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Educação Ambiental (EA) UNI I - SLIDE Esta disciplina tem o intuito de introduzir a Educação Ambiental (EA) no contexto sociocultural, com o propósito de: Alcançar comportamentos ecologicamente adequados; Contribuir para o desenvolvimento do pensamento crítico; Formar educadores com consciência local e planetária. Como ação educativa, a Educação Ambiental permite que a escola entre em contato com o campo ambiental, promovendo: Reflexões, metodologias e experiências práticas que têm por objetivo construir conhecimentos e valores ecológicos na atual e nas futuras gerações. Segundo as diretrizes do MEC – Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) – Temas transversais (1998) –, a Educação Ambiental deve ser trabalhada nas escolas de maneira interdisciplinar. Por que é essencial a preocupação com o meio ambiente? Como a humanidade chegou a tal conclusão? História da relação homem X ambiente. A crise ambiental O século XVIII estabeleceu um marco na história da humanidade quando teve início o processo da Revolução Industrial, que alterou as formas de organização social, a economia e o meio ambiente. Consequência: a poluição (do ar, da água e do solo) se incorporou ao cotidiano das cidades. Migração do campo para os centros urbanos. A crise ambiental Nessa época, a utilização de energia proveniente do uso intensivo da água, do carvão e, posteriormente, do petróleo nos processos industriais foi determinante para o comprometimento dos recursos naturais. A vulnerabilidade ambiental e dos seres humanos foi definitivamente evidenciada quando acidentes ambientais de grande magnitude começaram a ocorrer. Homem: considerado o principal agente transformador da natureza. Fenômeno natural que é agravado, nos grandes centros urbanos, pela presença de poluentes como o CO2. Acidentes ambientais importantes: Poluição do ar + inversão térmica 1930 – Vale de Meuse, Bélgica: Um episódio de Inversão Térmica (IT) levou ao aumento das concentrações de poluentes atm emitidos por indústrias siderúrgicas; Adoecimento de mais da metade da população, levando a um acréscimo na mortalidade por Doenças cardiorrespiratórias. 1948 – Pensilvânia, EUA: Metade da população da cidade de Donora adoeceu (6 mil pessoas) e 20 morreram em virtude do fenômeno da IT. Acidentes ambientais importantes: poluição do ar + inversão térmica 1952 – Londres, Inglaterra: Inverno frio + neblina – após um período de IT, associado ao aumento da utilização de carvão para calefação – enxofre; Aproximadamente 4 mil mortos; Posteriormente, a utilização de carvão para aquecimento de residências foi proibido e as indústrias foram obrigadas a controlar a emissão de poluentes na atmosfera. Acidentes ambientais importantes: Poluição do ar + inversão térmica Tais episódios foram determinantes para o início da formulação de medidas de controle ambiental que minimizassem essas ocorrências na Europa e, posteriormente, nos Estados Unidos. Acidentes ambientais importantes 1976 – Seveso, Itália: explosão de reator químico, liberando dioxina – saída de 700 pessoas da região – 193 casos de cloracne; aumento do número de doenças cardiovasculares, leucemia, tumores etc.; animais morreram e muitos foram sacrificados, afetando a cadeia ecológica; esse fato produziu profundo impacto na Europa e culminou com o desenvolvimento da Diretiva de Seveso (1982) – primeiras normas sobre prevenção, preparo e resposta aos acidentes industriais com efeitos transfronteiriços. Acidentes ambientais importantes 1984 – Bhopal, Índia: 40 toneladas de gases tóxicos fatais vazaram de uma fábrica de pesticidas – cerca de 10 mil pessoas morreram em três dias; todos os dispositivos de segurança falharam. Acidentes ambientais importantes: contaminação do solo e da água 1953 – Baía de Minamata, Japão: após anos de despejo de efluentes industriais contendo mercúrio, milhares de pessoas sofreram os efeitos da contaminação. Efeitos: mutações genéticas; nascimento de pessoas com má - formação dos membros e do sistema nervoso (problemas neurológicos); muitos casos de microencefalia e paralisia cerebral. Acidentes ambientais importantes: contaminação do solo e da água A doença recebeu o nome de Mal de Minamata e só foi confirmada nos anos 1960, momento em que outro episódio se