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AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO PERTENCENTE A 1ª VARA DA COMARCA DE ANÁPOLIS/GO
PROCESSO Nº: XXXXX
AUTORA: EMPRESA XYZ
RÉU: JOÃO PINHO
JOÃO PINHO, espanhol, viúvo, contador, cadastrado no registro geral de pessoas físicas sob o nº: (...), residente e domiciliada na Rua Uruguai, nº 180 na cidade de Goiânia CEP: 00000-000, de endereço eletrônico: jo_pinho@gmail.com, representado judicialmente através de seu advogado devidamente qualificado em procuração mandamental específica juntada ao seguinte feito, com endereço profissional na Rua Teles Mendes, 124, bairro Barroso, Goiânia/GO, CEP: 00000-000, de endereço eletrônico: telesltda124@gmail.com, onde deverá ser intimado para dar andamento aos atos processuais, nos autos da AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO, pelo rito COMUM, movida por EMPRESA XYZ, vem com o devido respeito perante Vossa Excelência apresentar sua
CONTESTAÇÃO
Para expor e requerer o que se segue:
I – SÍNTESE DA DEMANDA
Ocorre que João Pinho, ora Réu, fora fiador em contrato de locação firmado entre a Autora, tendo como locadora e tendo como locatário Mário Vargas, cujo acordo hoje vigora por prazo indeterminado. O Sr. João Pinho possuiu 3 imóveis, mas, em 6 de janeiro de 2012, doou à suas duas filhas, Mara Pinho e Marta Pinho, dois apartamentos situados na Rua Arboredo 324, apts. 307 e 505, Goiânia/GO, cada um com o preço de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). Ocorrendo a concordância de ambas suas filhas, foi registrada as doações no mesmo dia, ou seja, em 6 de janeiro de 2012. Assim, restou somente um imóvel no valor de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais).
O Sr. João Pinho se surpreendeu por razão da Autora ter movido uma ação anulatória de negócio jurídico em 8 de novembro de 2016, alegando a mesma que houve uma possível fraude contra credores, visto que o locatário está inadimplente desde 6 de abril de 2014, o que acarretou ação de despejo proposta em 9 de julho de 2015, julgada procedente em 25 de novembro de 2016 em fase de execução para cobrança dos aluguéis na 2ª Vara Cível de Anápolis/GO. A Autora requer a procedência do pedido para anular as doações, por ter, assim afirma, ocorrido fraude contra credores, tendo em vista que os imóveis constituíam todo o patrimônio do Réu, e o remanescente não satisfaz os débitos ainda existentes.
É o que de mais importante se tem a relatar. Agora passa-se a expor a análise específica dos fundamentos levantados pela parte Autora da ação, consoante aos princípios da concentração e impugnação específica dos fatos. 
I – DAS PRELIMINARES
I.I – DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO
Excelência, a presente ação não deveria ser proposta neste foro em que está agora, em virtude do contrato em questão ter a característica explícita de ordem pessoal, e não real. Assim, deveria, por então, a pretensão anulatória ter sido proposta no foro do domicílio do Réu, atendendo a regra geral disposta no artigo 46 do novo CPC, e aos princípios da celeridade e economia processual. Nesse sentido:
“Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens imóveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu”. (CPC)
Portanto, requer o Réu, desde logo, que seja declarada a incompetência do presente foro para ajuizamento da ação em tela, e que seja remetido ao juízo pertencente ao foro de domicílio do Sr. João Pinho, parte demandada, sendo a qual na cidade de Goiânia/GO, a fim de que facilite uma efetiva defesa da parte presente no polo passivo da demanda. 
I.II – DA ILEGITIMIDADE PASSIVA
Acrescente-se desde logo, ainda que passada as preliminares já expostas, que o presente Réu é parte passiva ilegítima para estar neste processo que ora se discute.
Ressalte-se, Excelência, que o referido contrato de aluguel tinha por prazo o decurso de 30 meses, sendo prorrogado por tempo indeterminado sem qualquer anuência do Sr. João Pinho, ora Réu. Também é importante memorar que o Sr. João Pinho já avisara, ao locador e ao locatário, em 120 dias antes do término do praz da avença, que não aceitaria continuar como fiador caso prorrogado fosse o contrato, que, como visto, ocorreu sem sua plena concordância. 
