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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 1 www.medresumos.com.br ANAMNESE E ECTOSCOPIA Semiologia médica é a parte da medicina relacionada ao estudo dos sinais e sintomas das doenças humanas. O termo semiologia vem do grego (semeîon, sinal + lógos, tratado, estudo). A semiologia é muito importante para o diagnóstico da maioria das enfermidades, tendo como base seus sinais e sintomas: Sinais: características objetivas da enfermidade, ou seja, que podem ser evidenciadas pelo médico sem ser necessário a interlocução do doente. Ex: febre, lesões tissulares, edemas, icterícia, etc. Sintomas: características subjetivas da enfermidade, de modo que só o paciente pode informar ao médico a existêcia e intensidade, sem que o examinador tenha como comprovar. Ex: dor, irritação, prurido, etc. A segunda parte da disciplina de semiologia médica é importante por detalhar ainda mais os exames físicos correspondentes ao sistema cardiovascular, respiratório e à região abdominal. Contudo, a prática da anamnese e do exame físico geral (ectoscopia) não podem ser negligenciados, mas ao contrário – uma parte complementa a outra, construindo, assim, uma história clínica completa e eficaz. Diante desta importância, este capítulo faz um apoio ao estudo semiológico dos sistemas orgânicos trazendo uma revisão geral da parte correspondente à anamnese e à ectoscopia, isto é, o exame clínico. O termo “exame clínico” compreende, pois, a dois processos fundamentais da observação médica: a história clínica (ou anamnese), relatada pelo doente, e o exame físico, feito pelo médico. Anamnese (do grego ana, trazer de novo; e mnesis, memória): é uma entrevista realizada por um profissional da área da saúde com um paciente, que tem a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico de uma doença. É a primeira e fundamental peça do exame clínico. A anamnese compreende os seguintes tópicos, cada um apresentando uma função semiológica específica: (1) Identificação; (2) Queixa principal e duração; (3) História da Doença Atual (HDA); (4) Interrogatório Sintomatológico (ou Sistemático); (5) Antecedentes Pessoais e Familiares (Fisiológicos e Patológicos); (6) Hábitos de vida e condições socioeconômicas e culturais. Exame físico: também representa uma peça importante para o exame clínico. Sempre realizado depois de uma anamnese, o exame físico pode utilizar aparelhos médicos específicos, tais como: estetoscópio, esfigmomanômetro, termômetro, entre outros, ou por meio de manobras (palpação, auscuta) com o objetivo de melhor avaliar um órgão ou sistema na busca de mudanças anatômicas ou funcionais que são resultantes da doença. A ectoscopia ou exame físico geral compreende um momento em que o médico deve avaliar as condições gerais do paciente, tais como nível de consciência e orientação, hidratação e nutrição, fala e linguagem, sinais vitais, etc. O exame físico dos sistemas orgânicos será detalhado para cada um dos aparelhos nos próximos capítulos. ANAMNESE A anamnese (do grego, aná = trazer de novo; mnesis = memória) é a parte mais importante da clínica médica, pois envolve o núcleo da relação médico-paciente, onde se apoia a parte principal do trabalho médico. Além disso, preserva o lado humano da medicina e orienta de forma correta o plano diagnóstico e terapêutico. A anamnese, em síntese, é uma entrevista que tem por objetivo trazer de volta à mente todos os fatos relativos ao doente e à doença. É a parte mais difícil do exame clínico. Seu aprendizado é lento, apenas se conseguido após a realização de dezenas de entrevistas criticamente avaliadas. A anamnese é, para a na maioria dos pacientes, o fator isolado mais importante para se chegar ao diagnóstico. Durante a anamnese, ocorre o momento onde se estabelecem as regras subliminares da relação médico- paciente, que poderão vir a determinar o êxito futuro: do diagnóstico e da aderência ao tratamento, alicerçadas numa relação de respeito e amizade que deveria ocorrer já na primeira consulta. Pode-se abreviadamente descrever que em medicina a anamnese é o histórico que vai desde os sintomas iniciais referidos pelo paciente até o momento da observação clínica, realizado com base nas lembranças deste. Representa, a nosso ver, o momento da prática médica hierarquicamente mais importante onde, através dos Sinais e Sintomas revelados e detalhados pelo paciente e a experiência do médico que realiza a entrevista são os instrumentos básicos capazes de emitir uma hipótese diagnóstica e estabelecer uma conduta adequada do ponto de vista laboratorial para comprovar sua hipótese, encaminhar o paciente a um médico especialista em áreas que não são de sua competência ou para iniciar uma solução terapêutica. Temos a inteira convicção que muitos procedimentos invasivos e não invasivos e erros terapêuticos, por vezes onerosos e desnecessários, não seriam realizados se o médico tivesse efetuado parcimoniosamente uma boa anamnese. Existe, pois, uma relação direta entre uma boa anamnese e uma boa prática da medicina. Arlindo Ugulino Netto. SEMIOLOGIA 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 2 www.medresumos.com.br Os objetivos da anamnese são, em resumo: Estabelecer condições para a relação médico-paciente; Fazer a história clínica e conhecer os fatores pessoais, familiares e socioambientais relacionados com o paciente; Estabelecer os aspectos do exame físico que merecem mais investigação; Definir a estratégia seguida em cada paciente quanto aos exames complementares. É necessário ao médico ainda saber optar por exames com alta sensibilidade e especificidade; Escolher procedimentos terapêuticos mais adequados em função dos diagnósticos e do conhecimento global do paciente. Para conseguir tal intento, o médico deve fazer uso das seguintes técnicas: facilitação (facilitar o relato do paciente por meio da postura médica), reflexão, esclarecimento (médico deve procurar definir de maneira mais clara o que o paciente está relatando), confrontação (mostrar ao paciente algo acerca de suas próprias palavras ou comportamento), interpretação (observação do médico a partir do que vai anotando sobre o relato do paciente) e respostas empáticas (intervenção do médico mostrando “empatia”, ou seja, compreensão e aceitação sobre os relatos). A anamnese é classicamente desdobrada nas seguintes partes: 1. Identificação; 2. Queixa principal; 3. História da doença atual, doenças preexistentes e medicamentos em uso; 4. Interrogatório sintomatológico ou anamnese especial; 5. Antecedentes pessoais e familiares; 6. Hábitos de vida e condições socioeconômicas e culturais do paciente. 1. Identificação A identificação possui múltiplos interesses. O primeiro deles é de iniciar o relacionamento com o paciente. Saber o nome de uma paciente é indispensável para que se comece um processo de comunicação em nível afetivo. São obrigatórios os seguintes interesses: “Nome, idade, sexo, cor (raça: branca, parda, preta), estado civil, profissão (atual e anteriores), local de trabalho, naturalidade, residência. Data da internação, enfermaria, leito, Hospital.” Ex: Francisco Dantas, 58 anos, masculino, branco, casado, comerciante, natural e residente em Pombal-PB. Data da internação: 28/01/2009, Enfermaria 01, leito 08, Hospital Edson Ramalho. 2. Queixa Principal Em poucas palavras, registra-se a queixa principal que levou o paciente a procurar o médico, repetindo se possível as expressões por ele utilizadas. Não se deve esquecer de pôr, como informação, a duração do sinal. A queixa principal é, portanto, o motivo que levou o paciente a procurar o médico. É a resposta da seguinte pergunta: “Qual o problema que o (a) trouxe ao hospital? Há quanto tempo o(a) senhor(a) sente isso?”. A resposta deve ser reescrita pelo médico buscando seguir os seguintes pontos: Repetir as expressões utilizadas pelo paciente; Incluir sempre a duração daqueixa. Ex 1 : Dor no peito, há 2 horas; Ex²: Tosse, há 15 dias; Ex 3 : Dor “na boca do estômago”, há 1 semana. 3. História da Doença Atual É a parte principal da anamnese e costuma ser a chave-mestra para se chegar ao diagnóstico. Tudo que foi dito, quando analisamos o método clínico e a anamnese, encontra sua melhor aplicação na leitura da história da doença atual (HDA). Para se obter uma HDA simples, deve-se lembrar de algumas regras fundamentais a seguir: Determine o sintoma-guia; Explore: início do sintoma (época, modo, fator desencadeante), duração, características do sintoma na época em que teve início (caráter do sintoma; localização corporal e irradiação; intensidade; fatores desencadeantes, de piora ou de melhora; relação da queixa com funções do organismo), evolução, repercussões do problema sobre a vida do paciente, relação com outras queixas, situação do sintoma no momento atual; Use o sintoma-guia como fio condutor da história e estabeleça as relações das outras queixas com ele. Use a ordem cronológica; As perguntas formuladas devem ser simples, acessíveis e de acordo com o nível cultural de cada doente; As informações prestadas devem ser transcritas preferentemente em termos técnicos (médicos), mas, em certas ocasiões, será lícito transcrever para a HDA as palavras leigas (entre aspas), especialmente se elas referirem a um sintoma permanentemente enfatizado pelo paciente; Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 3 www.medresumos.com.br Anote também nomes e resultados de exames laboratoriais realizados no decurso da doença; Quando possível, permita que o paciente conte sua história como deseja e saliente os aspectos que ele considera importante. Evite perguntas sugestivas, que fornecem as respostas para as perguntas. A história deve ser narrada pelo próprio doente, sempre que possível, ou por intermédio de um responsável, no caso de doentes impossibilitados de falar, fato esse que