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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA xxª VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE FORTALEZA – CEARÁ. Processo nº 0001234-15.2013.5.07.0044 feito tramita associado à ConPag nº 123443-09-2013-5-07-0044 RECLAMANTE: LRT RECLAMADO: INSTITUTO O INSTITUTO (qualificar de modo completo), neste ato representado por seus advogados abaixo assinados, devidamente qualificados no instrumento procuratório em anexo, vem, com o devido respeito, apresentar, tempestivamente, CONTESTAÇÃO à Reclamação Trabalhista interposta por LRT, o que faz nos termos a seguir aduzidos: PREJUDICIALMENTE DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. INTELIGÊNCIA DO ART. 7.º, XXIX, DA CF/88. Mister que sejam extintos, com julgamento do mérito, todos os pedidos concernentes a créditos trabalhistas anteriores a 12 de agosto de 2008, haja vista que se encontram fulminados pela prescrição quinquenal, nos termos do art. 7º, XXIX, da Constituição de 1988, pois que o Reclamante somente ingressou em juízo no dia 09 de setembro de 2013. Veja-se o disposto no normativo constitucional: Art. 7º (omissis): XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de 5 (cinco) anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 2 (dois) anos após a extinção do contrato de trabalho. (destacamos) Ante ao exposto, requer sejam extintos com julgamento do mérito, caso venham a ser discutidos em juízo, todos os pleitos exordiais, referentes a créditos trabalhistas atingidos pela prescrição quinquenal (anteriores a 12 de agosto de 2008), nos termos do art. 269, IV, do CPC (art. 487, II, CPC). Na hipótese de Vossa Excelência entender de forma diversa acerca da preliminar arguida, passamos a discutir a matéria fática concernente à defesa do Reclamado. SINOPSE DA PRETENSÃO EXORDIAL 1. O Reclamante afirma que foi admitido em 01/10/2001 para exercer a função de técnico em desenvolvimento tecnológico “A”, percebendo como última remuneração mensal o valor de R$ 2.080,00 (dois mil e oitenta reais); 2. Aduz que somente teve sua CTPS anotada pelo Reclamado em 01/02/2006 e que sua jornada era exercida entre segunda e sexta-feira no intervalo entre 8h e 18h, sempre com duas horas de intervalo para refeições, folgando semanalmente aos sábados e domingos; 3. Fala da irregular suspensão do contrato de trabalho em virtude de ter iniciado Curso de Especialização em Auditoria Ambiental no CEFETCE/CPQT às expensas do Instituto, em 07 de fevereiro de 2009, findando-o em fevereiro de 2011. Juntou documento apócrifo a título de histórico escolar. 4. Informa que no dia 12/08/2013 foi demitido sem justa causa, nada tendo recebido a título de verbas rescisória; 5. Pede a procedência da ação, pugnando pela irregular suspensão do contrato de trabalho; pedindo em sede de tutela antecipatória a “imediata expedição de alvarás para o levantamento dos valores a título de FGTS depositados e guias do seguro-desemprego”; pedindo ainda: aviso prévio indenizado, saldo de salários, férias de todo o período, 13º salário, depósitos do FGTS, indenização de 40% sobre o FGTS, indenização pela não liberação das guias de seguro desemprego, aplicação da multa do artigo 477, §8º, CLT, honorários advocatícios em 20% sobre o valor das verbas e concessão ao benefício da gratuidade da justiça. Indicou como valor da causa o quantum de R$ 117.616,27 (cento e dezessete mil seiscentos e dezesseis reais e vinte e sete centavos). É a síntese. DO DIREITO 1. DA REALIDADE DOS FATOS. DA IMPROCEDÊNCIA DOS PLEITOS FORMULADOS NA RECLAMAÇÃO INTERPOSTA. Excelência, os fatos não correspondem ao aduzido pelo Reclamante em sua peça inaugural, eis que sem amparo na realidade. Os documentos aqui acostados e os acontecimentos cotidianos são hábeis para demonstrar que a demanda é improcedente. Antes de analisarmos o que foi pedido na reclamatória, cabe indicar a Vossa Excelência que o INSTITUTO impetrou ação consignatória em favor do Reclamante em 21/08/2013, distribuída para a 9ª. Vara do Trabalho desta Comarca nos autos nº 000DSDF4-05.2013.5.07.0009, iniciativa tomada diante da dificuldade em localizá-lo para receber as verbas trabalhistas a que faz jus pela relação outrora mantida com o Reclamado. Fazem prova desta afirmativa as notificações extrajudiciais juntadas a esta contestação, bem como o termo de ciência de notificação assinado em 14/08/2013. A boa-fé do Reclamado em tentar honrar com suas obrigações perante o Reclamante, através da consignatória, ampara a presente peça contestatória, de onde se pode depreender a dificuldade do INSTITUTO em resolver a relação de trabalho com o ora Reclamante, que então impetrou a presente reclamação em 30/08/2013. 