Buscar

efeito da ingestão de cafeína

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 4. n. 22. p. 303-313. Julho/Agosto. 2010. ISSN 1981-9927. 
 
303 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva 
ISSN 1981-9927 versão eletrônica 
 
Per iód ico do Inst i tuto Brasi le i ro de Pesquisa e Ensino em Fis io logia do Exerc íc io 
 
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b n e . c o m . b r 
 
EFEITO DA INGESTÃO DE CAFEÍNA SOBRE O DESEMPENHO DE FORÇA DINÂMICA EM 
UM TESTE DE REPETIÇÕES MÚLTIPLAS 
 
Gutierrez Fellipe Muniz Ayres
1
, Antônio Carlos Pereira Arruda
 2 
 
RESUMO 
 
Até recentemente poucos estudos 
evidenciaram os efeitos produzidos pela 
ingestão da cafeína (CAF) pré-exercício sobre 
a força muscular. O efeito desta substância 
sobre o desempenho do exercício com 
características anaeróbias não está muito bem 
descrito, da mesma forma que os mecanismos 
de ação envolvidos nesse tipo de esforço 
físico. O objetivo deste estudo foi analisar o 
efeito da ingestão de cafeína pré-exercício no 
desempenho de força muscular dinâmica, 
avaliado através do teste de dez repetições 
máximas (10RM). Catorze homens treinados 
em força ingeriram cafeína (225 mg) ou 
placebo (PL) 1 hora antes de realizar o teste, 
em um ensaio clínico do tipo cross-over de 
método simples-cego. Eles se abstiveram da 
ingestão de cafeína e de exercícios 
extenuantes 48 e 24 horas, respectivamente, 
pré-exercício. Inicialmente, a freqüência 
cardíaca de repouso e a pressão arterial foram 
obtidos, seguidos pelo teste de 10-RM no 
supino reto com barra. Ao final do teste, 
novamente eram medidos os parâmetros 
cardiovasculares. Comparativamente ao 
placebo, houve um aumento significativo (p < 
0,05) na força muscular dinâmica utilizando a 
cafeína no teste de 10-RM no supino reto com 
barra (82,7 ± 21,5 kg vs. 84.0 ± 22,1 kg*). A 
carga total levantado durante as 10-RM foi 
maior na tentativa com cafeína comparada ao 
placebo, porém não alcançou significância. O 
significado destes resultados pode ser 
importante para o praticante de treinamento de 
força recreacional e competitivo, bem como 
demonstra a necessidade de mais 
investigação para esclarecer a real eficácia da 
ingestão de cafeína aguda para a força 
muscular dinâmica. 
 
Palavras-chave: Força dinâmica, Cafeína, Via 
Anaeróbia e Teste de 10 Repetições Máximas. 
 
1- Concluinte do Curso de Educação Física 
ESEF/UPE 
2- Programa de Mestrado em Bioquímica e 
Fisiologia UFPE 
 
ABSTRACT 
 
The effect of caffeine ingestion on performance 
of dynamic force in a multiple testing of reps 
 
Yet few studies were able to evidence the 
effects of caffeine (CAF) ingestion pre-exercise 
over muscular strength. The effect of this 
substance on the anaerobic exercise 
performance is not well-know, equally the 
actions mechanisms on this type of exercise 
are not quite established. The aim of this study 
was to analyze the effect of caffeine ingestion 
pre-exercise on dynamic muscular strength 
performance, evaluated through ten-repetition 
maximum (10RM). Fourteen resistance-trained 
males subjects ingested caffeine (225 mg) or 
placebo (PL) 1 hour pre-exercise, in a simple-
blind crossover design. They refrained from 
caffeine intake and strenuous exercise 48 and 
24 h, respectively, pre-visit. Initially, resting 
heart rate and blood pressure were obtained 
followed by ten-repetition maximum (10RM) 
testing on the barbell bench press. Once the 
exercise was finished, the cardiovascular 
parameters were measured again. Compared 
to placebo, there was a positive effect (p 
<0.05) of caffeine on dynamic muscular 
strength in a ten-repetition maximum (10RM) 
testing on the barbell bench press (82.7 ± 21.5 
kg vs. 84.0 ± 22.1 kg*). Total weight lifted 
during the 10RM test was higher on caffeine 
compared to placebo, however did not reach 
significance. These results may be important 
for the recreational and competitive resistance-
training adepts, and show the necessity of 
further investigations in order to clarify the real 
efficacy of acute caffeine ingestion on dynamic 
muscular strength. 
 
Key words: Caffeine, Muscular Strength, 
Anaerobic Pathway and 10 Repetition 
Maximum. 
 
Endereço para correspondência: 
guti_sic@hotmail.com 
sportrecife@hotmail.com 
 
 
 
 
 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 4. n. 22. p. 303-313. Julho/Agosto. 2010. ISSN 1981-9927. 
 
304 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva 
ISSN 1981-9927 versão eletrônica 
 
Per iód ico do Inst i tuto Brasi le i ro de Pesquisa e Ensino em Fis io logia do Exerc íc io 
 
