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aula de civil 3 CONTRATOS

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_________________________________________UNIDADE III - A FORMAÇÃO E A CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS 
1. A FORMAÇÃO DOS CONTRATOS: 
 Conforme já afirmado, o contrato é um negócio jurídico formado pela manifestação de vontade de duas ou mais pessoas, 
com o objetivo de criar, de modificar ou de extinguir direitos. 
 Para que um contrato seja formado, é necessário inicialmente que as partes tenham vontade de realizá-lo. No primeiro 
momento, a pessoa apenas pensa, deseja realizar aquele negócio; tem vontade. É o momento subjetivo da vontade humana, 
uma vez que se processa apenas na mente do indivíduo. No entanto, quando este exterioriza, declara, manifesta a sua 
vontade, é que se produzirão efeitos nas relações jurídicas (Gonçalves, 2012, p.72). 
 Esse momento objetivo da vontade, ou seja, a manifestação da vontade, pode ser de forma expressa ou tácita. A 
manifestação de vontade expressa é aquela exteriorizada verbalmente, por escrito, gesto ou mímica de forma inequívoca. 
Dar-se-á de forma tácita quando a lei não exigir que seja expressa (CC, art.111). A aceitação tácita infere da conduta, do 
comportamento do agente (Gonçalves, 2012, p.72). Ex: João resolve doar de forma pura – doação sem encargo, sem 
obrigação para a outra parte – um carro para Maria. Esta não lhe dá a resposta de imediato se aceita ou não a doação, mas 
transfere o carro para o seu nome e começa a dirigi-lo. Esse comportamento de Maria revela que ela aceitou a doação 
(Gonçalves, 2012, p.72). 
 OBS: O silêncio como manifestação de vontade, não se confunde com o consentimento tácito, uma vez que não sendo 
nem afirmação, nem negação, não pode ser considerado como manifestação tácita do querer. Assim, a expressão: quem cala 
consente, não apresenta foros de juridicidade, pois, em rigor, quem cala não diz coisa alguma. 
 Entende-se então, que o contrato, resulta de duas manifestações de vontades: a proposta (oferta, policitação, oblação) 
e a aceitação. Mas nem sempre o contrato nasce instantaneamente de uma proposta seguida de uma aceitação. Na maior 
parte dos casos, a proposta é antecedida de negociações preliminares. Dessa forma se adotará aqui as seguintes fases da 
formação do contrato: negociações preliminares, proposta e aceitação (Gonçalves, 2012, p.72). 
A formação dos contratos estuda o iter contractus, ou seja, o caminho percorrido pelas partes para formação do 
vínculo contratual. 
 A formação dos contratos é um processo que decorre de uma série de atos e comportamentos das partes que visam 
à realização de um interesse comum. 
Considerando a obrigação como um processo, pode-se identificar três grandes fases do processo contratual: fase 
pré-contratual; fase contratual e fase pós-contratual. 
São fases (não obrigatórias) da formação dos contratos: 1ª. Negociações preliminares; 2ª. Oferta; 3ª. Aceitação; 4ª. 
Contrato preliminar; 5ª. Contrato definitivo ou conclusão do contrato. 
1.1. AS NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES (PUNTUAÇÃO, TRACTAUS, TRATTATIVE, POURPARLERS): 
 As negociações preliminares são conversas prévias, debates, sondagens, anteriores à formação do contrato, que não 
enseja vinculação das partes a uma relação jurídica, ou seja, não gera qualquer obrigatoriedade entre possíveis contraentes 
(Gagliano e Pamplona Filho, 2013, p.128). É neste momento prévio que as partes discutem, ponderam, refletem, fazem 
cálculos, estudos, redigem a minuta do contrato, enfim, negociam interesses para que se chegar a uma proposta final e 
definitiva. Observe o seguinte diálogo: 
João: Oi, Maria! Tudo bem? 
Maria: Tudo ótimo João! Que bom te encontrar; queria mesmo te perguntar uma coisa: Você conhece alguém que esteja vendendo 
um carro de fabricação 2012/2012, com baixa quilometragem e cujo valor fique entre R$50.000,00 a R$ 70.000,00? Estou querendo 
comprar um carro assim. 
João: que coincidência! Estou vendendo o meu carro; é da marca “X” 2012/2012, seminovo, todo completo, está em ótimo estado! 
Estou pedindo R$55.000,00. 
Maria: Está acima do meu orçamento! Você não o venderia por R$50.000,00? 
João: Pode até ser Maria! Já lhe conheço a tanto tempo! 
Maria: então traz o teu carro no sábado na minha casa para negociarmos melhor! 
João: tudo bem! Até lá! 
