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Resumão de Direitos Reais

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20
Resumão de Direitos Reais!
Mario Antonio
2014
Introdução ao Estudo dos Direitos Reais
1. Introdução e função social da propriedade
	A expressão Direitos Reais foi tratada por Savigny. Há outros autores, como Bevilacqua, que falam em Direitos das Coisas. Bem é gênero e coisa é espécie.
	Segundo Bevilacqua, Direito das Coisas é o complexo das normas reguladoras das relações jurídicas referentes aos bens suscetíveis de apropriação pelo homem, sejam móveis ou imóveis.
	Os bens comuns não podem ser objeto de apropriação exclusiva pelo homem, além disso, há restrições à circulação de alguns bens.
	O Direito das Coisas tem uma marcante presença da supremacia do interesse privado sobre o público. No Direito Romano, o homem podia usar e dispor doses bens como quisesse, havia uma intangibilidade da propriedade, uma concepção egoísta e individualista dos Direitos Reais, não havia limitação aos proprietários que tinham poderes imensuráveis.
	Hoje, com a CF, em seu artigo 176, CF, há uma restrição de determinados bens como as jazidas que são bens da União. A propriedade pode até ser tridimensional, uma propriedade para a superfície, outra para o ar, outra para o bem propriamente dito. Há uma restrição aos poderes do proprietário que deve exercer seu direito de acordo com a função social.
	Na CF há diversas referências à propriedade. Artigo 5, inciso XXIII: função social da propriedade, tal princípio também é mencionado no artigo 170, III, 182 parágrafo segundo (Plano Diretor das Cidades) e artigo 186 (matéria de propriedade rural).
	Em todas as constituições brasileiras há referência à propriedade no que diz respeito a sua função na ordem econômica. Como inovação, a Constituição de Weimar já pincela a ideia da Função Social. No caso brasileiro, em 1988 a propriedade passa a ser Direito Fundamental.
	No CC também aparece uma referência à Função Social no artigo 1228, Parágrafo Primeiro. A função social integra a substância do direito. 
	A propriedade tem toda uma relação com a doutrina católica. A ideia da propriedade privada que foi desenvolvida pela Igreja Católica, foi usada para justificar suas grandes propriedades. Essa mesma ideia foi também trabalhada por autores como Locke que entendia que esse instituto era anterior ao Estado, os homens se uniam para protegê-la. Era um direito natural para o homem. Rerum Novarum: a propriedade é um direito cujo exercício não é só permitido, como também é necessário. Frederico Viegas: a igreja católica criou a função social em sua doutrina e a utilizava de maneira ambígua: para garantir a preservação daquilo que já era seu e para justificar a intervenção em outras áreas.
	A Constituição de Weimar (1919), ou mesmo a Constituição Mexicana falam muito sobre a Função Social da Propriedade.
	Função remete a funcionamento, fisiologia. Função é diferente de estrutura, mas devem ser vistos de forma conjunta. Estrutura é o aspecto estático de um conjunto, o que ele é, suas características, natureza jurídica, como atua. Função diz respeito a um aspecto mais dinâmico, para que serve o instituto, o que ele presta para a sociedade, como pode ser operado, sendo que esta função é mutável. Precisamos adequar a teoria geral do direito às necessidades da sociedade contemporânea. A análise meramente estrutural não é mais suficiente para explicar os fenômenos atuais, há uma função promocional do direito atualmente.
	A Função Social para Perlingieri é a causa de legitimação ou justificação das intervenções legislativas que devem ser submetidas a um controle de conformidade judicial. Direito Público e Direito Privado possuem uma divisão muito tênue, a intervenção do âmbito público é muito forte nos Direitos Reais. A propriedade será garantida desde que cumpra sua função social, desde que exerça os direitos fundamentais. A especulação imobiliária, por exemplo, pode ser restrita e limitada pela Função Social.
	Sobre quais bens a função social deve recair? Há uma visão conservadora que diz que apenas os bens de produção devem ter incidência da função social porque nelas há um conflito entre trabalho e propriedade. Guilherme não concorda com essa posição, e acredita que a função social deve incidir sobre todas as espécies de bem, tanto os de produção, quanto os de consumo, sendo que estes se esgotam apenas na simples fruição. "Ao contrário dos bens de produção, o bem de consumo exerce a sua função social pela simples apropriação e utilização e segundo José Afonso da Silva, os bens de consumo cumprem a sua função social na aplicação direta e imediata na satisfação das necessidades humanas primárias, o que justifica até a intervenção do Estado na sua distribuição. Já os bens de produção, por se destinarem a produção de riquezas sofrem uma maior eficácia da função social." Temos aqui uma questão de grau e intensidade, a função social nos bens de produção é mais forte, mas os bens de consumo também a possuem. Podemos ver, inclusive, como exemplo, o Direito do Consumidor para garanti-lo. Exemplo: Mate-Leão.
	Pensamos mais no impacto de nossas ações individuais na coletividade, o Princípio da Solidariedade Social, artigo 3, inciso I, CF fala muito sobre isso. 
	Documentário: Casas Marcadas.
	O Princípio da Dignidade Humana prevalece muito mais sobre o Direito de Propriedade.
Aula 02 - 08/04/2016 - sexta-feira
	Um dos casos mais recentes da Jurisprudência Brasileira, infeliz com relação ao que entendemos de propriedade, foi o caso Pinheirinho. Em 2004, em São José dos Campos, cidade com alto IDH, iniciou-se uma ocupação em um imóvel vazio pertencente a uma empresa do homem que destruiu a Bolsa do Rio de Janeiro (Naji Narras). Esse terreno, que era enorme, foi ocupado por algumas famílias e no mesmo ano, a massa falida da empresa entrou com uma liminar. Tanto em Primeira Instância quanto no STJ a empresa perdeu, mas uma juíza nova assumiu o processo no final de 2010 e passou por cima de uma decisão do STJ que havia negado a liminar e mandou desocupar. Havia 1577 famílias e até hoje a moradia dessas pessoas permanece sem solução.
	"Não existe juiz imparcial, todos eles trazem com eles a bagagem familiar." Muitos enxergavam essa comunidade como uma espécie de sujeira que precisava ser jogada para debaixo da parede. Devemos ver se é uma ocupação recente (no caso, ela já tinha mais de seis anos), se ela tem utilidade, etc.
	Proprietário liberal: posso fazer tudo o que quiser; proprietário atual: posso fazer tudo que também possa contribuir com a sociedade. A Função Social é um mandado de otimização, um ponto de partida para que a propriedade se realize da melhor forma possível. A técnica utilizada na função social é a das cláusulas gerais, a norma foi criada de forma aberta e é bastante flexível para que possa sempre ser atualizada. Há um concepção positiva do direito, o Estado intervém mais para garantir os direitos sociais, o que também se dá através da função social que atua na propriedade para desenvolver os valores do ordenamento. 
	Devemos entender a diferença entre função social e a limitação ao direito de propriedade. Função integra um conteúdo do direito, não podemos imaginar uma propriedade que não cumpra sua função social, porque ela integra a substância do Direito. O limite é diferente. "A função social não surge da Constituição como mero limite ao exercício do direito de propriedade, mas como princípio básico que incide sobre o conteúdo do direito não se podendo falar em propriedade sem função social. A diferença é a que o limite tem uma noção apenas negativa, normalmente apenas restringindo os poderes do titular do direito, mas nunca promovendo os valores fundamentais do ordenamento que é a missão primeira da Função Social."
	A função social tem um papel promocional e os limites atingem apenas o exercício do Direito, mas não a sua substância, ao contrário da função social que incide no seu conteúdo, na sua substância.
	A função social está no plano da existência, enquanto que os limites encontram-se no plano da eficácia. 
	No choque entre a posse que dáFunção Social e a propriedade que não dá, há a prevalência da posse.
	Gabarito no Leblon: 7 andares, isso é limite ao Direito de Propriedade. Função Social: devo respeitar os Direitos Trabalhistas, Ambientais, Sociais, Fundamentais, etc.
2. As dimensões da propriedade
	A propriedade pode ser definida em três dimensões, Orlando Gomes fala muito nisso referendo-se a Windscheid: conceito sintético, analítico e descritivo:
Conceito sintético: corresponde a submissão de uma coisa em relação a uma pessoa;
Conceito analítico: é o direito de usar, fruir e dispor de uma coisa e de reavê-la em face de quem injustamente a possua - artigo 1228, CC;
Conceito descritivo: é o direito complexo, absoluto, perpétuo e exclusivo pelo qual uma coisa fica submetida à vontade de uma pessoa.
	O CC adota o conceito analítico, que aparece no artigo 1228, reduzindo a propriedade aos seus elementos de acordo com os poderes do titular. Características:
Direitos complexos: consistem num feixe de direitos consubstanciados nas faculdades de usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa;
É um direito absoluto porque se exerce contra todos, erga omnes, ao contrário dos Direitos Pessoais que têm sujeitos determinados ou determináveis. Direitos da Personalidade e os Direitos Reais são absolutos nesse sentido da oponibilidade. Sujeitos indeterminados;
São direitos perpétuos no sentido de que não se extinguem pela ausência de uso, mas apenas pela vontade do dono ou por disposição de lei. Alguns autores ao invés de perpétuos, falam em direitos duráveis (Silvio Venosa), eles têm uma permanência maior no tempo, mas nem sempre são perpétuos;
Direito exclusivo: exclusividade, "só pode haver um", a regra é a de que é exclusivo porque, salvo a exceção do condomínio, uma coisa não pode pertencer simultaneamente a duas ou mais pessoas sendo que o titular pode afastar terceiros da utilização da coisa conforme lhe permite o artigo 1231, CC. A propriedade se pressupõe plena e exclusiva.
	Os poderes do proprietário estão no artigo 1228, CC. 
	Servidão: direito real sobre coisa alheia. O proprietário serviente vai ter alguma limitação do seu exercício: "sempre que sobre um bem incide, além do direito de propriedade um outro direito real, diz-se que a propriedade está limitada." Há a propriedade plena e a propriedade limitada. Propriedade com servidões são limitadas. O titular do imóvel serviente se sujeitará a algo que limitará seu exercício. Propriedade Plena e Limitada: San Thiago Dantas.