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b n e . c o m . b r 
 
INTRODUÇÃO 
 
Ao longo do tempo a cafeína tornou-se 
um dos agentes ergogênicos mais consumidos 
no mundo e popularizou-se entre atletas e 
praticantes de exercício físico em geral (Braga 
e Alves, 2000). Esta substância está presente 
em vários produtos consumidos diariamente 
como o guaraná, o mate, o chocolate, o café, 
chás, refrigerantes e em alguns medicamentos 
(Altimari e Colaboradores, 2001; Graham, 
2001). 
A força é definida como a quantidade 
máxima de força que um músculo ou grupo 
muscular pode gerar em um padrão específico 
de movimento em determinada velocidade 
específica (Knuttgen e Kraemer, 1987), 
enquanto a força absoluta refere-se à 
quantidade máxima de força ou de tensão, 
como por exemplo, o teste de uma repetição 
máxima, gerada em um movimento ou 
exercício (Fleck e Kraemer, 2006). 
Existem diversos tipos de testes 
indiretos convalidados para avaliação da força 
muscular e dentre eles podemos destacar os 
testes de uma repetição máxima (1RM) e o de 
repetições múltiplas (6-12 RMu). O teste de 
repetições múltiplas (RMu) pode refletir as 
exigências das próprias sessões regulares de 
treinamento com pesos, ao contrário do 
observado no teste de 1RM, que exige do 
avaliado o conhecimento prévio da técnica e 
grande concentração (Nascimento e 
Colaboradores, 2007). 
Os primeiros relatos sobre o uso da 
cafeína datam do período paleolítico, no qual 
por meio das plantas o homem conheceu esta 
substância. Em seguida, o homem passou a 
ingerí-la sob diversas formas de bebidas 
(Paula Filho e Rodrigues, 1985). Foi a partir da 
metade do século XIX, mais especificamente 
na primeira edição da “corrida de seis dias”, 
em 1879, que a utilização da cafeína tornou-se 
amplamente divulgada, quando os 
participantes de diversas nacionalidades 
utilizaram-se de diversos produtos 
estimulantes, dentre os quais compostos à 
base desta substância, para suportar a árdua 
prova pela distância a ser percorrida 
(Hulleman e Metz, 1982). 
Mais recentemente, uso da cafeína 
tornou-se evidente quando a equipe de 
ciclismo dos Estados Unidos da América 
(EUA) declarou tê-la utilizado como 
estimulante nos Jogos Olímpicos de Los 
Angeles em 1984 (Rogers, 1985), sendo que a 
partir daí sua utilização se tornou proibida pela 
World Anti-Doping Agency (WADA) até o final 
de 2003 (WADA, 2004), passando esta 
substância a participar de um programa de 
monitoramento por meio do acompanhamento 
na incidência de detecção do uso pelos 
atletas. Até o final do ano de 2010, o uso da 
cafeína permanecerá sendo acompanhada por 
este programa (WADA, 2009). Até o início da 
década de 90 poucos estudos evidenciaram os 
efeitos produzidos pela ingestão da cafeína 
pré-exercício sobre o desempenho aeróbio e, 
só mais recentemente pesquisadores 
passaram a investigar os reais efeitos da 
ingestão dessa substância sobre a força 
muscular (Altimari e Colaboradores, 2000). 
A cafeína pertence à família das 
trimetilxantinas, grupo também composto pela 
teofilina, teína, guaraná e teobromina, é uma 
substância capaz de excitar ou restaurar as 
funções cerebrais e bulbares. As metilxantinas 
são alcalóidesque se relacionam por sua 
constituição química, mas que se diferenciam, 
de outros compostos da mesma família, pela 
eficácia na ação estimulante sobre o sistema 
nervoso central (SNC). Assim, a cafeína (1,3,7 
trimetilxantina), que não é considerada uma 
droga terapêutica, pode ser utilizada e 
comercializada livremente por apresentar uma 
baixa capacidade de indução à dependência 
(Rang e Dale, 1996). 
Rapidamente absorvida pelo trato 
gastrintestinal, após administração oral, a 
cafeína parece não afetar as funções 
gastrintestinais quando ingerida de forma 
conjugada a diferentes soluções líquidas, 
como carboidrato e água (Sinclair e Geiger, 
2000; Van Nieuwenhoven e Colaboradores, 
2000). A maior concentração de cafeína na 
corrente sanguínea parece ser observada num 
tempo médio de 60 minutos (Mclean e 
Graham, 1998; Graham, 2001a; Graham, 
2001b) sendo seu transporte feito pela 
corrente sanguínea e a excreção pela urina. 
 A excreção da cafeína é muito 
pequena (de 0,5 a 3%), e esta não sofre 
alteração em sua constituição química, logo, 
sua detecção é relativamente fácil (Clarkson, 
1993; Graham, 2001a), pois ela é lentamente 
catabolisada e apresenta um tempo de meia 
vida entre 4 e 6 horas (Mclean e Graham, 
1998). Fatores como a genética, a dieta, o uso 
de alguma droga, o gênero, o peso corporal, o 
estado de hidratação, o tipo de exercício físico 
 
 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 4. n. 22. p. 303-313. Julho/Agosto. 2010. ISSN 1981-9927. 
 
305 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva 
ISSN 1981-9927 versão eletrônica 
 
Per iód ico do Inst i tuto Brasi le i ro de Pesquisa e Ensino em Fis io logia do Exerc íc io 
 
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b n e . c o m . b r 
 
praticado e o consumo habitual de cafeína, 
podem afetar seu metabolismo e, 
conseqüentemente, influenciar na quantidade 
urinária total excretada (Duthel e 
Colaboradores, 1991; Spriet, 1995; Sinclair e 
Geiger, 2000). 
A Tabela 1 apresenta as principais 
fontes de cafeína na alimentação. Em um 
consumo superior a 100 mg , o individuo pode 
habituar-se à cafeína e melhorar seu 
desempenho físico (Simões e Campbell, 
1998), entretanto o uso crônico desta 
substância pode provocar alterações no 
metabolismo da mesma, assim como na 
resposta da adrenalina durante o exercício 
(Graham e Colaboradores, 1994). 
 
Tabela 1 - Principais fontes dietéticas de cafeína 
Produto Conteúdo de cafeína (mg) 
Café (xícara de 150 mL) 
Torrado e moído 85 
Instantâneo 60 
Descafeinado 3 
Chá (xícara de 150 mL) 
Folhas 30 
Instantâneo 20 
Chocolate 
Barra de chocolate ao leite (29 g) 6 
Barra de chocolate escura (29 g) 20 
Achocolatados (180 mL) 4 
Outros produtos (100 g) 5-20 
Refrigerantes tipo cola (180 mL) 18 
Coca-cola (360mL) 46 
Pepsi-cola (360 mL) 38 
Adaptado de Altimari e Colaboradores (2006) 
 
