Buscar

MODELO DE CONSTESTAÇÃO TRABALHISTA

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA xxª VARA DO 
TRABALHO DA COMARCA DE FORTALEZA – CEARÁ. 
 
 
 
 
Processo nº 0001234-15.2013.5.07.0044 
 feito tramita associado à ConPag nº 123443-09-2013-5-07-0044 
 
 
 
 
RECLAMANTE: LRT 
RECLAMADO: INSTITUTO 
 
 
 
 
O INSTITUTO (qualificar de modo completo), neste ato representado por seus 
advogados abaixo assinados, devidamente qualificados no instrumento procuratório em 
anexo, vem, com o devido respeito, apresentar, tempestivamente, CONTESTAÇÃO à 
Reclamação Trabalhista interposta por LRT, o que faz nos termos a seguir aduzidos: 
 
 
 
PREJUDICIALMENTE 
 
DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. INTELIGÊNCIA DO ART. 7.º, XXIX, DA CF/88. 
 
Mister que sejam extintos, com julgamento do mérito, todos os pedidos 
concernentes a créditos trabalhistas anteriores a 12 de agosto de 2008, haja vista 
que se encontram fulminados pela prescrição quinquenal, nos termos do art. 7º, 
XXIX, da Constituição de 1988, pois que o Reclamante somente ingressou em juízo no 
dia 09 de setembro de 2013. Veja-se o disposto no normativo constitucional: 
 
Art. 7º (omissis): 
XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo 
prescricional de 5 (cinco) anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o 
limite de 2 (dois) anos após a extinção do contrato de trabalho. (destacamos) 
 
Ante ao exposto, requer sejam extintos com julgamento do mérito, caso venham 
a ser discutidos em juízo, todos os pleitos exordiais, referentes a créditos trabalhistas 
atingidos pela prescrição quinquenal (anteriores a 12 de agosto de 2008), nos termos 
do art. 269, IV, do CPC (art. 487, II, CPC). 
Na hipótese de Vossa Excelência entender de forma diversa acerca da 
preliminar arguida, passamos a discutir a matéria fática concernente à defesa do 
Reclamado. 
SINOPSE DA PRETENSÃO EXORDIAL 
 
 
1. O Reclamante afirma que foi admitido em 01/10/2001 para exercer a função de 
técnico em desenvolvimento tecnológico “A”, percebendo como última 
remuneração mensal o valor de R$ 2.080,00 (dois mil e oitenta reais); 
 
2. Aduz que somente teve sua CTPS anotada pelo Reclamado em 01/02/2006 e 
que sua jornada era exercida entre segunda e sexta-feira no intervalo entre 8h e 
18h, sempre com duas horas de intervalo para refeições, folgando 
semanalmente aos sábados e domingos; 
 
3. Fala da irregular suspensão do contrato de trabalho em virtude de ter iniciado 
Curso de Especialização em Auditoria Ambiental no CEFETCE/CPQT às 
expensas do Instituto, em 07 de fevereiro de 2009, findando-o em fevereiro de 
2011. Juntou documento apócrifo a título de histórico escolar. 
 
4. Informa que no dia 12/08/2013 foi demitido sem justa causa, nada tendo 
recebido a título de verbas rescisória; 
 
5. Pede a procedência da ação, pugnando pela irregular suspensão do contrato de 
trabalho; pedindo em sede de tutela antecipatória a “imediata expedição de 
alvarás para o levantamento dos valores a título de FGTS depositados e guias 
do seguro-desemprego”; pedindo ainda: aviso prévio indenizado, saldo de 
salários, férias de todo o período, 13º salário, depósitos do FGTS, indenização 
de 40% sobre o FGTS, indenização pela não liberação das guias de seguro 
desemprego, aplicação da multa do artigo 477, §8º, CLT, honorários 
advocatícios em 20% sobre o valor das verbas e concessão ao benefício da 
gratuidade da justiça. Indicou como valor da causa o quantum de R$ 117.616,27 
(cento e dezessete mil seiscentos e dezesseis reais e vinte e sete centavos). 
 
