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Aula 9 Adimplemento das Obrigações

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 CENTRO UNIVERSIÁRIO ESTÁCIO DE BRASÍLIA Campus Estácio - Asa Sul - Brasília
DIREITO CIVIL II - CCJ0013
Semana Aula: 9
Adimplemento das Obrigações
Tema
Adimplemento das Obrigações  
Palavras-chave
Pagamento – obrigação - extinção – efeitos jurídicos.
Objetivos
1-     Compreender como se extinguem as obrigações.
2-     Explicitar a natureza jurídica do pagamento, conceituando seus elementos subjetivos e objetivos.
3-     Compreender o pagamento pelo próprio devedor e por terceiro, estabelecendo a distinção entre o pagamento feito pelo terceiro com interesse jurídico e pelo terceiro sem interesse jurídico e seus respectivos efeitos jurídicos.
4-     Apontar as formas de prova do pagamento e os casos em que o pagamento deverá ser antecipado.
5-     Estabelecer as regras para o tempo e lugar de pagamento.
Estrutura de Conteúdo
Pagamento ? Generalidades
Quem deve pagar
A quem se deve pagar
Objeto do pagamento
Prova do pagamento
Pagamento feito por terceiro: interessado e não interessado
Lugar do pagamento
Tempo do pagamento
Procedimentos de Ensino
O presente conteúdo deve ser trabalhado ao longo das duas aulas da nona semana, podendo o professor dosar o conteúdo de acordo com as condições (objetivas e subjetivas) apresentadas pela turma.
 
O fim natural das obrigações se dá com a efetivação da prestação (denominado pagamento). No entanto, a extinção[1] das obrigações pode ocorrer por outros fatores como os meios indiretos de pagamento, decurso de tempo, etc.
 
Pagamento, no sentido técnico, refere-se ao cumprimento voluntário (ou adimplemento em sentido estrito) da prestação (solutio), qualquer que seja a espécie da obrigação, aplicando-se os paradigmas da eticidade, da socialidade e da operabilidade. 
Afirmam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2008, p. 270) que o pagamento não pode ser visto apenas como uma obrigação do devedor. Trata-se, também, de um direito subjetivo de exoneração do débito, sendo garantido pelo ordenamento jurídico, através de medidas hábeis, a compelir o credor ao recebimento pontual.
 
A natureza jurídica do pagamento é controvertida uma vez que pode ser realizado de várias formas: 
Assim, por exemplo, Silvio Rodrigues e Carlos Roberto Gonçalves, o considera ato jurídico.
 Karl Larenz o diz um ato-fato que se insere no plano de eficácia do negócio jurídico.
 Orlando Gomes afirma não ser possível qualificar uniformemente o pagamento, dependendo a análise da qualidade da prestação e de quem o realizou. No seu entender, quando feito por terceiro é negócio jurídico; em outras modalidades seria ato jurídico stricto sensu. 
Fato jurídico: ocorre independentemente da ação ou da vontade das pessoas. Exemplo: o próprio decurso de tempo, causando consequências jurídicas, como a prescrição, a decadência, caducidade, etc.
Ato jurídico: é a atuação humana, dependente da vontade, para que se realizem atos com consequências jurídicas. É toda ação humana capas de criar, extinguir, manter, alterar ou transferir direitos. São os atos humanos que causam consequências jurídicas.  EX: Ato jurídico em sentido estrito: Reconhecimento de maternidade. 
Negócio jurídico: é a relação entre duas ou mais pessoas determinadas, causando os efeitos do ato jurídico. Exemplo: um contrato de compra e venda, de aluguel, de empréstimo, de doação, etc.
Então, para evitar maiores confusões, seria interessante considerá-lo ato jurídico lato sensu variando a classificação mais específica de acordo com a modalidade de pagamento realizada.
 
Para que o pagamento produza seu principal efeito que é extinguir a obrigação, é preciso que estejam presentes os seguintes elementos de validade: 
- existência do vínculo obrigacional; 
- intenção de solvê-lo (animus solvendi); 
- cumprimento da prestação; pessoa que efetua o pagamento (solvens); 
- pessoa que recebe o pagamento (accipiens), requisitos que serão analisados no curso desta semana de aula.
 