Sendo assim, segue-se o que dispõe o artigo 835 do código civil pátrio, que preceitua sobre a possibilidade de exoneração do fiador, quando assinado ajuste contratual sem limitação de tempo, devendo este ser responsabilizado dentro de 60 dias seguintes após a notificação do credor. 
Portanto, não resta outra maneira, Excelência, senão declarar a ilegitimidade do Sr. João Pinho, ora réu deste feito. 
II – PREJUDICIAL DE MÉRITO
II.I - INTEMPESTIVIDADE DA AÇÃO INICIAL
Registre-se, desde logo, Excelência, que a ação inicial do caso em tela, resta-se exaurida pela ocorrência do prazo decadencial. 
Conforme se verifica na exposição dos fatos, a Autora impetrou a presente ação anulatória em 8 de novembro de 2016. Porém, a doação feita pelo Sr. João Pinho a suas filhas ocorrera no dia 6 de janeiro de 2012, ou seja, mais de 4 anos antes da pretensão do caso em tela. 
O prazo decadencial está disposto no Código Civil pátrio, que traz em seu artigo 178, caput, e em seu inciso II, o prazo decadencial de 4 anos para que se pleiteie a ação anulatória de negócio jurídico, sendo expresso que a contagem de tal tempo decadencial inicia-se a partir do dia em que se realizou o acordo. Com isso, constata-se decaído o pedido da Autora, não podendo falar em anulação de negócio jurídico já atingido pelo prazo decadencial. Nesse sentido:
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
Portanto, douto Magistrado, demonstra-se de modo inequívoco a impossibilidade sustentação do pedido da Autora, devendo, deste modo, ser extinto o processo com resolução de mérito decorrente dos fundamentos utilizados em consonância ao que dispõe o artigo 487, inciso II, do CPC/2015. Nesse termos:
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
II – decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
III – DO MÉRITO
II.I – OCORRÊNCIA DA ANTECIPAÇÃO DE HERANÇA
É certo dizer, douto Magistrado, que é costumeiro, devido o afeto e cuidado material dos pais, que ao possuírem algum montante, forneçam meios que sustentem e deem segurança financeira aos seus filhos no caso de uma possível ausência futura. Nada mais justo e solidária demonstração de afeto para com seus descendentes do que dar-lhes os bens que possui e lhes distribuir de forma equânime antes de uma possível desavença na partilha, o que decorreria um conflito entre os filhos.
No caso exposto, ocorrera exatamente isto, pois houve uma mera antecipação da herança de um pai para com suas filhas que se iniciam em suas próprias jornadas. 
 A doação ocorrera de modo efetivo com o registro e a anuência das donatárias no dia 6 de janeiro de 2012, sendo que à época do ocorrido, o doador não possuía mais qualquer obrigação de fiança no contrato de aluguel, tendo em vista de que o mesmo pediu exoneração do encargo com 120 dias do término da avença. Ainda, cumpre ressaltar, que o contrato passou para a qualidade de tempo indeterminado em 2011, com a referida saída do Sr. João Pinho da obrigação de fiança. 
Resta-se, portanto, Excelência, verificada a impossibilidade de anulação do negócio jurídico aqui debatido, levando em consideração tudo o que já foi exposto, e que não se passa de mera antecipação de herança do Sr. João Pinho à suas filhas. Liberalidade permitida expressamente no código civil pátrio. Nesse sentido:
Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança. (CC) 
Segue o entendimento doutrinário em consonância ao que ensina Maria Beatriz Perez Câmara: 
“Neste sentido, presume-se que as doações e vantagens feitas em vida pelo ascendenteaos seus herdeiros necessários são antecipações das respectivas quotas hereditárias, ou seja, adiantamento das legítimas, que devem reverter ao acervo”.