É a síntese. 
DO DIREITO 
 
 
1. DA REALIDADE DOS FATOS. DA IMPROCEDÊNCIA DOS PLEITOS 
FORMULADOS NA RECLAMAÇÃO INTERPOSTA. 
Excelência, os fatos não correspondem ao aduzido pelo Reclamante em sua 
peça inaugural, eis que sem amparo na realidade. Os documentos aqui acostados e os 
acontecimentos cotidianos são hábeis para demonstrar que a demanda é 
improcedente. Antes de analisarmos o que foi pedido na reclamatória, cabe indicar a 
Vossa Excelência que o INSTITUTO impetrou ação consignatória em favor do 
Reclamante em 21/08/2013, distribuída para a 9ª. Vara do Trabalho desta Comarca 
nos autos nº 000DSDF4-05.2013.5.07.0009, iniciativa tomada diante da dificuldade 
em localizá-lo para receber as verbas trabalhistas a que faz jus pela relação outrora 
mantida com o Reclamado. 
Fazem prova desta afirmativa as notificações extrajudiciais juntadas a esta 
contestação, bem como o termo de ciência de notificação assinado em 14/08/2013. 
A boa-fé do Reclamado em tentar honrar com suas obrigações perante o 
Reclamante, através da consignatória, ampara a presente peça contestatória, de onde 
se pode depreender a dificuldade do INSTITUTO em resolver a relação de trabalho 
com o ora Reclamante, que então impetrou a presente reclamação em 30/08/2013. 
2. DO EQUÍVOCO DO RECLAMANTE AO INTERPRETAR A IRREGULAR 
SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO 
 
Excelência, o Reclamante, de início, trata da suposta irregularidade da resilição 
de seu contrato de trabalho com base no argumento de que se encontrava suspenso 
por ter cursado especialização em auditoria ambiental entre 07/02/2009 e fevereiro de 
2011. 
Ora, cabe indicar que o Reclamante requereu UNILATERALMENTE 
afastamento sem remuneração de suas atividades laborais, sem especificar os 
motivos pelo período de 01 (um) ano, “a partir de 10 de abril de 2008”, pedido 
autorizado em 28/03/2008. (documento em anexo) 
Na data de 31 de março de 2009 o Reclamante apresentou novo pedido à 
presidência do Instituto (documento em anexo) informando realização de curso de 
especialização em auditoria ambiental iniciado em janeiro de 2009, pugnando a 
concessão de bolsa, ressaltando tratar-se de uma oportunidade de realização de um 
empreendimento profissional pessoal. 
Não obteve êxito em seu intento, tendo resposta formalizada por parte da 
Divisão de RH em nome do INSTITUTO na data de 13/05/2009. O diretor presidente, 
após apreciar o teor da comunicação interna nº 073/2009, deliberou pela autorização 
do afastamento sem remuneração em 14/05/2009, conforme documento juntado a esta 
contestação. 
 Ademais, o artigo 476-A da legislação consolidada quando trata da suspensão 
do contrato de trabalho, especificamente em seu parágrafo 3º trata da hipótese na qual 
“o empregador PODERÁ conceder ao empregado ajuda compensatória mensal, sem 
natureza salarial, durante o período de suspensão contratual nos termos do caput 
deste artigo, com valor a ser definido em convenção ou acordo coletivo”. 
Ora, a hipótese aventada pelo § 3º do art. 476-A fala de uma faculdade do 
empregador e não de uma obrigação. De todo modo, acresce que o valor deverá ser 
definido através de convenção ou acordo coletivo, o que não ocorreu, tendo em vista 
que o INSTITUTO, fazendo uso de seu poder diretivo, dispensou o empregado, a 
pedido deste, por necessidade pessoal de estar na capital cearense, já que à época 
laborava no município de Piquet Carneiro. 
A licença para qualificação do Reclamante encontrou supedâneo no art. 38 das 
Normas de Gestão de Pessoal deste Instituto, conforme publicação anexa. 
De outra vertente, traz-se à discussão o teor do § 5º do art. 476-A que trata da 
possibilidade de dispensa do empregado no transcurso do período da suspensão que, 
expressamente não poderá ocorrer nos três meses subsequentes ao seu retorno ao 
trabalho. Ora, no caso em tela, a dispensa se deu em 12/08/2013, mais de 02 (dois) 
anos após a conclusão do curso que alega ter realizado. 
E a respeito desta alegação cabe questionamento, eis que nenhum documento 
comprobatório da realização do referido curso foi anexada à inicial, bem como 
não constanos registros do INSTITUTO que o Reclamante concluiu qualquer 
curso de especialização, muito menos a expensas de seu empregador. 
3. DO NÃO CABIMENTO À PERCEPÇÃO DAS VERBAS TRABALHISTAS 
ELENCADAS NA INICIAL 
 
