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caso concreto contestação Claudia

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 06ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
Processo (Número)
CLÁUDIA (SOBRENOME), devidamente qualificada na exordial, vem, por seu advogado (procuração anexa), que esta subscreve, com escritório profissional (endereço completo), onde recebe intimações, a presença de V. Exa., apresentar CONTESTAÇÃO à AÇÃO DE COBRANÇA proposta por HOSPITAL CUIDAMOS DE VOCÊ LTDA., devidamente qualificado nos autos, com base nos fatos e fundamentos a seguir expostos:
I) SÍNTESE DA INICIAL
O Requerente ingressou com ação de cobrança alegando ser credor da contestante em quantia de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), através de cheque emitido pela mesma no dia 28 de setembro de 2014. Por fim, pleiteia a condenação da promovida ao pagamento de mencionado montante.
II) PRELIMINAR – INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA
Inicialmente, Nobre Julgador, flagrante se mostra a incompetência absoluta deste respeitável juízo para apreciação da matéria em comento, uma vez que, nas capitais, as querelas envolvendo tanto a Fazenda Pública estadual, quanto a Fazenda Pública municipal, são de competência das varas da Fazenda Pública, somente sendo competente uma vara comum, na ausência de especializada.
Neste sentido, mister se faz analisarmos o CÓDIGO DE DIVISÃO E ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, que em seu art. 86 dispõe:
Art. 86 - Compete aos juízes de direito, especialmente em matéria de interesse da Fazenda Pública: 
I - Processar e julgar: 
(1) O art. 16 da Lei Estadual nº 5.781, de 01 de julho de 2010, definiu a competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública a) as causas de interesse do município ou de autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista e fundações municipais;
 (...)
 
Assim, considerando que a situação em comento resulta de litígio existente entre dois particulares, sem abrangência de qualquer das varas especializadas previstas no Código acima mencionado, por competência residual, a presente demanda deverá ser processada e julgada perante uma das Varas Cíveis da Capital, nos termos do art. 84 daquele Digesto. Vejamos:
Art. 84 - Os Juízes de Direito das Varas Cíveis têm competência genérica e plena na matéria de sua denominação, inclusive no que se refere às causas de reduzido valor econômico ou de menor complexidade, ressalvada a privativa de outros juízes, competindo-lhes, ainda, cumprir precatórias pertinentes à jurisdição cível.
Por fim, diante do acima explanado, requer-se, em sede de preliminar, o reconhecimento da incompetência absoluta deste Juízo, com a conseqüente remessa dos autos a distribuição, para que os mesmos sejam encaminhados para uma das Varas Cíveis da Capital. 
III) MÉRITO
III.1) DA REALIDADE FÁTICA
Efetivamente, nobre Julgador, no dia 17 de setembro de 2014, a contestante acompanhou o seu marido, o Sr. Diego, ao hospital promovente, tendo em vista que o mesmo havia sofrido fratura exposta na perna direita, conforme diagnóstico médico, o que determinou a realização de uma cirurgia de emergência.
Contudo, todo o procedimento médico que Diego se submeteu foi custeado pelo Plano de Saúde Minha Vida, conveniado ao hospital, uma vez que aquele é beneficiário de mencionado plano de saúde.
Todavia, mesmo após a autorização do plano de saúde para a realização do procedimento cirúrgico, a direção do hospital exigiu, de forma arbitrária e em confronto com a lei, que a Requerida emitisse um cheque, no valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), como garantia de pagamento dos serviços médicos que seriam prestados à Diego. 
III.2) FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
A conduta adotada pelo Promovente, em exigir cheque caução da Acionada, mesmo após o plano de saúde do marido desta já ter autorizado a realização dos procedimentos cirúrgicos, é flagrantemente em desacordo com a legislação pátria.
O demandante aproveitou do momento de fragilidade da contestante, que tinha seu marido com uma fratura na perna direita, cujo procedimento cirúrgico se fazia necessário, para exigir daquela prestação por demais onerosa. 
Tal situação encontra-se plenamente prevista em nosso Código Civil, através do instituto do estado de perigo, previsto como causa passível de anulação do negócio jurídico, no art. 156. Vejamos:
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.
(Grifamos)
Ademais, mencionada situação pode, inclusive, levar o negócio jurídico a anulação. Senão vejamos:
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
(Grifamos)
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, estado de perigo é “a situação de extrema necessidade que conduz uma pessoa a celebrar negócio jurídico em que assume obrigação desproporcional e excessiva” (Curso de Direito Civil, volume 1, 2005, p. 392).
 
Mister ainda destacar que, na remota hipótese do recebimento da quantia acima mencionada por parte do promovente, configurar-se-á verdadeiro enriquecimento ilícito por parte deste, uma vez que já recebera, do Plano de Saúde Minha Vida, o valor correspondente aos procedimentos médicos e cirúrgicos realizados no cônjuge da peticionante, conforme acima explanado.
Sobre o assunto, vejamos o disposto no art. 884 do Código Civil, in verbis: 
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.
Sobre a matéria em comento, impende destacar os ensinamentos de FRANÇA, in verbis:
"Enriquecimento sem causa, enriquecimento ilícito ou locupletamento ilícito é o acréscimo de bens que se verifica no patrimônio de um sujeito, em detrimento de outrem, sem que para isso tenha um fundamento jurídico” (FRANÇA, R. Limongi. Enriquecimento sem Causa. Enciclopédia Saraiva de Direito. São Paulo: Saraiva, 1987).
Por sua vez, o Código de Defesa do Consumidor traz em seu bojo previsão legal para as hipóteses em que o fornecedor exigir do consumidor vantagem manifestamente abusiva, destacando que mencionadas cláusulas são nulas. Vejamos:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
(...)
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
Corroborando com o até aqui explanado, a ANS - Agência Nacional de Saúde de nosso país, já enfrentou o tema, chegando, inclusive, a emitir a Resolução Normativa 44 sobre a matéria, in verbis:
Art. 1º Fica vedada, em qualquer situação, a exigência, por parte dos prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde e Seguradoras Especializadas em Saúde, de caução, depósito de qualquer natureza, nota promissória ou quaisquer outros títulos de crédito, no ato ou anteriormente à prestação do serviço.
A matéria em debate é de tamanha relevância a paz social que fora objeto de previsão, inclusive, em nosso Código Penal: 
Art. 135-A.  Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.  
Parágrafo único.  A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.
Por todo o explanado, dúvidas não pairam quanto a abusividade da conduta assumida pelo Hospital demandante, não podendo, por conseqüência, prosperar sua demanda.
IV) CONCLUSÃO
Ante o exposto, requer a Promovida a V. Exa.:
a) Preliminarmente, reconhecer a incompetência absoluta deste Juízo, com a conseqüente remessa dos autos a distribuição, para que os mesmos sejam encaminhados para uma das Varas Cíveis da Capital.
b) no mérito, que julgue a presente demanda TOTALMENTE IMPROCEDENTE.
c) condenar o autor ao pagamento das custas e honorários sucumbências, de acordo com o artigo 85, §2 do Código de Processo Civil, em 20% sobre o valor da causa.
Protesta por todos os tipos de prova em direito admitidas, em especial, depoimento do representante legal do Promovente, juntada posterior de documentos e oitiva de testemunhas.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local/data.
Advogado
OAB/UF

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