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Número do processo: 1.0702.06.323586-6/001(1) Númeração Única: 3235866- 21.2006.8.13.0702 Processos associados: clique para pesquisar Relator: Des.(a) FRANCISCO KUPIDLOWSKI Relator do Acórdão: Des.(a) FRANCISCO KUPIDLOWSKI Data do Julgamento: 24/04/2008 Data da Publicação: 18/05/2008 Inteiro Teor: EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. JUNTADA DE PROCURAÇÃO PELO RÉU. COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO DO DEMANDADO. AUSÊNCIA DE PODERES ESPECÍFICOS PARA RECEBER CITAÇÃO. REVELIA INEXISTENTE. TUTELA ANTECIPADA. SUSTAÇÃO DE PROTESTO. CAUÇÃO. OFERECIMENTO DE BEM MÓVEL OU DE GARANTIA FIDEJUSSÓRIA. POSSIBILIDADE. DECISÃO SINGULAR REFORMADA. AGRAVO PROVIDO.1- A juntada de procuração, sem poderes específicos para receber citação, não importa em comparecimento espontâneo do réu.2- A caução para sustar o protesto pode ser exigida pelo Judiciário, mas sua espécie fica a cargo da parte dentro de sua melhor conveniência, até porque a lei já diz que ela pode ser real ou fidejussória.3- Agravo a que se dá parcial provimento, para que seja deferida a tutela antecipada pleiteada diante do oferecimento de caução real ou fidejussória. AGRAVO N° 1.0702.06.323586-6/001 - COMARCA DE UBERLÂNDIA - AGRAVANTE(S): INDÚSTRIAS SUAVETEX - AGRAVADO(A)(S): CARLOS HENRIQUE LIMA COIMBRA EM CAUSA PRÓPRIA - RELATOR: EXMO. SR. DES. FRANCISCO KUPIDLOWSKI ACÓRDÃO Vistos etc., acorda, em Turma, a 13ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EM DAR PARCIAL PROVIMENTO. Belo Horizonte, 24 de abril de 2008. DES. FRANCISCO KUPIDLOWSKI – Relator NOTAS TAQUIGRÁFICAS Produziu sustentação oral, pela agravante, o Dr. Evandro Luiz Barra Cordeiro. O SR. DES. FRANCISCO KUPIDLOWSKI: VOTO Registro ter ouvido, com a devida e costumeira atenção, as palavras do douto tribuno, Dr. Evandro Luiz Barra Cordeiro, e levo ao seu conhecimento que os argumentos trazidos por V.Exa. nesta tribuna estão devidamente analisados em voto escrito que trago e cuja integralidade coloco à disposição de V.Exa. Pressupostos presentes. Conhece-se do recurso. Contra uma decisão que, na Comarca de Uberlândia - 6ª Vara Cível -, indeferiu os pedidos de reconhecimento da revelia, bem como o de liminar de sustação de protesto promovidos pela empresa recorrente, surge o presente agravo de instrumento interposto por INDÚSTRIAS SUAVETEX e, pretendendo reforma, alega suas razões. Nisto consiste o "thema decindendum". Tratam os autos principais de ação de indenização por danos morais, com pedido de tutela antecipada para cancelamento dos efeitos do protesto, promovida pela pessoa jurídica agravante. Após a distribuição da aludida demanda, fora determinada a citação do réu, ora agravado, para, querendo, apresentar contestação. Todavia, a citação restou infrutífera diante da não localização do recorrido. Entretanto, dias após tal tentativa de citação, o recorrido, através de seu causídico, juntou procuração aos autos e petição com pedido de vista do processo fora da secretaria. Pedido este que fora deferido pelo Julgador Primevo. Diante da não apresentação, pelo agravado, de contestação, a agravante requereu o reconhecimento da revelia, o que não fora deferido pelo Magistrado, ao fundamento de que procurador não possuía poderes para receber citação, de forma que a juntada de procuração não importaria em comparecimento espontâneo do demandado. Noutro giro, o Juízo "a quo" indeferiu o pedido de restabelecimento da tutela antecipada para sustação dos efeitos do protesto, condicionada ao oferecimento de