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TEXTO DE APOIO: INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA Prof. Joelson Gonçalves de Carvalho1 PARTE I Introdução Entendemos aqui que a ciência econômica é uma ciência humana, socialmente aplicada, que se vale de estudos matemáticos e estatísticos, contudo, apenas como ferramentas analíticas, e apresenta ainda, além de forte alicerce na história, viés analítico. Ou seja, a ciência econômica é mais que a “lei da escassez” ou que a dita “lei de oferta e demanda”. De modo introdutório, cabe dizer que estaremos fazendo referência a macroeconomia que é a parte da ciência econômica que focaliza o comportamento do sistema econômico como um todo. Ela tem como objeto de estudo as relações entre os grandes agregados estatísticos: a renda nacional, o nível de emprego e dos preços, o consumo, a poupança e o investimento totais. Esse direcionamento fundamenta- se na ideia de que é possível explicar a operação da economia sem que haja necessidade de compreender o comportamento de cada indivíduo ou empresa que dela participam. A macroeconomia tornou-se um ramo da ciência econômica a partir de 1936, com a publicação de A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de Keynes. Antes dele, os economistas clássicos e Karl Marx já haviam considerado o organismo econômico como um todo. Keynes, porém, forneceu o modelo, a sistematização teórica e as “receitas práticas”, que nas décadas seguintes inspirariam a maioria dos economistas ocidentais. 1 Professor de Economia do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar (DCSo/UFSCar). O objetivo deste material é ser um guia facilitador para análises mais densas, portanto, faz apenas um apanhado geral de diversos temas e é derivado de diversas fontes impressas e também disponíveis em livros e sites especializados. 1 – O funcionamento simplificado da economia e o fluxo circular da renda Um dos grandes desafios da economia é sua mensuração. Ao optarmos por medir o desempenho econômico pelo produto, forma mais usual de mensuração, estamos na verdade optando por medir esse desempenho por meio do valor total das transações feitas com bens finais durante certo período de tempo. Podemos entender melhor o que representa essa opção fazendo um modelo simplificado de uma economia sem governo e sem transações com o exterior. Nessa economia teríamos então dois agentes básicos que seriam as empresas e os indivíduos. Numa economia organizada capitalisticamente, os diversos agentes se relacionam economicamente por meio dos mercados. Vejam o quadro abaixo que indica esse relacionamento. Conforme pode ser observado, teríamos nessa economia dois mercados básicos. O primeiro seria o mercado dos fatores de produção. Os indivíduos são, em última análise, proprietários da força de trabalho, da terra, dos recursos naturais, das máquinas, equipamentos e edificações etc., que terão que ser utilizados pelas empresas no processo de produção. Assim sendo, as empresas compram o uso desses fatores de produção dos indivíduos. As transações dessa natureza (empresas comprando o uso dos fatores de produção) são realizadas no que chamamos mercado de fatores. Neste fluxo são representados os movimentos de bens e também a contrapartida monetária do movimento de bens. Os indivíduos vão ao mercado de bens para comprar bens e serviços de que necessitam e, como é de praxe, pagam por esses bens. As empresas, por sua vez, vão ao mercado de bens para vender sua produção. Vale a pena ressaltar que esse mercado se refere apenas a bens finais, isto é, as transações entre empresas referentes a compras de matérias-primas não estão explicitadas dentre as transações aqui consideradas. Este é, em linhas gerais e simplificações necessárias, uma economia conhecida como real, em oposição a economia de base eminentemente monetária, mas que sem ela é impossível entender mercado de capitais, especulações financeiras e crises monetárias. Como dissemos mais acima, o cálculo do produto é a forma mais usual de se mensurar um dado desempenho econômico. Na busca por essa mensuração o Produto Interno Bruto (PIB) foi a metodologia mais consagrada interna e internacionalmente para este fim. O PIB representa toda a riqueza gerada em determinado país, ou região, por todos os agentes produtores. Exemplos destes agentes são as empresas privadas, trabalhadores autônomos e as empresas estatais. Calcula-se o PIB, desde as contribuições de Keynes pela soma dos investimentos dos agentes privados e empresas estatais mais o consumo das famílias e gastos públicos mais a participação do setor externo da economia expresso pelas exportações menos as importações. Isto pode ser expresso pela equação: PIB = I + C + G + (X – M) 2 – Investir ou poupar? Eis a (não) questão! O papel do investimento, da poupança e da taxa de juros O termo investimento, ao contrário do que pode parecer, não é tão objetivo. Existe, para além do rigor formal necessário, uma popularização do termo que acaba prejudicando o estudante que se volta às áreas das ciências sociais aplicadas, como a economia, administração e contabilidade. Investimento, em um sentido menos rigoroso pode ser conceituado como aplicação de recursos que poderão gerar lucros ou juros, seja em bens de capital ou no mercado financeiro. Sendo assim, poderíamos considerar que existem investimentos em bolsa de valores, por exemplo. No entanto, o sentido econômico da palavra investimento é muito mais restrito e rigoroso. Para as Ciências Econômicas investimento é o aumento da capacidade