CONDIÇÕES SUBJETIVAS DE PAGAMENTO
 
Ensina Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 162) que sujeitos do cumprimento da obrigação são as partes que atuam no momento da execução da obrigação. Sujeito ativo é aquele que faz o pagamento, o solvens; sujeito passivo, o que recebe o pagamento, o accipiens.
 
Quem deve pagar
A regra é que quem paga é o devedor obrigado, no entanto, o art. 304, CC, autoriza que qualquer interessado na extinção do vínculo possa fazê-lo (exceto se a obrigação for personalíssima). A lei considera que podem realizar o pagamento[2] também:
a)    Terceiro interessado: quem tem interesse jurídico na extinção da dívida, como por exemplo, o fiador, o avalista, o sublocatário, o herdeiro...
O terceiro interessado que paga a dívida sub-roga-se nos direitos do credor. Trata-se de sub-rogação pleno iure (art. 346, III, CC).
Opondo-se o credor a receber o pagamento de terceiro interessado, poderá este consignar em pagamento em nome próprio.
b)     Terceiro não interessado: é quem tem interesse apenas moral (ou não jurídico) na extinção da dívida.
O terceiro não interessado que paga a dívida em nome próprio terá direito de reembolso (art. 305, CC/ ação ?in rem verso?, art. 884, CC); no entanto, se realizou o pagamento em nome do devedor perderá este direito, sendo considerado o ato mera liberalidade.
O terceiro não interessado só pode consignar em pagamento se o fizer em nome e à conta do devedor (trata-se de hipótese de legitimação extraordinária) e se não houver oposição deste (art. 304, parágrafo único, CC). Nestes casos, o terceiro será considerado representante ou gestor de negócios.
Vale ressaltar que a oposição de devedor ao pagamento não significa proibição ao credor de recebê-lo. A oposição apenas retira o direito deste terceiro de consignar em pagamento.
O pagamento feito por terceiro não interessado com desconhecimento ou oposição do devedor não obriga a reembolsar se provar que tinha meios para elidir totalmente a dívida (art. 306, CC).
Se o terceiro não interessado realiza o pagamento antes do vencimento da dívida, só poderá cobrá-la após o advento do termo ou condição (art. 305, parágrafo único, CC).
Há, no entanto, duas situações em que o terceiro não interessado sub-rogar-se-á nos direitos do credor: 
a) em caso de sub-rogação convencional (acordo com o credor, art. 347, I, CC);
b) quando fizer o pagamento de dívida de devedor fiduciante perante o credor fiduciário (art. 1.368, CC).
Fidúcia tem origem no latim fidúcia, de fidere, que significa confiança, segurança, lealdade, em que se credita boa-fé, ou seja, confiança que o fiduciante deposita no fiduciário no cumprimento da obrigação pactuada. Um clássico exemplo de como a fidúcia está relacionada com a economia, é a crise dos Estados Unidos de 2008, uma vez que se concedeu uma enorme quantidade de crédito para os cidadãos americanos sem qualquer tipo de garantia, culminando na inviabilidade de negociação desses títulos imobiliários. Exemplo: Mercados: Confiança dos investidores, nos governos, nas leis, etc...
Pagamento feito com transmissão de propriedade
O art. 307, CC, afirma que só terá eficácia o pagamento que importar transmissão de propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto. 
Destaca Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 163) que se a coisa for imóvel, algumas regras especiais precisam ser obedecidas: 
1) em se tratando de menor sob poder familiar, é necessário autorização judicial para o pagamento; 
2) se o menor está sob tutela, não é possível o pagamento porque a alienação neste caso só pode ser feita em hasta pública, a não ser que tenha havido prévia autorização judicial para constituição da obrigação; 
3) o mesmo ocorre se o proprietário da coisa estiver sob curatela; 
4) se a pessoa for casada, tem que ter outorga conjugal; 
5) se for pessoa jurídica, tem que ter aprovação do órgão deliberativo, salvo previsão em contrário do estatuto; 
6) se for pessoa jurídica de direitopúblico, tem que ter autorização legal.
 