 
3.1) DO PERÍODO DE VIGÊNCIA DO CONTRATO DE TRABALHO FIRMADO 
ENTRE RECLAMADO E RECLAMANTE 
 
Excelência, de início importa dizer que o Reclamante foi empregado do 
Reclamado no período compreendido entre 01/02/2006 a 13/08/2013. Caso tenha 
estabelecido algum outro tipo de relação de trabalho, diferente daquela cujo registro 
consta em sua CTPS, hipótese que se traz à baila com o objetivo de não se negar em 
enfrentar a questão, pode ter atuado junto ao Reclamado na qualidade de bolsista, já 
que se trata o INSTITUTO de uma organização social que trabalha com educação e 
pesquisa. 
Como trabalha com o fomento de pesquisas e realização de projetos 
tecnológicos, é natural que firme convênios com agências de fomento, a exemplo do 
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e Fundação 
Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNCAP. 
Sendo assim, por oportuno, desde já requer o Reclamado sejam oficiadas as 
Agências de Fomento à Pesquisa, em especial o Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e a Fundação Cearense de 
Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNCAP, com intuito de 
obter informações precisas acerca dos períodos em que foram concedidas bolsas em 
favor do Reclamante, bem como as peculiaridades e finalidades de cada bolsa 
concedida, se tiver sido o caso. 
 
 
3.2) AVISO PRÉVIO INDENIZADO E SALDO DE SALÁRIOS 
 
Conforme o demonstrado, não há, nem fática e nem juridicamente quaisquer 
pendências do Reclamado em relação ao Reclamante, eis que o Aviso Prévio foi 
indenizado e devidamente depositado, conforme documento comprobatório em anexo. 
As obrigações pertinentes ao INSTITUTO na relação estabelecida entre as partes 
foram integralmente adimplidas, não se reconhecendo período de vínculo empregatício 
diverso daquele que consta na ficha de registro de empregado e em sua CTPS. 
Aduz ainda, em relação ao saldo de salários, que trabalhou 12 (doze) dias do 
mês de agosto de 2013, nada recebendo a título de saldo de salários. Ora, falta com a 
verdade o Reclamante, eis que em seu TRCT consta o valor de R$ 239,20 (duzentos e 
trinta e nove reais e vinte centavos) referentes ao período mencionado, o que já indica 
o cumprimento da obrigação de pagar por parte do Reclamado. 
 
 
3.3) DAS FÉRIAS DE TODO O PERÍODO 
 
O Contestante efetuou o pagamento de todas as verbas rescisórias mediante 
ação de consignação em pagamento, incluindo-se as férias a que faz jus o 
Reclamante. Ressalte-se que todas as verbas consignadas já foram levantadas pelo 
Reclamante através de alvará, conforme se conclui do andamento processual indicado 
pelo id nº 1296156. 
Abaixo os valores pagos ao Reclamante sob a rubrica férias: 
Férias Vencidas Período Aquisitivo 02/02/2012 a 
07/02/2013 
R$ 2.145,73 
1/3 Constitucional de Férias R$ 1.096,71 
Férias indenizadas sobre aviso prévio R$ 143,05 
Férias proporcionais 7/12 avos R$ 1.001,34 
TOTAL R$ 4.386,83 
 
 
 
3.4) 13° SALÁRIO 
 
Reafirma o Contestante que após o desligamento do Reclamante, todas as 
verbas laborais lhes foram depositadas, mediante a dificuldade em localizá-lo para 
recebê-las, tudo como o determinado pela Legislação. Assim, não há que se falar em 
pagamento de 13º salário e reflexos. 
 