produtiva do sistema econômico. Em termos práticos, isso significa novas unidades produtivas ou ampliação de unidades produtivas já existentes. Ademais, também se considera como investimento a variação de estoques de um período para outro. Poderíamos representar o investimento assim: Investimento = Formação Bruta de Capital Fixo + Variação de Estoques I = FBKF + E Entendido dessa forma, investimento passa a ser o efetivo motor da economia, uma vez que o aumento da capacidade produtiva do sistema econômico envolve infraestrutura, máquinas e equipamentos, tecnologia, ou seja, meios que dinamizam a economia do país, aumentando a produção, que refletirá nas demais variáveis macroeconômicas tais como: empregos, renda, salário, consumo, novos produtos, novos empregos, formando um círculo virtuoso no sistema econômico: investimento gerando investimento e como consequência gerando emprego. Sabendo que investimento é o aumento da capacidade produtiva do sistema econômico, ele pode ser feito tanto por agentes privados como agentes públicos. Em termos conceituais, o investimento privado é classificado como aquele feito por empresas ou por famílias e que tem por objetivo o lucro por parte do investidor. A implantação de um negócio ou, ainda, as melhorias em uma empresa já instalada, tem sempre o objetivo de gerar novos rendimentos, excedente ao já proporcionado. Em síntese, o investimento privado é uma decisão individual visando lucro. Para o sistema econômico, quando o agente privado investe, ele proporciona um aumento no emprego e consumo agregados da economia, mas a priori, sua decisão é na busca do lucro. O investimento público, por sua vez, pode ser norteado tanto pelo lucro como por retornos sociais ou ainda por ambos. Para muitos investimentos realizados pelo setor público não existem retornos financeiros, contudo, são essenciais para a integração da infraestrutura econômica, visando economizar recursos dos investimentos privados para que esses se realizem, garantindoo crescimento econômico, do emprego e da renda. São exemplos, estradas, pontes, hidrovias, telecomunicações, escolas, universidades, entre outros. Chamamos isso de externalidades ou economias externas, isto é, geram uma redução nos custos e/ou aumento das receitas das empresas a partir de algo fora da empresa. Um bom exemplo, no caso brasileiro é a construção e manutenção de estradas, principal meio de escoamento da produção, em especial a agropecuária do país, que resulta em redução nos gastos privados, tanto para quem produz quanto para quem transporta. Desta forma, os investimentos públicos são fundamentais no processo de crescimento econômico. Quanto maiores os investimentos públicos, maiores são as possibilidades de crescimento dos investimentos privados e, por consequência, maiores os níveis de emprego, renda e consumo. Obviamente existem investimentos públicos que não são feitos pensando diretamente no retorno econômico que vão gerar no futuro, seja para o setor público ou para o setor privado. Saneamento, creches, tratamento de água, parques ecológicos, áreas de lazer são exemplos de investimentos públicos que visam mais o retorno social que propriamente o lucro. Por fim cabe dizer que existem diferenças entre gastos públicos e investimentos públicos. Os gastos públicos não aumentam a capacidade produtiva do sistema econômico, sendo despesas de manutenção e operação dos serviços do setor poder público, tais como salários, viagens, aluguéis, manutenções de estruturas de atendimentos, e todas as diversas despesas de órgãos públicos. Ao contrário do que muitos pensam, os gastos públicos podem gerar efeitos positivos quando incrementam a economia através de salários do funcionalismo público, que circulam pelo sistema econômico do país, ou ainda no consumo realizado pelas diversas áreas do setor público na medida em que quando o governo gasta, alguém recebe por um produto ou serviço feito, dando dinâmica na economia. É necessário dizer também que o excesso de gasto público muito acima das arrecadações pode aumentar o endividamento público, obrigando a desvios de recursos do investimento para manter equilíbrio entre a arrecadação e os gastos públicos. O que muitos chamam de investimento no mercado financeiro (ações, letras de câmbio, títulos da dívida pública, por exemplo), é conhecido como aplicação no jargão dos profissionais da área e, para os economistas é comumente chamado de poupança. De toda a renda recebida pelos diversos agentes econômicos (famílias e empresas), parte dela é direcionada para consumo de bens ou serviços e parte pode não ser consumida, ou seja, parte pode ser poupada, guardada. Podemos então definir a poupança como a renda não consumida. Esquematicamente temos: Pautando nossa análise no caso brasileiro, com um elevado número de trabalhadores mal remunerados, ganhando o mínimo necessário para a subsistência supõe-se que a renda das famílias seja toda consumida, ou seja, a grande maioria dos brasileiros (os assalariados) tem uma poupança igual a zero e caso aumentem suas rendas, aumentaram seu consumo, pois apresentam uma demanda muito aquém de suas necessidades básicas (demanda reprimida ou represada). Se os trabalhadores assalariados têm poupança zero, quem poupa? Diante das especificidades do caso brasileiro, é de se supor que poupem profissionais liberais que têm autonomia sobre seus rendimentos e empresários que obtém lucros de suas atividades econômicas. Sendo assim, os poupadores são, em sua maioria, uma classe mais abastada. Se os poupadores guardarem seus recursos