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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DO FORO DA COMARCA XXX – ESTADO XXXX Ação Penal n.º XXX Autor: Maísa Réu: Alessandro ALESSANDRO, nacionalidade (XXX), estado civil (XXX), profissão (XXX), filiação (XXX), 26 anos de idade, portador da Cédula de Identidade RG sob nº (XXX) e inscrito no CPF sob nº (XXX), por intermédio de seu procurador judicial infra-assinado (procuração em anexo), vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, oferecer RESPOSTA À ACUSAÇÃO consoante a previsão legal do artigo 396 – A do Código de Processo Penal, aos autos em epígrafe, movidos por MAÍSA, já devidamente qualificada, pelos fatos e fundamentos a seguir narrados. I – SÍNTESE FÁTICA A Autora alega que em agosto/2016 o Réu, que estava em sua residência para assistir a um jogo de futebol, aproveitando que não havia outras pessoas na casa e ainda de que ela seria incapaz por ser deficiente mental, a constrangeu para manter com ele conjunção carnal, fato que ocasionou a gravidez da mesma. Excelência, não procede às alegações da Autora, uma vez que as partes mantinham relacionamento amoroso há algum tempo e que era de conhecimento dos familiares que moram com o Réu (Olinda, sua avó e, Alda, sua mãe), aliás, a Autora sequer é portadora de deficiência mental e ressaltam-se, todas as relações mantidas com Maísa foram consentidas. Ademais, a demanda em tela sequer teve o consentimento da Autora para ser ofertada, sendo que o promotor agiu por conta própria e ainda, não há quaisquer indícios que a Autora possui debilidade mental e certamente o seu depoimento seria a favor do Réu. II – DAS PRELIMINARES II.I – CARÊNCIA DA AÇÃO POR ILEGITIMIDADE ATIVA Importante frisar que não foi juntado laudo pericial que comprove a debilidade mental da Querelante. Assim, a ausência de prova de incapacidade descaracteriza o crime tipificado pelo Ministério Público, qual seja, o disposto no artigo 217- A do Código Penal (Estupro de Vulnerável), caracterizando supostamente a conduta do artigo 213 do mesmo código. Ademais, segundo previsão legal do artigo 225 do Código Penal, a conduta tipificada como Estupro de Vulnerável “procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação” e, no caso em tela, não se procedeu de tal maneira. Evidente que o requisito apresentado no artigo 225, CP não foi cumprido e a inobservância consubstancia um vício insanável. Neste sentido, corrobora o entendimento jurisprudencial: RHC – PROCESSUAL PENAL – AÇÃO PENAL – REPRESENTAÇÃO – A AÇÃO PENAL, DEPENDENTE DE REPRESENTAÇÃO, RECLAMA MANIFESTAÇÃO DO OFENDIDO PARA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. SEM ESSA INICIATIVA, A AÇÃO PENAL NASCE COM VÍCIO INSANÁVEL. (STJ – RHC: 6699 PR 1997/0057589-6, Relator: Ministro ANSELMO SANTIAGO, Data do Julgamento: 05/05/1998, T6 – SEXTA TURMA, Data da Publicação: DJ 01.06.1998 p.186 RSTJ vol. 106 p. 436) Importante destacar que a ação pode ter sido proposta sem o requisito da representação, pelo fato de que a suposta Vítima sequer quis dar ensejo a Ação Penal em tela, tendo o promotor agido por conta própria. Sendo assim, pugna pelo acatamento da preliminar arguida e a consequente extinção do processo sem julgamento do mérito. Caso reste vencida a preliminar, no mérito também não há prova que leve a uma possível condenação do Acusado. III – DO MÉRITO Cumpre salientar que o Acusado mantinha relação de namoro com a suposta Vítima, relação que era de conhecimento de sua avó materna, Olinda, e sua mãe, Alda, que moram com ele e, ainda, todas as relações mantidas com ela eram consentidas. Pois bem! Não há prova cabal nos autos de que a Vítima possui debilidade mental, sendo assim, elimina-se desde logo a hipótese de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217-A do Código Penal. Logo, a Vítima é capaz, não houve constrangimento e tampouco o Acusado se aproveitou da situação por estar sozinha com a Vítima. Ressalta-se, as relações mantidas com a Vítima eram consentidas! Ora Excelência, quando foi que o fato de uma pessoa estar grávida pressupôs que ela foi estuprada? Deveria ter sido juntado nos autos laudo que comprovasse ao menos a conjunção carnal e não a gravidez da Vítima! Acerca da carência