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Organização e Métodos em Sistemas Organização e Métodos em Sistemas Jefferson de Souza Freitas 2ª e di çã o Organização e Métodos em Sistemas F862f Freitas, Jefferson de Souza. Organização e métodos em sistemas / Jefferson de Souza Freitas ; revisão de Walter P. Valverde Júnior e Tatiane Rodrigues de Souza . 2. ed. – Niterói, RJ: EAD/UNIVERSO, 2011. 198p. : il. 1. Organização e métodos. 2. Desenvolvimento organizacional. 3. Sistemas de informação gerencial. 4. Administração de empresas. I. Valverde Júnior, Walter P. II. Souza, Tatiane Rodrigues de. III. Título. CDD 658.40388 DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva FICHA TÉCNICA Texto: Jefferson de Souza Freitas Revisão Ortográfica: Tatiane Rodrigues de Souz a e Walter P. Valverde Júnior Projeto Gráfico e Editoração: Andreza Nacif, Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos, Marcos Antonio Lima da Silva e Ruan Carlos Vieira Fausto Supervisão de Materiais Instrucionais: Janaina Gonçalves de Jesus Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Bibliotecária Ana Marta Toledo Piza Viana CRB 7/2224 © Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). Organização e Métodos em Sistemas Palavra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora Organização e Métodos em Sistemas Organização e Métodos em Sistemas Sumário Apresentação da disciplina ................................................................................................ 07 Plano da disciplina .............................................................................................................. 09 Unidade 1 – Introdução ao estudo de OMS..................................................................... 13 Unidade 2 – Estrutura Organizacional.............................................................................. 81 Unidade 3 – Técnicas e métodos para a ação empresarial............................................ 139 Unidade 4 – Mudança organizacional, gestão de processos e o futuro da administração ................................................................................................................ 161 Considerações finais ........................................................................................................... 189 Conhecendo o autor ........................................................................................................... 191 Referências ........................................................................................................................... 193 Anexos ................................................................................................................................. 195 Organização e Métodos em Sistemas 6 Organização e Métodos em Sistemas 7 Apresentação da Disciplina Caro aluno É importante salientar que as técnicas de organização e métodos em sistemas (OMS) têm de ser incorporadas pelos gestores de todas as áreas, na medida em que não existe mais uma unidade específica que cuide da problemática de ação estrutural e da gestão de processos em toda a organização. Assim, convém a cada gestor conhecer as técnicas de OMS que o credenciará a dar melhor status à área onde atua. Ao longo de nossos estudos, você verá que o desenvolvimento dessas técnicas, essencialmente, as de aplicação estrutural e, sobretudo, voltada à gestão de processos, não deixarão em plano inferior a relevância dos relacionamentos grupais e interpessoais e, nem mesmo, quando da ocorrência de conflitos e resistências entre as pessoas da organização. Para compreender todo este processo, acompanhe as quatro unidades de estudo e, lembre-se, há uma estrutura universitária disponível para apoiá-lo nas dúvidas que certamente irão surgir. Estamos à disposição para auxiliá-lo e tornar todo o processo de ensino-aprendizagem numa atividade que proporcione, além da aquisição do conhecimento, o prazer do aprendizado. Bons estudos. Organização e Métodos em Sistemas 8 Organização e Métodos em Sistemas 9 Plano da Disciplina A disciplina Organização e métodos em sistemas (OMS) têm como objetivo propiciar ao discente uma visão sobre: organização na área de OMS e estrutura de processos administrativos. A disciplina foi dividida em quatro unidades, que estão subdivididas em tópicos, para facilitar a compreensão dos conteúdos. Faremos, então, um resumo de cada unidade, apresentando seus objetivos para que você tenha uma visão geral daquilo que irá estudar. Unidade 1: Introdução ao estudo de OSM. Na primeira unidade vamos estudar os aspectos principais da teoria geral da Administração, que servirão de base para o perfeitoentendimento dos assuntos abordados na disciplina de Organização, métodos e sistemas. Objetivos : Compreender os conceitos da organização e seu histórico, evolução e funções. Identificar o conceito da administração e seus processos, bem como as teorias administrativas, suas ênfases e principais enfoques. Entender a conceituação de sistemas com o intuito de criar especializações relacionadas. Desenvolver uma visão sistêmica da organização e o tipo de sistema no qual a empresa melhor se encaixa. Classificar sistemas com relação ao nível gerencial que auxiliam. Compreender conceitualmente metodologias e as ferramentas adequadas. Organização e Métodos em Sistemas 10 Unidade 2: Estrutura organizacional Nesta unidade, será analisada a importante técnica de representação gráfica, que permite esquematizar e visualizar os sistemas de forma racional, clara e concisa, facilitando seu entendimento geral por todos os envolvidos. Objetivos : Compreender o processo de transformação organizacional através das mudanças estruturais, bem como, analisar e identificar como as empresas estão se comportando diante desses novos desafios. Identificar os níveis de realização do trabalho, dos sistemas, bem como dos conhecimentos e técnicas utilizadas para a racionalização do trabalho nos estudos de tempos e movimentos/therblig. Conhecer os tipos de departamentalização que uma empresa pode utilizar quais as vantagens e desvantagens de cada tipo e, também como é a representação gráfica de uma estrutura organizacional. Analisar a técnica da representação gráfica denominada fluxograma, que permite esquematizar e visualizar os sistemas de forma racional, clara e concisa, facilitando seu entendimento geral por todos os envolvidos. Desenvolver habilidades gerenciais na leitura e resolução dos problemas apresentados nos mesmos. Organização e Métodos em Sistemas 11 Unidade 3: Técnicas e métodos para a ação empresarial Em nossa terceira unidade vamos estudar os aspectos básicos do arranjo físico, que representa um instrumento que deve ser utilizado para aumentar a produtividade e a qualidade dos trabalhos das várias unidades organizacionais da empresa. Estudaremos também os manuais administrativos. Objetivos : Compreender o arranjo físico (layout), com princípios e aspectos básicos. Conhecer os aspectos básicos na utilização dos manuais administrativos e a importância dos formulários. Unidade 4 – Mudança organizacional, gestão de processos e o futuro da administração E para finalizar, na quarta unidade vamos estudar o efeito das mudanças sobre a organização, os clientes internos e externos; o mercado e o principal objetivo das mudanças empresariais, além da gestão dos processos e da maximização do valor do cliente. Objetivos : Compreender a importância da mudança organizacional para a maximização do valor do cliente. Conhecer a gestão de processos para uma melhor abordagem sobre reengenharia. Bons estudos. Organização e Métodos em Sistemas 12 Organização e Métodos em Sistemas 13 Introdução ao Estudo de OSM A Administração Conceitos da Função Organização, Sistemas e Métodos A Evolução da Função da Área de OS&M Teorias da Administração Visão Sistêmica da Organização As Organizações e Seus Níveis 1 Organização e Métodos em Sistemas 14 Nesta unidade são apresentados os aspectos principais da Teoria Geral da Administração, que servirão de base para o perfeito entendimento dos assuntos abordados na disciplina de Organização, Sistemas e Métodos. Objetivos Da Unidade: Compreender os conceitos da organização e seu histórico, evolução e funções. Identificar o conceito da administração e seus processos, bem como as teorias administrativas, as ênfases e os principais enfoques. Entender a conceituação de sistemas com o intuito de criar especializações relacionadas. Desenvolver uma visão sistêmica da organização e o tipo de sistema no qual a empresa melhor se encaixa. Classificar sistemas com relação ao nível gerencial que auxiliam. Compreender conceitualmente metodologias e as ferramentas adequadas. Plano da Unidade: A Administração Conceitos da Função Organização, Sistemas e Métodos A Evolução da Função da Área de OS&M Teorias da Administração Visão Sistêmica da Organização As Organizações e Seus Níveis Bem-vindo à primeira unidade! Organização