Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Estadual da Paraíba – UEPB Centro de Ciências, Tecnologia e Saúde – CCTS Departamento de Engenharia Civil Curso: Engenharia Civil Aluno: Ayrton Wagner Bernardino Trigueiro Matrícula: 131670212 Composição Curricular: Direito aplicado para Engenharia Civil Interpretações quanto à aplicação da responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público Araruna, 04 de novembro de 2017 Introdução Dentro da nossa sociedade, hoje em dia, surge cada vez mais diversas questões que se caracterizam e se destaca em assuntos mais importante. Estamos nos retratando pelo fato de que as problemáticas sociais juntos com os seus debates trouxeram um poder de amplitude do nexo causal entre a conduta e o dano para caracterização da responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público. Se mostrando assim ser um tema muito dinâmico, recebendo diversos sentidos e baseando-se principalmente em decisões jurisprudenciais. Com o exposto, temos a pretensão neste exercício didático tratar as diversas polêmicas que surgem a respeito da responsabilidade civil do Estado no que tange ao seu nexo de causalidade, tendo em vista, especialmente, a aplicação prática desse instituto. 1 – Responsabilidade Civil Toda responsabilidade nasce de uma determinada sanção, podendo variar em função do tipo de responsabilidade, podendo ser de importância penal, civil, penalização de caráter privado e entre outras. Vale se alientar que, dentre o exposto a que mais atinge a sociedade civil como um todo seria sanção aplicável no caso de responsabilidade civil ,se caracterizando por indenização, que se configura como o montante pecuniário que representa a reparação dos prejuízos causados pelo responsável [04]. Com o exposto e de maneira breve, clara e sucinta podemos definir a responsabilidade civil como a reparação de possíveis e comprovados danos de caráter injustos resultantes da violação de um dever, a responsabilidade decorrente da existência de um fato que atribui a determinado indivíduo o caráter de imputabilidade dentro do direito privado. As pessoas jurídicas, assim como as físicas, devem ressarcir os prejuízos causados injustamente a outrem. Vale a exposição que se tratando de administração pública somente se apresenta ao mundo jurídico por meio de seus agentes, pessoas físicas cuja conduta é imputada ao Estado (em sentido amplo). O Estado por si só não pode causar danos a ninguém. Importante destacar que a responsabilidade civil do Estado não se confunde com as responsabilidades nas esferas criminal e administrativa dos seus agentes públicos, por se tratarem de instâncias independentes. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, há independência da responsabilidade civil do Estado em relação à responsabilidade criminal, salvo quando na esfera penal se reconhece, via decisão transitada em julgado, a ausência de autoria e materialidade do delito. A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público tem como fundamento o princípio da isonomia, devendo haver igual repartição dos encargos públicos entre os cidadãos, pois se em razão de atividade administrativa somente alguns particulares sofrerem danos especiais e anormais, isto é, que não são comuns da vida social, haveria um desequilíbrio na distribuição dos ônus públicos se somente eles suportassem o peso daquela atividade. 2 – Breve histórico da responsabilidade civil do Brasil Atualmente, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público é aceita universalmente, havendo um consenso quanto a esse aspecto na doutrina, na jurisprudência e na legislação dos povos civilizados. Com o passar dos anos, as teorias explicativas sobre a responsabilidade civil do Estado evoluíram muito. A doutrina já nos apresentou posicionamentos que iam desde a irresponsabilidade absoluta até as teorias mais radicais, como caráter de exemplo, iremos citar as seguintes teorias: Teoria da irresponsabilidade do Estado; Teorias subjetivas; Teoria da culpa civilística; Teoria da culpa administrativa; Teoria da culpa anônima; Teoria da culpa presumida (ou falsa teoria objetiva); Teoria da falta administrativa; Teorias objetivas; Teoria do risco administrativo; Teoria do risco social. Como já se era de esperar, existem diversos argumentos, teorias e estudos s respeito sobre o assunto e que pautam muito bem de maneira clara, e sucinta. Como não é objetivo deste presente trabalho de ser extremamente detalhado sobre critérios muitos específicos, preferira apenas citar a existência de alguns, ou principais, conceitos e teorias sobre o assunto. 