deverá ser anotado. A duração total de um sintoma refere-se ao intervalo do tempo entre a primeira ocorrência do sintoma até a consulta atual e inclui todos os períodos assintomáticos que possam ocorrer numa doença recorrente. Muitas vezes, a data assinalada como início, corresponde, na verdade, à exacerbação de um sintoma preexistente. O início refere-se não somente à ocasião da primeira ocorrência do sintoma (ou ocasião de aparecimento de crise), mas também à maneira do início e às circunstâncias relacionadas com esse início. A data do início deve ser obtida com precisão. “Quando sentiu pela primeira vez esse problema?” É, com frequência, uma pergunta útil, para se fixar a data da primeira ocorrência do sintoma. A ocasião da primeira ocorrência deve ser anotada, pelo número de dias, semanas, meses ou anos, antes do atendimento atual. Nos casos agudos é importante anotar a hora do início. O modo de início, gradual ou súbito, pode fornecer uma chave quanto ao tipo de processo patológico responsável pelo sintoma. É importante também o conhecimento de fatores ou eventualidades que precedem (ou coincidem) com o início do(s), como, por exemplo, perturbações emocionais, esforço físico, fadiga, movimentos musculoesqueléticos, traumatismos, fatores ambientais (más condições de trabalho ou do ambiente onde vive, alterações climáticas, etc.), funções orgânicas (sono, alimentação, evacuação, micção, período menstrual), gravidez, etc. Pergunte ao paciente como estava sua vida quando do início dos sintomas. O curso de um sintoma refere-se à natureza contínua, recorrente ou rítmica do mesmo. Cada sintoma apresenta seu curso, podendo regredir e desaparecer, ou então, desenvolver-se, progredir. Algumas doenças caracteristicamente evoluem em crise, por períodos, com surtos e remissões, outras seguem uma evolução contínua, com melhoras ou pioras parciais, ou não. Em relação a episódios agudos recorrentes, considere seu episódio mais recente (início, características, evolução), visto que este último é, em geral, o que é mais claramente lembrado (note a frequência e a duração das crises, bem como a duração dos períodos livres de sintomas). Pergunte: “Quando esse sintoma surge, ele é constante ou altera?” Se as ocorrências forem diárias, pergunte quantas vezes o sintoma ocorre durante um período de 24 horas. O sintoma assume um padrão rítmico em relação a alguma função orgânica? Se as ocorrências forem periódicas, o sintoma ocorre com intervalos de semanas, meses ou anos? E a duração dos períodos sintomáticos? Neste momento, deve-se questionar quais são as características do sintoma (esta é a análise do sintoma). A análise do sintoma principal pode ser feita do seguinte modo: a) Caráter do sintoma: descrição subjetiva da queixa feita pelo paciente, que pode, por exemplo, descrever a sua dor como uma sensação de queimação, facada pressão, cólica, pontada etc. pergunte: “com o que a dor se parece? b) Localização corporal e irradiação (este último, se o sintoma for dor): o paciente pode descrever a sua dor como localizada no meio do peito, irradiando-se (estendendo-se) para o braço esquerdo. Sugira que o paciente aponte com o dedo a localização e a irradiação da dor. Pergunte: “Onde dói?” E “Você a sente em algum outro lugar?” c) Intensidade: relaciona-se à sua severidade como é expressa pelo paciente (fraca, moderada, intensa). Não é uma medida quantitativa exata do grau de perturbação da função, porque, em geral, os indivíduos diferem em seus limiares de reação aos estímulos, de acordo com a sua personalidade, idade, raça e nível social. d) Fatores de melhora e de piora: a origem e o significado do sintoma em estudo podem ser parcialmente determinados dirigindo-se o interrogatório para fatores que podem agravar ou aliviar o sintoma. Exemplo: dor retroesternal precipitada pelo esforço físico e aliviada pela cessação da atividade é um forte indício de angina do peito; dor epigástrica aliviada por um alcalino ou alimento, sugere doença ulcerosa; dor torácica agravada pela tosse e pela inspiração profunda sugere origem pleurítica. e) Sintomas associados: o sintoma em estudo pode estar associado a outros sintomas num mesmo ou em outro sintoma do corpo. Esta associação pode indicar a origem do sintoma. Exemplo: uma súbita dor torácica com febre e calafrios sugere infecção pulmonar ou pleural; dor no quadrante superior do abdome associada à icterícia sugere comprometimento biliar; dor no ângulo costovertebral direito ou esquerdo associado à micção (disúria, polaciúria) sugere comprometimento do aparelho urinário. f) Efeitos de tratamento (s): considere o nome da medicação usada, se a droga aliviou o sintoma, a duração do uso e qual foi a dose usada. Se o paciente não souber informar o nome e/ou a dosagem da medicação em uso, registre o fato. g) Progressão: determine se o sintoma, durante a sua evolução particular, está melhorando, piorando ou permanece inalterado desde o momento em que surgiu até o estágio atual, ou seja, faça a análise atual do sintoma (progressão, regressão, inalterabilidade). Esta informação é de particular valor na análise dos sintomas caracterizados por crises, de modo a se saber se as crises estão aumentando, diminuindo de frequência ou gravidade, ou se estão na mesma intensidade, mas também no problema crônico e contínuo é relevante determinar se o sintoma permanece inalterado, exacerba-se, regride parcialmente ou torna-se progressivamente pior. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 4 www.medresumos.com.br Agora, ao finalizar, indique o efeito da doença sobre o bem estar geral do paciente, a julgar pela presença de sintomas gerais ou por uma alteração dos seus hábitos pessoais, isto é, alimentação, sono, trabalho, lazer ou atividades sociais. Registre também a reação psicológica do paciente à sua doença, isto é, a compreensão que ele tem de sua doença e a atitude em relação a ela. O que o paciente pensa sobre seus sintomas? Quaisos sentimentos que ele tem em decorrência do que ele pensa? Lembre-se ainda dos seguintes pontos: (1) Coloque cada sintoma em sua ordem cronológica. A cronologia é a estrutura mais prática para organizar a história e possibilita que se compreenda melhor a sequência de desenvolvimento do processo patológico subjacente. O paciente geralmente não apresenta a história de seus males em uma sequência lógica; portanto, todos os aspectos da história, com exceção da HDA, podem ser diretamente anotados à medida que o paciente os relata, porque a técnica de obtenção desta fase da história, em geral não corresponde à ordem cronológica em que é escrita. Assim, na obtenção da história, é aconselhável tomar breves notas durante a HDA e organizar a forma final depois de completadas as outras fases da história. Este método fornece uma oportunidade para que se obtenham fatos adicionais de importância à HDA. (2) As perguntas formuladas devem ser simples, acessíveis e de acordo com o nível cultural de cada doente. (3) As informações prestadas devem ser transcritas preferentemente em termos técnicos (médicos), mas em certas ocasiões será lícito transcrever para a HDA as palavras leigas (entre aspas), especialmente se elas referirem a um sintoma permanentemente enfatizado pelo paciente. (4) Anote também nomes e resultados de exames laboratoriais realizados no decurso da doença. 4. Interrogatório Sintomatológico (Sistemático) Nesta parte da observação clínica, que complementa a HDA, é feito um interrogatório sistemático em busca de possíveis sintomas que não foram nela diretamente localizados. É um interrogatório dirigido, indagando-se sobre sintomas e sinais mais frequentes em cada um dos sistemas e seguindo-se uma sequência progressiva “da cabeça aos pés”. Os sintomas e sinais interrogados, porém negados, podem ajudar a confirmar ou afastar possibilidades diagnósticas sugeridas pelos sintomas presentes. Anote dados positivos e negativos: este relato poderá ser útil em situações posteriores. A sistematização proposta é a seguinte: a) Sintomas gerais: febre (aumento de temperatura corporal); astenia (sensação de fraqueza); alterações do peso (ganho ou perda, tempo); sudorese (eliminação abundante de suor); calafrios (sensação momentânea de frio com ereção de pelos; relacionado com febre); prurido (sensação de coceira); alterações do revestimento cutâneo (áreas hipo ou anestesiadas, alterações da temperatura, lesões); alterações do desenvolvimento físico (nanismo, gigantismo, acromegalia, infantilismo, puberdade precoce, puberdade atrasada). b) Cabeça e pescoço: Crânio, face e pescoço: dor, alterações dos movimentos (paralisias, tiques, movimentos involuntários), alterações do pescoço (dor, tumorações cervicais, alterações no movimento). Olhos: acuidade visual (boa ou má), dor, sensação de corpo estranho (sensação desagradável), queimação ou ardência (acompanhado ou não de dor), lacrimejamento (eliminação constante de lagrimas), sensação de olho seco (xeroftalmia), diplopia (visão dupla), fotofobia (hipersensibilidade à luz), escotomas (manchas ou pontos escuros no campo visual), secreção (líquido purulento recobrindo as estruturas do olho), nistagmo (movimentos repetitivos rítmicos dos olhos); xantopsia, iantopsia e cloropsia (visão amarela, violeta e verde, respectivamente) Ouvidos: acuidade auditiva (boa ou má), dor, otorreia (vazamento de secreção pelo ouvido), otorragia (perda de sangue pelo canal auditivo), zumbidos (sensação subjetiva de diferentes ruídos), vertigem (sensação subjetiva de estar girando em torno dos objetos); Nariz e seios paranasais: obstrução nasal (nariz “entupido”), dor, rinorreia (corrimento nasal), espirros (isolados ou em crises), prurido (coceira interna ou externa), epistaxe (hemorragia nasal), alterações do olfato (hiposmia; anosmia; parosmia – perversão do olfato; cacosmia – sensação de mau cheiro), drenagem