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CASOS CONCRETOS CIÊNCIA POLÍTICA

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CASOS CONCRETOS
1.
Em reportagem constante em http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2012/06/20/201cdesinteresse-por-politica-ameaca-a-democracia201d, o filósofo francês Francis Wolff, um ardoroso defensor da democracia, afirmou que um de seus alvos no estudo da política é exatamente o apolitismo. Em sua opinião, o desinteresse dos cidadãos pela política ameaça a democracia, ao fomentar entre outros males a ação do que chama de políticos profissionais. Livre de cobranças, esse grupo teria o hábito de aprovar ou impor medidas descoladas das verdadeiras necessidades e desejos dos cidadãos. Por isso, para o filósofo, o apolitismo, seria a recusa dos cidadãos, explícita ou implícita, em participar da vida da comunidade política e das escolhas que essa comunidade faz, ou seja, seria o desinteresse pela coisa pública.
Diante do texto acima e, de acordo com o que você apreendeu da leitura referente à Aula 1, responda:
a) A verdadeira concepção de política se coaduna com o desinteresse da coisa pública pela cidadania?
b) Estaria correta a afirmação do filósofo Francis Wolff quando afirma que "o desinteresse dos cidadãos pela política ameaça a democracia"? Justifique sua resposta.
Letra a) A ideia é desconstruir a visão de que a política seja uma atividade sem valor, ou mesmo específica de exercício por um grupo. Conforme visto, a política é algo que se faz em conjunto, ou seja, com "inter-ação" entre todos os membros do grupo social, ou seja, uma atividade típica da cidadania. Neste sentido, a política pode ser entendida como tudo aquilo que diz respeito à relação entre os cidadãos (como membros de um corpo social) com seus governantes, quando essa (relação) tem por fundamento um tema do interesse do corpo social (os negócios públicos).
Por estas razões, a política passa a ser uma atividade que pressupõe a cooperação e a busca da boa vida, da qual todos os cidadãos estariam habilitados a participar. A negativa em participar da vida política, faz com que a expressão da vontade coletiva externe a vontade de um determinado grupo restrito, que passa a deter o poder em seu benefício.
Letra b) Ora, se é possível que a democracia tenha por pressuposto a participação dos membros da cidadania na formação da vontade coletiva, o desinteresse por parte desses membros claramente coloca em risco a própria democracia. Isto porque a referida vontade coletiva será controlada pelos grupos que mantém interesses políticos e, inevitavelmente, conduzirão a que esta vontade vá em direção dos seus próprios interesses (muitas vezes, meros interesses privados), desconsiderando os interesses do grupo social como um todo.
2. 
Sabe-se que um discurso político pode ser convincente quando fundado em raciocínio claro, baseando-se sobre as faculdades intelectuais e estando voltado para o estabelecimento de verdade. Neste caso, obtém-se a persuasão através de argumentos que levam o auditório a acreditar que a perspectiva do orador é correta. Neste sentido, responda:
a) Em uma democracia, pode haver outros elementos discursivos que influenciem no processo de convencimento do auditório?
b) Observando a charge acima, poderia a mesma produzir algum sentido na discussão sobre os limites do discurso político? Explique.
Letra a) Sim. Duas são as orientações para o estudo sobre os discursos políticos: uma primeira, dirigindo-se para o conteúdo do discurso, enquanto uma outra voltando-se para os mecanismo da comunicação. Assim, embora a análise do discurso político se apoie sobre os conteúdos das proposições apresentadas pelos políticos, ou seja, sobre a racionalidade das suas falas e argumentos (logos) a verdade é que também deve entrar nesta avaliação algumas técnicas ligadas ao pathos. Este último, como se sabe, pertence aos sentimentos (hoje em dia, diríamos "ao afeto") e funda-se sobre os deslocamentos emocionais, estaria voltado para o auditório. Assim, aquele que discursa deverá ser capaz de produzir um discurso que empolgue e impressione os ouvintes, que mobilize os seus sentimentos e emoções (alegria, tristeza, orgulho, desejo, etc.). Observemos que não apenas a força dos argumentos que demarca a destreza do discursante, mas também a maneira como é transmitida a mensagem. Mas temos ainda a necessidade de analisar o discurso em razão do ethos. Por esta análise, busca-se avaliar as virtudes de quem fala e sua expertise sobre o tema. A persuasão é obtida quando o discurso é proferido de maneira a deixar no auditório a impressão de que o caráter do orador e o seu conhecimento sobre o tema concedem dignidade, confiança e credibilidade.
Letra b) Claramente temos um enfoque relacionado a duas importantes orientações para o estudo sobre os discursos políticos: uma primeira, dirigindo-se para o conteúdo racional do discurso, enquanto uma outra voltando-se para os seus mecanismo emocionais. No caso a ilustração demonstra a importância dos elementos emocionais (relacionados ao pathos), que em dados momentos são mais determinantes do que os elementos racionais relacionados ao logos.
3.
Como vimos, em Hobbes, o contrato social faz com que os indivíduos abdiquem de sua infinita liberdade e a entreguem a um soberano, que deve garantir suas vidas e uma ordem social segura. Com este acordo, segundo Hobbes, está criada a sociedade e também o Estado. Neste sentido, pergunta-se:
a) Quais as finalidades do Estado em Hobbes?
b) Analisando a situação expressa na charge abaixo - corriqueira nas grandes cidades brasileiras –, o que supostamente poderia ser dito por Hobbes a partir dos termos pactuados no Contrato Social?