3.5) DA IMPROCEDÊNCIA DOS PLEITOS REFERENTES À FGTS + MULTA 
DE 40% 
 
Imperioso se faz o reconhecimento da total improcedência aos pedidos 
declinados na exordial, dado que todas as obrigações relativas ao vínculo 
empregatício entre a reclamante e o reclamado foram honradas. Portanto, 
incabível o pedido, eis que todos os depósitos foram realizados. 
3.6) DESCABÍVEL A INDENIZAÇÃO PELA NÃO LIBERAÇÃO DAS GUIAS DE 
SEGURO DESEMPREGO 
 
Conforme o já disposto pelo INSTITUTO, ao Reclamante foram disponibilizadas 
as guias de seguro desemprego. Entretanto este não compareceu para homologação 
de sua rescisão, tampouco para recebimento das referidas guias. 
Embora, sobrepujando o não comparecimento do Requerente, entende o TST 
que a entrega das guias de seguro desemprego pelo empregador na despedida sem 
justa causa é obrigatória, mas o empregado que não a recebe não faz jus à 
indenização compensatória caso não preencha os requisitos para a obtenção do 
benefício. 
Caio Mário da Silva Pereira, tratando acerca da e indenização por dano 
patrimonial ou moral, “(...) é imprescindível, a par do erro de conduta do agente e da 
relação de causalidade entre a antijuridicidade da ação e o dano causado, a 
materialização do próprio dano, consistente na ofensa a um bem jurídico”. 
Neste sentido, a não entrega da guia de seguro desemprego na demissão sem 
justa do empregado por si só não gera indenização. 
INDENIZAÇÃO COMPENSATÓRIA DO SEGURO DESEMPREGO. 
AUSÊNCIA DE ENTREGA DAS RESPECTIVAS GUIAS. INEXISTÊNCIA DO 
DIREITO À VANTAGEM. DESCABIMENTO. 1- Como escreve Caio Mário da 
Silva Pereira, acerca da etiologia da indenização, por dano patrimonial ou 
moral, é imprescindível, a par do erro de conduta do agente e da relação de 
causalidade entre a antijuridicidade da ação e o dano causado, a 
materialização do próprio dano, consistente na ofensa a um bem jurídico. 2 - 
Em que pese a entrega das guias ser obrigação contratual do 
empregador, ela por si só não autoriza a obtenção do seguro-
desemprego, sem o concurso dos requisitos elencados no art. 3º da Lei 
nº 7.998/90, de sorte que, inabilitado o empregado à percepção daquele 
benefício, não se materializa o dano patrimonial suscetível de lhe 
garantir o direito à indenização substitutiva. Recurso desprovido.4ª 
Turma TST-RR-380/2002-252-02-00.7. [Destacamos]. 
 
No caso, segundo o Ministro Barros Levenhagen (in Consultor Jurídico, 2005) 
"não obstante a falha patronal ao não lhe entregar as respectivas guias, não se 
evidenciou o dano patrimonial que deva ser reparado a título de indenização 
compensatória". De acordo com ele, é inconcebível o pagamento de indenização 
substitutiva a um direito inexiste "por estar subentendida a ausência do evento 
danoso que devesse ser reparado pecuniariamente pelo empregador". RR 
380/2002. 
No caso em debate, não há que se falar em falha do Reclamado, eis que tentou, 
por diversas vezes, estabelecer contato com o Reclamante, sem êxito, conforme prova 
acostada nos autos. 
A propósito, conforme entendimento jurisprudencial, ainda que fosse devida a 
entrega de Comunicação de Dispensa ao Reclamante, mesmo assim seria indevido o 
pagamento do seguro desemprego em pecúnia: 
 
SEGURO DESEMPREGO - NÃO FORNECIMENTO DE GUIAS - 
INDENIZAÇÃO INDEVIDA. Seguro desemprego. Indenização. A entrega 
das guias do seguro-desemprego corresponde a obrigação de fazer, 
insuscetível de conversão em obrigação de dar, ou seja, não pode ser 
transformada em indenização pecuniária, à falta de Autorização legal. 
Sendo assim, ao sujeitar a Reclamada a ônus não previsto em lei, o 
juízo efetivamente inobserva o disposto no art. 5º, inc. II da Constituição 
Federal. Revista parcialmente conhecida e provida para excluir da 
condenação a indenização referente ao não fornecimento das guias de 
seguro desemprego. (Ac. un. da 5ª T. do TST - RR 168.809/95.0-3ª R - Rel. 
Min. Antonio Maria Thaumaturgo Cortizo - j. 07.02.96 - Recte.: Itacon 
Engenharia Ltda.: Recdo.: João Gualberto de Almeida - DJU 1 19.04.96, p. 
12.475 - ementa oficial). [grifos nossos]. 
 