	Temos os poderes de usar, fruir, dispor e reivindicar. Podemos pegar esses poderes de usar e fruir e atribuir ao usufrutuário, isso é muito comum em herança, um pai doa a propriedade de um imóvel ao filho, mas aquele continua usufruindo do imóvel até falecer. O filho será proprietário, mas será uma propriedade limitada. A propriedade é plena quando os poderes de usar, fruir, reivindicar e dispor estão concentrados na mesma pessoa. Mas pode ocorrer o desmembramento transferindo-se a outra pessoa algum daqueles poderes, por exemplo, nos Direitos Reais de usufruto, uso ou habitação em que o proprietário não deixa de sê-lo, embora, a utilização ou fruição da coisa passe ao conteúdo patrimonial de outra pessoa. Há uma convivência do proprietário com o usufrutuário.
3. Características dos direitos reais
	Características Fundamentais dos Direitos Reais (Ambulatoriedade, Sequela, Publicidade, Especialidade, Preferência e Tipicidade):
Ambulatoriedade: decorre diretamente da aderência do vínculo à coisa, sendo que o dever jurídico correspondente ao direito real caminha com a relação jurídica e é por isso mesmo ambulante ou ambulatória. Por exemplo qualquer que seja o destino do imóvel dado em hipoteca, mudando de propriedade, esse gravame vai se vincular aos novos proprietários (estará na Certidão de Ônus Reais);
Sequela: é o poder do titular de perseguir a coisa sobre a qual exerce seu direito das mãos de quem quer que a possua. Numa situação de furto, o proprietário pode perseguir aquele bem. Sequela é a prerrogativa dada ao titular do Direito Real de colocar em movimento o exercício de seu direito sobre a coisa a ele vinculada contra todo aquele que a possui injustamente, representando a oponibilidade do Direito Real. A sequela existe em todo Direito Real e pode, até mesmo, se voltar contra o proprietário que, por exemplo, viole o Direito Real do usufrutuário;
Publicidade: os Direitos Reais, principalmente os Direitos de Propriedades de imóveis se transferem por registro. Publicidade decorre do imperativo de segurança visando conferir aos Direitos Reais oponibilidade erga omnes. Segundo Tepedino, significa que devem ser divulgados todos os atos relativos à constituição e a transferência dos Direitos Reais de modo que todos possam conhecer a relação jurídica que deverão respeitar. Publicidade está ligada à divulgação, sobretudo no RGI. O registro é condição para a oponibilidade, além disso, ele dá mais segurança à tradição de certos bens. Exemplo, os bens móveis se transferem pela tradição e não há a necessidade de publicidade, o registro não é obrigatório. Mas em alguns casos, como em veículos, utiliza-se a publicidade para dar mais segurança;
Especialidade: é a necessidade de que o objeto do Direito Real recaia sobre coisa certa e determinada. Até para que se possa garantir a sequela, é necessário que a coisa seja determinada. Ao contrário do que ocorre na Obrigação Alternativa em que o devedor pode dar uma coisa ou outra, ou ainda, em Obrigação Sobre Coisa Incerta, na qual qualquer coisa pode ser dada não há muita necessidade de especialidade, entretanto, no Direito Real tem que cair sobre coisa certa e determinada. 
	Para interligar essa situação, pensemos no artigo 1345, CC: demonstra muito a especialidade porque o débito de condomínio persegue o proprietário. A dívida de condomínio não é Direito Real, mas ela persegue o bem, inclusive com multa e juros moratório, isso demonstra a Ambulatoriedade.
Aula 03 - 13/04/2016 - quarta-feira
Preferência: tem dois aspectos, o aspecto espacial e o temporal. Preferência juntamente com a sequela traduz a grande superioridade dos Direitos Reais sobre os Direitos de Crédito. A Preferência espacial é a prevalência do direito real em relação aos demais direitos de crédito, ou seja, é característica específica dos direitos reais de garantia pela qual o credor deve ser em primeiro lugar satisfeito, ficando os demais sujeitos à rateio pelo remanescente. Penhor: bens móveis; Hipoteca: bens imóveis, com exceção dos navios e aeronaves; Anticrese: específica, recai apenas sobre os frutos de um bem móvel. Preferência espacial significa que especialmente em situações como falência, na qual terá concurso universal de credores, o titular de um direito real de garantia tem preferência para receber e os quirografários ficarão com o remanescente. Preferência temporal é a prioridade no tempo de um direito real colidente sobre outro de modo que entre dois direitos reais contrapostos prevalece aquele que tiver sido levado a registro em primeiro lugar (First Come, First Serve - Prius in Tempore, Potiur In Jure). Almeida Costa diz que o direito real através do aspecto temporal supera as situações incompatíveis posteriormente constituídas;
Tipicidade: lembrar da autonomia da vontade nos direitos obrigacionais já que é possível escolher com quem contratar, o conteúdo do contrato, é possível criar, inclusive, contratos atípicos, de acordo com o artigo 425, CC. Será que essa autonomia pode ocorrer nos direitos reais? Não, até pela insegurança jurídica que isso traria. Tepedino: "a taxatividade normativa está ligada à ordem pública sendo que ao contrário dos direitos de crédito, os direitos reais devem ter sua existência prevista em lei, até mesmo para justificar sua oponibilidade erga omnes." Numerus Clausus - não existe direito real sem previsão de lei. A qualificação jurídica de cada direito real tem que estar prevista em lei. Existe uma diferença entre Numerus Clausus e Tipicidade: Numerus Clausus se refere a fonte dodireito real, havendo uma reserva legal para sua criação, já a tipicidade, se refere ao conteúdo estrutural do direito real e ao seu exercício, em se tratando de uma técnica de regulamentação contrária às cláusulas gerais, de forma semelhante ao que ocorre no Direito Penal. Há um catálogo, uma tipologia dos direitos reais e os particulares não podem criar outros além daqueles previstos pelo artigo 1225, CC (há outros também como a Propriedade Fiduciária, na qual um bem é dado em garantia, a propriedade é dada em garantia; no penhor a posse é dada em garantia). Primeira corrente, majoritária: Direito Alemão, Italiano, Francês, Caio Mário, Orlando Gomes, Serpa Lopes e Silvio Rodrigues prevalecerá sempre a Tipicidade e o Numerus Clausus. Segunda corrente, minoritária: Direito Espanhol, Washington de Barros e Filadélfia Azevedo, para eles a numeração do artigo 1225, CC não é taxativa, podendo outros direitos reais serem criados pelas partes desde que não contrariem a ordem pública. Na Espanha é possível haver servidão sobre bens móveis, aqui, somente sobre bens imóveis. Segundo Caio Mário: "como os Direitos Reais tem a prerrogativa de restringir o uso dos bens a certos sujeitos, é conveniente que somente o legislador possa criá-los pelas implicações sociais, pois, dever geral de abstenção dirigido a terceiros não pode resultar apenas da vontade do credor.
	Há dois artigos importantes para a forma de aquisição dos Direitos Reais. Artigo 1226 e 1227, CC. Os contratos não transferem a propriedade, para os bens móveis é necessária a tradição ou a entrega, já os bens imóveis necessitam do registro de imóveis do referido título, salvo os casos expressos no próprio CC. 
4. Distinções Entre Direitos Reais e Direitos Pessoais
a. Direitos Reais: oponíveis erga omnes; Direito Pessoal: relativo;
	O Direito Real é Absoluto, o Direito Pessoal é relativo. 
b. Objeto do Direito Real: determinado; Objeto do Direito Obrigacional: determinável
	O Direito Real exige também a existência atual da coisa. Em contra posição ao Direito Pessoal que é compatível com a sua futuridade. 
c. Direito Real: exclusivo
	Ou seja, não pode haver mais de um sujeito com iguais direitos reais ou nas palavras de Silvio Rodrigues: "não se pode conceber dois direitos reais de igual conteúdo sobre a mesma coisa, pois, se sobre esta recaírem dois Direitos Reais ou não serão da mesma espécie, ou não serão integrais. Exemplo: usufruto e servidão, eles podem conviver pois seu conteúdo é variado, sendo que enquanto o usufrutuário tem direito ao uso e aos frutos, o titular do prédio dominante apenas extrai uma vantagem em relação ao prédio serviente como, por exemplo, vista ou passagem. Segundo Arruda Alvim, em regra, duas pessoas não ocupam o mesmo espaço destinado com exclusividade ao titular do direito real. 
d. Direito Real: se adquire pela usucapião, o que não ocorre nos Direitos de Crédito. 
	Mas isso é apenas em relação à propriedade e aos direitos reais de gozo ou fruição, por exemplo, na situação da súmula 193, STJ: o direito de uso da linha telefônica pode ser adquirido pela usucapião. 
	Os Direitos Reais de Gozo e Fruição permitem o uso da coisa como se fosse o proprietário, superfície, servidão, eles são semelhantes. Já os Direitos Reais de Garantia existem apenas para assegurar a obrigação, esses direitos nascem de um registro.
e. Direito Real é dotado de sequela e preferência. 
	Os Direitos Reais têm a prerrogativa de acompanhar a coisa em poder de quem quer que ela se encontre. Segundo Orlando Gomes, citando "Uti Lepra Cuti" para expressá-la em toda sua intensidade, costuma-se dizer que o Direito Real adere à coisa como a Lepra à pessoa.
f. Direito Real: limitado (dado pela lei); Direito Pessoal: ilimitado (vontade das partes);
g. Direito Real: exercido diretamente sobre a coisa; Direito Pessoal: É exercido através de uma cooperação, havendo a necessidade do sujeito passivo e da prestação;
h. Direito Real: caráter permanente; Direito Pessoal: temporário.
	Na doutrina, muito se critica essa distinção absoluta entre Direito Real e Pessoal, hoje se fala mais em uma distinção de Direito Patrimonial e Direitos Existenciais. A inerência do Direito ao seu objeto é tão essencial que a mesma sempre acompanhará a coisa seja não só na propriedade como em todos os Direitos Reais, sejam eles de gozo, fruição ou de garantia. 
