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7.1 INFILTRAÇÃO A entrada de água num solo pela sua superfície terrena constitui um fenómeno que se designa genericamente por infiltração. O caudal específico de água (caudal por unidade de área em planta) que atravessa a superfície terrena de um solo designa-se por intensidade de infiltração e tem as dimensões de uma velocidade (mm/h). O volume de água que por unidade de área em planta atravessa a superfície terrena de um solo em determinado intervalo de tempo designa-se por infiltração acumulada nesse intervalo de tempo e tem as dimensões de um comprimento (mm). A infiltração de água num solo permeável depende essencialmente de três factores: da disponibilidade de água à superfície do solo, das características hidráulicas do solo e do conteúdo de água no solo. Efectivamente, quando à superfície do solo não existir água não poderá haver infiltração e, quanto maior for a disponibilidade de água à superfície, tanto maior poderá ser a infiltração; se o solo for impermeável à água não ocorrerá infiltração; se o solo estiver saturado e não ocorrer drenagem inferiormente também não ocorrerá infiltração. Designa-se por capacidade de infiltração de um solo a infiltração que ocorre quando à superfície do solo se dispõe e se mantém ao longo do tempo uma fina película de água. Nessa fina película a água encontra-se evidentemente à pressão atmosférica (=0). Para especificar a intensidade de infiltração diz-se que esta ocorre à capacidade do solo, intensidade de infiltração à capacidade do solo. Para especificar a infiltração acumulada, diz-se infiltração acumulada à capacidade do solo. A água que atinge o solo penetra nele através do poros devido à acção da gravidade. A entrada da água faz-se mais facilmente pelos poros de maiores dimensões onde a resistência ao escoamento é mais pequena. Por outro lado as forças de capilaridade provocam o movimento da água verticalmente, para baixo ou para cima, ou horizontalmente sendo a sua acção tanto mais importante quanto menor for o diâmetro dos poros. Assim, a acção da capilaridade permite retirar água dos poros maiores para os mais pequenos. A infiltração envolve, portanto, três processos interdependentes: entrada da água no solo, armazenamento no solo e percolação. Note-se que, como o movimento da água no interior do solo (percolação) é bastante lento, a capacidade de infiltração fica bastante reduzida quando o solo se aproxima da saturação na camada logo abaixo da superfície. Há uma série de factores que influenciam a intensidade de infiltração. Os princípios são os seguintes: a) textura do solo – se um solo tem uma textura grosseira, como os solos arenosos, os poros são grandes pelo que a entrada da água no solo é fácil e a velocidade de percolação é grande, significando uma elevada intensidade de infiltração. Pelo contrário, num solo de textura fina, como uma argila, os poros são muito pequenos e dificultam a entrada da água e o movimento da água no interior do solo; b) duração da chuvada - se uma chuvada durar bastante tempo, a intensidade de infiltração vai-se reduzindo devido à progressiva saturação da camada superficial do solo; Água no Solo 2 c) retenção superficial - a retenção da água em pequenas depressões à superfície do terreno retarda o início do escoamento superficial e, deste forma, aumenta a infiltração (embora não influencie directamente a intensidade de infiltração); d) humidade do solo no início da chuva - quanto mais húmido está o solo no início da chuvada menor é a intensidade de infiltração e a infiltração. Se o solo estiver muito seco, não só o efeito do armazenamento da água na camada superficial do solo é mais importante mas também o humedecimento inicial provoca um forte efeito de capilaridade que reforça a acção da gravidade para facilitar a infiltração; e) compactação devido à chuva - o impacto das gotas de água em solos de textura fina destrói os agregados estruturais de partículas e origina uma crosta superficial em que as partículas finas preenchem os poros maiores, reduzindo substancialmente a intensidade de infiltração; f) compactação devido ao tráfego - o tráfego pode ser de veículos, homens ou animais (como em estradas de terra, campos de jogos, pastos muito utilizados). A consequência é uma grande redução da intensidade