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Anamnese e Ectoscopia - Resumo

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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
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ANAMNESE E ECTOSCOPIA 
 
Semiologia médica é a parte da medicina relacionada ao estudo dos sinais e sintomas das doenças humanas. 
O termo semiologia vem do grego (semeîon, sinal + lógos, tratado, estudo). A semiologia é muito importante para o 
diagnóstico da maioria das enfermidades, tendo como base seus sinais e sintomas: 
 Sinais: características objetivas da enfermidade, ou seja, que podem ser evidenciadas pelo médico sem ser 
necessário a interlocução do doente. Ex: febre, lesões tissulares, edemas, icterícia, etc. 
 Sintomas: características subjetivas da enfermidade, de modo que só o paciente pode informar ao médico a 
existêcia e intensidade, sem que o examinador tenha como comprovar. Ex: dor, irritação, prurido, etc. 
 
 A segunda parte da disciplina de semiologia médica é importante por detalhar ainda mais os exames físicos 
correspondentes ao sistema cardiovascular, respiratório e à região abdominal. Contudo, a prática da anamnese e do 
exame físico geral (ectoscopia) não podem ser negligenciados, mas ao contrário – uma parte complementa a outra, 
construindo, assim, uma história clínica completa e eficaz. 
Diante desta importância, este capítulo faz um apoio ao estudo semiológico dos sistemas orgânicos trazendo 
uma revisão geral da parte correspondente à anamnese e à ectoscopia, isto é, o exame clínico. O termo “exame clínico” 
compreende, pois, a dois processos fundamentais da observação médica: a história clínica (ou anamnese), relatada 
pelo doente, e o exame físico, feito pelo médico. 
 Anamnese (do grego ana, trazer de novo; e mnesis, memória): é uma entrevista realizada por um profissional da 
área da saúde com um paciente, que tem a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico de uma doença. É a 
primeira e fundamental peça do exame clínico. A anamnese compreende os seguintes tópicos, cada um 
apresentando uma função semiológica específica: (1) Identificação; (2) Queixa principal e duração; (3) História 
da Doença Atual (HDA); (4) Interrogatório Sintomatológico (ou Sistemático); (5) Antecedentes Pessoais e 
Familiares (Fisiológicos e Patológicos); (6) Hábitos de vida e condições socioeconômicas e culturais. 
 Exame físico: também representa uma peça importante para o exame clínico. Sempre realizado depois de uma 
anamnese, o exame físico pode utilizar aparelhos médicos específicos, tais como: estetoscópio, 
esfigmomanômetro, termômetro, entre outros, ou por meio de manobras (palpação, auscuta) com o objetivo de 
melhor avaliar um órgão ou sistema na busca de mudanças anatômicas ou funcionais que são resultantes da 
doença. A ectoscopia ou exame físico geral compreende um momento em que o médico deve avaliar as 
condições gerais do paciente, tais como nível de consciência e orientação, hidratação e nutrição, fala e 
linguagem, sinais vitais, etc. O exame físico dos sistemas orgânicos será detalhado para cada um dos aparelhos 
nos próximos capítulos. 
 
 
ANAMNESE 
A anamnese (do grego, aná = trazer de novo; mnesis = memória) é a parte mais importante da clínica médica, 
pois envolve o núcleo da relação médico-paciente, onde se apoia a parte principal do trabalho médico. Além disso, 
preserva o lado humano da medicina e orienta de forma correta o plano diagnóstico e terapêutico. A anamnese, em 
síntese, é uma entrevista que tem por objetivo trazer de volta à mente todos os fatos relativos ao doente e à doença. É a 
parte mais difícil do exame clínico. Seu aprendizado é lento, apenas se conseguido após a realização de dezenas de 
entrevistas criticamente avaliadas. A anamnese é, para a na maioria dos pacientes, o fator isolado mais importante para 
se chegar ao diagnóstico. 
Durante a anamnese, ocorre o momento onde se estabelecem as regras subliminares da relação médico-
paciente, que poderão vir a determinar o êxito futuro: do diagnóstico e da aderência ao tratamento, alicerçadas numa 
relação de respeito e amizade que deveria ocorrer já na primeira consulta. 
Pode-se abreviadamente descrever que em medicina a anamnese é o histórico que vai desde os sintomas 
iniciais referidos pelo paciente até o momento da observação clínica, realizado com base nas lembranças deste. 
Representa, a nosso ver, o momento da prática médica hierarquicamente mais importante onde, através dos Sinais e 
Sintomas revelados e detalhados pelo paciente e a experiência do médico que realiza a entrevista são os instrumentos 
básicos capazes de emitir uma hipótese diagnóstica e estabelecer uma conduta adequada do ponto de vista laboratorial 
para comprovar sua hipótese, encaminhar o paciente a um médico especialista em áreas que não são de sua 
competência ou para iniciar uma solução terapêutica. 
Temos a inteira convicção que muitos procedimentos invasivos e não invasivos e erros terapêuticos, por vezes 
onerosos e desnecessários, não seriam realizados se o médico tivesse efetuado parcimoniosamente uma boa 
anamnese. Existe, pois, uma relação direta entre uma boa anamnese e uma boa prática da medicina. 
 
 
 
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SEMIOLOGIA 2016 
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Os objetivos da anamnese são, em resumo: 
 Estabelecer condições para a relação médico-paciente; 
 Fazer a história clínica e conhecer os fatores pessoais, familiares e socioambientais relacionados com o 
paciente; 
 Estabelecer os aspectos do exame físico que merecem mais investigação; 
 Definir a estratégia seguida em cada paciente quanto aos exames complementares. É necessário ao médico 
ainda saber optar por exames com alta sensibilidade e especificidade; 
 Escolher procedimentos terapêuticos mais adequados em função dos diagnósticos e do conhecimento global do 
paciente. 
 
Para conseguir tal intento, o médico deve fazer uso das seguintes técnicas: facilitação (facilitar o relato do 
paciente por meio da postura médica), reflexão, esclarecimento (médico deve procurar definir de maneira mais clara o 
que o paciente está relatando), confrontação (mostrar ao paciente algo acerca de suas próprias palavras ou 
comportamento), interpretação (observação do médico a partir do que vai anotando sobre o relato do paciente) e 
respostas empáticas (intervenção do médico mostrando “empatia”, ou seja, compreensão e aceitação sobre os 
relatos). 
 A anamnese é classicamente desdobrada nas seguintes partes: 
1. Identificação; 
2. Queixa principal; 
3. História da doença atual, doenças preexistentes e medicamentos em uso; 
4. Interrogatório sintomatológico ou anamnese especial; 
5. Antecedentes pessoais e familiares; 
6. Hábitos de vida e condições socioeconômicas e culturais do paciente. 
 
1. Identificação 
A identificação possui múltiplos interesses. O primeiro deles é de iniciar o relacionamento com o paciente. Saber 
o nome de uma paciente é indispensável para que se comece um processo de comunicação em nível afetivo. São 
obrigatórios os seguintes interesses: 
 
“Nome, idade, sexo, cor (raça: branca, parda, preta), estado civil, profissão (atual e anteriores), local de trabalho, 
naturalidade, residência. Data da internação, enfermaria, leito, Hospital.” 
 
Ex: Francisco Dantas, 58 anos, masculino, branco, casado, comerciante, natural e residente em Pombal-PB. Data 
da internação: 28/01/2009, Enfermaria 01, leito 08, Hospital Edson Ramalho. 
 
2. Queixa Principal 
 Em poucas palavras, registra-se a queixa principal que levou o paciente a procurar o médico, repetindo se 
possível as expressões por ele utilizadas. Não se deve esquecer de pôr, como informação, a duração do sinal. 
 A queixa principal é, portanto, o motivo que levou o paciente a procurar o médico. É a resposta da seguinte 
pergunta: “Qual o problema que o (a) trouxe ao hospital? Há quanto tempo o(a) senhor(a) sente isso?”. A resposta deve 
ser reescrita pelo médico buscando seguir os seguintes pontos: 
 Repetir as expressões utilizadas pelo paciente; 
 Incluir sempre a duração daqueixa. 
 
Ex
1
: Dor no peito, há 2 horas; Ex²: Tosse, há 15 dias; Ex
3
: Dor “na boca do estômago”, há 1 semana. 
 
3. História da Doença Atual 
 É a parte principal da anamnese e costuma ser a chave-mestra para se chegar ao diagnóstico. Tudo que foi dito, 
quando analisamos o método clínico e a anamnese, encontra sua melhor aplicação na leitura da história da doença 
atual (HDA). 
 Para se obter uma HDA simples, deve-se lembrar de algumas regras fundamentais a seguir: 
 Determine o sintoma-guia; 
 Explore: início do sintoma (época, modo, fator desencadeante), duração, características do sintoma na época em 
que teve início (caráter do sintoma; localização corporal e irradiação; intensidade; fatores desencadeantes, de 
piora ou de melhora; relação da queixa com funções do organismo), evolução, repercussões do problema sobre 
a vida do paciente, relação com outras queixas, situação do sintoma no momento atual; 
 Use o sintoma-guia como fio condutor da história e estabeleça as relações das outras queixas com ele. Use a 
ordem cronológica; 
 As perguntas formuladas devem ser simples, acessíveis e de acordo com o nível cultural de cada doente; 
 As informações prestadas devem ser transcritas preferentemente em termos técnicos (médicos), mas, em certas 
ocasiões, será lícito transcrever para a HDA as palavras leigas (entre aspas), especialmente se elas referirem a 
um sintoma permanentemente enfatizado pelo paciente; 
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 Anote também nomes e resultados de exames laboratoriais realizados no decurso da doença; 
 Quando possível, permita que o paciente conte sua história como deseja e saliente os aspectos que ele 
considera importante. Evite perguntas sugestivas, que fornecem as respostas para as perguntas. A história deve 
ser narrada pelo próprio doente, sempre que possível, ou por intermédio de um responsável, no caso de doentes 
impossibilitados de falar, fato esse que deverá ser anotado. 
 