Segundo estimativas da Organização 
Internacional do Café (OIC) o consumo de 
café no mundo, no ano de 2008, foi de 128 
milhões de sacas de 60 quilogramas. O Brasil 
consumiu mais de 50% de todo o consumo de 
países produtores de café, o que representa 
um consumo de mais de 18,1 milhões de 
sacas, conforme estimativas da Associação 
Brasileira da Indústria do café (ABIC). O 
consumo de café brasileiro vem crescendo a 
cada ano entre os maiores de 15 anos. Nove 
em cada dez brasileiros consomem café 
diariamente, o que torna essa bebida a mais 
consumida no Brasil, depois apenas da água 
(ABIC, 2009). 
A ingestão de altas doses de cafeína 
pode alcançar valores considerados tóxicos e 
induzir a insônia, nervosismo, irritabilidade, 
ansiedade, náuseas, desconforto 
gastrintestinal, instabilidade de membros 
superiores, trepidez e tremores (Stephenson, 
1977; Spriet, 1995). Caso seja extrapolado o 
limite de consumo da cafeína pode acontecer 
uma inversão do seu potencial ergogênico 
para potencial ergolítico. 
Os mecanismos exatos do potencial 
ergogênico da cafeína não estão bem 
esclarecidos, e diversas teorias foram 
elaboradas na tentativa de explicá-los. 
Originalmente acreditava-se que o aumento da 
oxidação das gorduras e redução na oxidação 
dos carboidratos era responsável pela melhora 
no desempenho (Costill e Colaboradores, 
1978),
 
embora mais recentemente foi 
demonstrado um efeito ergogênico da ingestão 
de cafeína sem aumento na lipólise (Graham e 
Colaboradores, 2000).
 
Outra hipótese é que a 
cafeína age diretamente no SNC, afetando a 
percepção subjetiva do esforço e a 
propagação dos sinais neurais entre o 
cerebelo e a junção neuromuscular (Lopes e 
Colaboradores, 1983; Graham, 2001a; Motl e 
Colaboradores, 2003). Um estudo demonstrou 
que as fibras musculares de contração lentas 
são mais sensíveis à ação da cafeína do que 
fibras de contração rápida (Pagala e Taylor, 
1998). 
Diversos estudos têm apresentado a 
cafeína como moduladora do desempenho 
físico em diferentes manifestações esportivas 
(Braga e Alves, 2000; Altimari e 
Colaboradores, 2001; Graham, 2001; Beck, 
2008). Esses benefícios são obtidos a partir da 
ingestão da cafeína tanto por atletas amadores 
 
 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 4. n. 22. p. 303-313. Julho/Agosto. 2010. ISSN 1981-9927. 
 
306 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva 
ISSN 1981-9927 versão eletrônica 
 
Per iód ico do Inst i tuto Brasi le i ro de Pesquisa e Ensino em Fis io logia do Exerc íc io 
 
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b n e . c o m . b r 
 
como de elite. A cafeína não está na lista de 
substâncias proibidas pela WADA Todavia, 
diversos fatores como as dosagens utilizadas 
de cafeína, o tipo de exercício físico utilizado, 
o estado nutricional, o estado de aptidão física 
individual, além da tolerância à cafeína podem 
influenciar os resultados de diversos estudos 
apresentados na literatura (Altimari e 
Colaboradores, 2000). 
Os efeitos ergogênicos da cafeína 
sobre o desempenho em exercícios físicos 
com características aeróbias (alto volume e 
moderada intensidade) têm sido bastante 
evidenciados pela literatura (Braga e Alves, 
2000; Altimari e Colaboradores, 2000; Graham 
2001; Juhn, 2002; Spriet e Gibala, 2004). 
Contudo, o efeito desta substância sobre o 
desempenho do exercício com características 
anaeróbias (alta intensidade e volume 
reduzido) não está muito bem descrito, da 
mesma forma que os mecanismos de ação 
envolvidos nesse tipo de esforço físico, o que 
indica a necessidade de pesquisas com o 
objetivo de esclarecer a real ação desta 
substância sobre o metabolismo anaeróbio 
(Altimari e Colaboradores, 2006). 
O Canadian Drug-Free Sports Center 
estima que 26% dos atletas canadenses entre 
11 e 18 anos utilizam-se de cafeína 
objetivando uma melhoria no desempenho 
(Graham e Colaboradores, 1994). Uma 
pesquisa recente da WADA (2007) mostrou 
que a cafeína não representa uma proporção 
significativa do uso de drogas pelos atletas, e 
que com o aumento em seu consumo, esta 
tem sido utilizada de forma premeditada como 
um agente potencializador do desempenho. 
Os estudos revistos até o momento, 
que procuraram investigar os efeitos 
ergogênicos da cafeína sobre o desempenho 
em exercícios de força e potência muscular, 
apresentam resultados controversos, o que 
impossibilita conclusões mais definitivas a 
esse respeito (Altimari e Colaboradores, 
2001). 
Dos trabalhos descritos na literatura, 
nenhum examinou os efeitos da cafeína na 
força muscular durante ações musculares 
dinâmicas com resistência externa constante 
(Beck e Colaboradores, 2006) e apenas três 
estudos
 
investigaram o efeito da ingestão da 
cafeína sobre a performance em testes de 
força, apresentando dados controversos 
(Jacobs e Colaboradores, 2003;Beck, 2006; 
Astorino e Colaboradores, 2008). 
A falta de rigidez metodológica nas 
pesquisas é apenas um dos fatores que 
dificulta formar um consenso sobre a eficácia 
da cafeína em exercícios anaeróbios. A ampla 
quantidade de protocolos, as diferentes doses 
de cafeína utilizadas e a combinação entre 
testes anaeróbios e aeróbios, são fatores que 
contribuem para a apresentação de resultados 
controversos, impossibilitando assim a 
formação de consensos a respeito da ingestão 
da cafeína para a melhora do desempenho em 
exercícios anaeróbios (Bertazzoni, 2007). 
Existem poucas evidências 
corroborando com a hipótese de que a 
ingestão de cafeína pode aumentar a força 
muscular, além disso, o efeito desta 
substância sobre o desempenho neste tipo de 
exercício não está claro. Logo, existe a 
necessidade de novas pesquisas com intuito 
de esclarecer a verdadeira ação desta 
substância sobre o metabolismo anaeróbio 
(Altimari, 2006). 
Diante do exposto, faz-se necessário 
avaliar o efeito da cafeína como recurso 
ergogênico sobre o desempenho de força 
muscular dinâmica, através de um teste de 
repetições máximas, uma vez que isso ainda 
não foi realizado. Devemos levar em 
consideração ainda que a cafeína é um 
produto facilmente encontrado em alimentos 
consumidos no cotidiano, de custo acessível à 
população e amplamente utilizado como 
potencializador do desempenho para atletas e 
praticantes de exercício físico em geral. Além 
disso, os estudos que demonstram o efeito da 
ingestão de cafeína pré-exercício não 
apresentam uniformidade em seus métodos, 
pois utilizam diferentes protocolos e doses da 
substância, combinação de testes anaeróbios 
e aeróbios, e resultados controversos. 
Portanto, o objetivo deste estudo foi 
analisar o efeito da ingestão de cafeína pré-
exercício no desempenho de força muscular 
dinâmica, avaliado através do teste de dez 
repetições máximas. 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Esta pesquisa caracteriza-se por um 
ensaio clínico do tipo cross-over, método 
simples-cego, de abordagem quantitativa e 
descritiva. 
A amostra foi intencionalmente 
selecionada, sendo composta por 14 adultos 
jovens de uma academia do bairro de Setúbal, 
 
