Buscar

DIREITO AMBIENTAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 146 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 146 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 146 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO AMBIENTAL 
AULA 01
Processo de industrialização:
Este processo de industrialização que cresceu exacerbadamente ao longo de décadas está diretamente relacionado ao modelo econômico capitalista pautado na industrialização e no consumo exagerado, isto é, no consumismo. Os recursos naturais, que são finitos, são utilizados como matéria- prima neste processo de industrialização. 
Recursos naturais: São todos os elementos da natureza, isto é, a água, o solo, os minérios, o ar, a flora, a fauna. Todos estes são utilizados pelo homem com a finalidade de desenvolver as mais variadas atividades. Com o crescimento da preocupação mundial com o uso saudável e sustentável do planeta e de seus recursos naturais, em 05 de junho de 1972, na cidade de Estocolmo, capital da Suécia, a organização das Nações Unidas ( ONU), realizou a primeira Conferência Global das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano.
Conferência Global das Nações Unidas: Este encontro, que durou de 05 a 16 de junho, teve a adesão de 113 países. Nele, se proclamou sete diretrizes em prol de se preservar e melhorar o meio ambiente humano. A Conferência ainda estabeleceu 26 princípios que expressam um Manifesto Ambiental, uma convicção comum de proteção e preservação ambiental.
Em 1983, o Secretário-Geral da ONU convidou Gro Harlem Brundtland, ex-primeira Ministra da Noruega, para estabelecer e presidir a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Esta comissão tinha por objetivos:
Reexaminar as questões críticas relativas ao meio ambiente e reformular propostas realísticas para abordá-las. 
Propor novas formas de cooperação internacional com o fim de orientar as políticas e ações necessárias a uma maior compreensão dos problemas ambientais existentes, auxiliando os países e os incentivando a uma atuação mais firme. 
Em abril de 1987, estava pronto o Relatório Brundtland, com o título de Nosso Futuro Comum, em que a Comissão Mundial recomendou a criação de uma nova declaração universal sobre a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável.
Passados quase cinco anos do documento intitulado Nosso Futuro Comum, em junho de 1992, na cidade do Rio de Janeiro, houve a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida como Rio-92, Eco-92 ou Cúpula da Terra.
Nessa Conferência firmaram-se acordos internacionais como a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que estabeleceu 27 princípios, e a Agenda 21 que adotou como meta, a ser respeitada por todos os países signatários, o desenvolvimento sustentável.
Vinte anos após a Rio-92, precisamente em junho de 2012, ocorreu, também na cidade do Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+20.
O encontro reuniu 188 países e renovou o compromisso com o desenvolvimento sustentável, prometendo promover um futuro econômico, social e ambientalmente sustentável para o nosso planeta e para as gerações do presente e do futuro, focou na economia verde e na erradicação da pobreza.
Agenda 21:Consiste em um documento de 40 capítulos que pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.
Economia verde: É a soma de vários processos produtivos (industriais, comerciais, agrícolas e de serviços), que, ao serem aplicados em uma determinada região, criam um desenvolvimento socioeconômico sustentável, com o objetivo de buscar a igualdade social, erradicação da pobreza e melhoria do bem-estar dos seres humanos, reduzindo os impactos ambientais negativos e a escassez ecológica. O texto final dessa conferência foi denominado: O futuro que queremos.
O documento, entre outras iniciativas: Estabeleceu a criação de um fórum político para o desenvolvimento sustentável dentro das Nações Unidas; Reafirmou que os países ricos devem investir mais no desenvolvimento sustentável por terem degradado mais o meio ambiente durante séculos; Aprovou o fortalecimento do Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (PNUMA); A constituição de um mecanismo jurídico dentro da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS), que estabelece regras para conservação e uso sustentável dos oceanos, a erradicação da pobreza como o maior desafio global do planeta.
PNUMA: O PNUMA, principal autoridade global em meio ambiente, é a agência do Sistema das Nações Unidas (ONU) responsável por promover a conservação do meio ambiente e o uso eficiente de recursos no contexto do desenvolvimento sustentável. Estabelecido em 1972, o PNUMA tem entre seus principais objetivos manter o estado do meio ambiente global sob contínuo monitoramento; alertar povos e nações sobre problemas e ameaças ao meio ambiente e recomendar medidas para melhorar a qualidade de vida da população sem comprometer os recursos e serviços ambientais das gerações futuras.
O Brasil e a questão ambiental. Desde o início do século XX, o Brasil editou normas tutelando o meio ambiente. Somente a partir da década de 1980 é que a legislação ambiental passou a desenvolver-se com maior consistência e celeridade, pois, antes não havia a percepção da importância em preservar o meio ambiente. Nesse sentido, em 31 de agosto de1981, o Brasil sancionou a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), primeira grande norma nacional a consagrar a questão ambiental.
Questão ambiental: Está ligada a fatores éticos pela busca do consumo consciente; histórico, pois a degradação ambiental iniciou-se com a industrialização; econômicos, uma vez que está diretamente vinculada a economia capitalista; jurídico, pelas normas jurídicas e sociais, pela pobreza.
A Política Nacional do Meio Ambiente instituiu princípios, diretrizes e instrumentos em prol da preservação ambiental, assim como o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Somente com a CRFB, sancionada em outubro de 1988, é que o meio ambiente ganhou status constitucional, com a edição de um capítulo próprio disposto no artigo 225 e seus parágrafos.
Ecologia e meio ambiente
A palavra ecologia foi datada em 1866, e é fruto da obra Morfologia geral dos seres vivos, do biólogo e médico alemão Ernst Heinrich Haeckel. O termo ecologia era utilizado no passado quando se queria se referir à natureza e aos recursos naturais, sem o contexto de proteção e preservação que vem vinculado ao “meio ambiente”.
Segundo Milaré ( 2014) Ecologia: “ é a ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si e com o seu meio físico. Este, por sua vez, e no contexto da definição, deve ser entendido como o cenário natural em que esses seres se desenvolvem. Por meio físico entendem-se notadamente seus elementos abióticos, como solo, relevo, recursos hídricos, ar e clima, que dão suporte a vida. 
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei 6.938/81, em seu artigo 3°, inciso, I, veio a conceituar meio ambiente.
Artigo 3°. Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:I. meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. 
Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente n° 306/02:Meio Ambiente é o conjunto de condições, leis, influencia e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
Características do Meio ambiente: 
Bem transindividual: é um direito de todos, é de cada pessoa, mas não é só dela, ultrapassa o âmbito individual, por não pertencer ao indivíduo de forma isolada. 
Difuso: Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
Assim, o bem difuso é sua natureza indivisível, pois não é possível individualizar a pessoa atingida pela lesão gerada da violação ao direito, neste caso, o dano provocado ao meio ambiente. 
Direito de Terceira Geração: Por ser caracterizado enquanto valor fundamental indisponível, tendo como lema os princípios da solidariedade e fraternidade na busca do interesse coletivo. 
Correntes Ambientalistas:
O estudo do meio ambiente deve ser analisado de forma interdisciplinar, pois há ligação com os outros ramos do saber como a biologia, geografia, antropologia, sociologia, entre outros. 
No estudo do meio ambiente temos três Correntes Ambientalistas, são elas: 
Culto ao Silvestre: Esta corrente consiste na defesa da natureza intocada, em manter as reservas naturais livres da interferência humana, no amor ^`as paisagens ( bosques, florestas, rios, e outros), sem vinculá-las a interesses materiais e sem se contrapor diretamente ao crescimento econômico, pois objetiva preservar e manter o que resta da natureza original, fora da influência do mercado. É representada por biólogos convencionalistas e organizações não governamentais. 