Dessa forma, não merece prosperar a pretensão de indenização referente ao 
seguro desemprego e, caso a contestante sejacondenada no referido título, o que se 
admite a título de argumentação, a indenização deverá tomar por base a tabela 
expedida pelo Ministério do Trabalho e Emprego. 
3.7) DA IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO DE APLICAÇÃO DA MULTA 
PREVISTA NO § 8º, ARTIGO 477 DA CLT 
 
No que diz respeito à multa rescisória prevista no parágrafo 8º do artigo 477 da 
CLT, caso se considerasse a inexistência da quitação de todas as verbas rescisórias, o 
que apenas aqui se argumenta por extremo apego ao debate, restaria, mesmo assim, 
indevida a multa ora hostilizada em face da situação em debate que evidencia de forma 
contundente que, se problemas houve, foi relativo à dificuldade de contatos do 
Reclamado com o Reclamante. 
Inclusive, o próprio artigo 477 da CLT em seu parágrafo 8º traz a ressalva para 
as hipóteses em que o trabalhador der causa a mora no pagamento do que lhe é 
devido. Eis o teor do supramencionado artigo: 
 
Art. 477 – CLT. É assegurado a todo empregado, não existindo prazo 
estipulado para a terminação do respectivo contrato, e quando não haja ele 
dado motivo para cessação das relações de trabalho, o direto de haver do 
empregador uma indenização, paga na base da maior remuneração que 
tenha percebido na mesma empresa. 
§ 6º - O pagamento das parcelas constantes do instrumento de 
rescisão ou recibo de quitação deverá ser efetuado nos seguintes 
prazos: 
a) até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato; ou 
b) até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, quando da 
ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa de seu 
cumprimento. 
§ 8º - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o 
infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento 
da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, 
devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando, 
comprovadamente, o trabalhador der causa à mora. (grifos nossos). 
 
O teor do artigo 477, § 8º da CLT, que prevê a responsabilização do trabalhador, 
se consubstancia, no caso em tela, quando o Reclamante não atendeu à convocação 
do Reclamado a fim de homologar sua rescisão de trabalho, o que deu causa à não 
efetivação do pagamento. 
Assim, não há que se falar na aplicação da penalidade prevista no artigo 477, § 
8º da CLT em desfavor do Reclamado, eis que nenhuma razão fática e jurídica há para 
que sofra tal reprimenda legal. 
3.8) DA IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA 
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA E DA IMPROCEDÊNCIA DOS HONORÁRIOS 
ADVOCATÍCIOS E CONTRATUAIS 
No que concerne ao PLEITO DE CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DE 
GRATUIDADE DE JUSTIÇA, improcede a pretensão exordial, haja vista que a Lei 
5.584/70, em seu artigo 14, ao dispor sobre assistência judiciária, regulando a Lei 
1.060/50, prescreve que na Justiça do Trabalho, a assistência será prestada pelo 
sindicato da categoria. Além disso, requer que seja indicada a situação econômica 
desfavorável do trabalhador, fato este que não foi comprovado nos autos. Vamos ao 
que o texto legal prescreve: 
 
Art 14. Na Justiça do Trabalho, a assistência judiciária a que se refere a 
Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, será prestada pelo Sindicato da 
categoria profissional a que pertencer o trabalhador. 
(...) 
§ 2º A situação econômica do trabalhador será comprovada em atestado 
fornecido pela autoridade local do Ministério do Trabalho e Previdência 
Social, mediante diligência sumária, que não poderá exceder de 48 
(quarenta e oito) horas. [Destacamos]. 
 