2. DO EQUÍVOCO DO RECLAMANTE AO INTERPRETAR A IRREGULAR SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO Excelência, o Reclamante, de início, trata da suposta irregularidade da resilição de seu contrato de trabalho com base no argumento de que se encontrava suspenso por ter cursado especialização em auditoria ambiental entre 07/02/2009 e fevereiro de 2011. Ora, cabe indicar que o Reclamante requereu UNILATERALMENTE afastamento sem remuneração de suas atividades laborais, sem especificar os motivos pelo período de 01 (um) ano, “a partir de 10 de abril de 2008”, pedido autorizado em 28/03/2008. (documento em anexo) Na data de 31 de março de 2009 o Reclamante apresentou novo pedido à presidência do Instituto (documento em anexo) informando realização de curso de especialização em auditoria ambiental iniciado em janeiro de 2009, pugnando a concessão de bolsa, ressaltando tratar-se de uma oportunidade de realização de um empreendimento profissional pessoal. Não obteve êxito em seu intento, tendo resposta formalizada por parte da Divisão de RH em nome do INSTITUTO na data de 13/05/2009. O diretor presidente, após apreciar o teor da comunicação interna nº 073/2009, deliberou pela autorização do afastamento sem remuneração em 14/05/2009, conforme documento juntado a esta contestação. Ademais, o artigo 476-A da legislação consolidada quando trata da suspensão do contrato de trabalho, especificamente em seu parágrafo 3º trata da hipótese na qual “o empregador PODERÁ conceder ao empregado ajuda compensatória mensal, sem natureza salarial, durante o período de suspensão contratual nos termos do caput deste artigo, com valor a ser definido em convenção ou acordo coletivo”. Ora, a hipótese aventada pelo § 3º do art. 476-A fala de uma faculdade do empregador e não de uma obrigação. De todo modo, acresce que o valor deverá ser definido através de convenção ou acordo coletivo, o que não ocorreu, tendo em vista que o INSTITUTO, fazendo uso de seu poder diretivo, dispensou o empregado, a pedido deste, por necessidade pessoal de estar na capital cearense, já que à época laborava no município de Piquet Carneiro. A licença para qualificação do Reclamante encontrou supedâneo no art. 38 das Normas de Gestão de Pessoal deste Instituto, conforme publicação anexa. De outra vertente, traz-se à discussão o teor do § 5º do art. 476-A que trata da possibilidade de dispensa do empregado no transcurso do período da suspensão que, expressamente não poderá ocorrer nos três meses subsequentes ao seu retorno ao trabalho. Ora, no caso em tela, a dispensa se deu em 12/08/2013, mais de 02 (dois) anos após a conclusão do curso que alega ter realizado. E a respeito desta alegação cabe questionamento, eis que nenhum documento comprobatório da realização do referido curso foi anexada à inicial, bem como não constanos registros do INSTITUTO que o Reclamante concluiu qualquer curso de especialização, muito menos a expensas de seu empregador. 3. DO NÃO CABIMENTO À PERCEPÇÃO DAS VERBAS TRABALHISTAS ELENCADAS NA INICIAL 3.1) DO PERÍODO DE VIGÊNCIA DO CONTRATO DE TRABALHO FIRMADO ENTRE RECLAMADO E RECLAMANTE Excelência, de início importa dizer que o Reclamante foi empregado do Reclamado no período compreendido entre 01/02/2006 a 13/08/2013. Caso tenha estabelecido algum outro tipo de relação de trabalho, diferente daquela cujo registro consta em sua CTPS, hipótese que se traz à baila com o objetivo de não se negar em enfrentar a questão, pode ter atuado junto ao Reclamado na qualidade de bolsista, já que se trata o INSTITUTO de uma organização social que trabalha com educação e pesquisa. Como