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1 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC CURSO DE PSICOLOGIA TÁBATA CASTRO CONSTANTINO A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL CRICIÚMA, JUNHO DE 2010 2 TÁBATA CASTRO CONSTANTINO A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Psicólogo no Curso de Psicologia da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientadora: Prof. (ª) Espª Tânia Aquino Martins. CRICIÚMA, JUNHO DE 2010 3 TÁBATA CASTRO CONSTANTINO A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL DATA DE DEFESA: 29 DE JUNHO DE 2010 BANCA EXAMINADORA Prof. Tânia Aquino Martins - Especialista - UNESC – Orientador Prof. Myrta Carlota Glauche Jaroszewski - Especialista - UNESC Prof. Vânia Kátia Menegali Moojen- Mestre - UNESC 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a Deus, que em todo caminho me deu força pra persistir, paciência para esperar, e ânimo para realizar. 5 AGRADECIMENTOS Agradecer sempre primeiramente a Deus conduziu meus passos e todas as possibilidades para a efetivação dessa conquista. E em especial minha mãe, Janete dos Santos Castro, que sempre me incentivou, ajudou, orou e vibrou comigo cada parágrafo e página feitas, que a cada passo esteve ao meu lado me motivando e me animando nos momentos mais difíceis, e portanto só posso agradecer eternamente. Agradecer a minha tia amada, Flaviana dos Santos Castro, que sempre foi uma benção de Deus pra mim, que me ajudou cuidando de mim nos mínimos detalhes que só o amor consegue perceber, meu muito obrigada. E a uma pessoa que sempre incentivou meu intelecto e aptidões pessoais ajudando de forma especial, Dr. Antonio Carlos Althoff. E a minha prezada e estimada orientadora, Tânia Aquino Martins, pela ajuda em todos os momentos, pela paciência, pelas inumeráveis vezes que com afabilidade me incentivasse a ir além, meu sincero agradecimento. Enfim a vocês muito obrigada! 6 “A vida é um grande espetáculo. Só não consegue homenageá-la quem nunca penetrou dentro de seu próprio ser e percebeu como é fantástica a construção da sua inteligência. Sábio é o ser humano que tem coragem de ir diante do espelho da sua alma para reconhecer seus erros e fracassos e utilizá-los para plantar as mais belas sementes no terreno de sua inteligência.” (AUGUSTO CURY, 2008) 7 RESUMO O conceito de Inteligência Emocional é uma descoberta até certo ponto recente, entretanto inovadora no sentido de possibilitar uma mudança de paradigma. Seu conceito e aplicação demonstram sua eficácia tanto na vida pessoal quanto na profissional. A inteligência emocional que possui aptidões , as quais incluem autoconhecimento, controle emocional, capacidade de automotivação, empatia e sociabilidade, revela uma possibilidade de sucesso nas diversas áreas humanas, pois a o paradigma antigo de quociente intelectual, baseado apenas no raciocínio lógico falhou em proporcionar resultados produtivos e eficazes. O conceito de organização como conjunto de indivíduos que trabalham para um objetivo traz a consciência de que onde existem ações humanas é essencial as praticas de inteligência emocional. A presente pesquisa de natureza bibliográfica tem como foco abordar o tema contemplado na questão da inteligência emocional, a capacidade de perceber os nossos sentimentos, e a partir desta percepção saber lidar com as emoções, conquistando um equilíbrio emocional essencialmente no ambiente organizacional. Palavras-chave: Inteligência Emocional; Organização; Competências Emocionais; Ambiente Organizacional. 8 LISTA DE QUADROS Quadro 1. Cronologia dos principais Eventos dos Primórdios da Administração................31 Quadro 2. As abordagens prescritivas e normativas da Teoria Administrativa....................36 Quadro 3. A Hierarquia das necessidades de Maslow..........................................................38 Quadro 4. Modelo comparativo entre as teorias de Maslow e Herzberg..............................39 Quadro 5. Modelo comparativo entre as teorias de Maslow e Herzberg..............................39 Quadro 6. Sistemas de Administração..................................................................................40 Quadro 7. Os cinco componentes da inteligência emocional em ação.................................45 Quadro 8. Competências Emocionais...................................................................................45 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................11 2 CONCEITO DE INTELIGÊNCIA...........................................................................13 2.1 Tipos de inteligências.................................................................................................14 2.2.1 A Inteligência Lingüística......................................................................................14 2.2.2 A Inteligência Musical...........................................................................................14 2.2.3 A Inteligência Lógico-Matemática........................................................................15 2.2.4 A Inteligência Espacial..........................................................................................16 2.2.5 A Inteligência Corporal-Cinestésica......................................................................16 2.2.6 A Inteligência Intrapessoal....................................................................................16 2.2.7 A Inteligência Interpessoal....................................................................................16 3. EMOÇÕES ..............................................................................................................17 4. A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL.......................................................................20 4.1 Características da Inteligência Emocional............................................................21 4.1.1 Autoconsciência....................................................................................................21 4.1.2 Controle Emocional..............................................................................................23 4.1.3 Motivar-se.............................................................................................................25 4.1.4 Empatia.................................................................................................................264.1.5 Sociabilidade.........................................................................................................27 4.2 Para que serve a Inteligência emocional..............................................................29 5. ORGANIZAÇÃO E TRABALHO.........................................................................30 5.1 A Teorias das Organizações..................................................................................30 5.1.1 Teoria da Administração Científica......................................................................33 5.1.2 Teoria Clássica da Administração.........................................................................34 5.1.3 Teoria Humanística da Administração..................................................................34 5.1.4 Teoria Neoclássica da Administração...................................................................35 5.1.5 Teoria Estruturalista...............................................................................................35 5.1.6 Teoria Comportamental da Administração............................................................37 6. INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL.......43 6.1 As características da Inteligência Emocional no Ambiente Organizacional.....46 6.1.1. Autopercepção......................................................................................................48 6.1.2. Auto-regulação ou Controle Emocional................................................................50 6.1.3. Motivar-se ou automotivação................................................................................52 10 6.1.4. Empatia .................................................................................................................53 6.1.5. Sociabilidade ou aptidões sociais..........................................................................55 6.2 Organização emocionalmente inteligente..............................................................57 7 CONCLUSÃO............................................................................................................59 REFERÊNCIAS............................................................................................................61 11 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho pretende estudar o construto científico que possibilitou a descoberta e o embasamento teórico da inteligência emocional, com foco nas possibilidades dessa inteligência proporcionar um conhecimento que auxilie na prevenção de situações de conflito e na maior satisfação das pessoas no ambiente organizacional Conforme Cooper (1997), a inteligência emocional emerge não das cogitações de intelectos refinados, mas das ações do