Evangelho da Ecoeficiência: Esta corrente defende o crescimento econômico, mas conjugado com o desenvolvimento sustentável, à modernização ecológica e à utilização adequada e ordenada dos recursos naturais. 
Ecologismo dos Pobres: é fundada na preocupação com a justiça social entre os homens e no interesse material do ambiente como fonte de condição para a subsistência. Destaca os efeitos nocivos do desenvolvimento econômico sobre o meio ambiente principalmente no uso de matérias primas e nas zonas de descartes de resíduos. 
Direito Ambiental: Surgiu da necessidade de criar normas jurídicas de proteção e preservação do meio ambiente e seus recursos naturais para as presentes e futuras gerações do planeta. É um direito que tem como objetivo restaurar, conservar e preservar o bem ambiental, e para tanto, é: 
Preventivo (esfera administrativa);
Reparador (esfera civil);
Repressivo (esfera penal).
Direito Ambiental: Requer uma prévia aproximação com outros ramos do Direito, que servirão de base para o recebimento dos conhecimentos da disciplina mas, destaca-se, que a matéria a partir do estudo de seus aspectos característicos, é autônoma em relação às demais disciplinas do Direito.
AULA 02
Princípios Norteadores do Direito Ambiental
No Direito, os princípios são vetores, influenciando todas as normas que o compõem, criando um sentido lógico, harmônico, racional e coerente. Deles se extraem as diretrizes básicas que permitem compreender a forma pela qual a proteção do meio ambiente é vista na sociedade. Constituem, as proposições primárias do direito, estão vinculados àqueles valores fundamentais de uma sociedade.
Princípios do Direito Ambiental: Por ser uma ciência autônoma, o Direito Ambiental é fundamentado por princípios próprios que regulam seus objetivos e diretrizes e que auxiliam no entendimento e na identificação da unidade e coerência existentes entre todas as normas jurídicas que compõem o sistema legislativo ambiental. 
De acordo com Romeu Thomé: “ o direito ambiental, ciência dotada de autonomia cientifica, apesar de apresentar caráter interdisciplinar, obedece a princípios específicos, pois, de outra forma, dificilmente se obteriam a proteção eficaz pretendida sobre meio ambiente. Nesse sentido, seus princípios caracterizadores têm, como escopo fundamental, orientar o desenvolvimento e a aplicação de políticas públicas que servem como instrumento fundamental de proteção ao meio ambiente e, consequentemente à vida humana”. 
Marcelo Abelha Rodrigues esclarece que os princípios encontram-se enraizados na Constituição Federal, e deles decorrem outros que lhe são derivados, mas não são expressos pelo legislador, por isso, a enumeração dos princípios do Direito Ambiental não é uniforme na doutrina. 
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que ocorreu em 1972, na cidade de Estocolmo, capital da Suécia, estabeleceu 26 princípios que praticamente resumem as preocupações com o desenvolvimento e o meio ambiente. Esses princípios foram importantes fontes para os princípios norteadores do Direito Ambiental Brasileiro. Em junho de 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, realizada na cidade do Rio de Janeiro, conhecida como Rio-92, estabeleceu 27 princípios.
Principais princípios do Direito Ambiental
Princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana;
Princípio do Desenvolvimento sustentável;
Princípio da Ubiquidade ou Princípio da Cooperação;
Princípio da Participação ou Democrático;
Princípio da Educação Ambiental;
Princípio do Poluidor–Pagador;
Princípio da Prevenção;
Princípio da Precaução;
Princípio da Precaução;
Princípio do Usuário–Pagador;
Princípio da Responsabilidade ou da Responsabilização;
Princípio da Obrigatoriedade da Intervenção Estatal na Defesa do Meio Ambiente;
Princípio do Equilíbrio Resultado global;
Princípio do Limite;
Princípio da função socioambiental da propriedade.
Princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana: Esse princípio é considerado uma extensão do direito à vida, portanto um direito humano. A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) de 1988 estabelece, em seu art. 1º, que entre os fundamentos do Estado Democrático de Direito, está o da dignidade da pessoa humana, art. 1º, inciso III, o fundamento precípuo de todo o sistema constitucional.
O princípio Fundamental do Direito Humano está vinculado ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, como direito fundamental à sadia qualidade de vida, que deve ser protegido para as gerações presentes e futuras, conforme dispõe o artigo 225, caput da CRFB.
Esse princípio também está previsto na Declaração de Estocolmo como princípio comum para inspirar e guiar os povos do mundo na preservação e na melhoria do meio ambiente.
Dentro da Declaração de Estocolmo esse princípio encontra-se consagrado nos princípios n. 1 e 8.
Princípio 1: O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna, gozar de bem-estar e é portador solene de obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente, para as gerações presentes e futuras.
Princípio 8: O desenvolvimento econômico e social é indispensável para assegurar ao homem um ambiente de vida e trabalho favorável e criar, na Terra, as condições necessárias à melhoria da qualidade de vida.
art. 1º, inciso III CF: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana.
Quanto à Declaração Rio-92, esse princípio encontra amparo no Princípio 1 que esclarece, que “os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com a natureza”.
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei n. 6.938/81, em seu artigo 2º, dispõe sobre esse princípio: “A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana”.
Princípio do Desenvolvimento Sustentável: É um dos mais importantes princípios do Direito Ambiental. Ele procura coadunar a proteção ao meio ambiente com o desenvolvimento socioeconômico com o objetivo de gerar melhoria na qualidade de vida do homem.
A Constituição Federal de 1988, expressa esse princípio ao referenciar o dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentese futuras gerações, no caput do artigo 225 ao afirmar que, “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Ainda na Constituição, no capítulo da Ordem Econômica, também se faz menção à defesa do meio ambiente ao afirmar que a ordem econômica que é fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observado, dentre outros princípios, a proteção ambiental, art. 170, VI da CRFB. 
art. 170, VI da CRFB: A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. O desenvolvimento sustentável exige dos governos: políticas públicas de saneamento, educação ambiental, fiscalização no efetivo cumprimento das normas ambientais, diminuição do consumismo, eliminação da pobreza e da poluição.
Princípio da Ubiquidade ou Princípio da Cooperação: Ele vem evidenciar que o objeto de proteção do meio ambiente, deve ser levado em consideração sempre que uma política, atuação, legislação sobre qualquer tema, atividade ou obra tiver que ser criada e desenvolvida.
Isso ocorre porque o Direito Ambiental tutela a vida e a qualidade de vida, assim, tudo que se pretende fazer, criar ou desenvolver, deve antes passar por uma consulta ambiental para saber se há ou não possibilidade de degradação ambiental. É indispensável cooperar para controlar, evitar, reduzir e eliminar eficazmente os efeitos prejudiciais que determinadas atividades venham a produzir no meio ambiente.
Está presente na Conferência de Estocolmo: 
Princípio 22: Os Estados devem cooperar para continuar desenvolvendo o direito internacional, no que se refere à responsabilidade e à indenização das vítimas da poluição e outros danos ambientais, que as atividades realizadas dentro da jurisdição ou sob controle de tais Estados, causem às zonas situadas fora de sua jurisdição.
