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FUNÇÕES ECÔNOMICAS DO ESTADO Podemos entender Estado como uma instituição organizada politicamente, socialmente e juridicamente, ocupando um território definido e dirigida por um governo que possui soberania reconhecida tanto interna como externamente. Ele é responsável pela organização e pelo controle social, pois detém, segundo Max Weber, o monopólio legítimo do uso da força (coerção, especialmente a legal) sendo por isso o guardião da ordem social. O Estado surge como resultado de um processo histórico formado por basicamente três elementos: povo; território e poder político (alguns autores incluem o elemento finalidade). Esse ente de caráter público necessita de recursos para desenvolver atividades cada vez mais complexas. Dessa forma ele necessita bem administrar as receitas que tem para que possa maximizar sua aplicação, buscando o máximo de eficiência. Para tanto, é necessária uma ferramenta que auxilie o dirigente no planejamento e controle das atividades relacionadas à captação de recursos e seu dispêndio, a chamada Atividade Financeira do Estado – AFE. Essa ferramenta é o Orçamento Público. II. ORIGEM E EVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO PÚBLICO. A Relação do Estado com seu povo evoluiu através dos tempos em todos os aspectos. Nesse trabalho nos interessa evolução da forma como o Estado desenvolve sua atividade financeira, ou seja, a forma como ele obtém recursos para manter sua estrutura e a maneira como os despende. Inicialmente surge um Estado absolutista em que o soberano era detentor do poder absoluto e usa esse poder conforme sua vontade. Nesse momento histórico o Estado é representado pelo próprio monarca que encarna um poder dito divino. Em função de tal distorção, o Estado é intrusivo, invadindo e interferindo na vida de todos, em todos os aspectos e sem nenhum limite, retirando arbitrariamente de seus cidadãos os recursos que necessita sem nenhum critério e sem nenhum compromisso com qualquer tipo de contraprestação. Nesse momento, se existe orçamento, ele não é público, pois o povo em nada interfere na Atividade Financeira do Estado - AFE, ao contrário, tem que se submeter a ela. É da insatisfação relacionada a essa atuação arbitrária que surgem os primeiros conceitos de Orçamento Público quando, em 1.215, na Inglaterra, sob a regência do Rei João Sem Terra, os cidadãos se contrapõem à cobrança arbitrária de tributos. A Carta Magna da época passou a exigir autorização parlamentar para a instituição e major ação de gravames tributários. Surge então a primeira ideia de Orçamento Público. A partir do século XVII, a intervenção estatal é fortemente repelida por importantes pensadores, defensores do movimento denominado liberalismo. Essa corrente de pensamento defendia a legitimidade de um poder democrático pautado na livre iniciativa, liberdade de expressão e concorrência econômica, tendo por base a legalidade firmada em um documento supremo denominado Constituição. Com o advento da Revolução Francesa (1.789) esse Estado intrusivo foi totalmente rechaçado e o Estado idealizado a partir de então foi aquele dito Estado Mínimo, que permitia a maior liberdade possível ao cidadão além de ser responsável somente pelas ditas funções essenciais, como a defesa da soberania, provimento da justiça, segurança, dentre outras. É a vivificação do ditame laissez faire-laissez passer, inspirado em autores como Adam Smith e sua obra Riqueza das Nações, que pregava o afastamento completo da mão estatal sobre a atividade econômica, devendo o poder dos governos agir apenas para manter a ordem e estabilidade sociais, necessárias ao livre desempenho das relações comerciais e da exploração da economia pelos particulares. A regulação do mercado ocorreria naturalmente segundo as leis da economia de demanda e oferta, a denominada “mão invisível do mercado”. Porém, mesmo sendo mínimo, esse Estado também necessitaria de um mínimo de recursos que deveriam ser tirados de seus cidadãos segundo um sistema baseado na legalidade e igualdade. Nesse contexto, o Orçamento Público, muito pouco intervia na economia, limitando sua atividade financeira à obtenção de recursos para manutenção de suas funções básicas. A partir do século XIX, de forma gradativa, o orçamento evolui e deixa de caracterizar-se por mera postura de neutralidade, própria do laissez-faire, e