Letra a) O Estado, em Hobbes, teria tripla finalidade: a) representar os cidadãos, pois, personificando aqueles que a ele (Estado) livremente delegaram todos os seus direitos e poderes, encontra legitimada a submissão de todos à sua autoridade soberana; b) assegurar a ordem, ou seja, garantir a segurança de todos, monopolizando o uso da força estatal e; c) ser a única fonte da lei, porque a soberania, sendo absoluta, dita o que é justo e o que é injusto.
Letra b) Mesmo que não possamos deixar de ressaltar a existência do dever de obediência do cidadão em face do soberano, parece que para Hobbes ele não é eterno ou insuperável. Tanto em De Cive como em Leviatã, o dever de obediência termina quando uma ameaça pesa sobre a vida (principalmente) ou mesmo sobre a liberdade. A incapacidade do soberano de manter a ordem, a segurança e, consequentemente a vida, geraria o direito de cada um (individualmente, e não coletivamente) utilizar-se de seus meios privados de defesa aos seus direitos naturais, o que transportaria o indivíduo de volta ao estado de natureza. Ora, seguindo as linhas até aqui desenvolvidas, isso desencadearia novos conflitos, mas novamente a racionalidade levaria a um novo pacto e a escolha de um novo soberano e, consequentemente, a uma nova associação estatal. Embora mau e egoísta, para Hobbes, uma das marcas do homem, lembremos, é a racionalidade calculadora.
4.
Como foi dito, o contratualismo é um rótulo teórico que guarda concepções bastante diferenciadas de organização do poder estatal. Nas várias visões contratualistas, embora a soberania seja percebida como um conceito central para justificar a forma de organização do Estado, os diversos filósofos a enxergaram de forma diversa uns dos outros. Então, tendo por pressuposto a questão da soberania nos três filósofos contratualistas clássicos (Hobbes, Locke e Rousseau), responda:
a) Na charge acima, a que tipo de soberania seria possível dizer que a Graúna (o pássaro, personagem do cartunista Henfil) está referenciando, aquela pensada no contratualismo hobbesiano ou aquela pensada no contratualismo Rousseau? Justifique.
b) O exercício da soberania popular no contratualismo lockeano se dá na mesma forma que no contratualismo rousseauniano? Justifique.
Letra a) Ao contratualismo rousseauniano. Se em Hobbes, a soberania é exercida pelo monarca (ou, no limite, por um grupo restrito de pessoas) e fundamentará o Estado absolutista, em Rousseau a soberaniaé exercida pelo povo e fundamentará um regime democrático em que o povo detém o poder. Na charge de Henfil, produzida no âmbito do processo de redemocratização do país, após o regime militar, a Graúna, representando um popular, explicita a possibilidade do poder (soberano) ser exercido por ela e pelos demais populares (eu, tu, ele, nós, vós, eles, eu, ...), pregando o retorno do sistema democrático. Letra b) Em Rousseau, a soberania popular é exercida diretamente pelo povo, por meio de manifestação direta, fundamentando-se a dita democracia plebiscitária; em Locke, a soberania popular é exercida por meio de representantes do povo, configurando o regime da democracia representativa.
5.
Foi noticiado na imprensa a ocorrência de um assassinato no interior de navio mercante com bandeira da Nauru (pequena ilha no Pacífico Sul, com território inferior a 22 km quadrados) a 10 milhas marítimas de distância da linha de base do território brasileiro. A fim de realizar a entrega de produtos extraídos na ilha e comercializados para o exterior, o referido navio dirigia-se a uma plataforma da Petrobrás situada a 15 milhas marítimas de distância da costa brasileira, que explora petróleo a uma profundidade de 6 mil metros (pré-sal). Na reportagem, o jornalista afirmou que as autoridades brasileiras seriam competentes para investigar e julgar o crime já que o mesmo teria ocorrido dentro de seu território (o chamado mar territorial). Além disso, informou a reportagem, que a pequena extensão territorial de Nauru era fator impeditivo para que se reconhecesse a mesma como um Estado detentor de soberania. Analisando as informações acima, responda:
a) Procedem argumentos apresentados pelo jornalista para sustentar a competência das autoridades brasileiras no que se refere à investigação e julgamento do crime?
b) Estaria o Brasil autorizado a explorar atividade econômica fora de seu mar territorial sem a permissão da comunidade internacional?
Questão a) No que se refere ao crime ocorrido no navio mercante de bandeira de Nauru, sabe-se que conceitualmente ?mar territorial? é a faixa de mar que se estende desde a linha de base, até uma distância de 12 milhas marítimas. Nesta zona, a jurisdição do Brasil é soberana, exceto no que tange a jurisdição civil e penal em navio mercante estrangeiro em passagem inocente, cuja jurisdição é do Estado de bandeira (princípio da jurisdição do Estado de bandeira). Era o caso e, portanto, a competência para tratar do caso é do Estado de Nauru. No que se refere à necessidade de uma extensão mínima para reconhecimento da condição de Estado, não existe regra internacional que quantifique o
mínimo de extensão territorial que um determinado Estado deva possuir, bastando lembrar os casos do Vaticano, cujo território ínfimo, vale dizer, 0,44 km², ou Mônaco, com 2 km², San Marino com 62Km², Liechtenstein, com160 km², apenas para falar dos mais conhecidos. Por isso, a pequena extensão territorial de Nauru não a desqualifica como Estado nacional.
Questão b) No que diz respeito à possibilidade de exploração de petróleo em águas profundas, cabe lembrar que quando tratamos de território fizemos referência ao caráter multidimensional do território. Ora, a Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e a faixa adjacente ao mar territorial até o limite de 200 milhas marítimas, na qual o Estado costeiro exerce direitos específicos para fins econômicos. Com efeito, na ZEE, o Estado não tem soberania na sua máxima amplitude, mas possui direitos para a exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou de não-vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e a outras atividades com vistas à exploração e ao aproveitamento da zona para fins econômicos. Nesse caso, então, o Estado brasileiro não necessita de qualquer autorização dos demais Estados para realizar tais atividades.