Princípio 24: Todos os países, grandes e pequenos, devem ocupar-se com espírito e cooperação e em pé de igualdade das questões internacionais relativas à proteção e melhoramento do meio ambiente. Quanto á Declaração celebrada na Conferência Rio-92, o princípio da Cooperação está previsto nos princípios n.5,n.7,n.9 e n.12.
Princípio 5: Todos os Estados e todos os povos cooperarão na tarefa fundamental de erradicar a pobreza como condição indispensável ao desenvolvimento sustentável, por forma a reduzir as disparidades nos níveis de vida e melhor satisfazer as necessidades da maioria dos povos do mundo.
Princípio 7: Os Estados cooperarão espírito de parceria global para conservar, proteger e recuperar a saúde e integridade do ecossistema da Terra. Tendo em conta as diferentes contribuições para a degradação ambiental global, os Estados têm responsabilidades comuns, mas diferenciadas. Os países desenvolvidos reconhecem a responsabilidade que lhes cabe na procura do desenvolvimento sustentável a nível internacional, considerando as pressões exercidas pelas suas sociedades sobre o ambiente global e as tecnologias e os recursos financeiros de que dispõem.
Princípio 9: Os Estados deverão cooperar para reforçar as capacidades próprias endógenas necessárias a um desenvolvimento sustentável, melhorando os conhecimentos científicos através do intercâmbio de informações científicas e técnicas, e aumentando o desenvolvimento, a adaptação, a difusão e a transferência de tecnologias incluindo tecnologias novas e inovadoras. 
Princípio 12: Os Estados deverão cooperar na promoção de um sistema econômico internacional aberto e apoiado que conduza ao crescimento econômico e ao desenvolvimento sustentável em todos os países de forma a melhor tratar os problemas de degradação ambiental. As medidas de política comercial motivadas por razões ambientais não devem constituir um instrumento de discriminação arbitrária ou injustificada ou uma restrição disfarçada ao comércio internacional. As ações unilaterais para lidar com desafios ambientais fora da área de jurisdição do país importador devem ser evitadas. As medidas ambientais para lidar com problemas ambientais transfronteiriços ou globais devem, tanto quanto possível, ser baseados num consenso internacional.
Princípio da Participação ou Democrático: Esse princípio assegura a todos os cidadãos o direito pleno de participar na elaboração de políticas públicas ambientais.
São mecanismos de participação popular na elaboração de políticas públicas ambientais:
A participação de iniciativa popular nos procedimentos legislativos, a realização de referendos sobre leis e a atuação de representantes da sociedade civil em órgãos colegiados dotados de poderes normativos
A sociedade também pode atuar diretamente na defesa do meio ambiente, participando na formulação e na execução de políticas ambientais, por intermédio da atuação de representantes da sociedade civil em órgãos colegiados responsáveis pela formulação de diretrizes e pelo acompanhamento da execução de políticas públicas.
	A utilização de instrumentos processuais que permitem a obtenção da prestação jurisdicional na área ambiental e que estão à disposição do cidadão e da coletividade brasileira na tutela do meio ambiente, como a Ação Popular, a Ação Civil Pública e o Mandado de Segurança Coletivo
	
	
	
	
A participação popular e o acesso à informação são elementos básicos para garantir a proteção do meio ambiente e um permanente envolvimento nas questões ambientais. Este princípio está previsto no Princípio n. 10 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e desenvolvimento, estabelecida na Rio-92.
Princípio 10: A melhor forma de tratar as questões ambientais é assegurar a participação de todos os cidadãos interessados ao nível conveniente. Ao nível nacional, cada pessoa terá acesso adequado às informações relativas ao ambiente detidas pelas autoridades, incluindo informações sobre produtos e atividades perigosas nas suas comunidades, e a oportunidade de participar em processos de tomada de decisão. Os Estados deverão facilitar e incentivar a sensibilização e participação do público, disponibilizando amplamente as informações. O acesso efetivo aos processos judiciais e administrativos, incluindo os de recuperação e de reparação, deve ser garantido.
Princípio da Educação Ambiental: Educação ambiental está outorgada como um direito do cidadão desde 1988, através da Lei nº 9.795/99 que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental. A Lei 9.795/99, que dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental, em seu artigo 1° conceitua a educação ambiental como sendo:
“os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.
A norma continua em seu artigo 2° esclarecendo que: “a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal”.
O objetivo fundamental da educação ambiental é fazer com que os indivíduos e a coletividade compreendam a natureza complexa do meio ambiente natural e do meio ambiente criado pelo homem, resultante da interação de seus aspectos biológicos, sociais, econômicos e culturais.
O princípio da educação ambiental está expressamente previsto no art. 225, § 1º, inciso VI da Constituição Federal e na Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6.938/81, em seu art. 2º, inciso X. Esse princípio está inda previsto na Declaraçãode Estocolmo, princípio n. 19.
Art. 225, § 1º, inciso VI da CRFB: Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.
Lei 6.938/81, em seu art. 2º, inciso X:PNMA, Lei 9.638/81, art. 2º: A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente
Princípio n. 19: É indispensável um trabalho de educação em questões ambientais, visando tanto às gerações jovens como os adultos, dispensando a devida atenção ao setor das populações menos privilegiadas, para assentar as bases de uma opinião pública, bem informada e de uma conduta responsável dos indivíduos, das empresas e das comunidades, inspirada no sentido de sua responsabilidade, relativamente à proteção e melhoramento do meio ambiente, em toda a sua dimensão humana.
Princípio do Poluidor-Pagador: Impõe ao poluidor o dever de arcar com as despesas de evitar a ocorrência de danos ambientais (caráter preventivo) e, ocorrido o dano, em razão da atividade desenvolvida, ser responsável por sua reparação (caráter repressivo).Objetiva evitar o dano e ser responsabilizado quando o dano houver sido causado.
Como escreve Romeu Thomé, o princípio é “considerado como fundamental na política ambiental, pode ser entendido como um instrumento econômico que exige do poluidor, uma vez identificado, suportar as despesas de prevenção, reparação e repressão dos danos ambientais. Para sua aplicação, os custos sociais externos que acompanham o processo de produção (v.g. valor econômico decorrentes de danos ambientais) devem ser internalizados, ou seja, o custo resultante da poluição deve ser assumido pelos empreendedores de atividades potencialmente poluidoras, nos custos da produção. Assim, o causador da poluição arcará com os custos necessários à diminuição, eliminação ou neutralização do dano ambiental.”
Tem como fundamento legal o artigo 14, § 1º da PNMA, Lei 6.938/81 e o artigo art.225,§ 3º da CRFB.
artigo 14, § 1º da PNMA, Lei 6.938/81:Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei 6.938/81, art. 14, § 1º: Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade
art.225,§ 3º da CRFB:As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. O princípio do Poluidor Pagador tem como fundamento o princípio n.16 da Declaração da Rio- 92.
Princípio n. 16:As autoridades nacionais deverão esforçar-se por promover a internalização dos custos ambientais e a utilização de instrumentos econômicos, tendo em conta o princípio de que o poluidor deverá, em princípio, suportar o custo da poluição, com o devido respeito pelo interesse público e sem distorcer o comércio e investimento internacionais.