Aula 04 - 15/04/2016 - sexta-feira
	No conceito de Direitos Reais existem três correntes:
5. Teorias Realista, Personalista, Mista
Teoria Realista: defendida por Orlando Gomes, Silvio Rodrigues e significa que Direito Real é o poder da pessoa sobre a coisa, numa relação direta e sem intermediário, enquanto que o Direito de Crédito requer a interposição de um sujeito passivo, devedor de uma prestação de dar, fazer ou não-fazer. O Direito Real é exercido diretamente. Há uma relação direta entre a pessoa e a coisa, ela explica os poderes da pessoa sobre a coisa;
Teoria Personalista: Caio Mário defende essa teoria. Vem da ideia kantiana de que não poderia haver uma relação direta entre a pessoa e a coisa, porque toda relação jurídica é entre sujeitos, sendo que o Direito Real é exercido em face de um sujeito passivo indeterminado, universal que corresponde a toda a coletividade (consequência do efeito erga omnes). Já no Direito de Crédito existe um sujeito passivo determinado ou determinável;
Teoria Eclética, Mista: o Direito Real é encarado em dois aspectos: interno e externo. O aspecto interno é o poder jurídico do seu titular sobre o bem procedendo ao seu aproveitamento jurídico econômico. O aspecto externo, por sua vez, é a relação jurídica entre o titular do Direito Real e os terceiros em geral para que estes se abstenham de perturbar-lo no exercício e gozo do seu direito. É adotada por Serpa Lopes.
6. Teorias Unitária e Dualista
A teoria dualista se baseia na contraposição entre os conceitos de Direito Pessoal e de Direito Real que se apresentam de forma completamente distinta não podendo ser confundidos entre si. Há duas relações completamente opostas;
Teses Unitárias: procuram integrar ambos os grupos de normas no mesmo sistema, tendo em vista o critério patrimônio que gera a unificação dos Direitos Reais e Pessoais. Essas teorias unitárias são defendidas por Pietro Perlingieri, há um movimento de despatrimonialização do direito privado, havendo um movimento funcional, que liga a esfera existencial, à contribuição que o direito real dá para a sociedade.
	
7. Figuras Híbridas: Propter Rem, Ônus Reais e Obrigações com Eficácia Real
	Essa divisão entre Direitos Reais e Obrigacionais não explica muita coisa como as obrigações Propter Rem (pagar condomínio, não perturbar os vizinhos). Ela é uma obrigação, mas nasce da titularidade de um Direito Real. Segundo Orlando Gomes essa obrigação nasce de um Direito Real do devedor sobre determinada coisa a que aderem. São também chamadas de obrigações mistas e possuem como características a origem e transmissibilidade do Direito Real, a transmissão é automática, não há manifestação expressa de vontade. Se eu compro um imóvel com dívidas, sou obrigado a assumir essas dívidas. Características do Propter Rem:
Referem-se a um titular do Direito Real, inclusive são dotadas de sequela;
O devedor se libera da obrigação diante do abandono da coisa, abdicando do Direito Real;
A obrigação é uma acessoriedade especial, dotada de Ambulatoriedade, o que faz com que a obrigação se transmita automaticamente com a transferência da titularidade da coisa. É o caso dos tributos reais como IPTU, IPVA, ITR. Artigo 1280, CC: ação de dano infecto;
Seria preciso publicidade para gerar uma Obrigação Propter Rem? Há uma parte da doutrina que entende que sim, para o STJ e Rosenvald a obrigação Propter Rem não se prende necessariamente ao registro, pois esse apenas se torna imprescindível para a constituição de Direitos Reais, o que decorre do artigo 1345, CC. STJ, Resp 243969, somente quando recebeu as chaves e passado a ter a disponibilidade da posse é queo comprador do imóvel passa a responder pelos encargos condominiais mesmo que ainda não tenha ocorrido o registro da promessa de compra e venda;
Luciano Penteado: é possível ter uma obrigação Propter Rem atípica? Para esse autor não, para ele não basta a autonomia privada para criar a obrigação Propter Rem por dois motivos: a obrigação atingirá os futuros adquirentes do bem, sendo caso de ineficácia criar uma obrigação Propter Rem a um terceiro que não tivesse a possibilidade de conhecê-lo; o segundo motivo é o fato de por estarem conectadas ao Direito Real, devem obedecer a taxatividade destes. 
	Teoria do Risco Integral: não admite nenhuma excludente de responsabilidade. Caso do seguro DPVAT. 
	Ônus Real é um gravame que corresponde a figura dos Direitos Reais de Garantia (penhor, hipoteca e anticrese) pelo qual uma coisa fica umbilicalmente ligada ao cumprimento de obrigação. Então, o Ônus Real normalmente tem sua responsabilidade restrita ao bem onerado e é o contrário a obrigação Propter Rem. É um direito real que se origina de uma obrigação. Se extingue com o perecimento da coisa, enquanto que na Propter Rem a obrigação pode subsistir. A função dela é garantir o pagamento da coisa, eles limitam a fruição e disposição da propriedade.
	A última figura híbrida são as Obrigações Com Eficácia Real. Trata-se de uma obrigação que não pressupõe um Direito Real, mas apenas de uma obrigação comum que gera efeitos tipicamente reais. Artigos 8 e 30, lei 8245/91, quando um imóvel é vendido e há nele uma locação, a regra é que a venda rompe a locação, a não ser que haja uma cláusula averbada de que a venda não romperá a locação haveria, neste caso, um efeito erga omnes dessa cláusula.
	Essa distinção entre Direito Real e Obrigacional não funciona mais, é melhor dividir entre Direitos Patrimoniais e Existenciais.
Aula 05 - 20/04/2016 - quarta-feira
Posse
	Esse tema possui grande relevância social, tendo em vista a efetivação dos direitos fundamentais. Há uma preponderância da dignidade da pessoa humana
	O CC define possuidor de acordo com os poderes do proprietário que são: usar, gozar ou fruir, dispor e reivindicar. O conceito de possuidor está no artigo 1196, CC.
	Segundo Caio Mário, trata-se de uma situação de fato em que uma pessoa independentemente de ser ou não proprietária, exerce sobre uma coisa poderes ostensivos conservando-a e defendendo-a. Estando sempre presente uma coisa e uma vontade em que o direito tutela a aparência. 
	Sempre haverá uma coisa e uma vontade, todas as teorias que conceituam posse falam nessa relação de aparência, de exterioridade, a pessoa parece ser proprietária. 
	A posse existe independentemente da propriedade, ela é um fato social que independe da propriedade, ela é um fato autônomo. 
Teorias Sobre a Posse
a. Teoria Subjetivista - Savigny
	Dois elementos devem estar presentes: a coisa e a vontade. A coisa é um fato presente, um corpus; a vontade seria um fator psicológico, um animus.
	Savigny aos 24 anos escreveu um tratado sobre a posse, separando institutos romanos para os interesses da época. Para Savigny há o corpus e o animus, aquele é o poder físico da pessoa sobre a coisa, o fato exterior, o que determina a relação de apreensão, já o animus consiste na intenção de ter a coisa como sua. Se falta a vontade interior, a intenção de ser proprietário, haverá a simples detenção, mas não posse. Savigny vincula o animus ao animus domini que é a vontade de ter a coisa como dono, só que isso leva a um extremismo porque a posse fica assim difícil de ser provada e para o autor, situações que hoje são consideradas possessórias, não seriam posse como no caso do mútuo, comodato, penhor, etc.
	Para Orlando Gomes, a falha de Savigny reside no fato de que esta não comporta o desdobramento da relação possessória porque não se admite a posse por outra pessoa que não o proprietário ou aquele que quer sê-lo.
	Somente na Usucapião se admite a teoria de Savigny que fala que há o animus domini, ou seja, há a vontade de ser proprietário na Usucapião.
 b. Teoria Objetivista - Rudolf Von Ihering
	Também trabalha os elementos:
Corpus: relação exterior que há entre o proprietário e a coisa, ou a aparência de propriedade;
Animus: Affectio tenendi. Vontade de proceder como procede o proprietário.
	O que importa para esse autor não é tanto o poder de fato sobre a coisa, mas sim a destinação econômica desta. Para que se caracterize a posse, basta atentar para um procedimento externo independentemente da pesquisa da intenção. Para ele, possuidor é aquele que procede com a aparência de dono, posse é a visibilidade do domínio. Substitui-se a ideia de controle material, da teoria anterior (Savigny), pela ideia da posse como exercício da propriedade. A doutrina nos dá como exemplos: se um pescador lança uma rede ao mar e vai para a casa dormir, se a rede pega um peixe mesmo ele não estando lá o tempo todo, ela cumpriu sua função econômica, ele tem a posse dessa rede. 
	Ponto fraco dessa teoria: esse autor tem uma ideia de total sujeição da posse à propriedade que é considerada como fundamento de toda tutela possessória a qual caberia apenas aperfeiçoar, facilitar e completar a posição de propriedade. No entanto, a posse protege também os não proprietários que a possuem. A posse hoje é autônoma.
	Crítica Tepedino: "Embora a tradição brasileira atribua proteção possessória pela mera exteriorização da propriedade, os fundamentos da posse e da sua defesa encontram autonomia no direito brasileiro, logo, a posse independe do título dominial sendo que a identificação entre a proteção da posse e da propriedade decorre de uma análise meramente estrutural dos institutos."
	É claro que a Teoria de Von Ihering tem vantagens com relação a de Savigny porque o animus domini passa por um subjetivismo muito grande nesta teoria. Ao definir a posse pela visibilidade do domínio, é possível até que terceiros respeitem essa posse. Para Von Ihering, para saber se existe ou não posse, basta indagar como o proprietário costuma proceder com suas coisas. Para Von Ihering, o locatário, o comodatário são possuidores.
	É possível haver a composse, a posse conjunta sobre o bem, assim como existe o Condomínio.
