70, primeira parte, aplica-se o sistema da exasperação da pena. O juiz aplica a pena de um só dos crimes cometidos, sempre a mais grave, e sobre ela dá um acréscimo de 1/6 até a metade.
b) Imperfeito ou Impróprio: o agente age com “designius autonomus”, o agente pratica uma só ação, mas, intimamente, ele quer, ou assume o risco, de produzir vários resultados. Exemplo: Carcereiro coloca veneno na panela da sopa objetivando matar os dez presos que se encontravam na cela. (uso do sistema do cúmulo material). Nesse concurso adota-se o sistema do cúmulo material, logo nesse exemplo acima o juiz irá somar a pena dos dez homicídios cometidos pelo agente.
O concurso formal pode ser homogêneo ou heterogêneo.
Exemplos: bomba no avião (homogêneo) que explode e mata todos os passageiros; (heterogêneo), bombeiro que atira, mata um e causa lesão corporal em outro.
A partir da definição de ser um concurso formal perfeito, ou imperfeito, é que se vai saber o sistema de aplicação da pena.
No caso do carcereiro que desejava matar os presos, sistema de concurso formal imperfeito, o sistema será o do cúmulo material.
Já, no caso do motorista que imprimiu uma velocidade excessiva a um veículo, rodou, e atropelou 5 pessoas, sistema formal perfeito, o sistema será o de exasperação da pena, ou seja, vai responder por um só homicídio com acréscimo de 1/6 à metade.
O sistema de exasperação da pena foi criado pelo legislador porque o achou que não seria desejável que o autor ficasse uma pena muito grande.
O artigo 70, parágrafo único do código penal estabelece que no concurso formal perfeito, se o juiz, ao aplicar o sistema da exasperação da pena, perceber que a pena final do agente ficou maior do que ficaria se as penas fossem somadas, ele deve somar as penas. A isto, a doutrina chama de Concurso Material Benéfico.
Por exemplo, no caso de João atirar em Rodrigo, mata-lo, mas, também, causar lesão corporal em outra pessoa em razão daquele disparo, caso a soma das duas penas seja inferior àquele obtido no sistema de exasperação, então o juiz deve somar as penas.
Crime Continuado 
Crime Permanente: Crime permanente é aquele crime que a sua consumação se estende no tempo.
Crime continuado ou continuidade delitiva (delitiva vem de delito): são vários crimes, ou seja, é um concurso de crimes, ou seja, os crimes subsequentes são uma continuação do primeiro.
Inicialmente, cabe ressaltar a diferença entre crime permanente e crime continuado. Enquanto no crime continuado o agente pratica vários crimes, sendo que o legislador considera que os subsequentes são continuação do primeiro, no crime permanente o agente pratica um crime só, cuja consumação se prolonga no tempo, como é o caso do sequestro. 
Exemplo: Um funcionário pega aos poucos dinheiro do caixa de um supermercado, verificando se o gerente percebe o que está acontecendo, e assim, o faz até chegar a uma determinada quantia. Digamos que o faça durante 10 dias, então, praticou dez furtos; furto qualificado por abuso de confiança. Se a pena por cada furto for de oito anos, então pelos dez furtos, ela pegaria 80 anos. Ora, se ela furtasse, de uma vez, o que furtou em 10 dias, ela pegaria oito anos. Assim, para evitar penas muito pesadas, o legislador criou o crime continuado, ou seja, ele considera todos os crimes como se fossem apenas um. Digamos que esse seja um modo de evitar a superlotação carcerária, além de beneficiar o réu. Mas, para isso, existem determinadas condições.
É bom que se diga que isso é uma ficção que serve apenas para beneficiar o réu. Trata-se de uma ficção jurídica. 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplicasse-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.
Frisando, o crime continuado foi criado pelo legislador pó questões de política criminal com objetivo de favorecer o réu, evitando penas muito pesadas. O agente pratica vários crimes, no entanto, o legislador considera que os crimes subsequentes sejam mera continuação do primeiro, como isso é uma criação da lei, a doutrina chama a teoria do crime continuado de Teoria da Ficção Jurídica.
Requisitos para o Crime Continuado:
(artigo 71 do CP)
a) Pluralidade de condutas (inclui ação e omissão) (pode ser concurso material ou crime continuado)
b) Prática de crimes da mesma espécie
Primeira corrente: São aqueles que têm o mesmo bem jurídico protegido. Exemplo: Pode haver continuidade delitiva entre furto e roubo, porque ambos protegem o patrimônio. Alguém entra em um prédio para furtar, entra no primeiro apartamento, subtrai um bem, entra no segundo e volta a subtrair, aí, entra em um terceiro, que tinha uma empregada, à qual e ameaça para que possa subtrair um bem para essa corrente há crime continuado.
Para a segunda corrente não pode haver furto e roubo, ou vai ser tudo furto ou tudo roubo.