Bem como o magistério apresentado pela Ministra Nancy Andrighi, ao julgar o REsp. 730.483/MG, assim, segue o exceto que interessa para a análise aqui efetuada:
“2. A doação de bem feita aos herdeiros necessários constitui negócio jurídico válido e eficaz, quando revestido da forma legal e sem vício de vontade. 3. Se a doação foi feita sem a expressa dispensa de colação, então constitui mera antecipação da legítima”.
Assim também explicitado pela jurisprudência, que versa e pacifica sobre a questão. Assim: 
TJ-DF - Apelação Cível APC 20120111696998 (TJ-DF)
Data de publicação: 09/10/2015
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO. SIMULAÇÃO. ART. 496, DO CC. COMPRA E VENDA. ART.544, DO CC. DOAÇÃO DE ASCENDENTES A DESCENDENTES. AUSÊNCIA DE CONSENTIMENTO DE HERDEIRO NÃO CONTEMPLADO. PROVA ORAL. IRRELEVÂNCIA. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. 1. No caso de doação realizada por ascendentes a descendentes, deve-se observar o que dispõe o art. 544, do CC, o qual, aliás, não exige o consentimento dos herdeiros e cônjuge não contemplados, como prescreve o art. 496, do mesmo diploma, que trata de compra e venda. 2. A doação de ascendente para descendente é permitida no ordenamento jurídico, consistindo em adiantamento da legítima, ainda que sujeita a posterior adequação, na abertura do inventário, se demonstrada superação da parte disponível. 3. A oitiva de testemunhas requerida não teve a finalidade de demonstrar eventual excesso na doação. A finalidade da autora era comprovar a falta de consentimento de todos os herdeiros, partindo da premissa de que à doação seriam aplicáveis as mesmas regras da compra e venda de ascendente para descendente. 4. A prova oral não é relevante para o deslinde da controvérsia, qual seja: se a doação excedeu ou não à parte disponível. Cerceamento de defesa inexistente. 5. Agravo retido e apelação conhecidos e desprovidos.
TJ-DFT – 20030110036300APC - Relator NATANAEL CAETANO, 1ª TURMA CÍVEL.
DATA: 09/01/2008
Ementa: INVENTÁRIO. DOAÇÃO. PARTE DISPONÍVEL. CLÁUSULA EXPRESSA. COLAÇÃO. DESNECESSIDADE. A doação de ascendente a descendente, em regra, importa adiantamento do que lhe cabe por herança, face ao princípio da proteção da legítima e da igualdade entre os herdeiros. Todavia, a espécie sob comento não se amolda a essa regra geral, mas à sua exceção, porquanto a doação saiu da metade disponível do doador, mediante cláusula expressa nesse sentido, não se sujeitando, pois, à colação. (TJDFT - 20030110036300APC, Relator NATANAEL CAETANO, 1ª Turma Cível, julgado em 09/01/2008, DJ 15/01/2008 p. 732).
IV – PEDIDOS
Por todo o exposto, o Réu, com o devido acatamento e respeito, desde logo, requer:
I – Acolhimento da preliminar aludida nesta peça, devendo ser reconhecida a incompetência deste juízo para analise do feito;
II – O reconhecimento da preliminar peremptória de ilegitimidade passiva do Réu, em virtude do mesmo não ter mais o encargo de fiador à época da propositura da demanda;
III – Seja declarado a extinção do presente processo, com resolução do mérito, nos termos do artigo 485, II, em razão da intempestividade da ação inicial;
IV – O reconhecimento da improcedência do pedido no mérito da questão do caso em tela, visto a explícita ocorrência de mera antecipação de herança, sendo que o Senhor João Pinho nada tinha de encargo como fiador quando doou os imóveis;
V – Condenação da Autora ao pagamento dos honorários advocatícios em 20% sobre o valor da causa, bem como nas custas processuais a serem fixadas. 
IV – DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369e seguintes do CPC/15, em especial documental, testemunhal, pericial e depoimento pessoal do autor.
Nestes termos, pede deferimento.
Anápolis/GO 26 de outubro de 2017.
Victor Faria
OAB/RJ XX.XXX-XX

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