passa a ser mais intervencionista, no sentido de corrigir as imperfeições do mercado e promover o desenvolvimento econômico. No Brasil a matéria orçamentária foi prevista pela primeira vez pela Constituição de 1.824 e a primeira lei orçamentária surgiu em 1.830. Em 1917, inspiradas nas ideias de Marx, ocorre a Revolução Russa que propõe um Estado máximo, garantindo todas as necessidades coletivas com um consequente controle total de todas as atividades econômicas, essa ideia de estado é o contraponto ao Estado Liberal pregado até então e colocado como alternativa a ele. O Orçamento Público passa a ser o principal agente econômico já que é por meio dele que todas as necessidades serão satisfeitas. Com a o advento da primeira grande guerra (1914 a 1918) e com a quebra da bolsa de New York em 1.929, com terríveis consequências que afundaram o mundo na chamada “Grande Depressão”, o liberalismo excessivo passou a ser questionado. A partir de então, com inspiração em obras de pensadores como Keynes, passou-se a ser visto como necessário o posicionamento do Estado frente à economia como um agente de fomento, controle e promotor da redistribuição de renda em busca de uma sociedade mais igualitária, usando como instrumento a disponibilização de serviços sociais financiados por meio da arrecadação e pela própria atividade empresarial do Estado. A partir desse momento buscava-se um modelo de estado que estivesse entre o Liberal e o Comunista. Foi particularmente a partir da chamada revolução Keynesiana que o Orçamento Público passou a ser concebido como instrumento de política fiscal, com vistas à estabilização, à expansão ou à retração da atividade econômica a depender da necessidade e da opção política do governante, papel que ocupa até hoje. Antes, já existia a ideia de um Estado Social- Democrático onde seus teóricos acreditavam que a transição para uma sociedade socialista poderia ocorrer sem uma revolução armada, mas por meio de uma evolução democrática. Com o advento da Segunda Grande Guerra e a expansão do comunismo pelo mundo, esse movimento ganhou força na reconstrução da Europa e do Japão, surgindo como uma concepção de um Estado intermediário, alternativo ao Liberal e ao Comunista. Como uma distorção do Estado Social-Democrático surge então o Estado do Bem-Estar Social, o WelFare State, onde todo cidadão teria direito a um conjunto de benefícios sociais fornecidos pelo Estado (- O Estado do Bem-estar também é conhecido por sua denominação em inglês, Welfare State. Os termos servem basicamente para designar o Estado assistencial que garante padrões mínimos de educação, saúde, habitação, renda e seguridade social a todos os cidadãos-). Os Estados de bem-estar social desenvolveram-se principalmente na Europa, onde seus princípios foram defendidos pela socialdemocracia, tendo sido implementado com maior intensidade nos Estados Escandinavos tais como Suécia, Dinamarca, Noruega e Finlândia. Entretanto, tal sistema também não pôde se sustentar isso em função do alto endividamento do Estado e da crescente demanda por cada vez mais benefícios sociais por parte da população. Tal crise teve como ápice a década de setenta, em que o mundo enfrentou grave estagnação econômica e crescimento reduzido. O Estado do Bem-Estar Social entra em crise e passa a recuar, voltando, pelo menos em parte, às bases do Estado Liberal. Por intermédio de privatizações, passa para o setor privado parte de suas atividades. Porém, essa volta ao Liberalismo não é completa, o Estadonão se retira totalmente da atividade, ao privatizá-la ele passa a regular tal atividade por meio de agências reguladoras, pelo menos aquelas entendidas como essenciais. Esse novo modelo de estado é chamado de Neoliberal. Esse modelo também ganhou força com a derrocada comunista pelo mundo que não aparentava mais ser uma alternativa viável ao capitalismo. Desse pequeno resumo podemos dividir historicamente o papel do estado e, consequentemente do Orçamento Público, na economia em: 1) Estado totalitário Estado intrusivo e arbitrário sem qualquer garantia, sem publicidade e principalmente sem legalidade, onde o dirigente personificava o próprio Estado e de forma arbitrária retirava os recursos do povo aplicando-os da forma como melhor lhe convinha, sem qualquer tipo de compromisso com a satisfação popular. Orçamento que não se podia se considerar público. 