poupados em suas residências duas são as possibilidades futuras: 1) o dinheiro pode perder valor diante do aumento de preços dos produtos no futuro (inflação); 2) em caso de inflação zero, o dinheiro em casa pode deixar de ganhar rendimentos (juros). Portanto fica claro que a grande parte dos recursos poupados em uma sociedade é destinada ao mercado financeiro na forma de aplicações. Tal como os investimentos, a poupança também pode ser pública ou privada. A poupança privada é a que, além de pertencer a empresas e famílias, ainda está sob o controle delas. Como explicado anteriormente, a poupança é a renda não consumida que se destina ao setor financeiro para render juros ou se proteger de inflação e, sendo assim, podemos exemplificar com uma infinidade de produtos bancários que são frequentemente oferecidos aos correntistas de um banco: previdências privadas, fundos de renda fixa ou flutuante, CDB’s (certificados de depósitos bancários), RDB’s (recibos de depósitos bancários), títulos públicos, entre outros; todos rendendo dividendos para os poupadores a depender da taxa de juros de cada um. A poupança pública também é oriunda de recursos financeiros não consumidos por empresas e famílias, contudo seu controle está sob a tutela do setor público. A gestão dos recursos delimita esta classificação, ficando sob a responsabilidade do poder Poupança = Renda – Consumo S = Y – C público administrar os recolhimentos do FGTS, INSS, PIS, PASEP, FAT, dentre outros, recursos que são, em tese, destinados a investimentos públicos, com a finalidade de aumento da produção na economia. Taxa de juros É melhor investir ou aplicar? Se essa pergunta fosse dirigida a um agente econômico qualquer, a resposta mais acertada seria: no que me render mais. Se a mesma questão fosse feita para o conjunto da economia nacional, a resposta, no senso comum seria óbvia: investimento, pois ele gera emprego, renda e consumo. Contudo, o excesso de consumo, por sua vez, eleva os preços dos produtos em geral, ou seja, pode gerar inflação. O inverso também não seria o ideal, pois o excesso de poupança poderia trazer uma redução no consumo e uma recessão econômica. O equilíbrio entre a poupança e o investimento seria a condição ideal. Em termos práticos o que fosse captado na forma de poupança seria transferido para o setor produtivo como financiamento dos investimentos. SITUAÇÃO CONSEQUÊNCIAS RESULTADO I < S Menos dinheiro em circulação, menor consumo Recessão I > S Mais dinheiro em circulação, maior consumo Inflação A palavra equilíbrio em economia é fonte de grandes polêmicas, especialmente em macroeconomia. Se a economia é expressa por um conjunto de agentes em interações diversas, como atingir o equilíbrio? Em outros termos: as decisões de investimento ou poupança são, na sua maioria, decisões individuais visando retornos também individuais. Então, como canalizar os desejos individuais para um fim comum, isto é, o equilíbrio? Para muitos economistas a resposta a essa pergunta seria impossível, para outros tantos, seria taxa de juros. O poupador quer juros elevados, a fim de obter os maiores ganhos. Já o investidor deseja ou necessita de juros baixos, para que possa financiar seus investimentos. Sendo assim, podemos definir a taxa de juros como sendo o custo do dinheiro no mercado. TAXA DE JUROS = CUSTO DO DINHEIRO NO MERCADO. Em um cenário econômico de altas taxas de juros com respectivos altos rendimentos monetários, o dinheiro fica concentrado nos agentes financeiros (bancos), tornando-se escasso na economia, causando a queda no consumo e consequente aumento dos estoques, desemprego, dentre outros fatores que culminam com processo chamado recessão. Quando a situação encontra-se em posição inversa, com baixas taxas de juros e baixos rendimentos no mercado financeiro, o dinheiro circula de forma mais intensa pelo mercado, elevando os índices de consumo, criando um excesso de demanda, tornando a ofertainsuficiente para atender o consumidor, gerando assim uma pressão acedente sobre os preços, ou seja, inflação. É correto supor que o mercado financeiro é repleto de riscos, mas também é verdadeiro supor que os investimentos também são sujeitos a riscos. Tanto poupadores quanto investidores padecem da máxima: quanto maiores os riscos maiores os lucros. Portanto, supondo que os riscos são iguais para a decisão de investir ou poupar, um agente individual canaliza seus recursos para o que lhe é mais rentável. Sendo definido como custo do dinheiro, os juros têm enorme relevância na economia, no momento das decisões individuais de investimento ou poupança que buscam retorno, portanto são fundamentais na determinação do volume total de investimentos ou poupanças nacionais. Na análise do detentor do dinheiro, direcionar o capital para o mercado financeiro, na forma de aplicações, pode oferecer um elevado retorno se a taxa de juros estiver alta. Em caso de baixas taxas de juros pagas nas aplicações financeiras, os investimentos podem ser priorizados, pois podem ser feitos financiamentos mais baratos e o retorno esperado das vendas será maior que a aplicação. Fica patente que existe uma contradição entre os interesses dos agentes poupadores e os investidores. Essa análise carece de uma explicitação mais criteriosa. A realidade econômica é mais complexa. Num cenário de altas taxas de juros a tendência é o direcionamento dos recursos para as aplicações do mercado financeiro, que proporciona projeções de maiores ganhos através das aplicações. Neste caso, considerando que há elevados ganhos a serem pagos