Ademais, a condenação em honorários advocatícios, nunca superior a 15% 
(quinze por cento) na Justiça Laboral, não decorre pura e simplesmente da 
sucumbência, mas, também, de requisitos legais que possibilitarão ou não a 
concessão do benefício, devendo se verificar as seguintes condições: ser 
beneficiário da gratuidade judiciária, assistência de advogado do sindicato e 
perceber remuneração mensal igual ou inferior ao dobro do salário mínimo legal. 
Desautoriza a própria legislação o pagamento dos honorários advocatícios pelo 
fato do Reclamante não implementar todas as condições supra, conforme determinam 
as Súmulas 219 e 329 do TST, assim como não comprovou estar em estado de 
miserabilidade de modo tal que não lhe permita demandar judicialmente sem prejuízo 
de seu sustento e de sua família. 
O Colendo TST já se manifestou diversas vezes neste sentido, tendo inclusive 
editado a OJ 305, a qual dispõe que “na Justiça do Trabalho, o deferimento de 
honorários advocatícios sujeita-se à constatação da ocorrência concomitante de 
dois requisitos: o benefício da justiça gratuita e a assistência por sindicato.” 
Neste sentido são os diversos julgados da SDI do Tribunal Superior do Trabalho, 
vejamos: 
 
RECURSO DE REVISTA – BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA - NA 
JUSTIÇA DO TRABALHO É INDISPENSÁVEL, DE ACORDO COM A 
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA (LEIS NºS 1.060/50, 5.584/70 E 7.115/83), 
QUE O EMPREGADO ESTEJA DE FORMA PRESUMIDA OU 
DECLARADA, EM SITUAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA ECONÔMICA, POIS, 
TAMBÉM, DEVE ESTAR, DEVIDAMENTE ASSISTIDO POR SINDICATO 
DE SUA CATEGORIA PROFISSIONAL. Recurso de Revista ao qual não se 
conhece. Vistos, relatados e discutidos estes autos de recurso de Revista nº 
TST-RR-439.004/98.8, em que é recorrente Maria José Santana de Lima e 
recorrido município da estância balneária de praia grande. A Eg. 2ª turma, 
do TRT da 2ª região, analisando o recurso ordinário da reclamante, em face 
do indeferimento, pela r. sentença de origem, de seu pedido de assistência 
judiciária gratuita, pelo acórdão de fls.173/178, firmou seu convencimento 
nos seguintes termos: -"não tem razão a reclamante, porquanto não 
comprovou, tal como exige a legislação específica, o estado de 
miserabilidade jurídica. o MM. juízo a quo, percucientemente, 
considerou a aplicação dos enunciados 11, 219 e 329, do TST” (...) Isto 
posto Acordam os ministros da terceira turma do tribunal superior do 
trabalho, por unanimidade, não conhecer do recurso de revista.” (RR nº 
439004/1998 publicação: Dj - 26/11/1999 - acordão (3ª TURMA). 
[Destacamos]. 
 
Corroborando com essa Orientação Jurisprudencial, já se pronunciaram, por 
diversas vezes, os nossos Tribunais Regionais do Trabalho, em especial o da 7ª 
Região, vejamos: 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – INDEVIDOS QUANDO NÃO 
SATISFEITAS AS EXIGÊNCIAS DA LEI Nº 5.584/70 – NA JUSTIÇA DO 
TRABALHO, A CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NÃO 
DECORRE PURA E SIMPLESMENTE DA SUCUMBÊNCIA, IMPONDO-SE, 
PARA SUA CONCESSÃO, O PREENCHIMENTO, PELO EMPREGADO, 
DOS REQUISITOS DA LEI Nº 5.584/70 (ASSISTÊNCIA SINDICAL E 
PERCEPÇÃO DE SALÁRIO INFERIOR AO DOBRO DO MÍNIMO LEGAL 
OU ENCONTRAR-SE EM SITUAÇÃO ECONÔMICA QUE NÃO LHE 
PERMITA DEMANDAR SEM PREJUÍZO DO SEU SUSTENTO OU DE SUA 
FAMÍLIA). (TRT 7ª Região – PROC. 248/02 – (1598/02) – RELATORA: 
JUÍZA LAÍS MARIA ROSSAS FREIRE – DOJT 04.06.2002) 
 