 Percebe-se através desse diálogo que, as partes ainda não manifestaram a vontade de contratar um com outro, apenas 
debateram sobre o assunto. Essa conversa descompromissada entre as partes não gera nenhuma vinculação ao negócio. 
Qualquer delas poderá se afastar simplesmente alegando desinteresse, sem responder por perdas e danos. Mesmo quando 
surge um projeto ou minuta, ainda assim não haverá vinculação das pessoas. 
Configuram-se as negociações preliminares a partir da aproximação das partes, estabelecendo suas primeiras 
intenções, investigando vantagens e desvantagens e avaliando a conveniência da futura contratação. 
Trata-se de fase eventual que pode ter início com a inquirição do preço da coisa ou até mesmo a elaboração de 
uma minuta. Portanto, é fase que antecede à oferta. 
As tratativas não foram expressamente previstas pelo Código Civil, justamente porque, em regra, não geram vínculo 
quanto à futura celebração do contrato definitivo. 
 Assim, não há em que se falar em responsabilidade contratual nessa fase, uma vez inexistir contrato entre as partes. 
Porém, poderá haver nessa fase, indenização por perdas danos quando uma das partes cometer ato ilícito (art.186, CC) com 
a outra ou mesmo quando violar o princípio da boa-fé durante as negociações preliminares. Destarte, excepcionalmente, o 
rompimento das tratativas pode gerar responsabilidade civil pré-contratual (aquiliana) por violação dos deveres anexos de 
conduta. 
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 Cometerá ato ilícito, a parte que de forma dolosa, ou mesmo culposa, causar dano a outra parte, levando-a, por exemplo, 
a perder outro negócio ou a realizar despesas. Ratifica-se que essa indenização não tem natureza contratual, haja vista 
inexistir vínculo contratual entre as partes. Esta indenização é de natureza extracontratual, ou seja, decorre da existência de 
um dano material e/ou moral proveniente da prática de um ato ilícito. Logo, o fundamento para o pedido de perdas e danos 
da parte lesada, não será o inadimplemento do contrato, mas, a prática de um ilícito civil (Gonçalves, 2012, p.73). 
 Para compreende melhor, retomar-se-á ao diálogo entre João e Maria. 
João: Oi, Maria! Estou aqui com o meu carro. 
Maria: João o seu carro é realmente bonito, bem conservado, somente com 4.000km. Novo, novo! Mas, infelizmente já comprei um. 
Esqueci de ti ligar e dizer para você não perder outras propostas. Foi mau! 
João: Puxa vida Maria! Confiei em você, tive a maior consideração! Deixei de vender o meu carro por um preço ótimo ao meu vizinho! 
Como isso não bastasse, estou precisando muito desse dinheiro! 
Maria: sinto muito João. Preciso ir andando. Boa sorte! 
 Observe que a conduta negligente de Maria causou um prejuízo a João, pois, este deixou de vender o seu carro para 
um comprador já certo. Dessa forma, mesmo não havendo um contrato entre João e Maria, aquele poderá requerer 
judicialmente uma reparação por danos materiais e morais à Maria, uma vez que a conduta desta ensejou a prática de um 
ato ilícito que causou danos a João, configurando, portanto, uma responsabilidade extracontratual. 
 Conforme explicações anteriores, sobre os princípios contratuais, o princípio da boa-fé exige das partes uma conduta 
correta, leal, honesta não só durante a formação e a execução do contrato, mas também, durante as negociações preliminares 
(Enunciado nº25, I Jornada de Direito Civil: o CC art.422 não inviabiliza a aplicação, pelo julgador, do princípio da boa-fé nas 
fases pré e pós-contratual). 
 Vale ressaltar que, a violação ao princípio da boa-fé, ocorre também no campo daresponsabilidade aquiliana. Censura-
se, assim, àquele que criou na outra parte a expectativa da celebração de um contrato para o qual se preparou e efetuou 
despesas, ou em função do qual perdeu outras oportunidades. A violação a esse dever secundário pode ensejar indenização, 
independentemente de um contrato, uma vez se ter violado a boa-fé (Gonçalves, 2012, p.74). 
Enunciado nº 24, I Jornada de Direito Civil – Art. 422: em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do novo CC, a violação 
dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa. 
 
Enunciado 25, I Jornada de Direito Civil – Art. 422: o art. 422 do CC não inviabiliza a aplicação pelo julgador do princípio da boa-fé 
nas fases pré-contratual e pós-contratual. 
 
Enunciado 170, II Jornada de Direito Civil – Art. 422: A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase das negociações 
preliminares e após a execução do contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do contrato. 
 
As tratativas não se confundem com a proposta! “As tratativas são atos tendentes à análise da viabilidade do contrato. A proposta, 
por sua vez, é a exteriorização do projeto de contrato, a manifestação de uma vontade definida em todos os seus termos, dependente 
apenas da concordância da parte contrária para o aperfeiçoamento do contrato” (FARIAS; ROSENVALD, 2015, p. 75). 