de infiltração; g) cobertura vegetal - tem um efeito importante no aumento da infiltração. Primeiro, porque amortece o impacto das gotas de chuva; segundo, porque favorece a actividade de escavação do solo pelos insectos que se movem ao longo das raízes das plantas; terceiro, porque retarda o início do escoamento superficial, funcionando como uma retenção. Nem todos os tipos de cobertura vegetal são igualmente eficientes: a substituição de áreas de floresta por áreas de culturas normalmente reduz bastante a intensidade de infiltração; h) urbanização - introduz grandes áreas impermeáveis (estradas de asfalto, passeios de cimento, coberturas de edifícios), onde a infiltração é nula. A mesma precipitação origina maior volume de escoamento superficial (menor infiltração) e maior caudal de ponta (porque o escoamento encontra menor resistência e converge mais depressa na secção de saída). Apresentam-se na Figura 1 os perfis de humidade num solo arenoso (a)) e num solo argiloso (b)), ambos inicialmente com humedecimento uniforme ao longo da vertical, quando a infiltração à superfície ocorresse à capacidade dos solos. Água no Solo 3 Figura 1 - Perfis de humidade para infiltração à capacidade dos solos O solo arenoso tem uma condutividade hidráulica quando saturado de 34 cm/h, um teor volúmico de saturação de 0,287 e um teor volúmico de humidade inicial, uniformemente distribuído ao longo da vertical de 0,1. O solo argiloso tem uma condutividade hidráulica quando saturado de 0,04 cm/h, um teor volúmico de saturação de 0,495 e um teor volúmico de humidade inicial, uniformemente distribuído ao longo da vertical de 0,24. Os perfis de humidade são representados por isócronas de )t,z( , para a areia nos instantes 900 s (0,25 h), 1800 s (0,50 h) e 2700 s (0,75 h) e para a argila nos instantes 100 000 s (1,16 d), 500 000 s (5,8 d) e 1 000 000 s (11,6 d). No solo arenoso (Figura 1, a)), em cada um dos instantes considerados, o teor de humidade mantém-se igual ao de saturação desde a superfície até uma profundidade próxima da profundidade onde o teor de humidade ainda é o inicial. A concordância dos teores de humidade entre as duas profundidades é feita num espaço relativamente curto, cerca de 20 cm. A transição entre o solo saturado e o solo ainda nas condições iniciais é feita de um modo brusco. Designa-se por frente de humedecimento a região do solo onde em determinado instante começa a aumentar o teor volúmico de humidade e a água dessa região inicia o seu deslocamento para baixo. No solo arenoso ao fim de 900 s a frente de humedecimento encontra-se a cerca de 78 cm de profundidade e ao fim de 1800 s a cerca de 130 cm. Este facto mostra que a velocidade de deslocamento vai diminuído ao longo do tempo. Efectivamente, se a velocidade de deslocamento da frente de humedecimento se mantivesse, ao fim de 1800 s ela deveria encontrar-se a cerca de 78x2 cm, ou seja, 156 cm. Note-se ainda que a velocidade média de deslocamento da frente de humedecimento até qualquer dos instantes considerados é bastante superior à condutividade hidráulica do solo arenoso saturado. Efectivamente, para t = 900 s obtém-se 312 cm/h e para t = 1800 s, 260 cm/h. No solo argiloso (Figura 1, b)), em cada um dos instantes considerados, o teor de humidade varia mais gradualmente do que no solo arenoso desde a superfície até à frente de humedecimento.No solo argiloso, em concordância com a pequena condutividade hidráulica, o avanço da frente de Água no Solo 4 humedecimento é muito mais lento do que no solo arenoso. Observa-se também que a velocidade média da frente de humedecimento embora sempre superior à condutividade hidráulica do solo argiloso saturado, vai diminuindo ao longo do tempo, tal como ocorria no solo arenoso. Efectivamente, ela é cerca de 1,1 cm/h ao fim de 100 000 s e de 0,5 cm/h ao fim de 500 000 s. Na Figura 2 apresentam-se as intensidades de infiltração à capacidade dos solos anteriores, quando o teor volúmico inicial de humidade (i ) é o que nela se indica na mesma ordem das respectivas curvas. Em ordenadas representa-se a intensidade de infiltração adimensionalizada por divisão pela condutividade hidráulica do solo saturado; em abcissas, o tempo decorrido desde o início da infiltração. Figura 2 - Curvas de capacidade de infiltração O andamento das curvas de