ao aplicador, mais o spread que os agentes financeiros somam nas operações de repasse dos recursos para o investidor, o capital se torna muito caro, invariavelmente, inviabilizando a dinâmica de potencialização do sistema econômico produtivo. Em uma análise inversa, onde os juros são baixos, o atrativo das aplicações tende a cair drasticamente, pois não há altos ganhos. Sendo assim, o mercado financeiro não capta recursos suficientes para repasse, consequentemente, não consegue atender as necessidades prementes de capital para os investidores. Outro fator intrínseco da influência da taxa de juros na relação poupança x investimento diz respeito ao tempo. A poupança pode ser de curto prazo ou de longo prazo. Surge, então, um fator particularmente interessante. Mais que o tempo de permanência de recursos poupados em uma instituição financeira, o que caracteriza uma poupança de curto prazo ou longo prazo é o grau de volatilidade a mesma, isto é, a capacidade de retenção desses recursos dentro de uma economia, por exemplo. Supondo uma simplificação na qual um poupador tenha deixado seus recursos em um fundo de aplicação qualquer por 10 anos. Esses recursos dificilmente serão destinados a financiar um investimento, pois a qualquer momento o poupador pode retirar seus recursos do banco e estes não estiver à disposição do poupador, podendo gerar grave crise no sistema financeiro. Portanto, a capacidade de retirar o dinheiro a qualquer momento de uma instituição financeira condiciona a poupança como de curto prazo e ainda a inviabiliza de financiar atividades produtivas. Como exemplo, temos a grande maioria das aplicações no mercado financeiro, como fundos de renda fixa e variável e as diversas ações no mercado secundário. Já a poupança de longo prazo é aquela em que o agente financeiro que administra o volume de recursos poupados sabe exatamente quanto tempo o dinheiro estará disponível e pode dispor desses recursos para financiar atividades produtivas de outros agentes. Um grande exemplo são as previdências privadas e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Quando estes são de origem especulativa têm o objetivo de altos ganhos nas aplicações, se beneficiando de elevadas taxas de juros, portanto, são sensíveis a ínfimas alterações no mercado financeiro e ficam sob a total liberdade de transferência imediata para outras aplicações ou, ainda, outros mercados, especialmente o externo, considerado dinheiro volúvel. Estes recursos não são adequados para financiar o investimento por transitarem livremente a qualquer tempo, pelo mercado financeiro. Os recursos alocados em aplicações de longo prazo são aqueles que oferecem menores ganhos aos poupadores, contudo, mais concretamente tem a finalidade de financiar o investimento, haja vista a possibilidade de serem repassados pelos agentes financeiros também em longo prazo e menores taxas de juros. QUANTO MENORES OS JUROS QUANTO MAIORES OS JUROS Mais poupança de longo prazo, que são recursos financeiros mais estáveis, e que podem ser canalizados ao financiamento de investimento. Mais poupança de curto prazo, que são recursos financeiros mais instáveis ou voláteis, e são usados para especulação financeira. SELIC (Serviço especial de liquidação e custódia) Em que pese a definição mais pragmática de taxa de juros ser bem simples – o preço do dinheiro – isso ainda é insuficiente para uma análise mais rigorosa. Existem diversas taxas de juros no mercado, aliás, pode existir infinitas se levarmos em consideração as negociações formais e informais. Sendo assim, cabe saber qual taxa de juros deve ser levada em consideração na hora de análises macroeconômicas. Para tanto, existe o que se convencionou chamar de taxa básica de juros, ou no caso brasileiro a SELIC, (Serviço Especial de Liquidação e Custódia). A Selic é considerada uma taxa básica, pois influencia todo o sistema financeiro nacional na medida em que é utilizada em operações entre bancos públicos e privados, além de refletir a remuneração dos títulos públicos federais. Abaixo temos alguns gráficos da evolução da Selic no Brasil, retirados do site G1. A lógica da Selic respeita o que foi apresentado antes. Quanto mais elevada for a Selic, maior o nível de poupança na economia. Quanto mais baixa, maior o nível de investimentos. Olhando a figura acima se pode constatar que a taxa básica de juros da economia brasileira vem caindo nos últimos anos, contudo, caso seja analisada a taxa real (ou seja, a Selic descontada a inflação) o Brasil apresenta a maior taxa de juros do mundo. PARTE II 1 – Inflação: causas, efeitos e mecanismos de controle O termo inflação abrange mais que aumento de preços. É um processo de aumentos. Definindo de modo mais rigoroso, inflação é aumento contínuo e generalizado de preços de bens e serviços na economia. Em outras palavras o processo inflacionário envolve elevações de preços de bens e serviços em um determinado período de tempo de forma ampla e geral, não apenas em casos isolados ou eventuais. Um aumento de preço de um produto que tenha sofrido um abalo climático, por exemplo, não pode ser considerado como processo inflacionário, pois se trata de consequências de um efeito temporal. A elevação dos preços mantém relação intrínseca entre os produtos, fazendo com que o aumento de um conduza ao aumento do outro e assim sequencialmente, causando uma espiral inflacionária. Quando ocorre um processo em que a procura por bens e serviços – demanda – torna- se maior que a capacidade de produção destes – oferta – ocorre um desequilíbrio no