1.2. A PROPOSTA (OFERTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO): 
“É declaração receptícia de vontade dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende celebrar o contrato), por força da qual a primeira 
manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar” (Carlos Roberto Gonçalves, 2013, p. 51). 
A oferta traduz uma vontade definitiva de contratar – art. 427, CC. 
Trata-se de negócio jurídico unilateral (escrito ou verbal) que deve conter todos os elementos essenciais à formação do 
negócio proposto para ter força obrigatória. 
 Antes da definição de proposta, é importante destacar os sujeitos dessa fase: 
 Proponente, policitante, ofertante, oferente ou solicitante: é aquele que faz a proposta (oferta). 
 Solicitado, aceitante, policitado ou oblato: é aquele para quem a proposta é direcionada. 
 Após determinar os sujeitos da proposta, observe o seguinte diálogo: 
João: olá, boa tarde! Posso ajudá-la? 
Maria: estou procurando comprar um carro, da marca Chevrolet, modelo Ágile, 2012/2012, completo e com baixa quilometragem. 
João: então veio ao lugar certo. Olha só aquele! Tem tudo o que você deseja! É todo completo, com 4.000Km rodados, 2012/2012. 
Novinho! Estou pedindo nele R$ 36.500,00. 
Maria: Ele é muito bonito, confortável, mas, está caro! Só posso comprá-lo por R$34.000,00. 
João: O que é isso! O carro é novo! O preço dele no mercado é R$41.500,00. O que eu posso fazer é vendê-lo por R$35.000,00 e 
pagar o IPVA. O que acha? Vamos fechar o negócio? 
Maria: Ainda estar caro! Irei vender o meu carro por R$30.000,00 e só tenho R$4.000,00 para completar. Que tal você me vendê-lo 
por R$34.500,00 e pagar o IPVA? 
João: Assim fica apertado, mas, quero fechar esse contrato com a Senhora! Então, qual a sua resposta? 
 Através desse diálogo pode-se dizer que, a proposta é uma declaração de vontade dirigida por uma pessoa a outra 
(com quem pretende celebrar o contrato), por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada se 
a outra parte aceitar, ou seja, consiste na oferta de contratar que uma pessoa faz à outra, com vistas à celebração de 
determinado contrato (Gonçalves, 2012, p.75 e Gagliano e Pamplona Filho, 2013, p.130). 
 Percebe-se, portanto, que a proposta tem duas características essenciais: (1) é uma declaração unilateral de vontade 
do proponente; (2) é um negócio jurídico receptício, pois, a sua eficácia dependerá da aceitação do oblato. 
 A proposta deve conter todos os elementos essenciais do negócio proposto, como o preço, quantidade, tempo de 
entrega, forma de pagamento etc. Deve ser séria e consciente. Deve ser, ainda, clara, completa e inequívoca, há de ser 
formulada em linguagem simples e compreensível ao oblato. 
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 A oferta pode ser feita entre presentes (inter praesentes) e entre ausentes (inter absentes). A proposta será entre 
presentes, quando o proponente a fizer diretamente ao oblato, mesmo que estejam em cidades, estados ou países diferentes, 
pois, o que a determina é a conversa direta que o proponente tem com o oblato, a qual poderá se dá por telefone ou por 
qualquer outro meio de comunicação moderna, como a internet – as propostas feitas por chats, onde proponente e oblato 
estão conectados simultaneamente. Logo, esse tipo de proposta, não é determinado pela presença física, mas sim, pela 
comunicação simultânea. Será entre ausentes, quando não houver a comunicação direta entre o proponente e o oblato. É 
com base nesse conceito em que se pode afirmar que, a proposta feita por email, se caracteriza como sendo entre ausentes, 
pois, o proponente e o oblato não têm uma comunicação simultânea (Fiúza, 2008, p.441 e Gonçalves, 2012, p.78). 
 Vale ressaltar que, a proposta VINCULA O POLICITANTE (primeira parte do art.427, do CC), que responde por todas 
as conseqüências se injustificadamente retirar-se do negócio, haja vista acarretar no oblato uma fundada expectativa de 
realização do negócio, levando-o muitas vezes, a elaborar projetos, a efetuar gastos e despesas. Essa vinculação persiste 
até mesmo depois morte ou da interdição do policitante. Nesses dois casos, respondem, respectivamente, os herdeiros e o 
curador do incapaz pelas conseqüências jurídicas do ato. 
 Assim, João propôs à Maria a realização de um contrato de compra e venda de um carro. Especificou claramente o objeto 
do possível contrato, o seu valor, as condições; houve negociações mútuas. Desde já, João, fica obrigado a cumprir com os 
termos da proposta. 
