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resenha do texto a ralé brasileira do jessé souza

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Universidade de Brasília
Aluna: Larissa Andrade de Sousa
Matrícula: 15/0014802
A ralé brasileira
	Há uma ideia de que os problemas sociais e políticos brasileiros e os locais onde atuam são devidamente conhecidos. Essa falsa ideia se baseia na crença de que nenhuma mudança efetiva aconteceu no cotidiano dos brasileiros mais pobres, uma vez que a desigualdade brasileira faz parte de um processo histórico muito antigo. Porém tais teses não condizem com a realidade e servem para naturalizar e legitimar a desigualdade.
	A perpetuação da falta de conhecimento sobre o contexto social brasileiro, a análise fundamentada em números e estatísticas sem a preocupação em interpretar as reais causas da desigualdade e uma valorização exacerbada do mercado como o único meio de gerar uma melhora do bem-estar social criam um cenário que pouco acrescenta na compreensão dos fatores que aprisionam milhões de brasileiros em condições miseráveis.
	A divisão de classes não se trata apenas de uma questão econômica, mas de uma herança imaterial traduzida na socialização que cada indivíduo recebe da família, que proveem os mecanismos para se comportar e naturalizar sua posição na sociedade.
	Não se leva em consideração as precondições sociais, morais e emocionais transmitidas de pais para filhos e isso fica evidente pela ideia de meritocracia tão enraizada na nossa sociedade onde os privilégios são justos e frutos do esforço individual.
	Podemos explicar o desenvolvimento social e político em sociedades mais igualitárias e liberais ou com características opostas a essas através da identidade nacional. Trata-se do mito de pertencimento nacional onde o senso comum de cada brasileiro sem formação técnica compreender o meio social onde vive, acredita que a brasilidade é dessa ou daquela forma e é assim mesmo, algo naturalizado.
	Na modernidade tem-se a liberdade e a igualdade como componentes básicos e todos os homens têm acesso a eles, embora a realidade seja o oposto disso, o senso comum cria tal ilusão e o cidadão de classe baixa inserido numa condição que não lhe concede o privilégio e o tempo para fazer uma reflexão crítica e perceber que as pessoas não têm as mesmas oportunidades e dificilmente alcançarão certas posições de poder na sociedade. 
	O apagamento das determinações sociais separa o indivíduo da sociedade, a partir disso é possível culpar os pobres pelas condições em que vivem e vê-los como pessoas preguiçosas que não merecem ter mais privilégios porque não se esforçaram para serem recompensadas pelo seu desempenho.
	A família é o primeiro elo da cadeia que causa as desigualdades, visto que ela fornece aos filhos as habilidades sociais para se alcançar o sucesso tais como autocontrole e disciplina. As famílias de cada classe social transmitem ensinamentos semelhantes, isso explica porque certos comportamentos são comuns entre elas e o caminho que cada indivíduo percorrerá está pré-definido pela posição social que ocupa e outras pessoas com a mesma posição terão o mesmo destino.
	Podemos concluir que o que separa os ricos dos pobres não é apenas uma questão de renda, mas os ensinamentos transmitidos nos lares que são invisíveis na sociedade. Os pais socialmente vulneráveis não podem transmitir tais ensinamentos porque eles mesmos não possuem essa bagagem cultural como experiência própria que sirva como exemplo para os filhos que aprendem por uma reprodução afetiva.	
	É através do conflito e das manifestações populares que os cidadãos franceses impedem o sucateamento do Estado social pelo liberalismo econômico. Porém o brasileiro vê o conflito como algo ruim, consequentemente o senso comum que aprisiona as pessoas é perpetuado e não há espaço para o debate e reflexão para que possamos superar as barreiras históricas que sustentam as desigualdades.

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