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O Pioneirismo Português O processo de constituição da unificação nacional portuguesa foi a primeira da Europa e teve início com a expulsão dos mouros de seu território, ainda no século XII, é implantada a primeira dinastia portuguesa, a de Borgonha. Se por um lado esse processo permitiu a centralização do estado português, por outro lado ele esteve sempre ameaçado der se incorporado ao reino de Leão ou ao de Castela pois, dos três reinos, Portugal era o que tinha menor poder bélico, havia também a possibilidade de uma aliança entre ambos contra Portugal. Sempre é bom lembrar que nesse período a riqueza de um reino era medida por sua extensão territorial logo, estando os três reinos localizados em uma península, a possibilidade de expansão geográfica mais provável era a anexação do vizinho. Contra essa possibilidade agiu primeiro Portugal adotando uma política de alianças através de casamentos reais com Castela. O que seria a solução acabou tornando-se um problema. Em 1383, Dom Fernando I, rei português, morreu sem deixar filho varão, ora a linha de sucessão natural seria sua filha Beatriz, casada com o rei de Castela, Dom João I. A incorporação portuguesa a este reino era o próximo passo se Dom Fernando não tivesse um irmão bastardo, Dom João, mestre da Ordem de Avis. Castela declarou guerra à Portugal e a sociedade portuguesa se dividiu, parte apoiava Dom João I e, consequentemente a anexação e parte, justamente temerosa que ela acontecesse, defendia a coroação do mestre de Avis. Essa guerra, conhecida como Revolução de Avis, durou cerca de dois anos e ao seu término dom João foi coroado rei, iniciando-se assim a dinastia de Avis. Entretanto, a nova dinastia surge atolada em problemas financeiro e precisando garantir terras e títulos para aqueles nobres que uniram em favor de Dom João e se “reconciliar” com a parcela de sua nobreza que lutou a favor de Castela. A busca por novas rotas comerciais e terras era imperiosa para tirar Portugal da crise. O norte da África, mais especificamente Ceuta, foi a opção portuguesa, como dissemos acima, a região concentrava um comércio que possibilitaria à acesso a ouro, a especiarias, a tecidos, a grãos etc., além de atender os anseios de sua nobreza. Embora a tomada de Ceuta em 1415, não tenha surtido o efeito desejado, os locais abandonaram a região e os mercadores alteraram as rotas das caravanas, Portugal enfrentou permaneceu naquela praça e resolveu ampliar a conquista empreendendo o Périplo Africano (contorno do continente africano) com objetivo de estabelecer um novo caminho para as Índias. O ponto principal que precisamos compreender é que espremido entre os reinos de Castela e Aragão de um lado e pelo oceano Atlântico de outro, não restava a Portugal senão se aventurar no Mar Oceano. E deu certo, a conquistadas ilhas atlânticas – Açores, Madeira, Canárias –, o estabelecimento de feitorias na costa da África e a conclusão da rota para as Índias, possibilitaram um afluxo de mercadorias, ouro, prata, marfim, escravos etc. Abordemos agora outro aspecto dessa expansão, o Tratado de Tordesilhas. Certamente vocês já ouviram alguém afirmar que Portugal ficou em desvantagem afinal, a Espanha ficou com a maior parte do território. E se disséssemos que os portugueses queriam mesmo era a água? Seu interesse era assegurar a exclusividade de navegação no Atlântico Sul, garantir sua rota significava obter o monopólio de todo o comércio feito nas Índias. “Consolidava-se, dessa forma, a divisão do mundo prevista no Tratado de Tordesilhas em 1494. Para Portugal, Tordesilhas representou, no esquema geral da construção do império, um grande êxito e possibilitou a implantação da política de mare clausum – o fechamento dos mares aos navios de nações concorrentes. Essa política se justificava pelos altos custos, e riscos, do empreendimento marítimo. A conquista da África e a abertura do caminho para as Índias só seriam possíveis se os esforços fossem altamente remunerados. Para isso era necessário manter o controle sobre o preço, bem como sobre o volume, dos produtos orientais – as famosas especiarias. Cabia assim, impedir qualquer concorrência estrangeira, impondo o exclusivo colonial, ou seja, o monopólio sobre o comércio das novas áreas descobertas.”1 1 SILVA, Francisco Carlos Teixeira da, “Conquista e Colonização da América Portuguesa”. In: LINHARES,Maria Yedda (org.). História Geral do Brasil. 8ª Edição. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 1990. (p. 27).
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