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ORGANIZAÇÃO INTERNA DO CORPO PRIMÁRIO DO VEGETAL As células se associam de diferentes maneiras, formando unidades estruturais e funcionais denominadas tecidos. Os tecidos por sua vez, se agrupam formando unidades maiores de acordo com a sua função e posicionamento no corpo da planta, denominadas sistemas de tecidos. São três os sistemas de tecidos presentes em todos os órgãos, o que revela a similaridade entre todos eles. São três os sistemas de tecido: (a) sistema dérmico ou de revestimento; sistema vascular e sistema fundamental. Os sistemas de tecidos têm origem a partir dos meristemas primários durante o desenvolvimento do embrião, respectivamente a partir da protoderme, procâmbio e sistema fundamental. O sistema fundamental e formado pelos três tecidos fundamentais: parênquima colênquima e esclerênquima, O sistema vascular é formado pelos tecidos de condução, xilema e floema e o sistema dérmico pela epiderme, o tecido de revestimento do corpo primário da planta, que pode vir a ser substituída mais tarde, pela periderme em regiões do corpo que apresentem crescimento secundário em espessura. Os tecidos vegetais estão distribuídos nos órgãos da planta segundo padrões definidos, mas de uma maneira geral, o sistema vascular é envolvido pelo sistema fundamental e ambos revestidos externamente pelo sistema dérmico. Os tecidos podem ser definidos como grupos de células que apresentam estrutura e função semelhantes. Os tecidos formados por apenas um tipo de células são denominados tecidos simples, como é o caso do parênquima, colênquima e esclerênquima. Aqueles tecidos, como a epiderme (e também a periderme) e os tecidos vasculares (xilema e floema) que apresentam vários tipos celulares diferentes em sua constituição são denominados tecidos complexos. SISTEMA FUNDAMENTAL PARÊNQUIMA 1. INTRODUÇÃO As características apresentadas pelas células parenquimáticas levou os pesquisadores a acreditarem que o parênquima seja o tecido mais primitivo dos vegetais. A origem parênquima, ou seja, de grupos de células ligadas por meio de plasmodesmos, parece ter surgido pela primeira vez nas algas Charophyceae. Os fósseis de plantas terrestres primitivas mostram que estes vegetais já apresentavam o corpo formado por parênquima e que este tecido já apresentava as características do parênquima encontrado nos musgos e nas hepáticas atuais. Acredita-se que durante a evolução o parênquima foi sofrendo modificações, dando origem aos diferentes tecidos que constituem o corpo do vegetal, se especializando para atender diferentes funções. O parênquima é o principal representante do sistema fundamental de tecidos, e é entendido pela Botânica como sendo o tecido que preenche o corpo da planta, recebendo também o nome de tecido fundamental. É encontrado em todos os órgãos da planta, formando um contínuo por todo o corpo do vegetal: no córtex da raiz, no córtex e na medula do caule e no mesofilo foliar. O parênquima pode existir ainda, como células isoladas ou em grupos, fazendo parte do xilema do floema e da periderme. Assim, o parênquima pode ter origem diversa, a partir do meristema fundamental do ápice do caule e da raiz, dos meristemas marginais das folhas e, nos órgãos que apresentam crescimento secundário, podem originar-se do câmbio vascular e do felogênio. Figura 1 – Esquema de uma célula parequimática. http://www.progressivegardens.com 2. CARACTERÍSTICAS DO TECIDO As células parenquimáticas, geralmente, apresentam paredes primárias delgadas, cujos principais componentes são a celulose, hemicelulose e as substâncias pécticas. Essas paredes apresentam os campos primários de pontoação atravessados por plasmodesmas, por onde o protoplasto de células vizinhas se comunica. Algumas células parenquimáticas podem apresentar paredes espessadas, como se observa no parênquima de reserva de muitas sementes como, por exemplo, no caqui (Diospyros virginiana) (Fig. 1) e no café (Coffea arabica). Nestas sementes, a hemicelulose da parede das células do endosperma é a substância de reserva, que será utilizada pelo vegetal durante a germinação da semente e desenvolvimento inicial da plântula. As células parenquimáticas geralmente são vivas e apresentam vacúolos bem desenvolvidos. Essas células são descritas como isodiamétricas (Fig. 1), entretanto, sua forma pode variar. Quando isoladas são mais ou menos esféricas, mas adquirem uma forma definida por ação das várias forças, ao se agruparem para formar um tecido. O conteúdo dessas células varia de acordo com as atividades desempenhadas, assim podem apresentar numerosos cloroplastos, amiloplastos, substâncias