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Ética da Psicologia nas Políticas Públicas

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Psicologia nas Políticas Públicas
Breve Histórico da Psicologia nas Políticas Públicas
 Historicamente a atuação profissional dos psicólogos e psicólogas estava restrita à Psicologia aplicada, executada em consultórios particulares, escolas e empresas, cujo acesso estava limitado àqueles que dispunham de recursos para custear o trabalho dos psicólogos e psicólogas. Contudo, especialmente nas últimas duas décadas, surge no Brasil uma nova proposta para a atuação dos psicólogos e psicólogas em questões sociais que traz um paradigma ao trabalho identificando claramente o papel do psicólogo na realidade brasileira. Esse é um dos fatores que contribuíram para o surgimento do conceito de Compromisso Social da Psicologia, isto é, uma prática comprometida com a realidade social do país. Nasce aqui uma ponte que liga a Psicologia às políticas públicas.
 Levar a Psicologia às políticas públicas contribui sobremaneira não apenas para o melhor atendimento ao cidadão como também para a formulação e implementação das políticas. O olhar do psicólogo é capaz de compreender “aspectos subjetivos que são constituídos no processo social e, ao mesmo tempo, constituem fenômenos sociais, possibilitando que tais políticas efetivamente garantam direitos humanos. Hoje, a presença dos psicólogos e psicólogas nas políticas públicas é uma realidade e o acúmulo de conhecimento produzido nessa área reflete o compromisso que a categoria construiu em defesa dos direitos sociais.
Definições: 
Política 
 É a ciência da governação de um Estado ou Nação e também uma arte de negociação para compatibilizar interesses. O termo tem origem no grego politiká, uma derivação de polis que designa aquilo que é público. O significado de política é muito abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público.
 Na ciência política, trata-se da forma de atuação de um governo em relação a determinados temas sociais e econômicos de interesse público: política educacional, política de segurança, política salarial, política habitacional, política ambiental, etc.
 O sistema político é uma forma de governo que engloba instituições políticas para governar uma Nação. Monarquia e República são os sistemas políticos tradicionais. Dentro de cada um desses sistemas podem ainda haver variações significativas ao nível da organização. Por exemplo, o Brasil é uma República Presidencialista, enquanto Portugal é uma República Parlamentarista.
 Num significado mais abrangente, o termo pode ser utilizado como um conjunto de regras ou normas de uma determinada instituição. Por exemplo, uma empresa pode ter uma política de contratação de pessoas com algum tipo de deficiência ou de não contratação de mulheres com filhos menores. A política de trabalho de uma empresa também é definida pela sua visão, missão, valores e compromissos com os clientes.
 É natural que com o passar do tempo, seja necessário proceder a uma alteração de algumas leis ou políticas estabelecidas por um determinado país. No Brasil. a expressão "reforma política" remete para as alterações propostas para o melhoramento do sistema político e eleitoral. Essas propostas são debatidas no Congresso Nacional e são aceites ou recusadas
Ética
 O termo ética deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa). Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social.
 A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos. 
O Conceito de Política Pública
 Políticas Públicas podem ser entendidas como um conjunto de normas que orientam práticas e respaldam os direitos dos indivíduos em todos os níveis e setores da sociedade. Elas devem ter como base os princípios da igualdade e da equidade, disseminando o sentido de justiça social. Por meio delas, os bens e serviços sociais são distribuídos, redistribuí- dos, de maneira a garantir o direito coletivo e atender às demandas da sociedade.
 De acordo com Frey (2000), existem três aspectos importantes para entendermos as Políticas Públicas:
Qual o seu conteúdo concreto;
Como ocorre o processo político que pauta sua formulação;
Em que sistema e estrutura política, administrativa e institucional elas são elaboradas.
 As Políticas Públicas surgem como necessidades em resposta aos problemas sociais. Devem refletir, portanto, soluções às necessidades identificadas na vida coletiva, nas suas diversas áreas: educação, saúde, trabalho, social, entre outras tantas.