coração humano. O QE (quociente emocional) não se trata de truques de vendas ou de como conseguir uma posição, nem de como dar boa aparência às coisas ou da psicologia do controle, da exploração ou manipulação. A palavra emoção pode ser simplesmente definida como a aplicação de “movimento”, tanto metaforicamente como literalmente, aos sentimentos fundamentais. É a inteligência emocional que nos motiva a buscar nosso propósito e potencial únicos, e ativa nossas aspirações e valores mais profundos, que deixam de ser algo a respeito de que pensamos e passam a ser vividos. As emoções foram muito tempo consideradas tão profundas e poderosas que em latim, por exemplo, eram definidas como motus anima, que significa literalmente “ o espírito que nos move”. “A inteligência emocional é: a capacidade de perceber emoções, ter acesso a emoções e gerá-las , de modo a ajudar o pensamento a compreender as emoções e o conhecimento emocional e a controlar as emoções de maneira reflexiva para promover o crescimento emocional e intelectual.” (SALOVEY, 1999. p 17) Neste trabalho as organizações formaram um capítulo a parte, pois entende-se que identificar o que é organização, como ela se constitui ao longo dos anos, e as teorias e métodos utilizados, podem nos proporcionar uma análise do modelo mais adequado para se buscar um melhor aproveitamento da inteligência emocional das pessoas. Como mostra as teorias administrativas, o ser humano tem sido valorizado ao longo das décadas e da evolução da própria administração. Na organização o recurso e o bem humano, tem sido, portanto percebido como o de mais valor e consolidador da organização. E como as organizações são feitas de seres humanos, estes que a compõe precisam fazê-la prosperar junto com seu crescimento e prosperidade pessoal. E o ambiente organizacional na possibilidade humana de gerar sucesso profissional, e como é um ambiente é feito de pessoas 12 e para pessoas, a Inteligência Emocional é um fator de extrema importância para a satisfação humana na organização e para a satisfação da organização para com homem. “O homem moderno passa a maior parte do seu tempo dentro de organizações, das quais depende para nascer, viver, aprender, trabalhar, ganhar seu salário, curar suas doenças, obter todos os produtos e serviços de que necessita (...)”. Sejam quais forem os objetivos que perseguem – educacionais, religiosos, econômicos, políticos, sociais, as organizações envolvem os indivíduos em “redes”, tornando-os cada vez mais dependentes das atividades que levam a cabo. Uma das razões que explicarão a sua enorme proliferação e variedade no mundo moderno é o fato de só através destas estruturas podem ser satisfeitas a maioria das necessidades humanas: é mediante a cooperação e a conjugação de esforços que é possível, ou pelo menos mais fácil, atingir objetivos.” (CHIAVENATO, 2002. p. 54) A metodologia empregada na presente pesquisa foi de natureza bibliográfica na abordagem qualitativa, num estudo exploratório descritivo. Tal abordagem na trajetória metodológica justifica-se, pois se percebeu que isso contribuiria ainda mais aos propósitos da pesquisa. No trabalho a apresentação do tema pesquisado, citará os conceitos referentes à inteligência emocional, baseados principalmente nos estudos do autor Daniel Goleman, bem como inteligência emocional no ambiente organizacional. Apresentando o problema, que consiste na pergunta a importância da inteligência emocional no ambiente organizacional e os objetivos da pesquisa, que são descobrir como a inteligência emocional influencia no seu sucesso pessoal e na sua trajetória profissional e convivência dentro do ambiente organizacional. 13 2. CONCEITO DE INTELIGÊNCIA Segundo Antunes (2002) a palavra inteligência tem sua origem na junção de duas palavras em latim, inter=entre e eligere=escolher. Portanto significa que inteligência é capacidade cerebral pela qual conseguimos penetrar na compreensão dos fatos e escolher, formando idéias, os juízos e raciocínios. E conforme Pisani (1991) inteligência é um conjunto de habilidades humanas, que são dividas em três grupos. A primeira enfatiza o ajustamento ou adaptação ao meio, esta seria a inteligência de resolver problemas novos. A segunda é a habilidade de aprender, e a terceira inteligência ou habilidade seria a capacidade de pensar abstratamente, utilizando adequadamente conceitos e símbolos nas mais variadas situações, principalmente símbolos verbais e numéricos. E essas três são partes do mesmo processo da inteligência. Conforme Garrett (1967) a inteligência se distingue em três campos: o abstrato, mecânico e o social. A inteligênciaabstrata se manifesta com capacidade de lidar com símbolos: palavras, números, fórmulas e diagramas. a inteligência mecânica abrange habilidade manual e a coordenação, e de lidar facilmente com máquinas e dispositivos mecânicos. O terceiro tipo se manifesta nas relações sociais, onde o sujeito tem capacidade de lidar bem com pessoas, tem facilidade de fazer amigos, usa de tato e de compreensão nas relações humanas. O ser humano é possuidor de um cérebro que o conduz à percepção da obtenção de inteligências. E segundo Chung (2002) a inteligência é o meio onde seres vivos aprendem suas experiências e o grau de flexibilidade com que a utilizam para mudanças e ajustes de seus comportamentos conforme os desafios e as exigências do meio ambiente. Para Chung (2002, p 89). “Dentre as capacidades da inteligência está à capacidade de correlacionar fatos e eventos, mesmo que aparentem diferenças, e então, gerar soluções criativas como resultado”. E, portanto, conforme Antunes (2002) ainda que a inteligência possa ser concebida como uma capacidade de resolver problemas ou de elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes culturais ou comunitários ou ainda como faculdade de conhecer, compreender, discernir e adaptar-se, há muito tempo o conceito fechado de inteligência única e geral perde espaço, e a noção de vários tipos de inteligência vem sendo aceita no ambiente acadêmico. Surgindo assim o novo expoente das múltiplas inteligências. 14 2.1 Tipos de inteligências Segundo Pisani (1991), alguns estudiosos caracterizaram a inteligência composta de muitos fatores que se inter-relacionam. Que ainda conforme a autora, Guilford em 1961 apresentou a teoria que busca explicar a estrutura do intelecto. Para ele, a inteligência se compõe de um grande número de fatores, que se relacionam e compõe as inteligências que o ser humano possui. Conforme Gardner (1998), uma inteligência é um termo para organizar e descrever capacidades humanas, e não uma referência a um produto que existe dentro da cabeça, é um potencial, a presença do qual permite a um indivíduo ter acesso a formas de pensamentos apropriadas a tipos específicos de conteúdos. Conforme Antunes (2002), as pesquisas recentes de neurobiologia sugerem a presença de áreas no cérebro humano que correspondem, pelo menos de maneira aproximada , a determinados espaços de cognição, mais ou menos como se um ponto do cérebro representasse um setor que abrigasse uma forma especifica de competência e de processamento de informação. Embora seja um tarefa difícil dizer claramente quais são essas áreas, existe o consenso de que possam, cada uma delas, expressar uma forma diferente de inteligência. De acordo com Gardner (1998), a inteligência é a capacidade de resolver problemas ou criar produtos que são importantes num determinado ambiente cultural ou comunidade, e defende a idéia de varias inteligências relativamente autônomas. O ponto essencial é que não existe apenas uma capacidade mental subjacente. Mas que a teoria das múltiplas inteligências explicaria as diversas capacidades intelectuais humanas. Inicialmente as múltiplas inteligências como propunha Howard Gardner são compostas de sete tipos de inteligência, mas ele próprio observou que poderiam ser até mais. Gardner (1998) defende sete inteligências: inteligência lingüística, inteligência musical, inteligência lógico-matemática, inteligência espacial, inteligência corporal-cinestésica, inteligência intrapessoal e inteligência interpessoal. Cada uma delas possui características específicas que são: 2.1.1 A Inteligência Lingüística é provavelmente a competência humana mais exaustivamente estudada. As evidências dessa inteligência vêm da psicologia desenvolvimental, que revela uma capacidade para a fala, universal e de rápido desenvolvimento entre as pessoas. Eles incluem os mecanismos dedicados a 15 fonologia(sons da fala), sintaxe (gramática), semântica ( significado) e pragmática (implicações e uso da linguagem em vários ambientes). A inteligência lingüística é exemplificada pelos poetas, que são profundamente sintonizados com o som e os ricos significados da língua que usam. Ela é também um recurso importante para jornalistas, publicitários e advogados. 