Segunda corrente: Crimes da mesma espécie são os previstos no mesmo tipo penal, admitindo variações entre crimes consumados e tentados, ou simples e qualificados. 
Observação: atualmente a segunda corrente é a majoritária nos tribunais.
c) Tem que ter condições semelhantes de tempo. 
Mas, de quanto tempo deve haver de um crime para outro, o legislador não diz, mas a jurisprudência coloca que pode ser até trinta dias, mas isso é apenas um parâmetro. 
A jurisprudência entende que só pode haver crime continuado se entre um crime e aquele imediatamente o sucede não passar período superior a trinta dias. 
d) Condições semelhantes de lugar;
O legislador não disse que tem que ser no mesmo lugar, cabe então à doutrina e jurisprudência determinar. 
Exemplo: A Polícia Civil e a Polícia Militar entraram em greve. Um grupo de bandidos vem para a região dos lagos. Primeiramente, em São Pedro subtrai um caixa eletrônico, depois vai para cabo frio e também subtrai outro caixa eletrônico. Nesse caso pode haver continuidade delitiva? Alguns dizem que os delitos podem acontecer em comarcas vizinhas, outros dizem que não.
De qualquer forma, o legislador não exige que os crimes sejam praticados no mesmo lugar, pois, as circunstâncias devem ser semelhantes, e não idênticas, por isso, já existem julgados admitindo o crime continuado até mesmo em comarcas vizinhas. 
e) Condições semelhantes de execução do crime.
Precisa ser sempre a mesma vítima? Não. 
Mais uma vez o legislador não exige que a maneira de executar o crime seja idêntica, mas sim, semelhante, desde que haja uma relação de contexto entre os crimes. Exemplo: Caso de estupro em locais diferentes, mas obedecendo a determinadas características, ou seja, sempre no escuro, usando uma faca, colocando a vítima em uma determinada posição etc.
Outros exemplos: O plano era subtrair 1000 reais de forma paulatinamente; O plano era fazer subtração de caixas eletrônicos.
f) Requisito subjetivo
Não é pacífico na doutrina a sua exigência, que seria a configuração do crime continuado, só seria possível se todos os crimes, praticados pelo agente, fizerem parte de um único plano criminoso, ou seja, se exige a vontade de praticar os crimes em continuidade.
Ou seja, tem que ter a intenção de praticar os crimes em continuidade. Caso não exista a intenção, como, por exemplo, João esta sem dinheiro e resolve assaltar um posto; fica sem dinheiro de novo e resolve assaltar uma farmácia; de novo o dinheiro acaba e ele resolve assaltar outro posto de combustível, então não existe crime continuado.
Aqueles que são favoráveis a esse requisito têm como defesa o fato de que a sua não exigência beneficia a reiteração criminosa.
Assim sendo, tem que ter, por parte do autor, a intenção de praticar os crimes em continuidade. Caso não exista a intenção, como no seguinte exemplo: “João esta sem dinheiro e resolve assaltar um posto; fica sem dinheiro de novo e resolve assaltar uma farmácia; de novo o dinheiro acaba e ele resolve assaltar outro posto de combustível”, não existe crime continuado.
Observação: No crime continuado o sistema adotado é da exasperação da pena. 
Espécies de Crime Continuado
(artigo 71 parágrafo único)
Art. 71 -
Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.
Crime Continuado Específico: doloso, contra vitimas diferentes, com violência ou grave ameaça à pessoa. 
Crime Continuado Genérico, quando falta um dos itens descritos acima.
a) Genérico: Por exclusão de alguns dos fatores citados abaixo.
b) Específico: Exige os seguintes requisitos: crimes são dolosos; contra vítimas diferentes; cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa. 
Exemplo de Específico: aquele caso dos bandidos que vieram para a região dos lagos subtrair caixas eletrônicos. 
Exemplo de Genérico: aquele caso de estupro. Uma mulher foi estuprada, e morta por um marginal.
Aplica-se o sistema de exasperação da pena, só que para o genérico a pena é menor.
Tanto no crime continuado genérico quanto no específico, adota-se o sistema da exasperação da pena. A diferença está no percentual que aumenta. No continuado genérico, o juiz aplica a pena do crime mais grave acrescido de 1/6 a 2/3. 
No crime continuado específico, o juiz aplica a pena do crime mais grave, mas pode sobre ela acrescer até o triplo. 
Sempre que ao aplicar o sistema da exasperação da pena o juiz verificar que a pena ficou maior do que a que ficaria caso fosse somada, o juiz deverá somar as penas, o que a doutrina chama de Concurso Material Benéfico.
