Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SISTEMA PENAL E REPRODUÇÃO DA REALIDADE SOCIAL Ewerton Chavier Wichinheski 1 Pedro Henrique Colet Orso 2 Jefferson Kendy Makyama 3 RESUMO: A história do sistema punitivo é mais do que o simples desenvolvimento social dos institutos jurídicos, e sim, como também o desenvolvimento no meio social do Capitalismo, onde duas classes antagônicas se relacionam a figura do oprimido ou o pobre e do opressor o rico. Neste ambiente pode ser observado o ambiente do sistema escolar, no qual é ferramenta exclusiva do Estado disseminando o controle social exercido pelo Direito, através do que é chamado por socialização institucional. Esta socialização tem como objetivo reproduzir e de assegurar as relações existentes conservando a realidade social. Como fruto dessa conservação pela sociedade Capitalista, gerando meios submersíveis de estratificação, tendo como resultado da influência do Capitalismo o Subdesenvolvimento de muitas regiões e da marginalização de grande parte da população. PALAVRAS-CHAVE: Sistema penal. Reprodução da Realidade social. 1 INTRODUÇÃO O desenvolvimento do sistema penal sempre esteve em comunhão com o ambiente social no andamento da história, isto ainda observado nos dias atuais. Com advento do Capitalismo pode se observar que ocorreu uma transformação das regras desse sistema de acordo com os ideais do atual sistema econômico, e com toda essa linha de desenvolvimento e alterações podemos observar que o Direito, a sociedade e principal ambiente social de formação a escola se interagem e se moldam aos princípios adotados pelo atual modelo econômico. E com esse implante no meio escolar pode se verificar o poder controlador do Direito penal, que através de uma ‘socialização institucional’ vem a talhar desde os primórdios do individuo, levando a este aceitar a atual realidade social, gerando com isso a estratificação. O meio social, o ambiente de ensino e o ambiente jurídico se convergem neste ponto desde o principio de criação e objetivo do texto jurídico até a aplicação desses através da criminalização secundária. 1 Acadêmico do Curso de Direito da UNIVEL – Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. 2 Acadêmico do Curso de Direito da UNIVEL – Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. 3 Professor do Curso Direito da UNIVEL – Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. 2 2 SISTEMA PENAL E REPRODUÇÃO DA REALIDADE SOCIAL O Sistema Penal é utilizado á décadas, e visa proteger as regras que vigem sobre a respectiva nação onde ele é utilizado, desta forma juntamente com outros métodos, mantendo o controle social e a harmonia entre os viventes desta sociedade. Além do Sistema Penal para controlar o convívio social, temos também o Sistema Escolar, onde se faz a maior parte do trabalho para se ‘moldar’ o individuo para que se encaixe nos parâmetros que a sociedade necessita, E exercendo dessa forma de “reproduzir à exigência de reproduzir e de assegurar as relações sociais existentes, isto é, de conservar a realidade social. Esse Controle social exercido pelo poder escolar é também mostrado pela música da banda inglesa “Pink Floyd”, na música “another brick in the wall”, ponto que mostrado no seguinte trecho “We don't need no education. We don't need no thought control 4 ”, em que falar que não precisamos de nenhuma educação, nenhum controle. E quando não são aceitos em uma escola por não irem de acordo com as regras os indivíduos podem ser transferidos para escolas especiais. Nas localidades onde se encontram as pessoas de renda mais baixa é que a função selecionadora do Estado é evidenciada, e isto, junto com a ação reguladora que o mercado de trabalho procede durante a seleção, ou o denominado perfil da empresa, gera além de um processo de marginalização, como separação da parte da população reconhecida como criminosa, sendo que o sistema dita que todos possuem oportunidades iguais, levantando o mito de que é fácil com muito esforço ascender em sua classe social. E todo esse conjunto de ideais de mobilidade social são implantado durante a vida escolar. Segundo pesquisas, cerca de 80% dos alunos que frequentam escolas especiais são da classe baixa, e com isso somente 20% são de classe media, essa pesquisa foi feita com base na Alemanha que é considerada uma grande potencia. Com o dado desta pesquisa pode-se constar que quem mais sofre com as represálias do Estado são as pessoas de classe baixa, e a diferença para a classe media e alta é gritante. Se logo no inicio da fase de inserção do individuo na sociedade se faz possível constatar a participação de 80% da classe baixa nas represálias do Estado, no Sistema Penal também não seria diferente, não com a mesma porcentagem más com a maioria de classe baixa. 