2.1.2 A Inteligência Musical permite às pessoas criar, comunicar e compreender significados compostos por sons. Diferentemente da inteligência lingüística, que se desenvolve em alto grau nas diferentes culturas, sem instrução formal, uma inteligência musical de alto nível pode exigir uma exposição intensiva; no Ocidente, poucas pessoas atingem grande habilidade sem anos de treinamento. Estudos sobre prodígios e savants 1 indicam que essa inteligência é autônoma em relação à outra capacidade: ela pode manifestar-se num alto nível em uma pessoa cujas outras capacidades são médias ou mesmo deficientes. Componentes cruciais do processamento da informação incluem tom, ritmo e timbre (qualidade do som). A inteligência musical se manifesta claramente em compositores, maestros e instrumentistas, assim como peritos em acústica e engenheiros de áudio. 2.1.3 A Inteligência Lógico-Matemática envolve usar e avaliar relações abstratas. O raciocínio abstrato começa com exploração e o ordenamento de objetos. Ele progride para manipulação de objetos e avaliação de ações que podem ser realizadas sobre os objetos, e depois, para o estabelecimento de proposições sobre ações reais ou possíveis e seus inter-relacionamentos. Finalmente, ele avança para apreciação de relações na ausência de ações ou de objetos – o pensamento puro e abstrato. Uma operação central dessa inteligência é a numeração – a capacidade de atribuir um numeral correspondente a um objeto numa série de objetos. Conforme Antunes (2008) a inteligência lógico-matemática encontra-se ligada a competências como ordenar símbolos numéricos e algébricos, assim como quantidades, espaço e tempo. Ela manifesta-se em matemáticos, programadores de computador, analistas financeiros, contadores, engenheiros e cientistas. 1 A palavra savant foi usada por Gardner para designar determinadas pessoas de exponencial competência em uma ou outra aptidão dessa ou daquela inteligência, mesmo com sérios comprometimentos em suas ações relativas a outras inteligências. (Antunes 2008) pg. 32 16 2.1.4 A Inteligência Espacial refere-se à capacidade de perceber informações visuais ou espaciais, de transformar e modificar essas informações, e de recriar imagens visuais mesmo sem referência a um estímulo físico original. Essa inteligência não depende da sensação visual. Pessoas cegas também utilizam, por exemplo, para construir uma imagem mental de suas casas ou encontrar o caminho para o trabalho. Capacidades centrais nessa inteligência incluem a capacidade de construir imagens em três dimensões e de mover e rotar essas representações. A inteligência espacial é utilizada por artistas visuais, geógrafos, cirurgiões e navegadores. 2.1.5 A Inteligência Corporal-Cinestésica envolve o uso de todo o corpo ou partes do corpo para resolver problemas ou criar produtos. Operações centrais associadas a essa inteligência são o controle sobre as ações motoras amplas e finas e a capacidade de manipular objetos externos. Os fundamentos biológicos dessa inteligência são complexos. Eles incluem coordenação entre sistemas neurais, musculares e perceptuais. A inteligência corporal-cinestésica exemplificada através dos dançarinos, alpinistas, ginastas e outros atletas. 2.1.6 A Inteligência Intrapessoal depende de processoscentrais que permitem às pessoas diferenciar os próprios sentimentos. Em seu nível mais elevado, as discriminações entre os próprios sentimentos, intenções e motivações trazem um profundo autoconhecimento, como aquele utilizados pelas pessoas mais velhas quando tomam uma decisão crucial ou quando aconselham outras de sua comunidade. O autor enfatiza o papel desempenhado por essa inteligência para permitir que os indivíduos construam um modelo acurado de si mesmo e utilizem esse modelo para tomar boas decisões em suas vidas. Assim a inteligência intrapessoal pode agir como uma “agência central das inteligências”, permitindo que os indivíduos conheçam as próprias capacidades e percebam a melhor maneira de usá-las. 2.1.7 A Inteligência Interpessoal emprega capacidades centrais para reconhecer e fazer distinções entre os sentimentos, as crenças e as intenções dos outros. Manifesta-se na capacidade de compreender os sentimentos e atitudes dos outros, agir em função deles e moldá-los, para o bem ou para o mal. Essa inteligência possibilitou que Madre 17 Tereza, Mao Tse-Tung e Martin Luther King executassem seu trabalho. A inteligência interpessoal é amplamente utilizada por terapeutas, pais e professores dedicados. Portanto percebe-se que o conceito de inteligência amplo, e recentemente os estudos que mostram que as inteligências na realidade são várias, cada uma com seu valor e complementando entre si. 3. EMOÇÕES Klapan e Sadock (1997) conceituam a emoção como um complexo estado de sentimentos, com componentes somáticos, psíquicos e comportamentais, relacionados ao afeto e ao humor. O afeto sendo a experiência observável da emoção, através do comportamento, tais como: gesticulação, voz e etc. Já o humor é a experiência subjetiva, pois se trata de uma experiência interior, que tem haver com a percepção de mundo do indivíduo. Segundo Braghirolli (1998) as emoções são complexos estados de excitação de que participa o organismo todo. O termo emoções é usado também para significar os sentimentos e estados afetivos em geral. E os aspectos que compõem a emoção, ainda segundo a autora, são a experiência individual, interna e a expressão comportamental, externa. Ou seja, a sensação que a emoção provoca no individuo internamente e suas reações comportamentais. E a emoção possui três indicadores que podem identificá-las: Relatos verbais, através da fala do indivíduo; Observação do comportamento, embora uma mesma emoção possa ser acompanhada de respostas totalmente distintas e diferentes emoções possam ser expressas através de uma única resposta corporal, costuma-se observar os gestos, a postura corporal, a expressão facial e outros movimentos para identificar as emoções; Indicadores fisiológicos, várias alterações fisiológicas e orgânicas ocorrem durante os estados de emoção. As principais são: a) a condutividade elétrica da pele que aumenta com o grau de excitação emocional do individuo; b) as mudanças na pressão, volume e composição do sangue e o ritmo cardíaco; c) as alterações na temperatura e exsudação cutâneas; d)a mudança nas dimensões da pupila do olho; e) a secreção alterada das glândulas salivares; f) a tensão e o tremor musculares. 18 E segundo Fiorelli (2004) conceitua seis emoções que sempre identificadas nas pessoas, são elas: felicidade, surpresa, raiva, tristeza, medo e repugnância. E ainda conforme a autora as emoções atuam sobre todas as funções mentais superiores. Pois os componentes emocionais modificam a sensação, a percepção, a memória, o pensamento e a linguagem, e a atenção seletiva. Conforme Miranda (1997) o sistema nervoso central do ser humano é identificado em três principais níveis de atributos funcionais específicos: O nível medular, responsável primariamente pelos movimentos de marcha, reflexos de afastamento de partes do corpo de objetos ameaçadores, estiramento dos membros inferiores para suporte do peso do corpo, reflexos que controlam os vasos sanguíneos, movimento gastrointestinais e outros O nível cerebral inferior ou cerebelo, responsável por grande parte, senão a maioria, das atividades orgânicas subconscientes: pressão arterial e respiração, controle do equilíbrio, reflexos da alimentação (salivação, lamber os lábios) e repostas emocionais como a raiva, excitação, sexo, reação à dor e ao prazer. O nível cerebral superior ou córtex cerebral, responsável pelo armazenamento de informações, visão, emoções, comportamento, fala, audição, coordenação motora pelas elaborações intelectuais que dão origem aos movimentos deliberados e pelo suporte às funções e operações dos centros cerebrais inferiores, às quais precisa de precisão. E de acordo com Goleman (2001) o Neocórtex e o Sistema límbico são responsáveis pela regulação emocional, pelas inúmeras respostas emocionais que adquirimos ao longo de toda evolução. Somos a espécie mais evoluída nesses sistemas, por isso nossas reações diante de uma mesma emoção serão diversas, já nos animais ocorre apenas uma reação frente ao medo ou raiva. As estruturas límbicas são responsáveis pelo aprendizado e memória do cérebro; e a amígdala cortical é a especialista em questões emocionais. A amígdala cortical funciona como um deposito da memória emocional e, portanto, do próprio significado da vida; a vida sem a amígdala não tem o menor significado do ponto de vista emocional. A amígdala pode abrigar lembranças e repertórios de respostas que interpretamos sem compreender bem o porquê fazemos, porque o atalho do tálamo à amígdala contorna completamente o Neocórtex. Essa passagem permite que amígdala seja em repositório de impressões emocionais e lembranças que não temos plena consciência. O hipocampo é responsáveis pelos fatos puros, lógicos, e a amígdala pelo significado emocional. 