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DO PROCESSO DE CONHECIMENTO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO O Código de Processo Civil, a partir do art. 282, trata do procedimento ordinário, que está dividido em quatro fases: * Fase Postulatória: Fase em que o Autor apresenta à petição inicial e o Réu a resposta. Nesta fase prevalecem os atos de requerimentos das partes. * Fase Ordinatória: Fase em que o Juiz saneia o processo e aprecia os requerimentos de provas formulados pelas partes. * Fase Instrutória: Fase em que são produzidas as provas. * Fase Decisória: Fase em que será prolatada a Sentença. Essa divisão foi realizada considerando o tipo de ato predominante em cada fase. FASE POSTULATÓRIA Nesta fase, prevalecem os atos de requerimento das partes. Mas isso não significa que já não sejam produzidas provas (em regra documentais, que irão instruir a petição inicial, por exemplo). -Petição Inicial -Citação do requerido -Resposta: contestação: preliminares e de mérito exceções: incompetência do juízo, impedimento e suspeição reconvenção: contra-ataque (réu) -Impugnação à contestação e o pedido de declaração incidental são atividades que pertencem à fase postulatória 1 - PETIÇÃO INICIAL 1.1 – CONCEITO A fase postulatória inicia-se com a propositura da demanda. A Petição inicial é a peça por meio da qual se faz a propositura da ação. Nelson Nery Jr. e Maria de Andrade Nery (Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante, 10, Ed., São Paulo, RT, 2007) conceituam: “A petição inicial é a peça inaugural do processo, pela qual o autor provoca a atividade jurisdicional, que é inerte (art. 2 º e 262 do CPC). É a peça processual mais importante pelo autor, porque é nela que se fixam os limites da lide (CPC 128 e 460), devendo o autor deduzir toda a pretensão, sob pena de preclusão consumativa, isto é, de só poder fazer outro pedido por ação distinta.” A petição inicial é o ato processual através do qual o Autor, materializando o exercício de direito de ação, provoca a atividade do Estado- Juiz, solicitando a entrega da prestação jurisidicional. "Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais" (art. 2º). A função jurisdicional, portanto, embora seja uma das expressões da soberania do Estado, só é exercida mediante provocação da parte interessada, princípio esse que se acha confirmado pelo art. 262. A demanda vem a ser, tecnicamente, o ato pelo qual alguém pede ao Estado a prestação jurisdicional, isto é, exerce o direito subjetivo público de ação, causando a instauração da relação jurídica processual que há de dar solução ao litígio em que a parte se viu envolvida.(1) O veículo de manifestação formal da demanda é a petição inicial, que revela ao juiz a lide e contém o pedido da providência jurisdicional, frente ao réu, que o autor julga necessária para compor o litígio. Duas manifestações, portanto, o autor faz na petição inicial: a) a demanda da tutela jurisdicional do Estado, que causará a instauração do processo, com a convocação do réu; b) o pedido de uma providência contra o réu, que será objeto do julgamento final da sentença de mérito. Por isso mesmo, "petição inicial e sentença são os atos extremos do processo. Aquela determina o conteúdo desta. Sententia debet esse libello conformis. Aquela, o ato mais importante da parte, que reclama a tutela jurídica do juiz; esta, o ato mais importante do juiz, a entregar a prestação jurisdicional que lhe é exigida". 1.2 REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL A petição inicial deverá obedecer aos requisitos enumerados nos arts. 282 e 283 do Código de Processo Civil. No art. 282, estão elencados os requisitos intrínsecos, isto é, aqueles que devem ser observados na própria peça que a veicula. Já no art. 283, estão os requisitos extrínsecos, relacionados a documentos que deve, necessariamente, acompanhar a peça. Art. 39, inciso I do CPC – Endereço do patrono, caso seja a petição impressa em papel timbrado do profissional estará preenchido os requisitos da lei. Determina o art. 282 do Código Processual Civil que a inicial indique: a) O Juiz ou o Tribunal a que é dirigida: A petição inicial contém um requerimento e deve indicar a quem ele é dirigido. Não é o nome