Sobre o tema também escreveu o Ministro Relator Herman Benjamin, no Recurso Especial nº 1.165.284 - MG (2009/0217030-6) de 12/04/2012. Com efeito, vigora em nosso sistema jurídico o princípio da recuperação integral do dano ambiental, do qual é corolário o princípio do poluidor- pagador, a impor a responsabilização por todos os efeitos decorrentes da conduta lesiva, incluindo o prejuízo suportado pela sociedade, até que haja a fundamental e absoluta recuperação in natura do bem lesado. Se a recuperação é imediata e plena, não há, como regra, falar em indenização. Contudo, casos existem em que ela é lenta, podendo haver um remanescente de prejuízo coletivo (e também individual) até o completo retorno ao status quo ante ecológico [...]”.
Princípio da Prevenção: A prevenção refere-se ao dano conhecido. Ocorre quando o perigo é certo e se tem elementos seguros para afirmar que uma atividade específica é efetivamente perigosa. Neste caso, existe o conhecimento dos efeitos de determinadas atividades e das medidas que se impõem ações no sentido de evitá-las ou, pelo menos, minimizá-las. Este princípio tem o objetivo de impedir a ocorrência de danos ao meio ambiente, adotando-se medidas acautelatórias prévias à instalação, obra ou implantação de determinado empreendimento ou atividade consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras.
O princípio da prevenção, está previsto no caput do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, ao narrar que é dever do Poder Público e à coletividade defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.
Um exemplo de aplicação do princípio da prevenção é o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente.
Romeu Thomé disciplina que este princípio é:“orientador no Direito Ambiental, enfatizando a prioridade que deve ser dada às medidas que previnam (e não simplesmente reparem) a degradação ambiental. A finalidade ou o objetivo principal do princípio da prevenção é evitar que o dano possa chegar a produzir-se. Para tanto, necessário se faz adotar medidas preventivas”.
Princípio da Precaução: Por este princípio, não existe prova definitiva de que o dano ao meio ambiente ocorrerá, trata-se de mera possibilidade, ameaça de que o dano ambiental se materializará.
Como escreve Romeu Thomé, “o princípio da precaução é considerado uma garantia contra os riscos potenciais que, de acordo com o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda identificados.”
Explica Édis Milaré que “a invocação do princípio da precaução é uma decisão a ser tomada quando a informação científica é insuficiente, inconclusiva ou incerta e haja indicações de que os possíveis efeitos sobre o meio ambiente, a saúde das pessoas ou dos animais ou a proteção vegetal possam ser potencialmente perigosos e incompatíveis com o nível de proteção escolhido”.
IMPORTANTE: Este princípio não deve ser confundido com o princípio da prevenção, muito embora possa ser entendido, para alguns autores, como um desdobramento deste. O princípio da prevenção pressupõe uma razoável previsibilidade dos danos que poderão ocorrer a partir de um determinado impacto, já o princípio da precaução pressupõe, ao contrário, uma razoável imprevisibilidade dos danos que poderão ocorrer, dada a incerteza científica dos processos ecológicos envolvidos.
O Princípio da Precaução decorre do princípio n. 15 da Declaração do Rio-92.
Princípio 15: Para que o ambiente seja protegido, será aplicada pelos Estados, de acordo com as suas capacidades, medidas preventivas. Onde existam ameaças de riscos sérios ou irreversíveis não será utilizada a falta de certeza científica total como razão para o adiamento de medidas eficazes em termos de custo para evitar a degradação ambiental.
Princípio do Usuário Pagador: Consiste na cobrança de um valor econômico pela utilização de um bem ambiental. Este princípio estabelece que quem utiliza o recurso ambiental deve suportar seus custos. Este valor não se deve constituir em uma taxa abusiva ou um enriquecimento sem causa. Não tem a natureza reparatória e punitiva prevista no princípio do poluidor pagador, pois não está associado à infração ou ilicitude.
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei 6.938/81, em seu art. 4º, inciso VII, dispõe que a Política Nacional do Meio Ambiente visará “à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos”.
Princípio da Responsabilidade ou da Responsabilização: Engloba aresponsabilidade Civil, Penal e Administrativa da Pessoa Física e da Pessoa Jurídica que causa dano ao meio ambiente. Tem sua origem na responsabilidade objetiva e está previsto no art. 14, § 1º da Lei nº 6.938/81(Política Nacional do Meio Ambiente), e no § 3º do art. 225 da Constituição Federal de 1988. Por este princípio, o poluidor, pessoa física ou jurídica, responde por suas ações ou omissões que causaram dano ao meio ambiente, ficando sujeito a sanções cíveis, penais ou administrativas.
Parte do relatório proferido pelo Ministro relator Herman Benjamin, no Recurso Especial nº 1.328.753 - MG (2012/0122623-1). 03.02.2015.
PNMA, Lei n. 6.938/91, art 14: Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:
§ 1º: Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente
CRFB, art. 225, § 3º: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
 Álvaro Luiz Valery Mirra, magistrado em São Paulo, leciona que o princípio da reparação integral "deve conduzir o meio ambiente e a sociedade a uma situação na medida do possível equivalente à de que seriam beneficiários se o dano não tivesse sido causado" (Ação Civil Pública e a Reparação do Dano Ambiental , 2ª ed., São Paulo, Editora Juarez de Oliveira, 2004, fl. 314). Prossegue o autor (p. 315, grifos no original):
Nesse sentido, a reparação integral do dano ao meio ambiente deve compreender não apenas o prejuízo causado ao bem ou recurso ambiental atingido, como também, na lição de Helita Barreira Custódio, toda a extensão dos danos produzidos em consequência do fato danoso, o que inclui os efeitos ecológicos e ambientais da agressão inicial a um bem ambiental corpóreo que estiverem no mesmo encadeamento causal, como, por exemplo, a destruição de espécimes, habitats, e ecossistemas inter-relacionados com o meio afetado; os denominados danos interinos, vale dizer, as perdas de qualidade ambiental havidas no interregno entre a ocorrência do prejuízo e a efetiva recomposição do meio degradado; os danos futuros que se apresentarem como certos, os danos irreversíveis à qualidade ambiental e os danos morais coletivos resultantes da agressão a determinado bem ambiental.”
Princípio da Obrigatoriedade da Intervenção Estatal na Defesa do Meio Ambiente: Dispõe o artigo 225, caput da Constituição Federal que cabe ao poder público o dever de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações, nesse sentido este princípio decorre da natureza indisponível do direito ao meio ambiente saudável. Esse princípio tem por base a atuação obrigatória do Estado na proteção ambiental em decorrência da natureza indisponível do meio ambiente, “cuja a proteção é reconhecida hoje como indispensável à dignidade e à vida de toda pessoa – núcleo essencial dos direitos fundamentais” (Thomé, 2016).
Está disciplinado no artigo 174, da Constituição Federal de 1988, ao consagrar que “como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado”. Também consta no item 17 da Declaração de Estocolmo de 1972 (Conferência da ONU sobre meio ambiente).
“Deve ser confiada, às instituições nacionais competentes, a tarefa de planificar, administrar e controlar a utilização dos recursos ambientais dos Estados, com o fim de melhorar a qualidade do meio ambiente”.
Tais dispositivos consignam expressamente o dever do Poder Público atuar na defesa do meio ambiente, tanto no âmbito administrativo, quanto no âmbito legislativo e até no âmbito jurisdicional, cabendo ao Estado adotar as políticas públicas e os programas de ação necessários para cumprir esse dever imposto. 