2. Detenção
	É a degradação da posse. Guilherme alinha-se com José Carlos Moreira Alves (posições retrógradas, concordava com a prisão civil para o depositário infiel). O detentor é aquele que mantém contato físico com a coisa sem autonomia, apenas conservando a posse de outra pessoa, havendo aí um poder que se exerce sobre o bem, estando porém, desprovido da proteção dada à posse (Ações Possessórias e Desforço Imediato). O detentor também é chamado de fâmulo da posse, não haveria aqui possuidor. O motorista de ônibus em relação ao ônibus, o caixa de supermercado em relação aos valores que ali circulam. Há algumas fórmulas de detenção:
Dependente ou subordinada: prevista no artigo 1998, CC. Conserva-se aqui a posse em função de ordens de outros. Essa situação admite prova em contrário. O detentor é uma longa manus ou instrumento de posse para o proprietário, devendo observar as instruções deste. Há uma relação de autoridade e subordinação que pode ser entre detentor e proprietário, detentor e possuidor. O detentor é uma pessoa que aqui está cumprindo ordens e a característica é a de que se ele perde essa característica de cumprir ordens, ele vai perder a detenção do bem. Caseiro, zelador;
Resultante de atos meramente permitidos ou tolerados: artigo 1208, CC. A permissão decorre de um consentimento expresso e a tolerância se caracteriza pela espontaneidade, a diferença está no ato de vontade. Na permissão a vontade é expressa, na tolerância há uma inação, ela é espontânea, é tácita. Se eu deixo alguém passar no meu terreno para pegar água por um tempo, se há uma tolerância minha, há a detenção. A detenção não pode se transformar em Usucapião porque este pressupõe posse;
Detenção independente: para Guilherme isso é posse. Há aqui a utilização de atos violentos ou clandestinos. ParaMoreira Alves, será posse injusta após o fim dos atos violentos. Guilherme alinha-se com Caio Mário e afirma que a posse é injusta (posse justa: aquela que não é violenta, clandestina ou precária) desde o início;
Bens fora do comércio também podem ser objeto de detenção, que são os bens públicos ou aqueles que por sua natureza não podem ser objeto da propriedade privada. Guilherme critica: há três espécies de bens públicos, bens de uso comum ou do povo: todos podem utilizá-lo e há muitas restrições a sua apropriação, sendo esta impossível, não há restrição ao uso público; bens de uso especial (afetados a uma finalidade pública, quartel, escola); bens dominicais ou dominiais que apenas integram o patrimônio da pessoa jurídica de direito público, mas sem nenhuma finalidade específica. Com relação a estes últimos bens, os dominicais, pode sim haver posse, mesmo existindo a ideia da não possibilidade de usucapião em bens públicos, a doutrina caminha, interpretando com a dignidade humana, para a possibilidade de posse destes bens.
	Enunciado 301, Jornada de Direito Civil: conversão da detenção em posse se rompida a subordinação e há a hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios. É possível sim que um detentor se transforme em possuidor. Ocorreria quando um empregado de uma fábrica que faliu, continua na casa que ele morava antes e que era derivada da sua relação de subordinação e ele paga as contas de luz, água, gás, ele passará a ter autonomia, a presunção é claro a de que ele é detentor, mas essa presunção é relativa que pode sim ser afastada. Interversio possessionis: a intervenção da posse
	
3. Objetos da Posse
	Posse do Direito de Cátedra, ditadura militar, professores da USP que foram retirados de seu cargo.
	É possível a posse sobre direitos? Rui Barbosa escreveu um livro sobre isso, inclusive. Segundo Caio Mário: "a posse abrange tanto as coisas como os direitos, estando superada a visão romanista de que a posse consistia apenas no contato físico com a coisa. Propriedade é mais amplo e abrange tanto os bens corpóreos quanto os incorpóreos, e domínio é um termo mais mais restrito e abrange apenas os bens corpóreos." Mas sobre quais direitos é possível exercer a posse? Sobre qualquer direito. 
	Segundo Caio Mário: "a partir do surgimento do mandado de segurança, para proteger direito líquido e certo não amparado por Habeas Corpus, os direitos suscetíveis de posse são apenas aqueles sobre os quais é possível exercer os poderes da propriedade, por exemplo: Uso, Usufruto, Servidão ou Penhor e não é o caso dos direitos pessoais, que devem procurar medidas judiciais adequadas à sua proteção." Há certas situações jurídicas que devemos conferir mais segurança que, em nosso direito só existia para a posse, mas, hoje com o mandado de segurança, não existe mais a tutela da posse para direitos pessoais. Reintegração de posse de quotas em sociedade por quotas: não cabe esse tipo de ação. Ação possessória para direitos de família não existe! Súmula 228, STJ: é inadmissível o interdito proibitório para a proteção de direito autoral. Empresa que perde a concessão de um determinado serviço.
4. Diferença Entre o Jus Possidendi X Jus Possessionis
Jus Possidendi: há algum direito real envolvido, é a posse conferida a um outro direito real, como o usufruto, propriedade, servidão. Direito de Posse, direito de conferir ao titulardes possuir o que é seu;
Jus Possessionis: posse por si só, independente de qualquer Direito Real pré existente. Direito à Posse. Relação de fato que é desacompanhada de um direito anterior ou pré-existente.
	A importância prática dessa diferenciação consiste no fato de que a finalidade das Ações Possessórias é, em regra, o Jus Possessionis, não podendo o réu alegar em defesa o Jus Possidendi, artigo 1210, parágrafo segundo, CC. 
	Caio Mário cita também que em certos casos, presentes os requisitos da usucapião, a lei converte o Jus Possessionis em propriedade, que, por sua vez, gera Jus Possidendi sobre a mesma coisa. Na usucapião, a posse (Jus Possessionis) se transforma em propriedade e, por isso, há outro direito real envolvido, por isso falamos em Jus Possidendi.
Aula 06 - 27/04/2016 - quarta-feira
5. Classificações da Posse
Posse Direta e Posse Indireta
	Há duas categorias que podem colocar simultaneamente dois possuidores. Isso está previsto no artigo 1.197, CC. Há o possuidor direto, que tem a posse temporariamente, e o indireto.
	Há uma bipartição, uma separação, um desdobramento. Na Locação, o locatário tem a posse direta e o locador tem a posse indireta. 
	Tepedino: a posse indireta permanece em favor de quem autoriza a apreensão por outrem, demonstrando um poder sobre o destino da coisa. Já a posse direta é atribuída ao possuidor que mantém o contato com a coisa exercendo as faculdades do domínio, sendo esta temporária e em algum momento a coisa deverá ser restituída ao possuidor indireto. 
	Tito Fulgêncio: a posse do possuidor indireto é originária, enquanto que a do possuidor direto é derivada. Essas duas posses coexistem, cada um defende a posse como direito seu, independentemente do direito do outro.
	San Thiago Dantas: posse direta e posse indireta perante terceiros não tem muita relevância, qualquer um deles poderá defender a totalidade da coisa. Esse desdobramento é válido mais entre eles mesmos.
	Enunciado 76, I Jornada de Direito Civil, CJF: O possuidor direto tem o direito de defender a sua posse contra o indireto e este contra aquele. 
	O artigo 1197, CC fala muito na transitoriedade de direito, em algum momento o possuidor direto terá que devolver a coisa.
b. Posse Justa e Injusta
	A lei define o que é a posse justa (artigo 1.200, CC) e daí se extrai o contrário, é um conceito dado por negação. 
	A posse é justa quando não é violenta, clandestina ou precária. Violenta é quando é adquirida por um ato de força, física ou moral. Coação aqui se aplica, a violência deve ser inicial, no ato de aquisição da posse. Agora, imagine que fui celebrar um contrato com alguém e o coagi, o contrato aqui é inválido, mas a posse não porque a coisa foi entregue de forma espontânea.
	Posse Clandestina: aquela que se adquire por um processo de ocultamento, em contraposição àquela que é tomada e exercida abertamente. Segundo Caio Mário, é defeito relativo, ocultando-se da pessoa que tem interesse em recuperar a coisa. Exemplo: mão leve, aquele que furta e tira a coisa com sutileza; invasão de um imóvel quando o titular não está presente; alteração das divisas entre terrenos que não seja facilmente perceptível. Quem detinha não percebe.
	Posse precária é daquele que recebe a coisa com a obrigação de restituir e arroga-se à qualidade de possuidor, abusando da confiança ou deixando de devolvê-la ao proprietário ou legítimo possuidor. Haveria aqui um abuso de confiança. Um inquilino que tinha um prazo para devolver e não devolve. É possível o convalescimento da posse injusta? Para Silvio Rodrigues não porque segundo ele o convalescimento (que está no artigo 1208, CC - a posse que começou injusta, pode tornar-se justa, quando alguém que está na posse de um terreno vem a comprá-lo posteriormente) somente pode ocorrer nos casos de violência e clandestinidade, mas não ocorre na posse precária, tendo em vista da precariedade não cessar nunca, além da quebra de confiança. Esse dever do comodatário, do depositário de devolver a coisa não se extingue nunca, e se ele não devolve, isso jamais ganharia juridicidade. Hoje, entende-se que a precariedade pode convalescer sim, se o locador, o comodante desaparecer e o locatário, comodatário passarem a alterar o título da posse, exercendo o poder sobre o bem não mais em virtude do contrato que originou a relação jurídica. Ver Enunciado 237, CJF: é cabível a modificação da posse quando o possuidor indireto modificar sua situação. O locador desaparece sem deixar notícias, não sei para quem pagar o aluguel e vou mantendo o bem sozinho, isso é a chamada Interverssio Possessionis.
	A justiça ou injustiça da possedetermina-se com base em critérios objetivos, diversamente da Posse de Boa ou Má-Fé que se baseia em critérios subjetivos, que decorrência da convicção do possuidor. Posse Justa e Injusta, critérios objetivos, sendo violenta, clandestina ou precária será Injusta.
c. Posse de Boa-Fé ou Má-Fé 
	O que vale aqui é a Boa-Fé Subjetiva, a do estado psicológico.
	Segundo Caio Mário, considera-se de má-fé aquele que possui consciência da ilegitimidade do seu direito. Da mesma forma, age de boa-fé aquele que tem a convicção de que procede na conformidade das normas.