e Métodos em Sistemas 15 A Administração Conjunto de princípios e normas que têm por objetivo planejar, organizar, dirigir, coordenar e controlar os esforços de grupos de indivíduos que se associam para atingir um resultado comum. (G.L. Heilborn) Administrar uma Empresa é conseguir estabelecer e reunir uma série de condições favoráveis para que um grupo organizado de pessoas possa atingir um ou mais objetivos pré-determinados, visando, a cada etapa do processo administrativo, a melhoria da produtividade! Por que a melhoria da produtividade? Se o objetivo é a melhoria da produtividade, a administração seria uma mera reunião de condições para o desempenho de pessoas que operam uma Empresa. A Administração, de acordo com definição do Houaiss, é o "conjunto de normas e funções cujo objetivo é disciplinar os elementos de produção e submeter a produtividade a um controle de qualidade, para a obtenção de um resultado eficaz". Administrar envolve a elaboração de planos, pareceres, relatórios, projetos, arbitragens e laudos, em que é exigida a aplicação de conhecimentos inerentes às técnicas de Administração. Os primeiros administradores profissionais (administrador contratado, que não é o dono do negócio) foram os que geriram as companhias de navegação inglesas a partir do século XVII. Segundo Jonh W. Riegel "O êxito do desenvolvimento de executivos em uma empresa é resultado, em grande parte, da atuação e da capacidade dos seus gerentes no seu papel de educadores. Cada superior assume este papel quando ele procura orientar e facilitar os esforços dos seus subordinados para se desenvolverem". Organização e Métodos em Sistemas 16 A Administração é um processo eminentemente dinâmico Dentro dessa visão, a Organização é uma decorrência da função administrar. Todo empreendimento que exige o esforço coordenado de um conjunto de pessoas necessita de alguma organização para ser executado, cujo sucesso depende da qualidade de sua administração. É o que chamamos de Organização como função administrativa. Outro aspecto a considerar é a Organização no sentido de Empresa que congrega recursos humanos e materiais, visando ao alcance de um objetivo. Cada Organização tem a sua própria cultura, suas normas, tabus, costumes e crenças. A Organização existe desde as épocas mais remotas, enquanto atividade contínua e permanente, uma vez que o homem sempre procurou, embora de forma empírica, racionalizar, aperfeiçoar e simplificar suas ações, para conseguir maior rendimento ou o máximo de bem-estar com o mínimo de esforço. Este é o princípio básico e o objetivo final da Organização. Histórico Com o avanço da Física, da Mecânica e da Matemática no século XVII, os homens passaram a interpretar a si próprios e a sociedade sob o prisma dos mesmos métodos, conceitos e suposições que tais ciências utilizavam, passando a rejeitar, em parte, a teologia, o misticismo e o antropomorfismo de outras formas de interpretação do homem e da sociedade. Surge o modelo mecânico de interpretação social, pelo qual se encaramas sociedades como espécie de máquinas complexas, cujas ações e processos podem ser analisados na ação recíproca das causas naturais, na possibilidade da plena identificação dos elementos componentes e de seus diversos inter-relacionamentos, bem como na previsão dos efeitos daí decorrentes. Organização e Métodos em Sistemas 17 O termo Organização, Sistemas e Métodos surgiu pela primeira vez nos Estados Unidos, através do governador do estado de New Jersey, Woodrow Wilson (o qual foi presidente dos Estados Unidos e um dos responsáveis pela formação das Nações Unidas), que advogava a ideia de que a administração era o governo em ação. Porém, não foi nos Estados Unidos que a ideia se disseminou. Foi na Inglaterra que o termo Organização e Métodos foi rapidamente incorporado às unidades de administração pública, que cuidavam dos processos de organização e racionalização dos processos de trabalho, tudo isso próximo ao início da Segunda Grande Guerra Mundial. Em 1950, pouco mais de 20 países já contavam com uma unidade de Organização e Métodos; no Brasil, a unidade de Organização e Métodos só aparece anos mais tarde, na estruturação do DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público). Em suma, a origem do termo é norte- americana, mas a função tomou corpo mesmo foi na Inglaterra e em outros países da Europa, vindo a ocupar espaço nas organizações brasileiras por volta de 1955. Tudo se inicia na Administração Pública; na empresa privada, a assimilação só ocorreu após o surgimento da Administração Pública. Breve histórico da evolução empresarial Sempre existiram formas de trabalhos organizadas e dirigidas. Contudo as empresas desenvolveram-se de forma lenta até a revolução industrial. Muitos pesquisadores dividem a história empresarial em seis fases: Fase Artesanal Desde a Antiguidade até 1780, o regime de produção esteve limitado a artesãos e à mão-de-obra intensiva e não-qualificada, principalmente mais direcionada para a agricultura. O sistema de comércio era de troca por troca (trocas locais). Organização e Métodos em Sistemas 18 Fase da Industrialização Com a revolução industrial, as empresas sofreram um processo de industrialização ligado às máquinas. O uso do carvão, nova fonte de energia, veio a permitir um enorme desenvolvimento nos países. A empresa assume um papel relevante no desenvolvimento das sociedades, introduzindo novas máquinas consoante o material que se queria produzir, como a máquina de fiar, tear, máquina a vapor, as locomotivas, etc. Fase de Desenvolvimento Industrial Os dois expoentes marcantes desta fase são o aço e a eletricidade. O ferro é substituído pelo aço como fonte básica da indústria, e o vapor é transferido pela eletricidade e derivados do petróleo. O desenvolvimento do motor de explosão e do motor elétrico estabelece uma relação entre a ciência e o avanço tecnológico das empresas. Isto fez com que se desse o desenvolvimento dos transportes e das comunicações, o que permitiu encurtar as distâncias entre diferentes áreas, o que permite o desenvolvimento rápido do intercâmbio comercial; Fase do Gigantismo Industrial Nesta fase, as empresas atingem enormes proporções, passando a atuar em operações de âmbito internacional e multinacional. Surgem os navios cada vez mais sofisticados e de grande porte, grandes redes ferroviárias e estradas cada vez mais acessíveis. O automóvel e o avião tornam-se veículos cada vez mais usuais e, com o aparecimento da televisão, as distâncias encurtam-se. Organização e Métodos em Sistemas 19 Fase Moderna Corresponde à fase do desenvolvimento científico e tecnológico das empresas. Cada vez é mais notório o contraste entre os países do norte e do sul, começando a ser classificados por países desenvolvidos (os da zona norte, mais avançados a nível tecnológico e empresarial) e países "em desenvolvimento" (países da zona do sul, menos industrializados, e mais rurais). Nos países desenvolvidos, começam a “circular” novos produtos (p.e. plástico, alumínio, fibras sintéticas, etc.). Ao petróleo e à eletricidade são incluídas novas formas de energia, como a nuclear e a solar. O surgimento de novas energias, como o circuito integrado e a informática, permitem a sofisticação da qualidade de vida. O uso de TV a cores, computador, comunicação por satélite e os carros permitem dinamizar as empresas. Existe uma relação direta entre empresa, consumo, publicidade. Surge cada vez mais consumidores para as tecnologias. Surge, então, a competição entre as empresas no intuito de satisfazer os clientes, o que leva de forma direta e indireta ao avanço tecnológico. Por trás deste avanço estão estudos científicos. A ciência cada vez fica mais ligada à empresa. Fase das Incertezas Pós – Moderna Atualmente, as empresas encontram-se em clima de turbulência. O ambiente externo das empresas caracteriza-se por uma complexidade e mobilidade que os empresários não conseguem “gerir” de forma adequada. Lutam com escassez de recursos e é cada vez mais difícil colocar os produtos no mercado. Existe a tendência da estagnação empresarial, o que não é recomendável, pois a empresa deve assumir-se como um sistema aberto a mudanças e inovações. Organização e Métodos em Sistemas 20 Conceitos da Função Organização, Sistemas e Métodos O conceito de organização dentro do campo administrativo é de gerir capital, recursos humanos, equipamentos e processos com o objetivo de se atingir um determinado resultado. A Organização no sentido sistêmico ou no sentido puro da atividade de OSM é vista como o desenvolvimento ou adequação dos sistemas funcionais da Empresa, de forma a capacitá-la ao desenvolvimento de suas atividades dentro dos conceitos de produtividade. Quanto ao Método, de forma mais prática, seria traduzido como a forma de executar os referidos sistemas com o menor dispêndio de energia e maior eficácia do executante. Os Sistemas podem ser conceituados como um