 Essas necessidades podem ser identificadas com o uso de métodos de pesquisa, apoiadas no conhecimento científico, ou, ainda, puramente com base na experiência empírica. As Políticas Públicas não estão isentas, entretanto, de surgir como resposta a uma necessidade política e ideológica, com base na interpretação que partidos políticos específicos fazem sobre a realidade da população e suas reivindicações.
Ética nas Políticas Públicas
 A ética é fundamental na política. A falta de ética corrói e descredibiliza a nossa democracia, mas infelizmente os brasileiros, no geral, enxergam de modo limitado essa questão.
 O comportamento do político sem ética é visto no mensalão, nepotismo, peculato, tráfico de influência, dinheiro na cueca, desvio de verba pública para conta pessoal. Essas são notícias que nos chocam e nos indignam e naturalmente denunciamos como corrupção, porque nós vemos bem a corrupção do ser, do político, contudo também as políticas públicas precisam de ética.
 A ética nas políticas é um conjunto de regras que assegura que as políticas desenvolvidas tem como fim o bem público. A ética das políticas está diretamente ligada as necessidades e as urgência do povo, por isso é pautada por prioridades, enquanto que a ética do comportamento do político está relacionado ao exercício da entidade política do político. Nesse sentido quando as políticas são elaboradas e executadas para o bem comum são éticas, mas quando, mesmo se o político não tiver nenhum ganho monetário, as políticas não atendem as prioridades e urgências da população temos uma outra forma de corrupção, pouco notada pelos brasileiros, mas que representa a falta de ética nas políticas de Estado.
 Ao longo da nossa história fomos muito mais vítimas - e pior, passivas - da ausência de ética nas políticas do que da falta de ética dos políticos. A corrupção dos políticos desvia dinheiro público que poderia e deveria ser usado nas prioridades e nas urgências da população para ser usado em proveito próprio, todavia o Estado vem legislando e executando leis que não destinam esses recursos para o bem comum, isto é, independente da falta de ética no comportamento do político o dinheiro que deveria ser usado para o povo é corrompido com políticas públicas e leis desastrosas.
 Recentemente o país gastou milhões em estádios e demais construções para a Copa do Mundo. Mesmo que os políticos não tenham se comportado como ladrões do dinheiro público desviando para si recursos públicos, essa política aprovada nas prefeituras, na câmara dos deputados, no Senado, nos estados e pela presidência da república é antiética, porque o povo tem urgências que devem ser priorizadas e que foram preteridas em detrimento de construções secundárias. No Brasil há regiões que falta água, há cidades que não tem escolas, há bairros sem posto de saúde, há ruas sem saneamento básico, casas sem esgoto e há pessoas que não tem nem o que comer, é uma corrupção, um constrangimento ético criar políticas públicas que preterem essas necessidades.
Psicologia e Políticas Públicas
As Contribuiçõesdo Sistema Conselhos de Psicologia
 O Sistema Conselhos de Psicologia, composto pelos Conselhos Regionais e pelo Conselho Federal de Psicologia, decidiu assumir responsabilidades frente às Políticas Públicas e incluir, entre suas metas e estratégias, ações em relação a esta temática.
 As crescentes demandas da população brasileira por Políticas Públicas, para o atendimento de suas necessidades básicas e direitos, precipitaram essa decisão. O Sistema Conselhos não poderia omitir-se como instituição organizada da sociedade civil brasileira e a Psicologia, enquanto ciência e profissão, tem a obrigação de oferecer contribuições nessa área social e política. Entretanto, apenas recentemente os currículos dos cursos de graduação em Psicologia, no Brasil, começaram a oferecer capacitação mais específica para que o profissional possa lidar com estas demandas sociais, sendo este fator também um desafio para o Sistema Conselhos. Os profissionais já graduados precisam de atualização para responder com eficácia à nova realidade e desafios. Isso nos coloca diante da necessidade de aquecer o debate com a categoria e criar mecanismos para auxiliar esses profissionais na tarefa de ampliar sua perspectiva de trabalho e aprimorar seu conhecimento teórico e técnico.