 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 4. n. 22. p. 303-313. Julho/Agosto. 2010. ISSN 1981-9927. 
 
307 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva 
ISSN 1981-9927 versão eletrônica 
 
Per iód ico do Inst i tuto Brasi le i ro de Pesquisa e Ensino em Fis io logia do Exerc íc io 
 
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b n e . c o m . b r 
 
localizada na região metropolitana do Recife, 
com faixa etária de 18-29 anos e que 
participaram voluntariamente deste estudo. 
Como critério inicial de inclusão, os voluntários 
deveriam ser do gênero masculino e estar 
treinando completamente o corpo pelo menos 
3 vezes na semana. Deviam também ter no 
mínimo um ano de experiência em treinamento 
de força. Como critérios de exclusão foram 
definidos, PAR-Q positivo, participação em 
qualquer outro estudo que necessite ingerir 
algum tipo de substância a ser investigada por 
no mínimo 90 dias antecedentes ao estudo, 
bem como estar fazendo o uso de algum tipo 
de recurso ergogênico ou farmacológico 
nestes mesmos 90 dias e apresentar qualquer 
tipo de patologias, como doenças 
cardiovasculares ou metabólicas, renal, 
hepática, desordens músculo-esqueléticas ou 
intolerância à cafeína. Os indivíduos foram 
previamente esclarecidos sobre os propósitos 
da investigação bem como aos procedimentos 
aos quais foram submetidos. 
 
Monitoramento do status de exercício e 
ingestão dietética 
 
 Foram apresentados, pela internet (via 
e-mail), itens que continham cafeína, como 
café, chá, refrigerantes à base de cola, 
chocolate, bebidas energéticas, assim como 
medicações legais comuns, para que os 
mesmos se abstivessem desta ingestão 48 
horas antes do teste. Aos voluntários também 
foi solicitado que não realizassem exercícios 
físicos intensos nas 24 horas antecedentes ao 
teste. 
 
Ingestão da substância a ser testada 
 
 Cápsulas idênticas contendo cafeína 
(CAF) ou placebo (PL) foram manipuladas por 
um farmacêutico e fornecidas aos 
participantes para serem ingeridas uma hora 
antes do teste, segundo proposto por Astorino 
e Colaboradores (2008). A substância cafeína 
foi obtida manipulada de forma isolada 
enquanto o placebo foi composto por dimetil 
celulose, e possuía o mesmo cheiro, cor e 
sabor da outra substância. A ordem de 
tratamento (cafeína ou placebo) foi sorteada 
entre os participantes. A cafeína foi composta 
por uma dose equivalente a 225 mg, uma vez 
que dosagens próximas a essas tem sido 
mostradas como maximizadora dos níveis 
sanguíneos da cafeína (Beck e Colaboradores, 
2006). Os participantes deveriam ingerir a 
outra dose de substância e repetir os 
protocolos identicamente no mínimo dois dias 
após o primeiro dia de testes. 
 
Medidas pré-teste 
 
 Foram inicialmente avaliados a massa 
corporal (MC), a altura e o percentual de 
gordura. Para avaliar a massa corporal e o 
percentual de gordura foi utilizada uma 
balança mecânica (Britânia, Corpus, Brasil) a 
qual utiliza o método da bioimpedância elétrica 
para o cálculo da composição corporal, e a 
altura através do estadiômetro (Wiso, mn-33, 
Brasil). Também foram medidos os perímetros 
de abdômen, coxas e peitoral de acordo com 
os procedimentos descritos por Heyward 
(2002) com uma trena antropométrica 
(Cardiomed, Brasil). A frequência cardíaca e a 
pressão arterial em repouso foram medidas 
pelo método indireto auscultatório com o 
esfigmomanômetro manual (Omron 
HealthCare Inc., HEM-433INT, EUA). Os 
participantes foram avaliados após uma hora 
da ingestão da substância e cinco segundos 
ao término do aquecimento para o teste de 10-
RMu. Os momentos da ingestão de cafeína 
seguem o modelo de Astorino e 
Colaboradores (2008). 
 
Primeiro dia de testes 
 
 Foi realizada a avaliação inicial de 
cada participante, conforme descrito 
anteriormente. Logo após, os participantes 
foram submetidos a um aquecimento 
específico no exercício de supino reto em 
banco horizontal (Life Fitness, Brasil) com uma 
carga de 50% do peso corporal executando de 
8-12 repetições. Após um intervalo de dois 
minutos foi realizada a primeira das cinco 
tentativas de cada indivíduo para 
determinação da carga máxima obtida em 10 
repetições. Para o teste de repetições 
múltiplas o movimento foi realizado de forma 
que as mãos estivessem tocando a barra em 
posição de pronação e afastadas pela largura 
do ombro, adicionadas de um palmo da mão 
fechada do avaliado. Três ajudantes retiraram 
a barra do suporte e entregaram ao avaliado, 
que realizou o movimento de forma que a 
amplitude fosse a máxima possível. Para isso 
o avaliado levou a barra ao tórax em um 
 
 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 4. n. 22. p. 303-313. Julho/Agosto. 2010. ISSN 1981-9927. 
 