 A duração total de um sintoma refere-se ao intervalo do tempo entre a primeira ocorrência do sintoma até a 
consulta atual e inclui todos os períodos assintomáticos que possam ocorrer numa doença recorrente. Muitas vezes, a 
data assinalada como início, corresponde, na verdade, à exacerbação de um sintoma preexistente. 
 O início refere-se não somente à ocasião da primeira ocorrência do sintoma (ou ocasião de aparecimento de 
crise), mas também à maneira do início e às circunstâncias relacionadas com esse início. A data do início deve ser 
obtida com precisão. “Quando sentiu pela primeira vez esse problema?” É, com frequência, uma pergunta útil, para se 
fixar a data da primeira ocorrência do sintoma. A ocasião da primeira ocorrência deve ser anotada, pelo número de dias, 
semanas, meses ou anos, antes do atendimento atual. Nos casos agudos é importante anotar a hora do início. O modo 
de início, gradual ou súbito, pode fornecer uma chave quanto ao tipo de processo patológico responsável pelo sintoma. 
É importante também o conhecimento de fatores ou eventualidades que precedem (ou coincidem) com o início do(s), 
como, por exemplo, perturbações emocionais, esforço físico, fadiga, movimentos musculoesqueléticos, traumatismos, 
fatores ambientais (más condições de trabalho ou do ambiente onde vive, alterações climáticas, etc.), funções orgânicas 
(sono, alimentação, evacuação, micção, período menstrual), gravidez, etc. Pergunte ao paciente como estava sua vida 
quando do início dos sintomas. 
 O curso de um sintoma refere-se à natureza contínua, recorrente ou rítmica do mesmo. Cada sintoma apresenta 
seu curso, podendo regredir e desaparecer, ou então, desenvolver-se, progredir. Algumas doenças caracteristicamente 
evoluem em crise, por períodos, com surtos e remissões, outras seguem uma evolução contínua, com melhoras ou 
pioras parciais, ou não. 
 Em relação a episódios agudos recorrentes, considere seu episódio mais recente (início, características, 
evolução), visto que este último é, em geral, o que é mais claramente lembrado (note a frequência e a duração das 
crises, bem como a duração dos períodos livres de sintomas). Pergunte: “Quando esse sintoma surge, ele é constante 
ou altera?” Se as ocorrências forem diárias, pergunte quantas vezes o sintoma ocorre durante um período de 24 horas. 
O sintoma assume um padrão rítmico em relação a alguma função orgânica? Se as ocorrências forem periódicas, o 
sintoma ocorre com intervalos de semanas, meses ou anos? E a duração dos períodos sintomáticos? 
 Neste momento, deve-se questionar quais são as características do sintoma (esta é a análise do sintoma). A 
análise do sintoma principal pode ser feita do seguinte modo: 
a) Caráter do sintoma: descrição subjetiva da queixa feita pelo paciente, que pode, por exemplo, descrever a 
sua dor como uma sensação de queimação, facada pressão, cólica, pontada etc. pergunte: “com o que a dor 
se parece? 
b) Localização corporal e irradiação (este último, se o sintoma for dor): o paciente pode descrever a sua dor 
como localizada no meio do peito, irradiando-se (estendendo-se) para o braço esquerdo. Sugira que o 
paciente aponte com o dedo a localização e a irradiação da dor. Pergunte: “Onde dói?” E “Você a sente em 
algum outro lugar?” 
c) Intensidade: relaciona-se à sua severidade como é expressa pelo paciente (fraca, moderada, intensa). Não é 
uma medida quantitativa exata do grau de perturbação da função, porque, em geral, os indivíduos diferem 
em seus limiares de reação aos estímulos, de acordo com a sua personalidade, idade, raça e nível social. 
d) Fatores de melhora e de piora: a origem e o significado do sintoma em estudo podem ser parcialmente 
determinados dirigindo-se o interrogatório para fatores que podem agravar ou aliviar o sintoma. Exemplo: dor 
retroesternal precipitada pelo esforço físico e aliviada pela cessação da atividade é um forte indício de 
angina do peito; dor epigástrica aliviada por um alcalino ou alimento, sugere doença ulcerosa; dor torácica 
agravada pela tosse e pela inspiração profunda sugere origem pleurítica. 
e) Sintomas associados: o sintoma em estudo pode estar associado a outros sintomas num mesmo ou em 
outro sintoma do corpo. Esta associação pode indicar a origem do sintoma. Exemplo: uma súbita dor 
torácica com febre e calafrios sugere infecção pulmonar ou pleural; dor no quadrante superior do abdome 
associada à icterícia sugere comprometimento biliar; dor no ângulo costovertebral direito ou esquerdo 
associado à micção (disúria, polaciúria) sugere comprometimento do aparelho urinário. 
f) Efeitos de tratamento (s): considere o nome da medicação usada, se a droga aliviou o sintoma, a duração do 
uso e qual foi a dose usada. Se o paciente não souber informar o nome e/ou a dosagem da medicação em 
uso, registre o fato. 
g) Progressão: determine se o sintoma, durante a sua evolução particular, está melhorando, piorando ou 
permanece inalterado desde o momento em que surgiu até o estágio atual, ou seja, faça a análise atual do 
sintoma (progressão, regressão, inalterabilidade). Esta informação é de particular valor na análise dos 
sintomas caracterizados por crises, de modo a se saber se as crises estão aumentando, diminuindo de 
frequência ou gravidade, ou se estão na mesma intensidade, mas também no problema crônico e contínuo é 
relevante determinar se o sintoma permanece inalterado, exacerba-se, regride parcialmente ou torna-se 
progressivamente pior. 
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 Agora, ao finalizar, indique o efeito da doença sobre o bem estar geral do paciente, a julgar pela presença de 
sintomas gerais ou por uma alteração dos seus hábitos pessoais, isto é, alimentação, sono, trabalho, lazer ou atividades 
sociais. Registre também a reação psicológica do paciente à sua doença, isto é, a compreensão que ele tem de sua 
doença e a atitude em relação a ela. O que o paciente pensa sobre seus sintomas? Quaisos sentimentos que ele tem 
em decorrência do que ele pensa? 
 Lembre-se ainda dos seguintes pontos: 
(1) Coloque cada sintoma em sua ordem cronológica. A cronologia é a estrutura mais prática para organizar a 
história e possibilita que se compreenda melhor a sequência de desenvolvimento do processo patológico 
subjacente. O paciente geralmente não apresenta a história de seus males em uma sequência lógica; portanto, 
todos os aspectos da história, com exceção da HDA, podem ser diretamente anotados à medida que o paciente 
os relata, porque a técnica de obtenção desta fase da história, em geral não corresponde à ordem cronológica 
em que é escrita. Assim, na obtenção da história, é aconselhável tomar breves notas durante a HDA e organizar 
a forma final depois de completadas as outras fases da história. Este método fornece uma oportunidade para 
que se obtenham fatos adicionais de importância à HDA. 
(2) As perguntas formuladas devem ser simples, acessíveis e de acordo com o nível cultural de cada doente. 
(3) As informações prestadas devem ser transcritas preferentemente em termos técnicos (médicos), mas em certas 
ocasiões será lícito transcrever para a HDA as palavras leigas (entre aspas), especialmente se elas referirem a 
um sintoma permanentemente enfatizado pelo paciente. 
(4) Anote também nomes e resultados de exames laboratoriais realizados no decurso da doença. 
 
4. Interrogatório Sintomatológico (Sistemático) 
 Nesta parte da observação clínica, que complementa a HDA, é feito um interrogatório sistemático em busca de 
possíveis sintomas que não foram nela diretamente localizados. É um interrogatório dirigido, indagando-se sobre 
sintomas e sinais mais frequentes em cada um dos sistemas e seguindo-se uma sequência progressiva “da cabeça aos 
pés”. Os sintomas e sinais interrogados, porém negados, podem ajudar a confirmar ou afastar possibilidades 
diagnósticas sugeridas pelos sintomas presentes. Anote dados positivos e negativos: este relato poderá ser útil em 
situações posteriores. 
 A sistematização proposta é a seguinte: 
 
a) Sintomas gerais: febre (aumento de temperatura corporal); astenia (sensação de fraqueza); alterações do 
peso (ganho ou perda, tempo); sudorese (eliminação abundante de suor); calafrios (sensação momentânea de 
frio com ereção de pelos; relacionado com febre); prurido (sensação de coceira); alterações do revestimento 
cutâneo (áreas hipo ou anestesiadas, alterações da temperatura, lesões); alterações do desenvolvimento físico 
(nanismo, gigantismo, acromegalia, infantilismo, puberdade precoce, puberdade atrasada). 
 
b) Cabeça e pescoço: 
 Crânio, face e pescoço: dor, alterações dos movimentos (paralisias, tiques, movimentos involuntários), 
alterações do pescoço (dor, tumorações cervicais, alterações no movimento). 
 Olhos: acuidade visual (boa ou má), dor, sensação de corpo estranho (sensação desagradável), 
queimação ou ardência (acompanhado ou não de dor), lacrimejamento (eliminação constante de 
lagrimas), sensação de olho seco (xeroftalmia), diplopia (visão dupla), fotofobia (hipersensibilidade à luz), 
escotomas (manchas ou pontos escuros no campo visual), secreção (líquido purulento recobrindo as 
estruturas do olho), nistagmo (movimentos repetitivos rítmicos dos olhos); xantopsia, iantopsia e 
cloropsia (visão amarela, violeta e verde, respectivamente) 
 Ouvidos: acuidade auditiva (boa ou má), dor, otorreia (vazamento de secreção pelo ouvido), otorragia 
(perda de sangue pelo canal auditivo), zumbidos (sensação subjetiva de diferentes ruídos), vertigem 
(sensação subjetiva de estar girando em torno dos objetos); 
 Nariz e seios paranasais: obstrução nasal (nariz “entupido”), dor, rinorreia (corrimento nasal), espirros 
(isolados ou em crises), prurido (coceira interna ou externa), epistaxe (hemorragia nasal), alterações do 
olfato (hiposmia; anosmia; parosmia – perversão do olfato; cacosmia – sensação de mau cheiro), 
drenagem nasal posterior (escorrimento de catarro pelas coanas); 
 Cavidade oral e faringe: sialorreia (produção excessiva e escorrimento de saliva), xerostose (sensação 
de boca seca), halitose (mau hálito), dor, gengivorragias (sangramento gengival), lesões de mucosa, 
glossodínea (hipersensibilidade dolorosa da língua), odinofagia (deglutição dolorosa), disfagia 
(dificuldade de deglutir), pigarro (ato de raspar a garganta), tosse (seca ou produtiva), vômica (eliminar 
pus pela boca). 
 