 Ainda como exemplos de proposta têm-se: os produtos expostos em vitrines com o preço à mostra, os produtos nas 
prateleiras dos supermercados, as propagandas divulgadas pela mídia, etc., (Fiuza, 2008, p.440). 
 A guisa do exposto, a proposta apresenta as seguintes características: 
I. É declaração unilateral de vontade, por parte do proponente; 
II. Reveste-se de força vinculante em relação ao proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do 
negócio ou das circunstâncias do caso (CC, arts. 427 e 428); 
III. É um negócio jurídico receptício; 
IV. Deve conter todos os elementos essenciais do negócio jurídico proposto; 
V. É elemento inicial do contrato, devendo ser, por isso, séria, completa, precisa e inequívoca. 
1.2.1. EXCEÇÕES À VINCULAÇÃO DO PROPONENTE À PROPOSTA: 
 A lei expressa na segunda parte do art.427 – “se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou 
das circunstâncias do caso” – no art.428, incisos I a IV e no art.429 todos do CC, algumas exceções à vinculação do 
proponente à proposta. Para compreender melhor, será descrito a seguir – conforme explicações de Gonçalves (2012, p.77-
79) – cada uma dessas exceções. 
I. Art. 427. [...], se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. Nesse 
caso devem ser analisadas três situações: 
a) “se o contrário não resultar dos termos dela”. Indica que a proposta conte cláusula expressa que não obriga o proponente. 
É o caso de o proponente salientar, quando da sua proposta, que reserva o direito de retratar-se. Dessa forma, não haverá 
nenhuma consequência para o proponente se optar por revogá-la. Ex: “proposta sujeita à confirmação” ou “não vale como 
proposta”. 
b) “da natureza do negócio”. A proposta não obriga o proponente em razão da natureza do negócio. É o caso, por exemplo, 
das chamadas propostas abertas ao público – se caracteriza por ter um número indeterminadosde oblatos – que se 
consideram limitadas ao estoque existente e encontram-se reguladas no art.429 do CC. Ex: propostas realizadas ao público 
mediante anúncios de TV, de jornais ou de panfletos. 
c) “das circunstâncias do caso”. Tais circunstâncias estão mencionadas no art.428 do CC, não são, portanto, circunstâncias 
quaisquer, mas aquelas a que a lei confere esse efeito. 
II. Art. 428, inciso I: “se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Logo, se a proposta foi feita entre 
presentes, infere-se daí que a resposta ou aceitação deve ser imediata, sob pena de perda de eficácia a proposta. Considera-
se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante”. No caso em que a proposta 
é feita diretamente pelo proponente ao oblato, ou seja, onde há uma comunicação simultânea entre proponente e oblato – 
proposta entre presentes – se esse não responder logo, dando pronta aceitação, caduca a proposta, liberando-se o 
proponente. Ex: João oferece por telefone à Maria o seu carro, da marca Honda, modelo Fiat Fit 2012/2012, e esta fica em 
dúvida e não responde, diz que vai pensar. Nesse interregno, Ricardo liga para João; nesse momento João oferece a Ricardo 
a compra do seu carro. Ricardo aceita imediatamente. 
III. Art. 428, inciso II: “se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao 
conhecimento do proponente”. Em explicações anteriores, afirmou-se, que a proposta entre ausentes, é aquela em que a 
oferta se dá não de forma direta pelo proponente ao oblato, mas sim, de forma indireta; não havendo uma comunicação direta 
entre estes. Esse artigo refere-se, portanto, a uma proposta entre ausentes; proposta esta feita por meio de correspondência. 
O prazo suficiente para a resposta varia conforme as circunstâncias. Entre moradores próximos não deve ser muito longo. 
Diferentemente se o proponente e o oblato morarem em locais distantes e de acesso difícil e demorado. Logo esse prazo 
deverá ser razoável – prazo moral. 
IV. Art.428, inciso III: “se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado”. Se for fixado 
prazo para a proposta – nesse caso entre ausentes – o proponente terá que esperar pelo seu término. Esgotado, sem 
resposta, estará este liberado, não prevalecendo a proposta feita. 
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V. Art. 428, inciso IV: “se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do 
proponente”. O seguinte exemplo facilita compreender melhor esse dispositivo: “O proponente, fotógrafo freelancer, envia um 
e-mail para o seu amigo propondo-lhe a venda de sua câmera profissional. Ao enviar, ele verifica a sua caixa de entrada e 
nota que foi designado para uma cobertura jornalística em outro país, e que receberá uma boa quantia para isso, mas 
precisará da câmera. Diante desse fato inesperado, telefona imediatamente para o seu amigo, retratando a sua proposta; 
desfazendo-a imediatamente antes mesmo do recebimento do e-mail. Assim, o proponente não ficará vinculado à proposta, 
se a sua retratação chegar antes da proposta ao oblato ou simultaneamente a ela. 