3 – Responsabilidade Civil do Estado no Brasil: Histórico e aplicações A relatos e vidências em que desde a primeira Constituição Política do Império do Brasil de 1824, apenas declarava a estrita responsabilidade dos empregados públicos por seus "abusos e omissões" que tivessem sido praticados no exercício de suas funções. A Constituição Federal de 1891 também declarava a estrita responsabilidade dos funcionários públicos por seus "abusos e omissões" que tivessem sido praticados no exercício de seus cargos, além de responsabilizá- los pela indulgência ou negligência em não responsabilizar seus subalternos. Já a Constituição Federal de 1934 estabelecia a responsabilidade solidária dos funcionários públicos junto à Fazenda Pública pelos prejuízos decorrentes de negligência, omissão ou abuso no exercício de seus cargos, figurando, inclusive, como litisconsorte da Fazenda Pública nas ações fundadas nesse tipo de lesão. O funcionário poderia até ser executado pela Fazenda Pública após a execução da sentença. A Constituição Federal de 1946 implantou maiores modificações, adotando a responsabilidade objetiva do Estado e determinando que as pessoas jurídicas de direito público interno eram civilmente responsáveis pelos danos que seus funcionários, nessa qualidade, causassem a terceiros. Além disso, já trazia a possibilidade de ação regressiva contra os funcionários causadores do dano quando eles tivessem tido culpa. A Constituição Federal de 1967/69 manteve a responsabilidade das pessoas jurídicas de direito público, retirando a palavra "interno", e determinou que caberia a ação regressiva contra o funcionário quando houvesse culpa ou dolo por parte dele. [16] Como novidade, a Constituição Federal de 1988 trouxe a inclusão das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos como responsáveis pelos danos causados por seus agentes a terceiros. Ou seja, hoje em dia sabemos que nas suas relações com os administrados, essas pessoas jurídicas terão responsabilidade civil objetiva, fundada, segundo alguns autores, no risco integral ou no risco administrativo (como prefere a maioria dos doutrinadores), no caso de dano causado por comportamento de funcionário ou por fato da coisa administrativa ou que se encontre sob custódia do Estado (CF, art. 37, parágrafo 6º). 4 – Requisitos para a configuração de responsabilidade Civil Não se pode admitir que a responsabilidade civil do Poder Público ocorra por qualquer fato ou ato, comissivo ou omissivo no qual esteja envolvido, direta ou indiretamente, afinal de contas, a teoria objetiva adotada pelo nosso ordenamento é a do risco administrativo e não a do risco integral. Para a caracterização do direito à indenização, segundo a doutrina da responsabilidade civil objetiva do Estado, devem concorrer as seguintes condições: a) A efetividade do dano: a vítima deve ter sofrido, concretamente, um prejuízo de natureza material ou moral. b) O nexo causal: deve haver um nexo decausalidade, isto é, uma relação de causa e efeito entre a conduta do agente e o dano que se pretende reparar.. c) Oficialidade da atividade causal e lesiva imputável ao agente do Poder Público: d) Ausência de causas excludentes: A doutrina da responsabilidade objetiva adotada pela Constituição da República está fundada na teoria do risco administrativo e não na teoria do risco integral. Por isso a responsabilidade do Estado não é absoluta. Ela não se caracteriza nas hipóteses de força maior ou de caso fortuito. Da mesma forma, não haverá responsabilidade do Estado nos casos em que se configure a culpa exclusiva da vítima. No caso de culpa parcial da vítima impõe-se a redução da indenização devida pelo Estado. Como já afirmado, nosso sistema jurídico adota a teoria da responsabilidade objetiva do Estado, assim sendo, este somente não será responsabilizado, total ou parcialmente, se for rompido o nexo de causalidade. Segundo Clóvis Beviláqua, força maior pode ser definida como o fato de terceiro, que criou, para a execução da obrigação, um obstáculo, que a boa vontade do devedor não pode vencer. Assim, a força maior é uma causa conhecida de um evento