Se o devedor deu em pagamento coisa fungível (art. 85, CC) não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e a consumiu, ainda que o solvente não tivesse direito a aliená-la. Nestes casos, o verdadeiro proprietário só poderá reclamar daquele que entregou ilicitamente a coisa a outrem.
 
Vale ainda lembrar o disposto nos arts. 1.268, §1º, 1.420, §1º, CC, que autoriza a validade do pagamento realizado por quem não era titular do direito real (alienação non domino) se o adquirente (credor) estiver de boa-fé e o alienante (devedor) viera a adquirir, posteriormente, o domínio.
 
A quem se deve pagar
Em regra o pagamento deve ser realizado diretamente ao credor originário (art. 308, CC), mas pode ser feito a quem o represente (representação legal, judicial ou convencional[3]), ou a quem substituir o credor na titularidade do direito de crédito (são credores derivados: herdeiros e legatários, cessionários, sub-rogados...).
 
Deve o professor lembrar que: se a dívida for solidária o pagamento pode ser realizado a qualquer um dos credores (art. 268, CC), no entanto, se for indivisível o pagamento deve ser realizado a todos os credores conjuntamente ou a um deles mediante caução de ratificação (art. 260, CC).
 
 A lei ainda reconhece como eficaz o pagamento:
a.    Feito a terceiro quando ratificado pelo credor (art. 308, CC[4]). A ratificação gera efeitos ?ex tunc?.
b.    Feito a terceiro se demonstrado que reverteu em benefício do credor (art. 308, CC). O ônus de demonstrar que o benefício reverteu em benefício do credor é do devedor.
c.    Feito a credor putativo (suposto) (art. 309, CC aplicação da teoria da aparência) que é aquele que tem aparência de ser o verdadeiro credor. Exige-se a boa-fé do devedor e a escusabilidade do erro para que o pagamento seja válido e eficaz.
 
Uma vez que a quitação exige capacidade, o pagamento diretamente feito a credor incapaz será ineficaz, salvo:
Se o devedor demonstrar que o pagamento reverteu em benefício do incapaz (art. 310, CC).
Se o devedor desconhecia a incapacidade (erro escusável).
Se o relativamente incapaz em razão da idade dolosamente ocultou sua idade ou se declarou maior (art. 180, CC).
 
Também não é válido o pagamento feito pelo devedor a credor de crédito hipotecado se tinha sido intimado da penhora feita (art. 312, CC).  Nestes casos, o pagamento não pode ser oposto aos terceiros que poderão constranger o devedor a pagar novamente.
 
Por fim, vale lembrar que o devedor estando em dúvida a quem deve realizar o pagamento, sugere-se que realize a consignação em pagamento para que evite pagar mal e pagar duas vezes.
 
 
CONDIÇÕES OBJETIVAS DE PAGAMENTO
 
As regras a serem lembradas são: 
1) o credor não é obrigado a receber prestação diversa da devida, ainda que mais valiosa (art. 313, CC ? vetor qualitativo da obrigação); 
2) ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou (art. 314, CC - princípio da indivisibilidade); 
3) as despesas de entrega, quitação e qualquer outra decorrente do fato pagamento correm por conta do devedor, salvo disposição expressa em contrário (art. 325, CC).
 
Quanto ao princípio da identidade ou correspondência do pagamento vale lembrar que a incidência do princípio da boa-fé objetiva (art. 113, CC) e as hipóteses de onerosidade excessiva relativizam sua incidência.
 
PROVA DO PAGAMENTO
 
A quitação[5] é uma declaração unilateral, escrita e revogável, emitida pelo credor, de que a prestação foi efetuada e o devedor está liberado (Carlos Roberto Gonçalves, 2010, p. 260). A quitação regular[6] é um direito do devedor que poderá, inclusive, reter o pagamento ou consigná-lo caso o credor se negue a dá-la (arts. 319 e 335, I, CC), constituindo-se este último em mora (art. 394, CC).
 