2) Estado liberal (partir do século XVIII) Estado mínimo regido pela égide da legalidade e garantindo apenas as necessidade públicas fundamentais à sua existência como justiça, segurança, defesa externa (Adams Smith). Orçamento Público voltado apenas para a manutenção das atividades essenciais do Estado e para suprir as falhas de mercado, com um mínimo de intervenção econômica. 3) Estado socialista (de 1917 a meados da década de 90) Estado interventor, garantindo todas às necessitas públicas regendo e atuando em todos os setores econômicos, sendo assim um estado máximo. Orçamento Público máximo envolvendo toda a atividade econômica. 4) Estado do Bem-Estar Social ou Estado-providência (segunda metade do século XX) Estado participando ativamente da economia intervindo principalmente em fases de recessão econômica visando fomentar emprego e a renda nacional e disponibilizando um conjunto de garantias sociais mínimas ao cidadão. Orçamento como instrumento de política fiscal, com vistas à estabilização, à expansão ou à retração da atividade econômica, é utilizado como instrumento de políticas anticíclicas. 5) Estado Neoliberal O estado se retira da economia privatizando parte de suas atividades, mas se mantem regulando as áreas mais importantes como energia e saúde, por meio de Agências Reguladoras. Orçamento permanece como instrumento de política fiscal, com vistas à estabilização, à expansão ou à retração da atividade econômica, é utilizado como instrumento de políticas anticíclicas, só que agora com intensidade menor. FUNÇÕES ECONÔMICAS DO ESTADO A atuação do governo na economia é extremamente complexa e necessita de recursos para o desempenho de suas funções. As funções do governo na atualidade são uma área do conhecimento humano que têm por finalidade a análise e interpretação dos fenômenos inerentes à atividade financeira do estado, bem como a proposição de formas de intervenção na realidade econômica e social. Nos tempos atuais, a grande maioria dos países adota um sistema econômico misto, no qual convive de um lado o setor privado, representado por empresas particulares que geram bens e serviços com a finalidade de obtenção de lucros e, de outro lado, o setor público, representado pelo Governo, exercendo tanto atividades de compra e de produção de bens e serviços, quanto atividades de regulação da vida econômica. Como vimos, essa participação do setor público na economia vem sendo objeto de debates ao longo da história. Nos anos 50 o economista Richard Musgrave , célebre economista americano, elencou as três principais funções econômicas exercidas pelo Governo nos tempos modernos: a função alocativa, a função distributiva ea função estabilizadora. Vejamos cada uma delas a seguir: 1) Função Alocativa O Governo atua no sentido de fazer ajustamentos na alocação dos recursos produtivos dentro do sistema econômico, ou seja, trata de estimular a produção de bens que o setor privado não tem interesse em produzir ou o faz em qualidade ou quantidades insuficientes. Assim, é o Governo quem toma a iniciativa de construir estradas, barragens, ferrovias, portos, aeroportos, enfim, grandes obras de infraestrutura que exigem alto investimento e oferecem riscos elevados, mas que são fundamentais para o desenvolvimento futuro do país. Dessa forma o governo atua para minimizar as chamadas por Adam Smith de Falhas de Mercado. Também nessa linha é o Governo quem assume o compromisso de prover a sociedade com certos bens e serviços elementares, tais como Saúde e Educação, cujo custo no setor privado nem sempre é acessível para a grande maioria da população. 2) Função Distributiva Implica, na ação do Governo em promover ajustamentos na forma pela qual o sistema econômico distribui a renda gerada entre as pessoas, buscando reduzir as desigualdades sociais e regionais. O Governo faz estes ajustamentos através da sua política tributária, criando impostos progressivos sobre a renda, e através de sua política de gastos, realizando transferências para a população mais carente, por meio dos diversos programas sociais. Vale lembrar que nem todo tributo é progressivo e tem o condão de distribuir renda, os tributos sobre o consumo é um exemplo de tributos que não promovem a distribuição de renda. Já os tributos sobre a renda e o patrimônio quando progressivos desenvolvem bem essa função. Serve de exemplo o Imposto de Renda Pessoa Física, cobrado com alíquotas diferenciadas conforme a faixa de renda, onde quem ganha mais paga mais. A própria construção de escolas e hospitais públicos acaba se constituindo também numa forma de se fazer essa redistribuição de renda, dos mais favorecidos para as camadas mais pobres da sociedade. 