19 Ainda segundo o autor, um rapaz cuja amígdala fora cirurgicamente removida para controlar sérios ataques perdeu por completo o interesse pelas pessoas, preferindo sentar-se isolado, sem nenhum contato humano. Embora fosse perfeitamente capaz de conversar, não reconhecia mais amigos íntimos, parentes, nem mesmo a mãe, e ficava impassível diante da angústia deles com sua indiferença. Sem a amígdala, parecia ter perdido toda identificação de sentimento, assim como qualquer sentimento sobre sentimentos. A amígdala atua como um depósito da memória emocional, portanto do próprio significado; a vida sem a amígdala é uma vida privada de significados emocionais. O que está ligado à amígdala é mais que a afeição; toda paixão depende dela. Os animais que têm a amígdala retirada ou cortada não sentem medo nem raiva, perdem o impulso de competir ou cooperar e não têm mais nenhum senso do lugar que ocupam na ordem social de sua espécie; a emoção fica embotada ou ausente. Conforme Goleman(2001), todas as emoções são, em essência, impulsos, legados pela evolução para uma ação imediata, para planejamentos instantâneos que visam a lidar com a vida. A própria raiz da palavra emoção vem do latim movere, que significa mover, acrescida do prefixo e, que denota afastar-se, o que indica que em qualquer emoção está implícita uma propensão de agir imediato. De Goleman (2001) as emoções, os mais profundos sentimentos, as paixões e anseios são diretrizes essenciais para existência humana. Pois são as emoções que nos orientam quando se tem que tomar uma decisão. Goleman(2001) cada emoção vivenciada nos predispõe a uma ação imediata, cada uma sinaliza para uma direção, nos recorrentes desafios enfrentados pelo ser humano ao longo da vida, e tais decisões mediadas pela emoção provou ser a mais acertada. Segundo Goleman(2001)a importância do repertório emocional utilizado para garantir a sobrevivência da nossa espécie foi atestada pelo fato de esse repertório ter ficado gravado no sistema nervoso humano como inclinações inatas e automáticas do coração. Segundo Goleman(2001), temos duas mentes a racional mais consciente, capaz de ponderar, nos tornando mais atentos e reflexivos. E a mente emocional mais impulsiva, poderosa e às vezes ilógica. E elas operam harmonicamente, para computar os dados da realidade e orientar as ações a serem tomadas. 20 4. A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL O termo “inteligência emocional” parece ter originado com Wayne Payne (1985), mas foi popularizado por Daniel Goleman (1995). A pesquisa principal sobre o conceito originou com Peter Salovey e John “Jack” Mayer e que começa no final da década de 80. O termo “quociente emocional” parece ter originado em um artigo por Keith Beasley (1987). Há muitas outras avaliações da inteligência emocional. (PRIMI, 2006). Segundo Salovey (1999), a inteligência tem sida vista como a capacidade cognitiva, de raciocinar, formar conceitos, pensamente abstrato. E emoções pertencem à esfera afetiva da capacidade mental, que inclui as emoções em si, humor, as apreciações e outras sensações. Dessa forma pode-se registrar essa afirmativa de que existem duas mentes no ser humano: a que raciocina e a que sente. Para o bem ou mal, quando são as emoções que dominam, o intelecto não pode nos conduzir a lugar nenhum. (GOLEMAN, 2001). Na maior parte do tempo, essas duas mentes operam em harmonia, mesclando seus modos de conhecimento para que se orientem no mundo. Em muitos momentos, essas mentes se coordenam; os sentimentos são essenciais para o pensamento e vice-versa. Para Goleman (2001), quando as paixões surgem, esse equilíbrio se desfaz. E então, a mente emocional assume o comando. Muitas das nossas ações são determinadas pelas emoções que têm sua razão e uma lógica peculiares. A mente emocional é muito mais rápida do que a racional, levando à ação, sem dar tempo para pensar. Essa rapidez não permite a reflexão que caracteriza a mente racional. Provavelmente, essa rapidez na ação, se explique, no curso da evolução humana, como um meio de preservação da vida, da necessidade de defesa, diante do perigo. As ações que provêm da mente emocional trazem uma sólida sensação de certeza, permitindo que determinadas coisas sejam encaradas de forma simplificada, coisas essas que, para a mente racional, seriam intrigantes e questionáveis. (RIBEIRO, 2004). Para Salovey (1999), inteligência emocional é: a capacidade de perceber emoções, ter acesso a emoções e gerá-las, de modo a ajudar o pensamento a compreender as emoções e o conhecimento emocional e a controlar as emoções de maneira reflexiva para promover o crescimento emocional e intelectual. Segundo Goleman (2001), a inteligência emocional é a capacidade de criar motivação para si próprio e de persistir num objetivo apesar dos percalços; de controlar impulsos e saber 21 aguardar pela satisfação de seus desejos; de se manter em bom estado de espírito e de impedir que a ansiedade interfira na capacidade de raciocinar; de ser empático e autoconfiante. E, portanto conforme Goleman (2001), citando Salovey, caracteriza a inteligência emocional em cincos domínios principais: Conhecer as próprias emoções. Autoconsciência, que consiste em reconhecer um sentimento quando ele ocorre. Lidar com emoções. O controle emocional e com os sentimentos para que sejam apropriados é uma aptidão que se desenvolve a partir da autoconsciência. Motivar-se, colocar as emoções a serviços de uma meta, adiando a satisfação para alcançar os objetivos. Reconhecer emoções nos outros. A empatia que vem a partir da autoconsciência e que estabelece padrões de relacionamentos saudáveis, baseando-se nas emoções alheias e agindo conforme as mesmas. Lidar com os relacionamentos. Com a aptidão de lidar com as emoções alheias os relacionamentos interpessoais se tornam mais eficazes e produtivos. 4.1 Características da Inteligência Emocional E ainda de acordo com Salovey (1999), a inteligência emocional envolve a capacidade de perceber acuradamente, de avaliar e de expressar emoções; a capacidade de perceber e/ou gerar sentimentos quando eles facilitam o pensamento; a capacidade de compreender a emoção e o conhecimento emocional; e a capacidade de controlar emoções para promover o crescimento emocional e intelectual. 4.1.1 Autoconsciência Segundo Goleman (2001), a recomendação do filosofo Sócrates “conhece-te a ti mesmo”, é um importante conceito da inteligência emocional, que é a consciência de nossos sentimentos no momento exato que eles ocorrem. E esse processo é denominado de autoconsciência, pois é a permanente atenção ao que estamos sentindo internamente, numa 22 atitude auto-reflexiva, que a mente observa e investiga o que está vivenciando, incluindo as emoções. Segundo Goleman (2001) a diferença em entre estar arrebatado por um sentimento e ter a consciência de estar sendo arrebatado pelo mesmo, é a diferença entre apenas viver as emoções ou tomar consciência das mesmas. Por isso a importância de tomar consciência das emoções quando elas ocorrem. Portanto conforme o autor, a autoconsciência é a atenção permanente ao que estamos sentindo internamente. Sendo auto-reflexiva, a mente observa e investiga o que está sendo vivenciado, incluindo as emoções. Essa autoconsciência pareceria exigir um Neocórtex ativado, sobretudo as áreas da linguagem, sintonizado para identificar e nomear as emoções despertadas. A autoconsciência não é uma atenção que se deixa levar pelas emoções, reagindo com exagero e amplificando o que se percebe. Ao contrário, é um modo neutro, que mantém a auto-reflexividade mesmo em meio a emoções turbulentas. (GOLEMAN, 2001). Conforme Goleman (2001), os indivíduos tendem a adotar estilos para acompanharem e lidarem com suas emoções: Autoconscientes: que são conscientes de seu estado de humor tem clareza das suas emoções, e essa consciência administra suas emoções, são autônomas, conscientes de seus próprios limites, gozam de boa saúde psicológica e tendem ter uma perspectiva positiva sobre a vida. Mergulhadas: são pessoas imersas em suas emoções e incapazes de fugir das emoções e estados de humor, como se fossem controladas por elas, instáveis, sem consciência dos próprios sentimentos de modo que se perdem neles, sem controle emocional. Resignadas: são pessoas que vêem o estado de humor e suas emoções mais sem a intenção de modificá-las. Dessa forma, a autoconsciência emocional é à base deste aspecto da inteligência emocional: ser capaz de estar atento às emoções e estados de humor, e ser capaz de dissipar as emoções perturbadoras e humores negativos. A autoconsciência como descreve Weisinger (2001), é o monitorar-se e observar-se em ação. Mas pressupõe um conhecimento prévio de si. Compreender o que o faz agir como age, o que importante pra si, a maneira de experimentar as coisas, o que quer como se sente e se dirige aos outro. Portanto esse conhecimento subjetivo a respeito da natureza de sua 23 personalidade não apenas orienta sua conduta, mas fornece subsídios sólidos para se fazer as escolhas melhores. Autoconhecimento ou autopercepção é o primeiro componente da inteligência emocional. Constitui-se de uma profunda percepção das próprias emoções, pontos fortes e fracos, necessidades e impulsos. As pessoas com alto nível de autoconhecimento não mostram excessivamente criticas nem têm expectativas irreais. São, em vezdisso, francas consigo mesmas e com os outros. Quem possui elevado nível de autoconhecimento sabe o efeito que seus sentimentos têm