A quitação pode ser total ou parcial. 
Ensina Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 185-186) que se o pagamento extingue, definitivamente, a relação jurídica obrigacional, a quitação libera completamente o devedor, denominando-se plena ou total. 
Há quitação parcial: 
1º.) quando o credor admite receber parceladamente dívida que pode exigir por inteiro; 
2º.) quando o pagamento deve ser efetuado em quotas periódicas. 
Na primeira hipótese, o recebimento por conta dá lugar ao recibo de quitação parcial. O devedor permanece vinculado, sendo liberado apenas da parcela quitada. 
Quando a obrigação deve ser cumprida em quotas periódicas, como o aluguel, o credor fornece, em cada recebimento, um recibo de quitação parcial. A dívida vai diminuindo à medida que os pagamentos são efetuados, e o devedor é quitado à medida que paga as quotas periódicas. O credor dá a quitação parcial relativa ao período imediatamente vencido?.
 
São requisitos de validade da quitação: valor e espécie da dívida quitada; nome do devedor ou quem por este pagou; tempo do pagamento; lugar do pagamento; assinatura do credor ou seu representante (art. 320, CC). 
No entanto, faltando qualquer destes requisitos e atendendo ao princípio da boa-fé objetiva não se invalida se de seus termos ou circunstâncias resultar haver sido paga a dívida, o que leva a doutrina a questionar se a quitação é negócio jurídico solene como se depreende do caput ou se é negócio jurídico de forma livre como se pode deduzir do parágrafo único do art. 320, CC.
 
O recibo (instrumento de quitação) é um dos meios de prova do pagamento, mas inexistindo este, outros meios poderão ser admitidos como, por exemplo, a menção em livros do credor e o cheque nominal, entre outros (arts. 212 e 225, CC). 
Além disso, a lei estabelece as seguintes presunções iuris tantum (de direito) de pagamento:
Quando a dívida é representada por título de crédito que se encontra na posse do devedor (art. 324, CC). O credor pode provar em até sessenta dias a falta do pagamento;
    Se o título foi perdido poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido. Esta declaração não será oponível a terceiro detentor de boa-fé (art. 321, CC).
Quando o pagamento é feito em quotas sucessivas (mensais, semanais...), existindo quitação de qualquer delas ou da última (art. 322, CC).
Quando há quitação do capital sem reserva dos juros, que se presumem pagos (arts. 323 e 354, CC). Vale informar que há controvérsia na doutrina se esta presunção é iuris tantum (ex. Caio Mário da Silva Pereira) ou iuris et de iure (ex. Carvalho Santos), tendo prevalecido a primeira posição.
Outras presunções: inutilização do título da dívida quitável com sua devolução; entrega do bem...
 
LUGAR DO PAGAMENTO
 
Não havendo previsão convencional ou legal em contrário, presume-se como local do cumprimento da obrigação o domicílio do devedor (dívida queráble), conforme determina o art. 327, CC (princípio do favor debitoris)[7]. 
Havendo mudança no domicílio do devedor o credor pode manter o local originariamente fixado e, se isso não for possível, deverá o devedor arcar com as despesas decorrentes da alteração de seu domicílio.
 
Designados dois ou mais lugares para o cumprimento da obrigação o credor pode escolher qualquer deles, desde que cientifique o devedor em tempo hábil para providenciar o pagamento. Caso o credor não realize a notificação, poderá o devedor realizar validamente o pagamento em qualquer dos lugares (art. 327, parágrafo único, CC).
 
Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor (art. 329, CC - aplicação evidente do princípio da função social). No entanto, se o fato constituir caso fortuito ou força maior não gerará dever de indenizar se não houver mora ou se o devedor por estes fatos não se tiver responsabilizado (arts. 393 e 399, CC).
 
O costume pode alterar o lugar do pagamento convencionalmente estabelecido, tornando umadívida portável (quando o pagamento é realizado no domicílio do credor) em quesível e vice-versa. O art. 330, CC, afirma que o pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor ao previsto contratualmente (aplicação do princípio venire contra factum proprio).
A proibição do venire contra factum proprium ou teoria dos atos próprios visa proteger a parte contra aquele que deseja exercer um status jurídico em contradição com um comportamento assumido anteriormente.
Se o pagamento constituir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas a um imóvel (como por exemplo, execução de serviços, recuperação, obras...), far-se-á no lugar onde situado o bem (art. 328, CC).
 