intensidade de infiltração à capacidade de cada um dos solos, descontando a diferença nas escalas utilizadas, é muito semelhante: inicialmente a capacidade de infiltração é muito grande e, à medida que o tempo vai passando, essa capacidade vai diminuindo, parecendo tender para um valor assimptótico. No solo arenoso a redução da capacidade de infiltração adimensionalizada é muito mais rápida do que no solo argiloso. Efectivamente, no primeiro solo a intensidade de infiltração reduz- -se a um valor perto do dobro da condutividade hidráulica do solo saturado em cerca de 100 s (f(100)=68 cm/h) e, no segundo solo, a redução da intensidade de infiltração a um valor cerca de dez vezes maior do que a condutividade tem lugar em 10 000 s ( f(10 000)=0,4 cm/h). Em cada um dos solos, quanto maior é o teor volúmico de humidade inicial, tanto menor é a intensidade de infiltração à respectiva capacidade ou , de modo inverso, quanto mais seco estiver o solo, tanto maior é a infiltração. A integração numérica da equação de Richards fornece respostas quantitativas para os mais variados problemas relacionados com a infiltração. Contudo a sua utilização para os problemas mais comuns não é prática. No que segue, para ilustrar alguns desses problemas utilizar-se-ão conceitos simplificados, aplicáveis com melhor propriedade a solos grosseiros, e não se considerará também o fluxo de ar. Água no Solo 5 Considere-se um solo homogéneo, isotrópico e uniformemente humedecido, (z,0)=i, no interior do qual a superfície freática se encontra a grande profundidade Para analisar o processo de infiltração à capacidade do solo utilizar-se-ão dois gráficos (Figura 3 ). Nas ordenadas dos dois gráficos marca-se a cota arbitrariamente referida a um ponto abaixo da superfície e abaixo da cota mínima atingida pela frente de humedecimento. Em abcissas, no gráfico da esquerda representa-se o teor volúmico de humidade e, no da direita, o potencial hidráulico respectivo. i s z zs t = t0 t = t1 t = t2 G F E D C B A z zs H Hi 45º H = z H = z + f H = z + i A’ B’ C’ D’ E’ F’ G’ zf1 zf2 Figura 3 - Modelo para a capacidade de infiltração Na abcissa do gráfico do teor volúmico de humidade estão marcados os teores inicial, i, e de saturação, s. No gráfico do potencial hidráulico encontram-se desenhadas três rectas auxiliares, inclinadas a 45º, com as seguintes equações: zH , f zH e i zH . f representa o simétrico da sucção a que a água está sujeita na frente de humedecimento, que se supõe constante e característico do solo. i representa o simétrico da sucção que no solo corresponde ao teor volúmico de humidade inicial, i . No início do processo, 0 tt , dispõe-se uma fina película de água à superfície do solo, s zz , que se mantém ao longo do tempo. À superfície o teor volúmico de humidade, é representado pelo ponto A, onde s , e para baixo o solo estará ainda com o teor de humidade inicial, i . O perfil de humidade será representado nesse instante pela linha ABC. A pressão a que a água está sujeita à superfície do solo será igual à pressão atmosférica, 0 , e o potencial hidráulico será representado pelo ponto A’, onde ss z0zH . Para baixo, a água no solo terá um potencial matricial i que corresponde ao teor de humidade inicial. Assim, a linha que representa o potencial hidráulico será A’B’C’. Passado algum tempo, em 1 tt , a frente de humedecimento estará em 1f zz . Acima dessa cota, entre zs e zf1, o solo estará saturado e abaixo dessa cota o solo estará ainda na condição inicial. O perfil de humidade será representado pela linha ADEC. Em primeira aproximação, considerando linear a variação do potencial hidráulico até à frente de humedecimento, este será representado nesse instante pela linha A’D’E’C’. De modo análogo, em 2 tt , o perfil de humidade será representado pela linha AFGC e o potencial hidráulico, pela linha A’F’G’C’. Água no Solo 6 A equação de Darcy expressa na direcção vertical, direcção do movimento da água, pode escrever-se z H KV sz ( 1 ) e, tendo a intensidade de infiltração o sentido contrário ao do eixo das cotas, será z Vf ( 2 ) A componente vertical do gradiente do potencial hidráulico, no instante genérico t, é fs ffs zz )z()0z( z H ( Error! No text of specified style in document.3 ) Sendo a infiltração acumulada até ao instante genérico t definida por )()zz(F isfs ( 4 ) então, a profundidade da frente de humedecimento, fs zz , será is fs F zz ( 5 ) Das equações anteriores obtém-se a fórmula de Green e Ampt (1911) para a intensidade de infiltração à capacidade de um solo F )( 1Kf isf s ( 6 ) Apresentam-se na Figura 4 valores médios da sucção na frente de humedecimento ( f ) em função da textura do solo. Como regra grosseira, pode dizer-se que a sucção na frente de humedecimento, para a infiltração à capacidade do solo, é cerca de ¾ da altura da franja capilar. A infiltração acumulada, F, é o integral ao longo do tempo da intensidade de infiltração e portanto, para o modelo de Green e Ampt será F )( 1K dt dF isf s ( 7 ) cuja integração fornece b FK 1ln K b tKF s s s ( 8 ) com )(Kb isfs Água no Solo 7 150 60 40 100 30 20 10 Figura 4 - Sucção na frente de humedecimento (cm) (adapado de Rawls et al.,1993) A equação ( 8 ), por explicitação de t, permite a determinação do tempo que levará a infiltrar determinada altura de água. Já o problema inverso, determinação da altura de água infiltrada num determinado intervalo de tempo, só poderá ser resolvido por iterações. Em alternativa à capacidade de infiltração, quando se pretende analisar a infiltração que ocorre em resultado de alimentação com intensidade constante à superfície de um solo os conceitos anteriores conduzem a uma representação gráfica que se apresenta na Figura 5. Designando a intensidade da alimentação à superfície por p, com as dimensões de uma velocidade e que pode ser assimilado a uma precipitação com intensidade constante, e considerando ( 1 ) e ( 2 ) será à superfície s K p dz dH ( 9 ) onde se fez pf porque inicialmentea capacidade de infiltração é muito grande e portanto toda a alimentação superficial será infiltrada, pelo menos inicialmente. Água no Solo 8 i s z zs t = t0 t = t1 t = t2 G F E D C B A z zs H Hi 45º H = z H = z + f H = z + i A’ B’ C’ D’ E’ F’ G’ zf1 zf2 arc tg (p/Ks) Figura 5 - Modelo para o tempo de encharcamento com alimentação constante Na Figura 5, a linha definida por A’D’F’ corresponde ao gradiente indicado pela equação ( 9 ) e, portanto, representará o potencial hidráulico da água acima da frente de humedecimento. A sucção na frente de humedecimento será representada, à cota onde a frente estiver, pela distância horizontal entre a linha A’D’F’ e a linha zH . Por exemplo, em t=t1, a sucção na frente de humedecimento será representada pela distância horizontal entre D’ e a linha zH . Verifica-se que enquanto a infiltração se mantiver igual à alimentação, pf , a sucção na frente de humedecimento vai aumentando à medida que esta vai descendo no solo. Em 2 tt , com a frente à cota 2f z , a sucção atinge o valor que corresponde à infiltração à capacidade do solo, f . A partir desse instante a infiltração passa a ocorrer à capacidade do solo, ou seja, deixa de ser constante e igual a p e vai diminuindo ao longo do tempo como ocorre à capacidade do solo. A diminuição da infiltração acompanha a diminuição do gradiente vertical do potencial hidráulico e corresponde à manutenção na frente de uma sucção igual a f , como acontecia na capacidade de infiltração. Designa-se o instante em que a diminuição da intensidade de infiltração começa a ocorrer por tempo de encharcamento, e t . A partir desse instante fica disponível à superfície o excesso de água que corresponde à diferença entre a alimentação e a capacidade de infiltração. A infiltração acumulada no instante e t é ee tpF e, como se viu, a intensidade de infiltração é pf . Então, substituindo estes valores em ( 6 ) e explicitando e t , obtém-se s s isf e Kp, 1 K p p )( t ( 10 ) Quando a alimentação (p) for menor do que a condutividade hidráulica do solo saturado ( s K ) a infiltração será sempre igual à alimentação não ocorrendo qualquer redução do seu valor. Depois do tempo de encharcamento a infiltração prossegue à capacidade do solo sendo representada por uma translação temporal da curva de intensidade de infiltração à capacidade do solo. O instante p tt em que a intensidade de infiltração à capacidade do solo é igual à alimentação obtém-se de ( 8 ) com e tpPF Água no Solo 9 b PK 1ln K b P K 1 t s ss p ( 11 ) e a translação temporal a efectuar na intensidade de infiltração à capacidade do solo será pe tt . Na Figura 6 apresenta-se a infiltração acumulada e a intensidade de infiltração à capacidade do solo arenoso referido nas Figura 1 e Figura 2, calculadas pelo modelo de Green e Ampt com 16 f cm. 