c) Tórax: 
 Mamas: mastalgia (dor nas mamas), secreção mamilar (corrimento de líquido; perguntar a coloração), 
nódulos palpáveis (relatar localização e morfologia). 
 Sistema cardiorespiratório: precordialgia (dor referente na região do precórdio), palpitações 
(percepção incômoda de batimentos cardíacos), dispneia (dificuldade respiratória), cianose (coloração 
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azulada da pele causada por hipóxia), edemas (localização, morfologia, época quando surgiu), dor 
torácica (localização e características semiológicas), tosse (seca ou com expectoração), expectoração 
(volume, cor, odor e consistência), disfonia (dificuldade de falar), hemoptise (escarrar sangue), chiado 
(relação com dispneia e tosse), vômica (eliminação de pus oriundo das vias respiratórias). 
 
d) Abdome: 
 Parede abdominal: dor, alterações da forma e do volume (crescimento do abdome, hérnias, 
tumorações, edemas, etc.). 
 Sistema gastrintestinal: disfagia, odinogafia, epigastralgia (dor no epigástrio ou “boca do estômago”, 
segundo os leigos), dor, pirose (sensação de queimação retroesternal), regurgitação (vômito: frequência 
e aspecto), eructação (arrotos), soluço, hematêmese (vômito com sangue: hemorragia digestiva alta), 
náuseas e vômitos, dispepsia (desconforto epigástrico, na forma de “empachamento”), hábito intestinal 
(nº. de evacuações diárias, aspecto das fezes – cor e consistência, presença de elementos anormais – 
sangue, muco e/ou pus), diarreia (duração, volume e consistência das fezes), esteatorreia (gordura nas 
fezes), cólicas, distensão abdominal, flatulência, hemorragia digestiva (alta ou baixa), icterícia, 
obstipação intestinal, sangramento anal (hemorragia digestiva baixa); 
 
e) Sistema genitourinário: dor, incontinência urinária, retenção, modificações do jato urinário, alterações do 
volume e do ritmo urinário (oligúria, anúria, poliúria, noctúria, polaciúria, urgência), disúria (condição dolorosa ao 
urinar), alterações da cor e odor da urina (urina turva, hematúria, mau cheiro). 
 Para homens: lesões genitais, corrimento uretral, disfunções sexuais (impotência, ejaculação precoce, 
diminuição da libido). 
 Para mulheres: distúrbios menstruais (polimenorreia, oligomenorreia, amenorreia, hipermenorreia, 
hipomenorreia, menorragia, dismenorreia), corrimento, prurido, disfunções sexuais (dispareunia: dor no 
ato sexual; frigidez, diminuição da libido), menopausa e climatério (período de transição entre o período 
reprodutivo e o não reprodutivo da mulher). 
 
f) Sistema hemolinfopoiético: palidez, hemorragias (presença de petéquias: pontos vermelhos na pele), 
adenomegalias; esplenomegalia e hepatomegalia. 
 
g) Sistema endócrino e metabolismo: hipersensibilidade ao calor ou frio, aumento ou diminuição da sudorese, 
tremores, irritabilidade ou apatia, insônia ou sonolência, parestesia ou tetania, cãibras, convulsões, poliúria, 
polifagia, polidipsia; 
 
h) Sistema musculoesquelético: artralgias, sinais inflamatórios (edema, calor, rubor e dor), limitação de 
movimentos, deformidades, rigidez matinal; 
 
i) Sistema nervoso: distúrbios de consciência ou memória, tontura e vertigem, convulsões, ausências, distúrbios 
da motricidade voluntária e da sensibilidade (paresias, paralisias, parestesias, anestesias), distúrbios da 
marcha, do sono e das funções cerebrais superiores; 
 
j) Exame psíquico e avaliação das condições emocionais: consciência, atenção, orientação, humor, 
pensamento (normal, fantástico, maníaco, inibido, esquizofrênico,incoerente, prolixo, oligofrênico, compulsões, 
etc), ansiedade, choro frequente, irritabilidade, melancolia, sentimento de culpa e perda de interesse, perda de 
energia e desânimo. 
 
5. Antecedentes Pessoais e Familiares 
 A investigação dos antecedentes não pode ser esquematizada rigorosamente. É possível e útil uma 
sistematização que sirva como roteiro e diretriz de pesquisa. 
 
a. Antecedentes pessoais fisiológicos 
 Gestação e nascimento: como decorreu a gravidez (quando o paciente não sabe relatar, subtende-se 
que foi normal, uma vez que, se ele soubesse de algo, seria alguma patologia); se foi feito pré-natal; uso 
de medicamentos ou irradiações sofridas; viroses; condições de parto (normal, fórceps, cesariana; a termo 
ou pré-termo); estado da criança ao nascer; ordem do nascimento (com relação aos irmãos). 
 
 Desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM): 
o Dentição: informações gerais sobre a primeira e segunda dentição; 
o Engatinhar e andar: anotando as idades em que estas atividades tiveram início; 
o Fala: quando começou a pronunciar as primeiras palavras; 
o Controle dos esfíncteres: quando deixou de urinar a cama; 
o Aproveitamento escolar: rendimento e grau de escolaridade; 
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o Desenvolvimento físico: peso e tamanho ao nascer e posteriores medidas; desenvolvimento 
compatível com o dos irmãos? 
 Imunizações: vacinação compulsória na infância (BCG, Hepatite B, DTP, Anti-pólio, Hib, tríplice viral, etc.) 
e na vida adulta (vacina antitetânica, vacina para gripe); 
 Puberdade: época de seu início; 
 Menarca: época do aparecimento; 
 Características do ciclo menstrual: duração do ciclo; duração e intensidade do fluxo menstrual, 
alteração na quantidade (menorragia); data da última menstruação; história obstétrica - número de 
gestação e partos (normais? cirúrgicos?); peso dos filhos ao nascer; 
 Sexualidade e vida reprodutiva: época do primeiro contato sexual; número de parceiros (as); frequência 
das relações sexuais; uso do condom (camisinha); libido; 
 Climatério: idade da menopausa (natural ou cirúrgica); sintomas de insuficiência estrogênica (fogachos, 
sensação de ressecamento vaginal). 
 
b. Antecedentes pessoais patológicos. Por sua vez, compreendem os seguintes itens que dizem respeito ao 
histórico de possíveis patologias que tenham acometido o paciente no passado: 
 Doenças sofridas pelo paciente: 
o Doenças da infância: sarampo, varicela, coqueluche, parotidite, moléstia reumática, amigdalites, 
rubéola; 
o Doenças apresentadas na vida adulta: tuberculose (“mancha no pulmão”, raios X do tórax anormais, 
tratamento para doenças no pulmão por 6 meses); DST (antigamente denominadas doenças 
venéreas, “doenças do mundo”), incluindo AIDS e hepatite viral; diabetes mellitus; hipertensão 
arterial; cardiopatias; febre reumática; asma brônquica; Sexo feminino: abortamentos (espontâneos? 
provocados? de repetição?). 
 Alergia: quando se depara com um caso de doença alérgica, esta investigação passa a ter relevância 
especial, principalmente se tratando da existência de alergia a alimentos, drogas ou outras substâncias. 
Pesquisa-se, portanto, o seguinte: alergias ambientais, alimentares e medicamentosas; afecções de fundo 
alérgico (eczema, urticária, rinite alérgica e asma); 
 Cirurgias: anotar o tipo da intervenção, diagnóstico, data, resultados, nome do cirurgião e do hospital 
onde foram realizadas; 
 Traumatismos: data, acidente em si e suas consequências. É necessário indagar sobre o acidente e 
sobre as consequências deste. 
 Hospitalizações: motivo, diagnóstico(s), nome do hospital; 
 Hemotransfusões: época, local, causa; 
 Medicações atuais e passadas 
 
c. Antecedentes familiares 
 Estado de saúde (quando vivos) dos pais e irmãos do paciente; cônjuge, filhos (se houver). Se houver 
alguém doente na família, esclarecer a natureza da enfermidade; falecimento (causa e idade). 
 Histórico familiar de enxaqueca, DM, tuberculose, hipertensão arterial sistêmica, câncer, doenças 
alérgicas, doença arterial coronária (IAM, angina), AVC, dislipidemia, úlcera péptica, colelitíase e varizes, 
doença de caráter hereditário: hemofilia, rins policísticos etc. 
 
 
6. Hábitos de Vida e Condições Socioeconômicas e Culturais do Paciente 
 A medicina está se tornando cada vez mais uma ciência social, e o interesse do médico vai ultrapassando as 
fronteiras biológicas para atingir os aspectos sociais relacionados com o doente e com a doença. Este item, muito amplo 
e heterogêneo, está desdobrado nos seguintes dados: alimentação, habitação, ocupação atual e anteriores, atividades 
físicas, hábitos, condições socioeconômicas, condições culturais, vida conjugal e ajustamento familiar. 
 Alimentação: como no exame físico serão estudados os parâmetros para avaliar o estado nutricional do 
paciente, faz-se necessário a anamnese alimentar: hábitos alimentares, alimentação adequada em função 
do sexo, idade e trabalho desempenhado; avaliação qualitativa e quantitativa. Ex: “alimentação qualitativa e 
quantitativamente adequada”; “redução equilibrada na quantidade e na qualidade dos alimentos”; “reduzido 
consumo de carboidratos”; “alimentação puramente vegetariana”, “consumo de calorias acima das 
necessidades”, “alimentação láctea exclusiva”, etc. 
 Habitação: anote o tipo de casa (atual e anterior); número de moradores e número de cômodos da casa; se 
há saneamento básico (esgoto, fossa séptica, água encanada, tratamento da água consumida); qual o 
destino do lixo (lixo acumulado na área peridomiciliar ou submetido a coleta pública). Pergunte se o paciente 
já morou perto de fábricas ou de outros locais potencialmente prejudiciais à saúde. A falta de condições 
sanitárias mínimas, tais como a ausência de fossa e uso de poço ou ribeirão propicia uma estreita correlação 
entre a elevada incidência de parasitoses intestinais e as péssimas condições habitacionais. 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
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 Ocupações anteriores e ocupação atual: natureza do trabalho, características do meio ambiente, 
substâncias que entram em contato e grau de ajustamento ao trabalho. 
 Atividades físicas: sedentarismo; atividades físicas moderadas, intensas e constantes ou ocasionais. 
 Padrão de sono: (número de horas/dia). 
 Lazer: tipo e frequência. 
 Hábitos: 
 Tabagismo: Tempo de duração, natureza e quantidade; Unidade: anos/maço de cigarro; 
 Consumo de álcool: Abstêmios (não usam definitivamente qualquer tipo de bebida alcoólica), uso 
ocasional, uso frequente, uso diário. Tipo de bebida, volume e frequência de ingestão. Para 
reconhecimento dos pacientes que abusam de bebidas alcoólicas, está se tornando bastante difundido o 
seguinte questionário, de modo que duas respostas positivas identificam 75% dos alcoólatras com uma 
especificidade de 95%: (1) Acha necessário diminuir o consumo de bebidas alcoólicas? (2) Sente-se 
incomodado por críticas à bebida? (3) Apresenta sensação de culpa ao beber? (4) Necessita beber ao 
acordar para iniciar bem o dia; 
 Uso de drogas ilícitas: maconha, cocaína, anfetaminas, sedativos e estimulantes; 
 Banhos de rios, açudes e lagoas (localidades, época); 
 Contato com o triatomídeo/triatomíneo (“barbeiro”, “procotó”); 
 Contato com animais domésticos (gato, cão, pássaro). 
 Condições socioeconômicas: rendimento mensal; situação profissional; dependência econômica. 
 Condições culturais: nível cultural baixo, médio ou alto. 
 Religião: importante conhecer qual a religião do paciente e quais as práticas com as quais o paciente se 
envolve. Tais dados podem ser de fundamental importância para o estudo semiológico do caso. 
 Vida conjugal e ajustamento familiar: investiga-se, de maneira sucinta, o relacionamento entre pais e 
filhos, entre irmãos e entre marido e mulher. 
 