 Conceitos, tais como: Políticas Públicas, Direitos Humanos, Cidadania, Trabalho em Rede, Política, Metodologia de Elaboração de Políticas Públicas, entre outros, são importantes para balizarmos as intervenções do psicólogo na área das Políticas Públicas. Trata-se de um referencial pouco utilizado dentro da Psicologia, mas que vem sendo introduzido na categoria com bastante ênfase, nos últimos anos. Nesse sentido, o Sistema Conselhos assume o papel de desenvolver estratégias de enfrentamento no âmbito nacional. O Conselho Federal de Psicologia criou o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), estabelecendo como meta a sistematização e difusão de conhecimento na área de Políticas Públicas. Ainda em fase de implantação, o CREPOP permitirá visualizar o panorama geral da atuação do psicólogo nessa área e irá dispor de informações que servem de referência para novas propostas de atuação profissional.
 Sintonizado com essa mobilização nacional, o Conselho Regional de Psicologia da 8ª Região criou, em março de 2006, o Núcleo de Articulação em Políticas Públicas (NAPP-08). Trata-se de uma resposta à necessidade de se ter uma estrutura permanente na 8ª Região, para tratar da especificidade do tema, gerando condições para um maior engajamento dos psicólogos com a Política Pública no estado do Paraná e no Brasil. Desde a sua criação, o NAPP-08 vem realizando diferentes ações que visam aproximar cada vez mais o psicólogo da temática em questão. Entre essas ações constam também: seminários conceituais, grupos de estudo, sistematização de dados sobre os profissionais que atuam na rede
A Participação da Categoria nos Conselhos de Controle Social
 Na luta e no esforço de construção das Políticas Públicas, os Conselhos de Controle Social são espaços importantes para a materialização das políticas. Portanto, o engajamento do psicólogo, não só como cidadão mas como profissional que possui conhecimentos e instrumentos técnicos, é bastante valiosa. Com sua participação ética, crítica e articulada, o psicólogo pode ser um ator social importante, sensível às demandas sociais e criativo na busca de soluções. 
 A Psicologia e os psicólogos precisam ter a percepção da dimensão coletiva do indivíduo, com suas subjetividades. Necessitam, ainda, inspirar-se nos Direitos Humanos e na Democracia, para a construção das Políticas Públicas. Porém, esta participação não deve ocorrer numa perspectiva individualista, mas expressar uma contribuição da categoria de forma organizada politicamente, estabelecendo parcerias efetivas com a sociedade, em suas diferentes instâncias. Para que isto ocorra, é importante que os psicólogos estejam atentos aos eventos nos três níveis de organização política (municipal, estadual e federal), aos fóruns e conferências das diversas temáticas de Políticas Públicas, participando sem- pre e marcando seu posicionamento. Estes são os espaços em que podemos debater sobre a realidade social e elaborar teses que são, oportunamente, encaminhadas para outros níveis de poder, podendo tornar-se Políticas Públicas. São espaços em que elegemos delegados e conquistamos representação nos diferentes Conselhos de Controle Social e nos Conselhos de Direitos. A participação nesses eventos é aberta aos psicólogos. Ao serem eleitos representantes para um desses Conselhos, o profissional tem um papel importante também para a categoria. É uma oportunidade de fazer representar a Psicologia e defender seu espaço profissional na área das Políticas Públicas.
 Para regulamentar a participação dos psicólogos paranaenses nos Conselhos de Controle Social e dos direitos de seus representantes, o CRP-08 emitiu uma resolução, estabelecendo critérios para a designação para esta representação. Estes profissionais assinam um Termo de Ciência, para então serem nomeados através de portarias do CRP-08, devendo também cumprir suas tarefas em sintonia com o programa político, aprovado pela categoria nas eleições para a gestão do Conselho de Psicologia.