fenólicas, etc. Como são células vivas e nucleadas, podem reassumir características meristemáticas, voltando a apresentar divisões celulares quando estimuladas. A cicatrização de lesões, regeneração, formação de raízes e caules adventícios e a união de enxertos, são possíveis devido ao retomada da atividade meristemática das células do parênquima. As células parenquimáticas podem ser consideradas simples em sua morfologia, mas devido à presença de protoplasma vivo, são bastante complexas fisiologicamente. No parênquima é comum à presença de espaços intercelulares formados pelo afastamento das células, espaços esquizógenos (Fig. 2). O tamanho e a quantidade desses espaços variam de acordo com a função do tecido. 3. TIPOS DE PARÊNQUIMA Dependendo da posição no corpo do vegetal, do conteúdo de suas células e sua função, o parênquima pode ser classificado em: 3.1 Fundamental - Cortical e Medular: É formado por células aproximadamente, isodiamétricas, vacuoladas, com pequenos espaços intercelulares (Fig. 2), e é encontrado no córtex (cortical) e na medula (medular) de caules e raízes. Em geral suas células apresentam um grande vacúolo, ficando o citoplasma restrito à periferia, formando uma fina camada junto à parede celular. Figura 3. Parênquima Fundamental. 3.2 Clorofiliano: Ocorre nos órgãos aéreos dos vegetais, principalmente, nas folhas. Suas células apresentam paredes primárias delgadas, numerosos cloroplastos e são intensamente vacuoladas. O tecido está envolvido com a fotossíntese, convertendo energia luminosa em energia química, armazenando-a sob a forma de carboidratos. Os dois tipos de parênquima clorofiliano mais comuns encontrados no mesofilo são: o parênquima clorofiliano paliçádico, cujas células cilíndricas se apresentam dispostas perpendicularmente à epiderme e o parênquima clorofiliano lacunoso, cujas células, de formato irregular, se dispõem de maneira a deixar numerosos espaços intercelulares (Fig. 4). Figura 4. Parênquima Clorofiliano (Chlorenchyma) 3.3 Reserva: O parênquima pode atuar como tecido de reserva, armazenando diferentes substâncias ergásticas, como por exemplo, amido (Fig. 5), proteínas, óleos, etc., resultantes do metabolismo celular. São bons exemplos de parênquimas de reserva, o parênquima cortical e medular dos órgãos tuberosos e o endosperma das sementes (Fig. 2). Figura 2 - Endosperma de Diospyrus. Parênquima de reserva com paredes celulares primárias espessas http://botit.botany.wisc.edu Figura 5 – Parênquima de reserva no tubérculo de Solanum tuberosu (batatinha). 3.4 Aerênquima: As angiospermas aquáticas e aquelas que vivem em solos encharcados, desenvolvem parênquima com grandes espaços intercelulares, o aerênquima, que pode ser encontrado no mesofilo, pecíolo, caule e nas raízes (Fig. 6) dessas plantas. O aerênquima promove a aeração interna nas plantas aquáticas, além de conferir-lhes leveza para a sua flutuação. Figura 6. Aerênquima do caule de Cyperaceae. 3.5 Aquífero: As plantas suculentas de regiões áridas, comocertas cactáceas, euforbiáceas e bromeliáceas possuem células parenquimáticas que acumulam grande quantidade de água - parênquima aqüífero (Fig. 5). Neste caso, as células parenquimáticas são grandes e apresentam grandes vacúolos contendo água e seu citoplasma aparece como uma fina camada próxima à membrana plasmática. Figura 7. Parênquima aqüífero da folha de Phormium tenax 3.6 Lenhoso: Geralmente, o parênquima apresenta apenas paredes primárias, mas as células do parênquima medular, bem como do parênquima do xilema secundário podem desenvolver paredes secundárias lignificadas, formando o chamado parênquima lenhoso. 3.7 Células de Transferência: Em muitas partes da planta, grandes quantidades de material são transferidas rapidamente às curtas distâncias, através de um tipo especial de células parenquimáticas denominadas células de transferência. Essas células apresentam modificações nas suas paredes, formando inúmeras invaginações voltadas para a face interna (Fig. 7). Estas invaginações consistem numa forma especializada de parede secundária não lignificada, depositada sobre a parede primária. A plasmalema acompanha essa parede irregular, aumentando a superfície de absorção ou secreção de substâncias pelo protoplasma destas células. As células de transferência, geralmente, aparecem associadas aos elementos de condução do xilema e do floema, às estruturas secretoras, entre outras, sempre relacionadas com o transporte de nutrientes à curta distância. Figura 8. Detalhe de células de transferência. Foto de Esau, E. (Plant Anatomy)
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