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KANT E A FILOSOFIA CRÍTICA

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KANT E A FILOSOFIA CRÍTICA 
A. A CONCEPÇÃO KANTIANA DE FILOSOFIA 
-Os questionamentos de Hume abalaram profundamente Kant, que visava 
empreender uma defesa do racionalismo contra o empirismo cético. 
Percebeu, no entanto, a importância das questões levantadas pelos 
empiristas, destacadamente Hume, e acabou por elaborar uma filosofia que 
caracterizou como racionalismo crítico, pretendendo precisamente superar a 
dicotomia entre racionalismo e empirismo. 
-Kant define a filosofia como “a ciência da relação de todo o conhecimento e 
de todo uso da razão com o fim último da razão humana”, caracterizando-se 
pelo tratamento de quatro questões fundamentais: 
1. O que posso saber? Questão que diz respeito à metafísica, no sentido 
kantiano de investigação sobre a possibilidade e legitimidade do 
conhecimento. 
2. O que devo fazer? Cuja resposta é dada pela moral. 
3. O que posso esperar? O problema da esperança, de que trata a religião. 
4. O que é o homem? Objeto da antropologia, à qual em última análise se 
reduzem as outras três e que é na verdade a mais importante das 
quatro. 
-Tendo em vista estas questões, o filósofo deve determinar: 
1. As fontes do saber humano; 
2. A extensão do uso de possível e útil de todo saber; 
3. Os limites da razão. 
Sendo este último item o mais difícil, porém o mais necessário, na perspectiva 
da filosofia crítica. 
-Um dos objetivos fundamentais da filosofia na Crítica da razão pura, que 
trata da razão teórica, isto é, do uso da razão no conhecimento da realidade, é 
precisamente estabelecer critérios de demarcação entre o que podemos 
legitimamente conhecer e as falsas pretensões ao conhecimento que nunca 
se realiza. 
-Dogmatismo -“á pretensão de progredir apenas com um conhecimento puro 
baseado em conceitos filosóficos, segundo princípios há tempos usados pela 
razão, sem se indagar, contudo de que modo e com que direito ela chegou a 
eles.” A tarefa da crítica consiste assim em examinar os limites da razão 
teórica e estabelecer os critérios de um conhecimento legítimo. 
B. A Crítica Da Razão Pura 
-Kant formulou sua concepção de uma filosofia transcendental, uma 
investigação que, “em geral, se ocupa não tanto com objetos, mas com o 
nosso conhecimento de objetos”, a filosofia transcendental, portanto, contém 
a teoria do conhecimento de Kant, ou seja, sua análise das condições de 
possibilidade do conhecimento, por meio da qual se pode delimitar a ciência 
da pseudociência, distinguindo o uso cognitivo da razão, que efetivamente 
produz conhecimento do real, de seu uso meramente especulativo, em que 
ao pensamento não corresponde objetos. 
-Kant formula a famosa metáfora da Revolução Copernicana na filosofia, que 
pretende empreender. Assim como Copérnico teria invertido o modelo 
tradicional de cosmo em que o Sol girava em torno da Terra, mostrando ser a 
Terra que girava em Torno do Sol, do mesmo modo, na relação de 
conhecimento, não é o sujeito que se orienta pelo objeto (real), como quis a 
tradição, mas o objeto que é determinado pelo sujeito. 
-Assim, investigar as condições de possibilidade do conhecimento, ou seja, o 
modo pelo qual, na experiência de conhecimento, sujeito e objeto são, 
portanto, para Kant, termos relacionais, que só pode ser considerada 
legítima... Só há objeto para o sujeito, só há sujeitado se este se dirige ao 
objeto, visa apreende-lo. 
A FILOSOFIA MORAL DE KANT 
-No mundo dos fenômenos, da realidade natural, tudo depende de uma 
determinação causal. Ora, se o homem é parte da natureza e as ações 
humanas ocorrem no mundo natural, então suas ações seguem uma 
determinação causal e o homem não é livre de nem responsável pelos seus 
atos. Porém, o homem é essencialmente um ser racional e por isso se 
distingue da ordem natural, não estando, no campo do agir moral, submetido 
às leis causais, mas sim aos princípios morais derivados de sua razão, ao deve, 
portanto. É este o sentido da liberdade humana no plano moral. A moral é 
assim independente do mundo da natureza. No campo do conhecimento, 
Kant parte da existência da ciência para investigar suas condições de 
possibilidade; no campo da ética, parte da existência da consciência moral 
para estabelecer seus princípios. 
-O objetivo fundamental de Kant é, portanto, estabelecer os princípios a 
priori, ou seja, universais e imutáveis, da moral. Imperativo Categórico (ou 
absoluto): “Age de tal forma que sua ação possa ser considerada como norma 
universal”. Imperativos Hipotéticos, por sua vez, têm um caráter prático, 
estabelecendo uma regra para a realização de um fim, como “Se você quiser 
ter credibilidade, cumpre suas promessas.” 
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HEGEL E A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRICA 
A. A CRÍTICA DE HEGEL A KANT 
-Kant critica o sujeito cartesiano, o caráter psicológico da experiência desse 
sujeito e os pressupostos metafísicos de uma consciência entendida como 
uma substância pensante. Hegel, por sua vez, critica a concepção kantiana de 
um sujeito transcendental como excessivamente formal, a consciência 
considerada como dada, como originária, sem que Kant jamais se pergunte 
pela sua origem, pelo processo de formação da subjetividade. Questiona 
também a dicotomia kantiana entre a razão teórica e a razão prática. 