nasal posterior (escorrimento de catarro pelas coanas); Cavidade oral e faringe: sialorreia (produção excessiva e escorrimento de saliva), xerostose (sensação de boca seca), halitose (mau hálito), dor, gengivorragias (sangramento gengival), lesões de mucosa, glossodínea (hipersensibilidade dolorosa da língua), odinofagia (deglutição dolorosa), disfagia (dificuldade de deglutir), pigarro (ato de raspar a garganta), tosse (seca ou produtiva), vômica (eliminar pus pela boca). c) Tórax: Mamas: mastalgia (dor nas mamas), secreção mamilar (corrimento de líquido; perguntar a coloração), nódulos palpáveis (relatar localização e morfologia). Sistema cardiorespiratório: precordialgia (dor referente na região do precórdio), palpitações (percepção incômoda de batimentos cardíacos), dispneia (dificuldade respiratória), cianose (coloração Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 5 www.medresumos.com.br azulada da pele causada por hipóxia), edemas (localização, morfologia, época quando surgiu), dor torácica (localização e características semiológicas), tosse (seca ou com expectoração), expectoração (volume, cor, odor e consistência), disfonia (dificuldade de falar), hemoptise (escarrar sangue), chiado (relação com dispneia e tosse), vômica (eliminação de pus oriundo das vias respiratórias). d) Abdome: Parede abdominal: dor, alterações da forma e do volume (crescimento do abdome, hérnias, tumorações, edemas, etc.). Sistema gastrintestinal: disfagia, odinogafia, epigastralgia (dor no epigástrio ou “boca do estômago”, segundo os leigos), dor, pirose (sensação de queimação retroesternal), regurgitação (vômito: frequência e aspecto), eructação (arrotos), soluço, hematêmese (vômito com sangue: hemorragia digestiva alta), náuseas e vômitos, dispepsia (desconforto epigástrico, na forma de “empachamento”), hábito intestinal (nº. de evacuações diárias, aspecto das fezes – cor e consistência, presença de elementos anormais – sangue, muco e/ou pus), diarreia (duração, volume e consistência das fezes), esteatorreia (gordura nas fezes), cólicas, distensão abdominal, flatulência, hemorragia digestiva (alta ou baixa), icterícia, obstipação intestinal, sangramento anal (hemorragia digestiva baixa); e) Sistema genitourinário: dor, incontinência urinária, retenção, modificações do jato urinário, alterações do volume e do ritmo urinário (oligúria, anúria, poliúria, noctúria, polaciúria, urgência), disúria (condição dolorosa ao urinar), alterações da cor e odor da urina (urina turva, hematúria, mau cheiro). Para homens: lesões genitais, corrimento uretral, disfunções sexuais (impotência, ejaculação precoce, diminuição da libido). Para mulheres: distúrbios menstruais (polimenorreia, oligomenorreia, amenorreia, hipermenorreia, hipomenorreia, menorragia, dismenorreia), corrimento, prurido, disfunções sexuais (dispareunia: dor no ato sexual; frigidez, diminuição da libido), menopausa e climatério (período de transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da mulher). f) Sistema hemolinfopoiético: palidez, hemorragias (presença de petéquias: pontos vermelhos na pele), adenomegalias; esplenomegalia e hepatomegalia. g) Sistema endócrino e metabolismo: hipersensibilidade ao calor ou frio, aumento ou diminuição da sudorese, tremores, irritabilidade ou apatia, insônia ou sonolência, parestesia ou tetania, cãibras, convulsões, poliúria, polifagia, polidipsia; h) Sistema musculoesquelético: artralgias, sinais inflamatórios (edema, calor, rubor e dor), limitação de movimentos, deformidades, rigidez matinal; i) Sistema nervoso: distúrbios de consciência ou memória, tontura e vertigem, convulsões, ausências, distúrbios da motricidade voluntária e da sensibilidade (paresias, paralisias, parestesias, anestesias), distúrbios da marcha, do sono e das funções cerebrais superiores; j) Exame psíquico e avaliação das condições emocionais: consciência, atenção, orientação, humor, pensamento (normal, fantástico, maníaco, inibido, esquizofrênico,incoerente, prolixo, oligofrênico, compulsões, etc), ansiedade, choro frequente, irritabilidade, melancolia, sentimento de culpa e perda de interesse, perda de energia e desânimo. 5. Antecedentes Pessoais e Familiares A investigação dos antecedentes não pode ser esquematizada rigorosamente. É possível e útil uma sistematização que sirva como roteiro e diretriz de pesquisa. a. Antecedentes pessoais fisiológicos Gestação e nascimento: como decorreu a gravidez (quando o paciente não sabe relatar, subtende-se que foi normal, uma vez que, se ele soubesse de algo, seria alguma patologia); se foi feito pré-natal; uso de medicamentos ou irradiações sofridas; viroses; condições de parto (normal, fórceps, cesariana; a termo ou pré-termo); estado da criança ao nascer; ordem do nascimento (com relação aos irmãos). Desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM): o Dentição: informações gerais sobre a primeira e segunda dentição; o Engatinhar e andar: anotando as idades em que estas atividades tiveram início; o Fala: quando começou a pronunciar as primeiras palavras; o Controle dos esfíncteres: quando deixou de urinar a cama; o Aproveitamento escolar: rendimento e grau de escolaridade; Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 6 www.medresumos.com.br o Desenvolvimento físico: peso e tamanho ao nascer e posteriores medidas; desenvolvimento compatível com o dos irmãos? Imunizações: vacinação compulsória na infância (BCG, Hepatite B, DTP, Anti-pólio, Hib, tríplice viral, etc.) e na vida adulta (vacina antitetânica, vacina para gripe); Puberdade: época de seu início; Menarca: época do aparecimento; Características do ciclo menstrual: duração do ciclo; duração e intensidade do fluxo menstrual, alteração na quantidade (menorragia); data da última menstruação; história obstétrica - número de gestação e partos (normais? cirúrgicos?); peso dos filhos ao nascer; Sexualidade e vida reprodutiva: época do primeiro contato sexual; número de parceiros (as); frequência das relações sexuais; uso do condom (camisinha); libido; Climatério: idade da menopausa (natural ou cirúrgica); sintomas de insuficiência estrogênica (fogachos, sensação de ressecamento vaginal). b. Antecedentes pessoais patológicos. Por sua vez, compreendem os seguintes itens que dizem respeito ao histórico de possíveis patologias que tenham acometido o paciente no passado: Doenças sofridas pelo paciente: o Doenças da infância: sarampo, varicela, coqueluche, parotidite, moléstia reumática, amigdalites, rubéola; o Doenças apresentadas na vida adulta: tuberculose (“mancha no pulmão”, raios X do tórax anormais, tratamento para doenças no pulmão por 6 meses); DST (antigamente denominadas doenças venéreas, “doenças do mundo”), incluindo AIDS e hepatite viral; diabetes mellitus; hipertensão arterial; cardiopatias; febre reumática; asma brônquica; Sexo feminino: abortamentos (espontâneos? provocados? de repetição?). Alergia: quando se depara com um caso de doença alérgica, esta investigação passa a ter relevância especial, principalmente se tratando da existência de alergia a alimentos, drogas ou outras substâncias. Pesquisa-se, portanto, o seguinte: alergias ambientais, alimentares e medicamentosas; afecções de fundo alérgico (eczema, urticária, rinite alérgica e asma); Cirurgias: anotar o tipo da intervenção, diagnóstico, data, resultados, nome do cirurgião e do hospital onde foram realizadas; Traumatismos: data, acidente em si e suas consequências. É necessário indagar sobre o acidente e sobre as consequências deste. Hospitalizações: motivo, diagnóstico(s), nome do hospital; Hemotransfusões: época, local, causa; Medicações atuais e passadas c. Antecedentes familiares Estado de saúde (quando vivos) dos pais e irmãos do paciente; cônjuge, filhos (se houver). Se houver alguém doente na família, esclarecer a natureza da enfermidade; falecimento (causa e idade). Histórico familiar de enxaqueca, DM, tuberculose, hipertensão arterial sistêmica, câncer, doenças alérgicas, doença arterial coronária (IAM, angina), AVC, dislipidemia, úlcera péptica, colelitíase e varizes, doença de caráter hereditário: hemofilia, rins policísticos etc. 6. Hábitos de Vida e Condições Socioeconômicas e Culturais do Paciente A medicina está se tornando cada vez mais uma ciência social, e o interesse do médico vai ultrapassando as fronteiras biológicas para atingir os aspectos sociais relacionados com o doente e com a doença. Este item, muito amplo e heterogêneo, está desdobrado nos seguintes dados: alimentação, habitação, ocupação atual e anteriores, atividades físicas, hábitos, condições socioeconômicas, condições culturais, vida conjugal e ajustamento familiar. Alimentação: como no exame físico serão estudados os parâmetros para avaliar o estado nutricional do paciente, faz-se necessário a anamnese alimentar: hábitos alimentares, alimentação adequada em função do sexo, idade e trabalho desempenhado; avaliação qualitativa e quantitativa. Ex: “alimentação qualitativa e quantitativamente adequada”; “redução equilibrada na quantidade e na qualidade dos alimentos”; “reduzido consumo de carboidratos”; “alimentação puramente vegetariana”, “consumo de calorias acima das necessidades”, “alimentação láctea exclusiva”, etc. Habitação: anote o tipo de casa (atual e anterior); número de moradores e número de cômodos da casa; se há saneamento básico (esgoto, fossa séptica, água encanada, tratamento da água consumida); qual o destino do lixo (lixo acumulado na área peridomiciliar ou submetido a coleta pública). Pergunte se o paciente já morou perto de fábricas ou de outros locais potencialmente prejudiciais à saúde. A falta de condições sanitárias mínimas, tais como a ausência de fossa e uso de poço ou ribeirão propicia uma estreita correlação entre a elevada incidência de parasitoses intestinais e as péssimas condições habitacionais. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 7 www.medresumos.com.br Ocupações anteriores e ocupação atual: natureza do trabalho, características do meio ambiente, substâncias que entram em contato e grau de ajustamento ao trabalho. Atividades físicas: sedentarismo; atividades físicas moderadas, intensas e constantes ou ocasionais. Padrão de sono: (número de horas/dia). Lazer: tipo e frequência. Hábitos: Tabagismo: Tempo de duração, natureza e quantidade; Unidade: anos/maço de cigarro; Consumo de álcool: Abstêmios (não usam definitivamente qualquer tipo de bebida alcoólica), uso ocasional, uso frequente, uso diário. Tipo de bebida, volume e frequência de ingestão. Para reconhecimento dos pacientes que abusam de bebidas alcoólicas, está se tornando bastante difundido o seguinte questionário, de modo que duas respostas positivas identificam 75% dos alcoólatras com uma especificidade de 95%: (1) Acha necessário diminuir o consumo de bebidas alcoólicas? (2) Sente-se incomodado por críticas à bebida? (3) Apresenta sensação de culpa ao beber? (4) Necessita beber ao acordar para iniciar bem o dia; Uso de drogas ilícitas: maconha, cocaína, anfetaminas, sedativos e estimulantes; Banhos de rios, açudes e lagoas (localidades, época); Contato com o triatomídeo/triatomíneo (“barbeiro”, “procotó”); Contato com animais domésticos (gato, cão, pássaro). Condições socioeconômicas: rendimento mensal; situação profissional; dependência econômica. Condições culturais: nível cultural baixo, médio ou alto. Religião: importante conhecer qual a religião do paciente e quais as práticas com as quais o paciente se envolve. Tais dados podem ser de fundamental importância para o estudo semiológico do caso. Vida conjugal e ajustamento familiar: investiga-se, de maneira sucinta, o relacionamento entre pais e filhos, entre irmãos e entre marido e mulher. REQUISITOS BÁSICOS PARA UMA ANAMNESE BEM REALIZADA E INTERPRETADA A realização adequada da anamnesepressupõe a obediência a uma série de requisitos básicos. A medicina moderna, embora baseada em um grupo de ciências teóricas (biologia, bioquímica, biofísica, etc.), é essencialmente uma ciência prática cujo objetivo principal é ajudar pessoas doentes a se sentirem melhor; neste contexto entender as doenças é secundário. Como em toda ciência a medicina também têm suas unidades básicas de observação que são os sintomas e os sinais. As quantidades básicas de medida são as palavras e o instrumento de observação mais importante é o médico. O médico, como qualquer outro instrumento científico, deve ser objetivo, preciso, sensível, específico e reprodutível quando realiza suas observações a respeito da doença do paciente. A anamnese tem como início a queixa principal ou queixa duração, mas ela tem por objeto não nos desviarmos do motivo que levou o paciente a procurar o serviço. Por exemplo, se durante a entrevista de uma paciente com queixa de uma possível virose respiratória aparecer queixa de dor precordial, é evidente que uma possível doença coronariana poderá ser mais importante que um resfriado, no entanto, a queixa principal deve ser respeitada inicialmente e em seguida podemos até fazer uma outra história clínica baseada na dor precordial. Não é recomendável e nem respeitoso com o paciente não atendê-lo em sua queixa principal, até porque a dor precordial poderia ser secundária a uma pericardite aguda associada ao problema viral. INTERPRETAÇÃO E OBSERVAÇÃO É muito fácil confundir observação com interpretação. Observação é aquilo que o paciente realmente diz ou faz; as palavras do paciente são os dados primários dos sintomas. Não é incomum encontrarmos no ambiente médico termos que são interpretações e não descrições, por exemplo: o termo angina significa certo tipo de dor torácica devido à insuficiência coronariana. O dado primário deveria ser algo como: desconforto ou dor subesternal de natureza opressiva com duração de cerca de 3 minutos, iniciada pelo exercício físico e aliviada pelo repouso, no caso da angina estável. Quando se produz a interpretação prematuramente perde-se a objetividade do dado e formula-se um diagnóstico que pode não estar correto. Objetividade significa não somente separar a nossa interpretação do dado objetivo, mas também separar a interpretação do paciente. É importante lembrarmos este ponto quando o paciente chega contando-nos que a sua úlcera esta doendo ou que seu coração esta causando sérios problemas em sua vida. Nesta situação o paciente esta interpretando certos sintomas ou reportando um diagnóstico ao invés de fornecer o dado objetivo. Exemplo: Paciente do sexo feminino com 68 anos de idade, há 6 anos vive com o diagnóstico de “angina” (doença coronariana) porque o seu médico não ouviu atentamente a sua história que foi a seguinte: Dr.: Conte-me a respeito da sua dor no peito? Pcte: É uma dor em aperto aqui no meio do tórax e sobe queimando até a minha garganta. Às vezes doi um pouco no braço e nas costas. Dr.: Quando a dor aparece? Pcte: Aparece nos mais diferentes momentos e situações. Algumas vezes no meio da noite. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 8 www.medresumos.com.br Dr.: A dor tem relação com o exercício físico? Pcte: Não. A dor aparece mesmo eu estando em repouso. Mesmo tendo em vista que a paciente nunca apresentou dor torácica aos exercícios, foi realizada investigação cardiológica, completa incluindo angiografia coronariana. Apesar de todos os exames terem sido negativos, a paciente recebeu o diagnóstico de doença arterial coronariana. Posteriormente, outro médico foi consultado e tendo achado que a história da paciente não era compatível com o diagnóstico, realizou investigação radiológica do esôfago e estomago, tendo sido estabelecida a existência de refluxo e espasmo esofagiano. Após 6 anos de convivência com o diagnóstico de insuficiência coronariana, a paciente não acreditou que nada tinha no coração e não conseguiu ser reabilitada para uma vida ativa. Portanto, para uma boa prática da medicina, devemos indicar exames complementares com base numa hipótese diagnóstica bem estabelecida e realizá-los de maneira escalonada, dos mais simples aos mais complexos. Não é uma boa prática encaminhar pacientes para exames invasivos sem ter um embasamento clínico e laboratorial consistente. Se assim fosse, qualquer cefaleia seria indicativa de uma tomografia do crânio, qualquer dor abdominal de uma ultrassonografia da região ou uma colonoscopia. É necessário racionalizar a investigação laboratorial dentro do bom senso e de uma análise fisiopatológica cuidadosa que atenda a uma hipótese clínica adequada que deve surgir de uma boa anamnese e um bom conhecimento da medicina. PRECISÃO Refere-se a quanto a observação se dispersa ao redor do valor "real". Aqui estamos lidando com o erro ao acaso, não sistemático, induzido pela falta de atenção ao detalhe, pela audição desatenta e pela falta de objetividade. As unidades básicas de medida quando tiramos uma história clínica são as palavras. Palavras são descrições de sensações percebidas pelo paciente e comunicadas ao médico. Palavras são mensurações verbais e devem ser entendidas precisamente; devem ser tão detalhadas quanto possível. O paciente pode se queixar de "cansaço" e nesta situação é necessário esclarecer do que se trata: falta de ar, fraqueza muscular, falta de vontade de realizar atividades físicas, ou falta de repouso adequado. O médico precisa esclarecer qual a real sensação que o paciente está experimentando fazendo perguntas do tipo: o que você quer dizer com "cansaço"? Você pode-me dizer mais sobre este cansaço ou como você descreveria o que você sente sem utilizar a palavra cansaço. Toda e qualquer queixa vaga ou inespecífica deve ser adequadamente interpretada pelo médico, pois ela pode ser coerente dentro de um meio social ou grau de instrução do paciente. Existem termos, inclusive, que fazem parte do cotidiano de um regionalismo (variante dialetal) e que tem sentido no local de onde procede o paciente e é de desconhecimento do profissional de outra região ou extração social. SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE Sensibilidade de um teste expressa a sua capacidade de identificar casos verdadeiros da doença (verdadeiros positivos). Quanto maior a sensibilidade, maior a porcentagem de casos que o teste identifica acuradamente como sendo positivo. Especificidade de um teste expressa a sua capacidade de descartar a doença em indivíduos normais (verdadeiros negativos). Quanto maior a especificidade maior a chance de um resultado negativo representar um indivíduo normal sem doença. Em resumo, podemos dizer: Especificidade: sempre que há um sinal/sintoma, há uma determinada doença. Ex: se tem vegetação no miocárdio diagnosticada por ECG, o paciente tem endocardite. Em outras palavras, um sinal/sintoma ou um teste é específico para uma doença quando ele, se presente ou ausente, indica o diagnóstico desta doença, até que se prove o contrário. Por exemplo, uma queixa de elevada especificidade é: na ausência de disúria e polaciúria existe uma grande chance do paciente não ter cistite. Sensibilidade: sempre que há uma doença, haverá determinados sintomas. Em outras palavras, um sinal/sintoma ou um teste é considerado sensível para uma determinada doença quando, na presença dela, este sinal/sintoma ou o teste, muito possivelmente, estará presente. Ex: na meningite e na pielonefrite, tem-se febre. OBS 1 : Como analogia prática no que diz respeito ao conceito de sensibilidade e especificidade, podemos utilizar o alarme de um carro. Como se sabe, o alarme de um carro tem o objetivo de identificar o furto ou arrombamento do mesmo por assaltantes, na maioria das vezes. Entretanto, muitos alarmes disparam quando simplesmente encostamos no veículo ou quando, eventualmente, alguma outra coisa se move dentro do carro (um