trabalha com o fomento de pesquisas e realização de projetos tecnológicos, é natural que firme convênios com agências de fomento, a exemplo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNCAP. Sendo assim, por oportuno, desde já requer o Reclamado sejam oficiadas as Agências de Fomento à Pesquisa, em especial o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNCAP, com intuito de obter informações precisas acerca dos períodos em que foram concedidas bolsas em favor do Reclamante, bem como as peculiaridades e finalidades de cada bolsa concedida, se tiver sido o caso. 3.2) AVISO PRÉVIO INDENIZADO E SALDO DE SALÁRIOS Conforme o demonstrado, não há, nem fática e nem juridicamente quaisquer pendências do Reclamado em relação ao Reclamante, eis que o Aviso Prévio foi indenizado e devidamente depositado, conforme documento comprobatório em anexo. As obrigações pertinentes ao INSTITUTO na relação estabelecida entre as partes foram integralmente adimplidas, não se reconhecendo período de vínculo empregatício diverso daquele que consta na ficha de registro de empregado e em sua CTPS. Aduz ainda, em relação ao saldo de salários, que trabalhou 12 (doze) dias do mês de agosto de 2013, nada recebendo a título de saldo de salários. Ora, falta com a verdade o Reclamante, eis que em seu TRCT consta o valor de R$ 239,20 (duzentos e trinta e nove reais e vinte centavos) referentes ao período mencionado, o que já indica o cumprimento da obrigação de pagar por parte do Reclamado. 3.3) DAS FÉRIAS DE TODO O PERÍODO O Contestante efetuou o pagamento de todas as verbas rescisórias mediante ação de consignação em pagamento, incluindo-se as férias a que faz jus o Reclamante. Ressalte-se que todas as verbas consignadas já foram levantadas pelo Reclamante através de alvará, conforme se conclui do andamento processual indicado pelo id nº 1296156. Abaixo os valores pagos ao Reclamante sob a rubrica férias: Férias Vencidas Período Aquisitivo 02/02/2012 a 07/02/2013 R$ 2.145,73 1/3 Constitucional de Férias R$ 1.096,71 Férias indenizadas sobre aviso prévio R$ 143,05 Férias proporcionais 7/12 avos R$ 1.001,34 TOTAL R$ 4.386,83 3.4) 13° SALÁRIO Reafirma o Contestante que após o desligamento do Reclamante, todas as verbas laborais lhes foram depositadas, mediante a dificuldade em localizá-lo para recebê-las, tudo como o determinado pela Legislação. Assim, não há que se falar em pagamento de 13º salário e reflexos. 3.5) DA IMPROCEDÊNCIA DOS PLEITOS REFERENTES À FGTS + MULTA DE 40% Imperioso se faz o reconhecimento da total improcedência aos pedidos declinados na exordial, dado que todas as obrigações relativas ao vínculo empregatício entre a reclamante e o reclamado foram honradas. Portanto, incabível o pedido, eis que todos os depósitos foram realizados. 3.6) DESCABÍVEL A INDENIZAÇÃO PELA NÃO LIBERAÇÃO DAS GUIAS DE SEGURO DESEMPREGO Conforme o já disposto pelo INSTITUTO, ao Reclamante foram disponibilizadas as guias de seguro desemprego. Entretanto este não compareceu para homologação de sua rescisão, tampouco para recebimento das referidas guias. Embora, sobrepujando o não comparecimento do Requerente, entende o TST que a entrega das guias de seguro desemprego pelo empregador na despedida sem justa causa é obrigatória, mas o empregado que não a recebe não faz jus à indenização compensatória caso não preencha os requisitos para a obtenção do benefício. Caio Mário da Silva Pereira, tratando acerca da e indenização por dano patrimonial ou moral, “(...) é imprescindível, a par do erro de conduta do agente e da relação de causalidade entre a antijuridicidade da ação e o dano causado, a materialização do próprio dano, consistente na ofensa a um bem jurídico”. Neste sentido, a não entrega da guia de seguro desemprego na demissão sem justa do empregado por si só não gera indenização. INDENIZAÇÃO COMPENSATÓRIA DO SEGURO DESEMPREGO. AUSÊNCIA DE ENTREGA DAS RESPECTIVAS GUIAS. INEXISTÊNCIA DO DIREITO À VANTAGEM. DESCABIMENTO. 1- Como escreve Caio Mário da Silva Pereira, acerca da etiologia da indenização, por dano patrimonial ou moral, é imprescindível, a par do erro de conduta do agente e da relação de causalidade entre a antijuridicidade da ação e o dano causado, a materialização do próprio dano, consistente na ofensa a um bem jurídico. 