B. CONSCIÊNCIA E HISTÓRIA 
Cento e cinquenta 
-Hegel formula sua concepção do processo de formação da consciência. Trata-
se de um tríplice processo, ou de uma tríplice dialética, consistindo em três 
elementos básicos: 1) as “relações morais”, isto é família, ou a vida social; 2) a 
linguagem, ou os processos de simbolização; e 3)o rabalho, ou a maneira 
como o homem interage com a natureza para dela extrair seus meios de 
subsistência, elemento que será valorizado fundamentalmente por Marx. 
-Enquanto Kant partia de unidade transcendental da consciência como 
originária com base em sua noção de autoconsciência, Hegel ao contrário, 
considera que a unidade da autoconsciência não é originária, só podendo ser 
concebida como resultado de um processo de desenvolvimento que se 
caracteriza por essas três dimensões básica. 
-As relações Morais: explicam o papel de outro na formação da consciência de 
um indivíduo. Ele só se torna um sujeito na medida em que é reconhecido 
como tal pelo outro, ou seja, pelas outras consciências. Este reconhecimento 
se dá inicialmente na família e posteriormente na vida social. 
-O trabalho: Mostra como a consciência é formada igualmente pelo modo 
como o homem interage com a natureza e a considera como objeto do qual 
pode extrair os meios de sua subsistência. 
-A linguagem: os sistemas de representação, as relações simbólicas, revela 
como a síntese do múltiplo da nossa experiência sensível depende do 
emprego de símbolos que nós próprios produzimos. 
C. A DIALÉTICA DO SENHOR E DO ESCRAVO. 
-Um dos textos mais fundamentais da análise hegeliana do processo de 
formação da consciência é a dialética do senhor e do escravo, uma imagem 
que Hegel faz da importância da relação com o outro na constituição da 
identidade. 
-Através dessa metáfora, Hegel procura retratar o processo de constituição da 
identidade da consciência em sua luta pelo reconhecimento pelo outro, a 
outra consciência. Inicialmente uma consciência visa submeter a outra, ao 
apreendê-la como objeto. Porém, precisa ser reconhecida pela outra, ou seja, 
precisa considera-la como sujeito. Assim, a outra consciência é ao mesmo 
tempo sujeito e objeto. 
-A dialética do senhor e do escravo descreve uma relação assimétrica entre as 
duas consciências que se tratam como sujeito e objeto, e não uma relação 
entre dois sujeitos, como deveria ser, umarelação de reconhecimento mútuo 
e recíproco. 
D. OS HEGELIANOS 
-A principal de Hegel deveu-se sobre tudo à sua concepção de história e à sua 
interpretação da história da filosofia. Hegel foi efetivamente o primeiro a 
elaborar uma filosofia da história, e, na verdade mesmo, uma filosofia da 
história da filosofia. Nesse sentido, todas as histórias da filosofia desde então 
tornaram-se tributárias de sua concepção da história da filosofia, da 
periodização que estabelece, dos critérios que utiliza para tal e dos conceitos 
que introduz. 
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MARX E A CRITÍCA DA IDEOLOGIA 
-Marx não foi estritamente um filósofo, embora tenha uma obra filosófica 
importante; sua filosofia, bem como suas ideias revolucionárias, foram forças 
teóricas e políticas fundamentais do séc. XX. 
A. MARX FILÓSOFO: A RADICALIZAÇÃO DA CRÍTICA 
-Embora Marx considere a filosofia teórica da tradição como uma simples 
forma de idealismo, desvinculada da realidade social concreta e, nesse 
sentido, inútil. “Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diferentes 
maneiras; e o que importa é transformá-lo”, podemos situar seu próprio 
pensamento como parte da tradição moderna da filosofia crítica. 
-Assim como Kant pretendeu radicalizar a concepção da critica dos empiristas 
e dos racionalistas, buscando superar a oposição entre ambos e estabelecer 
um principio ainda mais fundamental que o cogito ou a experiência, em seu 
caso o “sujeito transcendental”, Hegel igualmente fará uma critica a Kant, 
buscando, mais uma vez, radicalizar a crítica e encontrar algo de mais 
fundamental. 
-Podemos situar o pensamento de Marx precisamente nessa linha que se 
inaugura no início da modernidade, com a busca de um método filosófico 
para combater as ilusões da consciência e assim libertar o homem. Marx pode 
ser visto, portanto, também como um filósofo crítica, que procura radicalizar 
ainda mais o projeto de crítica da modernidade. 
-A crítica a Marx a Hegel e aos hegelianos diz respeito fundamentalmente a 
seu idealismo. A interpretação hegeliana do processo histórico e da formação 
da consciência restringe-se ao plano das ideias e representações, do saber e 
da cultura, não levando em conta as bases matérias da sociedade em que este 
saber esta cultura são produzidos e em que a consciência individual é 
formada. 
-A questão central da análise de Marx passa a ser, portanto o trabalho, 
questão aliás, praticamente ausente da análise dos filósofos desde a 
Antiguidade. O trabalho é uma relação invariante entre a espécie humana e 
seu ambiente natural, uma perpétua necessidade natural da vida humana. 
-Podemos considerar de certa forma, a filosofia de Marx como uma “filosofia 
do fim da filosofia”. Para Marx, a filosofia indica a necessidade da prática 
revolucionária, de “transformar o mundo”. A análise filosófica tradicional 
deve dar lugar assim a uma análise econômica, política, histórica, sociológica. 
B. A crítica da ideologia 
-A ideologia é, assim, uma forma de dominação, gerando uma falsa 
consciência, uma consciência ilusória, que produz através de mecanismo pelos 
quais de objetificam certas representações (as da classe dominante) como 
sendo a verdadeira realidade.

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