inseto, por exemplo). Portanto, podemos dizer que o alarmedo carro é muito sensível, mas pouco específico: sensível por que ao simples toque, pode ser acionando; pouco específico porque, nem sempre, identifica um assalto de verdade. Poucos testes em medicina apresentam 100% de sensibilidade e 100% de especificidade. A entrevista clínica encontra-se longe destes valores. Um sintoma pode ser muito sensível (tosse em casos de pneumonia) e bastante específica pois na ausência de tosse são grandes as chances de não ter pneumonia, mas nem todos os sintomas são assim, existem doenças graves no seu início que não tem sintomas relevantes. Dor epigástrica noturna aliviada pela alimentação em casos de úlcera duodenal é um sintoma bastante sensível, porém com baixa especificidade pois muitas pessoas com úlcera duodenal não apresentam este sintoma. Entretanto, sintomas individuais não são as unidades apropriadas nas quais nos possamos basear para a tomada de decisão; Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 9 www.medresumos.com.br devemos nos basear em conjuntos de sintomas, padrões ou quadros clínicos. Devemos considerar a reconstrução detalhada da doença no lugar de valorizarmos um sintoma isolado. Um complexo sintomático (conjunto de sintomas que caracterizam uma doença) é suficientemente sensível e específico para permitir a realização do diagnóstico e da terapêutica. A história clínica obtida com objetividade e precisão fornece um conjunto de dados que permitem delinear um eficiente (e pequeno) plano diagnóstico. Precisão (acurácia) é, de fato, a somatória dos sintomas verdadeiramente positivos com os sintomas verdadeiramente negativos; dividido pela população em geral. REPRODUTIBILIDADE A reprodutibilidade é outra importante característica dos procedimentos científicos, incluindo a entrevista clínica. Não é raro observarmos um grau significativo de variabilidade quando a mesma história clínica é obtida por médicos diferentes. Parte das discrepâncias pode ser explicada pelo fato de que os indivíduos apresentam diferentes níveis de precisão (acurácia) quando realizam a observação clínica. Outros fatores envolvidos podem ser atribuídos ao processo de reconstrução da história que melhora à medida que são obtidas histórias ou mesmo ao processo de aprendizado a que o paciente é submetido à medida que interage com a equipe de saúde. Por fim, parte pode ser debitada às diferentes capacidades dos médicos em interagir de forma empática com o paciente, obtendo as informações sem dificuldades maiores. ENTENDENDO E SENDO ENTENDIDO CORRETAMENTE, RESPEITO, SINCERIDADE E EMPATIA Entender o paciente e ao mesmo ser entendido por ele é absolutamente indispensável para a obtenção de uma história clínica adequada. Inúmeros fatores podem interferir com o entendimento perfeito. As diferenças culturais, religiosas, raciais, de idade e etc. entre médico e paciente constituem as dificuldades normais que tem que ser constantemente avaliadas para serem superadas. Outras dificuldades decorrem da técnica de entrevista. Para que ocorra entendimento perfeito entre médico e paciente é necessário que os dois estejam sintonizados na mesma frequência emocional. Neste contexto podemos destacar três qualidades que o médico deve desenvolver para melhorar a comunicação entre ele e o paciente: respeito, sinceridade e empatia. A capacidade de ter respeito é conseguir separar os sentimentos pessoais sobre o comportamento, as atitudes ou as crenças do paciente, da tarefa fundamental do médico que é auxiliar o paciente a ficar melhor. Pequenos procedimentos devem ser utilizados para demonstrar respeito ao paciente: 1. Apresentar-se com clareza e deixar claro por qual motivo você esta ali. 2. Não demonstre intimidade que você não tem com o paciente. Utilize sempre o nome do paciente e nunca utilize apelidos genéricos como "tia", "mãe", "avó" etc. 3. Garanta o conforto e a privacidade do paciente. 4. Sente-se próximo, mas não excessivamente, e no mesmo nível do paciente. Evite a presença de barreira física entre você e o paciente (mesas, macas, etc.) 5. Avise sempre que for realizar uma mudança na condução da entrevista ou uma manobra nova ou dolorosa no exame físico. 6. Responda ao paciente de forma a deixar registrado que você o esta ouvindo atentamente. A sinceridade significa não pretender ser alguém ou algo diferente daquilo que você é. Significa ser exatamente quem você é pessoal e profissionalmente. O estudante deve sempre se apresentar como tal e nunca pretender assumir o papel do médico que ele ainda não é. A empatia significa compreensão. Significa colocar-se no lugar do paciente e realizar um esforço para compreendê-lo de forma integral. Para que o relacionamento empático se estabeleça é necessário que preste atenção em todos os aspectos da comunicação com o paciente: palavras, sentimentos, gestos, etc. Uma vez estabelecida a comunicação empática o paciente fornecerá, não somente dados relevantes, mas permitirá a emersão de sentimentos e crenças. O atendimento na sala de emergência nem sempre permite, pelas circunstancias e os procedimentos técnicos imediatos, uma longa observação e pouco diálogo interpessoal, no entanto, tão logo a situação crítica for resolvida, estas mesmas atitudes que ocorrem no consultório devem aparecer tanto para o paciente quanto para os familiares. NÍVEIS DE RESPOSTA Para que o médico mantenha a comunicação empática com o paciente é importante que as respostas, principalmente a relativa aos sentimentos que o paciente expõe, sejam adequadas. Quatro categorias ou níveis de resposta devem ser considerados: 1. Ignorando – quando o médico não ouve o que o paciente disse ou age como se não tivesse ouvido. Não existe resposta aos sintomas ou sentimentos expostos pelo paciente. 2. Minimizando – o médico responde aos sintomas ou sentimentos expostos pelo paciente diminuindo a sua importância ou intensidade. 3. Intercambiando – o médico reconhece os sintomas e sentimentos expressos pelo paciente de forma adequada e responde no mesmo nível de intensidade. A resposta de intercâmbio é um objetivo importante no processo de Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 10 www.medresumos.com.br obtenção da história clínica. Em termos práticos significa a repetição das palavras do próprio paciente de forma a demonstrar que o médico esta entendendo o que o paciente esta tentando dizer. 4. Adicionando – o médico reconhece o que o paciente esta tentando expressar e também aquilo que o paciente pode estar sentindo, mas não consegue expressar Alonso Augusto Moreira Filho citando Dewal no diz em seu livro sobre relação médico paciente “o fato de ter alguém que o escute com atenção, respeito e interesse é, por si mesmo, um fenômeno único que propicia ao paciente uma satisfação importante que raramente lhe oferecem outras relações humanas”. ECTOSCOPIA O exame físico geral é realizado pela inspeção e palpação. Alguns aspectos são fundamentais, destacando-se as fácies, o nível de consciência, o estado nutricional, o estado de hidratação e o desenvolvimento físico, com especial atenção à harmonia entre os diversos segmentos do corpo. O paciente deve ser examinado nas posições de decúbito, sentada, de pé e andando. Para o conforto do paciente e melhor sistematização do exame físico geral, deve-se examiná-lo primeiramente em decúbito, anotando os dados necessários; a seguir, continuando com as posições, de pé e andando. É sugerida que seja seguida a seguinte ordem: estado geral, nível de consciência, fala e linguagem, estado de hidratação, estado de nutrição, desenvolvimento físico, fácies, atitude e decúbito, mucosas, pele e fâneros, tecido celular subcutâneo e panículo adiposo, linfonodos, medidas antropométricas, biótipo, sinais vitais. 1. Estado geral: é a impressão que se tem do doente, descrita da seguinte forma: estado geral bom, estado geral regular ou estado geral ruim. É uma avaliação subjetiva no conjuntode dados exibidos pelo doente e interpretados de acordo com a experiência de cada um. Em outras palavras, é o que aparenta o doente, visto em sua totalidade. 2. Nível de consciência: avalia-se pela perceptividade, reatividade, deglutição e reflexos. Os extremos de variação são o estado de vigília e o estado de coma (grau IV). Nesta parte do exame, temos possibilidade de, usando recursos próprios do exame físico, completar o estudo do nível de consciência do paciente. Com fins práticos, devem ser usados quatro parâmetros para uma avaliação do nível de consciência: Perceptividade: referente a capacidade de responder perguntas simples, como por exemplo: “Olá! Como vai?”, ou ainda, atender algumas ordens como “Tire a camisa”. Deve-se avaliar a percepção que o paciente tem do mundo que o cerca e de si mesmo, podendo avaliar se o mesmo está lúcido e orientado no tempo e no espaço (LOTE). Reatividade: significa a capacidade de reagir a estímulos inespecíficos, como desviar os olhos e a cabeça para um ponto onde se faça barulho. Deglutição: além de ter sido avaliada na anamnese, pode ser testada ao se oferecer um copo d’água, devendo- se observar bem o comportamento do paciente. Reflexos: pode-se fazer a pesquisa de alguns reflexos tendinosos. A partir destes dados, é possível caracterizar o estado de coma dentro da seguinte graduação: Grau I (coma leve): o comprometimento da consciência é leve e o paciente é capaz de atender a ordens simples, do tipo abrir e fechar o olho. Reage bem e de modo apropriado à estimulação dolorosa. A deglutição se faz normalmente. Grau II (coma médio): perda da consciência é quase total, estando o paciente com sua perceptividade bastante reduzida. Responde apenas à estimulação dolorosa enérgica e o faz desapropriadamente. A deglutição é feita com dificuldade. Estão preservados os reflexos tendinosos, cutâneos e pupilar. Grau III (coma profundo): perda da consciência é completa e o paciente não responde às solicitações externas por mais intensas que sejam. Sua perceptividade é igual a zero. Nem o estímulo doloroso é perceptível. Além disso, observam-se arreflexia tendinosa, cutânea e pupilar, relaxamento completo da musculatura e incontinência esfinctérica. Grau IV (coma Depassé): além dos elementos já referidos ao coma de grau III, aqui há ainda o comprometimento das funções vitais, como parada respiratória (sendo necessária a ventilação artificial). É quase sempre um estado irreversível e o EEG revela silêncio elétrico cerebral. A Escala de Coma de Glasgow também é largamente utilizada. É uma forma de caracterizar os estados de consciência através de uma escala numérica baseada na avaliação de 3 características: abertura dos olhos (4 pontos), resposta motora (6 pontos) e resposta verbal (5 pontos). Cada uma delas vale uma pontuação específica. O escore 15 representa indivíduo lúcido e consciente, enquanto que o escore 3 representa indivíduo em coma. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 11 www.medresumos.com.br 3. Fala e linguagem: avalia-se a presença de alterações como: disfonia, distúrbios na fluência da fala (taquilalia, gagueira), distúrbios fonoarticulatórios (como as substituições, as adições e as omissões de fonemas), disartria, disfasia (de recepção ou de expressão). Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 12 www.medresumos.com.br Durante a entrevista, o examinador deve prestar atenção na linguagem do paciente, particularmente na linguagem falada. Deve-se lembrar que a fala não só depende do órgão fonador (laringe) e da língua, mas de áreas de elaboração cerebral superior. As principais alterações da fala são: Disfonia ou afonia: alteração no timbre da voz causada por problema no órgão fonador. Ex: voz rouca, fanhosa ou bitonal. Dislalia: alterações menores na fala (comum em crianças), como a troca de letras (“casa” por “tasa”). Disritmolalia: distúrbios no ritmo da fala, como gagueira e a taquilalia. Disartria: alterações nos músculos da fonação, incoordenação cerebral (voz arrastada), de hipertonia do parkinsonismo (voz baixa, monótona e lenta) ou perda do controle piramidal (paralisia pseudobulbar). Disfasia: aparece com completa normalidade do órgão fonador e dos músculos da fonação, mas está relacionada com uma perturbação na elaboração cortical da fala. Representa uma descoordenação da fala e incapacidade de dispor as palavras de modo compreensível. Disgrafia: perda da capacidade de escrever Dislexia: perda da capacidade de ler. 4. Estado de hidratação: deve-se observar o consumo ou ingesta de água: hidratado, hiperidratado e desidratado. Deve-se pesquisar ainda a pele, mucosa oral e conjuntiva, diurese, estado geral, sudorese, salivação, fontanelas (se estiverem fundas, pode indicar desidratação). O estado de hidratação do paciente é avaliado tendo-se em conta os seguintes parâmetros principais: alteração abrupta do peso; da pele quanto à umidade, elasticidade e turgor; das mucosas quanto à umidade; fontanelas (em casos de crianças); alterações oculares; estado geral. Um paciente está normalmente hidratado quando a oferta de líquidos e eletrólitos for feita de acordo com as necessidades do organismo e quando não houver perdas extras (diarreias, vômitos, taquipneia). 5. Estado de nutrição: por meio do Critério de Gomez (déficit de peso em relação ao padrão normal para a idade e o sexo), pesquisa-se desnutrição, subnutrição, má-nutrição proteica; obesidade. O estado de nutrição deve ser sistematicamente avaliado lançando-se mão dos seguintes parâmetros: peso, musculatura, panículo adiposo, desenvolvimento físico, estado geral, pele, pelos e olhos. No estado de nutrição normal, os elementos antes referidos se encontram dentro dos limites normais. 6. Desenvolvimento físico: desenvolvimento físico normal, hiperdesenvolvimento, hipodesenvolvimento, hábito grácil, infantilismo. Uma determinação exata do desenvolvimento físico de um indivíduo requer um estudo antropométrico rigoroso. Contudo, na prática, é suficiente uma avaliação levando-se em conta a idade e o sexo. Os achados podem ser enquadrados nas seguintes características: Hábito grácil: constituição corporal frágil e delgada, caracterizada por ossatura fina, musculatura pouco desenvolvida, juntamente com uma altura e um peso abaixo dos níveis normais. Infantilismo: persistência anormal das características infantis na idade adulta. Hiperdesenvolvimento: embora confunda-se com gigantismo, não é a mesma coisa. O reconhecimento do gigantismo (assim como o nanismo) tem a altura como fundamento principal. Acromegálicos: são casos de gigantismo que decorrem da hiperfunção da hipófise anterior na adolescência ou na vida adulta. Além da estatura elevada, apresentam cabeça maior que a média, mento pronunciante, nariz aumentado, pele grossa, mão e pés enormes. Gigantes infantis: resultado de uma hiperfunção de hipófise anterior que tenha começado antes da soldadura das epífises com o corpo dos ossos longos. Apresentam extremidades inferiores muito longas. Anão acondroplásico: desigualdade entre o tamanho da cabeça e do tronco e o comprimento dos membros. As pernas são curtas e arqueadas. A musculatura é bem desenvolvida, e os órgãos genitais são normais. Cretinos: caracterizado pela falta de desenvolvimento em todas as partes do corpo (cabeça, tronco e membros), causado pela hipofunção congênita da glândula tireoide. Os cretinos são sempre de baixo nível mental e chegam, com frequência, à idiotia. Anão hipofisário: tem a cabeça e o tronco normalmente proporcionados, mas pequenos. Apresentam membros desproporcionalmente longos em relação ao corpo. Anão raquítico: depende do mau desenvolvimento e deformidades da coluna e dos ossos, destacando uma escoliose e o encurvamento dos ossos das pernas. 7. Fácies: é o conjunto de dados exibidos na face do paciente, sendoela resultante de traços anatômicos, expressão fisionômica e elementos patológicos. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 13 www.medresumos.com.br Os principais tipos de fácies são: Fácies normal: nenhuma alteração, normal. Fácies hipocrática: portadores de doenças crônicas terminais e irreversíveis; aspecto próximo a agonia: falta de gordura facial, pele de coloração escurecida, boca entreaberta, lábios afilados, olhos fundos e parados. Fácies renal: é o caso das nefropatias: rosto pálido, edemaciado, predominando o edema palpebral (edema que predomina ao redor dos olhos – típico da nefropatia edematosa). Fácies leonina: grosseira, típica de hansenianos: pele espessa, lepromas de tamanhos variáveis, sem supercílios, nariz espesso e largo, barba escassa, semelhante a um leão. Fácies adenoidiana: geralmente, acontece com crianças com hipertrofia das adenoides (que deste modo, dificultam a respiração): nariz pequeno e afilado, boca entreaberta. Fácies parkinsoniana: portadores da Síndrome de Parkinson: olhar fixo, supercílios elevados, fronte enrugada, expressão de espanto, fisionomia facial semelhante a uma máscara, Fácies basedowiana ou do hipertireoidismo: rosto magro, com olhos salientes (exoftalmia) e brilhantes, expressão fisionômica indicando vivacidade e espanto, presença de bócio na face anterior do pescoço. Fácies mixedematosa ou do hipotireoidismo: rosto arredondado, pele seca e com acentuação de seus sulcos, nariz e lábios grossos, pálpebras enrugadas e infiltradas. Fácies acromegálicas: típico da acromegalia: saliências das arcadas supraorbitais, proeminência das maçãs do rosto, maior desenvolvimento da mandíbula, do nariz, lábios e orelhas. Os olhos aparecem pequenos. Fácies cushingoide ou de Lua-cheia: observado nos casos de síndrome de Cushing por hiperfunção do córtex da adrenal: arredondamento do rosto, acentuação dos traços faciais, aparecimento de acne. Fácies mongoloide: típico no mongolismo, modernamente chamado trissomia do par 21 ou Síndrome de Down: prega cutânea (epicanto) que torna os olhos oblíquos, bem distantes um do outro (hipertelorismo), braquicefalia, orelhas pontiagudas, expressão fisionômica de pouca inteligência. Fácies de depressão: pouca expressividade do rosto, cabisbaixos com olhar voltado para o chão, sulco nasolabial acentuado, tristeza e sofrimento moral aparentes. Fácies pseudobulbar: aparece na chamada paralisia pseudobulbar (aterosclerose cerebral): súbitas crises de choro ou de riso que levam a um aspecto espasmódico, ao tentar contê-las. Fácies da paralisia facial periférica: bastante comum: assimetria da face, impossibilidade de fechar as pálpebras, repuxamento da boca para o lado são, apagamento do sulco nasolabial, ausência das rugas na fronte do lado lesado. Fácies miastênica ou fácies de Hutchinson: ocorre na miastenia grave: ptose palpebral bilateral (que obriga o paciente a franzir a testa e levantar a cabeça). Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 14 www.medresumos.com.br Fácies de deficiente mental: traços faciais apagados e grosseiros, boca constantemente entreaberta e com salivação, estrabismo, olhar desprovido de objetivo, olhos se movimentam sem se fixarem em nada, sorrisos sem motivação. Fácies etílica: chama atenção os olhos avermelhados e uma certa ruborização na face, hálito etílico, voz pastosa, sorriso indefinido. Fácies esclerodérmica (fácies de múmia): imobilidade facial, endurecimento da pele, repuxamento dos lábios, afinamento do nariz, imobilização das pálpebras, fisionomia parada, imutável e inexpressiva. 