Princípio do Equilíbrio Resultado global: É o princípio pelo qual devem ser pesadas todas as implicações de uma intervenção no meio ambiente, buscando-se adotar a solução que melhor concilie um resultado globalmente positivo. Esse princípio é voltado para a Administração Pública, a qual deve sopesar todas as implicações que podem ser desencadeadas por determinada intervenção no meio ambiente, devendo adotar a solução que busque alcançar o desenvolvimento sustentável. Ele possui como característica básica a ponderação de valores.
Princípio do Limite: É o princípio pelo qual a administração pública tem o dever de fixar parâmetros para as emissões de partículas, de ruídos e de presença a corpos estranhos no meio ambiente, levando em conta a proteção da vida e do próprio meio ambiente. Está diretamente ligado ao exercício do Poder de Polícia do Estado, pois cabe a este fiscalizar e orientar a sociedade quanto aos limites em usar e aproveitar o bem ambiental. Édis Milaré escreve que este princípio: “resulta de intervenções necessárias à manutenção, preservação e restauração dos recursos ambientais com vista á sua utilização racional e disponibilidade permanente.”
Princípio da função socioambiental da propriedade: Este princípio consagra a sobreposição do interesse público ao interesse privado. O poder estatal, que é em tese ilimitado, será limitado todas as vezes que atingir direitos e garantias individuais, contudo, o interesse na proteção do meio ambiente, por ser de natureza pública, deve prevalecer sempre sobre os interesses individuais privados, ainda que legítimos. A Constituição Federal de 1988, ao mesmo tempo em que garante o Direito de Propriedade em seu art. 5º, inciso XXII, deixa claro que este tem uma função social a cumprir, prevista no:
CRFB, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
CRFB, art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
III - função social da propriedade.
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE URBANA: CRFB, art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
 (FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE RURAL): CRFB, art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente.
AULA 3 
O Direito Ambiental e sua proteção constitucional: A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), elevou o meio ambiente a status constitucional, criando capítulo próprio para o mesmo no artigo 225 (Capítulo VI – Do Meio Ambiente, dentro do Título VIII - Da Ordem Social).
A norma constitucional deixa claro que:
“todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-seao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Desse modo, o bem ambiental é um direito de todos, bem de uso comum do povo e dever do Poder Público e da coletividade defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
A Constituição Federal é a principal fonte formal do Direito Ambiental. A norma trata a questão ambiental de forma abrangente, apresenta uma série de preceitos quanto à tutela ambiental em seu texto ou de forma fragmentada ou em diversos capítulos, além, é claro, do art. 225 e seus parágrafos.
	Para possibilitar a ampla proteção, a Constituição Federal de 1988 previu diversas regras, divisíveis em quatro grandes grupos, que são: 
Regras Gerais: são aquelas previstas, de forma direta ou indireta, em vários textos da Constituição Federal.
Regras de Competência: são divididas em legislativas e administrativas; a primeira diz respeito ao poder de legislar dos Entes Federativos, e a segunda atribui ao Poder Público, a prática de atos administrativos em prol da preservação e proteção ambiental.
Regras Específicas: as previstas no capítulo do Meio Ambiente, isto é, no artigo 225 e seus parágrafos da Constituição Federal.
Regras de Garantia: são as tutelas processuais ambientais, como a ação popular, a ação civil pública, entre outras.
CF art 225: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial á sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e a coletividade o dever de protege-lo e preservá-lo para a presente e a futura gerações. 
Para Paulo de Bessa Antunes, a palavra todos existente no caput do art 225 “ tem o sentido de qualquer indivíduo que se encontre em território nacional, independentemente de sua condição jurídica perante o nosso ordenamento jurídico. São todos os seres humanos, não havendo a exigência da condição de cidadão. 
Por esse entendimento, até o estrangeiro não residente no país e aqueles que, por qualquer motivo, tenham suspensos seus direitos de cidadania, ainda que parcialmente, se encaixam como destinatários da norma contida no caput do art 225 CF. 
Quando a norma trata que o bem ambiental é um bem de uso comum do povo, trata o meio ambiente como um bem jurídico, possuindo valor econômico e social. A proteção ambiental é um dever do Poder Público e a toda a coletividade, com o objetivo de protegê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A CF impõe o dever de conservar o bem ambiental não somente para a geração presente, mas também para as gerações que estão por vir. Com isto, é dever do homem criar mecanismos em prol do desenvolvimento sustentável.
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei n. 6.938, sancionada em 1981, em seu artigo 2°, inciso I, consagra que o meio ambiente como um patrimônio público deve ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. Bom destacar que esta norma consagra o conceito de meio ambiente natural, em seu artigo 3°, inciso I que dispõe que meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: No artigo 225, §1º e seus incisos, estão contidos os comandos, de natureza obrigatória, que deve o Poder Público dispor para a defesa do meio ambiente.
O Poder Público para assegurar a proteção do meio ambiente deve:
I: PRESERVAR E RESTAURAR OS PROCESSOS ECOLÓGICOS ESSENCIAIS E PROMOVER O MANEJO ECOLÓGICO DAS ESPÉCIES E ECOSSISTEMAS. 
Sobre o inciso I, §1º, art. 225 da CRFB: “preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas”, merece destaque identificar os conceitos de preservação e restauração, uma vez que possuem significados diversos. Para Aurélio Buarque de Holanda, preservar significa livrar de algum mal, manter livre de perigo ou dano, conservar. Restaurar é recuperar, reparar, compor. Romeu Thomé enfoca que compreende-se por “preservação o conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção, a longo prazo, das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais.” Restauração, destaca o autor, “significa a restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original”.
II: PRESERVAR A DIVERSIDADE E A INTEGRIDADE DO PATRIMÔNIO GENÉTICO DO PAÍS E FISCALIZAR AS ENTIDADES DEDICADAS À PESQUISA E MANIPULAÇÃO DE MATERIAL GENÉTICO:
O inciso II, do §1º do artigo 225 da CRFB é regulamentado, entre outros, pela Lei 9.985/2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), pela Lei 11.105/2005, que disciplina a Política Nacional de Biossegurança e a Lei n. 13.123/2015, dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade.
III: DEFINIR, EM TODAS AS UNIDADES DA FEDERAÇÃO, ESPAÇOS TERRITORIAIS E SEUS COMPONENTES A SEREM ESPECIALMENTE PROTEGIDOS, SENDO A ALTERAÇÃO E SUPRESSÃO PERMITIDAS SOMENTE ATRAVÉS DE LEI VEDADA QUALQUER UTILIZAÇÃO QUE COMPROMETA A INTEGRIDADE DOS ATRIBUTOS QUE JUSTIFIQUEM SUA PROTEÇÃO: 
“Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção”, é a redação do texto legal contido no inciso III, do §1º. Este dispositivo é regulamentado pela Lei 9.985/2000, Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). As unidades de conservação estão definidas no art. 2º, I, da Lei n. 9.985, que esclarece que unidade de conservação é o “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”.
Sobre o inciso III do artigo 225, §1º, destaca Thomé que, “uma vez instituída uma área ambientalmente protegida (como uma unidade de conservação da natureza), seja por decreto do Executivo ou por lei formal, a redução dos seus limites (alteração) ou a sua supressão total somente serão permitidas através de lei específica. O Constituinte é de dificultar o procedimento legal de alteração ou supressão de uma área ambientalmente protegida, e de facilitar a criação das mesmas, em respeito ao preceito constitucional de proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado”.