1.3. A ACEITAÇÃO: 
 A aceitação consiste na manifestação de vontade do oblato – a qual pode ser expressa ou tácita – em aderir de forma 
integral a proposta feita pelo proponente. É, somente, com a manifestação de vontade do oblato de aderir à proposta do 
proponente, que se reputa concluído o contrato. Logo é com a aceitação do oblato, que a oferta se transforma em contrato 
(Gonçalves, 2012, p.80). 
 No entanto, a aceitação deve ser pura e simples para que produza efeito de aperfeiçoar o contrato. Se apresentada 
“fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta, comumente denominada de 
CONTRAPROPOSTA (art.431, CC). Como a proposta perde a força obrigatória depois de esgotado o prazo concedido pelo 
proponente, a posterior manifestação do solicitado ou oblato também não obriga o último, pois nesse caso não se terá uma 
aceitação, mas sim, uma nova proposta. O mesmo se pode dizer quando este não aceita a oferta integralmente, introduzindo-
lhe restrições ou modificações. Ex: a empresa “COLHEITA”, fornecedora de arroz, faz uma proposta de venda ao ATACADÃO 
SUPERMERCADOS, da quantidade “X” do seu produto, por um valor “Y”, sob o prazo de resposta de cinco dias úteis. 
Passaram-se os cinco dias e o ATACADÃO não manifestou a sua aceitação, nem de forma expressa e nem de forma tácita. 
Após esse período, o gerente do ATACADÃO, resolve procurar o gerente da empresa COLHEITA para manifestar a sua 
aceitação. Nesse caso, a empresa COLHEITA não estaria mais vinculada à proposta feita – de vender a quantidade “X” de 
arroz pelo preço “Y” – ao ATACADÃO, de forma que, a resposta deste, passa a ser uma nova proposta. Igualmente se daria, 
se o ATACADÃO modificasse algumas cláusulas no contrato. 
 Percebe-se então que, a aceitação apresenta os seguintes requisitos: 
I. Não exige obediência à determinada forma, salvo nos contratos solenes1, podendo ser expressa ou tácita (CC art. 432); 
II. Deve ser oportuna (CC, arts. 430 e 431); 
III. Deve corresponder a uma adesão integral à oferta; 
IV. Deve ser conclusiva e coerente. 
1.3.1. HIPÓTESES DE INEXISTÊNCIA DE FORÇA VINCULANTE DA ACEITAÇÃO: 
 Há duas hipóteses em que a manifestação de vontade deixa de ter força vinculante: 
a) Art.430 do CC: quando a aceitação do oblato for expedida dentro do prazo estipulado pelo proponente, mas que, no entanto, 
chega tardiamente ao conhecimento deste por motivos imprevistos. Nesse caso deverá o proponente, sob pena de responder 
por perdas e danos, comunicar imediatamente ao aceitante, uma vez que este tem razões para supor que o contrato esteja 
concluído, podendo assim, realizar despesas que repute necessárias ao seu cumprimento. Ex: a empresa “X” envia por meio 
do seu secretário, a aceitação expressa e dentro do prazo estipulado, a proposta feita pela empresa “Y”. No caminho o 
secretário sofre um acidente de moto e é conduzido a um pronto socorro, de modo que, a aceitação não chega ao proponente 
no prazo determinado. Vale ressaltar que nesse caso, o dono da empresa “X”, não foi informado do acidente do secretário. 
No dia seguinte, após o vencimento do prazo da aceitação, o secretário recebe alta hospitalar e resolve levar o documento 
do seu chefe para a empresa “Y”. O gerente da empresa “Y após ouvir as razões do secretário de não lhe ter entregado a 
aceitação da empresa “X” dentro do prazo estipulado, deverá imediatamente comunicar ao gerente da empresa “X”, sob pena 
de responder por perdas e danos. 
b) Art. 433 do CC: o artigo em comento refere-se à retratação da aceitação. Neste caso, a declaração da vontade que continha 
a aceitação, desfez-se antes que o proponente pudesse tomar qualquer deliberação no sentido da conclusão do contrato. Ex: 
a empresa “X” envia por meio do seu secretário, a aceitação expressa, dentro do prazo estipulado, à proposta feita pela 
empresa “Y”. Ocorre que, após o seu secretário sair, recebe uma proposta melhor de uma outra empresa. Neste momento 
telefona imediatamente para empresa “Y” revogado a sua aceitação. 
1.4. O MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO: 
 Para que se possa estabelecer a obrigatoriedade do cumprimento do acordo entre as partes, se faz mister identificar o 
momento em que o contrato foi concluído, pois, só a partir de então, é que as partes se tornarão vinculadas e serão compelidas 
a executar o negócio, sob pena de responderem por perdas e danos (Gonçalves, 2012, p.82). 