mercado denominado hiato inflacionário, que gera efeitos significativos como: Distribuição de renda – os efeitos negativos sobre a distribuição de renda estão diretamente relacionados com a autonomia ou ausência dessa autonomia sobre os rendimentos próprios entre assalariados, profissionais liberais e empresários. Os assalariados dependem deprazos legais de reajustes de seus vencimentos ao passo que os preços, em condições inflacionárias, sobem rapidamente. Sendo assim, as classes de rendas mais baixas sofrem impactos maiores pelo fato de não conseguirem se proteger do processo inflacionário. Se analisados os profissionais liberais, por exemplo, o mesmo pode aumentar o custo dos seus serviços (médicos, advogados, dentistas, arquitetos, etc.) gradativamente, acompanhando assim o aumento geral de preços na economia; Balança de pagamentos – quando a inflação nacional é maior que a inflação de outros países os produtos e serviços nacionais ficam mais caros em comparação com os produtos internacionais, dificultando exportações e facilitando importações, podendo causar uma diminuição no saldo da balança comercial. Expectativas empresariais – a inflação gera instabilidade, imprevisibilidade e insegurança. Tais características transformam o ambiente macroeconômico, dificultando novos investimentos podendo afetar a capacidade de produção futura, assim como, o nível de emprego do país. Em um primeiro momento a inflação é sentida pela classe trabalhadora, contudo, seus efeitos negativos não ficam restritos a essa classe. De forma geral, ela prejudica todo um sistema econômico, começando com perdas salariais que são seguidas por perdas empresariais e até perdas tributárias com arrecadações menores por parte do governo. Muitos são os adjetivos que acompanham o termo inflação ao mesmo tempo em que esse processo se apresenta de modo diferenciado em diversos países, dada às especificidades históricas de cada um, no entanto alguns pontos comuns possibilitam a classificação de alguns momentos interessantes. Em termos metafóricos, a inflação poderia ser considerada uma febre. A febre não é uma doença específica e sim um sintoma de que algo está errado no organismo humano. Um antitérmico alivia o sintoma, contudo a causa da doença pode persistir. Usando a mesma analogia, a inflação não pode ser encarada per se, ou seja, não é um fato isolado, é um sintoma de que algo está errado na economia, e como a febre, pode ter causas completamente distintas que apresentam o mesmo sintoma: os aumentos contínuos e generalizados de preços. No gráfico abaixo podemos ter uma ideia da variação dos preços gerais da economia no período de 1980 a 2009. Quando o país apresenta uma inflação persistente, podemos classificar alguns tipos de inflação a partir de sua causa geradora. Antes, porém é bom que se diga que a depender da matriz teórica de formação do economista ele pode discordar a existência de alguns tipos ou ainda creditar maior importância em uma ou outra causa. Inflação de demanda Pode ser definida como o aumento geral de preços causados por um aumento da demanda sem uma correspondência equivalente de oferta. Pode ser definida como choque de ofertas ou demanda maior que a oferta. Quando há muita procura, a tendência é que os preços se elevem. Para combater a inflação deste tipo, haveria a necessidade de que a produção alcançasse os níveis da demanda, entretanto, como esta solução não pode ser obtida em curto prazo, faz-se essencial a redução do consumo, que pode se dar das seguintes formas: Aumento das taxas de juros – ação que gera incentivo às aplicações financeiras, com possibilidade de maiores ganhos, reduzindo assim o movimento de compra no sistema econômico; Aumento de importações – essa medida tem como objetivo aumentar o grau de concorrência interna pressionando os preços dos produtos nacionais para baixo; Aumento do compulsório bancário – o estabelecimento desta medida tem por objetivo a redução da moeda em circulação no meio econômico, pois, com a obrigatoriedade das instituições financeiras em depositarem, junto ao BACEN, um maior percentual sobre o volume de recursos captados, reduz-se o montante disponível para circulação, bem como para a oferta de crédito. Inflação de custos É gerada quando há um aumento nos custos gerais da produção. Existem custos que afetam um conjunto muito grande de produtores como, por exemplo: petróleo, aço, energia elétrica e, entre outros, os juros. Na medida em que estes custos se elevem seu repasse aos produtos fabricados são quase imediatos. Pode se perceber que esse tipo de inflação pode ocorrer mesmo sem aumento de demanda ou até mesmo com respectiva redução na mesma, pois suas causas são muito específicas. Os juros tornam-se relevantes no processo inflacionário de custos quando, em níveis elevados, são repassados, pelos empresários, para a produção, impactando no preço final, elevando ainda mais a inflação. Medidas de contenção desse processo inflacionário são mais complexos. Por exemplo, no caso de petróleo, o aumento de seu preço está diretamente relacionado com o mercado internacional, no caso de energia elétrica, hoje a regulação do setor está a cargo a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), o aço passa por decisões empresarias em escala internacional e por fim os juros derivam de política monetária nacional. Inflação de conflito distributivo Esse tipo de inflação ocorre quando existe um aumento de salários a um nível superior aos da inflação registrada anteriormente. Em termos práticos acontece quando o aumento de