3) Função Estabilizadora Cabe ao Governo zelar pela estabilidade das relações econômicas, assumindo um papel de monitoramento da conjuntura, notadamente sobre os índices de inflação e desemprego, taxa de juros, câmbio, e outros. O Governo é o responsável pelo gerenciamento macroeconômico, seja tomando medidas expansionistas, quando é necessário aumentar o nível da atividade econômica, seja também no sentido de conter a demanda por bens e serviços, quando há uma necessidade de reduzir a intensidade da inflação. Também no exercício desta função o Governo pode alterar seus níveis de gasto público, realizando maiores compras, quando deseja expandir o nível de atividade econômica, ou reduzindo seus gastos, quando quer provocar uma redução no nível geral da economia. Portanto, a atuação estatal tem um papel crucial na própria administração do sistema econômico. A participação do Governo no PIB – Produto Interno Bruto – dos principais países do mundo tem crescido consideravelmente, principalmente após a segunda guerra mundial. No Brasil esta tendência também tem se verificado. Diante do peso relativo do Governo na produção e demanda por bens e serviços, coloca-se como uma condição fundamental para o bom funcionamento da economia que a gestão dos recursos públicos seja feita da forma mais eficiente possível. É nesse ponto que entra o papel do Orçamento Público. Constitui-se o mesmo no instrumento básico de gestão das formas de obtenção dos recursos necessários à execução dessas atividades, e os meios pelos quais esses recursos serão gastos. O conjunto dessas ações é denominado atividade financeira do estado. II. ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO Para atender as demandas sociais por serviços públicos a administração pública desenvolve a chamada atividade financeira do Estado que compreende a obtenção de receitas para serem despendidas em favor de toda a sociedade na forma dos bens e serviços requeridos por todos. Atividade financeira é o conjunto de ações desenvolvidas pelo Estado voltadas a obtenção, controle e aplicação de recursos destinados a custear os meios necessários para cumprir o fim a que se destina. Pode-se resumir a atividadefinanceira do Estado em três principais elementos: 1) Receita pública: Constitui-se nas atividades voltadas para obtenção de recursos financeiros próprios advindos das diversas fontes legalmente previstas: a fiscal, derivada do patrimônio e da renda das pessoas; a produtiva, derivada da atividade do Estado enquanto empresário; a patrimonial, derivada da exploração do patrimônio estatal, dentre outras. É denominada fonte primária de recursos. 2) Despesa pública: Constitui-se na aplicação dos recursos auferidos na busca do bem comum. 3) Crédito Público: Constitui-se na obtenção de recursos com terceiros a título de endividamento para complementar a fonte de recursos primários, ou seja, cobrir desequilíbrio orçamentário. Também denominado fonte secundária. A atividade financeira do Estado é extremamente sensível, pois interfere diretamente na vida de todos os cidadãos, por um lado auferindo receitas extraída diretamente do patrimônio e da renda das pessoas, afinal uma de suas principais fontes de receita é a tributária, por outro lado tendo que acomodar a satisfação de todos por meio das despesas realizadas. Diante de tanta importância, essa atividade deve ser legalmente regulada e a base dessa regulamentação, no caso do Brasil, está na Constituição Federal, em Leis e em outros instrumentos normativos de menor hierarquia, que autorizam os gestores públicos a anualmente prever a arrecadação de receita e fixar a realização de despesa. O Direito Financeiro é ramo das ciências jurídicas que, dentre outras coisas, estuda a forma como a atividade financeira é desenvolvida com enfoque voltado para o arcabouço legal que a ampara. No Brasil, a base desse ramo do direito está na Constituição, na lei 4.320/64, uma lei nacional que estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal e em outros instrumentos normativos. É importante observar que, por ser de âmbito nacional, essa lei sujeita aos seus