	Posse de Má-Fé ou Boa-Fé: verifica-se a intenção. 
	Primeira Corrente - Pontes de Miranda: o possuidor está na convicção inabalável de que a coisa realmente lhe pertence ou desconhece os vícios daquela posse. Segunda Corrente - Orlando Gomes: a boa-fé é concebida de modo negativo como ignorância e não como convicção. Código Civil se guiou pela segunda corrente. Alguém que recebe uma coisa furtada mas desconhece esse fato, está de boa-fé.
	É uma posição psicológica, se há ciência, conhecimento do vício ou ilegitimidade da posse injusta, há má-fé. Se ele ignora, a posse é de boa-fé.
	Esse erro, ignorância contudo, deve ser escusável, não se poderia compreender o que estava fazendo para que haja a boa-fé e isso decorre muito das condições sociais, educacionais.
	É possível sim uma posse ser injusta e de boa-fé. Caso: autor da herança (falecido), adquiriu uma propriedade e recebe o imóvel que tinha sido adquirido de maneira violenta. Nesse caso, o herdeiro está de boa-fé, houve um regular inventário, mas a posse nasceu injusta. Esse caso é diferente do possuidor que chega e invade um terreno porque desconhecia o proprietário. Os efeitos são diferentes quando a posse é de boa-fé ou má-fé, na questão das benfeitorias, dos frutos.
	Artigo 1201, parágrafo único, CC: o possuidor com justo título, tem a presunção de boa-fé, salvo quando provado em contrário ou quando a lei não admite essa presunção. O interessado no vício é que tem que provar, na dúvida, se interpreta contra quem tem o dever de provar (é quase uma inversão no ônus da prova). Se a posse é violenta, clandestina ou precária que deverá provar. 
	Quem tem justo título tem a presunção relativa de boa-fé a seu favor, o que é dado em favor dessa pessoa. O justo título seria hábil a transferir a coisa se emanasse do verdadeiro dono ou possuidor legítimo, é um título idôneo para transferir a posse. Justo Título, Marco Aurélio Bezerra de Melo trazem duas definições: 
Título com aptidão genérica para transferir a propriedade mas que não o realizou por um defeito intrínseco ou extrínseco (imóvel que teria sido transferido por instrumento particular, genericamente poderia transferir, mas não o fez);
Ideia ligada à função social da posse, à causa do negócio jurídico, quando o possuidor demonstra por qualquer meio jurídico uma relação jurídica que suporte a sua posse. 
	Pode haver boa-fé sem justo título ou justo título sem boa-fé. No primeiro caso visualizamos uma hipótese de um possuidor que acredita ter recebido a coisa por doação, mas na verdade a recebeu por comodato. No segundo caso, temos a hipótese do possuidor ter recebido a coisa mediante doação, mesmo sabendo que a coisa não pertencia ao doador.
	Em caso de falecimento, o CC prevê a habitação para o cônjuge sobrevivente, mas não o faz expressamente para o companheiro (mas existe a ideia da interpretação conforme à constituição que dá suporte a essa ideia). Mesmo sem um documento escrito há essa ideia. O Justo Título induz toda uma ideia de aparência. CJF, enunciado 303: não há necessidade de documento, uma situação como União Estável já serve, embora não haja previsão legal em caso de morte de um dos companheiros ao direito de habitação. 
	CJF, enunciado 302: imaginemos um tipo de usucapião que é o ordinário, que é o tabular, no artigo 1242, parágrafo único, CC. Havia uma escritura, que cheguei a registrar, mas ela foi anulada. Caso: imóvel em condomínio em São Conrado que foi levado a execução por não pagamento das taxas condominiais. Alguém arrematou e cedeu para outra pessoa que está lá há 20 anos. O executado lá atrás conseguiu anular essa execução porque ele não foi intimado da cobrança. Há aí um conflito entre a atual moradora, que tem o justo título, a cessão de direitos e o executado, que era herdeiro inicial do imóvel. Ela tem o Justo Título da Cessão de Direitos, a posse dela não é precária. Eu tenho uma escritura, morava em um lugar, mas essa escritura foi anulada.
	Segundo Tito Fulgêncio, o Justo Título pressupõe:
Um vício, um obstáculo, a aquisição da posse sem estorvo, óbice ou mácula;
Ignorar o possuidor a ocorrência do elemento material que impede a aquisição da posse.
	Ocorre, segundo Bevilacqua, a aquisição da posse através de um título, que embora inválido, se mostra conceitualmente idôneo para transmissão da posse, gerando a presunção de boa-fé do possuidor. Exemplo: contratos de compra e venda, doação ou o apoderamento de coisa móvel (ocupação). 
	Artigo 1202, CC: a posse de boa-fé só perde esse caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente. A posse de boa-fé desaparece quando o possuidor não ignora que possui indevidamente. A existência de uma ação judicial, segundo Tepedino, é uma boa forma de mostrar a definição do momento da inversão da boa-fé em má-fé. Para Carvalho de Santos, Washington de Barros: na contestação já é o marco da conversão da posse. Silvio Rodrigues, Fábio Ulhoa: a citação já mostra o conhecimento da modificação da posse, ela torna litigiosa a coisa.
	
	Efeitos da posse de boa-fé e de má-fé: artigos 1202; 1219 e 1220 (benfeitorias); 1217 e 1218 (perda ou deterioração da coisa); 1216 (frutos); 1214, CC. 
6. Continuidade do Caráter da Posse - artigo 1203, CC
	A posse que nasce injusta, assim ela será e se for transmitida continuará de má-fé. Ninguém pode alterar a posse apenas pela sua vontade (Nemo Si Ipsam Causam Possessionis Mutare Potest). O detentor não pode virar possuidor apenas por um ato de vontade, a intervenção da posse depende de provas de circunstâncias de fato.
	Pontes de Miranda: a posse, tal qual se iniciou e se prova, presume-se continuar não somente quanto à causa, mas também quanto às qualidades e vícios. 
	Se a posse começou de má-fé ou de boa-fé, direta, indireta, justa, injusta, assim ela continuará, a não ser que o possuidor comprove a mudança da situação de fato, por exemplo, através de uma compra ou se um locatário provar que o locador sumiu (enunciado 237, III Jornada de Direito Civil, CJF). É cabível a modificação da posse, verificando-se o animus domini.
	Accessio Possessionis: ocorre por Título Singular, por um contrato, um legado, pode optar ou não pela soma das posses. Successio Possessionis: Título Universal, é o caso do herdeiro que recebe a totalidade ou quota-parte do bem, ele continuará com a posse do bem porque o objeto é a herança, herdando todos os vícios, máculas, óbices, etc.
	Enunciado 236, III Jornada de Direito Civil: uma coletividade pode ser considerada possuidora (Usucapião Coletivo, Estatuto das Cidades), mesmo que desprovida de personalidade jurídica. Usucapião: forma de prescrição aquisitiva, o tempo não socorre quem dorme. A usucapião serve para punir o titular que tem um descaso com o bem.
7. Natureza Jurídica da Posse
	Há várias correntes:
Silvio Rodrigues, Windscheid, Pontes de Miranda: mera relação de fato. A posse é uma mera relação de fato que a lei protege em atenção à propriedade de que ela é manifestação exterior. Esse argumento é legalista com base na taxatividade e tipicidade determinando que como a posse não está no artigo 1225, CC, ela não seria um direito real;
Savigny: direito e fato. Considerada em si mesmo, a posse é um fato, porém, considerando os efeitos que gera, apresenta-se como um direito. Direito pessoal ou obrigacional; 
Caio Mário, Orlando Gomes, Von Ihering, Teixeira de Freitas (consolidação das Leis Civise Proclamação de um CC que não passou por conta do império, mas influenciou o antigo CC Argentino): Von Ihering parte da ideia de direito subjetivo, falando que é um interesse juridicamente protegido. Von Ihering: direito real. Ana Rita Albuquerque: "mais do que uma simples relação de fato, a posse cria uma relação jurídica entre o possuidor e a coisa possuída, em se tratando de forma de aproveitamento do solo e produção da riqueza, não só para o possuidor, mas também para toda a sociedade." Artigo 1207, CC: a posse se transmite hereditariamente como direito. Caio Mário fala que o caráter jurídico da posse é dado ao possuidor atrás de diversas formas de se defender, como esbulho. Orlando Gomes: o que caracteriza a posse como direito real é o fato dela ser exercida sem intermediário, então, a sujeição da coisa à pessoa é imediata e isso demonstra a preferência pela Teoria Realista por parte desse autor. 
	A posse não pode ser vista somente como uma vassalagem ao Direito de Propriedade.
	Minha Casa, Minha Vida: legitimação da posse, que pode ser convertida em propriedade. 
	O simples fato de a posse não estar no artigo 1225, CC não diz muita coisa. Ela possui sequela, preferência, e é sim um Direito Real. É um atraso não considera-lá um Direito Real.
	Luciano Penteado: posse era relação de fato. 
Aula 07 - 29/04/2016 - sexta-feira
	Há uma classificação que divide a Posse em Posse Civil e Posse Natural. Devemos ver se de fato existe um poder físico ou uma posse que decorre da lei. 
	Posse Natural é considerada como o poder físico sobre a coisa, como uma exteriorização do domínio, devemos ver se há a possibilidade de utilização da coisa, há exercício dos poderes da posse. 
	A Posse Civil é aquela que decorre da lei sem que o possuidor pratique qualquer comportamento ou adote qualquer conduta para tanto, por exemplo: sucessão hereditária (artigo 1784, CC: Regra Saisine - Le Mort Saisit Le Vit - Os mortos sucedem os vivos. Abrir a sucessão significa o fato da morte). 
8. Composse
	Está no artigo 1199, CC. Assim como a propriedade, a posse é, em regra, exclusiva. Contudo, assim como o condomínio em todos os casos em que ele ocorre, seja por contrato, por lei, ou por natureza da coisa, haverá também a composse, duas pessoas possuem a mesma coisa ao mesmo tempo. Ou seja, nas relações com terceiros os co-possuidores vão agir como se fossem um único sujeito. Haverá mais de uma pessoa exercendo posse sobre o bem. Por isso, esses co-possuidores devem agir civilizadamente, o problema é disciplinar o convívio entre eles. A composse é exceção.