 Súmula 711 e crimes em espécie
"A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. O próprio embargante reconhece que a causa dessa decisão foi a 'existência de cinco crimes de corrupção ativa, praticados em continuidade delitiva e parcialmente na vigência da nova Lei'. Portanto, está bem compreendido o fundamento do acórdão, que, aliás, está bem ancorado na Súmula 711 desta Corte (A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a vigência é anterior à cessão da continuidade ou da permanência). Esta também é a inteligência do art. 71 do Código Penal, que trata da regra a ser aplicada, pelo órgão julgador, da ficção jurídica da continuidade delitiva." (AP 470 ED-décimos quartos, Relator Ministro Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, julgamento em 5.9.2013, DJe de 10.10.2013)
"1. A conduta imputada ao paciente é a de impedir o nascimento de nova vegetação (art. 48 da Lei 9.605/1998), e não a de meramente destruir a flora em local de preservação ambiental (art. 38 da Lei Ambiental). A consumação não se dá instantaneamente, mas, ao contrário, se protrai no tempo, pois o bem jurídico tutelado é violado de forma contínua e duradoura, renovando-se, a cada momento, a consumação do delito. Trata-se, portanto, de crime permanente. 2. Não houve violação ao princípio da legalidade ou tipicidade, pois a conduta do paciente já era prevista como crime pelo Código Florestal, anterior à Lei n° 9.605/98. Houve, apenas, uma sucessão de leis no tempo, perfeitamente legítima, nos termos da Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal. 3. Tratando-se de crime permanente, o lapso prescricional somente começa a fluir a partir do momento em que cessa a permanência. Prescrição não consumada." (RHC 83437, Relator Ministro Joaquim Barbosa, Primeira Turma, julgamento em 10.2.2004, DJe de 18.4.2008)
Exemplo do padrasto que praticava estupro continuado contra a enteada num intervalo de três meses. A cada semana praticava um. No intervalo dos três meses aconteceu uma nova lei que fazia mais grave e, portanto, aumentando a pena. 
A Lei penal mais grave pode ser aplicada antes de cessar a continuidade.
Assim, a súmula permite a colocação da lei mais grave no caso do exemplo acima, pois a lei nova surgiu quando ainda estava sendo praticado o crime.
A lei penal mais gravosa pode ser aplicada no crime continuado quando ela entra em vigor antes de cessar a continuidade delitiva. 
Teoria da Sanção Penal
Sanção penal é gênero que comporta duas espécies: primeira, pena; segunda, medida de segurança.
 A pena é uma espécie de sanção penal, enquanto a outra, Medida de Segurança é cabível ao inimputável. 
Pena
Princípios da Pena
a) Princípio da Legalidade (artigo 5º inciso 39 da Constituição Federal) 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
Exemplo: caso da Carolina Dickman. Conseguiram obter fotos dela. Na época não existia crime especifico para quem invadia computador. Em razão disso surgiu a Lei Carolina Dickman. No entanto, os responsáveis que invadiram o computador, não puderam ser penalizados pela lei Carolina Dickman, exatamente em função destes princípio. 
Num estado democrático de direito, a intevenlão do estado, deve ser limitada. E isso se aplica a pena.
b) Princípio da Anterioridade: Incluído no inciso 39: Para que seja aplicada a uma pessoa uma pena, a lei que a comina já deve estar em vigor quando da prática do fato.
No caso da Carolina Dickman, eles só foram punidos em razão da extorsão.
c) Princípio da Personalidade ou da Intranscendência da Pena: 
(artigo 5º inciso 45 da CF).
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
A pena não passará da pessoa do condenado. A obrigação cível de repara o dano se transmite aos herdeiros, assim como o perdimento de bens na medida do patrimônio que eles herdaram; 
Uma pessoa rica praticou crime e foi sancionada uma pena de multa. A obrigação de pagar a multa não se transmite aos herdeiros. A pena não passarada pessoa do condenado, ainda que seja pecuniária. O que se transmite aos herdeiros é a obrigação cível. Os herdeiros terão que pagar com o que foi herdado e não com meios próprios.
d) Princípio da Humanidade da Pena: A Constituição Federal proíbe pena de morte, salvo em caso de guerra declarada, penas cruéis, de trabalhos forçados, de banimento e de caráter perpétuo.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
e) Princípio de “Ne bis in idem”: Esse princípio impede a dupla valoração da mesma circunstância, o que significa que no Direito Penal, o juiz não pode usar duas vezes a mesma circunstância (falta de habilitação) nem para beneficiar e nem para prejudicar.
Impede que a pessoa que a pessoa seja duas vezes prejudicada pelo mesmo fato. Por
exemplo, em um caso de roubo, cometido com uma arma de fogo, e o indivíduo não tinha porte de armas, o indivíduo não responderá pelo porte de arma.
e) Princípio da inderrogabilidade da Pena: Significa que o juiz não pode se eximir e aplicar a pena, salvo nos casos excepcionais em que a própria lei prevê essa possibilidade. 
Como exemplo de caso excepcional, podemos citar o artigo 242 paragrafo único do CP, que permite ao juiz não aplicar a pena, no crime de registrar como sendo seu, o filho de outra pessoa, se reconhecida nobreza na conduta do agente (adoção à brasileira). 
