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Capacidade de uso das Terras Prof° Jaime Luiz Lovatel Capacidade de uso das Terras A idéia de capacidade de uso das terras, está associada às possibilidades e as limitações que elas apresentam. Capacidade de uso da terra ou de uma gleba e a sua adaptabilidade para usos diversos sem que se depaupere e se desgaste É a tecnologia pela qual se dá a cada gleba o uso mais adequado de forma a manter as suas características ou potencialidade de uso. Capacidade de uso das Terras Para se distribuir as terras em grupos ou classes de capacidade de uso são consideradas algumas características tais como: Profundidade efetiva Permeabilidade Textura Declive Erosão Pedregosidade Riscos de inundação Uso total As terras, quaisquer que sejam elas, onde quer que estejam podem ser classificadas em 3 grupos. Capacidade de uso das Terras As terras, quaisquer que sejam elas, onde quer que estejam podem ser classificadas em 3 grupos (A,B,C) e 8 classes (I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII). Os grupos definem o uso a ser dado ou o uso que a terra comporta, enquanto as classes indicam uso e tecnologias de conservação do solo a serem usados. Capacidade de uso das Terras Classe I a - Normalmente são glebas com solos profundos, de boa topografia (planas ou pouco acidentadas), boa retenção de água, fertilidade média ou alta, sem riscos de inundação, sem encharcamento. Nelas não há afloramentos de rochas nem pedras na superfície. b - Podem ser usadas com culturas anuais, culturas perenes, pastagem, reflorestamento e vida silvestre. c - Requerem, práticas simples de conservação do solo, tais como: cultivos em nível, rotação de culturas, adubação e cal agem de manutenção, etc. . . Capacidade de uso das Terras Classe II a - Áreas de boa fertilidade, profundidade efetiva razoável a boa (entre 0,50 a 2,00 m), drenagem interna de moderada a excessiva, sem pedras ou com menos de 1%da área coberta de pedra, sem risco de inundação, declividade menor que 5%, erosão ligeira. Apresentam, portanto, algumas limitações de uso (limitações moderadas). Pequenos riscos de desgaste e depauperamento. b - Glebas que podem ser usadas com culturas anuais, culturas perenes, pastagem, reflorestamento e vida silvestre. Capacidade de uso das Terras Classe II c - Necessitam tecnologias simples e pouco intensivas de conservação do solo como: adubação e calagem, cultivos em nível, rotação de culturas, manejo do mato, controle das queimadas" etc. . . Capacidade de uso das Terras Classe III a - Terras com riscos graves de desgaste ou severas limitações de uso. Podem apresentar baixa fertilidade, podem ser rasas, ter drenagem interna excessiva, serem pedregosas (até 10% da área), sujeitas à inundações periódicas. A declividade chega a 12%. Apresenta erosão laminar ligeira e sulcos ocasionais. b - Indicadas para culturas anuais, culturas perenes, pastagem, reflorestamento e vida silvestre. c - Exigem práticas severas e intensivas de conservação do solo como terraceamento, embaciamento, adubações e calagem corretivas, etc. Capacidade de uso das Terras Classe IV a - Terras com grandes problemas ou riscos. Limitações muito sevéras de uso. Podem apresentar declividade acentuada (até 20%) , erosão severa, fertilidade baixa. As vezes com graves problemas de natureza física como pedregosidade elevada, pequena profundidade efetiva e drenagem interna deficiente. Mecanização difícil. b - São terras que se prestam para pastagem, reflorestamento e vida silvestre; só ocasionalmente, dependendo da limitação, podem ser usadas com culturas anuais ou permanentes. Capacidade de uso das Terras Classe IV c - Requerem práticas intensivas e severas de conservação do solo; práticas difíceis de aplicar e manter. Capacidade de uso das Terras Classe V a - São terras que apresentam impedimentos permanentes sem possibilidade de correção, como encharcamento, baixa capacidade de armazenamento d'água, adversidade climática, inundações freqüentes, afloramentos de rochas ou pedregosidade de até 50% da área. São terras planas e sem erosão. b - Só indicadas para pastagens, reflorestamento e vida silvestre. c - São glebas que se caracterizam por apresentarem limitações de solução difícil ou inviável técnica e economicamente. Capacidade de uso das Terras Classe VI a - Áreas com grandes limitações de uso, tais como: declividade acentuada (até 40%), pequena profundidade efetiva (às vezes menos de 0,25 m), pedregosidade excessiva (pode chegar a 50% da área), baixa fertilidade, etc. . . b - São terras que possuindo grandes limitações só podem ser usadas com pastagem, reflorestamento e vida silvestre. Capacidade de uso das Terras Classe VI c - Exigem práticas especiais de conservação do solo como: plantios sem preparo ou com preparo reduzido do solo, sub-divisão e manejo de