	Na composse, todos podem usar a coisa. A diferença entre a Composse e o desdobramento (ou desmembramento da posse): nesta os graus da posse são diversos, pois, um dos possuidores fica privado da utilização imediata da coisa. Na Composse, todos podem utilizá-la diretamente desde que uns não excluam os outros, na composse todos podem fazer tudo, mas deve haver um acordo entre eles para que um respeite o direito do outro. 
	O condomínio não é, tecnicamente, uma PJ, ele é considerado uma pessoa formal. Exemplo de Composse: marido e mulher em comunhão de bens. Entre os companheiros durante a união estável e entre os co-herdeiros antes da partilha. Onde há condomínio, há composse. 
	Alguns autores entendem que necessariamente o objeto da composse tem que ser uma coisa indivisível:
Primeira Corrente - Caio Mário: o objeto da composse deve ser coisa indivisível, justamente porque os co-possuidores não podem exercer a posse em parte determinada do bem. Mesmo que ela seja divisível, a coisa tem que estar em caso de indivisão;
Segunda Corrente - Orlando Gomes: é possível que haja atos possessórios localizados, havendo uma divisão entre os co-possuidores. Para Orlando Gomes é possível que a composse envolva partes localizadas sobre determinadas partes do bem:
Composse Pro Indiviso: quando todos exercem sobre a totalidade da coisa os poderes de fato, ao mesmo tempo. A posse será tanto de direito quanto de fato. Há simples direito ao uso, exemplo: vaga do condomínio que não é previamente demarcada;
Composse Pro Diviso: há uma divisão de fato para o exercício do direito de cada um, cada um exerce poderes sobre uma parte específica da coisa, há uma posse de direito, mas não de fato. Embora, haja uma posse sobre tudo, ela se divide sobre si. Mas, perante terceiros, é como se não houvesse divisão, pode ser oposta. Exemplo: grupo de ocupantes numa casa antiga em que cada um fica em seu próprio quarto.
	Condomínio gerado pela Usucapião Coletiva: Estatuto da Cidade, artigo 10.
	Como são as relações internas na Composse? Caio Mário: nas relações internas, a lei reconhece a todos os co-possuidores igual atributo cabendo a todos a utilização da coisa comum desde que não interfiram no exercício por parte dos outros de iguais faculdades. Ou seja, cada um vai ter a posse por fração ideal e se um deles perturbar o desenvolvimento da composse, poderá o outro se valer das ações possessórias. Exemplo de atos de interferência: um co-possuidor ergue uma cerca ou muro na parte comum ou edifica, ou derruba árvores, sem o consentimento dos demais. Cabe Ação Possessória no caso da composse se um possuidor faz uma cerca em uma área em comum.
	A característica da composse é a temporariedade, assim como o condomínio. Elas são anormalidades e muitas vezes geram conflitos. A composse é temporária e pode desaparecer por fatores como a divisão (amigável ou judicial) da coisa comum ou pela posse exclusiva de um dos condôminos que isole com a concordância dos demais uma parte dela, passando a possuí-las de maneira exclusiva. No entanto, no condomínio edilício, no edifício de apartamentos, a posse nunca poderia ser extinta e segundo Caio Mário, a composse sobre as partes de uso comum do edifício de apartamentos é perpétua, ou seja, não se extinguirá enquanto existir o prédio com entidade econômica ou conjunto útil. 
	No condomínio cada apartamento corresponde a uma fração do terreno.
	Garagem (quando demarcada previamente, não haverá condomínio naquela vaga), piscina, portaria, play, jardim são composses. 
	O NCPC trata do Litisconsórcio, porque se o réu é casado não haverá litisconsórcio passivo obrigatório entre os cônjuges na ação possessória. O único caso em que se exige a participação do outro cônjuge nas ações possessórias é a composse. Exemplo: ação possessória em que se discute se o casal estava invadindo a posse alheia.
	
9. Aquisição da Posse
	A aquisição da posse está em uma regra genérica no artigo 1204, CC (define o momento, instante em que se conquista a posse). Pela Teoria de Von Ihering, se a posse é a exteriorização do domínio, se ela se dá quando se tem o exercício de algum dos poderes da propriedade (artigo 1196, CC), sua aquisição ocorre no momento em que se possibilita o exercício em nome próprio daqueles poderes. Se alguém adquire em nome próprio os poderes de usar, gozar, usufruir, dispor ou reaver a coisa, essa pessoa é possuidora. Mas se ela adquire esses poderes em nome alheio, é detenção.
	Modos Originários Para Adquirir a Posse: os modos originários são aqueles que traduzem um assenhoramento ao dono, sem a participação da vontade de outro possuidor antecedente, ou seja, não existe uma relação causal entre a posse atual e a posse anterior, há um apossamento através do controle material da coisa por parte de uma pessoa, o ato do agente é unilateral. Já os modos derivados pressupõem a existência de uma posse anterior que é transmitida ou transferida ao adquirente, ou seja, incidem sobre uma coisa que passa a sujeição de outra pessoa por força de um título jurídico, não há assenhoramento da coisa.
	Na prática, qual a diferença entre a Posse Originária ou Derivada? Se recebo a posse (posse derivada) de alguém e ela possui um vício, ela é injusta, por exemplo, se eu transmiti essa posse para outra pessoa, essa posse continuará com esse vício, continuará sendo injusta, não há a possibilidade de se transferir mais direitos do que aqueles que se titulariza. NaPosse Originária, por não haver nenhuma relação jurídica entre o novo e o antecedente possuidor, não se pode falar em vícios anteriores que maculam essa posse, rompe-se qualquer laço com o passado.
	Não existe um formalismo para a posse, até mesmo um terceiro sem mandato pode adquirir a posse que será ratificada posteriormente, o que representaria uma Gestão de Negócios, inclusive.
	
a. As duas formas mais comuns de aquisição originária da coisa seriam: a apreensão da coisa ou pelo exercício do direito:
A apreensão da coisa normalmente traduz o contato físico, sendo a apropriação dela por ato unilateral do adquirente cuja conduta deve corresponder ao que seria o comportamento normal do proprietário. É o caso da res nullius (coisa sem dono) e da res dellicta (coisa abandonada). Pode ser feita pela própria pessoa, seu representante (que a doutrina interpreta de forma ampla, como sendo o preposto, empregado) ou por terceiro sem mandato (Gestão de Negócios);
Exercício do Direito: ocorre quando o sujeito se comporta como o titular do direito adquirido, desde que se trate de um Direito Real, por exemplo usufruto ou servidão. Detentor quando a fábrica entra em falência e locatário quando o locador desaparece. A pessoa passa a exercer a posse independentemente do proprietário. Exemplo da lei: artigo 1379, CC, posse sobre servidão de aqueduto. 
b. Formas de Aquisição Derivada
Tradição: é um ato material de entrega da coisa, ou seja, sua transferência de mão a mão passando assim do antigo ao novo proprietário sem que haja uma manifestação expressa de vontade e bastando a intenção de ambos para o mesmo fim A Tradição pode ser Real ou Efetiva, que ocorre quando há uma remoção do bem, ou Ficta, sendo que esta pode ser:
Simbólica - apreensão material não da própria coisa, mas de algo que a represente, por exemplo, a entrega das chaves do imóvel ou do carro, de modo que se considere transmitida a posse daquele bem; 
Longa Manu é oriunda do direito romano, bastando que a coisa seja exibida ou colocada à disposição do seu titular, por exemplo, numa fazenda de grande extensão que não precisa ser toda percorrida para que o possuidor ingresse na posse, basta que o bem seja colocado a sua disposição; 
Brevi Manu (não precisa esticar as mãos) é o contrário do Constituto Possessório e ocorre quando o detentor se converte em possuidor, ou seja, a pessoa que tem o contato com o bem e exerce a posse em nome alheio passa a possuí-lo em nome próprio e neste caso não precisa devolvê-la ao dono para que este novamente lhe faça a entrega. Exemplo, alguém era detentor de um bem e vai e compra o bem, ele passará a ser possuidor;
Constituto Possessório: é o contrário da Traditio Brevi Manu, ocorre quando o possuidor transfere a posse da coisa a alguém, mas por força de uma cláusula do contrato de alienação, conserva a coisa em seu poder e deixa de possuir em nome próprio e passa a possuir em nome do adquirente. Não há previsão legal para o Constituto Possessório, mas há o Enunciado 77 que fala sobre ele, ele não se presume e deve haver cláusula expressa, o alienante que possuía a coisa em nome próprio passa a ser mero detentor. Essa cláusula não se confunde com a Cláusula Constituti. Constituto Possessório: alienante se torna detentor, adquirente se torna possuidor. Cláusula Constituti: não é uma questão apenas de detenção, mas há mais do que uma mera detenção, mas sim um desdobramento da posse direta/indireta por ato de vontade do novo possuidor. Nesta, o alienante fica com a posse direta e o adquirente fica com a posse indireta, é um desdobramento da posse. Em outras palavras, a Cláusula Constituti autoriza contratualmente novo apossamento pelo vendedor, que se torna possuidor direto com autorização contratual para o uso da coisa vendida seja como locatário, comodatário ou outra espécie contratual, o que pode ser por prazo determinado ou indeterminado, o ex-proprietário, alienante, fica com a posse direta. O Constituto Possessório não gera o desmembramento da posse, enquanto que a Cláusula Constituti gera. Ambos devem ser previstos expressamente;
Direito Hereditário: existe um diálogo entre o 1784 e 1206, ambos do CC. Tudo se transimite aos herdeiros, tanto a posse, com os mesmos caracteres (artigo 1206, CC) quanto a propriedade e a renúncia tem que ser expressa. A abertura da herança começa com a morte.