2 - Em que pese a entrega das guias ser obrigação contratual do empregador, ela por si só não autoriza a obtenção do seguro- desemprego, sem o concurso dos requisitos elencados no art. 3º da Lei nº 7.998/90, de sorte que, inabilitado o empregado à percepção daquele benefício, não se materializa o dano patrimonial suscetível de lhe garantir o direito à indenização substitutiva. Recurso desprovido.4ª Turma TST-RR-380/2002-252-02-00.7. [Destacamos]. No caso, segundo o Ministro Barros Levenhagen (in Consultor Jurídico, 2005) "não obstante a falha patronal ao não lhe entregar as respectivas guias, não se evidenciou o dano patrimonial que deva ser reparado a título de indenização compensatória". De acordo com ele, é inconcebível o pagamento de indenização substitutiva a um direito inexiste "por estar subentendida a ausência do evento danoso que devesse ser reparado pecuniariamente pelo empregador". RR 380/2002. No caso em debate, não há que se falar em falha do Reclamado, eis que tentou, por diversas vezes, estabelecer contato com o Reclamante, sem êxito, conforme prova acostada nos autos. A propósito, conforme entendimento jurisprudencial, ainda que fosse devida a entrega de Comunicação de Dispensa ao Reclamante, mesmo assim seria indevido o pagamento do seguro desemprego em pecúnia: SEGURO DESEMPREGO - NÃO FORNECIMENTO DE GUIAS - INDENIZAÇÃO INDEVIDA. Seguro desemprego. Indenização. A entrega das guias do seguro-desemprego corresponde a obrigação de fazer, insuscetível de conversão em obrigação de dar, ou seja, não pode ser transformada em indenização pecuniária, à falta de Autorização legal. Sendo assim, ao sujeitar a Reclamada a ônus não previsto em lei, o juízo efetivamente inobserva o disposto no art. 5º, inc. II da Constituição Federal. Revista parcialmente conhecida e provida para excluir da condenação a indenização referente ao não fornecimento das guias de seguro desemprego. (Ac. un. da 5ª T. do TST - RR 168.809/95.0-3ª R - Rel. Min. Antonio Maria Thaumaturgo Cortizo - j. 07.02.96 - Recte.: Itacon Engenharia Ltda.: Recdo.: João Gualberto de Almeida - DJU 1 19.04.96, p. 12.475 - ementa oficial). [grifos nossos]. Dessa forma, não merece prosperar a pretensão de indenização referente ao seguro desemprego e, caso a contestante sejacondenada no referido título, o que se admite a título de argumentação, a indenização deverá tomar por base a tabela expedida pelo Ministério do Trabalho e Emprego. 3.7) DA IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO DE APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO § 8º, ARTIGO 477 DA CLT No que diz respeito à multa rescisória prevista no parágrafo 8º do artigo 477 da CLT, caso se considerasse a inexistência da quitação de todas as verbas rescisórias, o que apenas aqui se argumenta por extremo apego ao debate, restaria, mesmo assim, indevida a multa ora hostilizada em face da situação em debate que evidencia de forma contundente que, se problemas houve, foi relativo à dificuldade de contatos do Reclamado com o Reclamante. Inclusive, o próprio artigo 477 da CLT em seu parágrafo 8º traz a ressalva para as hipóteses em que o trabalhador der causa a mora no pagamento do que lhe é devido. Eis o teor do supramencionado artigo: Art. 477 – CLT. É assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado para a terminação do respectivo contrato, e quando não haja ele dado motivo para cessação das relações de trabalho, o direto de haver do empregador uma indenização, paga na base da maior remuneração que tenha percebido na mesma empresa. § 6º - O pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverá ser efetuado nos seguintes prazos: a) até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato; ou b) até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa de seu cumprimento. § 8º - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora. (grifos nossos). O teor do artigo 477, § 8º da CLT, que prevê a responsabilização do trabalhador, se consubstancia, no caso em tela, quando o Reclamante não atendeu à convocação do Reclamado a fim de homologar sua rescisão de trabalho, o que deu causa à não efetivação do pagamento. Assim, não há que se falar na aplicação da penalidade prevista no artigo 477, § 8º da CLT em desfavor do Reclamado, eis que nenhuma razão fática e jurídica há para que sofra tal reprimenda legal. 