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 t (h) F ( cm ) 0 25 50 75 100 125 150 0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 t (h) f ( cm /h)i = 0,10 i = 0,10 i = 0,20 i = 0,20 Figura 6 - Infiltração acumulada e intensidade de infiltração à capacidade de um solo arenoso (modelo de Green e Ampt com Ks=34 cm/h, s=0,287 e f=-16 cm) Os valores do teor volúmico de humidade inicial mostram que a capacidade de infiltração é tanto maior quanto mais seco estiver o solo. Na Figura 7 comparam-se para um solo franco-arenoso, com 60 % de areia e 10% de argila, com Ks=3 cm/h, s=0,37, i=0,1 e f=-12 cm, as intensidades de infiltração à capacidade do solo e com alimentações constantes de 2,0 mm/min e de 1,5 mm/min. Como seria de esperar, o tempo de encharcamento é tanto maior quanto menor for a alimentação. Água no Solo 10 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 t (h) f (m m /m in ) te = 0,18 h te = 0,09 h Figura 7 - Intensidades de infiltração à capacidade de um solo franco-arenoso e com alimentações constantes de 2,0 mm/min e 1,5 mm/min (modelo de Green e Ampt com Ks=3 cm/h, s=0,37, i=0,1, f=-12 cm) No Quadro 1 apresentam-se três outros modelos de infiltração com larga utilização prática. Quadro 1 - Modelos de Horton, Philip e Kostiakov Modelo f F pt et Horton kt coc e)ff(ff ktc0 c e1 k ff tfF c c0 p fp ff ln k 1 t pk pf fp ff ln pk f t 0 c c0c e Philip s 2 1 KtS 2 1 f 2 1 s tStKF 2 s 2 2 s p SPK4S K4 1 t 2 s 2 s e )Kp(p4 S)Kp2( t Kostiakov tf 1 t 1 F 1 1 p P)1( t 1 e p1 1 t O modelo de Horton (1939) utiliza três parâmetros, f0, fc e k. O primeiro representa a intensidade de infiltração inicial à capacidade do solo, o segundo, a intensidade ao fim de um tempo longo, ou seja, a condutividade hidráulica do solo saturado, e o terceiro é um factor de escala temporal. Água no Solo 11 O modelo de Philip (1957) utiliza dois parâmetros, S e Ks. O primeiro tem sido designado por sorvabilidade e o segundo é a condutividade hidráulica do solo saturado. No instante inicial, tal como no modelo de Green e Ampt, a intensidade de infiltração à capacidade do solo é infinita. O modelo de Kostiakov (1932) utiliza também dois parâmetros, e . Quando se compara com o modelo de Philip reconhece-se que o valor de deve ser cerca de ½ e o de cerca de metade da sorvabilidade. O modelo de Kostiakov é muito utilizado em Portugal ligado ao estudo da rega, eventualmente, com a condutividade hidráulica do solo saturado adicionada à intensidade de infiltração. 7.2 CÁLCULO DA PRECIPITAÇÃO ÚTIL COM O ÍNDICE Φ Designa-se por precipitação útil aquela parcela da precipitação que origina escoamento superficial sendo a parte restante da precipitação aquela que se infiltra. Um método pouco rigoroso mas prático e por isso muitas vezes utilizado é o do índice-φ. Este método assume que a infiltração se processa a uma taxa constante durante toda a chuvada, hipótese que se torna mais válida para chuvadas longas ou chuvadas em que o solo já se encontre muito húmido. Para se determinar o índice-φ para uma dada chuvada, determina-se a altura total de infiltração (por diferença entre a altura total de precipitação e a altura correspondente ao volume total escoado). Em seguido divide-se o diagrama da intensidade da precipitação (hietograma) em duas partes (por uma linha horizontal), de tal maneira que a parte do hietograma acima da linha corresponde à altura do escoamento superficial e a parte abaixo da linha corresponde à altura total da infiltração (ver a Figura 8). A linha horizontal representa uma intensidade φ, que é, portanto, a intensidade média (constante) de infiltração.Figura 8 – Determinação do índice Φ Figura 6.4 – Determinação do índice- φ Água no Solo 12 Calculando o índice-φ para várias chuvadas, pode-se obter um valor médio. Esse valor médio pode ser usado para o problema inverso: dada uma precipitação, saber qual a precipitação útil. Para tal, basta subtrair ao hietograma o valor constante do índice-φ. 7.3 PERCOLAÇÃO E DRENAGEM A partir da água infiltrada, a humidade no solo vai aumentando. À medida que o solo se torna mais húmido, aumenta a sua capacidade para propagar a humidade até que consegue propagá-la à mesma velocidade