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza.
Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena. (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981)
A pena é inderrogável, ou seja, o juiz não pode deixar de aplicar a pena, mas tem exceções. Sempre que acontece tem=se o perdão judicial, que ocorre em casos excepcionais.
Exemplo, artigo 121 do Código Penal; homicídio culposo; parágrafo quinto, o juiz pode deixar de aplicar a pena, mas em que situação? Quando as consequências já atingirem o agente de forma tão pesada, que já o atingiram de forma tão grave, que sobrepuja a pena a ser aplicada.
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
 f) Princípio da Proporcionalidade:
1997, 1998, infestação de medicamentos falsificados trouxe uma repercussão muito grande, e o legislador pressionado, mas peca por não dar importância aos princípios que estamos estudando. 
(artigo 273)
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: 
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.
A pena foi aumentada pelo legislador para 10 a 15 anos, ou seja, maior que o da vida humana, ferindo o principio da proporcionalidade; falsificar cosméticos e clareadores implica em pena maior do que lesão corporal seguida de morte.
A pena cominada (cominação da pena; o legislador comina a pena; o juiz fixa a pena) pelo legislador deve ser proporcional à gravidade do delito praticado.
Exemplo: A pena para o crime de falsificação de remédio, prevista no artigo 273 do CP, é de dez a 15 anos de reclusão, o STJ declarou essa pena inconstitucional, pois fere o princípio da proporcionalidade. Existem no Código crimes mais graves com penas menores.
g) Princípio da Individualização da Pena 
O juiz não pode aplicar penas estanques, a pena tem que ser individualizada, para cada condenado. Cometer o mesmo crime não significa que cada autor receberá a mesma pena.
A pena deve ser aplicada, levando-se em conta, de forma individualizada, cada condenado. Esse princípio deve também acompanhar o condenado durante o cumprimento de sua pena na análise dos benefícios penais.
Benefícios, progressão da pena: fechado para semiaberto; semiaberto para aberto, ou seja, passa de um regime pior para um melhor.
Estupro de vulnerável, crime hediondo, não existe progressão. Começa em regime fechado e termina em regime fechado. Mas, toda lei que defende algo parecido é inconstitucional, pois não segue o princípio da individualização da pena.
Exemplo: O STF declarou inconstitucional um artigo da lei dos crimes hediondos que proibia a progressão de regime para todo condenado que cometesse crime hediondo, porque a lei generalizou e a concessão desse benefício deve ser feita de forma individualizada.
Finalidade da Pena
Existem várias teorias acerca da finalidade da pena, vamos ver as que mais se destacam.
a) Teoria absoluta ou retributiva: A pena é concebida como uma forma de retribuição justa pelo mal injusto que o criminoso causou.
b) Teoria Relativa ou Preventiva ou utilitária: A pena possui uma única finalidade, que é a prevenção de novos delitos.
Pode ser dividida em Geral e Especial. A geral se dirige a toda a sociedade, e a especial que se dirige diretamente ao criminoso, para ele se ressocializar.
A prevenção geral é aquela que se refere a toda a sociedade, e funciona como um alerta para evitar o cometimento de delitos. 
A prevenção especial é aquela que se dirige ao criminoso, e tem como objetivo sua ressocialização.
c) Teoria Eclética, Mista ou Unificadora: (artigo 59 do Código Penal) Tem por base a mistura os anteriores. A pena tem que ser necessária. 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
Por esta teoria, a pena tem dupla finalidade: ela concilia as teorias absoluta e relativa, porque a finalidade da pena é retribuir o mal injusto causado pelo criminoso e prevenir o cometimento de novos delitos. É a teoria utilizada pelo artigo 59 do CP.
Espécies de Pena (artigo 32 do CP)
Art. 32 - As penas são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - privativas de liberdade; 
II - restritivas de direitos; 
III - de multa.
a) Pena privativa de liberdade;
b) Pena restritiva de direitos;
c) Pena de multa.
Penas Privativas de Liberdade
Vulgarmente chamadas de penas de prisão.
Espécies de Penas privativas de liberdade:
a) Pena de Reclusão
b) Pena de detenção
c) Pena de prisão simples
Exemplo: Artigo 155 do CP, crime de furto:
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
A pena é de reclusão de 1 a 4 anos, mas, quem escolhe não é o juiz, mas sim o legislador.
Artigo 1º da lei de introdução ao código penal: Define em que caso a espécie de pena deve ser aplicada.
Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.
Crime: reclusão ou detenção cumulativamente com multa; contravenção: prisão simples, multa, ou ambas.
A prisão simples, conforme o artigo 1º da lei de introdução ao Código Penal, é exclusiva ao condenado que cometeu contravenção penal. É uma prisão que deve ser cumprida sem rigor penitenciário e sempre separada dos presos condenados por reclusão e detenção.