Tal como os honorários advocatícios, são indevidos os contratuais (objeto da 
transação entre o Reclamante e seus advogados), tendo em vista a 
improcedência da ação. Os argumentos reiterados e as provas colacionadas a esta 
peça contestatória são hábeis para indicar que nada há o que se cogitar em termos de 
responsabilidade do Reclamado em relação ao Reclamante, pois honrou com todas as 
verbas devidas à época da rescisão contratual. 
Diante do exposto, IMPROCEDEM, os pleitos referentes aos honorários 
advocatícios sucumbenciais, os contratuais a título de 20%, bem como o da 
concessão da gratuidade da justiça, haja vista a desconformidade com os 
diplomas legais e jurisprudências retro mencionados. 
3.9 DOS DEMAIS PEDIDOS: 
 DO PEDIDO DE CONCESSÃO DE CARTA DE RECOMENDAÇÃO 
Pediu o Reclamante a expedição de carta de recomendação. Cabe indicar que a 
cartade recomendação firmada pelo Reclamado foi confeccionada antes mesmo da 
impetração da reclamatória, no ato do seu desligamento, eis que entende o 
INSTITUTO, a importância e a necessidade do empregado desligado de portar tal 
documento. 
 DAS VERBAS TRABALHISTAS DEVIDAMENTE ADIMPLIDAS: 
Excelência, todas as verbas trabalhistas a que fazia jus o Reclamante foram 
devidamente depositadas em conta judicial, conforme faz prova o comprovante em 
anexo, não restando quaisquer pendências neste sentido. O quadro abaixo discrimina, 
verba a verba, o que foi depositado, sendo necessário o reconhecimento da quitação 
do Reclamado quanto ao cumprimento da obrigação. 
 
 
 
Eis o quadro demonstrativo dos valores depositados: 
DESIGNAÇÃO DAS VERBAS VALORES 
 
Saldo de 12 (doze) dias de Salário (líquido de 9/faltas e DSR – folha 
de frequência em anexo) 
 
R$ 239,20 
13º Salário proporcional 7/12 avos R$ 1.279,06 
13º Salário (aviso prévio indenizado) R$ 365,45 
Férias Vencidas Período Aquisitivo 02/02/2012 a 07/02/2013 R$ 2.145,73 
1/3 Constitucional de Férias R$ 1.096,71 
Férias indenizadas sobre aviso prévio R$ 143,05 
Férias proporcionais 7/12 avos R$ 1.001,34 
Aviso prévio indenizado 51 dias R$ 3.647,74 
DEDUÇÕES: 
Previdência Social 
Previdência Social 13º Salário 
 
R$ 427,56 
R$ 148,00 
TOTAL BRUTO 
TOTAL LÍQUIDO 
R$ 9.918,28 
R$ 9.342,72 
Diante do exposto, nada deve o INSTITUTO ao Reclamante no que tange aos 
créditos trabalhistas que lhe pertencem de direito. 
4. DANO MORAL 
Pede o Reclamante a condenação do Reclamado ao pagamento de danos 
morais no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) em função da suposta 
contrariedade do empregador às obrigações estabelecidas no contrato de 
trabalho, devendo, por isto, ser indenizado. 
Ora, qual irregularidade ocorreu? Não cabe nos argumentos do 
Reclamante a identificação de qualquer dano à moral, a honra ou ao seu 
patrimônio jurídico por parte do Reclamado. 
Fez uso, o Reclamado, de seu poder diretivo e, dentro da legalidade, tomou 
a iniciativa da resilição contratual, arcando com todos os valores estabelecidos 
na legislação, para a referida hipótese. O fato de se sentir contrariado ou atingido 
em sua vaidade, não é o suficiente para justificar o pleito do Reclamante à 
reparação por danos sejam materiais ou morais. 
Acresça-se que, já que aduz o Reclamante, lesão a direito seu passível de 
reparação por condenação do Reclamado à indenização por danos morais, deve ele 
fazer prova do dano, constituindo assim seu direito. É o que expressa a jurisprudência: 
DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. Consoante as lições da doutrina 
civilística, para configuração do dano moral, imprescindível se faz a 
demonstração do fato alegado e suas circunstâncias, da existência do 
dano, da comprovação do nexo de causalidade entre a situação fática e 
o dano ocorrido, ou seja, recai sobre o empregado o mister de 
provar, inequivocamente, o fato constitutivo do seu suposto 
direito, devendo demonstrar o dano causado pela empresa. (TRT-5 
- RECORD: 12158820105050133 BA 0001215-88.2010.5.05.0133, 3ª. 
TURMA, Data de Publicação: DJ 27/01/2012). [Grifo nosso]. 
DANO MORAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. Para a caracterização do 
dano moral, na seara trabalhista, há de restar plenamente 
demonstrado que a conduta do empregador tenha exposto a 
pessoa do empregado à aversão pública ou a constrangimentos 
pessoais penosos, insuportáveis, capazes da causar dor e 
sofrimento. Não comprovada a prática pelo reclamado de ato 
ilícito, nos termos do artigo 187 do Código Civil, não se pode 
imputar a ele a responsabilidade indenizatória estabelecida pelo 
artigo 927 do referido diploma legal. (TRT-18 1192201100818005 GO 
01192-2011-008-18-00-5, Relator: ALDON DO VALE ALVES 
TAGLIALEGNA, Data de Publicação: DEJT Nº 942/2012, de 
20.03.2012, pág.51). [Grifos nossos]. 
Como se pode depreender a partir da leitura das jurisprudências acima 
transcritas, é necessária a demonstração plena, por parte do empregado, da 
inadequada ou má conduta do empregador a fim de configurar o reconhecimento ao 
direito de indenização pelo dano moral. 
Por outro lado, nenhum prejuízo material sofreu, eis que no prazo legal foi 
convocado a comparecer às dependências do Reclamado para ser comunicado do 
aviso prévio de sua dispensa, assim como para encaminhar os procedimentos 
necessário à cessação do vínculo empregatício. 
 