com que ela entra no solo. Quando se atinge esta situação, o teor de humidade da camada superficial mantem-se constante e esse teor vai-se propagando para baixo, pondo sucessivas camadas com um teor de humidade tal que a condutividade hidráulica (será definida mais tarde) iguala a capacidade de infiltração. Podem ser consideradas as seguintes zonas (ver a figura 7.9): - zona de saturação, à superfície, com solo saturado. A espessura desta zona é pequena ( 1 cm); - zona de transição, com grande variação do teor de humidade. A espessura desta zona é pequena ( 5 cm); - zona de transmissão, não saturada, em crescimento constante. O teor de humidade varia pouco; - zona de humedecimento. O teor da humidade aumenta com o avanço da infiltração. Essa zona é separada do solo seco pela frente de humedecimento. Figura 7.9 – Propagação da humidade no solo Quando a infiltração cessa, o solo começa a drenar e reduz a velocidade de percolação que tende para zero à medida que o teor de humidade se aproxima da capacidade de campo. Nas camadas em que se atingiu a capacidade de campo, cessa o escoamento de água para baixo. A água que entretanto percolou e drenou vai atingir uma zona inferior saturada, que constitui uma reserva de água subterrânea ou aquífero. Esta quantidade de água percolada representa a recarga do aquífero. A figura 7.10, retirada de Dunne e Leopold (1978), mostra a evolução do teor de humidade do solo a partir do momento de cessação da chuva e consequentemente da infiltração. Água no Solo 13 Figura 7.10 – Evolução do teor de humidade após a cessação da chuva. 7.4 MEDIÇÃO DA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO E DO TEOR DE HUMIDADE A capacidade de infiltração pode ser medida com infiltrómetros que são tubos abertos nas extremidades, com 10 a 30 cm de diâmetro, que se enterram entre 5 e 50 cm no solo. Coloca- se água no tubo com uma altura de 1 a 2 cm que se mantêm a nível constante, através da ligação a um reservatório graduado. A água necessária para manter o nível constante define a capacidade de infiltração. Os valores obtidos são pouco rigoroso sendo 2 a 10 vezes superiores aos que se verificam durante uma precipitação nas mesmas condições do solo. No caso de pequenas bacias hidrográficas, pode-se estimar a capacidade de infiltração durante uma chuvada medindo a precipitação (ponderada) sobre a bacia e medindo o caudal correspondente. O volume de precipitação não escoado corresponde à infiltração. A capacidade de infiltração (média) durante a chuvada será o volume de infiltração dividido pela área da bacia e pela duração da chuvada. A medição do teor de humidade dum solo pode fazer-se por diversos processos: por secagem: recolhem-se várias amostras de solo; cada amostra é pesada, secada e novamente pesada; a diferença de pesos corresponde ao volume de água contida no solo; através duma sonda de neutrões: a sonda emite neutrões rápidos; parte deles colide com os átomos de hidrogénio de água e são retardados; um aparelho mede a percentagem de neutrões lentos que será tanto maior quanto maior a humidade do solo; através do tensiómetro: o tensiómetro é um bolbo de porcelana porosa, cheio de água, ligado a um manómetro; colocando o bolbo em contacto com o solo não saturado, a água passa do bolbo para o solo, reduzindo a pressão medida no manómetro. Pode-se estimar a capacidade de absorção do solo para uma dada chuvada. Conhecendo o Água no Solo 14 teor de humidade do solo ou admitindo que este está à capacidade de campo, o volume de poros vazios por unidade de área (expresso em altura) é igual ao produto da profundidade do solo não saturado pela diferença entre a porosidade e a capacidade de campo. Este volume representa a capacidade de absorção do solo. O mesmo princípio pode ser aplicado para o estudo da absorção pelo solo de efluentes de fossas sépticas. Água no Solo 15 Exercício Numa área de 250 hectares foram registadas 3 chuvadas (as alturas foram medidas em mm). Hora 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Chuvada 1 2 6 7 10 5 4 4 2 0 Chuvada 2 4 9 15 12 5 0 0 0 0 Chuvada 3 3 8 11 4 12 3 0 0 0 O volume total do escoamento superficial resultante destas chuvadas foi respectivamente de 35,000; 57,500; e 46,250 m 3 . Calcule o valor médio do índice φ.
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