3.8) DA IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA E DA IMPROCEDÊNCIA DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E CONTRATUAIS No que concerne ao PLEITO DE CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA, improcede a pretensão exordial, haja vista que a Lei 5.584/70, em seu artigo 14, ao dispor sobre assistência judiciária, regulando a Lei 1.060/50, prescreve que na Justiça do Trabalho, a assistência será prestada pelo sindicato da categoria. Além disso, requer que seja indicada a situação econômica desfavorável do trabalhador, fato este que não foi comprovado nos autos. Vamos ao que o texto legal prescreve: Art 14. Na Justiça do Trabalho, a assistência judiciária a que se refere a Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, será prestada pelo Sindicato da categoria profissional a que pertencer o trabalhador. (...) § 2º A situação econômica do trabalhador será comprovada em atestado fornecido pela autoridade local do Ministério do Trabalho e Previdência Social, mediante diligência sumária, que não poderá exceder de 48 (quarenta e oito) horas. [Destacamos]. Ademais, a condenação em honorários advocatícios, nunca superior a 15% (quinze por cento) na Justiça Laboral, não decorre pura e simplesmente da sucumbência, mas, também, de requisitos legais que possibilitarão ou não a concessão do benefício, devendo se verificar as seguintes condições: ser beneficiário da gratuidade judiciária, assistência de advogado do sindicato e perceber remuneração mensal igual ou inferior ao dobro do salário mínimo legal. Desautoriza a própria legislação o pagamento dos honorários advocatícios pelo fato do Reclamante não implementar todas as condições supra, conforme determinam as Súmulas 219 e 329 do TST, assim como não comprovou estar em estado de miserabilidade de modo tal que não lhe permita demandar judicialmente sem prejuízo de seu sustento e de sua família. O Colendo TST já se manifestou diversas vezes neste sentido, tendo inclusive editado a OJ 305, a qual dispõe que “na Justiça do Trabalho, o deferimento de honorários advocatícios sujeita-se à constatação da ocorrência concomitante de dois requisitos: o benefício da justiça gratuita e a assistência por sindicato.” Neste sentido são os diversos julgados da SDI do Tribunal Superior do Trabalho, vejamos: RECURSO DE REVISTA – BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA - NA JUSTIÇA DO TRABALHO É INDISPENSÁVEL, DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA (LEIS NºS 1.060/50, 5.584/70 E 7.115/83), QUE O EMPREGADO ESTEJA DE FORMA PRESUMIDA OU DECLARADA, EM SITUAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA ECONÔMICA, POIS, TAMBÉM, DEVE ESTAR, DEVIDAMENTE ASSISTIDO POR SINDICATO DE SUA CATEGORIA PROFISSIONAL. Recurso de Revista ao qual não se conhece. Vistos, relatados e discutidos estes autos de recurso de Revista nº TST-RR-439.004/98.8, em que é recorrente Maria José Santana de Lima e recorrido município da estância balneária de praia grande. A Eg. 2ª turma, do TRT da 2ª região, analisando o recurso ordinário da reclamante, em face do indeferimento, pela r. sentença de origem, de seu pedido de assistência judiciária gratuita, pelo acórdão de fls.173/178, firmou seu convencimento nos seguintes termos: -"não tem razão a reclamante, porquanto não comprovou, tal como exige a legislação específica, o estado de miserabilidade jurídica. o MM. juízo a quo, percucientemente, considerou a aplicação dos enunciados 11, 219 e 329, do TST” (...) Isto posto Acordam os ministros da terceira turma do tribunal superior do trabalho, por unanimidade, não conhecer do recurso de revista.” (RR nº 439004/1998 publicação: Dj - 26/11/1999 - acordão (3ª TURMA). [Destacamos]. Corroborando com essa Orientação Jurisprudencial, já se pronunciaram, por diversas vezes, os nossos Tribunais Regionais do Trabalho, em especial o da 7ª