Obs: Vale acrescentar que, além disso, na ZEE, o Estado costeiro também dispõe de direitos especiais para a investigação científica marinha e para a produção de energia (água, correntes e ventos), o que implica que investigação científica marinha na ZEE só poderá ser conduzida por outros Estados com o consentimento prévio do Estado costeiro.
6. 
No quadro acima, observamos que dentro do território do Estado espanhol, surgem dois territórios cujos habitantes se reconhecem como catalães e bascos. Neste sentido, de acordo com os seus estudos, responda: a) É possível existir mais de uma nação dentro de um único Estado? b) Todas as nações são necessariamente reconhecidas como Estados nacionais? c) Neste momento da história, são os catalães e os basco parte integrante do povo espanhol em seu sentido jurídico-político?
Letra a) A nação pode ser entendida como grupos constituídos por pessoas que compartilham dos mesmos valores axiológicos e são movidos pela vontade de comungar um mesmo destino. Como dissemos, existem diversos elementos que são importantes para configurar uma ?nação? (religião, língua, cultura, etc,), embora não seja necessário que aqueles que reivindicam ser partícipes de uma nação compartilhem de todos os elementos citados a fim de que se caracterize a existência de nação. Isto porque uma marca dos Estados modernos é exatamente a pluralidade, sendo que nas democracias deliberativas modernas é natural que se dê o enfraquecimento desses laços comuns. No caso em análise, embora catalães e bascos sejam reconhecidos como parte integrante do Estado espanhol, os mesmos reconhecem-se como integrantes, de nações diversas da espanhola (no caso Catalunha e País Basco). Letra b) O conceito de nação, diferentemente do conceito de Estado, não tem no território um elemento essencial. Vários são os exemplos pelo mundo em que povos que se reconhecem como parte de uma nação não possuem território próprio. Como exemplo podemos citar os curdos (espalhados em partes do Irã, Iraque, Síria e Turquia), os bascos (norte da Espanha e sul da França), os caxemires (entre Índia, Paquistão e China), entre muitos outros. Ou seja, elementos de uma mesma nação podem estar vivendo em Estados diferentes. Neste caso, embora entendam fazer parte da mesma nação, são considerados parte integrante de um mesmo povo (em seu sentido jurídico-político). Como um fenômeno daí decorrente, é possível que um único Estado comporte em seu interior indivíduos que, embora tenham reconhecidas suas nacionalidades e cidadanias pelo Estado, consideram-se como pertencentes a uma outra nação, reivindicando a criação de um Estado próprio. A título de exemplo, podemos citar não apenas os bascos e catalães na Espanha, mas os tibetanos na China, os chechenos na Rússia, os flamengos na Bélgica, entre outros. Esses Estados possuem um povo (sob a perspectiva jurídico- política) que é formado por cidadãos que se reconhecem como pertencentes a ?nações? diversas da que originou o próprio Estado. Letra c) O conceito jurídico-político de povo está relacionado com o vínculo da nacionalidade entre a pessoa e o Estado e sua aceitação como elemento essencial para a constituição do Estado é unânime. Portanto, entende-se por ?povo? o conjunto de indivíduos que em um dado momento se une para constituir o Estado, estabelecendo, assim, um vínculo jurídico de caráter permanente. É deste vínculo que surge o que denominamos por ?nacionalidade?, que é um atributo que capacita esses indivíduos a se tornarem cidadãos e, com este status, participarem da formação da vontade do Estado e do exercício do poder soberano. Assim, certamente neste momento da história os catalães e os basco são parte integrante do povo espanhol, se tivermos como pressuposto ?povo? em sua perspectiva jurídicopolítica. Afinal, ainda que catalães e bascos lutem pelo reconhecimento do Estado da Catalunha e do País Basco, eles usufruem da cidadania espanhola e são reconhecidos como espanhóis pelo Estado espanhol.
7.
 O conceito de soberania é teoricamente bastante complexo e tem variado no decorrer do tempo, suscitando uma grande quantidade de acepções conceituais. Podemos, de qualquerforma, extrair que se trata de um termo que designa o poder político no Estado Moderno estando expresso em praticamente todas as constituições modernas. A Constituição brasileira tem alguns dispositivos (no caso os art. 4º e 14) que fazem tal referência, senão vejamos: ?Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; (...) III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; (...)? ?Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular. (...)? (grifo nosso)
Diante do acima exposto, pergunta-se: a) Diante do que está expresso no Art. 4º da Constituição Federal, é possível afirmar que o Brasil deve considerar que a soberania sempre exterioriza a supremacia estatal? b) A qual dos contratualistas é possível relacionar a soberania aludida no Art. 14 da Carta Magna? Justifique.
Letra a) Não, pois se internamente a soberania acaba por expressar uma específica situação de quem comanda, ou seja, a plenitude da capacidade de direito em relação aos demais poderes dentro do Estado, por outro lado, externamente, a soberania também pode significar o atributo que possui o Estado Nacional de não ser submetido às vontades estatais alienígenas, reconhecendo que no plano internacional impera a lógica da igualdade entre os diversos Estados. Daí que a Constituição brasileira, no plano das suas relações internacionais venha a ser regida por princípios como: independência nacional; autodeterminação dos povos; não-intervenção e igualdade entre os Estados. Letra b) Certamente a visão contratualista de J. J. Rousseau. No caso do Art. 14 da Constituição, de observar que a soberania popular é expressa na sua forma direta, pelo sufrágio universal. Como estudamos, na obra ?Contrato Social?, Rousseau não deixou duvidas acerca da necessidade de se deslocar a soberania em direção ao povo, recusando qualquer limite a esta. Na verdade, o influxo que a obra de Rousseau exerce é o de estabelecer o núcleo de uma democracia participativa, direta, de viés plebiscitário.