conjunto de métodos, procedimentos e/ou técnicas, que trabalhados geram informações necessárias ao processo decisório da Empresa. Ele trabalha tanto as informações processadas no computador quanto as processadas manualmente. A organização é entendida como a ciência do rendimento, procurando a eficiência (processo) para alcançar a eficácia (resultados), através do aumento da produtividade, isto é, melhorando os resultados em relação aos investimentos realizados nos diferentes fatores de produção. Todo empreendimento que exige o esforço coordenado de um conjunto de pessoas necessita de alguma organização, que pode ser boa ou má, determinando, através de sua qualidade, o sucesso da iniciativa. Organização e Métodos é uma função da administração, assim como finanças, recursos humanos, material, etc. Seu início tem estrita relação com o início da administração tratada cientificamente ou, pelo menos, racionalmente. Organização e Métodos em Sistemas 21 O termo “Organização” frequentemente tem sido empregado como sinônimo de arrumação, ordenação, eficiência, porém, em nosso objetivo, Organização deve ser entendida também como o estrutural de cargos definidos por: respectivos títulos; atribuições básicas; responsabilidades; relações formais; nível de autoridade; aspectos culturais. Nestes termos, podemos definir como função básica de ORGANIZAÇÃO o estudo cuidadoso da estrutura organizacional da empresa, para que esta seja bem definida e possa atender às necessidades reais e aos objetivosestabelecidos de forma integrada com a organização informal e as estratégias estabelecidas na empresa. A Evolução da Função da Área de OS&M Dentro dos princípios da Escola Clássica de Administração, o pioneirismo ditava o desenvolvimento dos métodos de trabalho a serem executados rigidamente por seus trabalhadores, dando ênfase, exclusivamente, à forma de se fazer o trabalho e à forma final do produto. A função da área de OSM era voltada para o desenvolvimento de um sistema "entre quatro paredes" para as várias unidades organizacionais da Empresa, nas quais cabia a implantação. A prática mostrou inviável esta forma de atuação uma vez que: Organização e Métodos em Sistemas 22 não havia comprometimento das unidades com o sistema implantado; o sistema era imposto "de cima para baixo" e, não raras vezes, deixado de lado depois de algum tempo; os empregados não se sentiam parte integrante da Empresa, uma vez que não eram ouvidos no desenvolvimento de sistemas que afetavam diretamente suas atividades; depois de implantado, verificava-se que o sistema não atendia ao usuário, cuja visão e conhecimento específico não eram levados em consideração; choque de poder entre as unidades, com a área de OSM sendo vista como impostora. Na atualidade, analisa-se o homem como peça fundamental do processo. Estuda-se o comportamento das funções e o comportamento do indivíduo. Assim, as normas ou métodos de trabalho deixam de ser rígidos e passam a ser trilhas orientadoras. Abre-se espaço para a criatividade e para as metas desafiadoras, jogando-se com estes mecanismos motivacionais para alcançar os propósitos da Organização, aliados ao desenvolvimento pessoal e profissional dos empregados. Atualmente é considerado ideal que os sistemas sejam desenvolvidos "pelas" várias unidades organizacionais usuárias, sob a atuação efetiva do princípio sistêmico da área de Sistemas, Organização e Métodos. Esta filosofia de atuação propicia, entre outros aspectos: melhor entrosamento entre as unidades organizacionais usuárias de um sistema; maior qualidade do sistema, pois os próprios usuários estarão atuando; maior facilidade de implementação; menor nível de resistência à aceitação do sistema, pois os usuários o conhecem desde o início do desenvolvimento; maior nível de conhecimento e treinamento automático dos usuários do sistema; menor custo no desenvolvimento e implementação do sistema. Organização e Métodos em Sistemas 23 Teorias da Administração A Escola Clássica (escola mecanicista) Os dois principais expoentes da Escola Clássica foram Frederick Winslow Taylor (1854-1915) e Henri Fayol (1841-1925). Esses dois estudiosos, que também eram funcionários, defendiam princípios semelhantes. Taylor (Pai da Administração Científica), que era americano, e Henri Fayol, engenheiro francês, baseavam suas experiências na alta administração. Enquanto os métodos de Taylor eram estudados por executivos Europeus, os seguidores da Administração Científica só deixaram de ignorar a obra de Fayol quando a mesma foi publicada nos Estados Unidos. O atraso na difusão generalizada das ideias de Fayol fez com que grandes contribuintes do pensamento administrativo desconhecessem seus princípios. A Teoria da Administração Científica (Taylor) estudava a empresa, privilegiando as tarefas de produção, enquanto a Teoria Clássica da Administração a estudava privilegiando a estrutura da organização. Ambas as teorias buscavam alcançar o mesmo objetivo: maior produtividade do trabalho e a busca da eficiência nas organizações. Se a Administração Científica se caracterizava pela ênfase na tarefa realizada pelo operário, a Teoria Clássica se caracterizava pela ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente. A consequência destas Teorias foi uma redução no custo dos bens manufaturados. Aquilo que fora um luxo acessível apenas aos ricos, como automóveis ou aparelhos domésticos, tornou-se disponível para as massas. Mais importante foi o fato de que tornaram possível o aumento dos salários, ao mesmo tempo em que reduziram o custo total dos produtos. Organização e Métodos em Sistemas 24 Princípios Básicos da Escola Clássica Fayol relacionou 14 princípios básicos que podem ser estudados de forma complementar aos de Taylor: Divisão do trabalho - Especialização dos funcionários desde o topo da hierarquia até os operários da fábrica, assim, favorecendo à eficiência da produção, aumentando a produtividade. Autoridade - Autoridade é o direito dos superiores darem ordens que teoricamente serão obedecidas. Responsabilidade é a contrapartida da autoridade. Disciplina - Necessidade de estabelecer regras de conduta e de trabalho válidas para todos os funcionários. A ausência de disciplina gera o caos na organização. Unidade de comando - Um funcionário deve receber ordens de apenas um chefe, evitando contraordens. Unidade de direção - O controle único é possibilitado com a aplicação de um plano para grupo de atividades com os mesmos objetivos. Subordinação dos interesse individual (ao interesse geral) - Os interesses gerais da organização devem prevalecer sobre os interesses individuais. Remuneração - Deve ser suficiente para garantir a satisfação dos funcionários e da própria organização. Centralização (ou Descentralização) - As atividades vitais da organização e sua autoridade devem ser centralizadas. Linha de Comando (Hierarquia) - Defesa incondicional da estrutura hierárquica, respeitando à risca uma linha de autoridade fixa. Ordem - Deve ser mantida em toda organização, preservando um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar. Equidade - A justiça deve prevalecer em toda organização, justificando a lealdade e a devoção de cada funcionário à empresa. Direitos iguais. Estabilidade dos funcionários - Uma rotatividade alta tem consequências negativas sobre desempenho da empresa e o moral dos funcionários. Iniciativa - Deve ser entendida como a capacidade de estabelecer um plano e cumpri-lo. Espírito de equipe - O trabalho deve ser conjunto, facilitado pela comunicação dentro da equipe. Os integrantes de um mesmo grupo precisam ter consciência de classe, para que defendam seus propósitos. Organização e Métodos em Sistemas 25 Funções Administrativas da Escola Clássica – Planejar Estabelece os objetivos da empresa, especificando a forma como serão alcançados. Parte de uma sondagem do futuro, desenvolvendo um plano de ações para atingir as metas traçadas. É a primeira das funções, já que servirá de base diretora à operacionalização das outras funções. - Organizar É a forma de coordenar todos os recursos da empresa, sejam humanos, financeiros ou materiais, alocando-os da melhor forma, segundo o planejamento estabelecido. - Comandar Faz com que os subordinados executem o que deve ser feito. Pressupõe que as relações hierárquicas estejam claramente definidas, ou seja, que a forma como administradores e subordinados se influenciam esteja explícita, assim como o grau de participação e colaboração de cada um para a realização dos objetivos definidos. - Coordernar A implantação de qualquer planejamento seria inviável sem a coordenação das atitudes e esforços de toda a empresa, almejando as metas traçadas. - Controlar Controlar é estabelecer padrões e medidas de desempenho que permitam assegurar que as atitudes empregadas são as mais compatíveis com o que a empresa espera. O controle das atividades desenvolvidas permite maximizar a probabilidadede que tudo