Nem sempre há coincidência entre o foro para dirimir litígios e o local de cumprimento das obrigações. Mas, se no caso concreto houver tal sintonia, a estipulação de cláusula de foro de eleição gera efeitos processuais. 
Vale dizer, se o local do pagamento também for o local em que o inadimplente será eventualmente acionado, acarretará a prorrogação voluntária da competência relativa, ex vi do art. 111 do Código de Processo Civil. Com efeito, sendo a competência territorial de natureza relativa, em atenção ao princípio dispositivo, poderá ser objeto de convenção das partes pela forma de cláusula contratual, no interesse privado. [...]. Nada obstante, tratando-se de competência funcional, portanto absoluta, não se admite prorrogação nem derrogação por vontade das partes? (Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, 2008, p. 294).
 
TEMPO DO PAGAMENTO
 
O devedor além de ter que saber onde deve cumprir a obrigação, precisa conhecer quando deve ser cumprida.
 
As obrigações em que não se ajustou prazo (obrigações puras e simples) para o vencimento são exigíveis imediatamente (arts. 134 e 331, CC, princípio da satisfação imediata).
 
As obrigações com termo certo devem ser cumpridas nesta ocasião independente de notificação (dies interpellat pro homine) (O termo (prazo, data certa) interpela pelo homem). O implemento do termo, por si, já equivale a uma interpelação.
 
Tendo sido estipulada condição suspensiva é preciso notificar o devedor sobre o seu implemento para que seja exigível o seu cumprimento (art. 332, CC). O ônus da prova da ciência é imputado ao credor.
 
O art. 333, CC, prevê situações em que pode ocorrer a antecipação do vencimento: 
a) no caso de falência do devedor, ou de concursos de credores; 
b) se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor; 
c) se cessarem, ou se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las. Ressalte-se que havendo solidariedade passiva a antecipação do vencimento não abrangerá os devedores solventes. Junte-se a estas, as hipóteses do art. 1.425, CC, que serão estudadas em Direito Civil IV.
 