04/05/2016 - quarta-feira - Monitoria
Aula 08 - 06/05/2016 - sexta-feira
	Artigo 1205, I, CC: Em relação a pessoa que terá a posse, a doutrina é tranquila dizendo que o reconhecimento da posse independe da capacidade, basta que haja a Capacidade Natural, ou seja, a capacidade para entender o que se está fazendo, um incapaz pode adquirir bens tendo em vista um discernimento parcial, basta haver atos compatíveis com o discernimento dele. O incapaz pode ser possuidor, basta a consciência de ter a coisa para si. Não é tão necessário o representante.
	Artigo 1205, II, CC: terceiro sem mandato, pode ser qualquer forma de representação, não precisa nem de mandato, a outra pessoa pode depois ratificar a contrato, essa doutrina se assemelha à Gestão de Negócios. Alguém sem poderes de representação assume os atos pela pessoa inicial, dependendo somente de ratificação posterior, os efeitos retroagem à data de início da cessão. 
	Já mencionamos o artigo 1206, CC é uma regra da continuidade da posse, que é transmitida aos herdeiros ou legatários com os mesmos vícios, qualidades (sucessio Possessionis).
	O artigo 1209, CC estabelece que a posse do imóvel faz presumir a posse das coisas móveis que estão dentro dela (o acessório segue o principal - Princípio da Gravitação Jurídica). Ocorre que as pertenças não costumam acompanhar o bem principal, a não ser que isso resulte da lei, da vontade das partes ou ainda dá circunstâncias do caso (artigo 94, CC). Mas nesse artigo 1209, CC as pertenças acompanham por uma manifestação legal, a menos que haja prova em contrário, o que nos mostra uma presunção relativa, se alguém quiser provar a posse das pertenças deverá fazer isso em uma ação.
Perda Da Posse
	Inicia-se nos artigos 1223 e 1224, CC. Aquisição e perda são dois fenômenos paralelos e indissociáveis.
	Se alguém não se mantém como proprietário perde a posse (pela Teoria de Von Ihering) quando cessa o poder do 1196, CC, ou seja, quando cessa a conduta de exteriorização do domínio, perde-se a posse. Essa perda pode atingir ou o corpus ou o animus, ou ambos. Perde-se a posse quando cessa o poder sobre o bem. Quem não mais se comporta como o dono perde a posse. Enquanto se mantém aquele comportamento de exteriorização do domínio, mantém-se a posse, ou melhor, enquanto se comporta como proprietário.
	Esse conceito é bastante amplo, utilizou-se uma Cláusula Geral e pode ocorrer por um abandono, por uma tradição, pela posse de outrem, destruição, perda da coisa, Constituto Possessório. O abandono é um ato voluntário pelo qual o possuidor se desfaz da coisa. Tradição: se alguém adquire a posse, outra perde, mas deve ser a entrega da coisa com a intenção de transferir.
	Artigo 1224, CC: pressupõe uma espécie de benefício para o possuidor, se houver um esbulho possessório sem a sua presença. Estabelece-se, então, que se alguém não presenciou o esbulho, mas ela ainda é ativa, ela não perdeu a posse. Enquanto não estiver totalmente perdido, enquanto o proprietário se opõe e busca recuperar a posse, enquanto ele é diligente, não há perda da posse. Crimes Contra o Patrimônio: consumam-se com a posse pacífica da coisa (exceção: furto).
	A posse é um direito exclusivo e se alguém toma a posse, isso acarreta na perda da posse pelo possuidor anterior.
	A destruição ou perda da coisa também fazem com que ocorra a perda da posse. Perecendo o objeto, extingue-se o direito seja quando desaparece na sua substância (morte do animal, incêndio da casa) ou quando perde suas qualidades essenciais (trecho de praia que antes era construído que é submerso permanentemente).
	Qual o tempo necessário para impedir a posse de outrem?:
Washingtonde Barros e Serpa Lopes: isso ocorre no prazo de 1 ano e 1 dia para a Ação Possessória (artigo 558, NCPC; artigo 924, CPC/73). Guilherme não considera essa a melhor opção;
Marco Aurélio Bezerra de Mello e José Assir: aquele prazo se refere apenas a possibilidade de liminar na ação possessória. Na verdade, o tempo competente é aquele no qual o possuidor pode se valer da auto defesa da posse - Artigo 1210, parágrafo primeiro, CC. Sendo que este prazo não é fixo e depende das circunstâncias do caso, ou seja, o tempo necessário para o possuidor buscar ajuda e instrumentos necessários para a sua reação, o tempo necessário é aquele que o possuidor pode lançar mão da autodefesa da posse.
Efeitos da Posse
1. O primeiro efeito da posse são os chamados interditos, ou seja, estou mencionando genericamente todos as ações possessórias. Existem três diferentes planos de ofensa da posse:
Ameaça: Interdito Proibitório. A pessoa não chega a ser agredida propriamente;
Turbação: Ação de Manutenção de Posse. Chega a ser agredida, mas não chega a ser retirada.
Perda da Posse: Reintegração de Posse. Esbulho, a pessoa chega a ser retirada da posse.
	Artigo 1210, CC: previsão das Ações Possessórias.
	A expressão interdito, que é romana, dava a ideia de uma medida defensiva que paralisava a penetração de terceiro na esfera jurídica do possuidor. Ela ainda é uma expressão usada, mas o mais utilizado é Ações Possessórias. 
2. Usucapião
	É uma forma de aquisição originária da propriedade pela posse prolongada e qualificada pela boa-fé, decurso de tempo, além de ser pacífica e com animus domini. 
3. Presunção da Propriedade
	A posse é um estado de aparência. Como a posse é a visibilidade do domínio, o possuidor tem a presunção de ser dono, salvo prova em sentido contrário. 
4. Percepção dos Frutos
	Artigo 1214, CC. Enquanto o possuidor estiver de boa-fé, ele terá direito aos frutos, como exceção a regra pela qual estes caberiam ao proprietário, o que está no artigo 1232, CC. 
	Mas isso ocorre enquanto o possuidor estiver de boa-fé. Quando deixa-se de ter boa-fé, perde-se o direito aos frutos. Com a citação no processo judicial, desaparece-se a boa-fé e consequentemente o direito à percepção dos frutos.
	Segundo Orlando Gomes, não basta a boa-fé inicial, devendo ela existir em cada ato de percepção. O possuidor de má-fé sabe que a coisa não lhe pertence, ele não tem direito aos frutos e tem que devolver tudo. Mas sempre teremos a prevalência do possuidor de boa-fé, acórdão do RS: imóvel que está na posse do terceiro de boa-fé que alugou esse imóvel, não caberia uma penhora sobre o aluguel desse imóvel.
	Artigo 1214, parágrafo único, CC: frutos pendentes são aqueles unidos à coisa, no caso dos frutos naturais ou industriais ou ainda não vencidos, no caso dos frutos civis. Os frutos pendentes, acabando a boa-fé, eles têm que ser devolvidos, depois de deduzidas algumas despesas. 
	Há uma classificação que divide os frutos, de acordo com essa classificação se define o momento em que os frutos são percebidos:
Frutos Naturais: são gerados sem intervenção humana, embora sejam empregados métodos de melhoria quantitativa ou qualitativa. Exemplo: erva mate;
Frutos Industriais: são aqueles que decorrem do trabalho humano, por exemplo trigo e cereais;
Frutos Civis: são rendimentos e benefícios pecuniários provenientes da utilização econômica da coisa, como juros e aluguéis.
	Os frutos naturais e industriais são colhidos e percebidos logo que são separados. O fruto civil, artigo 1215, CC, são percebidos dia a dia, o que depende do momento do vencimento.
	Possuidor de má-fé responde por todos os frutos que deixaram de ser percebidos por sua culpa, é uma espécie de lucros Cessantes (a coisa poderia produzir mais, mas ele por descuido não deixou, se deixou de cobrar aluguéis, também responderá) desde o momento que se constitui a má-fé, ele terá direito apenas às despesas de produção e custeio, até para evitar um enriquecimento sem causa.
	Frutos Colhidos Por Antecipação são retirados antes de atingirem o amadurecimento ou antes do vencimento e mesmo o possuidor de boa-fé tem o dever de restitui-los. Pelo fato deles serem colhidos, negociados antes do tempo (vou negociar um conjunto de eucaliptos que ainda não foi derrubado), mas o motivo pelo qual o possuidor de boa-fé tem que restituir os bens colhidos por antecipação é porque se ele tivesse a boa-fé de devolver, eles pertenceriam ao proprietário, já que a boa-fé cessou antes mesmo o momento do amadurecimento ou vencimento.
Aula 09 - 11/05/2016 - quarta-feira
5. Direito de Retenção 
	Outro efeito da posse é o Direito de Retenção. Reter é segurar algo, eu sou credor de algo e o devedor não me paga, eu posso reter a coisa comigo até reter o meu crédito, mas isso tem alguns requisitos, não pode ser arbitrário, aleatório. 
	Conceito de Silvio Rodrigues: é a prerrogativa concedida pela lei ao credor de conservar a coisa alheia além do momento em que a deveria restituir em garantia de um crédito que tenha contra o devedor e decorrente de despesas feitas ou perdas sofridas em razão da coisa. 
	Mas isso tem alguns requisitos, Arnoldo Medeiro da Fonseca sustenta ainda que o Direito de Retenção é um Direito Real (Guilherme não concorda com isso). Requisitos de acordo com esse autor:
Posse legítima da coisa que se tenha obrigação de restituir;
Um crédito exigível do retentor;
Relação de conexidade entre ambos;
A ausência de vedação convencional ou legal.
	A previsão do direito de retenção em matéria de posse está no artigo 1219, CC que é o mesmo artigo que fala do possuidor de boa-fé. "Poderá exercer o direito de retenção pelas benfeitorias necessárias e úteis."
	No artigo 35 da Lei do Inquilinato também há uma disposição sobre as benfeitorias que permitem a indenização destas.
	Então uma pessoa que tem que devolver a coisa alheia, enquanto o proprietário não pagar o valor da benfeitoria feita, o bem não precisa ser devolvido. Posso me opor à devolução até ser pago. Havia no CPC/73 os Embargos de Retenção que foi revogado pela lei 11382/06, mas ainda é possível através do Direito de Ação exercer esse direito de retenção, uma Ação de Conhecimento visando uma obrigação de entregar, pagar.