ocorra conforme as regras estabelecidas e ditadas. Organização e Métodos em Sistemas 26 Considerações sobre a Teoria Clássica Obsessão pelo comando - tendo como ótica a visão da empresa a partir da gerência administrativa, Fayol focou seus estudos na unidade do comando, na autoridade e na responsabilidade. Em função disso, é visto como obcecado pelo comando. A empresa como sistema fechado - a partir do momento em que o planejamento é definido como sendo a pedra angular da gestão empresarial, é difícil imaginar que a organização seja vista como uma parte isolada do ambiente. Manipulação dos trabalhadores - bem como a Administração Científica, fora tachada de tendenciosa, desenvolvendo princípios que buscavam explorar os trabalhadores. Teoria da Burocracia A Teoria da Burocracia foi formalizada por Max Weber que, partindo da premissa de que o traço mais relevante da sociedade ocidental, no século XX, era o agrupamento social em organizações, procurou fazer um mapeamento de como se estabelece o poder nessas entidades. Construiu um modelo ideal, no qual as organizações são caracterizadas por cargos formalmente bem definidos, ordem hierárquica com linhas de autoridade e responsabilidades bem delimitadas. Assim, Weber cunhou a expressão burocrática para representar esse tipo ideal de organização, porém, ao fazê-lo, não estava pensando se o fenômeno burocrático era bom ou mau. Weber descreve a organização dos sistemas sociais ou burocracia num sentido que vai além do significado pejorativo que, por vezes, tem. Burocracia é a organização eficiente por excelência. E para conseguir essa eficiência, a burocracia precisa detalhar antecipadamente e minuciosamente como as coisas deverão ser feitas, mas acaba se esquecendo dos aspectos váriaveis que se devem ser considerados, o que, na sua negligência, acaba trazendo diversas disfunções na realização de ações específicas. Segundo Weber, a burocracia tem os seguintes princípios fundamentais: Organização e Métodos em Sistemas 27 Formalização: existem regras definidas e protegidas da alteração arbitrária ao serem formalizadas por escrito. Divisão do trabalho: cada elemento do grupo tem uma função específica, de forma a evitar conflitos na atribuição de competências. Hierarquia: o sistema está organizado em pirâmide, sendo as funções subalternas controladas pelas funções de chefia, de forma a permitir a coesão do funcionamento do sistema. Impessoalidade: as pessoas, enquanto elementos da organização, limitam-se a cumprir as suas tarefas, podendo sempre serem substituídas por outras; o sistema, como está formalizado, funcionará tanto com uma pessoa como com outra. Competência técnica e Meritocracia: a escolha dos funcionários e cargos depende exclusivamente do seu mérito e capacidades, havendo necessidade da existência de formas de avaliação objetiva. Separação entre propriedade e administração: os burocratas limitam- se a administrar os meios de produção; não os possuem; Profissionalização dos funcionários. Completa previsibilidade do funcionamento: todos os funcionários deverão comportar-se de acordo com as normas e regulamentos da organização, a fim de que esta atinja a máxima eficiência possível. Organização e Métodos em Sistemas 28 Disfunções da Burocracia Internalização das regras: elas passam de "meios para os fins", ou seja, às regras são dadas mais importância do que às metas. Excesso de formalismo e papelatório: torna os processos mais lentos. Resistências às mudanças. Despersonalização: os funcionários se conhecem pelos cargos que ocupam. Categorização como base no processo decisorial: o que tem um cargo maior toma decisões, independentemente do que conhece sobre o assunto. Superconformidade às rotinas: traz muita dificuldade de inovação e crescimento. Exibição de poderes de autoridade e pouca comunicação dentro da empresa. Dificuldade com os clientes: o funcionário está voltado para o interior da organização, torna difícil realizar as necessidades dos clientes tendo que seguir as normas internas. A Burocracia não leva em conta a organização informal e nem a variabilidade humana. Organização e Métodos em Sistemas 29 A Escola das Relações Humanas A Teoria das Relações Humanas ou Escola das Relações Humanas é um conjunto de teorias administrativas que ganharam força com a Grande Depressão criada na quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929. Essas teorias criam novas perspectivas para a administração, visto que busca conhecer as atividades e os sentimentos dos trabalhadores e estudar a formação de grupos. Até então, o trabalhador era tratado pela Teoria Clássica de forma muito mecânica. Com os novos estudos, o foco mudou e do Homo economicus o trabalhador passou a ser visto como homos social. A partir daqui, começa-se a pensar na participação dos funcionários na tomada de decisões e na disponibilização das informações para eles. A Escola das Relações Humanas surgiu efetivamente com a Experiência de Hawthorne, realizada em uma fábrica no bairro que dá nome à pesquisa, em Chicago, EUA. O médico e sociólogo australiano Elton Mayo fez testes na linha de produção, na busca por variáveis que influenciassem, positiva ou negativamente, na produção. Mayo fez estudos sobre a influência da luminosidade, do trabalho em grupo, da qualidade do ambiente e descreveu-as afirmando que o cuidado com os aspectos sociais era favorável aos empresários. Com as conclusões iniciais tomadas a partir da Experiência de Hawthorne, novas variáveis são acrescentadas ao dicionário da administração: a integração social e o comportamento social dos empregados; as necessidades psicológicas e sociais e a atenção para novas formas de recompensa e sanções não-materiais; o estudo de grupos informais e da chamada organização formal; o despertar para as relações humanas dentro das organizações; a ênfase nos aspectos emocionais e não-racionais do comportamento das pessoas; a importância do conteúdo dos cargos e tarefas para as pessoas. Organização e Métodos em Sistemas 30 Importante : Em 1927, o Conselho Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos (National Research Council) iniciou uma experiência em uma fábrica da Wester Eletric Company, situada em Chicago, no bairro de Hawthorne e cuja finalidade era a de determinar a relação entre a intensidade da iluminação e a eficiência dos operários medida através da produção. A experiência foi coordenada por Elton Mayo e estendeu-se à fadiga, aos acidentes no trabalho, à rotatividade do pessoal (turnover) e ao efeito das condições de trabalho sobre a produtividade do pessoal. A Escola Estruturalista A Teoria Estruturalista surgiu por volta da década de 50, como um desdobramento dos autores voltados para a Teoria da Burocracia que tentaram conciliar as teses propostas pela Teoria Clássica e pela Teoria das Relações Humanas. Os autores estruturalistas procuram inter-relacionar as organizações com o seu ambiente externo, que é a sociedade maior, ou seja, a sociedade de organizações, caracterizada pela interdependência entre as organizações. A Teoria Estruturalista inaugura os estudos acerca dos ambientes dentro do conceito de que a organização é um sistema aberto e em constante interação com o seu meio ambiente. Até agora, a teoria administrativa havia se confinado nos estudos dos aspectos internos da organização dentro de uma concepção de sistema fechado. Quando se inclui o ambiente na estrutura sistêmica, deve-se observar o papel da sobrevivênciado sistema, do principal agente: o gestor. Em um sistema fechado, no qual o ambiente pode ser um componente (ambiente interno), o gestor pode causar constantes reorganizações do sistema, perpetuando desperdícios. No sistema aberto, com o ambiente como o entorno do sistema (ambiente externo), a ação do gestor pode simplesmente destruir o sistema. Organização e Métodos em Sistemas 31 A Abordagem das Contingências A Teoria da contingência ou Teoria contingencial enfatiza que não há nada de absoluto nas organizações ou na teoria administrativa. Tudo é relativo. Tudo depende. A abordagem contigencial explica que existe uma relação funcional entre as condições do ambiente e as técnicas administrativas apropriadas para o alcance eficaz dos objetivos da organização. As variáveis ambientais são variáveis independentes, enquanto as técnicas administrativas são variáveis dependentes dentro de uma relação funcional. Na realidade, não existe uma causalidade direta entre essas variáveis independentes e dependentes, pois o ambiente não causa a ocorrência de técnicas administrativas. Em vez de uma relação de causa e efeito entre as variáveis do ambiente (independentes) e as variáveis administrativas (dependentes), existe uma relação funcional entre elas. Essa relação funcional é do tipo "se-então" e pode levar a um alcance eficaz dos objetivos da organização. A relação funcional entre as variáveis independentes e dependentes não implica que haja uma relação de