 Ao CRP-08 cabe divulgar, através dos seus veículos de comunicação, os eventos, as deliberações ocorridas, além de acompanhar o desenvolvimento das Políticas Públicas nos Conselhos em que esteja se fazendo representar. E, através do NAPP-08, o Conselho de Psicologia do Paraná busca difundir o trabalho desses representantes entre as diversas comissões da sede e das sub-sedes.
Psicologia e Políticas Públicas
 Por mais que, para muitos, o conceito de “políticas públicas” possa parecer abstrato, elas são muito concretas e estão muito presentes na vida dos cidadãos brasileiros. Essas políticas são ações destinadas ao coletivo, ou seja, como o próprio nome sugere, ao público. Elas ocorrem em todas as áreas da gestão pública, como saúde, educação, moradia, transporte, assistência social, cultura etc. Porém, mais do que apenas dirigidas à população, elas também podem e devem ter a participação social em sua elaboração. É através das demandas da sociedade, usuária dessas políticas, que os gestores públicos devem formatá-las. 
 A Constituição Federal de 1988 e as legislações complementares – como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei 8.080/90, que criou o Sistema Único de Saúde (SUS) -, definiram a forma que as políticas públicas nacionais deveriam assumir, criando perspectivas de avanços para a área no país. 
 Políticas públicas configuram-se não como ações de um governo, mas políticas do Estado em sua interação com os movimentos do público e voltadas para o atendimento de suas demandas e necessidades. Isso significa que as políticas que apresentarem resultados positivos devem permanecer independentemente da gestão que assumir o governo em determinado momento. Para tanto, não apenas os gestores devem ter compromisso social, como a própria sociedade deve ser conhecedora de seus direitos e cobrar que eles sejam res- peitados. 
 Apesar de algumas conquistas alcançadas, muitos problemas ainda persistem devido a diversos fatores, entre os quais a falta de vontade política. Pessoas ficarem horas na fila de um hospital do SUS, não conseguirem matricular os filhos em uma escola pública, terem dificuldade em conseguir emprego ou precisarem morar nas ruas são sinais de que essas políticas estão servindo a interesses muito mais privados do que públicos. 
 Nesse contexto, a Psicologia tem um papel fundamental. Psicólogos que atuam em hospitais, es- colas, serviços de assistência social e outras instituições públicas precisam estar atentos às consequências que sua prática gera e refletir permanentemente sobre como tornar seu trabalho mais potente na construção de políticas que sejam realmente públicas. Mas como realizar essas ações? Como atuar de forma ética naspolíticas públicas quando, muitas vezes, as condições de trabalho são precárias e as universidades não preparam os psicólogos para a atuação nesse campo, atendo-se a modelos clínicos e individuais? 
 A difícil situação do mercado de trabalho, hoje, leva muitos profissionais a prestarem concursos públicos logo após a graduação. Assim, esses psicólogos, muitas vezes, chegam ao serviço público sem entender qual é o seu lugar e seus modos de atuação. 
 Para pensar essas e outras questões, o Jornal do CRP-RJ conversou com psicólogos e outros profissionais que atuam ou pensam políticas públicas. Eles falam sobre o que seriam políticas públicas, como as veem hoje no país e como a Psicologia se relaciona com esse campo. 
 De acordo com a psicóloga Maria de Fátima Pereira Alberto (CRP 13/3877), professora da Universidade Federal da Paraíba, políticas públicas vão além do Estado, mas podem partir dele, como forma de efetivar direitos garantidos em lei. “As políticas públicas são efetivações por parte do Estado dos direitos garantidos aos cidadãos a partir da Constituição Federal e de outros documentos que dela derivaram. O fato de estar em uma legis- lação não significa que será cumprido; está posto na lei, mas não se efetiva se não vier acompanhado de ações que realmente transformem esse di- reito na garantia do seu exercício”, explica. 
