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Eutanásia

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Eutanásia
Implicações e responsabilidades 
no ato de abreviar a vida
Foi usado pela primeira vez pelo historiador latino Suetônio, no século II d.C., ao descrever a morte “suave” do imperador Augusto: A morte que o destino lhe concedeu foi suave, tal qual sempre desejara: pois todas as vezes que ouvia dizer que alguém morrera rápido e sem dor, desejava para si e para os seus igual eutanásia (conforme a palavra que costumava empregar). 
Séculos depois, Francis Bacon, em 1623, utilizou eutanásia em sua Historia vitae et mortis, como sendo o “tratamento adequado às doenças incuráveis”(apud Jiménez de Asúa, 1942).
Existem dois elementos básicos na caracterização da eutanásia: a intenção e o efeito da ação 
CONCEITOS:
Eutanásia: do grego “eu” = boa e “thanatos” = morte. Se traduz literalmente por “boa morte”, morte suave, sem sofrimentos atrozes. É a ação de se interromper ativamente a vida do paciente, priorizando sua dignidade, ao tentar reduzir seu sofrimento, em detrimento de sua longanimidade.
Distanásia: do grego “dis” = mal e “thanatos”= morte. É a “obstinação terapêutica”, isto é, utilização de processos terapêuticos cujo efeito é mais nocivo do que os efeitos do mal a curar, ou inútil, porque a cura é impossível. Obsessão de manter a vida biológica a qualquer custo. Seria a manutenção da vida em prejuízo do conforto do paciente.
Ortotanásia: do grego “orthos” = correta e “thanatos” = morte. Seria a morte digna e humanitária, na hora certa. (hora certa ??) É o nome dado à conduta que os médicos tomam quando, ao ver que o estado clínico do paciente é irreversível e que sua morte é certa, permitem que o paciente faleça, a fim de poupar-lhe mais sofrimento.
DISTANÁSIA
Prolonga-se a vida do paciente, independente do conforto. Faz-se de uso de aparelhos e fármacos que contribuam para a longanimidade do paciente, sem levar-se em consideração se este prolongamento está causando-lhe sofrimento ou não.
ORTOTANÁSIA
Permite-se que a vida do paciente cesse naturalmente. Admitem-se cuidados paliativos, a fim de garantir ao paciente o maior conforto possível em seu tempo restante de vida. Não ocorre a ação de interromper a vida do paciente, mas sim a omissão em forçar sua manutenção.
EUTANÁSIA
É a prática de interromper, ativamente, a vida do paciente, geralmente em estado irreversível, a fim de cessar seu sofrimento.
Segue-se, por isso, que ortotanásia é um conceito situado entre dois extremos: distanásia e eutanásia. Mas qualquer um dos três, dizem respeito a pacientes em estado irreversível, quando já foram aplicados os cuidados médicos necessários para a recuperação do paciente
TIPOS DE EUTANÁSIA:
Atualmente a eutanásia pode ser classificada de várias formas, de acordo com o critério considerado. 
Quanto ao tipo de ação: 
1) Eutanásia ativa: o ato deliberado de provocar a morte sem sofrimento do paciente, por fins misericordiosos. 
2) Eutanásia passiva ou indireta: a morte do paciente ocorre, dentro de uma situação de terminalidade, ou porque não se inicia uma ação médica ou pela interrupção de uma medida extraordinária, com o objetivo de minorar o sofrimento. 
3) Eutanásia de duplo efeito: quando a morte é acelerada como uma conseqüência indireta das ações médicas que são executadas visando o alívio do sofrimento de um paciente terminal. 
“Dentro de um sistema de valores capitalistas, onde o lucro é o valor primordial, esta exploração da fragilidade do doente terminal e dos seus amigos e familiares tem sua própria lógica. Uma lógica sedutora porque, além de garantir lucro para a empresa, parece defender um dos grandes valores da ética humanitária, o valor da vida humana. Porém, a precariedade do compromisso com o valor da vida humana, nesta perspectiva, se manifesta logo que comecem a faltar recursos para pagar as contas”. (Leonard M. Martin) 
MISTANÁSIA:
Leonard Martin sugeriu o termo mistanásia para denominar a morte miserável, fora e antes da hora.  
Este autor focaliza três situações: 
1) a grande massa de doentes e deficientes que, por motivos políticos, sociais e econômicos, não chegam a ser pacientes, pois não conseguem ingressar efetivamente no sistema de atendimento médico;
2) os doentes que conseguem ser pacientes para, em seguida, se tornar vítimas de erro médico e, 
3) os pacientes que acabam sendo vítimas de má-prática por motivos econômicos, científicos ou sociopolíticos. 
“A mistanásia é uma categoria que nos permite levar a sério o fenômeno da maldade humana".
E sobre a Morte ? Qual é o momento certo da morte ?