8. 
Vários pequenos Estados independentes, a fim de obterem maior peso político e econômico, resolvem se organizar sob a forma de confederação, denominada Confederação ?C?. Em razão do sucesso da iniciativa, após cinco anos de experiência, os Estados confederados resolvem estreitar os laços e se organizar sob a forma de federação. A exceção foi o Estado ?Z?, que não querendo fazer parte do novo pacto, resolve se desvincular da Confederação ?C?. O projeto vai adiante com os demais Estados e estes promulgam uma Constituição criando a República Federativa ?F?. Passados três anos de criação da República Federativa ?F?, alegando insatisfação ao tratamento a ele dispensado, o Estado autônomo ?X? informa que retornará a condição de Estado soberano, desvinculando-se de ?F?. Pergunta-se: a) De acordo com a teorização que trata das formas de Estado, são aceitáveis as desvinculações de ?Z? e ?X?? b) Quando a Confederação ?C? resolveu se organizar na forma federativa, segundo as teorias analisadas no livro didático, que tipo de federalismo se produziu, centrípeto ou centrífugo?
Sugestão de Gabarito Letra a) No caso em tela, se era possível ao Estado ?Z? se desvincular da confederação ?C?, o mesmo já não era possível a ?X?, pois a secessão é vedada aos membros do Estado Federal. Explica-se: enquanto o pacto confederal é dissolúvel, pois a Confederação é a União de Estados Soberanos, o pacto federal é indissolúvel, vez que a Federação é a União de Estados Autônomos. De observar, que o instrumento jurídico da aliança confederal é um tratado internacional, denunciável a qualquer momento pelo Estado signatário, que preserva sua soberania, liberdade e independência, podendo, portanto, desligar-se da confederação, mediante simples denúncia do tratado. Já na Federação, o vínculo que une os entes federativos é a Constituição, sendo que a organização federativa se caracteriza pela unidade de soberania e pluralidade de autonomias (Estados membros são autônomos, porém não são soberanos), enquanto que a Confederação de Estados se caracteriza pela multiplicidade de soberanias. Letra b) No caso em análise, a origem da formação da República Federativa ?F? ocorreu pelo modelo ?centrípeto?, pois, representou a passagem de um Estado composto confederal para um Estado simples federal. O tipo centrífugo se configuraria tão somente se ocorresse a passagem de um Estado Simples Unitário para um Estado Simples Federal. Enquanto o caso em tela se assemelha à experiência americana (os Estados Confederados pactuaram uma organização federativa, os Estados Unidos da América), o caso brasileiro percorreu o trajeto inverso: o Estado Unitário do período Monárquico, estabelecido pela Constituição de 1824 foi superado pela forma federativa assumida pela Constituição de 1891. Assim, enquanto a formação do federalismo americano se deu pelo modelo ?centrípeto?, o federalismo brasileiro se originou pelo modelo ?centrífugo?
9. 
Após superar uma ditadura e iniciar um processo de redemocratização determinado país ?P? resolve elaborar uma nova constituição. Embora estivesse definido que se organizariam pela via federativa, houve uma divisão política quanto à forma de governo a ser assumida: por um lado, os mais tradicionalistas requerendo o retorno à monarquia que deu origem ao surgimento do país no Século XVIII; e, por outro lado, os que defendem uma república de viés democrático, evitando estabelecer qualquer resquício personalista ao poder. A disputa se acirra e o representante da Família Real, figura carismática e bastante conhecido entre a população local, percebendo que os constituintes estão inclinados a estabelecer a forma de governo republicana, passa a defender que a constituição preveja uma forma monárquica com eleições para rei, sendo que o eleito deve governar com mandato fixo de seis anos, além de responder politicamente pelos seus atos. Pergunta-se: a) A proposta do representante da família real faz algum sentido sob a perspectiva da teoria política atualmente estudada? b) A Constituição brasileira de 1988 permitiria uma modificação (emenda constitucional) com a finalidade de alterar a forma de governo republicana pela forma monárquica? Pesquise e responda
Resposta a) Não, não faz nenhum sentido. O conceito de monarquia por definição pressupõe a transmissão do poder em virtude dos laços de sangue, sendo que o término do direito de ser o monarca somente ocorre com a morte ou com a comprovada ausência de condições de cumprir suas atribuições. A condução ao exercício da função de monarca não decorre da escolha popular. Além disso, também é da definição desta forma de governo que o monarca não tenha responsabilidade política e, por isso, não necessite se explicar ao povo ou a qualquer órgão. Por isso são características da monarquia a hereditariedade, a vitaliciedade, a não-representatividade popular, a irresponsabilidade (ausência de prestação de contas). No caso em tela, o que a Família Real estaria propondo é exatamente a assunção de uma forma de governo republicana, cujas características são: acesso ao poder por meio de sufrágio censitário ou universal, permanência limitada temporalmente por meio de mandato fixo e responsabilização do governante. Por isso, com exceção ao título de ?rei?, a proposta do representante da Família Real converge com a de assunção da forma republicana de governo. No caso, poderia o mesmo participar do pleito eleitoral a fim de disputar a Presidência da República (conforme será analisado na Aula 10). Resposta b) A Constituição de 1988 não impede que o Brasil assuma a forma monárquica de governo, pois não gravou a forma republicana com cláusula pétrea no art. 60 da CRFB/88. Neste sentido, apenas a forma federativa foi gravada com cláusula de imodificabilidade. Embora haja quem defenda que após oPlebiscito de 1993, em que o povo escolheu a forma republicana de governo, não poderia mais, no âmbito da presente Constituição, alterar-se a forma de governo, a maioria não pensa assim. Neste caso, embora esteja cristalizada a posição de que a forma de Estado (federativa) não possa ser alterada, a maior parte dos juristas e cientistas políticos entende que a forma (republicana) ou mesmo o sistema de governo (presidencialista) podem ainda ser alterados por meio de emenda à constituição.