4 WATERS, Roger. Pink Floyd. The Wall, Inglaterra: Harvest Records, 1979. 2 CD (41:54). 3 Na instituição de ensino que se inicia a estratificação social, utilizando ferramentas como o sistema de mérito e teste, estes com o objetivo de apresentar o desenvolvimento intelectual do individuo, que ao final serve depois como forma de degradação da pessoa, onde ocorre a percepção seletiva da realidade, onde o professor influência por esteótipos e preconceitos separa os denominados alunos bons e maus, exercendo uma discriminação, assim tratando até desconsiderações de alguns erros mais para os bons do que os denominados maus, além de tratar o mesmo com indiferença, assim, como diz: No microcosmo escolar, aquele mecanismo de ampliação dos efeitos estigmatizantes das sanções institucionais, que se realiza nos outros grupos e na sociedade em geral, com a distância social e outras reações não- institucionais. O “mau” aluno tende a ser rejeitado e isolado pelos outros meninos. (BARATTA, 2002, P. 174). Desse modo para aquele que é chamado de “mau” é transferido toda a culpa com o fim de retirar o peso da responsabilidade, além disso, premiando aqueles não-estigmatizados. Neste ambiente o esta pessoa estabelece como mecanismo de defesa o insucesso, pois este desde o inicio foi expurgado qualquer idéia de sucesso, assim, garantindo a satisfação daquele que não é estigmatizado. O sistema penal com ressonância ao sistema de ensino vem a ser forma de reprodução das relações sociais, assim agindo com meios de não integração das classes marginalizadas garantindo com isso a manutenção do sistema de estrutura vertical da sociedade, onde para este na criminalização primária reflete no pensamento individualista transpassado pelo Capitalismo, assim dando maior ênfase no patrimônio privado, assim o texto legal garantindo maior proteção para este. Com decorrência disso é de senso comum que julgado daquele que se encontra nas classes marginalizadas será dado uma sentença e para aqueles que ascenderam até as classes mais altas, com crimes do colarinho branco possui uma sentença ínfima ou inexistente comparada àquele que foi estigmatizado, criando se com isso as chamada zonas de imunização da qual a danosidade vai ser voltar para as classes mais baixas. No contexto da criminalização secundária se acentua ainda mais essa parte da criminalização secundária, haja vista a influência dos estereótipos e dos preconceitos com as classes subalternas, esta influência se remete também aos investigadores e os julgadores, além 4 do que há uma grande interferência no processo onde muitas vezes o julgador e o acusado não conseguem estabelecer uma comunicação acessível. 5 CONSIDERAÇÕES FINAISO desenvolvimento do aluno no meio ambiente escolar primária é marcado pela socialização individual, essa que é junto com os demais princípios do capitalismo advém como forma de controle social, força do Direito penal. Nas classes subalternas pode se observar que esta vem a sofrer com a estratificação e o preconceito, desde a forma como o professor vem a trata-lo e a separa-lo, sendo ‘bom’ ou ‘mau’ aluno, a forma como a sociedade vai o tratar. O jovem que é estigmatizado como sendo mau, este sofre muitas vezes com o insucesso sendo reação do medo de não conseguir do qual vem sendo disseminado desde o ambiente escolar, pois o rendimento desses no mesmo ambiente foi caracterizado como ruim, assim eclodindo a estratificação social e a marginalização, disseminados pelo atual modelo econômico, sendo a culpa jogada em cima desse jovem, para que assim aqueles um pouco mais elevados na escala social se satisfação com sem corrigir seus erros simplesmente “jogando pra de baixo do tapete”. E ainda no sistema penal do qual protege com o maior esforço o patrimônio privado vem a estabelecer um tratamento diferente para este individuo, pois este faz parte de um segmento da população da qual sofre com a marginalização e que no meio pratico vem a ser tratado de forma diferente seja pelo ambiente social ao qual se encontra, seja desde a investigação até o julgamento, que muitas vezes não conseguem estabelecer uma comunicação entre o julgador e o julgado. 5 REFERÊNCIAS BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: introdução à sociologia do Direito penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002.pp. 171 a 182. WATERS, Roger. Pink Floyd. The Wall, Inglaterra: Harvest Records, 1979. 2 CD (41:54).
Compartilhar