IV: EXIGIR, NA FORMA DA LEI, PARA INSTALAÇÃO DE OBRA OU ATIVIDADE POTENCIALMENTE CAUSADORA DE SIGNIFICATIVA DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE, ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL , A QUE SE DARÁ PUBLICIDADE. O artigo 225, §1º, inciso IV, proclama que é exigido, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade. A norma faz menção direta ao procedimento administrativo, licenciamento ambiental, consagrado como instrumento de gestão ambiental, instituído pela Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6.938/81, artigo 9°, inciso IV.
Dispõe a redação do artigo 9°, inciso IV, da PNMA:
PNMA, art. 9°, inciso IV: São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
V: CONTROLAR A PRODUÇÃO, A COMERCIALIZAÇÃO E O EMPREGO DE TÉCNICAS, MÉTODOS E SUBSTÂNCIAS QUE COMPORTEM RISCO PARA A VIDA, A QUALIDADE DE VIDA E O MEIO AMBIENTE: O inciso V do artigo 225, §1° da Carta Cidadã dispõe: “controlar a produção, a comercializaçãoe o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente”, trata o caso do controle e da produção de substancias que importem em risco, como os transgênicos e os agrotóxicos. Esclarece Romeu Thomé que “desta forma o constituinte estabeleceu os fundamentos para a gestão dos riscos em matéria ambiental”. E continua a analisar que “trata-se de aplicação do princípio do controle do poluidor pelo Poder Público ou princípio do limite”.
VI: PROMOVER A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM TODOS OS NÍVEIS DE ENSINO E A CONSCIENTIZAÇÃO PÚBLICA PARA A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE: O inciso VI, do §1º do artigo 225 da Constituição Federal é regulamentado pela Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9.795/99, que determinou ser atribuição do Poder Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente, assim como proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade, inciso VII do artigo 225, §1°.
VII: PROMOVER A FAUNA E A FLORA, VEDADAS, NA FORMA DA LEI, AS PRÁTICAS QUE COLOQUEM EM RISCO SUA FUNÇÃO ECOLÓGICA, PROVOQUEM A EXTINÇÃO DE ESPÉCIES OU SUBMETAM OS ANIMAIS A CRUELDADE: Este inciso do §1º do artigo 225 da Constituição Federal disciplina que incumbe ao Poder Público proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. Destaca Romeu Thomé que “ao se referir à relevante função ecológica da fauna e da flora, a Carta Magna reportou-se ao papel desempenhado pelos animais e plantas no ecossistema, possibilitando seu perfeito funcionamento”.
Há um grande número de leis que regulamentam o texto deste inciso: Lei n. 12.651/2012, novo Código Florestal; Lei n. Lei 9.985/2000, Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC);
Lei n. 9.605/1998 conhecida como Lei de Crimes Ambientais.
Art. 225, §2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. Esse artigo destaca que aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
Essa norma deixa cristalina a presença dos princípios ambientais do poluidor-pagador e da responsabilidade para aquele que explorar recursos minerais sendo este obrigado a recuperar o bem ambiental que veio a degradar fruto da atividade extrativista.
Art. 225, §3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Esse artigo claro a responsabilidade por aquele que causar dano ao meio ambiente. Esta responsabilidade pode ser tanto na esfera administrativa, quanto na criminal, sem esquecer da responsabilidade civil de reparar os danos causados.
A PNMA, em seu artigo 14, §1º, já consagrava a responsabilidade do agente que causa dano ambiental, dispõe a norma que: 
“sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”.
Art. 225, §4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. Merece destaque observar que a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são considerados patrimônios nacionais, não se confundindo com propriedade pública. Essas áreas não são bens da União, destaca José Afonso da Silva que:
“declara a Constituição que os complexos ecossistemas referidos no art. 225, §4°, são patrimônio nacional. Isso não significa transferir para a União o domínio sobre as áreas particulares, estaduais e municipais situadas nas regiões mencionadas”.
Estando a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira em terras particulares, nada obsta a sua utilização por estes dos recursos naturais existentes nessas áreas, desde que observadas as prescrições legais e respeitadas as condições necessárias à preservação ambiental.
A Lei n. 13.123/2015 que disciplina sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado e a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade, também surgiu com o fim de regulamentar o §4°do artigo 225 da Carta Magna.
Art. 225, §5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
Neste parágrafo, importante destacar o conceito de terras devolutas. Terras devolutas podem ser conceituadas como: “sendo todas as terras existentes no território brasileiro, que não se incorporaram legitimamente ao domínio particular, bem como as já incorporadas ao patrimônio público, porém não afetadas a qualquer uso público”. (Di Pietro, 2010). Elas integram a categoria de bens públicos dominicais pois não há destinação pública.
Escreve Thomé que “há uma importante exceção constitucional às regras tradicionalmente adotadas para as terras devolutas, prevista no artigo 225, §5º da CRFB/1988.
§5º da CRFB/1988: Este parágrafo aborda uma espécie de terra devoluta com características específicas: necessária à proteção dos ecossitemas naturais. As terras devolutas indispensáveis à preservação ambiental são bens da União (art. 20, II da CRFB/1988) e podem ser classificadas como bens públicos de uso especial, por possuírem destinação pública específica, qual seja, a proteção dos ecossitemas naturais”.
Art. 225, §6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
Esse parágrafo do artigo 225 da Constituição Federal trata das usinas nucleares. Como se verá a seguir, a competência para legislar sobre as atividades nucleares é privativa da União, artigo 22, inciso XXXVI da CRFB. Da mesma forma, os recursos minerais são bens da União, conforme determina o artigo 20, inciso IX do texto legal.
Competência Constitucional Ambiental: A CF, reparte as competências entre todos os entes da federação brasileira, isto é, entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, segundo destaca o artigo 18, caput da CF. A principal característica da Federação é a autonomia das unidades federadas, que se caracteriza pela capacidade das unidades federativas de se auto organizar, observando os princípios do pacto federal.
A doutrina divide a competência dos entes públicos em:
Competência Administrativa ou material: Atribui ao Poder Público a prática de atos administrativos e de atividades ambientais. Romeu Thomé destaca que esta competência: “cuida da atuação concreta do ente, através do exercício do poder de polícia. ”
A competência administrativa ou material se divide em:
Competência administrativa (ou material) exclusiva; e Competência administrativa (ou material) comum.
Competência Legislativa. A Competência legislativa é atribuída aos entes federativos o ato de legislar. A Competência Legislativa é dividida em:
I: COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA: Está prevista no artigo 22 da Constituição Federal. Esta competência legislativa privativa é inerente à União, que é quem tem o poder de legislar sobre as matérias específica do artigo 22 da CRFB. Esta competência tem a possibilidade de delegação, conforme dispõe o parágrafo únicodo citado artigo que narra que “lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo”. No que tange ao bem ambiental, este está discriminado nos incisos IV, X, XII, XIV, XVIII e XXVI, do artigo 22.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
2. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA EXCLUSIVA: Diz respeito aos Estados e aos Municípios e é aquela reservada unicamente a uma entidade, sem a possibilidade de delegação. Está prevista no art. 25, §§2º e 3° além, no que concerne ao estudo de nossa disciplina, o art. 30, inciso I da Constituição Federal.
CRFB, art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
CRFB, art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local;
III: COMPETÊNCIA LEGISLATIVA RESIDUAL: Também é denominada de competência legislativa remanescente ou ainda reservada. Trata-se de competência residual dos Estados, conforme prevista no artigo 25, §1° CRFB. Romeu Thomé escreve que “a Constituição determina que são reservadas aos Estados as competências legislativas que não sejam vedadas pelo texto constitucional, podendo assim, os Estados legislar sobre as matérias que não lhes estiverem implícita ou explicitamente.”