10.
 Leia a notícia abaixo, divulgada em http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2015/06/cunha-defende-debate-para-trocarpresidencialismo-por-parlamentarismo.html. (29/06/2015) Cunha defende debate para trocar presidencialismo por parlamentarismo Para presidente da Câmara, sistema presidencialista está em 'crise'. Ele citou que, no parlamentarismo, chefe de governo pode ser destituído.(Nathalia Passarinho - Do G1, em Brasília) O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu nesta segunda-feira (29), em visita à Assembleia Legislativa de Manaus, que o Brasil debata a possibilidade de mudar o atual sistema presidencialista pelo parlamentarismo- sistema pelo qual o chefe de governo (primeiro-ministro) é eleito pelo parlamento e pode ser destituído antes do término do mandato (...). ?Nós vivemos uma crise de presidencialismo. Uma crise na qual, se o sistema fosse parlamentarista, seria muito mais fácil de ser resolvida. O presidencialismo implica que você elege o governante e depois só na próxima eleição você tem condições de rever sua posição", disse. (...) Diante da reportagem acima apresentada, procure responder as seguintes questões: a) Por que razão o Presidente da Câmara afirmou que no sistema parlamentarista o Primeiro-Ministro pode ser destituído antes do término do mandato? b) Estaria correta a afirmação do Presidente da Câmara quando afirma que no presidencialismo ao se eleger o governante, somente na eleição seguinte o povo teria condições de rever sua posição? Pesquise e responda de forma fundamentada. c) O que é o recall? O Brasil adota este instituto?
Sugestão de encaminhamento de resposta a) A ideia é deixar claro que o Chefe de Governo e seu Gabinete dependem da aprovação do Poder Legislativo (Parlamento) para se manterem no poder e, por isso, a queda do gabinete pode ocorrer a qualquer momento, a partir de um voto de desconfiança do parlamento. Assim, os Poderes Executivo e Legislativo se entrelaçam de tal maneira que ocorrendo eventual descontentamento com as decisões políticas do Poder Executivo, a maioria do Poder Legislativo pode exigir a queda desse Poder Executivo (Gabinete e Primeiro-Ministro), a partir de um voto de desconfiança. Diz-se, portanto, que o Primeiro-Ministro e seu Gabinete (Poder Executivo) têm responsabilidade política, pois ainda que não cometam qualquer tipo de crime, comum ou político, podem ser destituídos da função executiva do País a partir de um voto de desconfiança ou Moção de Censura. Logo é correto afirmar que o prazo do mandato do Poder Executivo é indeterminado. Letra b) Pode-se dizer que possui parcial razão. Embora o mandato presidencial tenha prazo determinado constitucionalmente, de quatro anos e uma vez eleito pelo povo, inexiste a destituição pelo Congresso Nacional a partir de um voto de desconfiança ou moção de censura. Porém, tem-se o instrumento do impeachment, no qual o Chefe do Poder Executivo pode vir a ser destituído do cargo se condenado por crime de responsabilidade, nos termos do que estabelece o Art. 52, II combinado com o Artigo 85, ambos da Constituição Federal de 1988. Porém, neste caso é necessário que seja condenado por cometimento de crime político, diferentemente do que ocorre no Parlamentarismo, em que a simples perda da confiança pela maioria do Parlamento gera as condições políticas para a queda do Parlamento, com a convocação de novas eleições. Letra C) O Recall é importante instrumento jurídico da democracia direta ou participativa, consagrando-se o direito de revogação da representação política e possibilitando a correção de rumo em caso de erro de escolha no período das eleições. Porém, é importante salientar que por falta de previsão constitucional o sistema constitucional brasileiro não se utiliza deste instituto jurídico, que daria ao eleitorado a possibilidade de revogar o mandato,.
11. 
Após inúmeras manifestações populares exigindo ampliação de participação dos cidadãos no processo político do País ?P?, os governantes, assustados com tais eventos, dão início a uma reforma política que tem por objetivo alterar algumas regras estabelecidas na Constituição de ?P?. Nesta, atualmente, há previsão para que apenas os homens com idade igual ou superior a 21 anos possam votar, sendo que a proposta é a de que o voto seja passível de ser exercido por homens e mulheres com idade igual ou superior a 18 anos. Além desta alteração outras mais poderão ser propostas pelos atuais parlamentares, que, simbolicamente, representam a vontade do povo de ?P?. Diante do quadro apresentado, e considerando a leitura de seu livro de Ciência Politica, responda: a) A alteração da idade mínima para exercício do voto pode ser considerada uma medida que amplia o grau de democracia de ?P?? b) A vontade popular manifestada por meio de parlamentares é admitida dentro de um quadro teórico democrático? Se sim, seguindo que modelo de democracia, a dos antigos ou a dos modernos? Justifique. c) A manifestação nas ruas pode ser considerada como exercício democrático ou a democracia somente deve ser reconhecida pela manifestação institucional do voto? Justifique sua resposta.