308 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva 
ISSN 1981-9927 versão eletrônica 
 
Per iód ico do Inst i tuto Brasi le i ro de Pesquisa e Ensino em Fis io logia do Exerc íc io 
 
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b n e . c o m . b r 
 
tempo aproximado de dois segundos e voltou 
à posição inicial nos mesmos dois segundos. 
Para ser considerado válido o teste, o 
participante deveria selecionar uma carga 
submáxima de acordo com sua experiência 
em treinamentos com pesos de forma que a 
carga selecionada pudesse lhe causar uma 
fadiga concêntrica momentânea dentro de 10 
repetições. Foram registradas as cargas 
máximas obtidas a partir das tentativas que se 
enquadraram nesses requisitos. 
 
Segundo dia de testes 
 
 Dois dias após, ao chegarem ao local 
dos testes metade dos participantes recebeu 
aleatoriamenteuma substância placebo e a 
outra metade a substância contendo cafeína. 
Após uma hora foi realizado o aquecimento e 
os novos testes de RMu conforme os 
procedimentos descritos anteriormente. Foram 
registrados os valores médios do somatório da 
carga elevada pelos grupos que ingeriram o 
placebo e a cafeína para serem comparados 
com o próximo dia de testes. 
 
Terceiro dia de testes 
 
Mais dois dias após, os participantes 
que ingeriram o placebo na semana anterior, 
desta vez receberam a substância contendo 
cafeína e vice-versa. Foram registrados os 
valores de carga elevados durante os testes 
para verificarmos se a cafeína influenciou de 
forma positiva o desempenho durante o teste 
de força dinâmica. Para minimizar variações 
circadianas todos os procedimentos foram 
realizados no turno da tarde. 
 
Limitações do Estudo 
 
Devido às restrições financeiras não 
pudemos oferecer uma dieta balanceada a 
todos os participantes no dia dos testes. Outra 
limitação foi a utilização da bioimpedância 
elétrica, uma vez que essa técnica não 
corresponde ao padrão-ouro de medidas da 
composição corporal. Por fim, outra limitação 
diz respeito à dificuldade de encontrarmos 
protocolos do teste de 10-RMu validados, 
reprodutíveis e fidedignos. 
 
Análise Estatística 
 
 Os dados foram reportados como 
média ± desvio padrão e foram analisados 
utilizando o software Statistic for Windows 
versão 5,5A (Statsof Inc., 2000). Foi utilizado o 
teste “t” para amostras dependentes na 
comparação entre as variáveis. O critério de 
determinação de significância foi estabelecido 
em 5% (p < 0,05). 
 
RESULTADOS 
 
Dados demográficos dos sujeitos 
estão apresentados na Tabela 2. 
 
Tabela 2 - Dados demográficos dos participantes 
Parâmetro Média Desvio-Padrão Vmin/Vmáx 
Idades (anos) 24,2 2,7 21,0-29,0 
Altura (cm) 179,5 5,5 169,0-188,0 
Massa Corporal (kg) 82,5 9,9 65,8-108,6 
Massa Gorda (%) 20,3 2,8 17,2-28,3 
Histórico de treino (anos) 3,85 1,9 2,0-9,0 
Ingestão de cafeína (mg/dia) 33,4 34,9 0-110 
Ingestão de cafeína (dias/semana) 4,5 1,5 0-7,0 
 Vmin = valor mínimo ; Vmáx = valor máximo
Dados dos testes de 10-RMu 
 
O teste t para amostras dependentes 
revelou um aumento na força muscular 
dinâmica, utilizando a cafeína no teste de 
repetições múltiplas no supino reto, 
comparado ao PL (p < 0,05). O desempenho 
no teste de 10-RMu no supino reto com a 
utilização da cafeína foi maior comparado ao 
placebo (Tabela 3). Foram utilizados intervalo 
de confiança de 95% e diferença marcada 
como significativa a um p < 0,05. Onze 
participantes levantaram pelo menos 2 kg a 
mais de carga no teste de supino reto com a 
cafeína, enquanto apenas dois levantaram 
pelo menos 2 kg a mais com a substância 
placebo, e um único participante, teve o 
 
 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 4. n. 22. p. 303-313. Julho/Agosto. 2010. ISSN 1981-9927. 
 
309 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva 
ISSN 1981-9927 versão eletrônica 
 
Per iód ico do Inst i tuto Brasi le i ro de Pesquisa e Ensino em Fis io logia do Exerc íc io 
 
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b n e . c o m . b r 
 
mesmo desempenho no teste de supino reto 
com as substâncias ingeridas pré-teste. 
 
Tabela 3 - Efeito agudo da ingestão de cafeína 
no desempenho do teste de 10 repetições 
múltiplas (*p<0,05). 
Parâmetro Placebo Cafeína 
10-RMu Supino 
Reto (kg) 
82,7 ± 21,5 84.0 ± 22,1* 
Carga total 
erguida (kg) 
1158,0 1176,0 
 
Efeitos colaterais da ingestão de cafeína 
 
Todos os participantes toleraram bem 
a substância testada. Nove dos 14 
participantes (64,2%) identificaram 
corretamente a tentativa com a ingestão de 
cafeína, por causa dos sintomas como, 
insônia, tremor, aumento da disposição, 
freqüência cardíaca elevada e inquietação. 
Estes sintomas foram mais pronunciados nos 
sujeitos não habituados ao consumo da 
cafeína. Tanto a pressão arterial sistólica 
quanto a diastólica não tiveram diferenças 
significativas em repouso e pós-exercício nas 
tentativas com CAF e PL (P>0,05). Estes 
dados estão ilustrados na Tabela 4. A 
freqüência cardíaca medida em repouso não 
foi significativamente diferente nas tentativas 
CAF e PL, assim como a freqüência cardíaca 
após o exercício Entretanto, a freqüência 
cardíaca teve aumento significativo quando 
comparadas dentro do mesmo tratamento, em 
repouso e após o exercício em ambas as 
tentativas CAF e PL (p < 0,05). Estes dados 
estão ilustrados na Figura 1. 
 