pastagem, adubações e calagens corretivas, etc. Capacidade de uso das Terras Classe VII a - Engloba terras declivosas, erodidas, pedregosas ou rasas ou ainda com grande deficiência de água. A declividade pode ser superior a 40% gerando erodibilidade intensa (VII e) e impedindo a mecanização. A pedregosidade abrangendo mais de 50% da área, solos rasos e afloramentos de rochas (Vlls) Pode também se caracterizar por limitações climáticas severas (Vllc). b - Terras impróprias para culturas anuais e permanentes; recomendadas para pastagem, reflorestamento e vida silvestre. Capacidade de uso das Terras Classe VII c - Evitar o preparo do solo; subdividir as pastagens e controlar o pastejo; evitar as queimadas; disciplinar as explorações das matas. Capacidade de uso das Terras Classe VIII a - Terras com limitações permanentes e definitivas. São sobretudo terras acidentadas, pedregosas e estéreis ou pântanos e brejos irrecuperáveis. b - Não permitem uso agrícola econômico. Só recomendadas para preservação da flora e fauna e para recreação turismo e armazenamento d'água. As classes de capacidade de uso são dadas por determinadas ca- racterísticas ou condições apresentadas pelo solo. Características internas e externas que influem direta ou indiretamente no seu uso. (tipo de exploração) e nos processos de desgaste (sobretudo erosão). Assim, a profundidade efetiva determina a cultura a ser plantada; Capacidade de uso das Terras Classe VIII c - Não se pode plantar uma cultura de sistema radicular profundo em um solo raso; pode, também, condicionar a tecnologia de controle à erosão; não se recomenda terraços em nível em solos rasos. d- A declividade influi na mecanização, e consequentemente, na cultura a ser feita e também na erosão. Em declives acentuados, desaconselha-se o plantio de culturas anuais, que exigem preparo do solo todos os anos. Em declives acentuados a erosão é grande exigindo práticas intensivas de controle à erosão. Capacidade de uso das Terras As principais características para determinação da capacidade de uso são: • Profundidade efetiva • Permeabilidade • Fertilidade • Pedregosidade • Risco de inundação Estudando-se essas características de cada gleba pode-se chegar a sua capacidade de uso, ou seja, a sua classe de uso. Profundidade Efetiva Profundidade efetiva é a espessura do solo que pode ser explorado pelas raízes das plantas. Textura Textura refere-se a proporção em que as partículas de areia, limo e argila entram na composição do solo. Pode ser avaliada no campo, manipulando-seuma amostra molhada, e classificada da seguinte maneira, mostrada na tabela a seguir. Permeabilidade Permeabilidade e a capacidade que o solo apresenta de se deixar passar pela água e pelo ar. Esta normalmente ligada a textura do solo. Declive O declive e dado em porcentagem e as porcentagens de declive são agrupadas em classes que recebem símbolos. Erosão O critério usado para avaliação da erosão laminar e a espessura do horizonte superficial ou o atingimento de horizontes mais profundos (B e C). Seria, se pudéssemos fazer isso, a diferença entre a profundidade do horizonte A virgem e a profundidade do horizonte A quando do levantamento. Erosão A erosão em sulcos e avaliada em função da frequência, da profundidade dos sulcos e da porcentagem de área que ocupam. Uso Atual O uso atual e/ou a cobertura vegetal, característica importante para se estabelecer a usa e as tecnologias de conservação do solo, também devem ser levantadas. Uso Atual A profundidade efetiva, textura, permeabilidade, declividade, erosão e a usa atual são características de conhecimento obrigatório quando se pretende determinar, a capacidade de usa das terras. Além delas, entretanto, existem outras as vezes tão importante quanto elas e que podem limitar ou indicar o uso ou as tecnologias conservacionistas a usar. Como por exemplo: Pedregosidade, Inundação e Produtividade aparente. Uso Atual As características ou fatores, por comodidade e praticidade, são representados por símbolos, letras ou números, e dispostos em uma sequencia conhecida como FORMULA, que serve para sintetizar as condições encontradas para cada área considerada como homogênea. As formulas são escritas, por ocasião do levantamento, no mapa e dentro dos limites da gleba que ela representa. Uso Atual O trabalho para se determinar as classes de capacidade de uso e realizado em duas etapas: A - Levantamento de campo, em que se percorre as glebas, colhendo materiais, delimitando as glebas e registrando informações. Nessa fase determina-se a declividade (com o clinômetro), estuda-se o perfil (textura, permeabilidade, profundidade efetiva, determina-se a erosão, o uso atual, observa-se e determina-se a existência de fatores limitantes. Delimita-se as glebas e registra-se todas as informações nos mapas ou fotografias aéreas. Uso