da pessoa física do juiz. Se houver erro na indicação, e a demanda for proposta perante Juízo ou Tribunal incompetente, nem por isso a inicial deverá ser indeferida, mas remetida ao competente. b) Os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicilio e residência do Autor e do Réu: as partes constituem um dos elementos identificadores da ação. Por isso, a inicial deve designar os seus nomes e qualificação, que permitem a sua identificação. Em relação aos nomes e à qualificação dos Autores, a exigência não pode ser afastada, pois, sendo eles que propõem a demanda, não terão como identificar-se. Mas pode haver dificuldade para nomear ou qualificar os réus. Pequenos equívocos na indicação do nome ou da qualificação das partes são considerados meros erros materiais, não implicando nulidade, desde que não tragam prejuízos. Princípio da instrumentalidade das formas: Nome incompleto ou errado pode ser corrigido a qualquer tempo, Ex. Zé pequeno. Princípio do acesso a justiça: Ex. Invasão de terras, não tem como qualificar todos os envolvidos, desta forma qualifica-se alguns como os líderes Ex. Zé Rainha (MST). IMPORTANTE – Estado civil, normas processuais que exigem os cônjuges no pólo ativo e passivo. Ex. Ações Reais Imobiliárias (art. 10, parágrafos 1º e 2º do CPC). c) O fato e os fundamentos jurídicos do pedido: Esse é um dos requisitos de maior importância da petição inicial. O que efetivamente vincula o juiz é a descrição dos fatos, e não os fundamentos jurídicos, pois ele conhece o direito e deve aplicá-lo, ainda que tenha havido equívoco na sua indicação. A narração dos fatos deve ser feita de foram inteligível, e manter estreita correção lógica com a pretensão inicial. Não basta ao Autor narrar a violação de seu direito, mas é preciso que ele descreva também os fatos em que ele está fundado. o fato e os fundamentos jurídicos do pedido: todo direito subjetivo nasce de um fato, que deve coincidir com aquele que foi previsto, abstratamente, pela lei como o idôneo a gerar a faculdade de que o agente se mostra titular. Daí que, ao postular a prestação jurisdicional, o autor tem de indicar o direito subjetivo que pretende exercitar contra o réu e apontar o fato de onde ele provém. Incumbe-lhe, para tanto, descrever não só o fato material ocorrido como atribuir-lhe um nexo jurídico capaz de justificar o pedido constante da inicial. Quando o Código exige a descrição do fato e dos fundamentos jurídicos do pedido, torna evidente a adoção do princípio da substanciação da causa de pedir, que se contrapõe ao princípio da individuação. Para os que seguem a individuação, basta ao autor apontar genericamente o título com que age em juízo, como, por exemplo, o de proprietário, o de locatário, o de credor etc. Já para a substanciação, adotada por nossa lei processual civil, o exercício do direito de ação deve se fazer à base de uma causa petendi que compreenda o fato ou o complexo de fatos de onde se extraiu a conclusão a que chegou o pedido formulado na petição inicial. A descrição do fato gerador do direito subjetivo passa, então, ao primeiro plano, como requisito que, indispensavelmente, tem de ser identificado desde logo. Não basta, por isso, dizer-se proprietário ou credor, pois será imprescindível descrever todos os fatos de onde adveio a propriedade ou o crédito. Entretanto, não é obrigatória ou imprescindívela menção do texto legal que garanta o pretenso direito subjetivo material que o autor opõe ao réu. Mesmo a invocação errônea de norma legal não impede que o juiz aprecie a pretensão do autor à luz do preceito adequado. O importante é a revelação da lide através da exata exposição do fato e da conseqüência jurídica que o autor pretende atingir. Ao juiz incumbe solucionar a pendência, segundo o direito aplicável à espécie: iura novit curia; Dos fatos que nasce o direito, cumpre ao autor narrá-los e demonstrar a razão jurídica para que, em decorrência desses fatos, seja merecedor da tutela jurisdicional pretendida. A ausência de fatos que ensejem o pedido ou mesmo justifiquem a causa de pedir, é motivo para o indeferimento da petição inicial por ausência de causa de pedir (ausência parcial, mas já suficiente para o indeferimento). Não basta ao autor alegar que é