 
REQUISITOS BÁSICOS PARA UMA ANAMNESE BEM REALIZADA E INTERPRETADA 
A realização adequada da anamnesepressupõe a obediência a uma série de requisitos básicos. A medicina 
moderna, embora baseada em um grupo de ciências teóricas (biologia, bioquímica, biofísica, etc.), é essencialmente 
uma ciência prática cujo objetivo principal é ajudar pessoas doentes a se sentirem melhor; neste contexto entender as 
doenças é secundário. Como em toda ciência a medicina também têm suas unidades básicas de observação que são os 
sintomas e os sinais. As quantidades básicas de medida são as palavras e o instrumento de observação mais importante 
é o médico. O médico, como qualquer outro instrumento científico, deve ser objetivo, preciso, sensível, específico e 
reprodutível quando realiza suas observações a respeito da doença do paciente. 
A anamnese tem como início a queixa principal ou queixa duração, mas ela tem por objeto não nos desviarmos 
do motivo que levou o paciente a procurar o serviço. Por exemplo, se durante a entrevista de uma paciente com queixa 
de uma possível virose respiratória aparecer queixa de dor precordial, é evidente que uma possível doença coronariana 
poderá ser mais importante que um resfriado, no entanto, a queixa principal deve ser respeitada inicialmente e em 
seguida podemos até fazer uma outra história clínica baseada na dor precordial. Não é recomendável e nem respeitoso 
com o paciente não atendê-lo em sua queixa principal, até porque a dor precordial poderia ser secundária a uma 
pericardite aguda associada ao problema viral. 
 
INTERPRETAÇÃO E OBSERVAÇÃO 
É muito fácil confundir observação com interpretação. Observação é aquilo que o paciente realmente diz ou faz; 
as palavras do paciente são os dados primários dos sintomas. Não é incomum encontrarmos no ambiente médico 
termos que são interpretações e não descrições, por exemplo: o termo angina significa certo tipo de dor torácica devido 
à insuficiência coronariana. O dado primário deveria ser algo como: desconforto ou dor subesternal de natureza 
opressiva com duração de cerca de 3 minutos, iniciada pelo exercício físico e aliviada pelo repouso, no caso da angina 
estável. Quando se produz a interpretação prematuramente perde-se a objetividade do dado e formula-se um 
diagnóstico que pode não estar correto. 
Objetividade significa não somente separar a nossa interpretação do dado objetivo, mas também separar a 
interpretação do paciente. É importante lembrarmos este ponto quando o paciente chega contando-nos que a sua úlcera 
esta doendo ou que seu coração esta causando sérios problemas em sua vida. Nesta situação o paciente esta 
interpretando certos sintomas ou reportando um diagnóstico ao invés de fornecer o dado objetivo. 
 
Exemplo: 
Paciente do sexo feminino com 68 anos de idade, há 6 anos vive com o diagnóstico de “angina” (doença coronariana) porque 
o seu médico não ouviu atentamente a sua história que foi a seguinte: 
Dr.: Conte-me a respeito da sua dor no peito? 
Pcte: É uma dor em aperto aqui no meio do tórax e sobe queimando até a minha garganta. Às vezes doi um pouco no braço 
e nas costas. 
Dr.: Quando a dor aparece? 
Pcte: Aparece nos mais diferentes momentos e situações. Algumas vezes no meio da noite. 
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Dr.: A dor tem relação com o exercício físico? 
Pcte: Não. A dor aparece mesmo eu estando em repouso. 
 
Mesmo tendo em vista que a paciente nunca apresentou dor torácica aos exercícios, foi realizada investigação 
cardiológica, completa incluindo angiografia coronariana. Apesar de todos os exames terem sido negativos, a paciente 
recebeu o diagnóstico de doença arterial coronariana. Posteriormente, outro médico foi consultado e tendo achado que a 
história da paciente não era compatível com o diagnóstico, realizou investigação radiológica do esôfago e estomago, 
tendo sido estabelecida a existência de refluxo e espasmo esofagiano. Após 6 anos de convivência com o diagnóstico de 
insuficiência coronariana, a paciente não acreditou que nada tinha no coração e não conseguiu ser reabilitada para uma 
vida ativa. 
Portanto, para uma boa prática da medicina, devemos indicar exames complementares com base numa hipótese 
diagnóstica bem estabelecida e realizá-los de maneira escalonada, dos mais simples aos mais complexos. Não é uma 
boa prática encaminhar pacientes para exames invasivos sem ter um embasamento clínico e laboratorial consistente. Se 
assim fosse, qualquer cefaleia seria indicativa de uma tomografia do crânio, qualquer dor abdominal de uma 
ultrassonografia da região ou uma colonoscopia. É necessário racionalizar a investigação laboratorial dentro do bom 
senso e de uma análise fisiopatológica cuidadosa que atenda a uma hipótese clínica adequada que deve surgir de uma 
boa anamnese e um bom conhecimento da medicina. 
 
PRECISÃO 
Refere-se a quanto a observação se dispersa ao redor do valor "real". Aqui estamos lidando com o erro ao 
acaso, não sistemático, induzido pela falta de atenção ao detalhe, pela audição desatenta e pela falta de objetividade. As 
unidades básicas de medida quando tiramos uma história clínica são as palavras. Palavras são descrições de sensações 
percebidas pelo paciente e comunicadas ao médico. Palavras são mensurações verbais e devem ser entendidas 
precisamente; devem ser tão detalhadas quanto possível. O paciente pode se queixar de "cansaço" e nesta situação é 
necessário esclarecer do que se trata: falta de ar, fraqueza muscular, falta de vontade de realizar atividades físicas, ou 
falta de repouso adequado. O médico precisa esclarecer qual a real sensação que o paciente está experimentando 
fazendo perguntas do tipo: o que você quer dizer com "cansaço"? Você pode-me dizer mais sobre este cansaço ou como 
você descreveria o que você sente sem utilizar a palavra cansaço. 
Toda e qualquer queixa vaga ou inespecífica deve ser adequadamente interpretada pelo médico, pois ela pode 
ser coerente dentro de um meio social ou grau de instrução do paciente. Existem termos, inclusive, que fazem parte do 
cotidiano de um regionalismo (variante dialetal) e que tem sentido no local de onde procede o paciente e é de 
desconhecimento do profissional de outra região ou extração social. 
 
SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE 
Sensibilidade de um teste expressa a sua capacidade de identificar casos verdadeiros da doença (verdadeiros 
positivos). Quanto maior a sensibilidade, maior a porcentagem de casos que o teste identifica acuradamente como 
sendo positivo. Especificidade de um teste expressa a sua capacidade de descartar a doença em indivíduos normais 
(verdadeiros negativos). Quanto maior a especificidade maior a chance de um resultado negativo representar um 
indivíduo normal sem doença. 
Em resumo, podemos dizer: 
 Especificidade: sempre que há um sinal/sintoma, há uma determinada doença. Ex: se tem vegetação no 
miocárdio diagnosticada por ECG, o paciente tem endocardite. Em outras palavras, um sinal/sintoma ou um 
teste é específico para uma doença quando ele, se presente ou ausente, indica o diagnóstico desta doença, até 
que se prove o contrário. Por exemplo, uma queixa de elevada especificidade é: na ausência de disúria e 
polaciúria existe uma grande chance do paciente não ter cistite. 
 Sensibilidade: sempre que há uma doença, haverá determinados sintomas. Em outras palavras, um 
sinal/sintoma ou um teste é considerado sensível para uma determinada doença quando, na presença dela, este 
sinal/sintoma ou o teste, muito possivelmente, estará presente. Ex: na meningite e na pielonefrite, tem-se febre. 
 
OBS
1
: Como analogia prática no que diz respeito ao conceito de sensibilidade e especificidade, podemos utilizar o 
alarme de um carro. Como se sabe, o alarme de um carro tem o objetivo de identificar o furto ou arrombamento do 
mesmo por assaltantes, na maioria das vezes. Entretanto, muitos alarmes disparam quando simplesmente encostamos 
no veículo ou quando, eventualmente, alguma outra coisa se move dentro do carro (um inseto, por exemplo). Portanto, 
podemos dizer que o alarmedo carro é muito sensível, mas pouco específico: sensível por que ao simples toque, pode 
ser acionando; pouco específico porque, nem sempre, identifica um assalto de verdade. 
 