Atual b - trabalho de escritório, quando são feitos os mapas e os registros definitivos e são estabelecidas as classes de capacidade de usa e elaborado o memorial descritivo onde são recomendados os usos e as tecnologias mais próprias para cada gleba, de forma a se tirar delas o máximo de rendimento de maneira permanente. O uso das terras segundo a capacidade de uso é de fundamental importância na agricultura. É tão importante e racional que muitos agricultores que nunca ouviram falar no assunto, sem o saberem, instintivamente, usam-no. Práticas de controle de erosão conforme classe de Solo Práticas de controle de erosão conforme classe de Solo Existe um grande número de práticas ao procedimentos que podem ser usados no controle a erosão. As práticas são recomendadas levando-se em conta, principalmente, solo, cultura e clima. Normalmente são uma pratica e insuficiente para reduzir a erosão a níveis aceitáveis ou desejados; quase sempre recomenda-se um conjunto de práticas. Aceita-se, ao se planejar o controle à erosão de uma gleba, reduzir as perdas a 15 toneladas/ha/ano; haveria, assim, um equilíbrio entre as perdas e a formação de solos. Acredita-se que são formados 15 ton/ha/ano de solo, em média. Práticas de controle de erosão conforme classe de Solo Para se recomendar corretamente as tecnologias de controle a erosão, há necessidade de se conhecer o solo, o clima, a cultura e o estado e situação da gleba. As práticas obrigatórias que devem ser usadas sempre e como eventuais aquelas recomendadas somente em determinadas situações. O ajustamento da gleba a sua capacidade de uso, em que se da a cada gleba usa condizente com suas características, e pratica básica; deve ser a primeira e grande preocupação do agricultor. Deve ser usada sempre para todas as situações de solo, clima ou cultura. Práticas de controle de erosão conforme classe de Solo As culturas anuais, de modo geral, permitem ou proporcionam maior erosão que as culturas permanentes, as pastagens e o reflorestamento. Isto porque: a - exigem preparo intensivo do solo, uma ou duas vezes por ano; isto significa dizer que a camada superficial do solo esta permanentemente pulverizada, o que favorece a erosão; b - precisa estar sempre ou a maior parte do tempo no limpo, de forma a que não haja concorrência do mato com a cultura e, o solo desvestido e mais sujeito a erosão; Práticas de controle de erosão conforme classe de Solo As culturas anuais, de modo geral, permitem ou proporcionam maior erosão que as culturas permanentes, as pastagens e o reflorestamento. Isto porque: c – normalmente cobrem pouco o solo; d – nelas é frequente a queima dos restos culturais; Então, por permitirem ou proporcionarem maior erosão, devem ser feitas, as culturas anuais, nas glebas menos suceptíveis ao processo erosivo. Sempre que possível deve-se dispô-las nas terras mais planas e menos arenosas. A própria terra "diz" se ela serve ou não para ser usada com cultura anual. A isso chamamos aptidão agrícola ou capacidade de usa das terras. Práticas de controle de erosão conforme classe de Solo Nas culturas permanentes, como o café e os citros, por exemplo, a erosão é, normalmente, menor que nas culturas anuais, mas maior que nas pastagens e reflorestamento. As culturas permanentes, de modo geral, e depois de atingirem uma certa idade, além de poderem conviver um pouco mais com o mato ainda dão maior cobertura a terra e, nelas, praticamente não se mexe no solo. Entretanto, o plano de controle a erosão numa gleba que vai receber uma cultura permanente deve ser feita mais cuidadosamente. A cultura permanente pode ficar 20 ou 30 ou mais anos no "chão". As vezes não é possível corrigir erros cometidos. Práticas de controle de erosão conforme classe de Solo A pastagem é, por si só, uma extraordinária prática de controle da erosão desde que ela seja bem formada e bem conduzida. A pastagem, para a maioria dos agricultores, não é considerada como uma cultura. A ela são reservadas as piores glebas. Quando a terra não serva mais para outras explorações “é deixada” para pastagem. Nessa terra, lavada, esburacada, seca, dura, rasa, ácida, pobre, o capim sai mal, vegeta mal, não fecha, não veste o solo. Daí a erosão severa na maioria das pastagens. Práticas de controle de erosão conforme classe de Solo O reflorestamento feito com eucalipto ou qualquer outra essência florestal é, em síntese, uma mata, onde praticamente inexiste a erosão, sobretudo depois de alguns anos quando as plantas cobrem totalmente o solo. Entretanto, existem áreas florestadas onde a erosão é intensa. Alguns cuidados precisam ser tomados antes de se implantar a mata. Fechar ravinas, desviar as águas que venham de fora, subsolagem, quando necessária, evitar grandes concentrações de águas nas estradas.
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