causa-e-efeito, pois a administração é ativa e não passivamente dependente na prática da administração contingencial. O reconhecimento diagnóstico e a adaptação à situação são certamente importantes, porém eles não são suficientes. As relações funcionais entre as condições ambientais e as práticas administrativas devem ser constantemente identificadas e especificadas. A Administração Holística O holismo significa que o homem é um ser indivisível, que não pode ser entendido através de uma análise separada de suas diferentes partes. Com a globalização (integração do mundo, povos e cultura), compartilhamos não somente as oportunidades que ela oferece, mas também os problemas. E, para sua compreensão, exige a aplicação da teoria sistêmica na busca de uma sabedoria sistêmica, que bem podemos interpretar como sendo a busca de uma visão holística. A visão holística pode ser considerada a forma de perceber a realidade e a abordagem sistêmica: o primeiro nível de operacionalização desta visão. O enfoque sistêmico exige dos indivíduos uma nova forma de pensar: de que o conjunto não é Organização e Métodos em Sistemas 32 mera soma de todas as partes, mas as partes compõem o todo, e é o todo que determina o comportamento das partes. Uma nova visão de mundo, que lhes permitirá perceber com todos os sentidos a unicidade de si mesmo e de tudo que os cerca. Portanto, para a empresa, o lucro deixa de ser o objetivo para se tornar uma consequência de todo os processos da empresa; o RH deixa de ser custo, e os consumidores deixam de ser receitas para se tornarem parte do todo da empresa. A empresa ganha uma nova visão, valorizando todos os processos e departamentos e tendo consciência que todos têm a sua importância e que todos compõem a empresa; que a empresa não é mera soma de departamentos e processos, mas que são eles a empresa. Traz a percepção da organização como uma série de processos e atividades interligadas. Uma empresa é um processo que contém vários processos de manufatura e/ou serviços. A Administração Holística tem como base que a empresa não pode mais ser vista como um conjunto de departamentos (departamentalização) que executam atividades isoladas, mas sim como um conjunto único, um sistema aberto em contínua interação. A ideia do holismo não é nova. Ela está subjacente a várias concepções filosóficas ao longo de toda a evolução do pensamento humano. O termo holismo origina-se do grego “holos”, que significa todo. Na concepção holística, não só as partes de cada sistema se encontram no todo, mas os princípios e leis que regem o todo se encontram em cada uma das partes, e todos os fenômenos ou eventos se interligam e se interpenetram, de forma global. A holística não é ciência, nem filosofia. Não é uma religião nem uma disciplina mística. Também não constitui um paradigma. Segundo Pierre Weil (1991), “a abordagem holística propõe uma visão não-fragmentada da realidade onde sensação, sentimento, razão e intuição se equilibram e se reforçam”. O pensamento holístico é profundamente ecológico. O indivíduo e a natureza não estão separados, formam um conjunto impossível de ser dissociado. É por isso que qualquer forma de agressão à natureza é pura e simplesmente uma forma de suicídio. Organização e Métodos em Sistemas 33 Diferenças entre Mecanicismo e Orgânico (Holismo) As organizações mecanicistas apresentam as seguintes características: estrutura burocrática organizada a partir de uma minuciosa divisão de trabalho. A organização se caracteriza por ciclos de atividades rotinizadas que se repetem indefinidamente; cargos ocupados por especialistas nas respectivas tarefas com atribuições fixas, definidas e delimitadas. Cada um executa sua tarefa como se fosse distinta e separada das demais; centralização das decisões: tomadas somente pela cúpula da organização; hierarquia de autoridade rígida: com pouca permeabilidade entre os níveis hierárquicos e autoridade baseada na posição; sistemas rígido de controle: com estreita amplitude administrativa pela qual cada supervisor tem um número determinado de subordinados; sistema simples de comunicação: o fluxo de informação quase sempre conduz mais ordens de cima para baixo do que dados e retorno de baixo para cima; predomínio da interação vertical: entre superior e subordinado; ênfase nas regras e nos procedimentos: formalizados por escrito e que servem para definir os comportamentos das pessoas; ênfase nos princípios universais da administração: princípios funcionam como norma sobre como a empresa deve ser organizada e dirigida. Organização e Métodos em Sistemas 34 Na realidade, a organização mecanística funciona como um sistema mecânico, fechado, introspectivo, determinístico e racional, voltado para si mesmo e ignorando totalmente o que ocorre no ambiente externo que o envolver. As organizações orgânicas apresentam: os cargos são continuamente modificados e redefinidos; descentralização das decisões; hierarquia flexível; amplitude de comando do supervisor e extensa; maior confiabilidade nas comunicações informais; predomínio da interação lateral e horizontal; ênfase nos princípios do bom relacionamento humano; estrutura organizacional flexível e adaptável. Na realidade, as organizações orgânicas funcionam como um sistema vivo, aberto, complexo, extrovertido e voltado principalmente para a sua interação com o ambiente externo. A adaptação e o ajustamento às demandas ambientais provocam constantes mudanças internas na organização. Há uma espécie de seleção natural do tipo: sistemas mecanicistas sobrevivem em ambientes imutáveis e estáveis, e sistemas holísticos se adaptam bem a ambientes instáveis e turbulentos. Organização e Métodos em Sistemas 35 Visão Sistêmica da Organização Quando se fala em sistemas, a maioria das pessoas visualiza os sistemas de computação que automatizam as tarefas diárias, mas o conceito de sistemas é muito mais amplo. Para que se possa compreendê-lo, é necessário entender a evolução do desenvolvimentocientífico e da inteligência humana. A sociedade atravessa um momento de constantes mudanças de paradigmas tecnológico e histórico, caracterizado pela ocorrência de alterações capazes de afetar as técnicas e os processos de produção e, indiretamente, criar novas relações sociais, econômicas e políticas. A visão sistêmica conceitua a inter- relação entre os conhecimentos existentes; nesse sentido, a administração de empresas pode ser definida dentro desse contexto para que ele possa ser estendido para as organizações. A abordagem sistêmica da administração trata de três escolas ideológicas principais: cibernética e administração, teoria matemática da administração e teoria de sistemas. Paradigma (do grego Parádeigma) — literalmente modelo — é a representação de um padrão a ser seguido. É um pressuposto filosófico, uma matriz, ou seja, uma teoria, um conhecimento que origina o estudo de um campo científico; uma realização científica com métodos e valores que são concebidos como modelo; uma referência inicial como base de modelo para estudos e pesquisas. Cibernética é uma ciência relativamente jovem e ainda em desenvolvimento. Foi criada por Norbert Wierner, na mesma onda de desenvolvimento em que foi concebida a Teoria Geral de Sistemas e o primeiro computador de que se teve notícia. É a ciência da comunicação e do controle, relativo tanto aos seres humanos como à máquina. A comunicação é que torna os sistemas integrados e coerentes, e o controle é que regula o seu comportamento. A principal área de estudos da cibernética são os sistemas, que podem ser definidos como qualquer conjunto de elementos dinamicamente relacionados entre si, formando uma atividade para atingir um objetivo, operando sobre as entradas e fornecendo saídas processadas. A definição dos elementos, as relações entre eles e os objetivos (ou propósitos) constituem os aspectos fundamentais da modelagem de um sistema. Organização e Métodos em Sistemas 36 Teoria de Sistemas E Seus Aspectos Básicos A Teoria de Sistemas estuda a organização abstrata de fenômenos, independente de sua formação e configuração presente. Investiga todos os princípios comuns a todas as entidades complexas e modelos que podem ser utilizados para a sua descrição. Essa teoria permite demonstrar o isomorfismo das várias ciências, possibilitando maior aproximação entre as suas fronteiras e o preenchimento dos espaços vazios entre elas. Ela ressalta dois conceitos ligados a sistemas de considerada importância: o do propósito (objetivo) e o do globalismo (totalidade). Histórico da Teoria Geral de Sistemas A teoria geral de sistemas foi proposta em meados de 1950 pelo biólogo Ludwig von Bertalanffy (ALVAREZ, 1990). Em 1956, Ross Ashby introduziu o conceito na ciência cibernética. A pesquisa von Bertalanffy foi baseada numa visão diferente do reducionismo científico até então aplicada pela ciência convencional. Dizem alguns que foi uma reação contra o reducionismo e uma