	O artigo 1219, CC prevê as benfeitorias, mas não previa as acessões, mas o enunciado 81 do CJF equiparou as benfeitorias às acessões, aplicando aquele artigo a elas também. Houve uma analogia. (Benfeitoria: pressupõe um acréscimo ou melhoramento de uma coisa já existente, acessão tem caráter de novidade, ou seja, instala-se onde antes nada havia um jardim, uma piscina, uma churrasqueira).
	Artigo 1221, CC: é uma hipótese de compensação legal porque a lei dá direito à indenização pelas benfeitorias (o que depende da espécie da benfeitoria e da boa-fé do possuidor), mas o possuidor também responde pela compensação da coisa. O que ele tinha que receber de indenização é compensado pelo valor dos danos causados à coisa. A compensação é uma forma de extinção das obrigações, há duas pessoas que são reciprocamente devedoras e credoras uma das outras. Há uma redução da indenização pelos danos causados à coisa, é uma compensação autorizada pela lei. O possuidor que causou prejuízo ao bem (entregou imóvel em péssimo estado de conservação, realizou desmatamento que desvalorizou a área, etc), ele deve abrir mão do ressarcimento de suas benfeitorias necessárias para compensa-lo, ou então abater do preço do ressarcimento o dano.
	Artigo 1222, CC: são soluções diferenciadas de acordo com a boa-fé ou má-fé do possuidor. Há uma diferença nesse artigo em relação ao possuidor de boa e má-fé. Em relação ao possuidor de má-fé, o proprietário tem direito a optar pelo valor atual ou de custo. Imagine que sou locador e fiz uma construção e cinco anos depois vou falar sobre a indenização dessa construção e por isso espera-se que ela esteja valendo mais. Contudo, com o possuidor de boa-fé deve-se indenizar pelo valor atual, não há possibilidade de escolha. Segundo Tepedino, "em relação ao possuidorde má-fé prevalece o interessante do reivindicante a quem se confere o direito de optar por indenizar o valor atual da benfeitoria ou o seu custo. Contudo, a possuidor de boa-fé, sempre se indenizará pelo valor atual que representa o efetivo benefício percebido pelo reivindicante."
6. Auto-defesa 
	É uma espécie de legítima defesa, é uma consequência da sequela. 
	Fora de uma ação judicial ou antes dela, posso reagir contra um atentado contra a posse mantendo-a ou me reintegrando nela por minha própria força. No Direito Civil está no artigo 188, CC, no Direito Penal podemos falar em Excludente de Ilicitude. 
	Artigo 1210, parágrafo primeiro, CC.
	A pessoa reage contra uma ameaça à sua posse. Não importa se a posse é justa, injusta, de boa ou má-fé, basta considerar a posse sem classificar sua natureza ou caráter. 
	Locador que manda cortar energia para forçar que o locatário saia do imóvel.
	Requisitos: 
Imediatismo: "contanto que faça logo" do artigo 1210, parágrafo primeiro, CC, ou seja, a repulsa à violência deve ocorrer sem retardamento, sem demora e antes que o invasor ou turbador consolide sua posição, não se pode permitir que flua tempo depois do seu início. Se existe um intervalo, uma demora, a vítima poderia procurar o poder competente, a autoridade judicial, uma ação tardia dá uma ideia de vingança. Turbação difere de Esbulho: naquela isso significa que enquanto durar a mesma, o possuidor poderá se valer da legítima defesa da posse, já no esbulho, é importante que não fique caracterizado a desídia do esbulhado, pois, enquanto estiver diligenciando no sentido de manter o bem, poderá se valer da auto-defesa, mas caso se deixe vencer pelo desânimo, parando de agir para recuperar o bem, não poderá mais dela se valer, cabendo apenas entrar com a Ação Possessória. Se falta o imediatismo, o agente pode até incorrer no crime do artigo 345, CP (Exercício Arbitrário das Próprias Razões). O possuidor pode agir por uma força própria que envolve força de terceiros, inclusive;
Uso moderado das próprias razões: é a proporcionalidade entre a agressão e a reação que deve se conter no limite indispensável à repeli-la. Essa ideia envolve o Princípio da Proporcionalidade. A moderação envolve também a ideia de proporcionalidade para evitar que sejam atingidos outros interesses merecedores de tutela, sendo que os interesses existenciais prevalecerão sobre os patrimoniais, ou seja, na defesa do patrimônio, não se pode sacrificar a vida ou integridade física de terceiros. Não se pode sacrificar a vida ou integridade física de uma pessoa.
	A doutrina entende que tanto o possuidor direto quanto o indireto podem se valer da legítima defesa da posse. 
	A auto-defesa também é chamada de Desforço Possessório.
	E o detentor? Ele pode se valer da posse? A legítima defesa pode ser exercida pelo detentor? A doutrina mais tradicional não, mas hoje em dia, já entende-se que até pelo falo do detentor defender a posse, pelo fato dele ser uma longa manus, é necessário ele exercer a auto-defesa. Primeira Corrente:
Primeira Corrente - Washington de Barros e Tito Fulgêncio: esse direito cabe apenas ao possuidor, não importando se a posse é justa, injusta, de boa ou má-fé;
Segunda Corrente - Caio Mário: o detentor pode exercê-la em nome e em benefício do possuidor ou representado, pois do contrario, o caseiro, por exemplo, estaria de mãos atadas para cumprir a principal função para qual foi contratado.
7. Ações Possessórias
	Matéria processual que aparece até no NCPC, mas aparece também no CC, que desde 1916 fazia referência a essas ações. Até 1939 os Códigos de Processos eram estaduais (em decorrência da Constituição de 37, vem o CPC/39, que é nacional) e, por isso, matérias importantes do ponto de vista do interesse público vinham no CC para evitar arbitrariedades.
	Quando estamos em uma ação possessória, não se discute propriedade. Há três Ações Possessórias (Manutenção de Posse, Reintegração de Posse e Interdito Proibitório.
	Caio Mário: "A existência dessas ações com caráter próprio e rito especial tem por objetivo resolver rapidamente a questão do rompimento anti-jurídico da posse sem a necessidade de se debater a fundo o domínio, ou seja, o que se discute é apenas o ius Possessionis. Cada Ação Possessória tem um efeito especial.
	Manutenção de Posse tem por objetivo sanar a turbação da posse que consiste, segundo Bevillacqua em todo ato praticado contra a vontade do possuidor que lhe estorve o gozo da coisa possuída, sem dela o excluir completamente. Pode ser uma conduta negativa quando impede o possuidor de agir dentro de seu terreno. Turbação é qualquer ato que moleste a posse, impedindo que o possuidor a exerça em sua plenitude, exemplo: o turbador bloqueia a garagem do vizinho ou impede que este entre, ou então, corte indevido de árvores ou modificação de marcos divisórios. Pressupõe uma turbação atual, se for uma passada, ensejara apenas perdas e danos. Pode ser feita tanto pelo possuidor direito quanto pelo indireto, podendo, inclusive, uma ser proposta contra o outro.
	Esbulho dá lugar à Ação de Reintegração de Posse. O possuidor chega aqui a perder a posse, é a mais grave das ofensas.
	No campo da ameaça, cabe o Interdito Proibitório, que possui o caráter preventivo, artigo 567, NCPC, antigo 923, CPC/73. Há o justo receio de ameaça à posse ou violência iminente. O interdito só pode ocorrer com a ameaça, se já há a consolidação da turbação, o instrumento será outro. O STJ já decidiu um caso de um banco que entrou com uma Ação de Interdito Proibitório porque os grevistas de um banco impediram o acesso à agência.
	Exemplo: cabível interdito proibitório por comunidade de moradores que foi notificada pelo município para desocupar suas casas que seriam demolidas.
	TJ/RJ: acórdão a favor do condomínio para impedir que a garagem do edifício seja usada pelo condômino que não tem direito à vaga e não há espaço que o acomode.
	Artigo 1211, CC: a pessoa que estiver com a posse da coisa terá uma condição processual favorável.
8. Proibição da Exceção do Domínio
	Posse e domínio não se confundem, pois a posse tem sua importância independentemente da propriedade e desapareceria toda a razão de ser da proteção possessória se fosse viável a alegação de domínio pois, o Possessório e o peditório (tudo que diz respeito à domínio e propriedade) não se confundem, do contrário, a posse seria metamorfoseada em mera sucursal da propriedade se na ação comporta-se indagações sobre domínio. 
	O artigo 932, CPC/73 (artigo 557, NCPC) tinha um dispositivo que gerava muitos equívocos. Esse artigo dizia que na pendência de processo possessório era defeso ao autor e ao réu intentar uma ação visando o reconhecimento do domínio. Mas, uma segunda parte que foi suprimida por uma lei dizia que não obstava, contudo, a manutenção ou reintegração de posse a alegação de domínio ou direito sobre a coisa, caso em que a posse será julgada em favor de quem evidentemente pertencer o domínio. Essa parte final era uma atrocidade, mas no próprio CC/16 (artigo 505, CC/16) também havia um resquício disso, não se devia julgar a posse em favor de quem não pertenceu o domínio. Em caso de dúvida, havendo controvérsia, confusão, o critério de desempate seria a propriedade, Guilherme diz que isso contaminava a posse com a propriedade. Artigo 1210, parágrafo segundo, CC: matou essa matéria.
	Súmula do STF, 487, alinhada à uma doutrina mais antiga. Será deferida a posse a quem evidentemente tiver o domínio, se com base neste for disputada. Mas há dois enunciados que superaram essa questão, da Jornada de Direito Civil de 2002, Enunciado 78 e Enunciado 79. Se não houver prova suficiente, só com base no ius possessionis (a posse por si mesma) a posse é indeferida. Enunciado 79: bem taxativa, há total separação entre o juízo possessório e o peditório, mesmo havendo dúvida, temos que ver qual a melhor posse e não o domínio.
Aula 10 - 13/05/2016 - sexta-feira
	São três as principais características das Ações Possessórias:
Fungibilidade: a

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