 No entanto, para se determinar o momento da conclusão do contrato, se deve inicialmente identificar, se a celebração 
do contrato foi realizada entre presentes ou entre ausentes, haja vista que a determinação do momento da conclusão do 
contrato se faz de forma diferente nestes casos (Gonçalves,2012, p.82). 
1.4.1. O MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO REALIZADO ENTRE PRESENTES: 
 O momento da conclusão do contrato entre presentes se faz de duas formas: 
 
1 CONTRATO ESPECIAL OU SOLENE. Direito Civil. Aquele que depende, para sua validade, de forma especial requerida pela lei. Trata-se do contrato 
formal ou solene. (Maria Helena Diniz. Dicionário Jurídico). 
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a) Se o proponente não estabelecer nenhum prazo para a aceitação, esta deverá ser manifestada imediatamente, sob pena 
de a oferta perder a força vinculante; 
b) Se o proponente estipulou prazo para a aceitação, esta deverá operar-se dentro deste, sob pena de desvincular o 
proponente. 
1.4.2. O MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO REALIZADO ENTRE AUSENTES: 
 A dificuldade maior para se precisar em que momento se deve considerar formado o contrato, é na avença entre 
ausentes, uma vez que a proposta é enviada por correspondência – por serviços de correios, fax, por intermediários ou por 
e-mails – inexistindo nesse caso uma comunicação simultânea entre as partes. 
 A doutrina menciona as seguintes teorias sobre o momento da conclusão do contrato entre ausentes (Gonçalves, 2012, 
p.83-84 e Fiuza, 2008, p.443): 
1) TEORIA DA INFORMAÇÃO OU DA COGNIÇÃO: o momento da conclusão do contrato se dá quando a resposta do oblato 
chega ao conhecimento do proponente e este se inteira do seu teor. Não basta a correspondência ser entregue ao destinatário. 
O aperfeiçoamento do contrato se dará somente no instante em que o policitante abri-la e tomar conhecimento do teor da 
resposta. Dessa forma, essa teoria tem o inconveniente de deixar ao árbitro do proponente abrir a correspondência e tomar 
conhecimento da resposta positiva. Logo, se o proponente não abrir a correspondência o contrato não se efetivará, ou seja, 
não basta que a correspondência seja entregue, o policitante deve abri-la e tomar conhecimento do seu conteúdo. Esta é a 
teoria que é adotada em países como a Áustria, Argentina e Itália. 
2) TEORIA DA DECLARAÇÃO OU DA AGNIÇÃO: esta teoria subdivide-se em três: 
2.1. TEORIA DA DECLARAÇÃO PROPRIAMENTE DITA: o instante da conclusão do contrato coincide com o momento da 
redação da resposta do oblato. É inadmissível, ante a enorme dificuldade de se aferir esse momento. Sua comprovação se 
mostra extremamente improvável. O momento da conclusão do contrato fica restrito à esfera de atuação exclusiva do 
oblato/aceitante, o qual pode vir guardá-la ou destruí-la e não a enviar para o proponente, mantendo este mesmo assim, 
vinculado à proposta; 
2.2. TEORIA DA EXPEDIÇÃO: não basta a redação da resposta, sendo necessário que tenha sido expedida, isto é, saído do 
alcance e controle do oblato; 
2.3. TEORIA DA RECEPÇÃO: exige que além de escrita e expedida, a resposta tenha sido entregue ao destinatário. 
Distingue-se da teoria da informação porque esta exige não só a entrega da correspondência ao proponente, como também 
que este a tenha aberto e tomado conhecimento do seu teor. 
 O CC/02 adotou a teoria da expedição, haja vista expressar no seu art.434 que os contratos entre ausentes tornam-se 
perfeitos desde que a aceitação é expedida. No entanto ressalta três exceções: 
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: 
I - no caso do artigo antecedente (art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com 
ela chegar ao proponente a retratação do aceitante); 
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; 
III - se ela não chegar no prazo convencionado. 
 Da análise dos incisos I e II, pode-se afirmar que os mesmos adotaram a teoria da recepção. No tocante o inciso I, 
Gonçalves (2012, p.84) faz a seguinte crítica: 
[...] é inútil e injustificável, como reconhece a doutrina, pois, se há prazo convencionado e a resposta não chega no intervalo 
determinado, não houve acordo e sem ele não há contrato. 
1.5. O lugar da celebração do contrato. 
 O art.435 do CC dispõe que: 
 Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. 
 Conforme a interpretação do artigo supracitado, o lugar da celebração do contrato, é o local em que a proposta foi feita. 