CRFB, artigo 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
IV: COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE: Permite que a União, Estados e Distrito Federal legislem sobre a mesma matéria. Possui como característica a atribuição de uma mesma matéria a mais de um ente federativo. Tem seu fundamento no art. 24 da Constituição Federal.
No que diz respeito ao meio ambiente, os incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VII do artigo 24 disciplina a questão.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
A competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais (art. 24, §1° da CRFB/1988), que deverá ser observada por todos.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
§1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
V: COMPETÊNCIA LEGISLATIVA SUPLEMENTAR: Na legislação concorrente, a União limita-se a estabelecer normas gerais e os Estados, as normas específicas. No entanto, em caso de inércia legislativa da União, os Estados poderão suplementa-la. Sobre os Estados, o artigo 24, §2° CRFB estabelece que a competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
CRFB, artigo 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
No que tange aos municípios, a redação do artigo 30, inciso II da Constituição Federal destaca que compete aos municípios suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.
CRFB, artigo 30. Compete aos Municípios: II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.
VI: COMPETÊNCIA LEGISLATIVA SUPLETIVA: Como destaca Thomé (2016), “a competência legislativa supletiva decorre da inércia da União em editar a lei federal sobre normas gerais, adquirindo então os Estados e o Distrito Federal competência plena para a edição de normas gerais e de normas específicas sobre os assuntos relacionados no artigo 24 da Constituição Federal (art. 24, §3°)”. Continua o autor a afirmar que “a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia de lei estadual (ou distrital), no que lhe for contrário (art. 24, §4° da CRFB/1988)”.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
§1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
§3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
AULA 4 
Política Nacional do Meio Ambiente - Lei n. 6.938/81: De acordo com a Declaração de Estocolmo 1972, em razão da necessidade de se estabelecer uma visão global e princípios comuns para a preservação e melhoria do ambiente humano, através de políticas e ações ambientais, foi instituída, no Brasil, em 1981, a Lei 6.938/81, conhecida como:
Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA): A PNMA foi a principal Lei Federal ambiental sancionada antes da Constituição Federal de 1988 e amplamente recepcionada por esta. A norma visa dar efetividade ao princípio matriz contido no artigo 225, caput, da Constituição consubstanciado no direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo um conjunto de instrumentos legais, técnicos, científicos, políticos e econômicos destinados à promoção do desenvolvimento sustentável. Trata-se de uma norma de Gestão Ambiental que organiza e orienta o Poder Público sobre o poder de polícia ambiental, através do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), e estabelece objetivos, princípios, diretrizes, conceitos básicos sobre meio ambiente e poluição e instrumentos administrativos, penais, civis e econômicos de proteção ao meio ambiente, hábeis à sua realização.
PNMA, art 1º - Esta lei, com fundamento nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 235 da Constituição, estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e institui o Cadastro de Defesa Ambiental.
	A norma em seu artigo 2º, caput consagra seu objetivo geral como sendo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
	PNMA, art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida,visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
A qualidade ambiental é o estado do meio ambiente ecologicamente equilibrado, conforme preceitua o art. 225, caput da Constituição Federal. É pelo estudo da qualidade ambiental que o Direito Ambiental vai traçar sua política nas diversas esferas da Federação.
Preservar é impedir a intervenção humana; Melhorar é permitir a intervenção humana no meio ambiente, com o objetivo de aprimorar a qualidade dos recursos ambientais, realizando o manejo adequado desses bens; Recuperar é permitir a intervenção humana, buscando a reconstrução dos bens degradados, fazendo com que eles voltem a ter as mesmas características. 
Princípios: Os princípios da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) são os orientadores da ação governamental, conforme o disposto no art. 2º, inciso I a X da norma, tendo em vista o Objetivo Geral, de preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental que assegurem ao país as condições de desenvolvimento sustentável, os interesses da segurança nacional e a proteção da dignidade da pessoa humana. Os princípios da PNMA não se confundem com os princípios do direito ambiental, pois são específicos e instrumentais da política ambiental, alguns como mera orientação da ação governamental.
Conforme disciplinado no art 2º, são princípios da Política Nacional do Meio Ambiente:
I. ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II. racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III. planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV. proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V. controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
VI. incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;
VII. Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII. recuperação de áreas degradadas;
IIX. proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X. educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
PNMA, art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
Meio ambiente: É “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
A doutrina já estabeleceu que este artigo trata apenas do conceito de meio ambiente natural, constituído pela água, solo, ar, flora e fauna. Verá nas próximas aulas que o meio ambiente se divide ainda em meio ambiente cultural, previsto no artigo 215 e 216 da Constituição Federal, que trata da proteção do patrimônio histórico, artístico, paisagístico, turístico e arqueológico, meio ambiente artificial, artigos 182 e 183 da Carta Magna, que é o meio ambiente construído, o conjunto de edificações e equipamentos públicos como praças e rua e meio ambiente do trabalho, artigo 7°, inciso XXII e artigo 200, inciso VIII do mesmo diploma legal que consiste na qualidade de vida no meio ambiente do trabalho, nas relações laborais.
Degradação da qualidade ambiental: É “a alteração adversa das características do meio ambiente”.
	Poluição: É a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente venham a prejudicar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, ou que criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, ou venham a afetar a forma desfavorável o biota, afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente ou, ainda, que lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
	Poluidor: É a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, de forma direta ou indireta, por atividade causadora de degradação ambiental.
	Recursos ambientais: São a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.
Objetivos: O artigo 4° da Política Nacional do Meio Ambiente elenca os objetivos específicos que devem ser perseguidos e alcançados, visando à harmonização do meio ambiente com o desenvolvimento sustentável e a dignidade da pessoa humana, conforme o estabelecido no art. 2º da Lei.
Esses objetivos gerais serão agora analisados: 
Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I - À compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. A compatibilização do desenvolvimento econômico-social está previsto também na Constituição Federal no capítulo que trata da Ordem Econômica, artigo 170, inciso VI: “defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação”.
II - À definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios. O Poder Público, por meio do Poder Executivo nas três esferas da Federação deve editar políticas públicas que tenham por finalidade a preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico, conforme afirma Antonio Beltrão.
As áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico estão previstas também em nossa Constituição Federal, artigo 225, §1º, inciso III, quando dispõe: “espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, e criados, nas três esferas da Federação”. 
Entre as áreas prioritárias têm-se as áreas de preservação permanente (APP), que estão previstas no Código Florestal, Lei 12.651/12 e as unidades de conservação (UCs) dispostas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), Lei 9.985/00.
III - Ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais. A Política Nacional do Meio Ambiente deve fixar os critérios e padrões de qualidade a serem observados para a utilização dos recursos ambientais.
IV - Ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais. O uso de tecnologia é essencial para se alcançar o desenvolvimento sustentável. Assim, o Poder Público tem importante papel como fomentador de pesquisas e de novas tecnologias, com o objetivo de melhorar o processo produtivo.
V - À difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico: A Lei 10.650/2003, dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do SISNAMA.
VI - À preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida. Conforme orienta Beltrão, uma das características comuns dos recursos naturais é a sua escassez, por serem bens finitos. Daí a necessidade da intervenção governamental para regulá-los, evitando os conflitos, em sua utilização, através de planejamento racional por parte das autoridades, de modo a propiciar a disponibilidade dos recursos assegurando o interesse da coletividade e o equilíbrio ambiental.