Poucos testes em medicina apresentam 100% de sensibilidade e 100% de especificidade. A entrevista clínica 
encontra-se longe destes valores. Um sintoma pode ser muito sensível (tosse em casos de pneumonia) e bastante 
específica pois na ausência de tosse são grandes as chances de não ter pneumonia, mas nem todos os sintomas são 
assim, existem doenças graves no seu início que não tem sintomas relevantes. 
Dor epigástrica noturna aliviada pela alimentação em casos de úlcera duodenal é um sintoma bastante sensível, 
porém com baixa especificidade pois muitas pessoas com úlcera duodenal não apresentam este sintoma. Entretanto, 
sintomas individuais não são as unidades apropriadas nas quais nos possamos basear para a tomada de decisão; 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
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devemos nos basear em conjuntos de sintomas, padrões ou quadros clínicos. Devemos considerar a reconstrução 
detalhada da doença no lugar de valorizarmos um sintoma isolado. Um complexo sintomático (conjunto de sintomas que 
caracterizam uma doença) é suficientemente sensível e específico para permitir a realização do diagnóstico e da 
terapêutica. 
A história clínica obtida com objetividade e precisão fornece um conjunto de dados que permitem delinear um 
eficiente (e pequeno) plano diagnóstico. Precisão (acurácia) é, de fato, a somatória dos sintomas verdadeiramente 
positivos com os sintomas verdadeiramente negativos; dividido pela população em geral. 
 
REPRODUTIBILIDADE 
A reprodutibilidade é outra importante característica dos procedimentos científicos, incluindo a entrevista clínica. 
Não é raro observarmos um grau significativo de variabilidade quando a mesma história clínica é obtida por médicos 
diferentes. 
Parte das discrepâncias pode ser explicada pelo fato de que os indivíduos apresentam diferentes níveis de 
precisão (acurácia) quando realizam a observação clínica. Outros fatores envolvidos podem ser atribuídos ao processo 
de reconstrução da história que melhora à medida que são obtidas histórias ou mesmo ao processo de aprendizado a 
que o paciente é submetido à medida que interage com a equipe de saúde. Por fim, parte pode ser debitada às 
diferentes capacidades dos médicos em interagir de forma empática com o paciente, obtendo as informações sem 
dificuldades maiores. 
 
ENTENDENDO E SENDO ENTENDIDO CORRETAMENTE, RESPEITO, SINCERIDADE E EMPATIA 
Entender o paciente e ao mesmo ser entendido por ele é absolutamente indispensável para a obtenção de 
uma história clínica adequada. Inúmeros fatores podem interferir com o entendimento perfeito. As diferenças culturais, 
religiosas, raciais, de idade e etc. entre médico e paciente constituem as dificuldades normais que tem que ser 
constantemente avaliadas para serem superadas. Outras dificuldades decorrem da técnica de entrevista. Para que 
ocorra entendimento perfeito entre médico e paciente é necessário que os dois estejam sintonizados na mesma 
frequência emocional. Neste contexto podemos destacar três qualidades que o médico deve desenvolver para melhorar 
a comunicação entre ele e o paciente: respeito, sinceridade e empatia. 
A capacidade de ter respeito é conseguir separar os sentimentos pessoais sobre o comportamento, as atitudes 
ou as crenças do paciente, da tarefa fundamental do médico que é auxiliar o paciente a ficar melhor. Pequenos 
procedimentos devem ser utilizados para demonstrar respeito ao paciente: 
1. Apresentar-se com clareza e deixar claro por qual motivo você esta ali. 
2. Não demonstre intimidade que você não tem com o paciente. Utilize sempre o nome do paciente e nunca utilize 
apelidos genéricos como "tia", "mãe", "avó" etc. 
3. Garanta o conforto e a privacidade do paciente. 
4. Sente-se próximo, mas não excessivamente, e no mesmo nível do paciente. Evite a presença de barreira física 
entre você e o paciente (mesas, macas, etc.) 
5. Avise sempre que for realizar uma mudança na condução da entrevista ou uma manobra nova ou dolorosa no 
exame físico. 
6. Responda ao paciente de forma a deixar registrado que você o esta ouvindo atentamente. 
 
A sinceridade significa não pretender ser alguém ou algo diferente daquilo que você é. Significa ser exatamente 
quem você é pessoal e profissionalmente. O estudante deve sempre se apresentar como tal e nunca pretender assumir 
o papel do médico que ele ainda não é. 
A empatia significa compreensão. Significa colocar-se no lugar do paciente e realizar um esforço para 
compreendê-lo de forma integral. Para que o relacionamento empático se estabeleça é necessário que preste atenção 
em todos os aspectos da comunicação com o paciente: palavras, sentimentos, gestos, etc. Uma vez estabelecida a 
comunicação empática o paciente fornecerá, não somente dados relevantes, mas permitirá a emersão de sentimentos e 
crenças. 
O atendimento na sala de emergência nem sempre permite, pelas circunstancias e os procedimentos técnicos 
imediatos, uma longa observação e pouco diálogo interpessoal, no entanto, tão logo a situação crítica for resolvida, estas 
mesmas atitudes que ocorrem no consultório devem aparecer tanto para o paciente quanto para os familiares. 
 
NÍVEIS DE RESPOSTA 
Para que o médico mantenha a comunicação empática com o paciente é importante que as respostas, 
principalmente a relativa aos sentimentos que o paciente expõe, sejam adequadas. Quatro categorias ou níveis de 
resposta devem ser considerados: 
1. Ignorando – quando o médico não ouve o que o paciente disse ou age como se não tivesse ouvido. Não existe 
resposta aos sintomas ou sentimentos expostos pelo paciente. 
2. Minimizando – o médico responde aos sintomas ou sentimentos expostos pelo paciente diminuindo a sua 
importância ou intensidade. 
3. Intercambiando – o médico reconhece os sintomas e sentimentos expressos pelo paciente de forma adequada e 
responde no mesmo nível de intensidade. A resposta de intercâmbio é um objetivo importante no processo de 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
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obtenção da história clínica. Em termos práticos significa a repetição das palavras do próprio paciente de forma a 
demonstrar que o médico esta entendendo o que o paciente esta tentando dizer. 
4. Adicionando – o médico reconhece o que o paciente esta tentando expressar e também aquilo que o paciente 
pode estar sentindo, mas não consegue expressar 
 
Alonso Augusto Moreira Filho citando Dewal no diz em seu livro sobre relação médico paciente “o fato de ter 
alguém que o escute com atenção, respeito e interesse é, por si mesmo, um fenômeno único que propicia ao paciente 
uma satisfação importante que raramente lhe oferecem outras relações humanas”. 
 
 
ECTOSCOPIA 
O exame físico geral é realizado pela inspeção e palpação. Alguns aspectos são fundamentais, destacando-se 
as fácies, o nível de consciência, o estado nutricional, o estado de hidratação e o desenvolvimento físico, com especial 
atenção à harmonia entre os diversos segmentos do corpo. 
 O paciente deve ser examinado nas posições de decúbito, sentada, de pé e andando. Para o conforto do 
paciente e melhor sistematização do exame físico geral, deve-se examiná-lo primeiramente em decúbito, anotando os 
dados necessários; a seguir, continuando com as posições, de pé e andando. 
 É sugerida que seja seguida a seguinte ordem: estado geral, nível de consciência, fala e linguagem, estado de 
hidratação, estado de nutrição, desenvolvimento físico, fácies, atitude e decúbito, mucosas, pele e fâneros, tecido celular 
subcutâneo e panículo adiposo, linfonodos, medidas antropométricas, biótipo, sinais vitais. 
 
1. Estado geral: é a impressão que se tem do doente, descrita da seguinte forma: estado geral bom, estado geral 
regular ou estado geral ruim. 
 É uma avaliação subjetiva no conjuntode dados exibidos pelo doente e interpretados de acordo com a 
experiência de cada um. Em outras palavras, é o que aparenta o doente, visto em sua totalidade. 
 
2. Nível de consciência: avalia-se pela perceptividade, reatividade, deglutição e reflexos. Os extremos de variação 
são o estado de vigília e o estado de coma (grau IV). 
 Nesta parte do exame, temos possibilidade de, usando recursos próprios do exame físico, completar o estudo do 
nível de consciência do paciente. Com fins práticos, devem ser usados quatro parâmetros para uma avaliação do nível 
de consciência: 
 Perceptividade: referente a capacidade de responder perguntas simples, como por exemplo: “Olá! Como vai?”, 
ou ainda, atender algumas ordens como “Tire a camisa”. Deve-se avaliar a percepção que o paciente tem do 
mundo que o cerca e de si mesmo, podendo avaliar se o mesmo está lúcido e orientado no tempo e no espaço 
(LOTE). 
 Reatividade: significa a capacidade de reagir a estímulos inespecíficos, como desviar os olhos e a cabeça para 
um ponto onde se faça barulho. 
 Deglutição: além de ter sido avaliada na anamnese, pode ser testada ao se oferecer um copo d’água, devendo-
se observar bem o comportamento do paciente. 
 Reflexos: pode-se fazer a pesquisa de alguns reflexos tendinosos. 
 
 A partir destes dados, é possível caracterizar o estado de coma dentro da seguinte graduação: 
 Grau I (coma leve): o comprometimento da consciência é leve e o paciente é capaz de atender a ordens simples, 
do tipo abrir e fechar o olho. Reage bem e de modo apropriado à estimulação dolorosa. A deglutição se faz 
normalmente. 
 Grau II (coma médio): perda da consciência é quase total, estando o paciente com sua perceptividade bastante 
reduzida. Responde apenas à estimulação dolorosa enérgica e o faz desapropriadamente. A deglutição é feita 
com dificuldade. Estão preservados os reflexos tendinosos, cutâneos e pupilar. 
 Grau III (coma profundo): perda da consciência é completa e o paciente não responde às solicitações externas 
por mais intensas que sejam. Sua perceptividade é igual a zero. Nem o estímulo doloroso é perceptível. Além 
disso, observam-se arreflexia tendinosa, cutânea e pupilar, relaxamento completo da musculatura e 
incontinência esfinctérica. 
 Grau IV (coma Depassé): além dos elementos já referidos ao coma de grau III, aqui há ainda o 
comprometimento das funções vitais, como parada respiratória (sendo necessária a ventilação artificial). É quase 
sempre um estado irreversível e o EEG revela silêncio elétrico cerebral. 
 