salários dos funcionários é repassado ao preço final do produto pelos empresários. Esse tipo de inflação acaba causando uma ilusão monetária, pois o salário nominal do trabalhador aumenta, contudo seu poder de compra (também chamado de salário real) não. Para amenizar a inflação de conflito distributivo existem formas de se aumentar o salário sem aumentá-lo, ou seja, aumento real de salários através do aumento do poder de compra da classe assalariada, sem reajustes no salário nominal. Um exemplo de medida para esta situação é a redução de impostos sobre os produtos da cesta básica, aumentando, consequentemente, o poder de compra dos salários. Diante do ridículo salário mínimo2 no Brasil e do enfraquecido grau de organização das entidades representativas dos trabalhadores essa inflação dificilmente atrapalharia o ambiente econômico. O que se vê no Brasil nos últimos anos são reposições inflacionarias decorrentes dos períodos altamente inflacionários nas décadas anteriores. Inflação inercial A inércia inflacionária tem um caráter bastante psicológico e consiste no imediato repasse de inflação passada, por parte do empresário, para os produtos e serviços. Ocorrendo em períodos não homogêneos, tendem a se encurtar cada vez mais, gerando uma espiral inflacionária. Esta foi a inflação brasileira, por excelência, nos anos 80, gerando uma hiperinflação que descaracterizou a moeda nacional, gerando uma elevada indexação da economia brasileira. 2 Segundo dados do DIEESE, em fevereiro de 2015, o salário mínimo no Brasil, para uma família com dois adultos e duas crianças deveria ser de R$ 3.182,81 ante aos R$ 788,00 recebidos. Os agentes econômicos, tendo vivido os movimentos inflacionários do passado, supõem que os mesmos acontecerão no futuro e, como forma de proteção de perdas, antecipa o aumento de preços. Essa atitude, em conjunto, é a maior responsável pela inflação futura. Em termos metafóricos, o medo da inflação acaba gerando nova inflação. O controle desse processo não pode ser tópico, carecendo de um conjunto complexo de medidas atuando na economia, mas que, em síntese, consistem em apagar a memória inflacionaria da população associada a uma desindexação econômica, com elevação de juros para redução imediata da demanda, associadaao aumento da concorrência interna, que pode ser feita pela valorização da moeda nacional. PARTE III 1 – Moeda e dinheiro Antes de começarmos propriamente a falar de mercados financeiros é necessário nos atermos ao conceito de moeda. A moeda é tudo aquilo que serve como meio de troca num sistema econômico. Imaginemos as dificuldades de um sistema em que não houvesse a moeda. Um sapateiro, por exemplo, necessita, além de sapatos, de roupas, de alimentos, de uma casa e de diversos outros bens para poder sobreviver. Se não houvesse a moeda, esse sapateiro precisaria encontrar outras pessoas que produzissem os bens de que necessita e propor a elas a troca dos sapatos que produz por esses bens. A moeda representa o instrumento por excelência da troca, ou denominador comum de valores. Quando se compra, trocam-se indiretamente objetos ou serviços por outros objetos ou serviços, empregando-se uma mercadoria intermediária, que é a moeda. A moeda é mercadoria ou riqueza de aceitação geral, quer pela confiança que oferece em matéria de troca de objetos ou serviços, quer por sua qualidade de medida comum de valores. De modo mais esquemático, são três as funções da moeda: Função 1: Intermediária de trocas (equivalente geral): Esta é a função essencial da moeda, já exercida em caráter embrionário até mesmo pelas primitivas mercadorias-moeda. Entre os benefícios resultantes desta função destacam-se a especialização e a divisão social do trabalho, básicas para a aceleração do progresso material e, em consequência, para expansão do bem- estar social. Função 2: Medida de valor (unidade de conta):A moeda é uma unidade padrão de medida de valor. É um denominador comum de valores, uma unidade de conta. Além de racionalizar o sistema de valoração, esta função da moeda torna possível a contabilização das atividades econômicas, não só de cada um dos agentes, mas do sistema como um todo. Essa função refere-se à necessidade de pessoas e empresas registrarem suas operações e transações econômicas em uma medida que seja comum a todos os bens e serviços. Assim, uma empresa que tem despesas com matéria-prima, equipamentos e mão de obra registra as operações correspondentes pelo valor. Como o valor é expresso em unidade monetária, a moeda é, nesse caso, o elemento comum a todos os itens de despesas da empresa, que fisicamente, são diferentes. Dessa forma, é possível somar tratores com galinhas e obter o produto de uma economia. Função 3: Reserva de valor: Segundo J. M. Keynes, a moeda é a ponte entre o presente e o futuro. Ela não se limita a exercer função transacional. Os motivos para sua retenção podem ser de precaução ou de especulação. É o padrão de liquidez. É fato que as primitivas mercadorias-moeda não preenchiam satisfatoriamente essas três funções. Já o advento das moedas metálicas representou uma notável evolução, cujo ciclo seria completado com a constituição dos meios de pagamentos mais recentes, mais eficazes e seguros. Um indivíduo que possui certa soma de dinheiro e não quer trocá-la imediatamente por mercadorias precisa estar seguro de que esse dinheiro, ao ser gasto no futuro, terá o mesmo valor em termos de possibilidade de aquisição de bens e serviços. A bem da verdade existem também três tipos de demanda por moeda que são elas: a) transacional; b) precaucional e c) especulativa. 