 Tal artigo deve ser cominado com o art.9º, §2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – anteriormente 
denominado de Lei de Introdução ao Código Civil – o qual prescreve que: 
Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem. 
[...]; 
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. 
 Tal dispositivo aplica-se aos casos em que os contratantes residem em países diferentes, como por exemplo, os 
contratos realizados pela internet. 
1.6. A FORMAÇÃO DOS CONTRATOS PELA INTERNET: 
No Brasil, não havia uma norma especifica sobre o comércio eletrônico, nem mesmo no Código de Defesa do 
Consumidor. Contudo, a Medida Provisória nº 2.200, de 28/06/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira 
(ICP-Brasil) e dá outras providências, como a garantia da comunicação com os órgãos públicos por meios eletrônicos, 
publicada em 29/06/2001, disciplina a questão da integridade, autenticidade e validade dos documentos eletrônicos. 
E com a vigência da Lei nº 12.965, de 23/04/2014, que instituiu o chamado “Marco Civil da Internet”, considerada 
uma espécie de Constituição da Internet por estabelecer princípios, garantias, direitos e deveres para o seu uso no Brasil, 
tanto para os usuários quanto para os provedores de conexão e de aplicações. 
Segundo Semy Glanz, “contrato eletrônico é aquele celebrado por meio de programas de computador ou aparelhos 
com tais programas” (Internet e contrato eletrônico, RT, 757/72.). No estágio atual, a obrigação do empresário brasileiro que 
se vale do comércio eletrônico para vender os seus produtos ou serviços para com os consumidores é a mesma que o CDC 
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atribui aos fornecedores em geral. A transação eletrônica realizada entre brasileiros está, assim, sujeita aos mesmos 
princípios e regras aplicáveis aos demais contratos aqui celebrados. 
No entanto, o contrato de consumo eletrônico internacional obedece ao disposto no art. 9º, § 2º, da LINDB, que 
determina a aplicação, à hipótese, da lei do domicílio do proponente. Por essa razão, se um brasileiro faz a aquisição de 
algum produto oferecido pela Internet por empresa estrangeira, o contrato então celebrado rege-se pelas leis do país do 
contratante que fez a oferta ou proposta. 
Assim, embora o CDC (art. 51, I), por exemplo, considere abusiva e não admita a validade de cláusula que reduza, 
por qualquer modo, os direitos do consumidor (cláusula de não indenizar), o internauta brasileiro pode ter dado sua adesão a 
uma proposta de empresa ou comerciante estrangeiro domiciliado em país cuja legislação admita tal espécie de cláusula, - 
especialmente quando informada com clareza aos consumidores. E, nesse caso, não terá o aderente como evitar a limitação 
de seu direito. 
Da mesma forma, o comerciante ou industrial brasileiro que anunciar os seus produtos no comércio virtual deve 
atentar para as normas do art. 31 do CDC, in verbis: 
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa 
sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre 
os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. 
Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével. 
Anote-se que essas cautelas devem ser tomadas pelo anunciante e fornecedordos produtos e serviços, como único 
responsável pelas informações veiculadas, pois o titular do estabelecimento eletrônico onde é feito o anúncio não responde 
pela regularidade deste nos casos em que atua apenas como veículo. Do mesmo modo, não responde o provedor de acesso 
à Internet, pois os serviços que presta são apenas instrumentais e não há condições técnicas de avaliar as informações nem 
o direito de interceptá-las e de obstar qualquer mensagem (Carlos Roberto Gonçalves, Responsabilidade civil, p. 117-118.). 
O CC, em harmonia com o art. 9º, § 2º, da LINDB, diz que o direito aplicável aos contratos, em geral, é aquele do lugar 
de onde emanou a proposta (art. 435). É certo, porém, que o CDC expressamente dispõe que consumidores brasileiros têm 
o direito de promover quaisquer ações fundadas na responsabilidade do fornecedor perante o foro de seu próprio domicílio. 
Desse modo, o consumidor poderia promover a ação no Brasil, mas o direito a ser aplicado pela corte brasileira teria de ser 
do país de onde originou-se a proposta. 
Essa situação como se pode perceber, traz inúmeros problemas. Assinala a propósito, e com razão, Ronaldo Lemos 
da Silva Júnior que a aplicação de direito estrangeiro por parte de tribunais brasileiros traz insegurança tanto para as partes 
quanto para o próprio Judiciário. A tendência seria, assim, a princípio, a aplicação da lex fori, ou seja, a lei brasileira. Todavia, 
tal solução não seria consistente do ponto de vista estritamente jurídico. Ademais, aduz, para que a decisão de tribunal 
brasileiro seja acatada em países como os Estados Unidos, por exemplo, precisaria ela ser homologada pelas cortes 
americanas, o que obriga o consumidor a promover uma outra ação naquele país para que estas reconheçam a decisão 
proferida no Brasil (Ronaldo Lemos da Silva Júnior, Perspectivas da regulamentação da Internet no Brasil — Uma análise 
social e de direito comparado, in Comércio eletrônico, diversos autores, p. 159-161.). 
