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Tipologias Textuais: conceitos e características Tipologia textual são modos enunciativos. Falar em modos enunciativos é pensar em maneiras de se dizer algo. Por exemplo: Se eu quero te falar sobre o curso Fórmula da Redação eu posso produzir vários tipos de enunciados, tais como: Eu posso te contar a história do curso Fórmula da Redação, como ele surgiu, quando e por que ele foi criado; 1. Eu posso descrever como é o espaço onde é ministrado o curso, como é o ambiente físico ou online, etc.; 2. Eu posso simplesmente falar sobre o tema Fórmula da Redação, fazer uma defesa de um ponto de vista, defender o curso como a melhor opção para candidatos do Enem. Para isso vou precisar de argumentos; E para falar sobre o curso Fórmula da Redação eu posso, inclusive, aproveitar uma conversa entre dois professores e te mostrar essas falas a respeito do curso. As tipologias textuais são finitas, ou seja, existe uma quantidade fixa delas. Segundo a teoria linguística existem 6 tipologias textuais que são as seguintes: Descrição Narração Injunção Dissertação Argumentação Diálogo A seguir vamos explicar o que são as tipologias textuais através de exemplos práticos. Descrição Trata-se de um relato de talhado das impressões sensoriais acerca de determinados elementos (pessoa, objeto, animal, lugar ou mesmo um determinado acontecimento do cotidiano), em um momento único. Assemelha-se a uma imagem ou “fotografia representada por meio de palavras”, possibilitando ao leitor a criação figurativa de uma imagem mental do objeto descrito. A descrição pode ser objetiva ou subjetiva. Descrição objetiva Relata as características do “objeto” de modo preciso, sem comentários pessoais ou atribuições de quaisquer predicações ou termos que possibilitem a múltiplas interpretações. Exemplos: a) O quarto estava localizado na parte velha de Paris. Não era grande nem luxuoso, mas tinha tudo aquilo de que o artista necessitava naquele momento de sua vida: uma cama-beliche, duas cadeiras e uma mesa, sobre a qual ficava uma bacia e uma jarra d’água. Uma grande janela envidraçada iluminava fartamente o aposento, deixando sobre o assoalho de tábua corrida um rastro de luz. Nas paredes ao lado da cama havia dois quadros e algumas fotografias que lembravam ao pintor a sua origem. (texto construído a partir da sugestão do famoso quadro “O quarto de Vincent em Arles”, de Van Gogh) b) O objeto tem 3 metros de diâmetro, é cinza claro, pesa 1 tonelada e será utilizado na fabricação de fraldas descartáveis. c) Ana tem 1,80, pele morena, olhos castanhos claros, cabelos castanhos escuros e lisos e pesa 65 kg. É modelo desde os 15 anos. Descrição subjetiva Utiliza-se de uma linguagem mais pessoal. Nela, permitem-se opiniões, valorações, expressão de sentimentos e emoções, bem como o emprego de construções que indiquem certa subjetividade por parte de quem a descreve Exemplos: Era doce, calma e respeitava muito aos pais. Porém, comigo, não tinha pudores: era arisca e maliciosa, mas isso não me incomodava. O que é, o que é Clara e salgada, Cabe em um olho, e pesa uma Tonelada? Tem sabor de mar. Pode ser discreta. Inquilina da dor. Morada predileta. (Jesus Chorou – Racionais Mc’s) Narração A viatura foi chegando devagar E, de repente, de repente resolveu me parar Um dos caras saiu de lá de dentro Já dizendo “aí, compadre, você perdeu Se eu tiver que procurar, você tá fodido. Acho melhor você ir deixando esse flagrante comigo” No início eram três, depois vieram mais quatro Agora eram sete os samurais da extorsão Vasculhando meu carro, metendo a mão no meu bolso Cheirando a minha mão. (Rapa, tribunal de rua) A letra da música acima faz alusão a um grupo de policiais de extermínio do período da ditadura no Brasil. Rapa faz uma crítica sobre ser um tribunal de rua, pois executavam sem dar chance das pessoas se defenderem. “A viatura foi chegando devagar”, temos um acontecimento. Temos no texto uma sequência de fatos. A intenção do autor em um texto narrativo é relatar um acontecimento. E para isso você deve usar verbos, classe gramatical que predomina em uma narrativa. É um verbo colocado em uma sequência temporal. Em torno do verbo existem advérbios, classe gramatical que transmite uma circunstância ao verbo. Então, verbos e advérbios são as duas classes gramaticais que predominam em uma dissertação. Há também, no texto narrativo, uma sequência de fatos bem clara: A viatura foi chegando devagar ...derrepente resolveu me parar ...saiu de lá de dentro Já dizendo... ...tiver que procurar... ...ir deixando... ...vieram mais quatro Vasculhando meu carro... ...metendo a mão no meu bolso Cheirando a minha mão Existem também os elementos da narração, que não é o foco em concursos: personagem, espaço, tempo, clímax, protagonista. O foco é reconhecer o texto narrativo. Dissertação Quando se fala em dissertação, significa exatamente “falar sobre algo (tema)”. A maioria das pessoas, quando fala em dissertação, já pensam logo em introdução, desenvolvimento e conclusão, linguagem impessoal, etc.. Não. Isso é texto dissertativo em redação discursiva. Exemplo: A feira da Ceilândia Te oferece