8. Atitude e decúbito. Atitude é a posição adotada pelo paciente no leito ou fora dele, por comodidade, hábito ou com o objetivo de conseguir alívio para algum padecimento. Algumas posições são conscientemente procuradas pelo paciente (voluntárias), enquanto outras independem de sua vontade ou são resultantes de estímulos cerebrais (involuntárias): As atitudes voluntárias são as seguintes: Atitude ortopneica (ortopneia): o paciente adota esta posição para aliviar a falta de ar decorrente de insuficiência cardíaca, asma brônquica e ascites volumosas. O paciente permanece sentado no leito ou com os pés no chão e as mãos sobre a cama. Atitude genupeitoral (ou de “prece maometana”): doente fica de joelhos com o tronco fletido sobre as coxas, enquanto o peito põe-se em contato com o solo ou com o colchão. Esta posição facilita o enchimento do coração nos casos de derrame pericárdico. Atitude de cócoras: observada em crianças com cardiopatia congênita cianótica. Os pacientes descobrem, instintivamente, que esta posição traz alívio para a hipóxia. Atitude parkinsoniana: ao se por de pé, o paciente com Parkinson apresenta semiflexão da cabeça, tronco e membros inferiores. Atitude em decúbito: forma de decúbito em que o paciente relatar melhoras algum padecimento: Decúbito lateral: posição que costuma ser adotada quando há uma dor de origem pleurítica. Através dela, o paciente reduz a movimentação dos folhetos pleurais sobre o qual repousa. Decúbito dorsal: com pernas fletidas sobre as coxas e estas sobre o quadril, é observado nos processos inflamatórios pelviperitoneais. Decúbito ventral: comum nos portadores de cólica intestinal. As atitudes involuntárias são as seguintes: Atitude passiva: quando o paciente fica na posição em que é colocado no leito, sem que haja contratura muscular. Observado em pacientes comatosos. Ortótono (orthos = reto; tônus = tensão): atitude em que o tronco e os membros estão retos, sem que haja desvio dos mesmos para traz, frente ou para os lados. Opistótono (opisthen = para trás): observada no caso do tétano e da meningite, em que há contratura involuntária da musculatura lombar. O corpo passa a se apoiar na cabeça e nos calcanhares, quando deitado. Empróstomo (emprosthen = para diante): observada no tétano, na meningite e na raiva, é o contrário do opistótono. O corpo, em forma de arco, apresenta a concavidade para frente. Pleurostótono (pleurothen = de lado): ainda pode ser vista no tétano, na meningite e na raiva. O corpo se curva lateralmente. Posição em gatilho: encontrada na irritação meníngea. Caracterizada pela hiperextensão da cabeça, flexão das pernas sobre as coxas e encurvamento do tronco com concavidade para adiante. 9. Mucosas. As mucosas facilmente examináveis a olho nu são as mucosas conjuntivas e as mucosas labiobucal, lingual e gengival. O método de exame é a inspeção, coadjuvado por manobras singelas que exponham as mucosas à visão do examinador. É indispensável uma boa iluminação. Os parâmetros observados são: coloração (descoramento, cianose, icterícia), umidade e presença de lesões. 10. Pele e fâneros. Os seguintes aspectos da pele devem ser observados: coloração, continuidade ou integridade, umidade, textura, espessura, temperatura, elasticidade, mobilidade, turgor, sensibilidade e presença de lesões elementares. Quanto aos fâneros, devemos avaliar tipo de implantação, distribuição, quantidade, coloração e outras características, como brilho, espessura e consistência, dos cabelos; forma, implantação, espessura, superfície, consistência, brilho e coloração das unhas. 11. Tecido celular subcutâneo e panículo adiposo. O tecido celular subcutâneo ou hipoderme é constituído de feixes conjuntivos, fibras elásticas, parte dos folículos pilosos, glândulas sudoríparas e grande parte de células adiposas. Este tecido pode ser sede de processos inflamatórios (celulite) que se exterioriza pelos sinais Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 15 www.medresumos.com.br clássicos da inflamação, fibromas, que são neoplasias do tecido conjuntivo e são percebidos sob forma de nódulos, lipomas, cistos sebáceos que resultam da retenção da secreção sebácea por obstrução do canal excretor das glândulas sebáceas.Avalia-se a seguinte sistematização semiológica: Quanto à distribuição: normal (varia com a idade e com o sexo) ou acúmulo especial em determinadas áreas (como na síndrome de Cushing, na qual se vê braços e pernas magras, enquanto face, tórax e abdome com acúmulo de gordura). Quanto à quantidade: normal, aumentada (quando se percebe uma grossa camada de tecido adiposo), diminuído (quando é reduzido ou nulo). 12. Linfonodos. Os linfonodos ou gânglios linfáticos recebem a linfa trazida pelos ductos coletores das várias regiões do organismo. A linfa alcança o sistema circulatório pelos troncos linfáticos e ducto torácico. As seguintes características são analisadas: localização, tamanho ou volume, consistência, mobilidade, sensibilidade e alterações da pele circunjacente; Avaliar: grupos ganglionares da cabeça e pescoço (submentonianos; submandibulares; amigdalianos; cervicais superficiais, profundos e posteriores; occipitais, auriculares anteriores e posteriores); supraclaviculares, axilares e supratrocleares; inguinais. 13. Medidas antropométricas. Avalia-se o peso, a altura e o IMC do paciente (IMC=PESO/ALTURA²). O IMC não diferencia a gordura corporal e a massa muscular, e qual pesa mais que a gordura. Para tal medida, busca-se exames mais específicos. 14. Biotipo. O biótipo, também denominado tipo morfológico, é o conjunto de características morfológicas apresentadas pelo indivíduo. Uma medida bastante utilizada como padrão é o ângulo de Charpy (corresponde ao ângulo que as costelas inferiores formam com o osso esterno). Outras características também são destacadas: Longilíneo (ectomorfo): ângulo de Charpy menor que 90º, pescoço longo e delgado, membros alongados, musculatura delgada e panículo adiposo pouco desenvolvido, tendência para estatura elevada. Mediolíneo (mesomorfo): ângulo de Charpy em torno de 90º, equilíbrio entre tronco e membros, desenvolvimento harmônico entre musculatura e panículo adiposo. Brevilíneo (endomorfo): ângulo de Charpy maior que 90º, pescoço curto e grosso, tórax alargado e volumoso, mmebros curtos com relação ao tronco, musculatura desenvolvida e panículo adiposo espesso, tendência para a baixa estatura. 15. Sinais vitais. Devem-se avaliar os seguintes sinais vitais: Frequência cardíaca = ritmo cardíaco: normal: 60 a 100 batimentos/minuto. Temperatura corporal: normal: 35,5 – 37ºC Frequência respiratória: normal: de 12 a 20 incursões respiratórias/minuto Pulso arterial: ciclo de expansão e relaxamento das artérias do corpo. Pressão arterial: Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 16 www.medresumos.com.br GLOSSÁRIO DE TERMOS SEMIOLÓGICOS Anamnese: histórico que vai desde os sintomas iniciais até o momento da observação clínica, realizado com base nas lembranças do paciente. Ectoscopia: Método de diagnóstico de doença em qualquer dos órgãos internos por um estudo dos movimentos da parede abdominal ou do tórax, por ausculta. Abstêmio: que ou o que não ingere ou ingere muito pouco bebidas alcoólicas; moderado, sóbrio. Acuidade auditiva: capacidade relativa do ouvido para decompor estímulos de pequena intensidade e perceber sons muito próximos entre si. Acuidade visual: é o grau de aptidão do olho, para discriminar os detalhes espaciais, ou seja, a capacidade de perceber a forma e o contorno dos objetos. Adenomegalia: hipertrofia de uma glândula; aumento de linfonodos. Afasia motora: Aquela em que, preservada a percepção da linguagem falada ou escrita, está comprometida a capacidade de repetir ou expressar o que se percebe; afasia atáxica. Alterações de peso: Ganho ou perda de peso. Alterações do desenvolvimento físico: Nanismo, gigantismo, infantilismo, puberdade precoce ou atrasada. Alterações do revestimento cutâneo: Áreas de anestesia, alteração da temperatura e lesões cutâneas. Alterações dos movimentos: Paralisia, tiques, movimentos involuntários. Amenorreia: ausência de fluxo menstrual; amenia, ametremia. Anestesia: suspensão geral ou parcial da sensibilidade, espontânea, em decorrência de problemas neurológicos, ou induzida por um agente anestésico. Anosmia: diminuição ou perda absoluta do olfato, que pode ocorrer por lesão do nervo olfativo, obstrução das cavidades nasais, reflexo de outras doenças ou ainda sem qualquer lesão aparente. Ansiedade: grande mal-estar físico e psíquico; aflição, agonia. Anúria: diminuição ou supressão da secreção urinária (<50-100 ml de urina/24h). Artralgia: dor articular. Asma: afecção caracterizada por crises de dispneia paroxística sibilante, acompanhadas de edema e hipersecreção das mucosas das vias aéreas, que ocorre em virtude de súbita contração dos músculos que comandam a abertura e o fechamento dos brônquios; asma brônquica. Astenia: 1. Sensação de fraqueza, ou de falta de forças, sem perda da capacidade muscular; 2. Enfraquecimento funcional de um órgão. Atitude de Cócoras (“Squatting”) – Mais comumente vista em crianças e tem como causa mais frequente as cardiopatias congênitas cianóticas (fluxo sanguíneo pulmonar diminuído). Essa posição alivia a dispneia e as manifestações hipoxemias, pois diminui o retorno venoso por compressão das veias ilíacas e diminui o “shunt” direita- esquerda por aumento da PA sistêmica, com melhora na saturação arterial de oxigênio. É vista na Tetralogia de Fallot. Atitude Genupeitoral (“Prece Maometana”) – O doente fica de joelhos com o tronco fletido sobre as coxas, enquanto a face anterior do tórax (peito) põe-se em contato com o solo ou colchão. Esta posição diminui a dificuldade do enchimento do coração nos casos de derrame pericárdico. É vista em alguns casos de abdome agudo. Atitude: Atitude é a posição adotada pelo doente, seja do ponto de vista estático (deitado, sentado ou de pé), ou dinâmico (em marcha). É definida como a posição adotada pelo paciente, por comodidade, hábito ou com o objetivo de conseguir alívio para algum padecimento. Atitudes antálgicas – O mais comum é a colocação da mão ou mãos no local em que dói, como acontece nas cefaleias (mão