o proprietário, credor, locatário, etc, devendo expressamente indicar quais são os fatos jurídicos que o fazem ser proprietário, credor, locatário, etc. Essa exigência acaba determinando que a causa de pedir será fixada tanto pelos fatos como pelos fundamentos jurídicos. Ex. - Se um autor ingressa com petição inicial alegando sua propriedade sobre determinado bem, a lei exige que narre os fatos donde decorre o alegado direito de propriedade. Caso afirme que é proprietário em razão de um contrato de compra e venda celebrado com o réu (fato jurídico) a única forma de obter a procedência de seu pedido é convencendo o juiz de que esse fato – celebração de contrato de compra e venda – realmente ocorreu. Caso não consiga tal comprovação, mas durante a instrução probatória fique caracterizado a usucapião, que também é meio de adquirir propriedade, não poderá o juiz julgar a ação procedente, considerando que o fato alegado não era a posse mansa e pacífica por um determinado período de tempo, e sim a celebração do contrato de compra e venda. Registre-se, ainda, que a exigência da petição inicial conter a indicação da fundamentação jurídica do pedido não pode ser entendida como exigência de indicação de fundamentação legal, sendo a primeira exigência da lei, inclusive para a fixação da causa de pedir e limitação da atuação do juiz e a segunda uma mera faculdade da parte, não vinculando o juiz em sua decisão. Fundamentação jurídica é o liame jurídico entre os fatos e o pedido, ou seja, é a indicação dos motivos de direito pelos quais o juiz deve julgar procedente o pedido em razão dos fatos alegados na petição inicial A fundamentação legal, por seu lado, é a indicação expressa do artigo legal que se pretende ver aplicado o caso concreto. ( o Juiz sabe o direito). d) O pedido e suas especificações: * e) O valor causa: Estabelece o art. 258 do CPC, que a toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha conteúdo imediato. O valor da causa deve corresponder ao do conteúdo econômico do pedido. Mas existem ações que não o têm, ou em que esse conteúdo é inestimável. Nelas, o valor da causa será fixado por estimativa ou de acordo com os critérios estabelecidos nos regimentos ou leis estaduais de custas. Todas as demandas devem indicar o valor da causa, o que inclui a reconvenção, a oposição e o embargo do devedor. Critérios para fixação do valor da causa: os arts. 259 e 260 do CPC fornecem os requisitos para fixação do valor da causa. De uma maneira geral, ele deve corresponder ao conteúdo econômico da pretensão, embora até as causas que não tenham valor econômico devam indicá-lo por estimativa. A exigência de atribuição ao valor da causa decorre de diversos reflexos que esse requisito gera sobre o processo: A) determinação de competência do juízo segundo as leis de organização judiciária, como por exemplo fixação de competências dos foros regionais na cidade de São Paulo; B) definição do rito procedimental (ordinário, sumário, sumaríssimo); C) - Recolhimento das taxas judiciárias; D) – fixação do valor para fins de aplicação de multa, (art. 14 e 17 do CPC), má-fé e ato atentatório a dignidade da jurisdição; E) – fixação de honorários e etc. A regra básica para fixação do valor da causa é descobrir o valor referente à vantagem econômica que se busca com a demanda judicial. Basta verificar o valor econômico do bem da vida material perseguido e indicá-lo como valor da causa. f) As provas com que o Autor pretende provar a verdade dos fatos alegados: Tem havido tolerância quanto ao descumprimento desta exigência. A sua falta não enseja o indeferimento da inicial, nem torna preclusa a oportunidade de o autor, posteriormente requerer às provas que lhe pareçam cabíveis. Isso se justifica porque o Autor não tem como saber quais as matérias fáticas que se tornarão controvertidas antes da resposta. As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados: não basta ao autor alegar os fatos que justificam o direito subjetivo a ser tutelado jurisdicionalmente. Incumbe-lhe, sob pena de sucumbência na causa, o ônus da prova de todos os fatos pertinentes à sua pretensão (art. 333, I CPC). Daí a necessidade de indicar, na petição inicial, os meios de prova de que se vai servir. Não quer