Sugestão de encaminhamento de resposta a) Se considerarmos que a inclusão do maior número de participantes foi um dos critérios considerados por Robert Dahl (recentemente falecido, mas reconhecido como um dos grandes estudiosos do fenômeno democrático) como relevantes para medir o grau de democracia de uma determinada comunidade política, temos que a diminuição da idade mínima proposta pode sim, representar o aumento do grau de democracia em ?P?. Isto porque o número de cidadãos que participarão do processo de formação da vontade coletiva será maior e com isso, um percentual maior da população atuará politicamente. b) Sim. Democracia dos modernos. Como se sabe, a ?democracia dos modernos? fundamenta-se em um sistema de controle e limitação, com base na transmissão representativa do poder do povo a seus representantes, que passam a exercer mandatos políticos, representando a vontade da cidadania. É o exato caso do exercício em tela. A ?democracia dos antigos? só seria observável se os próprios cidadãos pudessem, per si, apresentar, discutir e aprovar suas propostas, seguindo o modelo de participação direta, no qual o cidadão exercita pessoalmente seus direitos políticos. c) Certamente que sim. A democracia nos dias de hoje pode ser pensada também dentro dos quadros organizacionais ou institucionais não estatais. Nas concepções de democracia na atualidade, para aferição de qual o grau de democratização vivencia uma determinada sociedade, devem ser levados em conta não somente a participação prevista nos instrumentos institucionais (constituições, leis, eleições, etc.), mas também a participação do grupo social em manifestações não-institucionalizadas que tenham por fim manifestar posições relacionadas ao interesse da coletividade. A manifestação nãoinstitucional observada no caso acima, respeitando premissas básicas de respeito ao princípio da não-violência, bem representa esta ideia, sendo que é possível até mesmo entender que seu caráter espontâneo melhor se coaduna com a ideia de autonomia coletiva que deve estar presente no ideal democrático.
12. 
Recentemente em http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2014/03/golpe-militar-de- 1964-completa-50-anos-relembre.html foi publicada a seguinte manchete em conhecido meio de comunicação: “Golpe militar de 1964 completa 50 anos; Foi o início de uma ditadura militar de duas décadas no Brasil. Especialistas contam como ocorreu a tomada dopoder do país pelos militares.” Como tivemos a oportunidade de estudar na disciplina História do Direito Brasileiro, o golpe militar que deu início a uma ditadura que perdurou por 21 anos no Brasil ocorreu em um contexto histórico de Guerra Fria, com disputa entre americanos e soviéticos por áreas de influência. Neste sentido pergunta-se: a) o regime militar implantado em 1964 pode ser classificado como um regime autocrático? Justifique b) em relação ao Golpe de 1964, ocorrido em um quadro de disputas por áreas de influência e lutas ideológicas entre Estados Unidos e União Soviética, é-nos possível afirmar que os norte-americanos representaram a defesa do regime liberal-democrático, enquanto os soviéticos representavam a defesa das posições socialistas de cunho autoritário? Justifique. c) Pode-se dizer que o Brasil vivenciou a experiência totalitária no decorrer do regime militar de 1964? Justifique.
Sugestão de encaminhamento de resposta Letra a) Sim. Tendo em vista ter se tratado de uma ditadura que limitou o exercício das liberdades políticas e os direitos fundamentais, em geral, o regime de 64 pode ser classificado como autocrático, mais especificamente um regime autoritário. O poder autocrático é exercido sem maiores limitações, já que a autoridade do dominador possui poucas barreiras institucionais que o impeçam de agir em conformidade com sua própria vontade, exigindo dos cidadãos ordem e obediência. No caso em análise, foram utilizados os conhecidos Atos Institucionais que serviram como instrumento de limitação dos direitos políticos e de liberdade. Como se sabe, nestes regimes, os cidadãos não só não possuem direito de controlar os atos do poder, mas também não possuem meios para afastar os dominadores. Letra b) O enfrentamento da questão visa a apontar para o fato de que não há relação obrigatória entre regime capitalista e democracia e regime socialista e autoritarismo. No caso em análise, os Estados Unidos apoiaram a implantação do regime militar de 1964, no Brasil, bem como apoiaram a implantação de inúmeros regimes autoritários na América Latina. Assim, regimes autoritários podem ser vivenciados tanto em regimes socialistas, como em regimes capitalistas. Letra c) Não. Tanto o autoritarismo como o totalitarismo são regimes específicos do gênero “autocracia”, mas não se confundem entre si. No totalitarismo os exercentes do poder buscam submeter a vida do cidadão à autoridade absoluta do Estado, tendo como características as que seguem: a) existência de uma ideologia oficial que não reconhece validade ao pluralismo, e abrange todos os aspectos da vida do homem, sem distinguir sociedade civil e Estado e, portanto, desconhecendo a dicotomia público/privado; b) existência de partido único de massa como instrumento de domínio guiado por um chefe ou ditador carismático; c) controle policial da população (terror policial), tendo por inimigos não apenas indivíduos, mas grupos em relação aos quais funciona a noção de culpa abstrata (por exemplo, burguês, judeu, agricultor, etc.) e não a culpa concreta de cada homem; d) monopolização de todos os meios de informação e das forças armadas (uso de mecanismos de persuasão e força); e) direção centralizada da economia, sob dependência de um corpo burocráticoa estatal. No caso da ditadura militar de 1964, embora possamos identificar a existência de controle policial da população, forte censura sobre os meios de comunicação e algum grau de intervenção na economia, na verdade não houve uma ideologia oficial do regime, houve bipartidarismo (embora esta seja a marca de uma autocracia autoritária) e, principalmente, havia um ambiente de razoável liberdade econômica, embora as liberdades individuais e as liberdades políticas tenham sofrido grande restrição.
13. 