caução fidejussória, por entender que tal instituto mostra-se irreversível, devendo a caução ser real ou em dinheiro. Irresignada, sustenta a agravante que a juntada de procuração conferindo poderes ao advogado para apresentar contestação, ainda que ausente de poderes específicos para receber citação, supre a ausência de citação. Outrossim, pugna pelo restabelecimento da tutela antecipada, na medida em oferece caução fidejussória ou real, de forma a proteger, também, o direito do credor. Assiste razão, em parte, à pessoa jurídica recorrente. É certo que dispõe o art. 214, §1º, do CPC: Art. 214 - Para validade do processo, é indispensável a citação inicial do réu. §1º - O comparecimento espontâneo do réu supre, entretanto, a falta de citação." Acrescente-se que é entendimento consolidado dos Tribunais e, especialmente do Superior Tribunal de Justiça, que o comparecimento espontâneo do réu tão-somente poderá suprir a ausência do ato citatório, na hipótese da petição ser assinada por advogado com poderes especiais para receber citação. O que não ocorreu "in casu'', já que a procuração de fls. 81-TJ não contém poderes expressos para recebimento de citação. A Jurisprudência é uníssona sobre o tema, valendo a transcrição: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE VISTA. PROCURAÇÃO SEM PODERES ESPECIAIS. COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO DO RÉU. INOCORRÊNCIA. MONITÓRIA. PRAZO PARA EMBARGOS. TERMO A QUO. CPC, ART. 241, II. I - A juntada de procuração e requerimento de vista dos autos por advogado sem poderes especiais para receber citação não constitui, em princípio, comparecimento espontâneo do réu, hábil a suprir a ausência do chamamento (CPC, art. 214, par. 1.º). II - O prazo para oferecimento de embargos à ação monitória se inicia, em regra, na data da juntada aos autos do mandado de citação devidamente cumprido. III - Ainda que se considere iniciado o prazo para oferecimento de embargos com a concessão de vista dos autos antes da juntada do mandado de citação, a contagem só pode se dar a partir da real disponibilização dos autos, não do simples requerimento. Recurso a que se dá provimento. (STJ, REsp nº 249769 / AC, rel. Min. Castro Filho, j. em 12.3.2002, DJU 08.4.2002, p. 208). E ainda "PROCESSUAL CIVIL. COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO DA RÉ MEDIANTE JUNTADA DE PROCURAÇÃO DE ADVOGADO COM PODERES EXPRESSOS PARA RECEBER CITAÇÃO. CITAÇÃO VÁLIDA. CONTAGEM DO PRAZO PARA DEFESA A PARTIR DAQUELA DATA. CONTESTAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE. CPC, ART. 214, § 1º. I. A juntada de procuração, pela ré, onde consta poder expresso a seu advogado para receber citação, implica em comparecimento espontâneo, como previsto no art. 214, parágrafo 1º, da lei adjetiva civil, computando-se a partir de então o prazo para o oferecimento da contestação. II. Defesa intempestiva. Desentranhamento. III. Recurso especial conhecido e provido." (STJ, REsp nº 173.299-SP, rel. Min. Aldir Passarinho Júnior, j. em 29.06.2000, DJU 25.09.2000, p. 104). Dessa forma, no caso em comento, a juntada da procuração não configura o comparecimento espontâneo do réu, devendo neste ponto ser mantida a decisão primeva. Noutro giro, a tutela antecipada, para concessão da liminar de sustação de protesto deve ser deferida, diante do oferecimento, pela agravante, de caução real ou fidejussória. Na esteira de reiteradas decisões deste Tribunal, o caucionamento de medidas cautelares é prerrogativa do Judiciário, mas a escolha da espécie garantidora é do prestador da caução, até porque