Região, vejamos: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – INDEVIDOS QUANDO NÃO SATISFEITAS AS EXIGÊNCIAS DA LEI Nº 5.584/70 – NA JUSTIÇA DO TRABALHO, A CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NÃO DECORRE PURA E SIMPLESMENTE DA SUCUMBÊNCIA, IMPONDO-SE, PARA SUA CONCESSÃO, O PREENCHIMENTO, PELO EMPREGADO, DOS REQUISITOS DA LEI Nº 5.584/70 (ASSISTÊNCIA SINDICAL E PERCEPÇÃO DE SALÁRIO INFERIOR AO DOBRO DO MÍNIMO LEGAL OU ENCONTRAR-SE EM SITUAÇÃO ECONÔMICA QUE NÃO LHE PERMITA DEMANDAR SEM PREJUÍZO DO SEU SUSTENTO OU DE SUA FAMÍLIA). (TRT 7ª Região – PROC. 248/02 – (1598/02) – RELATORA: JUÍZA LAÍS MARIA ROSSAS FREIRE – DOJT 04.06.2002) Tal como os honorários advocatícios, são indevidos os contratuais (objeto da transação entre o Reclamante e seus advogados), tendo em vista a improcedência da ação. Os argumentos reiterados e as provas colacionadas a esta peça contestatória são hábeis para indicar que nada há o que se cogitar em termos de responsabilidade do Reclamado em relação ao Reclamante, pois honrou com todas as verbas devidas à época da rescisão contratual. Diante do exposto, IMPROCEDEM, os pleitos referentes aos honorários advocatícios sucumbenciais, os contratuais a título de 20%, bem como o da concessão da gratuidade da justiça, haja vista a desconformidade com os diplomas legais e jurisprudências retro mencionados. 3.9 DOS DEMAIS PEDIDOS: DO PEDIDO DE CONCESSÃO DE CARTA DE RECOMENDAÇÃO Pediu o Reclamante a expedição de carta de recomendação. Cabe indicar que a cartade recomendação firmada pelo Reclamado foi confeccionada antes mesmo da impetração da reclamatória, no ato do seu desligamento, eis que entende o INSTITUTO, a importância e a necessidade do empregado desligado de portar tal documento. DAS VERBAS TRABALHISTAS DEVIDAMENTE ADIMPLIDAS: Excelência, todas as verbas trabalhistas a que fazia jus o Reclamante foram devidamente depositadas em conta judicial, conforme faz prova o comprovante em anexo, não restando quaisquer pendências neste sentido. O quadro abaixo discrimina, verba a verba, o que foi depositado, sendo necessário o reconhecimento da quitação do Reclamado quanto ao cumprimento da obrigação. Eis o quadro demonstrativo dos valores depositados: DESIGNAÇÃO DAS VERBAS VALORES Saldo de 12 (doze) dias de Salário (líquido de 9/faltas e DSR – folha de frequência em anexo) R$ 239,20 13º Salário proporcional 7/12 avos R$ 1.279,06 13º Salário (aviso prévio indenizado) R$ 365,45 Férias Vencidas Período Aquisitivo 02/02/2012 a 07/02/2013 R$ 2.145,73 1/3 Constitucional de Férias R$ 1.096,71 Férias indenizadas sobre aviso prévio R$ 143,05 Férias proporcionais 7/12 avos R$ 1.001,34 Aviso prévio indenizado 51 dias R$ 3.647,74 DEDUÇÕES: Previdência Social Previdência Social 13º Salário R$ 427,56 R$ 148,00 TOTAL BRUTO TOTAL LÍQUIDO R$ 9.918,28 R$ 9.342,72 Diante do exposto, nada deve o INSTITUTO ao Reclamante no que tange aos créditos trabalhistas que lhe pertencem de direito. 4. DANO MORAL Pede o Reclamante a condenação do Reclamado ao pagamento de danos morais no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) em função da suposta contrariedade do empregador às obrigações estabelecidas no contrato de trabalho, devendo, por isto, ser indenizado. Ora, qual irregularidade ocorreu? Não cabe nos argumentos do Reclamante a identificação de qualquer dano à moral, a honra ou ao seu patrimônio jurídico por parte do Reclamado. Fez uso, o Reclamado, de seu poder diretivo e, dentro da legalidade, tomou a iniciativa da resilição contratual, arcando com todos os valores estabelecidos na legislação, para a referida hipótese. O fato de se sentir contrariado ou atingido em sua vaidade, não é o suficiente para justificar o pleito do Reclamante à reparação por danos sejam materiais ou morais. Acresça-se que, já que aduz o Reclamante, lesão a direito seu passível de reparação por condenação do Reclamado à indenização por danos morais, deve ele fazer prova do dano, constituindo assim seu direito. É o que expressa a jurisprudência: DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. Consoante as lições da doutrina civilística, para configuração do dano moral, imprescindível