As penas de prisão cabíveis para quem comete crime é a de reclusão e a de detenção.
As penas de reclusão e detenção exclusiva para crime sendo que é o legislador que decide se o crime será punido com reclusão ou detenção, em regra os crimes mais graves são punidos com reclusão e os menos graves com detenção. Na pratica atualmente quase não existe mais diferença para a pena de reclusão e detenção, no entanto algumas diferenças ainda permanecem como por exemplo crime punido com reclusão o regime inicial pode ser fechado semiaberto e aberto, já crime punido com detenção o regime inicial nunca pode ser fechado
O critério usado pelo legislador para estabelecer pena de reclusão ou de detenção é o seguinte: aos crimes mais graves é reservada pena de reclusão, aos crimes menos graves é reservada pena de detenção.
Na prática, qual a diferença? Essas diferenças estão se esgotando ao longo do tempo. Anteriormente aqueles condenados por reclusão ficavam até em presídios diferentes, e o estabelecimento de fianças, só era possível para detenção. Na pratica, hoje, praticamente, as diferenças não existem;
De fato, a reforma penal de 1984 eliminou algumas diferenças entre a pena de reclusão e a de detenção, restaram apenas algumas consequências, como, por exemplo, cabe esclarecer que
o condenado por crime punido com reclusão pode começar no regime fechado, semiaberto ou aberto, enquanto condenado por crime punível com detenção, nunca pode começar no regime fechado. Na prática todos ficam na mesma cela. 
O pai condenado por reclusão perde patriarcal já se condenado por detenção não o perde
O Juizado Especial Criminal, JECRIM, serve às contravenções penais, ou crimes com condenação até dois anos. A lei que o criou foi feita para evitar prisão.
Prisão simples possui menos rigor penitenciário. Na prática não existe maior rigor.
Sistemas de Aplicação da Pena
É momento em que o juiz vai dar a pena...
Reincidência: (artigo 63 do CP): É a situação de quem pratica um novo crime após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória pela prática de um crime anterior
Situação em que alguém comete um novo crime depois do trânsito em julgado da sentença penal condenatória
Exemplo: João pratica roubo, e foi condenado pelo roubo em 1ª instancia., e está recorrendo da sentença condenatória. Então praticou um furto, e no dia do julgamento do furto em primeira instância ele é considerado primário, pois, em relação ao roubo não houve sentença condenatória transitada em jugado.
Crime 1 + TJSPC + Crime 2 = Reincidência
Pode ser qualquer crime.
A reincidência é ima agravante genérica, pois, qualquer crime que o agente cometer terá sua pena agravada pela reincidência.
(artigo 61 do Código Penal) 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: 
I - a reincidência; 
II - ter o agente cometido o crime: 
a) por motivo fútil ou torpe; 
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; 
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido; 
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; 
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; 
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; 
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; 
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; 
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; 
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; 
l) em estado de embriaguez preordenada. 
Natureza jurídica da reincidência: artigo 61, inciso I do Código Penal, é uma circunstância agravante genérica, e conforme o artigo 30 do CP, é uma circunstância de caráter pessoal, logo não se comunica ao coautor ou partícipe.
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
Elementares de um crime. Normalmente incluídos no caput dos artigos. Caso você retire o verbo ou alguma qualidade, a tipicidade do crime desaparece. Exemplo: Subtrair uma coisa alheia. Se você retirar “subtrair” ou “alheia”, deixa de existir a tipicidade;
Sistema de Perpetuidade da Reincidência e Sistema da Temporariedade da Reincidência
Sistema da temporariedade da reincidência (artigo 64, inciso I do CP):
O Código Penal adotou este sistema que significa que se entre a data do término do cumprimento da pena e a prática de nova infração penal passar um período superior a cinco anos, não prevalecerá a condenação anterior, ou seja, não haverá reincidência e o criminoso retorna a condição de primário.
Art. 64 - Para efeito de reincidência: 
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; 
Exemplo: José praticou um crime de roubo, foi condenado por sentença transitada em julgado, cumpriu integralmente a sua pena, e seis anos depois praticou um homicídio. José será reincidente? Não, a reincidência prescreveu e ele será considerado primário, conforma artigo 64, inciso I do Código Penal, passados mais de cinco anos do término do cumprimento da pena, a reincidência prescreve e José volta a condição de primário. 
O artigo 64 inciso dois, não vale para crimes militares próprios e políticos.
Art. 64 - Para efeito de reincidência: 
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
Observação: Os crimes militares próprios, que são aqueles que só existem no Código Penal Militar, e os crimes políticos não geram reincidência.
Ser reincidente e ter maus antecedentes significa a mesma coisa? 
Não, ter maus antecedentes é ter contra si uma sentença penal condenatória transitada em julgado que não gera reincidência.