Ao final da aula o professor deve perguntar se ainda existem dúvidas com relação aos tópicos abordados. Após, deve realizar breve síntese dos principais aspectos abordados nesta semana dando ênfase especial aos exemplos trabalhados, preparando o aluno para o próximo tópico: dação em pagamento, sub-rogação, pagamento em consignação e remissão.
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[1] Esclarecem Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias (2008, p. 266-267) o atual Código Civil reserva o Título III do Livro I (obrigações) para a denominação Do Adimplemento e Extinção das Obrigações?. Aqui já há uma correta estruturação da temática, pois o termo adimplemento doravante será considerado somente quando houver o cumprimento voluntário, adequado e direto da obrigação adimplemento em sentido estrito. Por sua vez, o vocábulo extinção refere-se ao cumprimento indireto das obrigações (adimplemento em sentido amplo), pelas variadas formas localizadas nos arts. 334 e seguintes do Código Civil. Aliás, algumas formas de extinção das obrigações nem mesmo se conformarão a um adimplemento lato sensu, pois a relação jurídica chegará a termo sem a satisfação do débito (v.g. confusão e remissão). Em nível metodológico, há outro acerto do Código Civil de 2002. A fase patológica do inadimplemento das obrigações é remetida para o título subsequente ao do adimplemento (Título IV). Nos arts. 389 a 420 o legislador insere excelente tratamento das consequências legais (juros), judiciais (perdas e danos) e convencionais (cláusula penal e arras) do descumprimento das obrigações.
[2] Ensina Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 163) que em três hipóteses admite-se que o credor possa recusar, de terceiro, o pagamento: 1ª.) se há, no contrato, expressa declaração proibitiva; 2ª.) se lhe traz prejuízo; 3ª.) se a obrigação, por sua natureza, tem de ser cumprida pessoalmente pelo devedor, nos contratos intuitu personae.
[3] O ?adjectus solutionis causa tanto é pessoa nominalmente designada no próprio título para receber a prestação, quanto pode ser simples cobrador designado pelo credor.
[4] Explicam Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias (2008, p. 276) que certamente, em uma interpretação do art. 308 conforme a Constituição Federal, há de se aplicar o princípio da razoabilidade. O pagamento só será eficaz à luz do caso concreto se restar claro o exercício do dever anexo de diligência do devedor no sentido de efetuar responsavelmente o pagamento a quem lhe parecia idôneo a receber, em razão das circunstâncias fáticas. A boa-fé objetiva não é apenas um modelo de comportamento atribuível ao credor, mas, indistintamente, a todos os partícipes da relação obrigacional (art. 422, CC)?.
[5] É termo que deriva do latim quietare que significa acalmar, deixar tranquilo. É forma de deixar tranquilo o devedor? (Inácio de Carvalho Neto, 2009, p. 183).
[6] Lembre-se que a quitação pode ser dada por instrumento particular ainda que a dívida tenha sido contraída por instrumento público.
[7] Existem também dívidas mistas que demandam deslocamento tanto do devedor quanto do credor para o pagamento.
Estratégias de Aprendizagem
Indicação de Leitura Específica
Recursos
Quadro e pincel; datashow    
Aplicação: articulação teoria e prática
Caso Concreto
João deve R$ 1.000,00 a Pedro que recebe esse valor, por depósito em sua conta bancária, após o vencimento da dívida, conforme prometera João. Acreditando haver recebido a dívida, Pedro remeteu o título a João, dando-lhe quitação da dívida e, em seguida, recebeu uma cobrança de seu sócio José que alega haver depositado a importância em conta errada e por engano. O que deve fazer José para reaver seu dinheiro?
Questões Objetivas
1. Considerando o lugar do pagamento, não dispondo de forma expressa a convenção entre as partes, pode-se dizer que pelo direito brasileiro:
a) A presunção é que o pagamento seja quesível, devendo o devedor ser procurado pelo credor;
b) A presunção é que o devedor ofereça o pagamento ao credor no domicílio deste;
c) O devedor sempre pagará onde o credor indicar, podendo mudar constantemente;
d) A opção do lugar de pagamento sempre caberá somente ao devedor;
2. “A” é devedor de “B”. “C” que não tem nenhum interesse na obrigação, paga a dívida. 
Assinale a alternativa correta (60º Exame de ordem /MS):
a) Se “C” pagou em nome do devedor não terá direito a receber o que pagou.
b) Se “C” pagou em seu próprio nome sub-roga-se nos direitos do credor.
c) “B” não está obrigado a dar quitação sem a anuência de “A”.
d) Se “C” pagou em seu próprio nome tem direito a se reembolsar, mas só se sub-roga nos direitos do credor se este autorizar.
Avaliação
Caso Concreto   
João deve R$ 1.000,00 a Pedro que recebe esse valor, por depósito em sua conta bancária, após o vencimento da dívida, conforme prometera João. Acreditando haver recebido a dívida, Pedro remeteu o título a João, dando-lhe quitação da dívida e, em seguida, recebeu uma cobrança de seu sócio José que alega haver depositado a importância em conta errada e por engano. O que deve fazer José para reaver seu dinheiro?Sugestão de gabarito: José, demonstrando erro, pode reclamar de João a restituição do valor depositado.
Questões Objetivas
1. Considerando o lugar do pagamento, não dispondo de forma expressa a convenção entre as partes, pode-se dizer que pelo direito brasileiro:
a) A presunção é que o pagamento seja quesível, devendo o devedor ser procurado pelo credor;
b) A presunção é que o devedor ofereça o pagamento ao credor no domicílio deste;
c) O devedor sempre pagará onde o credor indicar, podendo mudar constantemente;
d) A opção do lugar de pagamento sempre caberá somente ao devedor;
2. “A” é devedor de “B”. “C” que não tem nenhum interesse na obrigação, paga a dívida. 
Assinale a alternativa correta (60º Exame de ordem /MS):
a) Se “C” pagou em nome do devedor não terá direito a receber o que pagou.
b) Se “C” pagou em seu próprio nome sub-roga-se nos direitos do credor.
c) “B” não está obrigado a dar quitação sem a anuência de “A”.
d) Se “C” pagou em seu próprio nome tem direito a se reembolsar, mas só se sub-roga nos direitos do credor se este autorizar.
Gabarito: 
1 – LETRA – A
2 – LETRA - A
Considerações Adicionais
Prof. René Dellagnezze

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