se faz a demonstração do fato alegado e suas circunstâncias, da existência do dano, da comprovação do nexo de causalidade entre a situação fática e o dano ocorrido, ou seja, recai sobre o empregado o mister de provar, inequivocamente, o fato constitutivo do seu suposto direito, devendo demonstrar o dano causado pela empresa. (TRT-5 - RECORD: 12158820105050133 BA 0001215-88.2010.5.05.0133, 3ª. TURMA, Data de Publicação: DJ 27/01/2012). [Grifo nosso]. DANO MORAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. Para a caracterização do dano moral, na seara trabalhista, há de restar plenamente demonstrado que a conduta do empregador tenha exposto a pessoa do empregado à aversão pública ou a constrangimentos pessoais penosos, insuportáveis, capazes da causar dor e sofrimento. Não comprovada a prática pelo reclamado de ato ilícito, nos termos do artigo 187 do Código Civil, não se pode imputar a ele a responsabilidade indenizatória estabelecida pelo artigo 927 do referido diploma legal. (TRT-18 1192201100818005 GO 01192-2011-008-18-00-5, Relator: ALDON DO VALE ALVES TAGLIALEGNA, Data de Publicação: DEJT Nº 942/2012, de 20.03.2012, pág.51). [Grifos nossos]. Como se pode depreender a partir da leitura das jurisprudências acima transcritas, é necessária a demonstração plena, por parte do empregado, da inadequada ou má conduta do empregador a fim de configurar o reconhecimento ao direito de indenização pelo dano moral. Por outro lado, nenhum prejuízo material sofreu, eis que no prazo legal foi convocado a comparecer às dependências do Reclamado para ser comunicado do aviso prévio de sua dispensa, assim como para encaminhar os procedimentos necessário à cessação do vínculo empregatício. 5. DA CONCLUSÃO E DOS PEDIDOS Em face de tudo ora exposto, roga o Reclamado que se digne Vossa Excelência a receber a presente peça para, no mérito declarar a quitação das verbas trabalhistas devidas pelo INSTITUTO ao Reclamante, assim como: 1. Acolher a preliminar suscitada (prescrição quinquenal) e, na remota hipótese de consideração de pedidos formulados pelo autor em suas razões de reclamar, julgar TOTALMENTE IMPROCEDENTE a presente demanda, nos termos expostos na fundamentação desta peça contestatória, tendo em vista a inexistência de fundamentos que deem guarida ao pleito exordial; 2. Julgar improcedente o pleito referente ao pagamento das verbas rescisórias e seus reflexos diferentes daqueles já reconhecidos pelo Reclamado por não haver quaisquer valores pendentes, eis que cumpridas integralmente todas as obrigações legais de responsabilidade do INSTITUTO; 3. Determinar ao Reclamante, se for o caso, que junte aos autos comprovação de que realizou curso de especialização em Auditoria Ambiental – turma II – entre fevereiro de 2009 e fevereiro de 2011, custeado pelo Reclamado; 4. Julgar improcedente o pleito de reparação de quaisquer danos, já que totalmente incabíveis na situação fática vivenciada entre Reclamado e Reclamante; 5. Julgar improcedentes os pedidos de honorários advocatícios e contratuais em 20% sobre o valor da condenação, a teor das Súmulas 219 e 329, do Colendo TST; 6. Condenar o reclamante em litigância de má-fé, com fulcro no art. 18 do CPC (artigo 81 do CPC); 10. Requer sejam oficiadas as Agências de Fomento à Pesquisa, em especial o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq no endereço: xxxxxxxxxxxxxx, Brasília, DF, CEP: 71605-160; e a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNCAP, situada na Av. xxxxxxxxx, Fortaleza, Ceará, CEP: 60.800.100, para que ambas as Instituições informem a esse juízo se foram concedidas bolsas ao Reclamante entre os anos de 2001 a 2006, bem como o período, os objetivos e peculiaridades das mesmas. Para completar a prova do alegado, protesta por todos os meios de prova em direito permitidos, notadamente, depoimento pessoal da parte autora, sob pena de confesso, oitiva testemunhal, exibição e juntada posterior de documentos, perícia e tudo o mais necessário para o bom exercício da ampla defesa. Termos em que, Pede e espera deferimento. Fortaleza, 31 de janeiro de 2014. Advogado - OAB/CE
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