2 – A Oferta e a Demanda por moeda: o papel do câmbio No chamado mercado monetário o equilíbrio se da quando a oferta de moeda e igual a demanda por moeda. O aumento da oferta de moeda e representado pela colocação de mais dinheiro na economia para circulação, sendo o próprio ato de colocação realizado pela autoridade monetária. O aumento da oferta monetária é exógeno, ou seja, não depende de nenhuma outra variável, mas apenas das decisões de política monetária tomadas pelo BACEN. O mercado monetário e o local onde são realizadas e analisadas as interações entre a demanda por moeda por parte dos agentes econômicos e a oferta de moeda realizada inicialmente pelo Banco Central. Diz-se que o mercado monetário esta em equilíbrio quando a oferta de moeda e igual a demanda por moeda. Adicionalmente, destaca-se que quanto maior o nível de renda, maior será a demanda por moeda em decorrência da maior procura por bens e serviços. Importa-nos saber como a autoridade monetária pode alterar o equilíbrio entre a oferta e a demanda por moeda. Conforme verificado, um dos instrumentos utilizados pelo Banco Central na condução da política monetária e a colocação e a retirada de títulos públicos no mercado monetário, por meio das operações de mercado aberto (open market). A colocação (venda) de títulos públicos aos bancos consiste na retirada de fundos a serem utilizados pelos bancos na forma de empréstimos e financiamentos a população em geral. O objetivo da venda dos títulos públicos pelo BACEN esta em controlar a liquidez da economia, evitando com que haja um excesso de recursos potenciais geradores de processo inflacionário. Os títulos públicos pagam aos bancos proprietários uma taxa de juros remuneratórios, o que faz com que estes tenham interesse em aceitar a oferta por parte do BACEN. Câmbio em economia se traduz em uma troca de moeda por outra moeda. O mais comum é a troca de uma moeda nacional por uma moeda internacional, por exemplo, a troca de reais por dólares. Como poucas moedas são conversíveis internacionalmente e dentre elas o dólar é a principal moeda internacional, o câmbio é fundamental, pois é a base para todas as relações do Brasil com o exterior, seja nas importações ou exportações. Câmbio Valorizado – configura-se um câmbio valorizado a situação na qual precisasse de pouca moeda nacional para a compra de moeda internacional, como por exemplo, R$1,00 = US$1,00; Câmbio Desvalorizado – configura-se um câmbio desvalorizado a situação na qual é necessário o valor maior de moeda nacional para adquirir moeda internacional, como por exemplo, R$4,00 = US$1,00. Vamos supor as seguintes situações cambiais: Hipóteses Moeda Nacional Situação Cambial A R$4,00 = US$1,00 Câmbio desvalorizado B R$2,00 = US$1,00 Situação intermediária C R$1,00 = US$1,00 Câmbio valorizado A partir das hipóteses acima, vamos supor que um vendedor de soja, exporte seu produto para o mercado internacional, e vamos supor ainda que a saca de soja seja precificada em reais e custe R$50,00. A partir do exemplo acima, percebe-se que quanto mais desvalorizada for à moeda nacional mais barata fica a saca de soja no mercado internacional. Pode parecer que para o vendedor não faça diferença, contudo, quanto mais cara a moeda nacional (câmbio valorizado) menos os produtores nacionais vendem e, portanto sua receita de exportações tende a cair. Sendo assim podemos considerar que: Câmbio desvalorizado: o produto nacional fica mais competitivo no mercado internacional, ou seja, aumenta a exportação; Câmbio valorizado: o produto nacional fica menos competitivo no mercado internacional e, portanto, diminui a exportação. Ainda usando as hipóteses acima se pode fazer a mesma análise para as importações. Vamos supor que compradores brasileiros estejam importando computadores portáteis do mercado internacional e vamos supor ainda que estes computadores sejam precificados em dólares e que cada um custe US$1.000,00. A partir do exemplo 2 a análise fica bem clara. Quanto mais desvalorizada for à moeda nacional mais caro fica o notebook e o inverso se faz verdadeiro, quanto mais valorizada a moeda maisbarato o computador, tornando-o mais acessível às pessoas de renda mais baixa. Sendo assim: Câmbio desvalorizado: o produto internacional fica menos competitivo no mercado nacional, ou seja, diminuindo a importação. Câmbio valorizado: o produto internacional fica mais barato no mercado nacional tendendo a aumentar as importações. A partir das análises feitas acima se pode tecer tendências de comportamento das relações comerciais do Brasil com o resto do mundo. Quando contabilizados os volumes recebidos pelas exportações (X) menos os recursos gastos em importações (M) temos a Balança Comercial. COMERCIAL = EXPORTAÇÕES – IMPORTAÇÕES BC = (X – M) A balança comercial pode ser positiva ou negativa. Caso o valor recebido com exportações seja maior que o valor pago com importações o saldo é positivo e chamado de superávit caso contrário fica negativo e é chamado de déficit. Vejamos uma tabela que indica tendências: Situação Cambial Exportações Importações Saldo Câmbio Desvalorizado Aumentam Diminuem Superávit Câmbio Valorizado Diminuem Aumentam Déficit A bem da verdade, no que se refere ao saldo da balança comercial, outros fatores podem influenciar o volume de importações e exportações. Neste sentido, o câmbio é a principal variável macroeconômica, contudo, não é a única, portanto é mais correto dizer que câmbio desvalorizado tende a gerar superávit e câmbio valorizado tende a