repetiu em Niigata, com as mesmas características de contaminação e doenças. Acidentes ambientais importantes: contaminação do solo e da água 1892 – Nova York, EUA: projeto para conectar as partes alta e baixa do rio Niágara – canal de 9,6 km para transporte de carga – Love Canal; em 1920 o projeto foi abandonado e o local vendido para a indústria Hooker Chemical , que o utilizou como aterro para deposição final de resíduos tóxicos – dejetos químicos e bélicos; em 1953 o aterro atingiu sua capacidade máxima, com mais de 21 milhões de kg de resíduos, e foi coberto com entulho; contaminação do solo e da água a empresa vendeu o local pelo preço simbólico de 1 dólar para a Niagara Falls Board of Education; uma escola foi construída sobre o aterro e circundada por residências; em 1978, moradores descobriram a verdade – árvores e jardins começaram a morrer, crianças apareceram com queimaduras, houve casos de bebês nasceram deformados e também um aumento no número de abortos. Acidentes ambientais ocorridos no Brasil 1940 – Duque de Caxias, RJ: foi fundado um complexo educacional para crianças pobres – Cidade dos Meninos; em seguida, o Ministério da Saúde instalou no local uma fábrica de pesticidas contra a malária, endêmica na região na época; nos anos 1950, a fábrica foi desativada e o material abandonado começou a se espalhar e infiltrar no solo, provocando um processo de contaminação do meio ambiente e da população. 1950 – Cubatão, SP: instalação de indústrias (siderúrgicas, petroquímicas e de fertilizantes); em 1980, ficou conhecida pelos problemas ambientais e também relacionados à saúde da população. Primavera silenciosa, de Rachel Carson 1962 – Rachel Carson: alertou para os efeitos danosos que ações humanas provocam no ambiente e questionou a confiança cega da humanidade no progresso tecnológico; a obra abriu espaço para o movimento ambientalista – sua maior contribuição foi a conscientização pública de que a natureza é frágil diante da intervenção humana. Crise ambiental Diante do exposto, fica evidente que no século XX se inicia a crise ambiental. Ao longo dos anos intensificaram - se as discussões sobre o equacionamento desse problema – Fóruns Mundiais. Educação ambiental O problema ambiental adquiriu tamanha proporção que hoje já se fala em ameaça à continuidade da vida em longo prazo. É justamente nesse momento histórico que surge a Educação Ambiental: conjunto de ações pedagógicas formais e não formais que podem conduzir a capacidade crítica dos cidadãos, de uma forma geral, às escolhas ambientalmente responsáveis. Educação ambiental “Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo. O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra.” (Trecho de texto baseado em discurso feito pelo chefe Seattle, 1854, ao presidente dos EUA, Franklin Pierce) Pessoas como chefe Seattle e a escritora e ativista ambiental Rachel Carson foram precursores em relação às questões ambientais. UNIDADE II História da Educação Ambiental 1968 – Clube de Roma, Itália: nasceu como uma organização informal e, na época, deixou clara a necessidade de se investir em uma mudança radical na mentalidade de consumo e procriação. Cientistas, educadores, políticos, industriais discutiram problemas relacionados ao: consumo – industrialização acelerada; esgotamento de recursos naturais; rápido crescimento demográfico. No início na década de 1970, no Brasil, o regime militar ganhava força comum modelo econômico em que se privilegiavam as relações capitalistas de produção. Foram abertas as portas para a indústria de potencial poluidor, consolidando o começo da história da degradação ambiental no Brasil. Nessa época foi criada a Sema: Secretaria Especial do Meio Ambiente – Paulo Nogueira Neto. No Brasil, o movimento ambiental era visto como “inimigo do progresso”, pois assumia posição contrária à do regime em vigor. Em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou, em Estocolmo, Suécia, a primeira Conferência Mundial de Meio Ambiente Humano: Percebeu - se como necessária a educação dos cidadãos, a fim de serem encontradas soluções para os problemas do meio ambiente, e o tema poluição industrial foi a principal pauta; as indústrias com potencial poluidor migravam para os países em desenvolvimento sem tomar medidas de segurança. 