sobre si mesmo, sobre as outras pessoas e sobre seu trabalho (GOLEMAN, 1999, p. 69). A percepção das emoções, de acordo com Primi (2006), abrange desde a capacidade de identificar emoções em si mesmo, em outras pessoas e em objetos ou condições físicas, até a capacidade de expressar essas emoções e as necessidades a elas relacionadas, e ainda a capacidade de avaliar a autenticidade de uma expressão emocional, detectando sua veracidade, falsidade ou tentativa de manipulação. De acordo com Goleman (2001), a autoconsciência é um dos aspectos fundamentais da inteligência emocional, e tem haver com saber o que se sente no momento em que as emoções acontecem. E a autoconsciência é importante porque permite o individuo se conhecer, e por isso conhecer e reconhecer seus sentimentos e emoções quando ele emergem. Conforme Primi (2006), o conhecimento emocional inclui desde a capacidade de nomear as emoções, englobando a capacidade de identificar e nomear diferenças e nuances entre elas (como gostar e amar), até a compreensão de sentimentos complexos, como amar e odiar uma mesma pessoa, bem como as transições de um sentimento para outro, como a de raiva para a vergonha, por exemplo. Portando, conforme Goleman (2002), a autoconsciência significa uma profunda compreensão de nossas próprias emoções, bem como de nossas possibilidades e limites, valores e limites. As pessoas dotadas de autoconsciência são realistas, pois não pecam pelo excesso de autocrítica e nem por nutrirem esperanças ingênuas. 4.1.2 Controle Emocional Segundo Goleman (2001), a capacidade de manter o autocontrole, de suportar o turbilhão emocional que o acaso nos impõe e de não se tornar um “escravo da paixão”, tem 24 sido considerada desde Platão, como uma virtude. Na Grécia clássica, esse atributo era denominado sophrosyne, que significa precaução e inteligência na condução da própria vida, equilíbrio e sabedoria. Para os romanos e a antiga Igreja cristã isso significava temperania, temperança, contenção de excessos O controle emocional, que vem sido falado desde os tempos mais remotos, é fundamental para gerar um equilíbrio. Entretanto o objetivo desde não é o de suprimir as emoções, pois cada sentimento tem seu valor e significado na vida emocional e subjetiva de cada individuo. E como aponta Goleman (2001), à emoção é necessária na dose certa, e o sentimento proporcional a circunstância. Pois quando as emoções são sufocadas, geram embotamento e frieza, e quando escapam ao controle, são extremas e renitentes, podem se tornar patológicas, e prejudicar o bem estar do individuo. Portanto de acordo com Weisinger (2001), controlar as emoções é bem diferente de sufocá-las, significa então compreendê-las. E neste processo de compreensão das emoções, pode usá-las de maneira adequada e funcional, não permitindo que elas tenham o controle. E conforme Taylor (2008), o autocontrole pode ser definido como responsabilidade (resposta-habilidade), a capacidade de escolher como vamos responder ao estímulo que chega pelo sistema sensorial em dado momento no tempo. Embora existam certos programas do sistema límbico (emocional) que podem ser acionados de maneira automática, são necessários menos que 90 segundos para um desses programas ser acionado, percorrer nosso corpo, e depois ser completamente banido da corrente sanguínea. Minha resposta de raiva, por exemplo, é uma resposta programada que pode ser disparada automaticamente. Uma vez desencadeada, a química liberada por meu cérebro percorre meu corpo e tenho a experiência fisiológica. Noventa segundos depois do disparo inicial, o componente químico da raiva dissipou-se completamente do meu sangue e minha resposta automática está encerrada. Se, porém, me mantenho zangada depois desses 90 segundos, é porque escolhi manter o circuito rodando. Momento a momento, faço a escolha de me ligar ao neurocircuito ou recuar para o momento presente, permitindo que aquela reação desapareça de minha fisiologia. “Como vimos, o projeto do cérebro demostra que muita vezes temos pouco ou nenhum controle sobre quando somos arrebatados pela emoção e de qual emoção se trata. Mas podemos decidir sobre quanto durará uma emoção”(GOLEMAN, 2001. p. 70) 25 Por isso o controle emocional é defino como a escolha consciente de como o indididuo vai lidar primeiramente com as reações emocionais, e se deixará que essas reações fisiológicas se perpetuem e gerem desquilibrio emocional e consequentemente de ação. E segundo Goleman (2001), controlar nossas emoções é meio como exercer uma atividade de tempo integral. Pois muito do que fazemos – sobretudo nos tempos livres – são tentativas de manter o bem-estar. Todos os programas que fazemos, as companhias que preferimos são tentativas para que nos sintamos melhor. A arte de manter a tranquilidade é um dom fundamental para vida e uma ferramenta essencial para o saúde psicológica. 4.1.3 Motivar-se Conforme Weisinger (2001), significa a capacidade de iniciar um tarefa, persistir nela, progredir nele e ultrapassar quaisquer obstáculo. É tecnicamente aquilo que leva o individuo a dispender energia numa direção específica com um propósito específico, e no contexto da inteligência emocional é utilizar o sistema emocional para catalisar todo esse processo e mantê-lo em andamento. E segundo Goleman (2001), a motivação é a reunião dos sentimentos positivos de entusiasmo, zelo e confiança. Que se torna uma vantagem emocional, pois na busca por alcançar os objetivos o zelo e persistência são fatores de extrema relevância na automotivação. Pois na medida em que nossas emoções atrapalham ou aumentam nossa capacidade de pensar e de fazer planos, de seguir treinando para alcançar uma meta distante, solucionar problemas ou coisas assim, elas definem os limites de nosso poder de usar nossas capacidades e habilidades, e assim definem como nos saímos na vida. E ainda de acordo com Goleman(2001) na medida em que somos motivados por sentimentos de entusiasmo e prazer no que fazemos – ou mesmo por um grau de ansiedade – esses sentimentos nos levam a êxito. As característica da automotivação, segundo Goleman (2001), são: A capacidade de adiar a satisfação é resistir ao impulso para agir, no esperança de alcançar uma meta e recompensa maior e melhor. Conforme o autor, os indivíduos que possuem tal característica são mais competentes socialmente, mais eficazes em 26 suas ações, assertivos, mais capacitados a enfrentar frustração. E também aponta na direção de equilíbrio e competências acadêmicas superiores aos demais. E ainda têm menor probabilidade de desmontar-se, paralisar-se o regredir sob tensão, ou ficarem abalados e desarvorados quando pressionados, eles aceitam desafios e vão até o fim, mesmo frente às dificuldades, são proativos e mergulham em um projeto, esperando um certo tempo para receber a recompensa. Outro fator que contribui para a motivação é a capacidade de canalizar a ansiedade antecipatória para motivarem-se a prepararem-se bem para a determinada tarefa, com isso saindo-se bem na sua execução. E os estados de espírito positivos, enquanto duram, aumentam nossa capacidade de pensar com flexibilidade e mais complexidade, tornando assim mais fácil encontrara soluções para os problemas, intelectuais ou interpessoais. O riso, como a euforia, parece ajudar as pessoas a pensar com mais largueza e a fazer associações de forma mais livre, percebendo relações que de outromodo poderiam ter-lhes escapado – a aptidão mental importante nãos apenas na criatividade, mas para reconhecer relacionamentos complexos e prever ás conseqüências de uma determinada decisão. A esperança descobrem os pesquisadores modernos, faz mais que oferecer um pouco de conforto na aflição; desempenha uma papel surpreendentemente poderoso na vida, oferecendo uma vantagem em domínios tão diversos como no desempenho acadêmico e em agüentar uma empregos opressivos. A esperança, no sentido técnico, é mais que uma visão que tudo vai dar certo, é especificamente a capacidade de acreditar que se tem a vontade e os meios de atingir as próprias metas, quaisquer que sejam. O otimismo, que muito parece com a esperança é um fator imprescindível a automotivação, pois significa uma forte expectativa de que em geral, tudo vai dar certo na vida, apesar dos reveses e frustrações. Os otimistas têm confiança em suas aptidões, são auto-eficazes, e se recuperam de fracassos lidando de uma perspectiva mais confiante do que se preocupando demasiadamente. E do ponto de vista da inteligência emocional o otimismo é a atitude que protege as pessoas da apatia, das frustrações, desesperanças ou depressão diante das dificuldades. 