a própria lei diz que ele a prestará "real ou fidejussoriamente", referindo-se, naturalmente, ao direito de escolha ou faculdade de fazê-lo mas reservada ao devedor, conforme oportuna decisão que se transcreve: "AÇÃO ANULATÓRIA DE TÍTULO CAMBIAL COMBINADA COM PEDIDO DE LIMINAR DE SUSTAÇÃO DE PROTESTO. CAUÇÃO. A caução para sustar o protesto, necessariamente, não precisa corresponder ao depósito judicial do valor do título, podendo ser através de caução real ou fidejussória, conforme contemplado na lei (art. 804 c/c art. 828, do CPC. Agravo provido. (TJRS, AI 5991117, (00321856), 15a CC,Rel. Des. Manoel Martinez Lucas, j. 08.09.1999). Se isto é uma verdade, inquestionável a concessão da liminar, mediante apresentação de caução, porque esta uma garantia de que o Judiciário não pode nem deve abrir mão como forma de proteger direitos bilaterais, como recomendável em ato justo e sem outorga de benefícios unilaterais. Todavia, no caso em questão, a liminar de sustação de protesto foi deferida mediante caução em dinheiro ou real, mas, como a espécie garantidora é de escolha da parte, não pode o Magistrado de 1o Grau determiná-la, reformando-se, assim, a decisão monocrática. Com efeito, comprovada a propriedade do bem móvel oferecido como caução em nome da agravante, ou apresentando caução fidejussória, nada obsta o reconhecimento da prestação dessa garantia. Com o exposto, dou parcial provimento ao agravo, para deferir a tutela antecipada, com o fim de cancelar os efeitos do protesto, permitindo a caução real ou fidejussória oferecida pela recorrente. Custas em proporção: 50% para cada litigante. O SR. DES. BARROS LEVENHAGEN: VOTO Acompanho integralmente o voto do Relator. O SR. DES. ROGÉRIO MEDEIROS: Ressalvando o entendimento pessoal contra essa discricionariedade da parte, porque, em circunstâncias peculiares do caso concreto, entendo que deva prevalecer a caução em espécie, mas, nas circunstâncias desse caso concreto, entendo suficiente a caução oferecida pela parte e acompanho o Relator. LC SÚMULA : DERAM PARCIAL PROVIMENTO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS AGRAVO Nº 1.0702.06.323586-6/001 PRAZOS PARA CONTESTAR O art. 297 determina o prazo para contestação, exceção e reconvenção, no procedimento ordinário, que é de 15 dias. O art. 241 estabelece como fazer a contagem deste prazo de 15 dias. Tenha sido a citação realizada pelo correios ou através de mandado por oficial de justiça, a partir do momento que o recebimento chega aos autos (juntada do mandado citatório cumprido ou do aviso de recebimento), no dia seguinte inicia-se o prazo de 15 dias (o prazo nunca se inicia no primeiro dia, e sim no segundo). Havendo vários réu, no dia seguinte ao da juntada aos autos da última citação, começa a contagem do prazo em comum. Quando a citação for por edital (inciso V do art. 241), deve-se observar o disposto no art. 232, IV, que determina o que é a "dilação do prazo assinada (determinada) pelo juiz". Quando ocorre a primeira publicação, aplica-se o inciso IV do art. 232, que determina que o juiz estabelecerá um prazo, entre 20 e 60 dias a partir desta primeira publicação, para que a notícia se propague. Este é o PRAZO DE DILAÇÃO – prazo para que ocorra a propagação da notícia do processo. Exemplo: Primeira publicação em 07/08/2003 O juiz assina (determina) prazo de 25 dias para a propagação da notícia (PRAZO DE DILAÇÃO). A partir do dia 08/08/2003 começa a correr o PRAZO DE DILAÇÃO (25 dias). Terminando o prazo de 25 dias, no dia seguinte inicia-se a contagem do prazo para contestação (de 15 dias). A