1975 – Belgrado, Iugoslávia – Seminário Internacional sobre Educação Ambiental (Carta de Belgrado): novo tipo de educação – requer um novo e produtivo relacionamento entre estudantes e professores, entre a escola e a comunidade, entre os sistemas educacionais e a sociedade; educação ambiental contínua, voltada para os interesses nacionais, integrada às diferenças e multidisciplinar; no Brasil, as deliberações da conferência passaram despercebidas na época. 1977 – Tbilisi, Geórgia – primeiro Congresso Mundial de Educação Ambiental (Conferência de Tbilisi): definições, objetivos, princípios e estratégias para a Educação Ambiental que até hoje são adotadas mundialmente. 1987 – Moscou, ex-União Soviética – segundo Congresso Internacional de Educação Ambiental: Estratégia Internacional de Ação em Matéria de Educação e Formação Ambiental para o Decênio de 1990; Destaca - se a necessidade de atender à formação de recursos humanos nas áreas formais e não formais da Educação Ambiental e de incluir a dimensão ambiental nos currículos de todos os níveis de ensino. Em 1987, Paulo Nogueira Neto, junto aos demais integrantes da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, elabora o documento O nosso futuro comum: aponta a incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e padrões de produção e consumo; o desenvolvimento econômico deve ser conciliado com as questões ambientais. 1992 – Rio de Janeiro, Brasil – Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92 ou Eco-92): pela primeira vez foi permitida a participação de ONGs nos debates. Agenda 21: considerado o resultado mais significativo da Rio-92, por abranger uma grande quantidade de temase propor um plano de ação para que o desenvolvimento ocorra vinculado à preocupação ambiental. a agenda conta com 2.500 recomendações voltadas para a comunidade mundial e sugere o desenvolvimento de agendas próprias às comunidades locais, de bairros, de grupos etc. 1997 – Kyoto, Japão – Protocolo de Kyoto: diminuição da emissão de gases causadores do efeito estufa – países do norte. 2002 – Joanesburgo, África do Sul – Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável: ocorreu após o atentado de 11 de setembro. 2012 – Rio de Janeiro, Brasil – Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20): apesar de muitos fóruns e debates, ainda não foram encontradas soluções para a desigualdade social; o processo de urbanização continua acelerado, contribuindo para o aumento da degradação ambiental. Tendências atuais Existem muitas maneiras de se conceber, tanto no plano das ideias como no campo da ação, a educação ambiental. Existem diversos autores e estudiosos sobre essa questão. Destacamos dois autores que discorrem sobre tendências, abrangendo uma vasta gama de opções para estudo. Segundo Sauvé , há oito correntes de EA, no que diz respeito à sua concepção e prática, que podem ser consideradas pertencentes a uma linha atual: holística; biorregionalista; práxica; crítica; feminista; etnográfica; ecoeducação; sustentabilidade. De acordo com Silva (2008), especialista em meio ambiente, a Educação Ambiental é categorizada sob três aspectos de sua concepção: conservador; pragmático; crítico. Tendências atuais Conservador: são apresentados os problemas ambientais mais aparentes, desprezando-se as causas mais profundas; o ser humano é apresentado como destruidor e praticamente não são abordadas questões sociais e políticas. Pragmático: o foco é a ação, a busca de soluções para os problemas ambientais e a proposição de normas a serem seguidas; a ênfase é na mudança de comportamento individual por meio da quantidade de informações e de normas ditadas por leis e por projetos governamentais. Crítico: a forma de diálogo apresenta a necessidade de fortalecimento da sociedade civil na busca coletiva de transformações sociais; sua perspectiva se apoia na práxis, em que a reflexão subsidia a ação e esta traz novos elementos para a reflexão; na pedagogia, a práxis é o processo pelo qual a teoria é praticada, convertendo - se em parte da experiência vivida. Tendências atuais Portanto, fica a critério de cada educador, instituição etc., por meio da caracterização dessas inúmeras concepções, identificar a que melhor irá satisfazer cada tipo de intervenção.
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