4.1.4 Empatia 27 A empatia é a capacidade de se colocar no lugar dos outros, sentir-se com eles. Conforme Goleman (2001, p. 109) “a empatia é alimentada pelo autoconhecimento, quando mais conscientes estivermos a cerca de nossas próprias emoções, mais facilmente poderemos entender o sentimento alheio”. As emoções das pessoas raramente são postas em palavras, com muito mais freqüência, são expressas sob outras formas. A chave para que possamos entender os sentimentos dos outros está em nossa capacidade de interpretar canais não-verbais: tom de voz, gestos, expressão facial e outros sinais. E de acordo com Goleman (2001), assim como a forma de expressão da mente racional é a palavra, a das emoções é a não-verbal. Na verdade, quando as palavras de alguém entram em desacordo com o que é transmitido por seu tom de voz, gestos ou outro canais não- verbais, a verdade emocional está mais no como ele diz alguma coisa do que no que no que ele diz. E baseado na estimativa que 90% da comunicação é não verbal. É necessário estar atento ao outro para se perceber a mensagem contida nos conteúdos não-verbais, e se estes condizem com o conteúdo expresso verbalmente. Portanto a empatia como destaca Goleman (2001), é uma habilidade adquirida desde a mais tenra idade, quando a criança chora junto com pessoas que vê chorando. Essa ação de sofrer junto com o outro, desenvolve a capacidade de futuramente se colocar no lugar do outro e poder sentir junto. E conforme propõe o autor a empatia, é vital para o fluxo ético da sociedade. Pois a ligação empática imediata e altruísta nos encontros pessoais é a capacidade de sentir afeto empático, de colocar-se no lugar de outra pessoas, e através disso leva as pessoas a seguir certos princípios morais. A própria justiça é a capacidade de julgar conforme o outro se sentiu ou sofreu em determinada situação. E segundo Simionato (2006), a capacidade empática esta ligada: A capacidade de reconhecer indícios emocionais alheios e entender os sentimentos; Sensibilidade a emoções e pontos de vista alheios, a fim de sintonizar com uma gama de diversas pessoas. 4.1.5 Sociabilidade 28 Para manifestar a capacidade de interação é necessário alcançar um nível de autocontrole, pois para entrar em sintonia com o outro é preciso ter calma. Portando, conforme realça Goleman (2001), para reconhecer e controlar as emoções de outra pessoa – a bela arte de relacionar-se com os outros – exige o amadurecimento de duas outras aptidões emocionais: o autocontrole e a empatia. De posse disso, amadurecem as aptidões pessoais. São competências sociais eficazes na relação com o outro que determinam o estabelecimento de relacionamentos interpessoais bem sucedidos. Tais aptidões sociais permitem o individuo moldar um relacionamento, mobilizar e inspirar os outros, vicejar em relações íntimas, convencer e influenciar, e deixar os outros a vontade. Conforme Goleman (2001), a expressão das emoções constitui uma competência social bem importante, pois sugere um consenso de que forma mais apropriada é demonstrar um sentimento. E que possui certas regras na exibição dos mesmos, tais como: perceber o momento e maneira adequada de demonstrar a emoção; minimizar a expressão da emoção; e substituição de um sentimento por outro. Essa habilidade sugere que a competência emocional de ser controlada conforme a necessidade do individuo. No contato com o outro ocorre um intercâmbio de emocional, pois enviamos sinais emocionais sempre que interagimos, e esses sinais afetam aqueles com quem estamos. Por isso quanto mais hábeis somos na relação que mantemos com o outro, melhor controlamos os sinais que enviamos. Assim interagindo de forma mais eficaz na inter-relação com o outro. Cacioppo apud Goleman (2001) sugere que uma determinante de eficiência na interpessoal é a habilidade de sincronia emocional. Pois sabendo sintonizar-se emocionalmente com outro a interação se dará com mais leveza e domínio. A sincronia emocional, também pressupõe a habilidade de entrando no estado emocional do outro, controlar e dominar as emoções alheias, estabelecer contatos pessoais mais profundos, poder transmitir e receber afeto, e provocar emoções nos outros. Segundo Hatch e Garder apud Goleman (2001), as competências interpessoais são: Organizar grupos, que envolve a aptidão de iniciar e coordenar os esforço de um grupo de pessoas; Negociar soluções, o talento de ser mediador, que evita ou resolve conflitos. Ligação pessoal, que inicia na empatia e na capacidade de fazer ligação com situação que o outro se encontra, estabelecendo relacionamentos, reconhecendo e reagindo adequadamente aos sentimentos das outras pessoas. 29 Análise social, competência que detecta e intui sentimentos, motivos e preocupações das pessoas. E no tocante a essas aptidões e competências, Goleman (2001), diz que “ são a matéria do verniz interpessoal, os ingredientes necessários para o encanto, sucesso social, e até mesmo carisma”. E os hábeis no relacionamento social ligam-se facilmente com as pessoas, são exímios nas interpretações de suas reações e sentimentos, conduzem e organizam, controlam as disputas que eclodem em qualquer atividade humana. São pessoas os outros gostam de estar na companhia, causando uma excelente impressão social. 4.2 Para que Serve a Inteligência Emocional Conforme Goleman (2001), cada emoção tem seu valor e significado, e sem elas a experiência de vida humana seria entediante, gerando embotamento e frieza. Entretanto é necessário proporcionalidade das emoções e das circunstâncias. Segundo Savoley (1999), a emoção serve como um sistema de alerta essencial desde o nosso nascimento que sinaliza mudanças importantes na pessoa e no ambiente. Como por exemplo: o aluno que se preocupa, pois tem um trabalho para fazer, a sensação de ansiedade diante um tarefa, ou alegria diante de uma noticia considerada boa. Para Savoley (1999), a emoção pode ajudar as pessoas a considerar perspectivas múltiplas. Pois conforme o estado emocional do individuo que influenciará no seu humor, bom ou mau, as possibilidade poderão ser amplas como reduzidas. De acordo com Goleman (2001), as emoções auxiliam a tomar decisões, pois o sentimento tem uma importante contribuição para tomada de decisões na vida. Embora sentimentos fortes possam causar devastaçõesno raciocínio, a falta de consciência do sentimento também pode ser destrutiva, sobretudo para avaliar decisões das quais depende, em grande parte, o nosso destino: que carreira seguir, ficar ou não no emprego, quem namorar e casar e entre outras. Decisões que necessitam de raciocínio e das emoções para serem tomadas de forma adequada. A emoção, como facilitadora do ato de pensar, diz respeito à influência que as emoções têm nos processos cognitivos, e, ao mesmo tempo, à eficácia com que a pessoa 30 compreende e utiliza a informação desse sistema de alerta que dirige a atenção e o pensamento para as informações (internas ou externas) mais importantes no processo de solução de problemas. A capacidade de gerar sentimentos em si mesmo, por exemplo, pode ajudar uma pessoa em situações de tomada de decisão, funcionando como um "ensaio", no qual as emoções podem ser geradas, sentidas, manipuladas e examinadas antes de se decidir (PRIMI, 2006). E como descreve o autor citado a cima, o gerenciamento reflexivo das emoções refere- se às estratégias efetivas de gerência das experiências emocionais para poder alterá-las, em si e nos outros, de forma a produzir efeitos desejados e condizentes com a solução de problemas. Essa capacidade diz respeito à tolerância e compreensão na medida certa das reações emocionais, agradáveis ou desagradáveis, sem exagero ou diminuição de sua importância, no controle ou expressão no momento apropriado para promover o crescimento emocional e intelectual. 5. ORGANIZAÇÃO E TRABALHO Segundo Maximiano (2008), as organizações são sistemas estáveis de indivíduos orientados para a coordenação planejada de atividades, com vista à consecução de objetivos comuns, mediante uma hierarquia de autoridade, de responsabilidade e de divisão do trabalho. E os objetivos das organizações é o fornecimento de produtos e serviços. E conforme Chiavenato (2002, p54), “o homem moderno passa a maior parte do seu tempo dentro de organizações, das quais depende para nascer, viver, aprender, trabalhar, ganhar seu salário, curar suas doenças, obter todos os produtos e serviços de que necessita (...)”. Sejam quais forem os objetivos que perseguem – educacionais, religiosos, econômicos, políticos, sociais, as organizações envolvem os indivíduos em “redes”, tornando-os cada vez mais dependentes das atividades que levam a cabo. Uma das razões que explicarão a sua enorme proliferação e variedade no mundo moderno é o fato de só através destas estruturas podem ser satisfeitas a maioria das necessidades humanas: é mediante a cooperação e a conjugação de esforços que é possível, ou pelo menos mais fácil, atingir objetivos. 5.1 A Teorias das Organizações 31 Conforme Maximiano (2008), uma teoria é um conjunto de proposições que procuram explicar os fatos da realidade prática. A teoria é uma palavra elástica que não apenas compreende as proposições da realidade pratica, mas também princípios e doutrinas que orientam a ação dos administradores, e técnicas, que são possibilidades para resolver um problema prático. Portanto, conforme Chiavenato (2000) a administração constitui o resultado histórico e integrado da contribuição cumulativa de numerosos precursores, filósofos, economistas, estadistas e empresários que, no decorrer dos tempos, foram cada qual em seu campo de atividade, desenvolvendo e divulgando suas obras e teorias. Quadro 1. Cronologia dos principais Eventos dos Primórdios da Administração Cronologia dos principais Eventos dos Primórdios da Administração 4000 a. C. Egípcios Necessidade de planejar, organizar e controlar. 