citação é ato solene, e os seus tipos estão definidos no art. 221: Pelo correio Por oficial de justiça (a citação simples por oficial de justiça e a citação por hora certa – arts. 227 e seguintes – são citações realizadas por oficial de justiça) Por edital A citação por hora certa possui um elemento objetivo (não encontrar o réu) e um elemento subjetivo (se o oficial de justiça verificar, por uma situação fática, que o réu está evitando a citação, criando um obstáculo para receber a notícia do processo). O oficial de justiça tem que relatar no próprio mandato esta situação e, obviamente, o autor, diante deste relato, vai requerer que o juiz determine a citação por hora certa. O juiz irá analisar a situação para ver se realmente é caso de citação por hora certa. A citação por hora certa é uma citação ficta. Na citação ficta, ninguém (inclusive o juiz) poderá ter a certeza absoluta de que o réu teve a notícia do processo. Apenas nas citações reais (pessoais) pode-se ter a certeza de que o réu recebeu a notícia do processo. As citações fictas devem ser deixadas somente para o último caso. Por isso ele deverá fazer uma análise, para verificar se não está ocorrendo algum tipo de nulidade ou vício neste ato processual. Segundo o art. 9º, §2º, o juiz deverá nomear curador especial ao réu preso e ao réu revel que foi citado por edital ou por hora certa. A citação por hora certa e a citação por edital são citações fictas. A citação é sempre requerida (art. 282, VII). O autor tem que requerer o tipo de citação que ele quer. Observações: O art. 222 estabelece as situações em que a citação não será feita pelo correio. Ações de estado são a ação de separação, a ação de investigação de paternidade, etc. Outros artigos que devem ser observados na contagem do prazo para a contestação são o 191 (litisconsórcio) e o 188 (pessoas que têm prazo maior para contestar). Segundo o art. 188, o para contestar é em quádruplo: Quando a parte for a Fazenda Pública Quando a parte for o Ministério Público Quando a parte for a Defensoria Pública (embora este órgão não conste no dispositivo legal) Segundo o art. 191, quando os litisconsortes tiverem procuradores (advogados) diferentes, terão prazo em dobro para contestar. TJ-DF - Agravo de Instrumento AGI 20130020260575 DF 0026995-30.2013.8.07.0000 (TJ- DF) Data de publicação: 01/04/2014 Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DEFERIMENTO DE LIMINAR. DEFENSORIA PÚBLICA. INTIMAÇÃO PESSOAL. PRAZO EM DOBRO. INICIO DA CONTAGEM DOPRAZO PARA CONTESTAÇÃO. PROVIDO. 1. O PRAZO PARA CONTESTARCOMEÇA A FLUIR A PARTIR DA JUNTADA DO MANDADO CUMPRIDO, A QUAL, NO CASO, FOI FEITA EM 14 DE AGOSTO DE 2013. NO ENTANTO, A DESPEITO DESSE RACIOCÍNIO, A NOBRE JULGADORA ENTENDEU INTEMPESTIVA ACONTESTAÇÃO PORQUE APRESENTADA APÓS 30 (TRINTA) DIAS DA LIMINAR EFETIVADA. 2. O PRAZO, POIS, PARA A CONTESTAÇÃO TERIA COMO DATA FINAL O DIA 15 DE SETEMBRO, JÁ COMPUTADO EM DOBRO. DAÍ, CONSIDERANDO QUE A DEFESA FOI APRESENTADA EM 05 DE SETEMBRO, CONSOANTE SE OBSERVA DA FL. 96, É POSSÍVEL VISLUMBRAR A APARÊNCIA DO BOM DIREITO EM PROL DO RECORRENTE, APTA A JUSTIFICAR O DEFERIMENTO DA MEDIDA JUDICIAL DE URGÊNCIA PRETENDIDA. 3. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 68061 RJ 1995/0029742-6 (STJ) Data de publicação: 18/12/1995 Ementa: AÇÃO POSSESSORIA. CITAÇÃO. FALTA. NÃO TENDO SIDO O REU CITADO REGULARMENTE PARA A CAUSA, APENAS COMPARECENDO ESPONTANEAMENTE A AUDIENCIA DE JUSTIFICAÇÃO, NÃO BASTA A INTIMAÇÃO DO DEFENSOR PÚBLICO, DA DECISÃO DE INDEFERIMENTO DA MEDIDA LIMINAR, PARA O INICIO DA CONTAGEM DO PRAZO PARA ACONTESTAÇÃO. A SIMPLES REVELIA NÃO LEVA NECESSARIAMENTE AO DEFERIMENTO DO PEDIDO, SE O AUTOR NÃO FORNECER AO JUIZ ELEMENTOS SUFICIENTES PARA CONVENCE-LO DA PROCEDENCIA DA SUA PRETENSÃO. TJ-PR - Agravo de Instrumento AI 1580934 PR Agravo de Instrumento 0158093-4 (TJ- PR) Data de publicação: 11/10/2004 Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO - INÍCIO DO PRAZO PARA CONTESTAR - JUNTADA DE PROCURAÇÃO SEM PODERES PARA RECEBER CITAÇÃO ANTES DA JUNTADA DO MANDADO - INOCORRÊNCIA DA REVELIA - DECISÃO MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO. A juntada de procuração sem poderes específicospara receber citação antes da juntada do mandado não se assimila ao comparecimento espontâneo do réu, conforme se infere do art. 214 do CPC e, conseqüentemente, o prazo para contestar se inicia a partir da juntada do mandado ou A.R e não da data da juntada da procuração, não tendo que se falar em aplicação da revelia. Encontrado em: Câmara Cível 11/10/2004 DJ: 6723 - 11/10/2004 AGRAVO DE INSTRUMENTO, PROCURACAO, PRAZO, CPC - ART 241 . TJ-RS - Agravo de Instrumento AI 70054261821RS (TJ-RS) Data de publicação: 28/05/2013 Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. SUCESSÕES. PRESTAÇÃO DE CONTAS.JUNTADA DE PROCURAÇÃO NO PRAZO PARA OFERECIMENTO DECONTESTAÇÃO. DECRETO DE REVELIA. INTELIGÊNCIA DO ART. 319 DO CPC . PRODUÇÃO DE PROVAS PELO REVEL. INTERVENÇÃO NO FEITO ANTES DE ENCERRADA A INSTRUÇÃO PROCESSUAL. POSSIBILIDADE. 1. A juntada deprocuração aos autos, no prazo hábil para oferecer contestação, não possui o condão de afastar o decreto de revelia, haja vista que revel é o réu que "não contestara ação", nos exatos termos do art. 319 do CPC . 2. Embora a revelia conduza à presunção de veracidade dos fatos afirmados pela parte autora, trata-se de presunção relativa, que pode ceder diante de prova em contrário. Por esta razão, admite-se a produção de provas pelo requerido revel, visando infirmar a referida presunção, desde que o mesmo intervenha no feito antes de encerrada a instrução processual. Precedentes do STJ. DERAM PROVIMENTO EM PARTE. UNÂNIME. (Agravo de Instrumento Nº 70054261821, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 23/05/2013) TJ-PR - Interpelação INT 1016543801 PR 1016543-8/01 (Acórdão) (TJ-PR) Data de publicação: 23/07/2013 Ementa: AGRAVO REGIMENTAL - AUSÊNCIA DE CITAÇÃO - COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO - PROCURAÇÃO SEM PODERES ESPECIAIS - PRAZO PARAOFERECIMENTO DE CONTESTAÇÃO CONTA-SE A PARTIR DA JUNTADA DO MANDADO CITATÓRIO CUMPRIDO - PRECEDENTES STJ - RECURSO DESPROVIDO. TJSC. Citação. Comparecimento espontâneo. Procuradores sem poderes para receber citação. Necessidade de abertura de novo prazo para contestação. Precedentes do STJ Não é de ser considerado como comparecimento espontâneo do réu, nos termos do art. 214, §1o, do Código de Processo Civil, quando o advogado requer mera juntada de procuração sem poderes específicos para receber citação. Leia, a seguir, a íntegra do v. acórdão prolatado pela Terceira Câmara de Direito Civil do TJSC. Agravo de Instrumento n. 2006.039500-0, da Capital. Relator: Des. Fernando Carioni. AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE SEPARAÇÃO JUDICIAL CONTENCIOSA – CITAÇÃO – COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO – ART. 214, § 1o, DO CPC – PROCURADORES SEM PODERES PARA RECEBER CITAÇÃO – ABERTURA DE NOVO PRAZO PARA CONTESTAÇÃO – DECISÃO CASSADA – RECURSO PROVIDO“Não se assimila ao comparecimento espontâneo, a que alude o artigo 214, § 1º, do CPC, a petição em que o advogado, sem poderes para receber citação, requer, simplesmente, a juntada de procuração aos autos” (STJ, REsp n. 193.106/DF, rel. Min. Ari Pargendler). Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento n. 2006.039500-0, da comarca da Capital (2ª Vara da Família), em que é agravante J. L. da R., sendo agravada L. G.: ACORDAM, em Terceira Câmara de Direito Civil, por votação unânime, prover o recurso. Custas na forma da lei. I - RELATÓRIO J. L. da R. interpôs agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo contra as decisões do Juízo de Direito da 2ª Vara Cível da comarca da Capital que, nos autos da Ação de Separação Judicial Contenciosa c/c Guarda e Alimentos n. 023.06.005017-1, que lhe move L. G., fixou alimentos provisórios em dois salários mínimos ao filho menor M. V. da R., estabeleceu o direito de visita (fl. 31) e considerou válida a citação do réu/agravante (fl. 47). O agravante sustentou que a petição subscrita por seus advogados, requerendo a juntada de procuração, não detinha poderes específicos para receber citação em seu nome, de modo que não caracteriza comparecimento espontâneo nos autos, consoante regra insculpida no art. 214, § 1º, do CPC. Afirmou que os parâmetros utilizados pela Juíza de Primeiro Grau para a fixação dos alimentos provisórios não correspondem a realidade dos fatos. Em ato contínuo, asseverou que os documentos colacionados aos autos não conseguem demonstrar o rendimento mensal do agravante, porquanto os valores depositados provêm de conta conjunta de titularidade da agravada. Insurge-se, ainda, quanto à estipulação de visitas, considerando que aquela fixada pelo Juízo a quo, priva-o do convívio com seu filho, trazendo prejuízos aos interesses do menor (fls. 2 a 16). Foi concedido parcialmente o efeito suspensivo almejado (fls. 53 a 56). A agravada apresentou contraminuta, aduzindo, preliminarmente, preclusão ao direito do agravante de recorrer. No mérito, clamou pela conservação do decisum objurgado (fls. 61 a 66). A Procuradoria-Geral de Justiça, em parecer lavrado pelo Procurador de Justiça Mário Gemin, opinou pelo conhecimento e provimento parcial do recurso (fls. 74 a 77). II - VOTO A preliminar de preclusão suscitada pela agravada será analisada conjuntamente com a apreciação do argumento do agravante de que não foi regularmente citado para ação de separação judicial, porquanto com esta se confunde. Objetiva o agravante, no presente recurso, reformar as decisões interlocutórias da Juíza de Primeiro Grau que fixou alimentos provisórios em dois salários mínimos; autorizou a visitar o filho aos finais de semana; bem como considerou válida sua citação na ação de separação judicial. Inicialmente, diz o agravante que não foi regularmente citado na ação de separação judicial proposta pela agravada, já que a procuração juntada por seus advogados não detinha poderes para receber citação em seu nome. Assiste-lhe razão. Para que a citação seja considerada válida, o réu será citado pessoalmente ou, na sua ausência, será o seu procurador, este com poderes específicos ou, ainda, seu representante legal. É o que determina o art. 215, caput, do CPC: Far-se-á a citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou ao procurador legalmente autorizado. No caso em tela, denota-se dos autos que a procuração juntada pelos advogados do agravante não possui poderes específicos para receber citação (fl. 36). Desse modo, não é de ser considerado como comparecimento espontâneo do réu, nos termos do art. 214, § 1o, do CPC, quando o advogado requer mera juntada de procuração sem