 A Escala de Coma de Glasgow também é largamente utilizada. É uma forma de caracterizar os estados de 
consciência através de uma escala numérica baseada na avaliação de 3 características: abertura dos olhos (4 pontos), 
resposta motora (6 pontos) e resposta verbal (5 pontos). Cada uma delas vale uma pontuação específica. O escore 15 
representa indivíduo lúcido e consciente, enquanto que o escore 3 representa indivíduo em coma. 
 
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3. Fala e linguagem: avalia-se a presença de alterações como: disfonia, distúrbios na fluência da fala (taquilalia, 
gagueira), distúrbios fonoarticulatórios (como as substituições, as adições e as omissões de fonemas), disartria, 
disfasia (de recepção ou de expressão). 
 
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Durante a entrevista, o examinador deve prestar atenção na linguagem do paciente, particularmente na 
linguagem falada. Deve-se lembrar que a fala não só depende do órgão fonador (laringe) e da língua, mas de áreas de 
elaboração cerebral superior. As principais alterações da fala são: 
 Disfonia ou afonia: alteração no timbre da voz causada por problema no órgão fonador. Ex: voz rouca, 
fanhosa ou bitonal. 
 Dislalia: alterações menores na fala (comum em crianças), como a troca de letras (“casa” por “tasa”). 
 Disritmolalia: distúrbios no ritmo da fala, como gagueira e a taquilalia. 
 Disartria: alterações nos músculos da fonação, incoordenação cerebral (voz arrastada), de hipertonia do 
parkinsonismo (voz baixa, monótona e lenta) ou perda do controle piramidal (paralisia pseudobulbar). 
 Disfasia: aparece com completa normalidade do órgão fonador e dos músculos da fonação, mas está 
relacionada com uma perturbação na elaboração cortical da fala. Representa uma descoordenação da fala 
e incapacidade de dispor as palavras de modo compreensível. 
 Disgrafia: perda da capacidade de escrever 
 Dislexia: perda da capacidade de ler. 
 
 
4. Estado de hidratação: deve-se observar o consumo ou ingesta de água: hidratado, hiperidratado e desidratado. 
Deve-se pesquisar ainda a pele, mucosa oral e conjuntiva, diurese, estado geral, sudorese, salivação, fontanelas 
(se estiverem fundas, pode indicar desidratação). 
 O estado de hidratação do paciente é avaliado tendo-se em conta os seguintes parâmetros principais: alteração 
abrupta do peso; da pele quanto à umidade, elasticidade e turgor; das mucosas quanto à umidade; fontanelas (em casos 
de crianças); alterações oculares; estado geral. 
 Um paciente está normalmente hidratado quando a oferta de líquidos e eletrólitos for feita de acordo com as 
necessidades do organismo e quando não houver perdas extras (diarreias, vômitos, taquipneia). 
 
 
5. Estado de nutrição: por meio do Critério de Gomez (déficit de peso em relação ao padrão normal para a idade 
e o sexo), pesquisa-se desnutrição, subnutrição, má-nutrição proteica; obesidade. 
 O estado de nutrição deve ser sistematicamente avaliado lançando-se mão dos seguintes parâmetros: peso, 
musculatura, panículo adiposo, desenvolvimento físico, estado geral, pele, pelos e olhos. No estado de nutrição normal, 
os elementos antes referidos se encontram dentro dos limites normais. 
 
 
6. Desenvolvimento físico: desenvolvimento físico normal, hiperdesenvolvimento, hipodesenvolvimento, hábito 
grácil, infantilismo. 
 Uma determinação exata do desenvolvimento físico de um indivíduo requer um estudo antropométrico rigoroso. 
Contudo, na prática, é suficiente uma avaliação levando-se em conta a idade e o sexo. Os achados podem ser 
enquadrados nas seguintes características: 
 Hábito grácil: constituição corporal frágil e delgada, caracterizada por ossatura fina, musculatura pouco 
desenvolvida, juntamente com uma altura e um peso abaixo dos níveis normais. 
 Infantilismo: persistência anormal das características infantis na idade adulta. 
 Hiperdesenvolvimento: embora confunda-se com gigantismo, não é a mesma coisa. O reconhecimento do 
gigantismo (assim como o nanismo) tem a altura como fundamento principal. 
 Acromegálicos: são casos de gigantismo que decorrem da hiperfunção da hipófise anterior na adolescência 
ou na vida adulta. Além da estatura elevada, apresentam cabeça maior que a média, mento pronunciante, 
nariz aumentado, pele grossa, mão e pés enormes. 
 Gigantes infantis: resultado de uma hiperfunção de hipófise anterior que tenha começado antes da 
soldadura das epífises com o corpo dos ossos longos. Apresentam extremidades inferiores muito longas. 
 Anão acondroplásico: desigualdade entre o tamanho da cabeça e do tronco e o comprimento dos membros. 
As pernas são curtas e arqueadas. A musculatura é bem desenvolvida, e os órgãos genitais são normais. 
 Cretinos: caracterizado pela falta de desenvolvimento em todas as partes do corpo (cabeça, tronco e 
membros), causado pela hipofunção congênita da glândula tireoide. Os cretinos são sempre de baixo nível 
mental e chegam, com frequência, à idiotia. 
 Anão hipofisário: tem a cabeça e o tronco normalmente proporcionados, mas pequenos. Apresentam 
membros desproporcionalmente longos em relação ao corpo. 
 Anão raquítico: depende do mau desenvolvimento e deformidades da coluna e dos ossos, destacando uma 
escoliose e o encurvamento dos ossos das pernas. 
 
 
7. Fácies: é o conjunto de dados exibidos na face do paciente, sendoela resultante de traços anatômicos, 
expressão fisionômica e elementos patológicos. 
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 Os principais tipos de fácies são: 
 Fácies normal: nenhuma alteração, normal. 
 Fácies hipocrática: portadores de doenças crônicas terminais e irreversíveis; aspecto próximo a agonia: 
falta de gordura facial, pele de coloração escurecida, boca entreaberta, lábios afilados, olhos fundos e 
parados. 
 Fácies renal: é o caso das nefropatias: rosto pálido, edemaciado, predominando o edema palpebral 
(edema que predomina ao redor dos olhos – típico da nefropatia edematosa). 
 Fácies leonina: grosseira, típica de hansenianos: pele espessa, lepromas de tamanhos variáveis, sem 
supercílios, nariz espesso e largo, barba escassa, semelhante a um leão. 
 Fácies adenoidiana: geralmente, acontece com crianças com hipertrofia das adenoides (que deste modo, 
dificultam a respiração): nariz pequeno e afilado, boca entreaberta. 
 Fácies parkinsoniana: portadores da Síndrome de Parkinson: olhar fixo, supercílios elevados, fronte 
enrugada, expressão de espanto, fisionomia facial semelhante a uma máscara, 
 Fácies basedowiana ou do hipertireoidismo: rosto magro, com olhos salientes (exoftalmia) e brilhantes, 
expressão fisionômica indicando vivacidade e espanto, presença de bócio na face anterior do pescoço. 
 Fácies mixedematosa ou do hipotireoidismo: rosto arredondado, pele seca e com acentuação de seus 
sulcos, nariz e lábios grossos, pálpebras enrugadas e infiltradas. 
 Fácies acromegálicas: típico da acromegalia: saliências das arcadas supraorbitais, proeminência das 
maçãs do rosto, maior desenvolvimento da mandíbula, do nariz, lábios e orelhas. Os olhos aparecem 
pequenos. 
 Fácies cushingoide ou de Lua-cheia: observado nos casos de síndrome de Cushing por hiperfunção do 
córtex da adrenal: arredondamento do rosto, acentuação dos traços faciais, aparecimento de acne. 
 Fácies mongoloide: típico no mongolismo, modernamente chamado trissomia do par 21 ou Síndrome de 
Down: prega cutânea (epicanto) que torna os olhos oblíquos, bem distantes um do outro (hipertelorismo), 
braquicefalia, orelhas pontiagudas, expressão fisionômica de pouca inteligência. 
 Fácies de depressão: pouca expressividade do rosto, cabisbaixos com olhar voltado para o chão, sulco 
nasolabial acentuado, tristeza e sofrimento moral aparentes. 
 Fácies pseudobulbar: aparece na chamada paralisia pseudobulbar (aterosclerose cerebral): súbitas crises 
de choro ou de riso que levam a um aspecto espasmódico, ao tentar contê-las. 
 Fácies da paralisia facial periférica: bastante comum: assimetria da face, impossibilidade de fechar as 
pálpebras, repuxamento da boca para o lado são, apagamento do sulco nasolabial, ausência das rugas na 
fronte do lado lesado. 
 Fácies miastênica ou fácies de Hutchinson: ocorre na miastenia grave: ptose palpebral bilateral (que 
obriga o paciente a franzir a testa e levantar a cabeça). 
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 Fácies de deficiente mental: traços faciais apagados e grosseiros, boca constantemente entreaberta e 
com salivação, estrabismo, olhar desprovido de objetivo, olhos se movimentam sem se fixarem em nada, 
sorrisos sem motivação. 
 Fácies etílica: chama atenção os olhos avermelhados e uma certa ruborização na face, hálito etílico, voz 
pastosa, sorriso indefinido. 
 Fácies esclerodérmica (fácies de múmia): imobilidade facial, endurecimento da pele, repuxamento dos 
lábios, afinamento do nariz, imobilização das pálpebras, fisionomia parada, imutável e inexpressiva. 
 
8. Atitude e decúbito. Atitude é a posição adotada pelo paciente no leito ou fora dele, por comodidade, hábito ou 
com o objetivo de conseguir alívio para algum padecimento. Algumas posições são conscientemente procuradas 
pelo paciente (voluntárias), enquanto outras independem de sua vontade ou são resultantes de estímulos 
cerebrais (involuntárias): 
 As atitudes voluntárias são as seguintes: 
 Atitude ortopneica (ortopneia): o paciente adota esta posição para aliviar a falta de ar decorrente de 
insuficiência cardíaca, asma brônquica e ascites volumosas. O paciente permanece sentado no leito ou com 
os pés no chão e as mãos sobre a cama. 
 Atitude genupeitoral (ou de “prece maometana”): doente fica de joelhos com o tronco fletido sobre as 
coxas, enquanto o peito põe-se em contato com o solo ou com o colchão. Esta posição facilita o enchimento 
do coração nos casos de derrame pericárdico. 
 Atitude de cócoras: observada em crianças com cardiopatia congênita cianótica. Os pacientes descobrem, 
instintivamente, que esta posição traz alívio para a hipóxia. 
 Atitude parkinsoniana: ao se por de pé, o paciente com Parkinson apresenta semiflexão da cabeça, tronco 
e membros inferiores. 
 Atitude em decúbito: forma de decúbito em que o paciente relatar melhoras algum padecimento: 
 Decúbito lateral: posição que costuma ser adotada quando há uma dor de origem pleurítica. Através 
dela, o paciente reduz a movimentação dos folhetos pleurais sobre o qual repousa. 
 Decúbito dorsal: com pernas fletidas sobre as coxas e estas sobre o quadril, é observado nos processos 
inflamatórios pelviperitoneais. 
 Decúbito ventral: comum nos portadores de cólica intestinal. 
 