2600 a. C. Egípcios Descentralização na organização. 2000 a. C. Egípcios Necessidade de ordens escritas. Uso de consultoria de staff. 1800 a. C. Hamurabi (Babilônia) Uso de controle escrito e testemunhal; estabelecimento do salário mínimo. 1491 a. C. Hebreus Conceito de organização; princípio escalar; princípio de exceção. 600 a. C. Nabucodonosor (Babilônia) Controle de produção e incentivos salariais. 500 a. C. Mencius (China) Necessidade de sistemas e padrões. 400 a. C. Sócrates (Grécia) Enunciado a universidade da Administração. 400 a. C. Ciro (Pérsia) Necessidade de relações humanas; estudo de movimentos, arranjo físico e manuseio de materiais. 400 a. C. Platão (Grécia) Principio da especialização. 175 a. C. Cato (Roma) Descrições das funções. 32 284 Dioclécio (Roma) Delegação de autoridade 1436 Arsenal de Veneza Contabilidade de custos; balanços contábeis; controle de inventários; linha de montagem; Administração de Pessoal; padronização. 1525 Niccoló Machiavelli (Itália) Princípio do consenso e de coesão na organização; enunciado das qualidades de liderança; táticas políticas. 1767 Sir James Stuart (Inglaterra) Teoria da fonte de autoridade; impacto da automação; diferenciação entre gerentes e operários; especialização. 1776 Adam Smith (Inglaterra) Princípio de especialização dos operários; conceito de controle. 1799 Eli Whitney (Estados Unidos) Método científico; contabilidade de custos e controle de qualidade; amplitude administrativa. 1800 James Watt Mathew Boulton (Inglaterra) Procedimentos padronizados de operação; especificações; métodos de trabalho; planejamento; incentivo salarial; tempos padrões; gratificações natalinas; auditoria. 1810 Robert Owen (Inglaterra) Práticas de pessoal; treinamento dos operários; plano de casas para operários. 1832 Charles Babbage (Inglaterra) Ênfase na abordagem científica e na especialização; divisão de trabalho; estudo de tempos e movimentos; contabilidade de custos; efeito das cores na eficiência do operário. 1856 Daniel C. McCallum Uso do organograma para a estrutura organizacional; 33 (Estados Unidos) administração sistemática em ferrovias. 1886 Henry Metcalfe (Estados Unidos) Arte da Administração; Ciência da Administração. 1900 Frederick W. Taylor (Estados Unidos Administração científica; cooperação entre operários e gerência; prêmios de produção; principio de exceção; estudo de tempos e métodos; ênfase no planejamento e controle. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a teoria geral da administração. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000, p 22 e 23. E de acordo com Chiavenato (2000), no decorrer das humanidade varias formas de administrar as organizações foram sendo desenvolvidas. Até o século XIX foram poucas idéias e teorias a respeito da administração. Inicialmente percebe-se a influência dos filósofos. Em seguida a organização eclesiástica influenciou o pensamento administrativo, outro modelo de organização que contribui foi a militar. Mas após a Revolução Industrial num contexto industrial, tecnológico, social, político e econômico propiciou ao surgimento de teorias administrativas. E ainda conforme o autor as principais teoria a respeito da administração são: 5.1.1 Teoria da Administração Científica, fundada por Taylor e seus seguidores, constitui a primeira teoria da administração. No primeiro momento Taylor voltou-se para a racionalização do trabalho dos operários, que seria um estudo no tempo e nos movimentos, na fragmentação das tarefas e na especialização do trabalhador. Buscava-se eliminar o desperdício, da ociosidade operária e redução dos custos de produção. A forma de obter a colaboração dos operários foi o apelo deincentivos salariais e de prêmios de produção. O desenho de cargos e tarefas enfatiza o trabalho simples e repetitivo das linhas de produção e montagem, a padronização e as condições de trabalho que assegurassem a eficiência. Entretanto no segundo momento verificou-se que não adiantaria racionalizar o trabalho operário se o supervisor continuasse no empirismo anterior. E por isso foi 34 se criando princípios de administração para balizar o comportamento de gerentes e chefes. 5.1.2 Teoria Clássica da Administração, o pioneiro dessa teoria é Henri Fayol. Que definiu funções básicas da empresa, o conceito de Administração (prever, organizar, comandar, coordenar e controlar), que são princípios básicos de administração. A ênfase na estrutura visualiza a organização como um disposição das partes (órgãos) que constituem sua forma e o inter-relacionamento entre as partes. Essa teoria da organização restringe- se apenas a organização formal, se caracterizando pela divisão do trabalho e correspondente especialização que as partes (órgãos) que a constituem. A divisão do trabalho deve ser vertical (níveis de autoridade) ou horizontal (departamentalização). À medida que ocorre a divisão do trabalho e especialização, deve haver coordenação para garantir a harmonia do conjunto, e conseqüentemente, a eficiência da organização. 5.1.3 Teoria Humanística da Administração, as origens dessa teoria remontam à influência das idéias do pragmatismo e da iniciativa individual no Estados Unidos, berço da democracia. Na pratica a Teoria das Relações Humanísticas surgiu com a Experiência de Hawthorne, que consistia em inicialmente aumentar luz no ambiente de trabalho para se verificar a produtividade dos trabalhadores, e constatou-se que a produtividade aumentava, e em seguida foi diminuída a luz, e a produtividade também aumentou. Percebendo-se assim que a preocupação com a tarefa não tão essencial quanto na pessoa e nas relações interpessoais. Que os indivíduos de configuram como grupos dentro da organização, e que a motivação econômica também é secundaria, mas que as pessoas necessitam de reconhecimento, atenção, aprovação e participação social. O cargo e natureza do trabalho têm influência sobre a motivação, e que os aspectos emocionais são relevantes e merecem atenção nas organizações. Entretanto a teoria se contextualiza numa civilização industrializada que torna as empresas preocupadas com a sobrevivência financeira e maior eficiência para o alcance dos lucros. Portanto torna-se indispensável conciliar e harmonizar as duas funções da organização industrial: a função econômica ( produzir bens ou serviços para garantir o equilíbrio externo) e a função social ( distribuir satisfação entre os participantes para garantir o equilíbrio 35 interno). E decorrente ainda dessa nova concepção a natureza do homem social se evidenciou e verificou-se a formação e o processos de grupos podem ser manipulados pelo estilo de liderança e comunicação. Surge também os primeiros estudos sobre a motivação humana e o ciclo motivacional, necessidades humanas básicas e a influencias dos objetivos individuas na atitudes das pessoas e do grupo. E sobre os estilos de liderança e o resultado do desempenho dos subordinados e a excelência da liderança democrática. A importância da comunicação sobre os relacionamentos entre as pessoas e o seu desempenho. 5.1.4 Teoria Neoclássica da Administração surgiu da necessidade de se utilizar postulas da Teoria Clássica, expurgando-se os exageros. E assim agregando suas idéias e também de outras teorias administrativas mais recentes. Ela vai dar ênfase no resultado e objetivos, mas sendo o ecletismo aberto e receptivo. Considera relevante a técnica social básica, onde se conheça os aspectos técnicos e específicos do trabalho, e também aspectos relacionados à direção de pessoas dentro das organizações. Prima pela descentralização. Enfatiza as funções do administrador: planejamento, organização, direção e controle. O planejamento é a função de determinar antecipadamente os objetivos e que deve ser feito para alcançá-los, numa hierarquia de objetivos conciliando todos, com políticas, diretrizes, metas, programas, procedimentos, métodos e normas. A organização consiste no agrupamento das atividades necessárias para realizar o que foi planejado, podendo ocorrer em três níveis: nível global (desenho organizacional), nível departamental (desenho departamental), nível das tarefas e operações ( desenho de cargos e tarefas. E a direção é a função que orienta e guia o comportamento das pessoas na direção dos objetivos a serem alcançados. É uma atividade de comunicação, motivação e liderança, pois se refere a pessoas, e sua abrangência também ocorre nos três níveis: global(direção), departamental (gerência) e operacional (supervisor). O controle visa assegurar que o que foi planejado, organizado e dirigido realmente cumpriu os objetivos pretendidos, e é constituído em quatro fases: estabelecimento de critérios ou padrões, observação do desempenho, comparação do desempenho com o padrão estabelecido e ação corretiva para eliminar os 36 desvios ou variações. E sua abrangência também ocorre em três níveis: nível