dizer que deva, desde já, requerer medidas probatórias concretas. Basta-lhe indicar a espécie, como testemunhas, perícia, depoimento pessoal etc. Os documentos indispensáveis à propositura da ação – como o título de domínio na ação reivindicatória de imóvel – devem ser produzidos, desde logo, com a inicial (art. 283 CPC). g) O requerimento da citação do Réu: Este é outro requisito da inicial cuja ausência tem sido tolerada. O pedido de citação está implícito no ajuizamento da demanda e não há razão para que o juiz a mande emendar ou indefira por falta de requerimento. h) O endereço do advogado do Autor: Dispõe o CPC, art. 39, I que a inicial indicará o endereço em que ele receberá as intimações. O parágrafo único estabelece que, em caso de omissão, o juiz concederá o prazo de 48 horas para que ela seja suprida, sob pena de indeferimento da inicial. Além dos requisitos intrínsecos (art. 282), a inicial deve preencher outros que não propriamente formais, nem dizem respeito ao seu conteúdo. Por isso, são chamados extrínsecos (art. 283). •••• (*) O pedido e suas especificações: Com a causa de pedir e a indicação das partes, o pedido forma o núcleo essencial da petição inicial. (art. 286 do CPC). Ao formulá-lo, o Autor deve indicar ao juiz o provimento jurisdicional postulado (pedido imediato) e o bem da vida que se quer obter (pedido mediato). O pedido deve ser redigido com clareza e ser especificado, pois será ele, somado à causa de pedir, que dará o contorno dos limites objetivos da lide. O pedido, com suas especificações: é a revelação do objeto da ação e do processo. Demonstrado o fato e o fundamento jurídico, conclui o autor pedindo duas medidas ao juiz: 1ª, uma sentença (pedido imediato); e 2ª, uma tutela específica ao seu bem jurídico que considera violado ou ameaçado (pedido mediato, que pode consistir numa condenação do réu, numa declaração ou numa constituição de estado ou relação jurídica, conforme a sentença pretendida seja condenatória, declaratória ou constitutiva). Exemplificando: numa ação de indenização, o autor alega ato ilícito do réu, afirma sua responsabilidade civil pela reparação do dano e pede que seja proferida uma sentença que dê solução à lide (pedido imediato) e condene o demandado a indenizar o prejuízo sofrido (pedido mediato); PEDIDO O art. 282 do CPC estabelece como requisito fundamental da inicial a indicação do pedido com suas especificações. Dada a importância do assunto, a lei o trata em Seção própria, nos arts. 286 a 294. Esses dispositivos cuidam da formulação do pedidogenérico, dos pedidos implícitos e da impossibilidade de cumulação. - Pedido Certo e Determinado. Art. 286 Recomenda o art. 286 que "o pedido deve ser certo ou determinado". A certeza e a determinação não são sinônimas, nem requisitos alternativos. A partícula "ou", dessa forma, deve ser entendida como "e", de tal modo que todo pedido seja sempre "certo e determinado". Entende-se por certo o pedido expresso, pois não se admite que possa o pedido do autor ficar apenas implícito. Já a determinação se refere aos limites da pretensão. O autor deve ser claro, preciso, naquilo que espera obter da pretensão jurisdicional. Somente é determinado o pedido se o autor faz conhecer com segurança, o que pede que seja pronunciado pela sentença. Deve explicar com clareza qual a espécie de tutela jurisdicional solicitada: se de condenação a uma prestação, se de declaração de existência ou não de relação jurídica, ou se de constituição de nova relação jurídica. A prestação reclamada ou a relação jurídica a declarar ou constituir, também, devem ser explicitamente definidas e delimitadas. Em conclusão, a certeza e a determinação são requisitos tanto do pedido imediato como do mediato Pedido concludente Além de certo e determinado, o pedido deve ser concludente, isto é, deve estar de acordo com o fato e o direito exposto pelo autor, que são a causa de pedir. Quando não há conexidade entre a causa petendi e o petitum, a petição inicial torna-se inepta e deve ser liminarmente indeferida (art. 295, parágrafo único, II). - Pedido Genérico: ART. 286 – É pedido certo quanto à existência, quanto ao gênero, mas não individualizado/determinado no que diz respeito à quantidade • Nas ações