de provas da conduta delitiva, corrobora o entendimento do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. IMPUTAÇÃO DE ESTUPRO COMETIDO CONTRA VÍTIMA VULNERÁVEL, PORTADORA DE DEFICIÊNCIA MENTAL (ART. 217-A, § 1º, DO CÓDIGO PENAL). SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. REQUERIDA CONDENAÇÃO DO ACUSADO NOS TERMOS DA DENÚNCIA. INVIABILIDADE. MATERIALIDADE DELITIVA NÃO COMPROVADA. ARCABOUÇO PROBATÓRIO NO SENTIDO DE QUE O ACUSADO MANTEVE RELAÇÕES SEXUAIS COM A SUPOSTA VÍTIMA DURANTE O PERÍODO DE CONVIVÊNCIA EM UNIÃO ESTÁVEL. AUSÊNCIA DE PROVAS CONTUNDENTES SOBRE A FALTA DE DISCERNIMENTO DA VÍTIMA NA ÉPOCA DOS FATOS. INEXISTÊNCIA, OUTROSSIM, DE PROVA A RESPEITO DA CIÊNCIA DO ACUSADO SOBRE TAL CIRCUNSTÂNCIA. PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO QUE ENSEJAM DÚVIDA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO IN DÚBIO PRO REO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. RECURSO MINISTERIAL DESPROVIDO. À míngua de provas robustas do ilícito narrado à inicial, impossível a condenação do réu, não bastando, para tanto, somente a presença de indícios isolados ou a eventual certeza moral do cometimento do delito. Afinal, no processo penal, para que se possa concluir pela condenação do acusado, necessário que as provas juntadas ao longo da instrução revelem, de forma absolutamente indubitável, sua responsabilidade por fato definido em lei como crime. (TJSC, Apelação Criminal n. 2014.001385-9, de Anita Garibaldi, rel. Des. Paulo Roberto Sartorato, j. 01-07-2014). Ademais, a Vítima sequer quis dar ensejo a ação em tela, sendo segundo as informações que dispõe o Réu, o promotor agiu por conta própria. Diante disso, requer seja encerrado a Ação Penal, absolvendo o Réu, tendo em vista que não há prova cabal de que o mesmo forçou a suposta Vítima a manter relação sexual consigo, nem mesmo há prova de que a relação sexual entre ambos existiu, tendo em vista que há apenas um laudo de gravidez juntado aos autos. IV – REQUERIMENTOS Diante do exposto, requer: 1 – Seja acatado a preliminar de ilegitimidade passiva com a consequente anulação da presente Ação Penal, com fulcro no artigo 395, inciso II e 564, inciso II do Código de Processo Penal; 2- Caso Vossa Excelência entenda ultrapassada a preliminar arguida, seguindo a ordem do princípio in dubio pro reo, requer a absolvição sumária do Réu com enfoque ao artigo 397, inciso III do Código de Processo Penal, tendo em vista a carência de provas cabais quanto a prática da conduta criminosa; e 3- Caso reste ultrapassado todos os requerimentos acima, requer a realização de Exame Pericial para fins de verificação da suposta debilidade mental da suposta Vítima. Nestes temos, Pede e aguarda deferimento Local, data, mês, ano. ADVOGADO OAB/UF Assinatura Anexos: 1 – Procuração PROCURAÇÃO OUTORGANTE: ALESSANDRO, nacionalidade XXX, estado civil XXX, profissão XXX, filiação XXX, 26 anos de idade, portador da Cédula de Identidade RG sob nº XXX e inscrito no CPF sob nº XXX, residente e domiciliadoXXX. OUTORGADO: NOME XXX, nacionalidade XXX, estado civil XXX, advogado inscrito na OAB/UF nº XXX, portador da carteira de identidade RG sob nº XXX, inscrito no CPF/MF sob nº XXX, com escritório profissional no endereço XXX. PODERES: Os mais amplos, gerais e ilimitados poderes com a cláusula ad judicia para o foro em geral ou onde com esta se apresentar, para defender o Outorgante em quaisquer ações em que o mesmo seja Autor ou Réu, assistente, oponente ou de qualquer maneira interessado, podendo propor ações e delas variar, desistir ou recorrer, acompanhando-as em qualquer Juízo ou Tribunal, enfim, praticar todos os atos necessários ao fiel desempenho deste mandato, bem como poderes especiais para confessar, reconhecer a procedência do pedido, renunciar ao direito sobre o qual se fundamenta a ação, receber e dar quitação, firmar compromissos, fazer acordos e deliberar na fase conciliatória, transigir e substabelecer, em especial para defender os interesses do Outorgante na Queixa Crime sob nº XXX, proposta por XXX, onde é acusado de XXX, em trâmite perante a 2º Vara Criminal da Comarca XXX – Estado de XXX. Local, data. ALESSANDRO (Assinatura)
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