estratégico, tático e operacional. Quadro 2. As abordagens prescritivas e normativas da Teoria Administrativa Abordagens Prescritivas e Normativas da Administração Aspectos Principais Teoria Clássica Teoria das Relações Humanas Teoria Neoclássica Abordagem da organização Organização formal exclusivamente Organização informal exclusivamente Organização formal e informal Conceito de organização Estrutura formal como conjunto de órgãos, cargos e tarefas Sistema social como conjunto de papéis grupos Sistema social com objetivos a serem alcançados racionalmente Principais representantes Taylor, Fayol, Gilberth, Gantt, Gulick, Urwick, Mooney, Emerson, Sheldon Mayo, Follett, Roethlisberger, Dubin, Cartwright, French, Zalesnick, Tannenbaum, Lewin, Viteles, Homans Drucker, Koontz, Jucius, Newmann, Odiornie, Humble, Gelineir, Schleh, Dale Característica básica da administração Engenharia humana/ engenharia de produção Ciência Social aplicada Técnica social básica Concepção do homem Homo economicus Homem social Homem organizacional e administrativo Ciência mais relacionada Engenharia Psicologia social Ecletismo (meio- termo) Tipos de incentivo Incentivos materiais e salariais Incentivos sociais e simbólicos Incentivos misto Relação entre objetivos Identidade de interesses. Não há Identidade de interesses. Todo Integração entre os objetivos 37 organizacionais e objetivos individuais conflito perceptível conflito é indesejável e deve ser evitado organizacionais e individuais Resultados almejados Máxima eficiência Máxima eficiência Eficiência ótima Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a teoria geral da administração. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000, p 209 e 210. 5.1.5 Teoria Estruturalista surgiu por volta de 1950 e os autores estruturalista procuram inter-relacionar as organizações com seu ambiente externo, que é a sociedade maior. Daí a sociedade de organizações caracterizada pela interdependência entre as organizações. Surge um novo conceito de organização e do homem: o homem organizacional que desempenha papéis simultâneos em diversas organizações. E a análise das organizaçõessob o ponto de vista estruturalista é feita dentro de uma abordagem múltipla e globalizante: tanto para organização formal como a informal devem ser compreendidas, bem como as recompensas e sanções materiais e sociais devem ser consideradas no comportamento das pessoas; todos os tipos de organização devem ser levados em conta (em presas industriais, comerciais, de serviços, exército, igrejas, partidos políticos, universidades, hospitais, etc.), os diferentes níveis hierárquico devem ser abrangidos pela análise organizacional, bem como as relações externas da organização com outras organizações (análise interorganizacional). Os tipos de organização são estudados nessa teoria. A teoria estruturalista inaugura os estudos a respeito do ambiente dentro do conceito de que as organizações são sistemas abertos em constante interação com o contexto externo. Teoria propõe que existem os conflitos e dilemas organizacionais que provocam tensões e antagonismo envolvendo aspectos positivos e negativos, mas estes conduzem a organização à inovação e à mudança. Mas a teoria estruturalista é considerada uma teoria de transição. 5.1.6 Teoria Comportamental da Administração surge no final da década de 1940, e foi profundamente marcada pela ciência do comportamento na Administração, mas é amplamente democrática. A teoria comportamental assenta-se em novas proposições acerca da motivação humana, notadamente as contribuição de McGregor, Maslow e Herzberg. Maslow 38 propõe a teoria da motivação humana segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importâncias e de influenciação. Essa hierarquia de necessidades pode ser visualizada numa pirâmide: Quadro 3. A Hierarquia das necessidades de Maslow Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Hierarquia_das_necessidades_de_Maslow.svg Herzberg formulou a teoria dos dois fatores para explicar o comportamento das pessoas em situação de trabalho, que são: 1. Os Fatores Higiênicos, ou extrínsecos, que tratam do ambiente que rodeia as pessoas e abrangem as condições dentro das quais elas desempenham o trabalho. Que são: salário, benefícios sociais, tipo de chefia ou supervisão, condições físicas e ambientais de trabalho, políticas e diretrizes da empresa, clima de relacionamento entre a empresa e os funcionários, regulamentos internos, etc. Entretanto os fatores higiênicos postulam que se tiverem ótimos, eles irão evitar a insatisfação, que quando precários vão gerar insatisfação. E por isso os fatores higiênicos não são motivacionais, mas um padrão de não insatisfação que gerará desmotivação futuramente. 2. Os Fatores Motivacionais, ou fatores intrínsecos, pois são necessariamente com o conteúdo do cargo e com a natureza das tarefas que a pessoa executa. os fatores motivacionais estão sob o controle da individuo , pois estão relacionados com aquilo que ele faz ou desempenha. Envolvem 39 sentimentos de crescimento individual, reconhecimento profissional e auto- realização, e dependem das tarefas que o individuo realiza no trabalho. E quando os fatores motivacionais são ótimos, eles provocam satisfação nas pessoas. Quadro 4. Modelo comparativo entre as teorias de Maslow e Herzberg. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a teoria geral da administração. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000, p 401(scanner). A teoria comportamental traz os estilos de administração. As teorias X e Y é proposta por McGregor. Onde a teoria X é mecanicista e pragmática e a Y baseado nas concepções modernas a respeito do comportamento humano. Quadro 5. Comparativo Teoria X e Y de McGregor. Pressuposições da Teoria X Pressuposições da Teoria Y 40 - As pessoas são preguiçosas e indolentes; - As pessoas evitam o trabalho; - As pessoas evitam responsabilidade, a fim de se sentirem mais seguras; - As pessoas precisam ser controladas e dirigidas; - As pessoas são ingênuas e sem iniciativa - As pessoas são esforçadas e gostam de ter o que fazer; - O trabalho é uma atividade tão natural quando brincar e descansar; - As pessoas procuram e aceitam responsabilidades e desafios; - As pessoas podem ser automotivadas e autodirigidas; - As pessoas são criativas e competentes Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a teoria geral da administração. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000, p 405. E Likert propõe sistemas organizacionais, variando desse um sistema autoritário explorador até um sistema participativo grupal eminentemente democrático. Quadro 6. Sistemas de Administração Sistemas de Administração Variáveis principais 1 Autoritário- Coercivo 2 Autoritário- Benevolente 3 Consultivo 4 Participativo Processo Decisorial Totalmente centralizado na cúpula da organização. Centralizado na cúpula, mas permite alguma delegação, de caráter rotineiro. Consulta aos níveis inferiores, permitindo participação e delegação. Totalmente descentraliza- do. A cúpula define políticas e controla os resultados. 41 Sistemas de Comunicação Muito precário. Somente comunicações verticais e descendentes carregando ordens. Relativamente precário, prevalecendo comunicações descendentes do que as ascendentes. A cúpula procura facilitar o fluxo no sentido vertical (descendente e ascendente) e horizontal. Sistemas de comunicações eficientes são fundamentais para o sucesso da empresa Relações Interpessoais Provocam desconfiança. Organização informal é vedada e considerada prejudicial. Cargos confinam as pessoas. São toleradas com condêsdendên- cia. Organização informal é incipiente e considerada uma ameaça à empresa. Certa confiança nas pessoas e nas relações. A cúpula facilita a organização informal sadia. Trabalho em equipes. Formação de grupos é importante. Confiança mútua, participação e envolvimento grupal diversos Sistemas de Recompensas e Punições Utilização de punições e medidas disciplinares. Obediência estrita aos regulamentos Internos. Raras recompensas (estritamente salariais). Utilização de punições e medidas disciplinares, mas com menor arbitrariedade. Recompensas salariais e raras recompensas sociais. Utilização de recompensas materiais (principal- mente salários). Recompensas sociais ocasionais. Raras punições ou castigo. Utilização de recompensas sociais e recompensas materiais e salariais. Punições são raras e, quando ocorrem, são definidas pela equipe Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a teoria geral da administração. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000, p 409. 42 A teoria comportamental enfatiza o Processo Decisorial, pois considera todo individuo é um tomador de decisão, baseando-se nas informações que recebe de seu ambiente, processando-as de acordo com suas convicções e assumindo atitudes, opiniões e pontos de vista em todas as circunstâncias. A organização é considerada um sistema de decisões, em que todos se comportam racionalmente apenas em relação a um conjunto de informações que conseguem obter a respeito de seus
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