Constatação de morte encefálica, como critério para declarar uma pessoa morta.
Resolução CFM 1480/97: A morte encefálica será caracterizada através da realização de exames clínicos e complementares durante intervalos de tempo variáveis, próprios para determinadas faixas etárias. Revoga-se a Resolução CFM nº 1.346/91.(D.O.U.; Poder Executivo, DF, nº 160, 21 ago. 1997. Seção 1, p. 18.227-8)
CONCEITOS DE MORTE:
1) a morte clínica, caracterizada por parada cardíaca (com ausência de pulso), respiratória e midríase paralítica (que surge cerca de 30 segundos após a suspensão dos batimentos cardíacos), podendo ser reversível, desde que sejam implementadas adequadas medidas de reanimação;
2) a morte biológica, que surge como uma “progressão” da morte clínica, diferindo desta por seu caráter irreversível;
3) a morte óbvia, na qual o diagnóstico é inequívoco (evidente estado de decomposição corpórea, decaptação, esfacelamento ou carbonização craniana, se há sinais como rigor mortis e livor mortis, dentre outros);
4) a morte encefálica, que é compreendida como um sinônimo para a morte biológica (resolução no 1.480/97 do Conselho Federal de Medicina), sendo caracterizada por uma série de parâmetros que atestam a lesão encefálica irreversível;
5) a morte cerebral, que não deve ser confundida com a morte encefálica, uma vez que pode ser feita a distinção entre ambas pela análise da respiração;
6) a morte jurídica, estipulando-se, no artigo 10 do Código Civil, que a morte termina a existência da pessoa natural; entretanto, a lei não estabelece o conceito de vida e de morte – apenas se ocupando do seu momento –, cabendo à medicina, em especial à medicina legal, estabelecer os critérios válidos (Gogliano, 1998);
7) a morte psíquica, na qual a percepção psicológica da morte antecede, em um tempo variável, a morte biológica; aqui o enfermo toma consciência do escoamento progressivo e inexorável de sua vida, habitualmente após receber a notícia de ser portador de uma enfermidade incurável – por exemplo, um câncer disseminado (Kastenbaum, 1981); neste caso, a maior dificuldade do conceito de morte psíquica é a identidade estabelecida entre a morte e o processo de morrer.
O QUE DIZ O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA:
Artigo 66 veda ao médico “ utilizar, em qualquer caso,meios destinados a abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal”
Artigo 57 proíbe também ao médico “deixar de utilizar todos os meios disponíveis de diagnóstico e tratamento ao seu alcance em favor do paciente”.
No parágrafo 2º do Artigo 61 (que “proíbe ao médico abandonar o paciente sob os seus cuidados”), reza que “salvo por justa causa, não pode abandonar o paciente por ser este portador de moléstia crônica ou incurável, mas deve continuar a assisti-lo ainda que apenas para mitigar o sofrimento físico ou psíquico”
RESOLUÇÃO CFM 1805/2006 – ORTOTANÁSIA
Na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis é permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente, garantindo-lhe os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, na perspectiva de uma assistência integral, respeitada a vontade do paciente ou de seu representante legal. 
(Resolução suspensa) 
A questão da Sacralidade da Vida:
A vida como um bem intocável ....
E a questão da Qualidade de Vida:
O valor da vida humana é determinado em partepela habilidade da pessoa realizar certos objetivos na vida. Não é sinônimo de vida plena, fisiológica e emocional...
  
MEIOS ORDINÁRIOS E EXTRAORDINÁRIOS DE TRATAMENTO:
Todos os tratamentos médicos disponíveis são necessários?
As pessoas são livres em não aceitar terapias já iniciadas?
Meios ordinários: são todos os remédios, tratamentos e operações que oferecem um benefício razoável para o paciente e que podem ser obtidos e utilizados sem gasto excessivo, dor ou outros inconvenientes.
Meios extraordinários são aqueles remédios, tratamentos e operações que não podem ser feitos sem que haja um gasto excessivo, dor ou outro inconveniente, ou então, quando usados, não oferecem uma esperança razoável de benefício.
DIREITO A VIDA:
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 (ONU):
Artigo 3° - Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. 
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos de 1966 (ONU) : 
Artigo 6° - “ O direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito deverá ser protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente privado da vida”.
Constituição Federal Brasileira 1988:
Artigo 5º - “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.”
Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos de 2005 (Unesco):
Artigo 2° - (iii)  promover o respeito pela dignidade humana e proteger os direitos humanos, assegurando o respeito pela vida dos seres humanos e pelas liberdades fundamentais, de forma consistente com a legislação internacional de direitos humanos.