gerar déficit. O câmbio não é apenas uma variável macroeconomia, é também um instrumento de política econômica. A política cambial refere-se à atuação do governo sobre a taxa de câmbio. O governo, através do Banco Central, pode atuar na taxa de câmbio, ou melhor, no mercado de câmbio. Este mercado é formado pelos diversos agentes econômicos que compram e vendem moeda estrangeira conforme suas necessidades ou interesses. Cabe ao Banco Central determinar se o mercado irá definir o preço da moeda estrangeira ou se haverá algum tipo de intervenção governamental. Partindo das possíveis relações entre moeda nacional e moeda internacional (R$/US$), podemos ter: Câmbio fixo: um sistema de câmbio em que o Banco Central de um país estabelece um valor fixo para a troca entre a moeda local e o dólar. Este valor fixo pode ser tanto valorizado ou desvalorizado, dependendo dos interesses da política econômica do país. Com o câmbio fixo, as reservas internacionais são estratégicas, pois pode ocorrer uma situação onde a demanda por moeda estrangeira seja bem maior que a oferta, o que causaria, na ausência de reservas, um “efeito manada” podendo por o país em risco de solvência. Câmbio flutuante: a taxa de câmbio oscila exclusivamente em função da oferta e da demanda no mercado. Nesta situação cambial a taxa de juros é estratégica, pois ela vai interferir diretamente na oferta ou demanda de moeda. Caso não haja nenhuma interferência direta da autoridade monetária máxima do país (Banco Central) dizemos que a flutuação é limpa. Caso contrário, quando o Banco Central atua no mercado cambial de modo a interferir nas valorizações ou desvalorizações cambiais dizemos que existe no país flutuação suja; Bandas Cambiais: situação cambial mista entre câmbio fixo e flutuante na qual o governo estabelece um valor fixo máximo para a troca de moeda nacional por moeda internacional, denominado de teto e um valor mínimo fixo conhecido como piso e entre o piso e o teto o câmbio flutua livremente. No gráfico abaixo temos o comportamento da balança comercial do Brasil de 1993 (um ano antes do plano real) até 2012. A análise nos ajuda a entender a lógica da tendência, pois são confirmados os déficits e superávits a depender da situação cambial, mas as importações, por exemplo, podem cair com câmbio desvalorizado ou simplesmente crescer menos que as exportações. 3 - Política Econômica Monetária A economia deve crescer com estabilidade de preços e pleno emprego. O papel do Governo (ou Estado) é garantir que estes objetivos se cumpram. A política econômica é a forma utilizada para isto. Os principais objetivos das políticas econômicas podem ser sintetizados da seguinte maneira: a) alto nível de emprego; b) estabilidade de preços; c) distribuição de renda socialmente justa e d) crescimento econômico. Existem diversas políticas econômicas que podemos listar, dentre elas, a política cambial, comercial, fiscal e tributária, entretanto, a que nos deteremos é a política monetária. -20.000 -10.000 0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 93 95 97 99 01 03 05 07 09 11 Saldo da Balança Comercial (Brasil - 1993-2012) Saldo A política monetária tem como objetivo controlar a oferta de moeda na economia. Ao determinar a quantidade de dinheiro, tem-se a formação da taxa de juros, ou seja, o “preço do dinheiro”. A política monetária, ao controlar os meios de pagamentos, está visando estabilizar o nível de preços geral da economia. Os governos que necessitam diminuir a taxa de inflação reduzem a oferta de monetária e aumentam a taxa de juros. Esse mecanismo controla os níveis de preços. Mas, se a taxa de juros permanece elevada por um período longo, a economia pode deixar de ter um crescimento econômico, redundando, assim, em baixos níveis de emprego. O BACEN pode alterar os meios de pagamento (oferta de moeda) utilizando-se de alguns instrumentos: Operação de mercado aberto (Open Market) As operações de mercado aberto são caracterizadas pela compra e venda de títulos públicos do BACEN no mercado. Esses títulos podem ser de emissão própria ou em geral do Tesouro. O Banco Central tanto pode comprar títulos como vender títulos, aumentando ou diminuindo a liquidez no mercado, respectivamente. Depósito compulsório São depósitos sob a forma de reservas bancárias que cada banco comercial é obrigado legalmente a manter junto ao Banco Central. É calculado como um percentual sobre os depósitos à vista nos bancos comerciais. Quanto maiores os depósitos compulsórios, maior o nível de reservas obrigatórias dos bancos junto ao Banco Central. Os recursos destinados aos empréstimos sofrem uma diminuição e provocam com isso a criação de moeda bancária (valores depositados nos bancos). Para diminuir a liquidez do sistema financeiro, o Banco Central eleva a taxa de compulsório. Com menos recurso para emprestar dos bancos comerciais, o crescimento da economia como um todo é afetado. Taxa de Redesconto bancário O Redesconto é o mecanismo pelo qual o BACEN socorre instituições financeiras com problemas de liquidez. O redesconto é o empréstimo que os bancos comerciais recebem do BACEN para cobrir eventuais problemas de liquidez. A taxa cobrada sobre esses empréstimos é chamada de taxa de redesconto. Um aumento da taxa de redesconto indica que os bancos sofrerão maiores custos, caso tenham problema de liquidez. Neste caso, as instituições irão aumentar suas reservas e diminuir o crédito, aumentando o custo para se obter meios de pagamento, ou seja, a taxa de juros.
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