tentativa para criar a unificação científica. Conceitos de Sistemas Uma definição clássica para sistemas pode ser o conjunto estruturado ou ordenado de partes ou elementos que se mantêm em interação, ou seja, em ação recíproca, na busca da consecução de um ou de vários objetivos. Assim, um sistema se caracteriza, sobretudo, pela influência que cada componente exerce sobre os demais e pela união, que levam ao objetivo esperado. De maneira mais sucinta, podemos definir sistema como um conjunto de elementos interdependentes ou um todo organizado ou partes que interagem formando um todo unitário e complexo. Organização e Métodos em Sistemas 37 Existem sistemas que fazem parte do dia-a-dia. Por exemplo, se olhar uma cidade, pode-se afirmar que ela é um sistema urbano que possui interações com vários elementos que a compõem. São eles: Sistema de transporte; Sistema de água e esgoto; Sistema de energia elétrica; Sistema de controle de trânsito; Sistema de policiamento e outros. Componentes de um Sistema Esquema de um sistema Organização e Métodos em Sistemas 38 Objetivos Referem-se tanto aos objetivos dos usuários do sistema, quanto aos do próprio sistema, ou seja, é a finalidade para a qual o sistema foi criado. Entradas do Sistema Caracterizam-se sendo as forças que fornecem ao sistema material, a informação e a energia para a operação ou processo, o qual gera determinadas saídas do sistema que devem estar em sintonia com os objetivos estabelecidos. Processo de Transformação de Sistema Define-se como a função que possibilita a transformação de um insumo (entrada) em um produto, serviço ou resultado (saída). Esse processador é a maneira pela qual os elementos componentes interagem no sentido de produzir as saídas necessárias. Saídas do Sistema Correspondem ao resultado do processo de transformação. As saídas podem ser definidas como as finalidades para as quais se uniram objetivos, atributos e relações do sistema. As saídas devem ser, portanto, coerentes com os objetivos do sistema, visando ao processo de controle e avaliação. As saídas devem ser quantificáveis, de acordo com parâmetros previamente fixados. Controles e Avaliações de Sistema Observam a relação Saída X Objetivos, a fim de medir o desempenho do sistema de forma padronizada. Organização e Métodos em Sistemas 39 Retroalimentação ou Realimentação ou Feedback do Sistema Pode ser considerado como a reintrodução de uma saída sob a forma de informação. A realimentação é um instrumento de regulação retroativa ou de controle, em que as informações realimentadas são resultado das divergências verificadas entre as respostas de um sistema e os parâmetros previamente estabelecidos. Portanto, o objetivo do controle é reduzir as discrepâncias ao mínimo, bem como propiciar uma situação em que esse sistema se torne autorregulador. Ambiente de um Sistema Ambiente é tudo o que acontece externamente, mas influenciando internamente uma organização. A Análise do Ambiente foi iniciada pelos estruturalistas. Como a análise tinha abordagem de sistemas abertos, aumentou-se o estudo do meio ambiente como base para verificar a eficácia das organizações, mas nem toda a preocupação foi capaz de produzir total entendimento do meio ambiente. O ambiente geral é o genérico e comum que afeta direta ou indiretamente toda e qualquer organização. É constituído de um conjunto de condições semelhantes e são elas: tecnológicas, legais, políticas, econômicas, demográficas, ecológicas e culturais. Abaixo, encontra-se um interessante gráfico de representação do sistema empresa ou organização, que mostra, inclusive, a sua interação com o meio em que atua. Organização e Métodos em Sistemas 40 A empresa como um sistema aberto e suas interações Divisões dos Sistemas Quanto à natureza, os sistemas podem ser considerados como abertos ou fechados: Sistemas Fechados Esses sistemas são aqueles que não sofrem influência do meio ambiente no qual estão inseridos, de tal forma que ele se alimenta dele mesmo. Não apresentam intercâmbio com o meio-ambiente, não influenciando nem recebendo influência do mesmo. Não existe, no entanto, sistema totalmente fechado, na concepção exata da palavra. Os autores têm assumido para este tipo de sistema tudo aquilo que é rigidamente determinado, ou seja, os chamados sistemas mecânicos. Organização e Métodos em Sistemas 41 Sistemas Abertos Basicamente, a teoria de sistemas afirma que estes são abertose sofrem interações com o ambiente onde estão inseridos. Desta forma, a interação gera realimentações que podem ser positivas ou negativas, criando assim uma autorregulação regenerativa, que, por sua vez, cria novas propriedades que podem ser benéficas ou maléficas para o todo independente das partes. São aqueles que são influenciados e influenciam o ambiente através das entradas e saídas, sejam elas quais forem. Trocam matéria e energia constantemente com o meio ambiente. Importante : As organizações são, de certa forma, sistema aberto, pois, muitas vezes, surgem as incertezas do ambiente; contudo, são capazes de se anteciparem se defendendo e se ajustando a elas. Podem ser também sistema fechado, uma vez que este nível opera tecnologicamente com meios racionais. É eficiente, pois nela as operações seguem uma rotina e procedimentos padronizados e repetitivos. A estrutura e o comportamento de uma organização são contingentes, porque eles enfrentam constrangimentos ligados as suas tecnologias e ambiente de tarefas. Classificação de Sistemas Os sistemas, do ponto de vista empresarial, podem ser classificados de acordo com a sua forma de utilização e o tipo de retorno dado ao processo de tomada de decisões. Sendo assim, têm-se: Organização e Métodos em Sistemas 42 Sistemas Empresariais Básicos Também conhecidos como sistemas operacionais da organização, mantêm as tarefas rotineiras (chão de fábrica). Sistemas de Automação de Escritório A principal finalidade é aumentar a produtividade pessoal; uso de pacotes de aplicativos padrão de mercado, usados pelos trabalhadores de informação. Sistemas de Informação Gerencial (SIG) Sistemas que oferecem um conjunto de relatórios com os dados tratados e expostos em formatos que auxiliam o processo gerencial. São usados para realimentação do planejamento operacional. Sistemas de Suporte à Decisão (SSD) Sistemas avançados que possuem interatividade, oferecendo modelos para ajuda na resolução de problemas, usado pelo nível tático da organização. Sistemas de Suporte Executivo (SSE) São sistemas que dão suporte ao desenvolvimento do planejamento estratégico da organização. Sistemas Especialistas Sistemas ligados ao campo de inteligência artificial para a definição de cenários no processo de tomada de decisões. Sistemas de Inforamação Geográfica (GIS) Sistemas que têm como principal finalidade a definição de dados de origem espacial. Utilizando GPS, auxilia as organizações em logística e tracking. Organização e Métodos em Sistemas 43 As Organizações e Seus Níveis As organizações se diferenciam em três níveis organizacionais: Nível Institucional ou Nível Estratégico É o nível mais alto de uma empresa, composto pelos diretores, proprietários, acionistas e é onde as decisões são tomadas, onde são traçados os objetivos a serem alcançados. Nível Intermediário ou Mediador É composto pela média administração de uma empresa e se localiza entre o Nível Institucional e o Nível Operacional. Seu objetivo é unir internamente estes dois níveis, gerenciando o comando de ações, ajustando as decisões tomadas pelos níveis institucionais com o que é realizado pelo nível operacional. Ao nível intermediário está a responsabilidade também de administrar o nível operacional, pois é ele que está frente a frente com as incertezas do ambiente, intervindo e amortecendo estes impactos a fim de não prejudicar as operações internas dentro do nível. Nível Operacional, Técnico ou Núcleo Técnico Estão ligados aos problemas básicos do dia-a-dia e é onde as tarefas e operações são realizadas, envolvendo os trabalhos básicos tanto relacionados com a produção de produtos como de serviços da organização. É um nível que comanda toda a operação de uma organização e é nele que se localizam máquinas, os equipamentos, instalações físicas, a linha de montagem, os escritórios, tendo a responsabilidade de assegurar o funcionamento de um sistema. Quando se considera a empresa como um sistema, pode-se visualizá-la como composta de vários subsistemas: Organização e Métodos em Sistemas 44 de coordenação das atividades para que os resultados sejam alcançados; o decisório sobre as informações existentes, para que as ações sejam desencadeadas visando aos resultados a serem alcançados e o de realização das atividades operacionais, que vão tocar a empresa no seu dia-a-dia. Outros conceitos sobre o enfoque sistêmico empresarial - Equifinalidade Segundo esse conceito, um mesmo estado final pode ser alcançado, partindo de diferentes condições iniciais e