mandamentos todos os entes federados. Diante de todo exposto e imaginando a complexidade que seja governar um país, é fácil chegar a conclusão deque a atividade financeira do Estado deve ser planejada e coordenada e o Governo é o responsável por essa gestão. No desenvolvimento dessa atividade o governo vai então arrecadar as receitas e aplica-las em despesas de forma ordenada e planejada, buscando maximizar tais aplicações e, buscando ainda, o menor grau de interferência possível no patrimônio e na renda das pessoas, sem perder de vista o equilíbrio. Essa atividade é instrumentalizada pelo Orçamento Público que se constitui em um mecanismo financeiro destinado a prever a arrecadação das receitas e fixar a realização das despesas de forma organizada e planejada. Porém, não é simples assim, em função das magnitudes das demandas sociais, muitas vezes o Estado não encontra recursos suficientes entre as receitas produzidas por ele ou arrecadadas junto a população, tendo então que recorrera outras fontes para poder bem cumprir suas funções. Para tanto o Estado se utiliza do chamado Crédito Público, que nada mais que é que o endividamento do Estado para financiar suas atividades. Levando em consideração a arrecadação de receitas, a fixação de despesas e a necessidade de endividamento, a equação fundamental no âmbito da Gestão Fiscal, ou seja, da gestão das finanças públicas, fica assim representada: Resultado = Receita – Despesa Essa equação pode assumir três configurações distintas, conforme a relação estres os três elementos da atividade financeira do Estado gerando as seguintes situações: 1)Receita < Despesa - Déficit Fiscal. Essa situação leva a um aumento da Dívida Pública. 2)Receita = Despesa - Situação de Equilíbrio Fiscal. 3)Receita > Despesa - Superávit Fiscal. A situação ideal é aquela em que o Governo apresente um resultado igual a zero, ou seja, o montante de recursos arrecadados pela sociedade (Receita) deve ser integralmente utilizado em ações que a beneficiem (Despesa). III. ORÇAMENTO PÚBLICO 1. CONCEITO A palavra orçamento é de origem italiana "orzare", que significa "fazer cálculos". Assim orçamento nada mais é que calcular receitas e despesas públicas. Apesar de poder ser tão singelamente conceituado, o Orçamento Público tem conotação muito mais ampla, pois, dentro da atividade financeira do Estado, o orçamento se constitui num instrumento do Governo para elaborar seu plano de trabalho, anunciar à sociedade as ações que serão realizadas, agir na busca do bem comum, controlar a execução dessas ações e avaliar o grau de sucesso nas suas operações. Dessa forma o Orçamento Público está intimamente ligado a ideia de democracia, onde o governante busca no povo, mesmo que indiretamente, a aprovação para suas realizações. Assim, com o fim de cumprir as funções econômicas, o Orçamento Público é o instrumento pelo qual o Governo elabora, expressa, executa e avalia o cumprimento de suas atividades em cada período de gestão. Vejamos algumas definições já consagradas sobre o Orçamento Público: “É uma lei de iniciativa do poder executivo, e aprovada pelo Poder Legislativo, que estima a receita e fixa a despesa da administração governamental. Essa lei deve ser elaborada por todas as esferas de governo em um exercício para, depois de devidamente aprovada, vigorar no exercício seguinte” (ABOP – Associação Brasileira de Orçamento Público, Glossário de termos orçamentários e afins).“A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e anualidade”(Art. 2º. da Lei no 4.320/64). “É o ato pelo qual o Poder Executivo prevê e o Poder Legislativo lhe autoriza, por certo período, e em pormenor, a execução das despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei” (Aliomar Baleeiro). Segundo CELSO RIBEIRO BASTOS a finalidade última do orçamento "é de se tornar um instrumento de exercício da democracia pelo qual os particulares exercem o direito, por intermédio de seus mandatários, de só verem efetivadas as despesas e permitidas as arrecadações tributárias que estiverem autorizadas na lei orçamentária. O orçamento é, portanto, uma peça jurídica, visto que aprovado pelo legislativo para vigorar como lei cujo objeto disponha sobre a atividade financeira do Estado, quer do ponto de vista das receitas, quer das despesas. O seu objeto, portanto, é financeiro" (in "Curso de Direito Financeiro e de Direito Tributário", 2ª