 O professor doutor do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (NEPP) da Unicamp Geraldo Di Giovanni também amplia o conceito para além do Estado. “Hoje, o conceito de políticas públicas tem que ser alargado. Inicialmente, a compreensão de políticas públicas era simplesmente uma intervenção do Estado em uma situação que a sociedade considerava problemática. Embora seja verdade que toda política pública seja uma intervenção estatal, esse conceito se amplia porque tem que incorporar que a política pública é sempre resultado de uma interação muito complexa en- tre o Estado e sociedade”.
A atuação do Psicólogo nas Políticas Públicas
 Para facilitar a vida do profissional de Psicologia, o CREPOP procura sistematizar e difundir o conhecimento das práticas psicológicas nas esferas governamentais, além de ampliar a atuação do psicólogo em outros campos do setor público. "Procuramos também mostrar para o psicólogo que trabalha no Estado que ele faz parte de um programa, e que está dentro de uma área macro e que há um plano plurianual por trás dele. Isso vale para os psicólogos das três esferas: municipal, estadual e federal", enfatiza o técnico. 
 A título de exemplo, ele comenta a respeito do programa público de DST, dizendo que alguns psicólogos que trabalharam na área relataram dificuldade de mudar a forma de atuação nos grupos que tratam, como as pessoas com HIV. "Às vezes, o paciente faz o tratamento, está bem mentalmente, mas não toma os remédios. E os psicólogos não fazem a ligação com outras áreas, não traçam um indicador para saber se esse paciente está bem biologicamente. Quando detectamos esse problema, fizemos uma palestra para mostrar aos psicólogos essa questão e ajudar o paciente a entender a importância do remédio. Então é uma forma de mudar o desenho, no processo interno do dia-a-dia. Às vezes, alguém de fora percebe com mais facilidade o problema", conta o especialista.
Além do mapeamento, o CREPOP procura aproximar mais os psicólogos de políticas públicas, incentivando-os a entrar no portal e preencher o formulário de pesquisas. "E esse formulário preenchido ajuda a nortear o trabalho, a delimitar estratégias de atuação." Segundo Bitar, o trabalho político de legitimação está sendo mais lento em São Paulo, por causa, principalmente, das dimensões do Estado, que concentra 60% dos psicólogos, distribuídos em oito subsedes. Ele lembra que nem todas as questões trabalhadas em São Paulo são levadas ao CREPOP federal pelo fato de existirem ações com necessidades locais. "A regionalidade é respeitada, não é anulada. Claro que temos de seguir diretrizes nacionais, mas temos total autonomia". 
 Para a ex-presidente do CRP SP, Maria da Graça Marchina Gonçalves, e responsável pelo CREPOP em São Paulo, a equipe está cumprindo bem seu papel, mas há muitas etapas pela frente. "Estamos falando de uma diversidade muito grande. E nesse sentido, há muita coisa a ser feita. Porém, já estamos conseguindo mapear algumas áreas", afirma. Segundo ela, vários temas estão sendo exercitados para caracterizar a atuação do psicólogo. "Uma das primeiras coisas identificadas foi a dificuldade de se ter uma única metodologia que desse conta da diversidade de situações em um país como o nosso. Então precisamos de uma referência para coisas maiores, para políticas amplas", acrescenta. 
 De acordo com ela, a estratégia do CREPOP é primeiramente reconhecer e divulgar práticas já existentes, consolidadas, no campo da política pública. Depois, identificar áreas onde o psicólogo pode atuar, oferecendo-as no portal, como FERRAMENTA referencial para o psicólogo, para a população e para os órgãos públicos. Um dos temas focados atualmente pelo CREPOP é o sistema prisional, no qual a unidade de São Paulo já iniciou o trabalho de pesquisa e seguirá a mesma rotina de trabalho: coleta e racionalização de informações, criação de banco de dados, estudo e definição de estratégias. 