Conforme a súmula 444 do STJ, inquéritos policiais em andamento e ações penais em curso não podem ser utilizadas contra o réu para agravar sua pena como maus antecedentes.
Não se pode considerar ambos, maus antecedentes e reincidência, para uma mesma condenação; Assim, se tiver gerado reincidência não gera maus antecedentes, senão gera maus antecedentes.
Exemplo: João pratica um roubo, uma semana depois pratica um furto. No momento do julgamento do roubo, João era primário? Portador de bons ou maus antecedentes?
João será primário e será portador de bons antecedentes, porque muito embora já tenha um inquérito em andamento pela prática de um crime de furto conforme súmula 444 do STJ, inquéritos policiais em curso não podem servir como maus antecedentes.
Pelo roubo que João cometeu, ele foi condenado por sentença transitada em julgado. Posteriormente foi o julgamento pelo crime de furto, nesse momento será primário ou reincidente? Portador de bons ou maus antecedentes?
No julgamento do furto, João será primário, mas portador de maus antecedentes. 
Temporariedade da reincidência: passados cinco anos de cumprimento da pena, cessa a reincidência. 
Prescrição da reincidência e antecedentes criminais 
Vimos que passados mais de cinco anos do término do cumprimento da pena, aquela condenação transitada em julgado não prevalece para efeitos de reincidência. Pergunta-se gerará maus antecedentes. Isso gera diferentes entendimentos entre o STJ e o STF.
Primeira corrente, STJ: Sim, porque o réu teria uma condenação transitada em julgada em seu passado que não gera reincidência, então geraria maus antecedentes.
Segunda Corrente, STF: O fundamento da prescrição da reincidência é evitar que o condenado carregue para sempre os erros do passado, sobretudo quando ele já cumpriu integralmente sua pena, logo, pelo mesmo fundamento, a condenação anterior não deve gerar maus antecedentes. 
Maria praticou um crime de roubo em Janeiro de 2000, tendo sido condenada por sentença transitada em julgado em Fevereiro de 2005. Em Abril de 2003, Maria cometeu um furto, por ele foi condenada irrecorrivelmente em Março de 2006. Pergunta-se: no julgamento do furto ela era primária ou reincidente? Portadora de bons ou maus antecedentes?
Maria será primária, mas portadora de maus antecedentes.
Dosimetria da Pena
Dois princípios são fundamentas: 
a) Princípio da individualização da pena e 
b) “ne bis in idem”. 
O juiz parte da pena mínima e máxima, mas antes tem que analisar as qualificadoras de um crime. Verificando se, por exemplo, um homicídio é simples ou qualificado.
Qualificadoras: Aumentam os patamares mínimo e máximo de uma pena. Se não existir considera o básico.
Assim, no processo de individualização da pena, a primeira análise a ser feita pelo juiz é a presença ou não de qualificadoras.
Qualificadora é quando o legislador eleva os patamares mínimo e/ou máximo da pena. Exemplo: Artigo 121 caput do CP, homicídio simples, pena de 6 a 20 anos; artigo 121 paragrafo segundo, homicídio qualificado, pena 12 a 30 anos.
Causa de aumento de pena: é quando o legislador
estabelece um percentual de aumento para a pena. 
Pode acontecer de se ter qualificadoras ou causas de aumento da pena ao mesmo tempo.
Exemplo, artigo 121, parágrafo 6º. O homicídio praticado por grupo de extermínio aumenta a pena de 1/3 à metade (causa de aumento da pena);
Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
§ 2º Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
...
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
Pode haver que um crime tenha mais que uma qualificadora, o juiz, no entanto, precisa de apenas uma para tirar o homicídio da forma simples e colocá-lo na forma qualificada. Aquela qualificadora utilizada pelo juiz não mais poderá ser usada em outra fase da dosimetria da pena, porém as qualificadoras não utilizadas o juiz as reserva e usa em outra fase da dosimetria da pena.
Assim, um homicídio pode ter mais de uma qualificadora, podendo ser duplamente qualificado, triplamente qualificado etc. No caso de Isabela Nardoni o homicídio foi triplamente qualificado. Mas basta uma qualificadora para tornar o crime qualificado.
Usar meio cruel, impossibilidade de defesa, e ocultação de outro crime são qualificadoras. Normalmente, usa uma qualificadora e reserva as outras para agravar a pena.
Individualização da pena
É o momento em que o juiz vai aplicar a pena. 
Uma qualificadora é um motivo de aumento da pena e agravante da pena.
Exemplo: Matou o pai para ficar com herança, ou seja, por motivo torpe, que se constitui em uma qualificadora, e mediante asfixia, que é mais uma qualificadora, ou seja, trata-se de um crime duplamente qualificado.
O juiz vai pegar o motivo torpe como qualificadora do homicídio, a outra ele reserva.
Causa de aumento de pena é uma fração da pena que poderá ser somada à pena do réu.