Tabela 4 - Efeito agudo da ingestão de cafeína sobre os níveis pressóricos sanguíneos 
Variáveis / Tratamento Placebo Cafeína 
 Pré Pós Pré Pós 
Pressão arterial sistólica 130,8 ± 9,5 132,2 ± 7,8 136± 10,2 137,4 ± 11,1 
Pressão arterial diastólica 74,5 ± 10,3 71,4 ± 12,3 76,2 ± 6,4 72,5 ± 15,4 
 
40
50
60
70
80
90
10
0
Pl
ac
eb
o
Ca
fe
ín
a
Tratamento
Fr
eq
uê
nc
ia
 ca
rd
ía
ca
 (b
pm
)
Repouso
Após
aquecimento
*
*
 
Figura 1 - Efeito agudo da ingestão de cafeína 
na resposta da frequência cardíaca (*p< 0,05). 
 
DISCUSSÃO 
 
No presente estudo, foi hipotetizado 
que a ingestão de cafeína pré-exercício 
poderia resultar num aumento significativo da 
força muscular dinâmica durante o teste de 
repetições máximas. Os resultados confirmam 
esta hipótese, comparados ao dia de testes 
com o tratamento placebo, de que o teste de 
repetições múltiplas no supino reto foi mais 
bem desempenhado com uma simples dose 
de 225 miligramas de cafeína ingerido uma 
hora antes do testes. Além disto, houve uma 
melhora no desempenho de força sem 
aumento na carga hemodinâmica, pois não 
houve aumentos significativos na freqüência 
cardíaca em repouso e após o exercício, nem 
na pressão arterial sistólica e diastólica nas 
mesmas condições. 
Ao nosso conhecimento, apenas três 
estudos examinaram o efeito agudo da 
ingestão de cafeína no desempenho de força 
muscular dinâmica. No estudo de Jacobs e 
Colaboradores (2003) treze homens 
experientes em treinamento de força 
concluíram supersets no leg press e supino 
reto até a fadiga em 80 e 70% de 1RM após a 
ingestão de cafeína (4mg/kg) ou placebo 90 
minutos pré-exercício. Nenhuma diferença em 
qualquer parâmetro de resistência muscular foi 
observada entre os tratamentos, e uma grande 
variabilidade de respostas foram relatadas 
pelos autores. 
Um suplemento contendo cafeína 
(dose = 2,4 mg/kg) ingerido uma hora pré-
exercício aumentou significativamente 1RM no 
supino (2,1 kg) em homens que treinavam 
regularmente força (Beck e Colaboradores, 
2006). No entanto, nenhuma mudança (p < 
0,05) no desempenho de força de membros 
 
 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 4. n. 22. p. 303-313. Julho/Agosto. 2010. ISSN 1981-9927. 
 
310 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva 
ISSN 1981-9927 versão eletrônica 
 
Per iód ico do Inst i tuto Brasi le i ro de Pesquisa e Ensino em Fis io logia do Exerc íc io 
 
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b n e . c o m . b r 
 
inferiores (1RM no leg extension, trabalho 
total, média e pico de potência no teste de 
Wingate foram observados. O fato de não ter 
aumentado o desempenho de membros 
inferiores pode ter sido causado pelo início da 
fadiga central durante o exercício leg press, a 
redução do recrutamento de unidades motoras 
e, portanto, a produção de força devido à 
realização do exercício fatigante anterior 
(Astorino e Colaboradores, 2008). Astorino e 
Colaboradores (2008) sugerem que o 
significado destes resultados pode ser 
questionado, como a magnitude do aumento 
de desempenho no 1RM, porque foi 
semelhante ao teste-reteste de variabilidade 
desta medida em seu estudo. Além disso, 
qualquer interaçãode outros ingredientes do 
suplemento (guaraná, chá verde/preto, 
vitamina C e outros) sobre as propriedades 
ergogênicas da cafeína é desconhecida. 
Em outro estudo, a utilização de uma 
dose de 6mg/kg de peso corporal pré-exercício 
gerou nenhum efeito no desempenho de 1RM 
tanto no leg press quanto no supino reto, além 
de não alterar significativamente o peso total 
levantado com 60% de 1 RM e a percepção de 
esforço em ambos os exercícios (Astorino e 
Colaboradores, 2008). Estes dados estão 
ilustrados na Tabela 6. 
 
Tabela 5 - Efeito ergogênico da cafeína sobre o desempenho em testes de repetições máxima 
Autores N Gênero População Dose de 
Cafeína 
Tipo de teste Efeito 
Ergogênico 
Comentários 
Astorino, 
Rohmann e 
Firth (2008) 
22 M Treinados 6 mg/kg 1RM no Leg Press e 
Bench Press e 
repetições até a falha 
em 60% de 1RM 
Não Nenhuma 
alteração 
significativa na 
força e 
endurance 
muscular 
Jacobs, 
Pasternak e 
Bell (2003) 
13 M Treinados 4 mg/kg Supersets no leg 
press a 80% de 1RM 
e supino reto a 70% 
de 1RM 
Não Nenhuma 
alteração 
significativa na 
força e 
endurance 
muscular 
Beck e 
Colaboradores 
(2006) 
37 M Treinados 2,4 
mg/kg 
1RM no leg 
extension e no 
bench press 
Sim Aumento 
significativo no 
desempenho 
de 1RM no 
supino reto 
 
Nossos dados corroboram com os de 
Beck e Colaboradores (2006) e outros 
demonstrando um significativo efeito 
ergogênico da cafeína em exercícios de curta 
duração e alta intensidade. A utilização de 
dosagens baixas de cafeína em ambos os 
estudos (225 x 201 mg) gerou resultados 
positivos nos testes realizados nos membros 
superiores, apesar de na investigação de Beck 
e Colaboradores (2006) não ter apresentando 
nenhum aumento do desempenho de 
membros inferiores. Outras investigações 
indicam que a cafeína pode ter efeitos 
diferentes para parte superior e inferior do 
corpo (Bell, Jacobs e Ellerington, 2001; Bruce 
e Colaboradores, 2000). 
Os resultados do presente estudo 
indicaram que a ingestão de cafeína pré-
exercício não alterou significativamente os 
parâmetros hemodinâmicos em repouso e logo 
após o exercício, diferente dos dados de 
Astorino e Colaboradores (2008) que 
apresentaram aumento significativo na 
frequência cardíaca em repouso e após o 
exercício com a ingestão da cafeína, assim 
como, aumento na pressão arterial sistólica 
em repouso no dia da ingestão da cafeína. 
Nossos participantes obtiveram aumento 
significativo no desempenho de força sem 
aumento na carga hemodinâmica, diferente 
dos dados de Astorino e Colaboradores (2008) 
que aumentaram a carga hemodinâmica sem 
aumento no desempenho de força. A 
habituação à cafeína parece ter pouco efeito 
no desempenho dos exercícios de acordo com 
os dados de Graham (2001a). Recomenda-se 
que os investigadores selecionem indivíduos 
com menos discrepâncias no consumo de 
cafeína e de massa corporal, examinando as 
propriedades ergogênicas da cafeína. No 
geral, nossos resultados sugerem que a 
habituação à cafeína não altera a magnitude 
das alterações induzidas pela ingestão de 
cafeína aguda. 
 