o que quiser comprar: Peixe, sapato, retrato, colar para te Enfeitar e cinto da moda... (Feira da Ceilândia – Ellen Oléria) Observe que ela está falando de um tema: “A feira da Ceilândia”. Ela não está descrevendo. Argumentação Não é a mesma coisa que dissertação. Ellen Oléria não defende ponto de vista. Ela não fala que a feira da Ceilândia é boa, ou ruim, ou que é melhor ou pior. Só fala sobre a feira. Se a partir da exposição de Ellen Oléria sobre a feira da Ceilândia eu digo que ela é muito boa, porque nela eu encontro o que eu quero comprar e encontro as roupas que eu gosto, agora, sim, estou defendendo um ponto de vista. Então, argumentação é defender um ponto de vista a partir de uma dissertação. A argumentação é quase que um subgênero da dissertação: eu só posso defender um tema se eu conhecer esse tema. É impossível fazer uma defesa sobre algo que você não conhece. É importantíssimo, portanto que você tenha uma dissertação para você conseguir fazer uma argumentação. Veja outro exemplo: Nas grandes cidades do pequeno dia a dia. O medo nos leva a tudo, sobretudo a fantasia. Então erguemos muros que nos dão a garantia De que morreremos cheios de uma vida tão vazia. (Muros e Grades – Engenheiros do Hawai) O tema dessa canção associa violência e medo. A opinião dele: O medo nos leva a tudo sobretudo a fantasia. Ou seja, você se protege tanto, além do perigo oferecido e acaba se privando da vida. Ele defende que a fantasia é aquilo que o medo gera e por que a fantasia gera isso? Quais são as consequências (olha a relação de causa e consequência)? Se ela nos leva a fantasia, então erguemos muros que nos dão a garantia que morreremos cheios de uma vida tão vazia. Ele está argumentando, defendendo o seu ponto de vista. Injunção É a tipologia das ordens e sugestões. Falou em ordem e sugestão é impossível não pensar em uma modalidade especial de verbo: imperativo. O texto injuntivo é aquele que traz uma recomendação. Que mostra o que fazer, ensina um fazer, traz um apontamento de como realizar. Por exemplo, uma receita de bolo é um texto injuntivo, assim como os anuais em geral. Geralmente ele vem mesclado com o texto dissertativo. Se no texto dissertativo eu defendo uma ideia, para tentar te convencer eu posso te sugerir como realizar um passo a passo. Por exemplo, eu quero defender a ideia de que a maneira de planejar as férias é começar essas férias com antecedência. Então minha tese é que suas férias deve começar a ser planejada assim que você retorna das férias. Portanto, eu vou argumentar dizendo que se você seguir essa sugestão você vai obter uma série de vantagens para a sua próxima viagem: melhores preços nos hotéis, vagas nos melhores hotéis, preços mais baixos nas passagens aéreas, vagas para espetáculos de shows, teatros, além de sobrar tempo para fazer pesquisas sobre aquele local, seuspontos turísticos, cultura e culinária. Exemplo: Pegue duas medidas de estupidez Junte trinta e quatro partes de mentira Coloque tudo numa forma Untada previamente Com promessas não cumpridas Adicione a seguir o ódio e a inveja Dez colheres cheias de burrice Mexa tudo e misture bem E não se esqueça antes de levar ao forno temperar Com essência de espírito de porco Duas xícaras de indiferença E um tablete e meio de preguiça (Os Anjos – Legião Urbana) Observe que todos os verbos estão no imperativo, para dar uma ordem ou para sugerir que a pessoa faça algo. Diálogo São atos de fala que podem se apresentar de duas maneiras: discurso direto e discurso indireto. Exemplo: E Johnny disse “Eu vou para curva do Diabo em Sobradinho, e vocês?” [...] E até hoje, quem se lembra, Diz que não foi o caminhão, Nem a curva fatal, E nem a explosão. Johnny era fera demais Para vacilar assim E o que dizem é que foi tudo Por causa de um coração partido Dezesseis – Legião Urbana Verbo dicendi é um verbo que indica um ato de fala. No exemplo acima temos verbos dicendi: disse, diz, dizem, que configuram os discursos direto e indireto. Temos discurso direto no trecho seguinte: E Jhonny disse “Eu vou para curva do Diabo em Sobradinho, e vocês?” Algumas marcas importantes para identificar um discurso direto são aspas, dois pontos e travessão. Temos discurso indireto nos trechos seguinte: Diz que não foi o caminhão, nem a curva, nem a explosão. E o que dizem é que foi tudo Por causa de um coração partido. As marcas que identificam o discurso indireto são a ausência de aspas, dois pontos, travessão. Diferença entre gênero textual e tipologia textual O que vemos nas provas não são tipologias, são gêneros textuais. Gênero é a combinação de tipologias aliada ao contexto, são infinitos justamente em decorrência do contexto e eles são a realização. Por isso, o texto que vemos nas provas é o gênero, porque é o texto que foi realizado. Quando falamos de tipologia, estamos falando de prova objetiva (descrição, narração e dissertação são fundamentais em concursos públicos). E quando falamos de gênero estamos falando de prova discursiva. O texto é um gênero, por isso, nada impede de juntar duas tipologias. O importante é você saber identificar o que predomina.
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