A primeira coisa que o juiz vai analisar é a qualificadora da pena.
Sistema Trifásico da Aplicação da pena 
(artigo 68 do Código Penal)
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.
A aplicação da pena se desenvolve em três fases. Na primeira fase o juiz irá fixar a pena base levando em conta as circunstâncias judiciais do artigo 59 do Código penal. Na segunda fase da dosimetria da pena, o juiz irá fixar a pena provisória ou intermediária levando em conta as agravantes e as atenuantes. Na terceira fase da dosimetria da pena o juiz irá fixar a pena definitiva, levando em conta as causas de aumento de pena e de diminuição de pena.
O juiz analisa as qualificadoras antes da primeira fase.
Na primeira fase o juiz vai verificar as penas mínima e máxima, ou seja, o juiz vai determinar a pena base
Na segunda fase, partindo da pena base, ele aplica a pena da provisória, e na terceira ele aplica a pena definitiva. 
Digamos que a pena base seja de 16 anos. Assim, se ele tiver agravante a pena vai aumentar, se houver atenuante a pena irá diminuir.
Primeira fase da dosimetria da pena
O juiz partirá da pena mínima abstratamente cominada pelo legislador, e analisará as circunstâncias judiciais do artigo 59 do Código Penal; quanto mais circunstâncias judiciais desfavoráveis ao réu, mais a sua pena irá aumentar, sendo que nesta primeira fase o juiz não pode fixar a pena base acima do máximo legal. 
Como o legislador não estabeleceu a quantidade de aumento para cada circunstância judicial desfavorável deve o juiz observar o princípio da proporcionalidade.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. 
Circunstâncias judiciais descritas no artigo 59 do Código Penal:
a) Grau de culpabilidade do réu: 
Trata-se do juízo de censurabilidade que recai sobre a conduta do agente.
Exemplo: O cara tem 18 anos, e teve relação consentida com a namorada de 13 anos. Isso configura estupro de vulnerável.
Já outro pegou uma criança de 2 anos e introduziu um objeto na vagina, o que constitui também estupro de vulnerável
Embora os dois tenham cometido crime de estupro de vulnerável, os dois crimes possuem graus de culpabilidade diferentes.
b) Antecedentes 
São sentenças transitadas em julgado que o condenado tem na sua vida pregressa, e que não geram reincidência (súmula 444, não podem ser usados como maus antecedentes).
Súmula 444 do STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.
No julgamento do recurso extraordinário, o STF se posicionou, por 6 votos a 4, no sentido de que “A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não podem ser considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena”.
c) Conduta social 
É o comportamento do agente perante a família, o trabalho, a sociedade.
Se o réu tem uma conduta social não recomendável, então isso agravará sua pena, em caso contrário poderá atenuar.
d) Personalidade do agente 
É o perfil psicológico do criminoso. A jurisprudência, no entanto, entende que a pena do réu só poderá ser agravada nessa situação se houver laudo pericial de um profissional competente.
Um psicopata não tem arrependimento. A existência de um perfil psicológico do agente permite verificar se existe a possibilidade do agente voltar a delinquir.
e) Motivos do crime 
Cabe ressaltar que se o motivo do crime já foi usado como qualificadora não pode ser usado novamente para agravar a pena base, pelo princípio que impede o “ne bis in idem”.
Se o que levou uma pessoa a praticar o crime foi um motivo torpe, e se essa qualificadora já foi utilizada, então não pode ser usada de novo para aumentar a pena.
É o caso de um juiz que ao aplicar a pena de um homicídio por motivo torpe, utilizando essa qualificadora. Caso o juiz utilize novamente essa qualificadora, motivo torpe, para agravar a pena, O advogado pode pedir para rever, exatamente pelo principio “ne bis in idem”, pois o juiz não poderia fazê-lo.
f) Circunstâncias do Crime
Diz respeito à maneira como o crime foi executado. 
Novamente cabe ressaltar que se o meio de execução já foi usado como qualificadora não pode ser usado novamente para agravar a pena do réu.
Mesmo raciocínio do anterior.
Exemplo: Se usar a tortura como circunstancia para qualificar, então não pode usar novamente para agravar.
g) Consequências do crime 
As consequências denotam a extensão do dano produzido pela prática criminosa, sua repercussão para
a própria vítima e seus parentes, ou para a comunidade.
Avanço de sinal: Digamos que um dos casos causa lesão corporal, enquanto outro provoca a quebra da perna; são extensões diferentes para uma mesma prática. 
Pena abstrata: é aquela fixada pelo legislador, não voltada para o caso concreto.
Pena concreta: é aquela que o juiz fixou para o caso concreto.
Exemplo: artigo 121, homicídio, pena fixada em lei, de 12 a 30 anos, pena mínima, 12 anos (abstrata). O juiz então analisa as circunstâncias favoráveis ou desfavoráveis; quanto maior os desfavoráveis a pena vai aumentar, e o aumento será uma questão de proporcionalidade. 