poderes específicos para receber citação. A propósito, traz-se aos autos anotações de Theotônio Negrão e José Roberto Ferreira Gouvêa, da obra Código de Processo Civil e Legislação Processual em Vigor, 35. ed., São Paulo: Saraiva, 2003, p. 279 e 280: Não se assimila ao comparecimento espontâneo, a que alude o artigo 214, § 1º, do CPC, a petição em que o advogado, sem poderes para receber citação, requer, simplesmente, a juntada de procuração aos autos (STJ, REsp n. 193.106/DF, rel. Min. Ari Pargendler, j. em 15- 10-01, deram provimento, v.u., DJU de 19-11-01, p. 261). Se o advogado não estava habilitado a praticar o ato em nome do mandante, pois a procuração não lhe conferia poderes para receber a citação, não há falar em comparecimento espontâneo (art. 214, § 1º, do CPC) (STJ, REsp n. 64.636/SP, rel. Min. Costa Leite, j. em 24-11- 98, deram provimento, v.u., DJU de 22-3-99, p. 187). O simples pedido de vista, subscrito por advogado sem poderes especiais para receber citação, não pode ser considerado como comparecimento espontâneo do réu, hábil a suprir o ato citatório (STJ, REsp n. 92.373/MG, rel. Min. Barros Monteiro, j. em 12-11-96, não conheceram, v.u., DJU de 26-5-97, p. 22.545). Sobre o tema, cita-se jurisprudência deste Tribunal de Justiça que se aplica ao caso vertente: O simples protocolo de petição, com pedido para contagem do prazo em dobro, e a juntada de procuração por causídico sem poderes especiais para receber citação, não configura o comparecimento espontâneo do réu, hábil a substituir a ausência do chamamento ao processo (CPC, art. 214, § 1º) (TJSC, Ag n. 2001.011847-5, de Imbituba, rel. Des. Mazoni Ferreira, j. em 23-5-2002). Nesse sentido é o entendimento de outros tribunais:Se o réu não outorgou na procuração poderes especiais para os advogados receberem citação, a juntada de petição pedindo vista do processo e juntada de procuração não importa em comparecimento espontâneo (CPC, § 1º, do art. 214) (TJMG, Ag n. 1.0024.05.857310-6/002, de Belo Horizonte rel. Des. José Flávio de Almeida, j. em 7-6-2006). A retirada dos autos em carga por advogado sem poderes para receber citação inicial não marca o início do prazo para contestação, o qual passa a fluir da juntada do mandado de citação cumprida. Aplicação dos artigos 214, § 1º e 241, II, do CPC. Precedentes do STJ (RESP 193.106 - DF e 407199 - RJ) e deste Tribunal. AGRAVO PROVIDO (TJRS, Ag n. 70008915696, de Alegrete rel. Des. Cacildo de Andrade Xavier, j. em 14-6-2004). Se o advogado não estava habilitado a praticar o ato em nome do mandante, pois a procuração não lhe conferia poderes para receber a citação, não há falar em comparecimento espontâneo (art. 214, § 1º do CPC)” (STJ, 3ª Turma, Rel. Min. Costa Leite, “in” DJU de 22.09.99). Recurso provido (TJPR, Ag n. 0106906-3, de Curitiba rel. Des. Bonejos Demchuk, publicado em 15-10-2001). Assim, afasta-se a preliminar de preclusão da agravada pelas razões acima expostas, bem como determina-se a expedição de novo mandato citatório. Em decorrência, considero prejudicadas as demais argumentações do agravante, dando-se provimento ao recurso. III - DECISÃO Nos termos do voto do Relator, dá-se provimento ao recurso para que seja determinada a expedição de novo mandato citatório. Participaram do julgamento, com votos vencedores, os Exmos. Srs. Des. Marcus Tulio Sartorato e Salete Silva Sommariva. Lavrou parecer, pela douta Procuradoria-Geral de Justiça, o Dr. Mário Gemin. Florianópolis, 23 de janeiro de 2007. Fernando Carioni PRESIDENTE E RELATOR
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