por maneiras diferentes. - Sinergia Inter-relação dos elementos de tal forma que a ação em um dos elementos ou partes provoca a ação em cadeia nos demais, uma vez que esses elementos estão unidos em função de um objetivo comum. – Entropia Tendência natural ao desgaste que todos os sistemas apresentam. À medida que a entropia aumenta, os sistemas se decompõem e se movem para a desorganização e morte, existindo uma tendência para que este estado ocorra em função do tempo. Por outro lado, à medida que aumenta a informação, diminui a entropia, pois a informação é a base da configuração e da ordem organizacional. A utilização da informação como ordenadora do sistema recebe o nome de Negentropia. Portanto, a negentropia é o antídoto para a entropia. É básico, nas organizações, ordenar as informações. O conhecimento da existência do desgaste provoca uma permanente revisão do sistema para equilibrá-lo, ocorrendo a homeostasia. Os sistemas abertos podem gerar entropia negativa, que mostra o empenho dos sistemas em se organizarem para a sobrevivência. Apesar da possibilidade dos sistemas empresariais poderem deter o processo entrópico, há um grande número de Empresas que ao longo da história deixa de existir. Organização e Métodos em Sistemas 45 – Interdisciplinaridade A Teoria Geral de Sistemas é interdisciplinar, capaz de transcender os problemas tecnológicos e explicar cada área com princípios gerais, bem como o uso de modelos, de maneira que todas as áreas da ciência possam interligar as descobertas com conceitos comuns a cada uma delas. Atribuições da OS&M no Contexto Empresarial - Novo Currículo para os Cursos de Administração O&M integra o novo currículo do curso de Administração de Empresas, sob a nova denominação de OSM (Organização de Sistemas e Métodos), em decorrência de debates promovidos pelo MEC, Universidades Públicas e Privadas, o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Administração. Anteriormente, descreve-se que Organização, Sistemas e Métodos é uma área clássica da administração que lida com um conjunto de técnicas que têm como objetivo principal aperfeiçoar o funcionamento das organizações. A função de Organização e Métodos é reconhecida pelas siglas: O&M e OS&M (Organização, Sistemas e Métodos). Para Oliveira (2005, p. 478), a responsabilidade básica da área de Sistemas, Organização e Métodos é a de executar as atividades de levantamento, análise, elaboração e implementação de sistemas administrativos na empresa. O objetivo é o de criar ou aprimorar métodos de trabalho, agilizar a execução das atividades, eliminar atividades em duplicidade, padronizar, melhorar o controle e solucionar problemas, também chamados de patologias organizacionais. Segundo Cury (2005, p.122), a função de Organização e Métodos é uma das especializações da Administração que tem como objetivo a renovação organizacional. Ela modela a empresa, trabalhandosua estrutura (organograma), seus processos e métodos de trabalho. Organização e Métodos em Sistemas 46 A função de Organização e Métodos baseava-se originalmente na abordagem estruturalista da administração, composta da Teoria da Burocracia de Weber e na Teoria Estruturalista. Hoje a ênfase de O&M é dada pela Teoria da Contingência e Holismo, embora a base ainda seja a Teoria do Desenvolvimento Organizacional e Teoria Geral dos Sistemas. Profissionais No Brasil, a carreira de Organização e Métodos teve muito prestígio nas décadas de 1970 e 1980, sendo incluída no currículo mínimo do curso de Administração pelo Conselho Federal de Educação. Graças a isso e ao aumento do número de Administradores, houve um avanço significativo na gestão das empresas brasileiras. Paralelamente, a partir da década de 1980, a função da qualidade ganha prestígio e incorpora algumas das atribuições de O&M. Os principais cargos dos profissionais dessa área são: Analista de O&M e Gerente de O&M. Embora tenha sido reduzida a demanda destes profissionais, muitas empresas ainda os procuram como forma de obter melhorias consistentes em suas organizações. Outras organizações se utilizam de consultorias externas, cujas metodologias consistem basicamente em técnicas de O&M. Metodologia de Aplicação de OS&M A metodologia do trabalho de O&M consiste na realização de um diagnóstico também chamado de Análise Administrativa. Suas fases são: identificação do problema, coleta de dados, análise propriamente dita, elaboração de sugestões ou do novo sistema, treinamento, implantação e acompanhamento. Habilidades e conhecimentos exigidos do Analista de OS&M para a Organização: O profissional de Organização e Métodos é uma profissão regulamentada. A lei federal é a balizadora das profissões regulamentadas, e é ela que define os limites de atuação dos profissionais no Brasil. No caso da profissão de Administrador(a), assim estabelece a Lei n°. 4769/65: Organização e Métodos em Sistemas 47 Art. 2°. - A atividade profissional de Administrador será exercida, como profissional liberal ou não, mediante: a) pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens, laudos, assessoria em geral... b) pesquisas, estudos, análise, interpretação, planejamento, implantação, coordenação e controle dos trabalhos nos campos da administração, como administração e seleção de pessoal, organização e métodos, administração financeira, bem como outros campos em que esses se desdobrem ou aos quais sejam conexos. Essa lei foi regulamentada pelo Decreto Federal n°. 61.934/1967: Art. 3º - A atividade profissional do Administrador, como profissão liberal, ou não, compreende: a) elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens e laudos, em que se exija a aplicação de conhecimentos inerentes às técnicas de organização; b) pesquisas, estudos, análises, interpretação, planejamento, implantação, coordenação e controle dos trabalhos nos campos de administração geral, como administração e seleção de pessoal, organização, sistema, análise, métodos e programas de trabalho, administração financeira (...) bem como outros campos em que eles se desdobram ou com os quais sejam conexos. O&M é Trabalho Técnico A unidade de racionalização administrativa e de produção com qualidade varia de empresa para empresa, podendo denominar-se: Serviço de O&M, Coordenação de Modernização Administrativa, Departamento de Sistemas e Métodos, Divisão Geradora de Qualidade, Comitê de Controle de Qualidade, Assessoria de Organização, Métodos e Qualidade, Comitê de Qualidade, Departamento de Qualidade, etc. Organização e Métodos em Sistemas 48 Objetivos Básicos Sensibilizar todos os integrantes da organização para a importância de participarem das ações de reestruturação, de racionalização, de qualidade e produtividade desenvolvidas pela empresa; de participarem efetivamente dos programas de melhoria contínua dos processos e criar outros mecanismos que possam contribuir para a formação de uma cultura voltada para a produtividade, a qualidade e os clientes internos e externos. Pesquisar e estabelecer permanentemente o perfil dos clientes internos e externos, para favorecer medidas de ordem motivacional. Participar na elaboração de planejamentos estratégicos da empresa, analisando as suas condições internas e externas, propondo planos de ação. Processar a análise da estrutura organizacional, enxugando-a o máximo possível, redefinindo as competências das unidades, as atribuições dos dirigentes e os assessores. Racionalizar os processos administrativos e operacionais — os serviços de uma maneira geral — aperfeiçoar o processo decisório, aumentando a produtividade e eliminando o desperdício. Planejar e desenvolver programas de reestruturação, racionalização, produtividade, qualidade e padronização (ISO 9000/ABNT). Identificar os pontos críticos da empresa, em conjunto com as unidades envolvidas. Desenvolver campanhas para fortalecer a interação entre os clientes internos, propondo incentivos para estimular a iniciativa e a criatividade. Buscar a padronização dos procedimentos, documentos e mobiliário. Organização e Métodos em Sistemas 49 Estimular a criação de instrumentos de administração participativa, como, por exemplo, os círculos de controle de qualidade e a gerência compartilhada. Possibilitar a troca de experiências que favoreçam ganhos de produtividade e qualidade entre todos os órgãos da empresa ou instituição. Criar meios para que as informações sejam transmitidas com rapidez e qualidade, com um mínimo de ruído possível e otimizando o uso das comunicações na empresa. Prestar assessoria aos executivos e orientar unidades e funcionários. Despertar otimismo e segurança dos recursos humanos, ao transmitir-lhes novas tecnologias. O&M é Trabalho Pessoal Por se tratar de uma função altamente especializada, requer um profissional do mesmo porte, com uma visão sistêmica de toda a empresa, sobre sua gestão de negócios e sobre mercado onde atua. Como agente de mudanças, deve possuir os seguintes requisitos: ser