Leia o fragmento de reportagem publicado em http://www.vermelho.org.br/noticia/251526-1, conforme segue: Economista francês: Eleição de neoliberal é retrocesso para o mundo Dominique Plihon, professor da Universidade Paris 13, em entrevista ao Brasil Debate, afirma: “Se um candidato neoliberal ganha no Brasil, certamente ficarei triste pelos brasileiros, mas também triste pela ordem internacional. Precisamos de líderes que saibam resistir às grandes potências, ao setor financeiro, e não que sejam seus aliados.” O chamado neoliberalismo representa um retorno dos ideais liberais do Século XVIII. Nos dias de hoje os ideais neoliberais são por muitos considerados conservadores, representando, como afirmado pelo famoso professor, um retrocesso para o mundo. Neste sentido responda as questões abaixo formuladas: a) Quais as características marcantes do chamado Estado Liberal? b) A visão de Dominique Plihon, conforme expressa no texto acima, é a mesma que tinham os revolucionários franceses (1789) e americanos (1776) quando promoveram suas revoluções? c) Qual a relação entre o Estado Liberal e o movimento constitucionalista do Século XVIII?
Sugestão de encaminhamento de resposta Letra a) O ponto central norteador do Estado Liberal se divide em duas ideias basilares: a primeira, em relação às liberdades públicas, mais precisamente a proteção dos direitos civis e políticos; e uma outra, que tem por propósito a obtenção de limitação do poder estatal nos interesses particulares dos indivíduos, ou seja, a visão de que o Estado deve interferir minimamente nas esferas privadas dos indivíduos/cidadãos. Com isso temos o reconhecimento de um Estado abstenseísta, que apenas è autorizado a agir para fins de garantir a liberdade, nunca para mitigá-la. Letra b) Certamente que não. Se no Século XVIII o Estado Liberal representou uma visão revolucionária e progressista contra uma forma de organização fortemente autoritária de poder, que é aquela estabelecida pelo modelo do Estado Absolutista, Dominique Plihon , diferentemente, entenderá, segundo o fragmento acima apresentado, que os ideais liberais nos dias atuais representam um retrocesso para humanidade. Plihon certamente analisa a questão pelo viés econômico (já que o termo “neoliberal” traz esta conotação), ou seja, a mitigação da atuação estatal no campo econômico, deixando espaço para a condução da economia pelos entes privados. Porém, cabe uma ressalva, certamente não está o economista francês fazendo uma crítica ao liberalismo em seu viés político, já que representa este a salvaguarda dos direitos individuais em face das invasões indevidas do Estado na esfera privada do cidadão/indivíduo. Letra c) A relação é direta tanto histórica quanto no campo das ideias. É que para dar fim a um processo de elevada concentração o poder político não mãos do Rei (representante do Estado), o paradigma liberal defende a necessidade de existência de uma constituição, rígida e escrita, que garanta não apenas a supremacia da lei sobre a vontade dos governantes (Estado de Direito), mas também a um rol de direitos fundamentais que proteja o cidadão das arbitrariedades do Estado.
14. 
Analise a figura abaixo. Ela diz respeito a uma temática que vem sendo bastante debatida pelos cientistas políticos. Agora responda as perguntas abaixo: a) O que é o welfare state e em que contexto o mesmo surgiu? b) O que representa a mencionada ilustração?
Sugestão de encaminhamento de resposta Letra a) O welfare satate ou Estado do bem-estar social, ou ainda Estado-providência é aquele que sem negar os direitos civis e políticos conquistados pelo Estado Liberal, tem por propósito, também, salvaguardar os direitos atrelados à igualdade material, ou mais precisamente, os direitos sociais. Neste sentido, direito a serviços de saúde, direito à educação, direito ao trabalho, direito à moradia, direito ao lazer são exemplos de direitos sociais garantidos pelos chamados Estados Sociais. Assim, longe da visão abstensionista do Estado Liberal, no welfare satate o Estado funciona como um agente da promoção social e organizador da economia. O seu surgimento se deu em um contexto de crise do Estado Liberal fundamentalmente no que se refere à incapacidade deste de conceder a almejada igualdade material, ou seja,condições mínimas de uma vida digna. Assim, no decorrer do Século XIX algumas correntes começam a teorizar sobre necessidade de maior presença do Estado a fim de garantir os direitos que o Estado Liberal, por definição, não pode proporcionar, sendo que no decorrer do Século XX o Estadoprovidência se impõe em vários países. No Brasil, o período getulista inaugura a experiência de um Estado Social, posição que se mantém até hoje, mesmo que variando de intensidade em sua aplicação no decorrer do tempo histórico. Letra b) A figura acima procura demonstrar a crise que o Estado Social vem vivenciando com um progressivo desmantelamento da oferta de serviços públicos essenciais ao povo. Pode-se acrescentar que se dá, nesse contexto, o ressurgimento de uma perspectiva “neoliberalizante”, despontando-se o chamado Estado Pós-Social (ou Estado PósModerno), um novo paradigma de Estado Constitucional, mas que ainda se encontra em construção e, portanto, carecedor de maior desenvolvimento científico no âmbito político-jurídico.
15. 