universais • Quando não for possível determinar de modo definitivo as conseqüências do fato ilícito. • Quando a determinação do valor depender do ato que deva ser praticado pelo Réu. O objeto imediato do pedido nunca pode ser genérico e há sempre de ser determinado (uma condenação, uma constituição, uma declaração, uma execução, uma medida cautelar). Mas o pedido mediato (a utilidade prática visada pelo autor), este pode ser genérico, nos seguintes casos: I – nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados; II – quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito; III – quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu (art. 286). A indeterminação, contudo, nunca pode ser total ou absoluta. Na sua generalidade, o pedido há sempre de ser certo e determinado. Não se pode, por exemplo, pedir a condenação a qualquer prestação. O autor terá, assim, de pedir a condenação a entrega de certas coisas indicadas pelo gênero ou o pagamento de uma indenização de valor ainda não determinado. A indeterminação ficará restrita à quantidade ou qualidade das coisas ou importâncias pleiteadas. Nunca poderá, portanto, haver indeterminação do gênero da prestação pretendida. Nas ações de indenização, que são aquelas em que mais freqüentemente ocorrem pedidos genéricos, tem o autor sempre de especificar o prejuízo a ser ressarcido. Expressões vagas como "perdas e danos" e "lucros cessantes" não servem para a necessária individuação do objeto da causa. Necessariamente haverá de ser descrita a lesão suportada pela vítima do ato ilícito, v.g.: prejuízos (danos emergentes) correspondentes à perda da colheita de certa lavoura, ou ao custo dos reparos do bem danificado, ou à desvalorização do veículo após o evento danoso, ou, ainda, os lucros cessantes representados pela perda do rendimento líquido do veículo durante sua inatividade para reparação, ou dos aluguéis do imóvel durante o tempo em que o dono ficou privado de sua posse etc. Quando o pedido for genérico, e não for possível ao juiz, durante a instrução do processo, obter elementos para proferir uma sentença líquida, o vencedor terá de promover o procedimento de liquidação da sentença, antes da respectiva execução (arts. 586, § 1º, e 603). - Pedido Cominatório: art. A cominação de multa pecuniária consiste num meio indireto de coagir o Réu a cumprir obrigação de fazer ou não fazer. Pedido cominatório Há dois meios de realizar a sanção jurídica, quando o devedor deixa de cumprir a prestação a que se obriga, que são os meios de sub-rogação e os meios de coação. Nas obrigações por quantia certa e nas obrigações de dar, emprega-se a sub-rogação executiva, que consiste em agredir o Estado o patrimônio do devedor para dele extrair o bem ou valor a que tem direito o credor. Dessa forma, o Estado sub-roga-se na posição do devedor e efetua, em seu nome (mesmo contra sua vontade), o pagamento ao credor. Mas há casos em que as pretensões de fato (obrigação de fazer e não-fazer) exigem um comportamento pessoal do devedor, que se afigura insubstituível perante os termos do negócio jurídico havido entre as partes. São as prestações chamadas infungíveis, que tornam impraticável a sub-rogação executiva. Como ao direito repugna o emprego de força para coagir fisicamente o devedor a cumprir a prestação a que se obrigou, permite o Código a utilização de certos meios indiretos de coação para tentar convencer o devedor a realizar pessoalmente a obrigação. Nesse sentido, dispõe o art. 287 que "se o autor pedir a condenação do réu a abster-se da prática de algum ato, a tolerar alguma atividade, ou a prestar fato que não possa ser realizado por terceiro, constará da petição inicial a cominação da pena pecuniária para o caso de descumprimento da sentença" (arts. 644 e 645). Porém, enquanto o art. 287 exige cogentemente a cominação de pena como requisito essencial do próprio pedido de condenação à prestação de fato, o art. 644 prevê caso em que nem o autor pediu nem a sentença arbitrou pena para a hipótese de descumprimento da obrigação de fazer ou não fazer. A harmonização entre os dois preceitos deve ser feita da seguinte maneira:(8) I – nas obrigações infungíveis, se o credor pede apenas a condenação do devedor ao respectivo cumprimento, incide