na fronte), na angina peitoris (mão sobre o coração), nas cólicas biliares (mãos sobre o hipocôndrio direito). Processos irritativos pelve-peritoneais, pleuro-pneumopatias e lombalgias também possuem atitudes antálgicas características. Broncofonia: transmissão anormal dos sons originados dos pulmões ou dos brônquios. Cacosmia: sensação constante ou frequente de odor desagradável, devido a causas fisiológicas ou por alucinação sensorial. Cãibra: contração muscular súbita, involuntária e dolorosa, de caráter transitório, ger. causada por problemas vasculares decorrentes de esforço excessivo ou do frio. Calafrios: 1. Frio interior acompanhado de tremor convulsivo; 2. Contração involuntária de músculos somáticos. Cegueira: privação do sentido da visão em um ou ambos os olhos. Chiado: ato ou efeito de chiar; chiada, chio. Cianose: coloração azul violácea da pele e das mucosas devida à oxigenação insuficiente do sangue e ligada a várias causas (distúrbio de hematose, insuficiência cardíaca etc.). Climatério: período que precede o término da vida reprodutiva da mulher, marcado por alterações somáticas e psíquicas e que se encerra na menopausa. Coletitíase: presença ou formação de cálculos nas vias biliares; litíase biliar. Cólica: dor espasmódica ligada à distensão do tubo digestivo, dos canais glandulares ou das vias urinárias. Constipação/Obstipação: prisão de ventre. Convulsão: contração violenta e dolorosa devido a problemas do sistema nervoso central. Convulsão: contração violenta musculoesquelética, caracterizada por agitação e movimentos desordenados, Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 17 www.medresumos.com.br acompanhados ou não da perda da consciência. Pode ser decorrente de vários fatores, como distúrbios do sistema nervoso central (epilepsias, tumores), metabólicos (hipoglicemia), etc. Não deve ser confundidocomo sinônimo de epilepsia. Corrimento: qualquer secreção patológica que escorra de um órgão. Deformidade: defeito de conformação de um órgão ou parte do corpo; disformia, disformidade, dismorfia, dismorfose. Diarreia: aumento da frequência na eliminação de fezes ou alteração em sua consistência (tornam-se mais líquidas e abundantes). Diplopia: visão dupla; duplicação das imagens dos objetos. Disartria: distúrbio da articulação da fala (dificuldade na produção de fonemas) que resulta de uma lesão cortical ou de uma lesão periférica (paralisia dos órgãos de fonação); barilalia. Disfagia: dificuldade de deglutir. Disfonia: alteração ou enfraquecimento da voz. Dislipidemia: termo genérico para as alterações dos níveis séricos das várias partículas que compõe o perfil lipídico. O perfil lipídico de rotina engloba a dosagem sérica dos triglicerídeos, colesterol total e as frações HDL (colesterol bom) e LDL (colesterol ruim). Dismenorragia: cólica antes ou durante a menstruação; dismenia Dispareunia: dor durante o ato sexual. Dispepsia: sensação de desconforto digestivo, esp. de peso, que ocorre após as refeições. Dispneia: dificuldade de respirar caracterizada por respiração rápida e curta, geralmente associada a doença cardíaca ou pulmonar. Distensão abdominal: aumento no volume do abdome resultado do acúmulo de gases ou líquidos no intestino. Distúrbio de marcha: dificuldades na locomoção com as pernas devido a lesões nos pés, pernas, músculos, lobo parietal, medula espinhal ou cóclea (responsável pelo sistema vestibular). Distúrbio: defeito, desajuste. Disúria: dificuldade para urinar que pode ser acompanhada de dor (estrangúria); urodinia. Diurese: secreção de urina. Dor: Sensação penosa, desagradável, produzida pela excitação de terminações nervosas sensíveis a esses estímulos, e classificada de acordo com o seu lugar, tipo, intensidade, periodicidade, difusão e caráter. Drenagem: retirada, por meio de dreno, de líquidos e gases fisiológicos ou patológicos retidos no organismo. Eczema: afecção alérgica, aguda ou crônica, da pele, caracterizada por reação inflamatória com formação de vesículas, desenvolvimento de escamas e prurido. Edema: acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo. Epigastralgia: dor na região epigástrica. Epistaxe: sangramento ou hemorragia nasal; hemorrinia. Eructação: é a liberação pela boca, em geral ruidosa, de ar contido no esôfago e estômago; arroto. Escotoma: alteração do campo visual caracterizado por perda total ou parcial da acuidade visual de uma parte específica do campo, rodeada de uma outra região em que a visão normal está preservada. Todos os mamíferos possuem normalmente um escotoma em seu campo de visão, chamado de “ponto cego”. Espirro: expulsão reflexa, brusca e sonora do ar pelo nariz e pela boca, provocada por irritação da mucosa nasal; esternutação. Estado de coma: é um estado de inconsciência do qual a pessoa não pode ser despertada. Estado de vigília: é um estado ordinário de consciência, complementar ao estado de sono, ocorrente no ser humano e em outros seres vivos, em que há máxima ou plena manifestação da atividade perceptivo-sensorial e motora voluntária. Esteatorreia: presença excessiva de gordura nas fezes. Estertor: Respiração anormal, rouca e entrecortada, típica dos que sofrem de doenças respiratórias. Estrabismo: desvio de um dos olhos da direção correta, de modo que o indivíduo não consegue dirigir simultaneamente os eixos visuais para o mesmo ponto; tropia. Estrangúria: micção, emissão lenta e dolorosa da urina; dor ao urinar. Expectoração: expulsão, por meio da tosse, de secreções provenientes da traqueia, brônquios e pulmões. Fâneros: Fâneros ou fâneros cutâneos são as estruturas visíveis da pele. Compreendem os cabelos, pelos e unhas. Febre: Elevação da temperatura corporal acima de 37 – 37,8 o C (os valores divergem na literatura); pirexia. Flatulência: emissão de gás pelo ânus. Fontanela: espaço membranoso entre os ossos do crânio que ainda não se encontra ossificado quando do nascimento do bebê; fontículo, moleira. Fotofobia: aversão à luz pela dor que ela produz em casos de afecções oculares ou neurológicas. Fratura: rompimento, quebra. Frigidez: falta de desejo sexual tanto em homens e mulheres. Gagueira: termo comum para disfemia - distúrbio da fala, caracterizado por contrações musculares, que ocasionam repetições ou dificuldades na articulação e propagação verbal de sílabas ou palavras. Gengivorragias: hemorragia espontânea que se produz nas gengivas. Glossodinea: dor na língua. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 18 www.medresumos.com.br Hábito intestinal: número de evacuações diárias, aspecto das fezes. Halitose: cheiro desagradável na boca, mau hálito; ozostomia. Hematêmese: vômito de sangue. Hematúria: presença de sangue na urina. Hemoptise: expectoração de sangue proveniente dos pulmões, traqueia e brônquios, mais comumente observável na tuberculose pulmonar. Hemorragia: escoamento de sangue fora dos vasos sanguíneos. Hipermenorreia: menstruação excessiva. Hipersensibilidade: sensibilidade excessiva. Hipomenorreia: Hemorragia menstrual escassa. Hiposmia: baixa sensibilidade olfativa. Humor: comicidade em geral; graça, jocosidade. Icterícia: sinal comum a várias doenças relacionadas com o metabolismo e/ou excreção das bilirrubinas, caracterizada pela coloração amarela dos tecidos e das secreções orgânicas, resultante da presença anormal de pigmentos biliares. Incontinência: incapacidade de controlar, de reter a emissão de uma excreção, esp. da bexiga ou dos intestinos. Infantilismo: persistência patológica no adulto de certos caracteres morfológicos, sexuais ou psicológicos próprios da criança. Insônia: falta de sono; dificuldade prolongada e anormal para adormecer; incapacidade de dormir adequadamente; assonia, insonolência. Irritabilidade: qualidade ou estado de irritável. Lacrimejamento: Eliminação de lagrimas independente do choro. Libido: procura instintiva do prazer sexual; desejo. Luxação: deslocamento de dois ou mais ossos com relação ao seu ponto de articulação normal. Mastalgia: Dor na mama; mastodinia. Melancolia: estado mórbido caracterizado pelo abatimento mental e físico que pode ser manifestação de vários problemas psiquiátricos, hoje considerado mais como uma das fases da psicose maníaco-depressiva. Menopausa: interrupção fisiológica dos ciclos menstruais, devida à cessação da secreção hormonal dos ovários. Menorragia: aumento excessivo da quantidade do fluxo menstrual, que perdura por intervalos regulares, sem que se altere a duração habitual da menstruação. Metrorragia: hemorragia uterina em intervalos irregulares, e que ocorre fora da menstruação; uterorragia. Motricidade: conjunto de funções nervosas e musculares que permite os movimentos voluntários ou automáticos do corpo. Náusea: a sensação de desconforto no estômago com uma vontade urgente de vomitar. Nistagmo: movimento oscilatório e/ou rotatório do globo ocular. Noctúria: ocorre quando a pessoa urina muito durante a noite, mais especificamente quando a pessoa acorda para urinar mais de duas vezes durante a noite. Nódulo: lesão sólida, elevada, geralmente bem delimitada e de origem epitelial ou conjuntiva. Obstrução nasal: diminuição da quantidade de ar que consegue passar pelas fossas nasais durante a inspiração. Odinofagia: deglutição com dor. Odinogafia: dor ao deglutir. Oligomenorreia: a menstruação com frequência anormal, em intervalos de mais de 35 dias. Oligúria: secreção insuficiente de urina (<400-500 ml de urina/24h). Ortopneia: dificuldade de respiração provocada por certas doenças, esp. quando o paciente se encontra deitado. Otorragia: é um tipo de hemorragia interna exteriorizada que acomete o canal auditivo. Esta expectoração sanguinolenta pode ser ocasionada por uma variedade de fatores tais como lesão no ouvido, por fratura craniana, trauma no canal auditivo, infecções graves, aneurismas,
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