certo, mas que pelas suas características é irresistível; embora todos saibam que um determinado fato possa ocorrer, não se é capaz de evitá-lo. Pode-se afirmar, resumidamente, que o Estado sempre responderá objetivamente pelos danos causados aos administrados, por ação ou omissão de seus agentes, desde que tenham sido injustamente causados. O Estado, depois de ressarcida a vítima, promove a ação regressiva contra o agente causador direto do dano, se houver culpa ou dolo deste. A existência do dolo ou da culpa é matéria que não diz respeito ao terceiro prejudicado pela atuação da pessoa jurídica de direito público ou de direito privado prestadora de serviços públicos. 5 – Certas decisões de jurisprudência que elimina a responsabilidade Civil do Estado Conforme analisado, percebemos que o princípio da responsabilidade objetiva não se reveste de caráter absoluto, eis que admite o abrandamento e, até mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil do Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de situações liberatórias – como o caso fortuito e a força maior – ou evidenciadoras de ocorrência de culpa atribuível à própria vítima (RDA 137/233 – RTJ 55/50). [24] Analisaremos a seguir algumas decisões jurisprudenciais em que acertadamente excluiu-se a responsabilidade civil do ente de direito público, seja pela quebra do nexo de causalidade, seja pela existência de uma excludente de responsabilidade civil: Quebra do nexo causal: Presença de excludentes da responsabilidade civil: Presença de excludentes da responsabilidade civil: Presença de excludentes da responsabilidade civil: Aplicações adequadas da responsabilização civil do Estado e sua evolução: Decorrente deste fato é a necessidade também cada vez maior de proteção jurídica para os indivíduos, como conseqüência necessária de uma situação de fato que se produz todos os dias em nossa sociedade. 6 – Decisões Errôneas sobre responsabilidade Civil Atualmente, já se pode observar alguns julgados, principalmente no Supremo Tribunal Federal, em que a responsabilidade objetiva do Estado é mitigada, com o objetivo de se impedir interpretações demasiadamente ampliativas. Muitas decisões em sentido contrário ao bom entendimento da responsabilidade civil do Estado são tomadas, sendo que, na maior parte das vezes, não são percebidas em meio a tantas sentenças judiciais elaboradas. É preciso que se reflita sobre a questão de que se determina atuação do Poder Público afetou toda a coletividade, não há por que se privilegiar algumas pessoas estabelecendo um nexo de causalidade entre a conduta pública geral com o eventual prejuízo. Tal situação caracterizaria uma proteção desigual do Estado para aqueles que irregularmente tentam se beneficiar. Conclusão Quanto à responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, pode-se observar que há uma tendência ampliativa quanto à interpretação de sua aplicação. A realização de tal análise crítica é necessária em decorrência do fato de que para que haja a caracterização do direito à indenização, segundo a doutrina da responsabilidade civil objetiva do Estado, é obrigatória a presença da efetividade do dano, do nexo causal e da oficialidade da atividade causal e lesiva imputável ao agente do Poder Público. O nexo de causalidade, requisito essencial, pode ser definido como uma relação de causa e efeito entre a conduta do agente e o dano que se pretende reparar. Não havendo o nexo causal, ainda que haja prejuízo sofrido pelo credor não cabe cogitação de indenização. Conclui-se que as interpretações quanto à aplicação ou não da responsabilidade objetiva do Estado não devem ser feitas de forma leviana ou extremamente ampliativa, pois se assim fosse, levaria ao enriquecimento ilícito e ao mau gasto do dinheiro público, devendo-se coibir as decisões jurisprudenciais que não analisam os elementos essenciais para a configuração da responsabilidade. Referências bibliográficas BARROSO FILHO, José. Responsabilidade do Estado decorrente de atos judiciais. Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 52, nov. 2001. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/2454>. Acesso em: 05 dez. 2008. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo, 13ª edição. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2005. CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.
Compartilhar