5. DA CONCLUSÃO E DOS PEDIDOS 
 
Em face de tudo ora exposto, roga o Reclamado que se digne Vossa Excelência 
a receber a presente peça para, no mérito declarar a quitação das verbas trabalhistas 
devidas pelo INSTITUTO ao Reclamante, assim como: 
 
1. Acolher a preliminar suscitada (prescrição quinquenal) e, na remota 
hipótese de consideração de pedidos formulados pelo autor em suas 
razões de reclamar, julgar TOTALMENTE IMPROCEDENTE a presente 
demanda, nos termos expostos na fundamentação desta peça contestatória, 
tendo em vista a inexistência de fundamentos que deem guarida ao pleito 
exordial; 
 
2. Julgar improcedente o pleito referente ao pagamento das verbas rescisórias e 
seus reflexos diferentes daqueles já reconhecidos pelo Reclamado por não 
haver quaisquer valores pendentes, eis que cumpridas integralmente todas as 
obrigações legais de responsabilidade do INSTITUTO; 
 
3. Determinar ao Reclamante, se for o caso, que junte aos autos comprovação de 
que realizou curso de especialização em Auditoria Ambiental – turma II – entre 
fevereiro de 2009 e fevereiro de 2011, custeado pelo Reclamado; 
 
4. Julgar improcedente o pleito de reparação de quaisquer danos, já que totalmente 
incabíveis na situação fática vivenciada entre Reclamado e Reclamante; 
 
5. Julgar improcedentes os pedidos de honorários advocatícios e contratuais em 
20% sobre o valor da condenação, a teor das Súmulas 219 e 329, do Colendo 
TST; 
 
6. Condenar o reclamante em litigância de má-fé, com fulcro no art. 18 do CPC 
(artigo 81 do CPC); 
 
 
10. Requer sejam oficiadas as Agências de Fomento à Pesquisa, em especial o 
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq 
no endereço: xxxxxxxxxxxxxx, Brasília, DF, CEP: 71605-160; e a Fundação 
Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico –
 FUNCAP, situada na Av. xxxxxxxxx, Fortaleza, Ceará, CEP: 60.800.100, para 
que ambas as Instituições informem a esse juízo se foram concedidas bolsas ao 
Reclamante entre os anos de 2001 a 2006, bem como o período, os objetivos e 
peculiaridades das mesmas. 
 
Para completar a prova do alegado, protesta por todos os meios de prova em direito 
permitidos, notadamente, depoimento pessoal da parte autora, sob pena de confesso, 
oitiva testemunhal, exibição e juntada posterior de documentos, perícia e tudo o mais 
necessário para o bom exercício da ampla defesa. 
 
Termos em que, 
Pede e espera deferimento. 
 
 
Fortaleza, 31 de janeiro de 2014. 
 
 
 
 Advogado - OAB/CE

Outros materiais

Perguntas Recentes