o art. 287: há obrigatoriedade da cominação de multa, sob pena de se transformar o pronunciamento jurisdicional numa inutilidade, dada a inexeqüibilidade da sentença. A petição inicial será inepta, portanto, se não contiver o preceito cominativo; II – nas obrigações fungíveis, isto é, naquelas em que a prestação de fato pode ser realizada por outrem, a cominação de pena é apenas uma faculdade do credor para reforçar os meios de sub-rogação executiva; III – mesmo nas obrigações infungíveis, isto é, naquelas em que apenas o devedor pode dar cumprimento à prestação de fato, não há obrigatoriedade do preceito cominativo, quando o autor prefere formular o pedido alternativo de perdas e danos (obrigação substitutiva) para a hipótese de descumprimento da obrigação originária (de fato). Já, então, inexistirá a potencial inutilidade da prestação jurisdicional. - Pedido Alternativo –O art. 288 determina que o Autor formulará pedido alternativo sempre que, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumpri a prestação de mais de um modo. Ver Art. 252 Código Civil. O pedido é fixo quando visa a um só resultado imediato e mediato, como a condenação a pagar certa indenização ou restituir determinado bem. Permite o Código, todavia, que possa haver pedido alternativo, "quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo" (art. 288). Não quer dizer que o autor possa pedir cumulativamente as diversas prestações, mais sim que, qualquer uma delas, uma vez realizada pelo réu, satisfaz a obrigação.Pedido alternativo é, pois, o que reclama prestações disjuntivas: "ou uma prestação ou outra". Alternatividade refere-se, assim, ao pedido mediato, ou seja, ao bem jurídico que o autor pretende extrair da prestação jurisdicional. Exemplo de pedido alternativo encontramos na ação de depósito, em que se pede a restituição do bem depositado ou o bem equivalente em dinheiro (art. 904). E também na hipótese do art. 1.136 do Código Civil, em que se pode pedir complementação da área do imóvel ou abatimento do preço. Se a alternatividade for a benefício do credor, este poderá dispensá-la e pedir a condenação do devedor apenas a uma prestação fixa, escolhida entre as que faculta a lei ou o negócio jurídico. Mas se a escolha couber ao devedor, "o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo" (art. 288, parágrafo único). - Pedido de Prestações Periódicas – Art. 290 Nas relações jurídicas de trato sucessivo (ou seja, prestações que vencem em regime de repetição, geralmente a cada novo período de 30 dias). Mesmo que não haja expressa menção no pedido, serão as prestações periódicas incluídas nas sentença, que abrangerá as prestações vencidas no tempo da propositura da demanda, como também as que vencerem no curso do processo. A finalidade da norma é evitar que sucessivas demandas sejam propostas para a obtenção da mesma coisa. Pedido de prestações periódicas Há casos em que a obrigação se desdobra em várias prestações periódicas, como os aluguéis, juros e outros encargos, que formam o que a doutrina chama de "obrigações de trato sucessivo". Quando isto ocorre, mesmo sem menção expressa do autor na petição inicial, o Código considera incluídas no pedido as prestações periódicas de vencimento posterior ao ajuizamento da causa. Dessa forma, "se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação". Trata-se de pedido implícito, na sistemática do Código. Numa ação de despejo por falta de pagamento, por exemplo, se a purga da mora se dá após vencimento de outros aluguéis, além daqueles relacionados na inicial, deverá a emenda compreender todas as prestações efetivamente vencidas até o momento do pagamento. Perante essas obrigações de trato sucessivo é, outrossim, possível também a condenação a prestações vincendas, ou seja, prestações que só se vencerão em data posterior à sentença. Com isso evita-se a repetição inútil de demandas em torno do mesmo negócio jurídico. A execução da sentença, no entanto, ficará subordinada à ultrapassagem do termo (art. 572), pois, sem o vencimento da prestação, ela não será exigível e não terá ocorrido o inadimplemento, que é pressuposto ou requisito de qualquer execução forçada (art. 580).
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