edição, Saraiva/1992. I. EXERCÍCIOS. A necessidade de atuação econômica do setor público prende-se à constatação de que o sistema de preços não consegue cumprir adequadamente algumas tarefas ou funções. Assim, é correto afirmar que: a) A função distributiva do governo está associada ao fornecimento de bens e serviços não oferecido suficientemente pelo sistema de mercado. b) A função alocativa do governo está relacionada com a intervenção do estado na economia para alterar o comportamento dos níveis de preços e emprego. c) O governo funciona como agente redistribuidor de renda através da tributação, retirando recursos dos segmentos mais ricos da sociedade e transferindo-os para os segmentos menos favorecidos. d) A função estabilizadora do governo está relacionada ao fato de que o sistema de preços não leva a uma justa distribuição de renda. e) A distribuição pessoal de renda pode ser implementada por meio de uma estrutura tarifária regressiva. 2. A adoção do orçamento moderno está associadaà concepção do modelo de Estado que, desde antes do final do século XIX, deixa de caracterizar-se por mera postura de neutralidade, própria do laissez-faire, e passa a ser mais intervencionista, no sentido de corrigir as imperfeições do mercado e promover o desenvolvimento econômico. 3. A ação do governo por meio da política fiscal abrange as funções alocativa, distributiva e fiscalizadora. 4. A Constituição Federal atribui ao Poder Executivo à responsabilidade pelo sistema de planejamento e orçamento que tem a iniciativa dos seguintes projetos de lei. Assinale a resposta correta que contém os nomes dos documentos que são objetos destes projetos de lei. a) Plano de Aceleração do Crescimento, Diretrizes Orçamentárias e Orçamento Anual. b) Diretrizes Orçamentárias, Orçamento Anual e Balanço Orçamentário. c) Plano Plurianual, Diretrizes Orçamentárias e Orçamento Anual. d) Plano Plurianual, Plano de Aceleração do Crescimento e Orçamento Anual. e) Plano Plurianual, Orçamento Anual e Balanço Orçamentário. 5. A necessidade de definição clara e precisa dos objetivos governamentais é condição básica para a adoção do orçamento-programa. No caso, por exemplo, de tornar-se um rio navegável, serão necessárias indicações sobre os resultados substantivos do programa, que envolverão informações, tais como redução no custo do transporte e diminuição dos acidentes e das perdas com a carga. 6. Acerca de noções de orçamento público, julgue os itens a seguir. O orçamento de base zero tem a grande vantagem de permitir a elaboração de proposta orçamentária por meio de processo mais célere e menos oneroso para os órgãos públicos. 7. De acordo com o Decreto nº 2.829/98, cada programa do governo federal deverá conter: a) o valor unitário e o indicador que quantifique a situação que o programa tenha por fim modificar. b) as metas correspondentes aos bens e serviços necessários para atingir o objetivo e o servidor responsável. c) o prazo de conclusão e a regionalização das metas por estados. d) a fonte de financiamento e a regionalização das metas por municípios. e) o valor global e prazo o para início da execução do programa. 8. Acerca do direito constitucional brasileiro, julgue os itens seguintes. Competem, a uma comissão mista permanente de senadores e deputados, o exame e a emissão de parecer sobre os projetos relativos às diretrizes orçamentárias. 9.O orçamento-programa foi introduzido no Brasil por meio da Lei no 4.320/64 e do Decreto-Lei no 200/67. A Constituição Federal de 1988 consolidou definitivamente o orçamento-programa no Brasil, ao vincular o processo orçamentário ao PPA, à LDO e à LOA. Orçamento-programa é um: a) Documento que prevê apenas a fixação da despesa e a previsão da receita, constituindo a principal peça contábil-financeira para a orientação da ação governamental. b) Programa que compreende as metas e prioridades da Administração Pública Federal, orienta a elaboração da Lei Orçamentária Anual, dispõe sobre as alterações na legislação tributária e estabelece a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. c) Documento que se preocupa com a efetividade e a eficiência dos gastos públicos das estatais. d) Plano de trabalho, um instrumento de planejamento da ação do governo, por meio da identificação dos seus programas de trabalho, projetos e atividades, além do estabelecimento de objetivos e metas a serem implementados, bem como a previsão dos custos relacionados. e) Plano de trabalho que tem por finalidade estabelecer as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal, de forma regionalizada, orientando a ação governamental apenas dos governos subnacionais. 