 O consumidor brasileiro terá dois caminhos a seguir no caso de compra realizada pela rede em que a empresa 
vendedora possua sede social em país estrangeiro: 
a) mover a ação judicial no país sede da empresa; 
ou b) ajuizá-la no Brasil, amparado que se encontra pela CF (art. 5º, XXXII), pela LINDB (art. 9º, § 2º), pelo CPC (art. 88, II) e 
pelo CDC (art. 101, I). 
 Outra questão relevante relacionada à contratação eletrônica versa sobre a sua caracterização como negociação 
entre ausentes ou entre presentes. Como foi visto no item 4.5.2, retro, é difícil saber quando se aperfeiçoa o contrato celebrado 
entre ausentes, reputando-se presentes os que contratam por telefone (CC, art. 428, I). 
A controvérsia já foi objeto de intensos estudos doutrinários. 
 Maristela Basso (Contratos internacionais do comércio. Negociação — Conclusão — Prática, p. 78.), ao analisar a 
formação dos contratos internacionais, formula três espécies de formação contratual: 
a) instantânea, em que o intervalo entre oferta e aceitação pode ser desconsiderado; 
b) ex intervallo, em que existe um intervalo considerável entre oferta e aceitação; 
 e c) ex intervalo temporis, em que há troca de contrapropostas entre as partes. 
 Nessa linha, assevera Luís Wielewicki (Contratos e Internet — Contornos de uma breve análise, in Comércio 
eletrônico, diversos autores, p. 206-207.): Considerando-se a brevidade do envio e recebimento de mensagens eletrônicas, 
é possível concluir que, independentemente da definição do binômio ausentes versus presentes, a formação dos contratos 
eletrônicos sujeita-se a regimes distintos, de acordo com a duração do período existente entre a oferta e aceitação 
contratuais... Na formação contratual instantânea, o vínculo contratual eletronicamente formado dá-se de imediato, com o 
envio de pronta aceitação. Na formação contratual ex intervalo, o emissor da aceitação eletrônica envia a mensagem 
confirmatória após um prazo considerável de reflexão. Já na formação ex intervalo temporis, o emissor da aceitação torna-se 
remetente de nova proposta, sob a forma de uma contraproposta”. 
Um dos grandes problemas com que se defronta o comércio eletrônico diz respeito à autenticidade dos 
documentos. Para a sua validade jurídica, é necessário que seja devidamente “assinado” dentro do seu ambiente, qual seja, 
o digital ou virtual. Essa espécie de assinatura, na realidade, nada tem que ver com a manuscrita, que conhecemos e 
utilizamos frequentemente. Na categoria de assinaturas eletrônicas, podem-se enquadrar vários tipos diferentes de processos 
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técnicos, que precisam dos meios informáticos para serem aplicados, como: código secreto, assinatura digitalizada, assinatura 
digital (criptográfica), criptografia com chave privada (simétrica, com utilização de uma senha comum), criptografia com chave 
pública (assimétrica, com utilização de uma senha ou chave privada). 
 A doutrina, em face do elevado grau de certeza jurídica da autenticidade da assinatura digital, tem preconizado a 
sua equiparação, desde logo, a um original escrito e assinado de forma autografa pelo seu subscritor, independentemente da 
existência de lei específica ou lei complementar. 
“Inventário. Certidão negativa quanto à dívida da União, obtida por meio da Internet. Não aceitação, com ordem de juntada de outra, fornecida 
pela Secretaria da Receita Federal. Portaria da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (Portaria 414/98) que concede a esse documento os 
mesmos efeitos da certidão negativa comum. Aplicação do disposto na Lei Fed. 9.800/99. Recurso a que se dá provimento” (TJSP, 1ª Câm. Dir. 
Priv., AgI 139.645-4, rel. Des. Luís de Macedo, 16.11.1999). 
REFERÊNCIA: 
FIUZA, Cesar. Direito civil: curso completo. 11ªed. Belo Horizonte: Del Rey, 2008. 
GAGLIANO, Pablo Stolze. Manual de Direito Civil, volume único / Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho. São Paulo: Saraiva, 2017. 
GONÇALVES, Carlos Roberto Direito civil esquematizado®, v. 2 / Carlos Roberto Gonçalves ; coordenador Pedro Lenza. – 4. ed. – São Paulo: Saraiva, 
2016. 
LEAL, Sheila do Rocio Cercal Santos. Contratos Eletrônicos: Validade jurídica dos contratos via internet. São Paulo: Atlas, 2007.

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