 "Hoje, o psicólogo pode atuar até na formulação de políticas, não somente na ponta, no atendimento, mas também na leitura do fenômeno psicológico, contribuindo já na formação de políticas", salienta Maria da Graça. Ela lembra que o Banco Social de Serviços em Psicologia, que antecedeu o CREPOP, fazia antes o contato com os órgãos públicos, mas só garantia os projetos se houvesse parceria com ministérios ou secretarias. "Já o CREPOP independe de haver essa parceria para mostrar publicamente o que a Psicologia pode fazer em diferentes campos", completa. 
Graça diz que o reconhecimento da Psicologia já vem ocorrendo nas esferas públicas. "Cada vez mais o Conselho é chamado pelos ministérios, que pedem a opinião para definir uma determinada área de atuação. O Ministério Público reconhece, também, a Psicologia como saber necessário na tomada de decisões de determinados assuntos", diz ela.
 A idéia de gerar empregabilidade para o psicólogo, por intermédio do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas, tem origem no próprio Conselho Federal de Psicologia. "O crescimento acelerado do número de psicólogos no país, a cada ano, colocou uma questão de equacionamento de mercado e as políticas públicas se afiguram como o principal espaço capaz de absorver essa oferta", explica o vice-presidente do CFP, Marcus Vinícius de Oliveira. 
Para o dirigente, não basta apenas considerar que as políticas públicas são espaços importantes para essa mão-de-obra profissional. "É preciso garantir que essa atuação seja altamente qualificada, construída dentro de uma existência técnica e ética", enfatiza. Ele acrescenta que é importante trabalhar na formação do futuro psicólogo, para que esse possa estar capacitado a exercer essas atividades das quais existem uma expectativa de demanda em políticas públicas, como saúde, educação, infância e adolescência, terceira idade, entre outras. 
 No primeiro ano de atividade, o CREPOP fez um mapeamento da realidade dos psicólogos nas políticas públicas. Já no segundo ano, elaborou a metodologia para recolher a contribuição do psicólogo para essas diretrizes. "Queremos referenciar a universidade para que esta saiba qual é a tendência e que habilidades deve proporcionar ao futuro psicólogo para atuar nesse campo das políticas públicas." O vice-presidente do CFP conclui, batendo na mesma tecla: de que a categoria deve oferecer a melhor contrapartida possível ao governo. "Não basta dizer ao Estado que queremos abrir vagas para psicólogos na educação. Temos de mostrar onde o psicólogo pode ser útil. Assim, esse gestor terá mais segurança de convocar a contribuição desse profissional", afirma Marcus Vinicius. 
Lista de Siglasutilizadas:
- CFP - Conselho Federal de Psicologia 
- CRAS - Centro de Referência de Assistência Social
- CREPOP - Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas
- CRP-08 - Conselho Regional de Psicologia da 8ª Região 
- ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente - LOAS 
- Lei Orgânica da Assistência Social - MEC - Ministério da Educação 
- NAPP 08 - Núcleo de Articulação em Políticas Públicas do CRP 08
- ONG - Organização Não-Governamental 
- OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público 
- PAISM - Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher 
- PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil 
- SENASP - Secretaria Nacional de Segurança Pública 
- SIH - Sistema de Informação Hospitalar 
- SIM - Sistema de Informação de Mortalidade 
- SINASE - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo 
- SUAS - Sistema Único da Assistência Social 
- SUS - Sistema Único de Saúde
- NAPP-08 - Núcleo de Articulação em Políticas Públicas 
Bibliografia:
- Caderno de psicologia e políticas públicas / Andrea Fernanda Silveira ... [et al.]. - Curitiba : Gráfica e Editora Unificado, 2007. 50 p. : il. ; 20 cm.
- Revista “Entre Linhas”, do Conselho Regional de Psicologia;
- http://www.crpmg.org.br/CRP2/Image/jaciara%20assistencia%20social.pdf
- www.significados.com.br/politica/
 -http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/jornal_crp/153/frames/fr_politicas_publicas.aspx

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