Leia a notícia abaixo, divulgada em http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/11/catalunha-faz-consulta-popular-sobreindependencia-da-espanha.html “Catalunha faz consulta popular sobre independência da Espanha Votação foi considerada inconstitucial pela Justiça espanhola e só terá valor 'simbólico'. Da BBC O povo da Catalunha, região autônoma ao norte da Espanha, está votando neste domingo (9) em uma polêmica consulta popular sobre sua independência. Os cidadãos estão sendo questionados se querem a criação de um Estado catalão e se este Estado deve ser independente. A Justiça espanhola considerou a votação inconstitucional, mas o líder do Executivo catalão, Artur Mas, alertou que o governo central não deveria interferir no processo. "Não sei o que eles (do governo central) farão. Isso não depende da gente. Mas qualquer medida contra a votação seria um ataque direto contra a democracia e os direitos fundamentais", disse Mas o Tribunal Constitucional da Espanha havia suspendido a realização de um referendo oficial sobre o assunto. Nesta semana, a mesma corte exigiu que a votação fosse suspensa.Mas o governo da Catalunha decidiu seguir em frente com a "consulta a seus cidadãos". O primeiro-ministro Mariano Rajoy disse que a votação não terá efeitos práticos e pediu que a Catalunha retornasse à "sanidade". a) Analisando o texto acima, é possível afirmar que a pretensão do povo catalão encontra bases teóricas em posições multiculturalistas? b) No caso acima, observou-se que a disputa foi levada a Corte Constitucional espanhola. É possível afirmar que nos países em que se reconhece o neconstitucionalismo como linha teórico-jurídica hegemônica, o Poder Judiciário possui maior relevância em um quadro de divisão de poderes?
Sugestão de encaminhamento de resposta Sim. O multiculturalismo, ao defender a concepção de que as diferenças entre culturas que habitam um mesmo Estado nacional devem ser mais do que respeitadas, devem ser encorajadas, acaba por justificar a crise de identidades de um determinado grupo de cidadãos. Estes, não se reconhecendo como parte do povo que compõe um determinado Estado nacional, lutam pela a criação de um novo Estado no qual o povo seja composto pelos integrantes deste específico grupo que compartilha laços culturais. Neste sentido, não há dúvidas que o multiculturalismo acirra os problemas de lealdade de cidadãos vinculados juridicamente a um determinado Estado nacional, mas que não se reconhecem como parte integrante do grande grupo que forma seu povo. No caso da Catalunha, constituem uma nação relativamente coesa sobre o território espanhol, com uma língua própria (o catalão) e uma própria matriz cultural. Estudos afirmam que essa nacionalidade constituiu sua territorialidade na Europa por volta do século XII e teve sua autonomia destituída, de forma definitiva, somente ao final da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714), que teria unificado de vez o território espanhol, sob o domínio do idioma castelhano. Letra b) Sim. O neoconstitucionalismo apresenta duas características fundamentais: a) como concepção que reconfigura a relação entre os poderes (principalmente entre Judiciário e Legislativo), buscando um novo equilíbrio em base a um novo desenho institucional; b) como concepção teórica que concede às normas constitucionais o papel de instrumento irradiador de valores (vetores axiológicos) do sistema jurídico, disseminando seus valores para todas as áreas do Direito, com especial destaque para aquelas que enaltecem a dignidade humana. No caso em análise, interessa-nos a primeira das características. O que vem ocorrendo, então, é uma reconfiguração estrutural na forma de organizar o poder, com uma busca por acomodação no processo de separação de poderes e competências. O neoconstitucionalismo, em resumo, como concepção jurídico-política, almeja a submissão de toda a emanação legal (mesmo aquela produzida pelo legislador democrático) à ordem constitucional. É a constituição que deve estar no comando. Por isso, sendo o Poder Judiciário aquele que está autorizado a realizar o controle entre as leis produzidas pelo legislador e sua conformação com o texto constitucional, vem sendo ele reconhecido como detentor de uma maior relevância nos quadros de divisão de funções dos Estados hodiernos.
16. 
Nesta Aula 16 foram analisados alguns temas ligados à fragmentação quantitativa e qualitativa da soberania estatal em tempos de intensa globalização. No que se refere aos cartoons acima, pergunta-se: a) Na figura 1, qual a relação que a ilustração sugere haver entre globalização e relativização da soberania? b) No que se refere à Figura 2, é possível afirmar que a mesma representa um bom exemplo ideia de fragmentação da soberania estatal? Justifique.
Sugestão de encaminhamento de resposta Letra a) A globalização criou inúmeros novos atores internacionais de grande poder. Embora pudéssemos também apontar para as novas organizações internacionais ou mesmo as organizações sociais não-governamentais, o cartoon em tela referencia o poder das empresas transnacionais e sua interferência no processo de soberania interna. Isto porque algumas decisões fundamentais a serem tomadas pelos governos dos diversos países (quanto menos poderoso no quadro geopolítico, maior a possibilidade de sofrer tais ingerências), em razão dos interesses econômicos em jogo, não podem deixar de levar em conta as exigências dessas empresas globais. Nesse sentido, ao abdicarem de exercer a vontade estatal em toda sua plenitude os Estados nacionais acabam por reconhecer que sua soberania é relativizada pelo interesses paralelos aos do próprio Estado. Letra b) A antiga Iuguslávia é, sem dúvida, um exemplo eloquente de ocorrência de fragmentação quantitativa e qualitativa do Estado. Com a derrocada do Império soviético e a Queda do Muro de Berlim, deu-se a luta pelo reconhecimento de novos Estados, fragmentando-se alguns territórios aonde eram reconhecidos somente um poder central soberano. No caso específico da Iuguslávia, a divisão em vários novos Estados (fragmentação quantitativa) deu-se em razão das (muito) diferentes afinidades culturais e religiosas mantidas pelas diversas nacionalidades que habitavam um mesmo território (fragmentação qualitativa). Porém outros poderiam ser indigitados, como o caso da exURSS, Palestina (cuja situação ainda é indefinida), ou ainda países que embora a fragmentação quantitativa efetivamente não tenha ocorrido, evidenciada está a existência de uma fragmentação qualitativa. Podemos citar, neste último caso, para fins de exemplificação, os casos em curso nos territórios de Espanha, Reino Unido, China (Tibet), Bélgica, Índia e Paquistão, entre outros.

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