 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 4. n. 22. p. 303-313. Julho/Agosto. 2010. ISSN 1981-9927. 
 
311 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva 
ISSN 1981-9927 versão eletrônica 
 
Per iód ico do Inst i tuto Brasi le i ro de Pesquisa e Ensino em Fis io logia do Exerc íc io 
 
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b n e . c o m . b r 
 
As diferenças no estado de 
treinamento podem explicar algumas 
discrepâncias, como tem sido especulado que 
a cafeína pode proporcionar um maior 
benefício ergogênico no músculo treinado 
(Graham, 2001a), mas no presente estudo 
todos os participantes tinham experiência em 
treinamento de força. Em contrapartida, em 
outras investigações, os participantes também 
eram treinados e os resultados foram 
controversos. 
Além disso, a análise dos dados 
individuais mostrou variabilidade dramática 
nas respostas entre os participantes, 
independentemente de seu teste de 10-RMu, 
sendo médio, bom ou superior. Alguns 
levantaram mais peso com a cafeína, outros 
mais com o placebo, e alguns, a mesma carga 
com ambas as substâncias. Isto, no entanto, 
continua a ser determinado e deve ser 
estudado no futuro. 
Uma limitação inerente à nossa 
investigação foi a impossibilidade de medir as 
variações das concentrações das 
catecolaminas ou metilxantinas em resposta à 
ingestão de cafeína aguda. No entanto, 
estamos confiantes de que a dose de cafeína 
foi absorvida. Aproximadamente 64% dos 
participantes identificaram corretamente o uso 
do tratamento. O tamanho da amostra permitiu 
a detecção de diferenças relativamente 
pequenas no desempenho entre os 
tratamentos, o que reforça as nossas 
conclusões relativas às mudanças no 
desempenho de força dinâmica com a 
ingestão de cafeína aguda. 
 
CONCLUSÃO 
 
Nossos dados indicam que a ingestão 
de uma simples dose de 225 miligramas de 
cafeína ingerida uma hora antes do exercício 
resultou num aumento significativo da força 
muscular dinâmica durante o exercício de 
supino reto. O principal parâmetro medido, o 
teste de 10-RMu, teve aumento significativo 
entre a cafeína e o placebo. Logo, a ingestão 
da cafeína pré-exercício afeta positivamente o 
desempenho do teste de 10-RMu. 
O significado destes resultados pode 
ser importante para o praticante de 
treinamento de força recreacional e 
competitivo, bem como demonstra a 
necessidade de mais investigação para 
esclarecer a real eficácia da ingestão de 
cafeína aguda para a força muscular dinâmica. 
 
REFERÊNCIAS 
 
1- Associação Brasileira da Indústria do Café – 
ABIC. Tendências no consumo de café no 
Brasil no ano de 2008. Disponível em: 
<http://www.abic.com.br/arquivos/pesquisas/ 
esq_tendencias_consumo_nov08.pdf> Acesso 
em: 17 mar. 2009. 
 
2- Altimari, L.R.; e Colaboradores Cafeína e 
performance em exercícios anaeróbios. 
Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, 
São Paulo. Vol. 42. Num. 1. 2006. p.17-27. 
 
3- Altimari, L.R.; e Colaboradores Cafeína: 
ergogênico nutricional no esporte. Revista 
Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília. 
Vol. 9. Num. 3. jul. 2001. p. 57-64. 
 
4- Astorino, T.A.; Rohmann, R.L.; Firth, K. 
Effect of caffeine ingestion on one-repetition 
maximum muscular strength. European 
Journal Of Applied Physiology, Heidelberg, p. 
127-132. jan. 2008. 
 
5- Beck, T.W.; e Colaboradores The acute 
effects of a caffeine-containing supplement on 
strength, muscular endurance, and anaerobic 
capabilities. Journal Of Strength And 
Conditioning Research, Tennessee. Vol. 20. 
Num. 3. Ago. 2006. p. 506-510. 
 
6- Bell, D.G.; Jacobs, I.; Ellerington, K. The 
acute effects of a caffeine-containing 
supplement on strength, muscular endurance, 
and anaerobic capabilities. Medicine & Science 
In Sports & Exercise, Indianapolis. Vol. 33. 
Num. 8. Ago 2001. p. 1399-1403. 
 
7- Bertazzoni, C.G. Cafeína na Melhora do 
Desempenho em Exercícios Anaeróbios. 2007. 
23 f. Trabalho de Conclusão de Curso 
(Especialista) - Universidade Federal de São 
Paulo, São Paulo, 2007. 
 
8- Braga, L.C.; Alves, M.P. A cafeína como 
recurso ergogênico nos exercícios de 
endurance. Revista Brasileira de Ciência e 
Movimento, Brasília. Vol. 8. Num. 3. Jun. 2000. 
p. 33-37. 
 
 
 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 4. n. 22. p. 303-313. Julho/Agosto. 2010. ISSN 1981-9927. 
 
312 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva 
ISSN 1981-9927 versão eletrônica 
 
Per iód ico do Inst i tuto Brasi le i ro de Pesquisa e Ensino em Fis io logia do Exerc íc io 
 
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b n e . c o m . b r 
 
9- Bruce, C.R. ; e ColaboradoresEnhancement of 2000-m rowing performance 
after caffeine ingestion. Medicine & Science In 
Sports & Exercise, Indianapolis, Vol. 32. Num. 
11. Nov. 2000. p. 1958-1963. 
 