um eterno pesquisador: deve renovar suas metodologias e aperfeiçoar os seus conhecimentos de forma permanente, estando em contato com novas tecnologias, procedimentos e ferramentas de trabalho; precisa ser versátil e possuir uma visão empresarial para poder contribuir com o planejamento global da empresa; possuir forte capacidade de análise e síntese, principalmente para processar diagnósticos organizacionais; ser altamente criativo, pois são exigidas cada vez mais soluções para os diversos problemas organizacionais; Organização e Métodos em Sistemas 50 promover a integração interdepartamental, qualificando o processo de trabalho e a satisfação dos operadores, colaboradores ou clientes internos, valendo-se de seu trânsito livre por todos os setores da empresa, em função das características de seu trabalho; capacidade de liderança para processar negociações, como definir responsabilidades, conduzir entrevistas e coordenar reuniões; capacidade de observar e de ouvir: estar atento aos acontecimentos e ter perseverança e compreensão com outros no processo de mudanças na empresa. O&M é Trabalho em Equipe Multidisciplinar A complexidade das dimensões empresariais exige a atuação de profissionais de diversas áreas, cada um contribuindo com sua especialização, como, por exemplo, os Engenheiros nos projetos e fabricação; os profissionais de Relações Públicas na comunicação e na interaçãoentre os clientes; nas situações comportamentais, os Psicólogos; na programação e sistemas, os profissionais da informática, como Analistas de Sistemas, entre outros. Todos utilizando técnicas e procedimentos próprios de sua profissão, conforme legislação federal. O&M é Desempenho de Cargos e Funções: (exemplos de situações encontradas) Analista de Organização, Analista de O&M, Analista de OSM (estratégias e planos) Tem o conhecimento global da organização, profundo conhecimento técnico e gerencial e é capaz de realizar amplos diagnósticos e participar na definição de estratégias, processos e planos de ação para a empresa. Dirige departamentos; coordena programas (estratégias e planos: o que fazer e vender). Organização e Métodos em Sistemas 51 Analista de Processos, Analista de O&M Jr. (operações) É capaz de analisar os processos existentes ou criar novos, inserindo-os no fluxo produtivo do negócio a partir das estratégias, planos de ação e recursos da empresa. Pode participar na criação de novos produtos. Dirige equipes de reestruturação, de racionalização, de produtividade e de qualidade. Coordena grupos de tarefa (operações: como fazer). Analista de Negócios, Analista de O&M Jr., na Informática (comércio) Tem conhecimento dos processos de trabalho da empresa e de seus produtos, conhece tendências de mercado, buscando as melhores oportunidades de negócio. Pode também participar da criação de novos produtos e do aperfeiçoamento de processos. Interage com os clientes internos e externos (comércio: como vender). O porte da unidade de Os&M na Estrutura Organizacional e sua posição ideal (Estratégica): a função de Organização e Métodos (O&M) - uma visão holística Organização e métodos (O&M) é uma das funções especializadas de administração e uma das principais responsáveis pela modelagem da empresa, envolvendo, primeiramente, a institucionalização de uma infraestrutura compatível com os propósitos do empreendimento (= O) e, complementarmente, a definição e/ou redefinição dos processos e métodos de trabalho, mecanizados ou não, indispensáveis à efetividade organizacional (= M). A função de O&M, assim, tem como objetivo final a renovação organizacional, por meio da manipulação da empresa como sistema social, aberto, em permanente sintonia com as demandas de seus ambientes externo e/ou interno. Organização e Métodos em Sistemas 52 Denominamos tal abordagem da função O&M de visão holística por entendermos ser indispensável um enfoque da empresa em seu todo e não em suas partes — considerando que o todo representa mais do que a soma de suas partes —, porque a perspectiva global permite um melhor entendimento da empresa, de seus sistemas, de seus ambientes e da interdependência existente entre eles. Esse enfoque sofreu influência da obra de Steiner e Miner, na qual esses autores, relacionando ambiente e mudança organizacional, concluíram, entre outras considerações, que uma organização não funciona em apenas um, mas em diversificados ambientes de uma empresa e que as respostas de uma organização às mudanças nem sempre são óbvias. Impactos do Ambiente sobre a Política e Estratégia da Empresa (Resumo do Parágrafo Anterior) Organização e Métodos em Sistemas 53 Pelo exposto anteriormente, para que a função de O&M possa atingir sua efetividade, é fundamental sua institucionalização, dentro da empresa, de forma que ela tenha condições de atuar nos três cenários que compõem uma organização complexa, que são, respectivamente, o institucional, o dos processos organizacionais e dos processos e métodos de trabalho, partindo da cúpula para a base da organização. Conforme Quadro 1 (a seguir), se destaca a análise administrativa como metodologia de trabalho, ao lado dos três cenários e de seus principais indicadores. É fundamental que se defina a área de abrangência de O&M, suas atribuições e responsabilidades, sua estruturação orgânica e seus recursos, porque desse posicionamento político dependerá o funcionamento do órgão e seus resultados. A função de O&M e seus cenários de atuação nas organizações complexas. Organização e Métodos em Sistemas 54 Grande parte das organizações brasileiras, particulares ou públicas não tem essa visão da função de O&M. Daí, não se lhe atribuir nem força política nem estrutura compatível, muito menos recursos adequados, ficando a função com um papel meramente auxiliar, secundário, manipulando produtos isolados, rotineiros, quase sempre indicadores do cenário dos processos e métodos de trabalho, isso quando existente o órgão na empresa. Entretanto, boa parte de empresas brasileiras simplesmente não tem a unidade de O&M nem afim, o que pode explicar, em tese, sua situação, hodiernamente, quanto aos aspectos administrativos e de apoio a seus órgãos técnicos. OS&M e a Interação Necessária Com O Ambiente E Com A Tecnologia da Informação - Empresas e Sistemas de Informação A principal função de um administrador de empresas é tomar decisões e definir as políticas da organização a partir dos dados gerados no seu trabalho diário. A imensidão de dados gerados no desenvolvimento das funções da organização causa certa inviabilidade no que diz respeito ao seu estudo detalhado. Uma organização empresarial tem como principal função gerar produtos ou serviços com o intuito de obter lucro. Assim, um objetivo extremamente importante para a sua existência é promover melhorias no seu processo de produção dos produtos, bens ou serviços, a fim de maximizar lucros e minimizar despesas e perdas. Esses objetivos a serem perseguidos somente são possíveis se a empresa mantiver um bom controle sobre todas as operações internas e sobre os relacionamentos entre elas. Filtrar todo esse conjunto de dados, separando apenas aquilo que é relevante e transformá-los em informações de qualidade para a tomada de decisões pode definir o sucesso ou o fracasso empresarial. Todas essas características podem ser obtidas se a organização possuir um sistema de informações bem implantado e planejado. Organização e Métodos em Sistemas 55 A identificação dos fatores envolvidos no desenvolvimento de sistemas de informações tem sido objeto de inúmeros estudos. Isso porque a constante alteração de planos econômico, social, político e fiscal, entre outros tem provocado a necessidade de constante evolução do conceito dos instrumentos organizacionais que permitam uma contínua e efetiva adaptação e gerenciamento das empresas. Para facilitar esse processo, é imprescindível um melhor entendimento da empresa, através das informações e de como elas fluem dentro de um ambiente. Por que utilizar sistemas de informação em ambientes empresariais A sociedade está envolvida na concorrência global por recursos, mercados e receitas, seja com outras regiões, seja com outras nações, fato esse denominado globalização. Atualmente, todas as empresas fazem o mesmo questionamento: como ampliar os lucros nos negócios da empresa? Esse problema pode ser resolvido por meio da aplicação de um processo cíclico que lhe permita formar o conhecimento necessário para administrar com tranquilidade e conforto financeiro. Assim, a maneira mais prática e rápida de formar esse conhecimento é implantar os seguintes procedimentos de: validação e criação de indicadores da situação do negócio; desenvolvimento de ferramentas de acesso e visualização de informações relevantes; busca de informações que existem dentro e fora de sua organização, procurando envolver todas as áreas que se relacionam com sua atividade
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