Exemplo: o réu praticou um furto simples, cuja pena é de 1 a 4 anos; o juiz fixou em quatro anos, pois o réu tinha maus antecedentes. O que um advogado de defesa pode fazer para auxiliar o cliente? Nesse caso, a pena foi desproporcional, e o advogado pode discorrer sobre isso.
h) Comportamento da vítima
Maneira como a vítima se comporta.
Exemplo, marido agrediu a mulher durante dez anos, aí, um dia, ela pegou uma faca e o matou; Nesse caso, o comportamento da vítima colaborou para o crime.
Se não houver circunstancias favoráveis e desfavoráveis então será adotada a pena mínima, caso contrário, irá depender das circunstancias favoráveis e desfavoráveis;
O juiz irá aplicar o principio da proporcionalidade para saber o quanto irá aumentar, ou mesmo diminuir a pena, considerando o mínimo e o máximo. Por sua vez, o advogado terá um tempo para contestar as circunstancias que levaram a pena final, contestando essa ou outra circunstância.
Assim, na primeira fase o juiz estipula a pena base.
Segunda Fase da dosimetria da pena
O juiz irá considerar as atenuantes e agravantes genéricas. 
As agravantes estão na parte geral do código, pois servem para todos os crimes.
O juiz irá analisar as agravantes genéricas e as atenuantes genéricas, que não dizem respeito a nenhum crime especial, serve para todos.
As agravantes genéricas estão estabelecidas no artigo 61 e 62 do Código Penal.
O artigo 62 refere-se ao concurso de pessoas 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime
I - a reincidência; 
II - ter o agente cometido o crime: 
a) por motivo fútil ou torpe; 
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; 
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido; 
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; 
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; 
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; 
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; 
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; 
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; 
l) em estado de embriaguez preordenada.
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: 
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; 
II - coage ou induz outrem à execução material do crime; 
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; 
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa. 
Esse rol é taxativo (rol de agravantes) porque não pode ser ampliado por analogia para prejudicar o réu.
As agravantes não poderão elevar a pena base acima do máximo legal. O legislador não estabeleceu a quantidade de aumento de pena para cada agravante. O juiz se utilizará do princípio da proporcionalidade para determinar o aumento da pena.
Atenuantes genéricas estão nos artigo 65 e 66 do CP
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - o desconhecimento da lei; 
III - ter o agente: 
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; 
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; 
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; 
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; 
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
Em seguida, o juiz analisará as atenuantes genéricas que são as previstas nos artigos 65 e 66 do Código Penal.
Esse rol (atenuantes) não é taxativo, pois o juiz pode verificar outra circunstância que entender relevante para atenuar a pena do réu que não esteja descrita no rol (por exemplo, as analogias).
O cara praticou homicídio contra um irmão, mas tinha 19 anos. A presença de uma atenuante com um agravante pode anular o aumento da pena.
A presença de uma agravante em conjunto com uma atenuante é possível? Uma compensa a outra? Sim, é possível. Exemplo: O agente é reincidente e menor de 21 anos. Em regra, a presença de uma atenuante anula a presença de uma agravante, salvo quando existe entre elas preponderância. O artigo 87 do Código Penal considera como preponderantes as circunstâncias que dizem respeito à motivação do crime, à personalidade do agente e a reincidência.
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade
Exemplo: Um rapaz praticou um roubo e confessou. O ato de confessar é uma atenuante. No entanto, ele era reincidente, o que é uma agravante. Como a confissão não é preponderante, mas a reincidência sim, ou seja, nesse caso uma não anula outra. O quanto, isso irá depender da decisão do juiz.
Exemplo: Um agente é reincidente e confessa espontaneamente um crime. Neste caso, a presença da atenuante não vai anular a agravante, pois a reincidência é, conforme o artigo 67 do Código Penal, preponderante.
Observação: No caso de homicídio, todas as qualificadoras são também agravantes genéricas, logo, no homicídio duplamente ou triplamente qualificado, as qualificadoras não utilizadas serão utilizadas pelo juiz durante essa segunda fase da dosimetria da pena, como agravantes.
O artigo 67 trata do concurso de agravantes e atenuantes.
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.
Conforma súmula 231 do STJ, a incidência de circunstância atenuante não permite que a pena nesta segunda fase vá aquém do mínimo legal.
SÚMULA 231
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.
Ao final da segunda fase ter-se-á a pena intermediária ou provisória.
Terceira fase da dosimetria da pena
Aqui será fixada a pena definitiva. Nesse momento serão analisadas as causas de aumento e de diminuição de pena.
Nessa terceira fase, o juiz irá analisar as causas de aumento e de diminuição de pena, ou seja, aquelas que se identificam por um percentual de aumento ou de diminuição estabelecido pelo legislador.

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