VII - À imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. Tem como base o princípio do poluidor pagador, que decorre da teoria econômica segundo a qual devem-se internalizar os custos externos, impondo-seao poluidor a responsabilidade pelo custo social da degradação ambiental por ele produzida. Em continuidade, o princípio do usuário pagador, do qual se impõe a cobrança de um valor econômico pela utilização de um bem ambiental, de natureza meramente remunerativa – e não punitiva.
	Diretrizes: A linha reguladora de um caminho, o conjunto de instruções ou indicações para se tratar e levar a termo um plano, uma ação”. Para que os objetivos específicos elencados na Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6.938/81, no artigo 4º não fiquem somente no papel, o artigo 5º estabelece que as diretrizes serão formuladas em normas e planos de orientação às ações governamentais, sempre em observância aos princípios apresentados no artigo 2º.
	PNMA, art 5º - As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente serão formuladas em normas e planos, destinados a orientar a ação dos Governos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona com a preservação da qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico, observados os princípios estabelecidos no art. 2º desta Lei.
Parágrafo único - As atividades empresariais públicas ou privadas serão exercidas em consonância com as diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente.
Instrumentos: A Política Nacional do Meio Ambiente destaca 13 instrumentos para execução de sua política. Tratam-se de instrumentos administrativos de gestão ambiental, podem ser conceituados como mecanismos estatais, legalmente instituídos na visão de Milaré (2014).
São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, instituídos no artigo 9° da norma:
I: O ESTABELECIMENTO DE PADRÕES DE QUALIDADE AMBIENTAL: 
Maria Luiza Machado ensina que padrão é, em sentido estrito, o nível ou grau de qualidade de um elemento ( substância ou produto) que é próprio ou adequado a determinado propósito. O papel dos padrões ambientais é o de estabelecer parâmetros que indiquem determinado estado de equilíbrio ambiental. Os padrões de qualidade ambiental, consistem, portanto, em parâmetros fixados pela legislação para regular o lançamento/emissão de poluentes. Variam, portanto, conforme a toxidade do poluente, seu grau de dispersão, o uso do bem ambiental explica Beltrão. O estabelecimento dos padrões de qualidade ambiental visa fundamentalmente o controle de substâncias potencialmente prejudiciais à saúde humana, como os padrões fixados de qualidade de água, do ar, dos níveis de ruídos. Os padrões são estabelecidos por meio das Resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente- CONAMA: Padrões de qualidade de água, Padrões de qualidade do ar e Padrões de qualidade para ruídos.
II: O ZONEAMENTO AMBIENTAL: O zoneamento ambiental, como uma ferramenta de planejamento integrado, aparece como uma solução possível para o ordenamento do uso racional dos recursos, garantindo a manutenção da biodiversidade, os processos naturais e serviços ambientais ecossistêmicos. Esta necessidade de ordenamento territorial faz-se necessária frente ao rápido avanço da fronteira agrícola, a intensificação dos processos de urbanização e industrialização associados à escassez de recursos orçamentários destinados ao controle dessas atividades. 
III: A AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS ( AIA): Esclarece Romeu Thomé que “ a implantação de qualquer atividade que de alguma forma cause impacto ( modificação) ao meio ambiente é condicionada a uma avaliação prévia (AIA) para que se possa, primeiramente, autorizae ou não o empreendimento e, em um segundo momento, exigir do empreendedor as medidas necessárias para corrigir, mitigasr e/ou compensar os efeitos negativos que elas poderão acarretar ao ecossistema. Os referidos estudos subsistirão os órgãos ambientais competentes para a análise dos requerimentos de licença ambiental.” 
IV- O LICENCIAMENTO E AREVISÃO DE ATIVIDADES EFETIVA OU POTENCIALMENTE POLUIDORAS: O licenciamento ambiental é um procedimento administrativo, uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou que venha de qualquer forma a degradar o meio ambiente. Está previsto na Resolução do CONAMA n. 237/97 e na Lei Complementar n.140/2011
V- OS INCENTIVOS À PRODUÇÃO E INSTALAÇÃO DE EQUIPAMENTOS E A CRIAÇÃO OU ABSORÇÃO DE TECNOLOGIA, VOLTADOS PARA A MELHORIA DA QUALIDADE AMBIENTAL: Este instrumento tem como finalidade incentivar a adoção de novos métodos de produção que contribuam para reduzir os impactos negativos provocados pela atividade produtiva no meio ambiente, melhorando assim a qualidade ambiental. 
VI- A CRIAÇÃO DE ESPAÇÕES TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS PELO PODER PÚBLICO FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL, TAIS COMO ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL, DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO E RESERVAS EXTRATIVISTAS: As áreas protegidas são espaços territorialmente demarcados, cuja principal função é a conservação e/ou a preservação de recursos, naturais e/ou culturais a elas associados. Área protegida, segundo artigo 2º da Convenção da diversidade biológica (CDB), “significa uma área definida geograficamente que é destinada, ou regulamentada, e administrada para alcançar objetivos específicos de conservação”. Artigo 225§ 1º, III CF estabelece o dever de definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos a fim de assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
VII- O SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE O MEIO AMBIENTE (SINIMA): O Sistema Nacional de informações sobre o meio ambiente ( SINIMA) é considerado, pela política de informação do Ministério do meio ambiente, como uma plataforma conceitual baseada na integração e compartilhamento de informação entre os diversos sistemas existentes ou a se construir no âmbito do SISNAMA, conforme dispõe a Portaria nº 160. Trata-se assim, de instrumento responsável pela gestão da informação no âmbito do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). O Decreto n. 99.274/90 regulamentou o SINIMA como instrumento da secretaria executiva do Ministério do meio ambiente para coordenar o intercâmbio de informação entre os órgãos integrantes do SISNAMA.
VII- O CADASTRO TÉCNICO FEDERAL DE ATIVIDADES E INSTRUMENTOS DE DEFESA AMBIENTAL: Cadastro técnico Federal de atividades e instrumentos de defesa ambiental foi instituído sob a administração do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e recursos naturais renováveis ( IBAMA).Tem por fim o registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a consultoria técnica sobre o problemas ecológicos e ambientais e a indústria e o comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras 
IX- AS PENALIDADES DISCIPLINARES OU COMPENSATÓRIAS AO NÃO CUMPRIMENTO DAS MEDIDAS NECESSÁRIAS À PRESERVAÇÃO OU CORREÇÃO DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL: 
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA
O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) foi instituído pela PNMA, artigo 6° e regulamentado pelo Decreto 99.274/90, de 06 de Junho de 1990. Esse sistema é constituído por entidades e órgãos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e pelas Fundações instituídas pelo Poder Público, investidos do poder de polícia ambiental com suas competências (material/administrativa).
Finalidade:  Dar cumprimento ao princípio matriz previsto no artigo 225 da Constituição Federal de 1988, isto é, proteção e melhoria da qualidade ambiental e ainda estabelecer uma rede de agências governamentais, nos diversos níveis da Federação, visando assegurar os mecanismos capazes de implantar a Política Nacional do Meio Ambiente.
Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA
O Conselho Nacional do Meio Ambiente foi criado pela PNMA, em seu artigo 7°. Tem por objetivo “assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões

Outros materiais