10.O orçamento-programa permite a alocação de recursos visando à consecução de objetivos e metas, além da estrutura do orçamento ser direcionada para os aspectos administrativos e de planejamento, o que vai ao encontro do planejamento e da gestão estratégica. 11.O tipo de orçamento adotado pelos governos no Brasil, cujo principal objetivo é a articulação com o planejamento, denomina-se: a) Orçamento-programa. b) Orçamento participativo. c) Orçamento por desempenho. d) Orçamento clássico. e) Orçamento de base zero. 12.Sobre os modelos de Orçamento Público: I. O orçamento de base zero é uma técnica utilizada para a confecção do orçamento- programa, consistindo basicamente em uma análise crítica de todos os recursos solicitados pelos órgãos governamentais e no questionamento acerca das reais necessidades de cada área, não havendo compromisso com qualquer montante inicial de dotação. II. O orçamento tradicional ou clássico é aquele em que constam apenas a fixação da despesa e a previsão da receita, sem nenhuma espécie de planejamento das ações do governo. III. O orçamento de desempenho ou por realizações pode ser entendido como um plano de trabalho, um instrumento de planejamento da ação do governo, por meio da identificação dos seus programas de trabalho, projetos e atividades, além do estabelecimento de objetivos e metas a serem implementadas, bem como a previsão dos custos relacionados. IV. Apesar de ser um passo importante, o orçamento-programa ainda se encontra desvinculado de um planejamento central das ações do governo. V. No orçamento de desempenho ou por realizações o gestor se preocupa com o resultado dos gastos e não apenas com o gasto em si, ou seja, preocupa-se em saber o que o governo faz e não o que governo compra. a) Estão corretas APENAS as afirmativas III, IV e V. b) Estão corretas APENAS as afirmativas I e II. c) Estão corretas APENAS as afirmativas I, II e V d) Estão corretas APENAS as afirmativas II, III e IV. e) Estão corretas APENAS as afirmativas III e IV. 13. No processo de reforma da administração pública brasileira, têm sido apresentadas mudanças de impacto no processo de planejamento e orçamento, baseando-se na busca de uma administração menos burocrática e mais gerencial, com efetiva orientação para resultados. Neste sentido, há um esforço para integrar planos e orçamentos por meio de um instrumento de organização das ações governamentais, visando à concretização dos objetivos pretendidos pela gestão pública, denominado de: a) Plano de governo; b) Projeto; c) Atividade; d) Programa; e) Operações especiais. 14.Assinale a alternativa que define corretamente uma das mudanças introduzidas no processo orçamentário pela Constituição Federal de 1988: a) Recuperou a figura do planejamento na administração pública brasileira, mediante a integração entre plano e orçamento por meio da criação do Plano Plurianual (PPA) e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). b) Concluiu o processo de modernização orçamentária, criando, além do Orçamento Monetário, o Orçamento Fiscal e o Orçamento da Seguridade Social. c) Restaurou a prerrogativa do Congresso Nacional de iniciativa de proposição de lei em matéria orçamentária ao longo de todo o ciclo orçamentário. d) Unificou o processo orçamentário, desde a definição de diretrizes para o exercício financeiro subsequente no PPA, até a aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA). e) Eliminou a multiplicidade de peças orçamentárias, unificando-as no Orçamento Fiscal. 15.Considerando a comparação entre o orçamento-programa e o orçamento tradicional, assinale a opção correta. a) A utilização sistemática de indicadores e padrões de medição do trabalho e dos resultados é comum a ambos. b) O orçamento-programa é um instrumento dos processos de planejamento e programação governamentais. c) Os custos dos programas são medidos por meio das necessidades financeiras de cada unidade organizacional em ambos os casos. d) No orçamento-programa, a alocação de recursosé efetuada prioritariamente para a manutenção das atividades típicas de cada órgão ou entidade.
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