 As atitudes involuntárias são as seguintes: 
 Atitude passiva: quando o paciente fica na posição em que é colocado no leito, sem que haja contratura 
muscular. Observado em pacientes comatosos. 
 Ortótono (orthos = reto; tônus = tensão): atitude em que o tronco e os membros estão retos, sem que 
haja desvio dos mesmos para traz, frente ou para os lados. 
 Opistótono (opisthen = para trás): observada no caso do tétano e da meningite, em que há contratura 
involuntária da musculatura lombar. O corpo passa a se apoiar na cabeça e nos calcanhares, quando 
deitado. 
 Empróstomo (emprosthen = para diante): observada no tétano, na meningite e na raiva, é o contrário do 
opistótono. O corpo, em forma de arco, apresenta a concavidade para frente. 
 Pleurostótono (pleurothen = de lado): ainda pode ser vista no tétano, na meningite e na raiva. O corpo se 
curva lateralmente. 
 Posição em gatilho: encontrada na irritação meníngea. Caracterizada pela hiperextensão da cabeça, 
flexão das pernas sobre as coxas e encurvamento do tronco com concavidade para adiante. 
 
 
9. Mucosas. As mucosas facilmente examináveis a olho nu são as mucosas conjuntivas e as mucosas labiobucal, 
lingual e gengival. O método de exame é a inspeção, coadjuvado por manobras singelas que exponham as 
mucosas à visão do examinador. É indispensável uma boa iluminação. 
Os parâmetros observados são: coloração (descoramento, cianose, icterícia), umidade e presença de lesões. 
 
 
10. Pele e fâneros. Os seguintes aspectos da pele devem ser observados: coloração, continuidade ou integridade, 
umidade, textura, espessura, temperatura, elasticidade, mobilidade, turgor, sensibilidade e presença de lesões 
elementares. Quanto aos fâneros, devemos avaliar tipo de implantação, distribuição, quantidade, coloração e 
outras características, como brilho, espessura e consistência, dos cabelos; forma, implantação, espessura, 
superfície, consistência, brilho e coloração das unhas. 
 
 
11. Tecido celular subcutâneo e panículo adiposo. O tecido celular subcutâneo ou hipoderme é constituído de 
feixes conjuntivos, fibras elásticas, parte dos folículos pilosos, glândulas sudoríparas e grande parte de células 
adiposas. Este tecido pode ser sede de processos inflamatórios (celulite) que se exterioriza pelos sinais 
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clássicos da inflamação, fibromas, que são neoplasias do tecido conjuntivo e são percebidos sob forma de 
nódulos, lipomas, cistos sebáceos que resultam da retenção da secreção sebácea por obstrução do canal 
excretor das glândulas sebáceas.Avalia-se a seguinte sistematização semiológica: 
 Quanto à distribuição: normal (varia com a idade e com o sexo) ou acúmulo especial em determinadas 
áreas (como na síndrome de Cushing, na qual se vê braços e pernas magras, enquanto face, tórax e 
abdome com acúmulo de gordura). 
 Quanto à quantidade: normal, aumentada (quando se percebe uma grossa camada de tecido adiposo), 
diminuído (quando é reduzido ou nulo). 
 
 
12. Linfonodos. Os linfonodos ou gânglios linfáticos recebem a linfa trazida pelos ductos coletores das várias 
regiões do organismo. A linfa alcança o sistema circulatório pelos troncos linfáticos e ducto torácico. As 
seguintes características são analisadas: localização, tamanho ou volume, consistência, mobilidade, 
sensibilidade e alterações da pele circunjacente; Avaliar: grupos ganglionares da cabeça e pescoço 
(submentonianos; submandibulares; amigdalianos; cervicais superficiais, profundos e posteriores; occipitais, 
auriculares anteriores e posteriores); supraclaviculares, axilares e supratrocleares; inguinais. 
 
 
13. Medidas antropométricas. Avalia-se o peso, a altura e o IMC do paciente (IMC=PESO/ALTURA²). O IMC não 
diferencia a gordura corporal e a massa muscular, e qual pesa mais que a gordura. Para tal medida, busca-se 
exames mais específicos. 
 
14. Biotipo. O biótipo, também denominado tipo morfológico, é o conjunto de características morfológicas 
apresentadas pelo indivíduo. Uma medida bastante utilizada como padrão é o ângulo de Charpy (corresponde 
ao ângulo que as costelas inferiores formam com o osso esterno). Outras características também são 
destacadas: 
 Longilíneo (ectomorfo): ângulo de Charpy menor 
que 90º, pescoço longo e delgado, membros 
alongados, musculatura delgada e panículo adiposo 
pouco desenvolvido, tendência para estatura 
elevada. 
 Mediolíneo (mesomorfo): ângulo de Charpy em 
torno de 90º, equilíbrio entre tronco e membros, 
desenvolvimento harmônico entre musculatura e 
panículo adiposo. 
 Brevilíneo (endomorfo): ângulo de Charpy maior 
que 90º, pescoço curto e grosso, tórax alargado e 
volumoso, mmebros curtos com relação ao tronco, 
musculatura desenvolvida e panículo adiposo 
espesso, tendência para a baixa estatura. 
 
 
15. Sinais vitais. Devem-se avaliar os seguintes sinais vitais: 
 Frequência cardíaca = ritmo cardíaco: normal: 60 a 100 batimentos/minuto. 
 Temperatura corporal: normal: 35,5 – 37ºC 
 Frequência respiratória: normal: de 12 a 20 incursões respiratórias/minuto 
 Pulso arterial: ciclo de expansão e relaxamento das artérias do corpo. 
 Pressão arterial: 
 
 
 