10- Costill, D.L.; Dalsky, G.P.; Fink, W.J. 
Effects of caffeine ingestion on metabolism 
and exercise performance. Medicine & Science 
In Sports & Exercise, Indianapolis, Vol. 10. 
Num. 3. 1978. p. 155-158. 
 
11- Duthel, J.M.; e Colaboradores. Caffeine 
and sport: role of physical exercise upon 
elimination. Medicine & Science In Sports & 
Exercise, Indianapolis, Vol. 23. Num. 8. Ago. 
1991. p. 980-985. 
 
12- Fleck, S.J.; Kraemer, W.J. Fundamentos 
do treinamento de força muscular. 3. ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2006. 
 
13- Graham, T.E.; e Colaboradores. Caffeine 
ingestion does not alter carbohydrate or fat 
metabolism in human skeletal muscle during 
exercise. The Journal Of Physiology, Ontario, 
Num. 529. Dez. 2000. p. 837-847. 
 
14- Graham, T.E. Caffeine, coffee and 
ephedrine: impact on exercise performance 
and metabolism. Canadian Journal of Applied 
Physiology, Ontario, Num. 26. 2001b. p. 103s-
109s. 
 
15- Graham, T.E. Caffeine and Exercise: 
Metabolism, Endurance and Performance. 
Sports Medicine, Pennsylvania, Vol. 31. Num. 
11. 2001a. p. 785-807. 
 
16- Graham, T.E.; Rush, J.W.; Soeren, M.H.V. 
Caffeine and exercise: metabolism and 
performance. Canadian Journal of Applied 
Physiology, Ontario, Vol. 19. Num. 2. Jun. 
1994. p. 111-138. 
 
17- Hulleman, K.D.; Metz, J. Doping. In: 
Medicina Esportiva: Clínica e Prática. São 
Paulo: Edusp, p.213-235, 1982. 
 
18- Jacobs, I.; Pasternak, H.; Bell. D.G. Effects 
of ephedrine, caffeine, and their combination 
on muscular endurance. Medicine & Science In 
Sports & Exercise, Indianapolis. Vol. 35. Num. 
6. 2003. p. 987–994. 
 
19- Juhn, M.S. Ergogenic aids in aerobic 
activity. Current Sports Medicine Reports. Vol. 
1. Num. 4. 2002. p. 233-238. 
 
20- Knuttgen, H.G.; Kraemer, W.J. 
Terminology and measurement in exercise 
performance. Journal of Applied Sport Science 
Research. Vol. 1. 1987. p. 1-10. 
 
21- Lopes, J.; e Colaboradores Effect of 
caffeine on skeletal muscle function before and 
after fatigue. Journal of Applied Physiology. 
Vol. 54. Num. 5. 1983. p. 1303–1305. 
 
22- Mclean, C.; Graham, T.E. The impact of 
gender and exercise on caffeine 
pharmacokinetics. Medicine & Science In 
Sports & Exercise, Indianapolis. Vol. 30. Num. 
5 (suppl). 1998. p. S243. 
 
23- Motl, R.W.; O’connor, P.J.; Dishman, R.K. 
Effect of caffeine on perceptions of leg muscle 
pain during moderate intensity cycling 
exercise. Journal of Pain. Vol. 4. Num. 6. 2003. 
p. 316–321. 
 
24- Nascimento, M.A.; Cyrino, E.S.; 
Nakamura, F.Y.; Romanzini, M.; Pianca, 
H.J.C.; Queiróga, M.R. Validação da equação 
de Brzycki para a estimativa de 1-RM no 
exercício supino em banco horizontal. Revista 
Brasileira de Medicina do Esporte, 2007. 
 
25- Pagala, M.K.; Taylor, S.R. Imaging caffeine 
induced Ca
2+
 transients in individual fast-twitch 
and slow-twitch rat skeletal muscle fibers. 
American. Journal of Physiology. Vol. 274. 
Num. 3. 1998. p. 623- 632. 
 
26- Paula Filho, U.; Rodrigues, L.O.C. Estudo 
do efeito da cafeína em diferentes níveis de 
exercício. Revista Brasileira de Ciências do 
Esporte. Num. 6. 1985. p. 139-146. 
 
27- Rang, H.P.; DALE, M.M. Farmacologia. 
3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
1996. 
 
28- Rogers, C.C. Caffeine. Sports Medicine, 
Vol. 13. Num. 3. 1985. p. 38-40. 
 
29- Simões, H.G.; Campbell, C.S.G. Recursos 
ergogênicos: suplementação de carboidratos, 
líquidos, monoidrato de creatina, aminoácidos 
 
 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 4. n. 22. p. 303-313. Julho/Agosto. 2010. ISSN 1981-9927. 
 
313 
 
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva 
ISSN 1981-9927 versão eletrônica 
 
Per iód ico do Inst i tuto Brasi le i ro de Pesquisa e Ensino em Fis io logia do Exerc íc io 
 
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b n e . c o m . b r 
 
ramificados e cafeína. Treinamento 
Desportivo. Vol. 3. Num. 2. 1998. p. 52-61. 
 
30- Sinclair, C.J.D.; Geiger, J.D. Caffeine use 
in sports. A pharmacological review. Journal of 
Sports Medicine and Physical Fitness. Vol. 40. 
Num. 1. 2000. p. 71-79. 
 
31- Spriet, L.L.; Gibala, M.J. Nutritional 
strategies to influence adaptations to training. 
SportScience. Vol. 22. Num. 1. 2004. p. 127-
141. 
 
32- Spriet, L.S. Caffeine and performance. 
International Journal of Sport Nutrition. Vol. 5. 
Num. 1(suppl). 1995. p. S84-99. 
 
33- Van Nieuwenhoven, M.A.; Brummer, 
R.J.M.; Brouns, F. Gastrointestinal function 
during exercise: comparison of water, sport 
drink, and sports drink with caffeine. Journal of 
Applied Physiology. Vol. 89. Num. 3. 2000. p. 
1079-1085. 
 
34- World Anti-Doping Code. The 2004 
prohibited list International standard. 
Disponível em: <http://www.wada-ama.org>. 
Acesso em: 05 de mar. 2009. 
 
Recebido 23/09/2010 
Aceito 28/05/2011

Outros materiais