Artigo 14° - (i)  o acesso a cuidados de saúde de qualidade e a medicamentos essenciais, incluindo especialmente aqueles para a saúde de mulheres e crianças, uma vez que a saúde é essencial à vida em si e deve ser considerada como um bem social e humano
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO:
O atual Código Penal (1940) não cuida explicitamente da conduta por piedade. As alterações introduzidas pelas Leis 6.416/77 e 7.209/84 não trataram do assunto em questão. Não fala em eutanásia explicitamente, mas em "homicídio privilegiado". 
No caso de um médico realizar eutanásia (ativa), o profissional pode ser condenado por crime de homicídio (art. 121) – com pena de prisão de 12 a 30 anos – ou auxílio ao suicídio – prisão de dois a seis anos. (art. 122).
A eutanásia passiva está atualmente tipificada como crime previsto no artigo 135, intitulado omissão de socorro.
Art. 135. “Deixar de prestar assistência, quando possível faze-lo sem risco, à criança abandonada ou extraviada, ou a pessoa inválida ou ferida, ao desamparado ou em grave e eminente perigo; ou não pedir, nesses casos socorro da autoridade pública:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se da omissão resultar lesão corporal de natureza grave, e triplica, se resulta a morte." 
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
Resolução 1805/2006 do Conselho Federal de Medicina (CFM) em seu art. 1º estabelece que:
 "é permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal". 
Ou seja, deixar de recomendar tratamentos paliativos que, ainda que permitam uma sobrevida ao paciente terminal, não são capazes de minimizar a dor e o sofrimento. 
Polêmica: diferenciar a ortotanásia, defendida pelo CFM, da eutanásia voluntária. 
A resolução determina que o médico será obrigado a esclarecer ao doente ou ao seu representante legal os tipos de terapia apropriados a cada situação. Se houver consentimento de todos, a decisão de limitar ou suspender os procedimentos e tratamentos deve ser registrada no prontuário médico do paciente. 
Caso Karen Ann Quinlan
Em 15/04/1975: Karen, de 22 anos, entrou na emergência do Newton Memorial Hospital, de New Jersey, em estado de coma (suspeita-se de drogas).
Em 01/08/1975: os pais adotivos sabendo a irreversibilidade do caso, e após conversarem o Pe. Trapasso, solicitaram a retirada do respirador. 
Dr. Morse, o médico assistente se negou alegando problemas morais e profissionais. A família foi à justiça.
 Em 10/11/1975: justiça não autorizou a retirada dos aparelhos. O juiz baseou a sua negativa no fato da paciente ter dado a declaração fora do contexto real, ora vigente. 
A família apelou para a Suprema Corte de New Jersey, que designou o Comitê de Ética do Hospital St. Clair como responsável para estabelecer o prognóstico da paciente e assegurar que a mesma nunca seria capaz de retornar a um "estado cognitivo sapiente“.
O Comitê não existia, até então e foi criado um que deu o parecer de irreversibilidade. 
Em 31/03/1976: a Suprema Corte de New Jersey concedeu, por sete votos a zero, o direito da família em solicitar o desligamento dos equipamentos de suporte extraordinários. (Princípio do Duplo Efeito)
Em 11/06/1985: após 9 anos sem o uso de respirador e com alimentação artificial e sem qualquer melhora no seu estado neurológico, faleceu aos 31 anos (pneumonia).
Caso Terri Schiavo
Em 1990, Terri Schiavo, em fase de separação conjugal, teve uma parada cardíaca ficando em estado vegetativo.
Os pais de Terri alegaram uma possível agressão do marido como causa da lesão (estrangulamento). Foram 15 anos de longa disputa familiar, judicial e política. Em 19 de março de 2005 foi retirada a sonda (pela 3ª. vez) que a alimentava e hidratava levando a morte 27 dias após, em 31 de março de 2005 (aos 41 anos).
O caso teve grande repercussão nos Estados Unidos (e no mundo) face a discordância entre seus familiares na condução do problema. O esposo desejava que a sonda de alimentação fosse retirada, enquanto os pais da paciente e irmãos lutaram para que a alimentação e hidratação fossem mantidas. 
Por três vezes o marido ganhou na justiça o direito de retirar a sonda. Nas duas primeiras vezes a autorização foi revertida.  
Ocorreram inúmeros componentes de litígio dos familiares, entre si, com a sociedade, com a classe médica, com o sistema judiciário, com a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos e com o governo do estado da Flórida, mostrando a  complexidade que este caso assumiu. 
Karen Ann Quinlan				Terri Schiavo
Direito à morte ?
Comitês de Ética ?
Discussão política ?
Disputa familiar ?
Uma ética do cuidado tem lugar proeminente na história da medicina, muito bem sumarizada no adágio francês do século XV:”Curar algumas vezes, aliviar freqüentemente, confortar sempre”
 Laurence J. Schneiderman & Nancy Jecker
“Tudo tem seu tempo, o momento oportuno para todo propósito debaixo do sol. Tempo de nascer, tempo de morrer.”(Eclesiastes 3, 1 e 2)

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