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GLOSSÁRIO DE TERMOS SEMIOLÓGICOS 
Anamnese: histórico que vai desde os sintomas iniciais até o momento da observação clínica, realizado com base 
nas lembranças do paciente. 
Ectoscopia: Método de diagnóstico de doença em qualquer dos órgãos internos por um estudo dos movimentos da 
parede abdominal ou do tórax, por ausculta. 
Abstêmio: que ou o que não ingere ou ingere muito pouco bebidas alcoólicas; moderado, sóbrio. 
Acuidade auditiva: capacidade relativa do ouvido para decompor estímulos de pequena intensidade e perceber sons 
muito próximos entre si. 
Acuidade visual: é o grau de aptidão do olho, para discriminar os detalhes espaciais, ou seja, a capacidade de 
perceber a forma e o contorno dos objetos. 
Adenomegalia: hipertrofia de uma glândula; aumento de linfonodos. 
Afasia motora: Aquela em que, preservada a percepção da linguagem falada ou escrita, está comprometida a 
capacidade de repetir ou expressar o que se percebe; afasia atáxica. 
Alterações de peso: Ganho ou perda de peso. 
Alterações do desenvolvimento físico: Nanismo, gigantismo, infantilismo, puberdade precoce ou atrasada. 
Alterações do revestimento cutâneo: Áreas de anestesia, alteração da temperatura e lesões cutâneas. 
Alterações dos movimentos: Paralisia, tiques, movimentos involuntários. 
Amenorreia: ausência de fluxo menstrual; amenia, ametremia. 
Anestesia: suspensão geral ou parcial da sensibilidade, espontânea, em decorrência de problemas neurológicos, ou 
induzida por um agente anestésico. 
Anosmia: diminuição ou perda absoluta do olfato, que pode ocorrer por lesão do nervo olfativo, obstrução das 
cavidades nasais, reflexo de outras doenças ou ainda sem qualquer lesão aparente. 
Ansiedade: grande mal-estar físico e psíquico; aflição, agonia. 
Anúria: diminuição ou supressão da secreção urinária (<50-100 ml de urina/24h). 
Artralgia: dor articular. 
Asma: afecção caracterizada por crises de dispneia paroxística sibilante, acompanhadas de edema e hipersecreção 
das mucosas das vias aéreas, que ocorre em virtude de súbita contração dos músculos que comandam a abertura e o 
fechamento dos brônquios; asma brônquica. 
Astenia: 1. Sensação de fraqueza, ou de falta de forças, sem perda da capacidade muscular; 2. Enfraquecimento 
funcional de um órgão. 
Atitude de Cócoras (“Squatting”) – Mais comumente vista em crianças e tem como causa mais frequente as 
cardiopatias congênitas cianóticas (fluxo sanguíneo pulmonar diminuído). Essa posição alivia a dispneia e as 
manifestações hipoxemias, pois diminui o retorno venoso por compressão das veias ilíacas e diminui o “shunt” direita-
esquerda por aumento da PA sistêmica, com melhora na saturação arterial de oxigênio. É vista na Tetralogia de 
Fallot. 
Atitude Genupeitoral (“Prece Maometana”) – O doente fica de joelhos com o tronco fletido sobre as coxas, enquanto 
a face anterior do tórax (peito) põe-se em contato com o solo ou colchão. Esta posição diminui a dificuldade do 
enchimento do coração nos casos de derrame pericárdico. É vista em alguns casos de abdome agudo. 
Atitude: Atitude é a posição adotada pelo doente, seja do ponto de vista estático (deitado, sentado ou de pé), ou 
dinâmico (em marcha). É definida como a posição adotada pelo paciente, por comodidade, hábito ou com o objetivo 
de conseguir alívio para algum padecimento. 
Atitudes antálgicas – O mais comum é a colocação da mão ou mãos no local em que dói, como acontece nas 
cefaleias (mão na fronte), na angina peitoris (mão sobre o coração), nas cólicas biliares (mãos sobre o hipocôndrio 
direito). Processos irritativos pelve-peritoneais, pleuro-pneumopatias e lombalgias também possuem atitudes 
antálgicas características. 
Broncofonia: transmissão anormal dos sons originados dos pulmões ou dos brônquios. 
Cacosmia: sensação constante ou frequente de odor desagradável, devido a causas fisiológicas ou por alucinação 
sensorial. 
Cãibra: contração muscular súbita, involuntária e dolorosa, de caráter transitório, ger. causada por problemas 
vasculares decorrentes de esforço excessivo ou do frio. 
Calafrios: 1. Frio interior acompanhado de tremor convulsivo; 2. Contração involuntária de músculos somáticos. 
Cegueira: privação do sentido da visão em um ou ambos os olhos. 
Chiado: ato ou efeito de chiar; chiada, chio. 
Cianose: coloração azul violácea da pele e das mucosas devida à oxigenação insuficiente do sangue e ligada a 
várias causas (distúrbio de hematose, insuficiência cardíaca etc.). 
Climatério: período que precede o término da vida reprodutiva da mulher, marcado por alterações somáticas e 
psíquicas e que se encerra na menopausa. 
Coletitíase: presença ou formação de cálculos nas vias biliares; litíase biliar. 
Cólica: dor espasmódica ligada à distensão do tubo digestivo, dos canais glandulares ou das vias urinárias. 
Constipação/Obstipação: prisão de ventre. 
Convulsão: contração violenta e dolorosa devido a problemas do sistema nervoso central. 
Convulsão: contração violenta musculoesquelética, caracterizada por agitação e movimentos desordenados, 
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acompanhados ou não da perda da consciência. Pode ser decorrente de vários fatores, como distúrbios do sistema 
nervoso central (epilepsias, tumores), metabólicos (hipoglicemia), etc. Não deve ser confundidocomo sinônimo de 
epilepsia. 
Corrimento: qualquer secreção patológica que escorra de um órgão. 
Deformidade: defeito de conformação de um órgão ou parte do corpo; disformia, disformidade, dismorfia, dismorfose. 
Diarreia: aumento da frequência na eliminação de fezes ou alteração em sua consistência (tornam-se mais líquidas e 
abundantes). 
Diplopia: visão dupla; duplicação das imagens dos objetos. 
Disartria: distúrbio da articulação da fala (dificuldade na produção de fonemas) que resulta de uma lesão cortical ou 
de uma lesão periférica (paralisia dos órgãos de fonação); barilalia. 
Disfagia: dificuldade de deglutir. 
Disfonia: alteração ou enfraquecimento da voz. 
Dislipidemia: termo genérico para as alterações dos níveis séricos das várias partículas que compõe o perfil lipídico. 
O perfil lipídico de rotina engloba a dosagem sérica dos triglicerídeos, colesterol total e as frações HDL (colesterol 
bom) e LDL (colesterol ruim). 
Dismenorragia: cólica antes ou durante a menstruação; dismenia 
Dispareunia: dor durante o ato sexual. 
Dispepsia: sensação de desconforto digestivo, esp. de peso, que ocorre após as refeições. 
Dispneia: dificuldade de respirar caracterizada por respiração rápida e curta, geralmente associada a doença 
cardíaca ou pulmonar. 
Distensão abdominal: aumento no volume do abdome resultado do acúmulo de gases ou líquidos no intestino. 
Distúrbio de marcha: dificuldades na locomoção com as pernas devido a lesões nos pés, pernas, músculos, lobo 
parietal, medula espinhal ou cóclea (responsável pelo sistema vestibular). 
Distúrbio: defeito, desajuste. 
Disúria: dificuldade para urinar que pode ser acompanhada de dor (estrangúria); urodinia. 
Diurese: secreção de urina. 
Dor: Sensação penosa, desagradável, produzida pela excitação de terminações nervosas sensíveis a esses 
estímulos, e classificada de acordo com o seu lugar, tipo, intensidade, periodicidade, difusão e caráter. 
Drenagem: retirada, por meio de dreno, de líquidos e gases fisiológicos ou patológicos retidos no organismo. 
Eczema: afecção alérgica, aguda ou crônica, da pele, caracterizada por reação inflamatória com formação de 
vesículas, desenvolvimento de escamas e prurido. 
Edema: acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo. 
Epigastralgia: dor na região epigástrica. 
Epistaxe: sangramento ou hemorragia nasal; hemorrinia. 
Eructação: é a liberação pela boca, em geral ruidosa, de ar contido no esôfago e estômago; arroto. 
Escotoma: alteração do campo visual caracterizado por perda total ou parcial da acuidade visual de uma parte 
específica do campo, rodeada de uma outra região em que a visão normal está preservada. Todos os mamíferos 
possuem normalmente um escotoma em seu campo de visão, chamado de “ponto cego”. 
Espirro: expulsão reflexa, brusca e sonora do ar pelo nariz e pela boca, provocada por irritação da mucosa nasal; 
esternutação. 
Estado de coma: é um estado de inconsciência do qual a pessoa não pode ser despertada. 
Estado de vigília: é um estado ordinário de consciência, complementar ao estado de sono, ocorrente no ser humano 
e em outros seres vivos, em que há máxima ou plena manifestação da atividade perceptivo-sensorial e motora 
voluntária. 
Esteatorreia: presença excessiva de gordura nas fezes. 
Estertor: Respiração anormal, rouca e entrecortada, típica dos que sofrem de doenças respiratórias. 
Estrabismo: desvio de um dos olhos da direção correta, de modo que o indivíduo não consegue dirigir 
simultaneamente os eixos visuais para o mesmo ponto; tropia. 
Estrangúria: micção, emissão lenta e dolorosa da urina; dor ao urinar. 
Expectoração: expulsão, por meio da tosse, de secreções provenientes da traqueia, brônquios e pulmões. 
Fâneros: Fâneros ou fâneros cutâneos são as estruturas visíveis da pele. Compreendem os cabelos, pelos e unhas. 
Febre: Elevação da temperatura corporal acima de 37 – 37,8
o
C (os valores divergem na literatura); pirexia. 
Flatulência: emissão de gás pelo ânus. 
Fontanela: espaço membranoso entre os ossos do crânio que ainda não se encontra ossificado quando do 
nascimento do bebê; fontículo, moleira. 
Fotofobia: aversão à luz pela dor que ela produz em casos de afecções oculares ou neurológicas. 
Fratura: rompimento, quebra. 
Frigidez: falta de desejo sexual tanto em homens e mulheres. 
Gagueira: termo comum para disfemia - distúrbio da fala, caracterizado por contrações musculares, que ocasionam 
repetições ou dificuldades na articulação e propagação verbal de sílabas ou palavras. 
Gengivorragias: hemorragia espontânea que se produz nas gengivas. 
Glossodinea: dor na língua. 
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Hábito intestinal: número de evacuações diárias, aspecto das fezes. 
Halitose: cheiro desagradável na boca, mau hálito; ozostomia. 
Hematêmese: vômito de sangue. 
Hematúria: presença de sangue na urina. 
Hemoptise: expectoração de sangue proveniente dos pulmões, traqueia e brônquios, mais comumente observável na 
tuberculose pulmonar. 
Hemorragia: escoamento de sangue fora dos vasos sanguíneos. 
Hipermenorreia: menstruação excessiva. 
Hipersensibilidade: sensibilidade excessiva. 
Hipomenorreia: Hemorragia menstrual escassa. 
Hiposmia: baixa sensibilidade olfativa. 
Humor: comicidade em geral; graça, jocosidade. 
Icterícia: sinal comum a várias doenças relacionadas com o metabolismo e/ou excreção das bilirrubinas, 
caracterizada pela coloração amarela dos tecidos e das secreções orgânicas, resultante da presença anormal de 
pigmentos biliares. 
Incontinência: incapacidade de controlar, de reter a emissão de uma excreção, esp. da bexiga ou dos intestinos. 
Infantilismo: persistência patológica no adulto de certos caracteres morfológicos, sexuais ou psicológicos próprios da 
criança. 
Insônia: falta de sono; dificuldade prolongada e anormal para adormecer; incapacidade de dormir adequadamente; 
assonia, insonolência. 
Irritabilidade: qualidade ou estado de irritável. 
Lacrimejamento: Eliminação de lagrimas independente do choro. 
Libido: procura instintiva do prazer sexual; desejo. 
Luxação: deslocamento de dois ou mais ossos com relação ao seu ponto de articulação normal. 
Mastalgia: Dor na mama; mastodinia. 
Melancolia: estado mórbido caracterizado pelo abatimento mental e físico que pode ser manifestação de vários 
problemas psiquiátricos, hoje considerado mais como uma das fases da psicose maníaco-depressiva. 
Menopausa: interrupção fisiológica dos ciclos menstruais, devida à cessação da secreção hormonal dos ovários. 
Menorragia: aumento excessivo da quantidade do fluxo menstrual, que perdura por intervalos regulares, sem que se 
altere a duração habitual da menstruação. 
Metrorragia: hemorragia uterina em intervalos irregulares, e que ocorre fora da menstruação; uterorragia. 
Motricidade: conjunto de funções nervosas e musculares que permite os movimentos voluntários ou automáticos do 
corpo. 
Náusea: a sensação de desconforto no estômago com uma vontade urgente de vomitar. 
Nistagmo: movimento oscilatório e/ou rotatório do globo ocular. 
Noctúria: ocorre quando a pessoa urina muito durante a noite, mais especificamente quando a pessoa acorda para 
urinar mais de duas vezes durante a noite. 
Nódulo: lesão sólida, elevada, geralmente bem delimitada e de origem epitelial ou conjuntiva. 
Obstrução nasal: diminuição da quantidade de ar que consegue passar pelas fossas nasais durante a inspiração. 
Odinofagia: deglutição com dor. 
Odinogafia: dor ao deglutir. 
Oligomenorreia: a menstruação com frequência anormal, em intervalos de mais de 35 dias. 
Oligúria: secreção insuficiente de urina (<400-500 ml de urina/24h). 
Ortopneia: dificuldade de respiração provocada por certas doenças, esp. quando o paciente se encontra deitado. 
Otorragia: é um tipo de hemorragia interna exteriorizada que acomete o canal auditivo. Esta expectoração 
sanguinolenta pode ser ocasionada por uma variedade de fatores tais como lesão no ouvido, por fratura craniana, 
trauma no canal auditivo, infecções graves, aneurismas,

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