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Introdução à Macro (1)

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TEXTO DE APOIO: INTRODUÇÃO À 
MACROECONOMIA 
 
Prof. Joelson Gonçalves de Carvalho1 
 
 
PARTE I 
 
Introdução 
 
Entendemos aqui que a ciência econômica é uma ciência humana, socialmente 
aplicada, que se vale de estudos matemáticos e estatísticos, contudo, apenas como 
ferramentas analíticas, e apresenta ainda, além de forte alicerce na história, viés 
analítico. Ou seja, a ciência econômica é mais que a “lei da escassez” ou que a dita “lei 
de oferta e demanda”. 
 
De modo introdutório, cabe dizer que estaremos fazendo referência a macroeconomia 
que é a parte da ciência econômica que focaliza o comportamento do sistema 
econômico como um todo. Ela tem como objeto de estudo as relações entre os grandes 
agregados estatísticos: a renda nacional, o nível de emprego e dos preços, o consumo, 
a poupança e o investimento totais. Esse direcionamento fundamenta- se na ideia de 
que é possível explicar a operação da economia sem que haja necessidade de 
compreender o comportamento de cada indivíduo ou empresa que dela participam. 
 
A macroeconomia tornou-se um ramo da ciência econômica a partir de 1936, com a 
publicação de A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de Keynes. Antes dele, 
os economistas clássicos e Karl Marx já haviam considerado o organismo econômico 
como um todo. Keynes, porém, forneceu o modelo, a sistematização teórica e as 
“receitas práticas”, que nas décadas seguintes inspirariam a maioria dos economistas 
ocidentais. 
 
 
 
1 Professor de Economia do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar (DCSo/UFSCar). O 
objetivo deste material é ser um guia facilitador para análises mais densas, portanto, faz apenas 
um apanhado geral de diversos temas e é derivado de diversas fontes impressas e também 
disponíveis em livros e sites especializados. 
 
1 – O funcionamento simplificado da economia e o fluxo circular da renda 
 
Um dos grandes desafios da economia é sua mensuração. Ao optarmos por medir o 
desempenho econômico pelo produto, forma mais usual de mensuração, estamos na 
verdade optando por medir esse desempenho por meio do valor total das transações 
feitas com bens finais durante certo período de tempo. Podemos entender melhor o que 
representa essa opção fazendo um modelo simplificado de uma economia sem governo 
e sem transações com o exterior. 
 
Nessa economia teríamos então dois agentes básicos que seriam as empresas e os 
indivíduos. Numa economia organizada capitalisticamente, os diversos agentes se 
relacionam economicamente por meio dos mercados. Vejam o quadro abaixo que indica 
esse relacionamento. 
 
 
 
Conforme pode ser observado, teríamos nessa economia dois mercados básicos. O 
primeiro seria o mercado dos fatores de produção. Os indivíduos são, em última análise, 
proprietários da força de trabalho, da terra, dos recursos naturais, das máquinas, 
equipamentos e edificações etc., que terão que ser utilizados pelas empresas no 
processo de produção. Assim sendo, as empresas compram o uso desses fatores de 
produção dos indivíduos. As transações dessa natureza (empresas comprando o uso 
dos fatores de produção) são realizadas no que chamamos mercado de fatores. 
 
Neste fluxo são representados os movimentos de bens e também a contrapartida 
monetária do movimento de bens. Os indivíduos vão ao mercado de bens para comprar 
bens e serviços de que necessitam e, como é de praxe, pagam por esses bens. As 
empresas, por sua vez, vão ao mercado de bens para vender sua produção. Vale a pena 
ressaltar que esse mercado se refere apenas a bens finais, isto é, as transações entre 
empresas referentes a compras de matérias-primas não estão explicitadas dentre as 
transações aqui consideradas. Este é, em linhas gerais e simplificações necessárias, 
uma economia conhecida como real, em oposição a economia de base eminentemente 
monetária, mas que sem ela é impossível entender mercado de capitais, especulações 
financeiras e crises monetárias. 
 
Como dissemos mais acima, o cálculo do produto é a forma mais usual de se mensurar 
um dado desempenho econômico. Na busca por essa mensuração o Produto Interno 
Bruto (PIB) foi a metodologia mais consagrada interna e internacionalmente para este 
fim. O PIB representa toda a riqueza gerada em determinado país, ou região, por todos 
os agentes produtores. Exemplos destes agentes são as empresas privadas, 
trabalhadores autônomos e as empresas estatais. Calcula-se o PIB, desde as 
contribuições de Keynes pela soma dos investimentos dos agentes privados e empresas 
estatais mais o consumo das famílias e gastos públicos mais a participação do setor 
externo da economia expresso pelas exportações menos as importações. Isto pode ser 
expresso pela equação: 
 
PIB = I + C + G + (X – M) 
 
 
2 – Investir ou poupar? Eis a (não) questão! O papel do investimento, da poupança 
e da taxa de juros 
 
O termo investimento, ao contrário do que pode parecer, não é tão objetivo. Existe, para 
além do rigor formal necessário, uma popularização do termo que acaba prejudicando 
o estudante que se volta às áreas das ciências sociais aplicadas, como a economia, 
administração e contabilidade. 
 
Investimento, em um sentido menos rigoroso pode ser conceituado como aplicação de 
recursos que poderão gerar lucros ou juros, seja em bens de capital ou no mercado 
financeiro. Sendo assim, poderíamos considerar que existem investimentos em bolsa 
de valores, por exemplo. No entanto, o sentido econômico da palavra investimento é 
muito mais restrito e rigoroso. Para as Ciências Econômicas investimento é o aumento 
da capacidade produtiva do sistema econômico. Em termos práticos, isso significa 
novas unidades produtivas ou ampliação de unidades produtivas já existentes. Ademais, 
também se considera como investimento a variação de estoques de um período para 
outro. Poderíamos representar o investimento assim: 
 
Investimento = Formação Bruta de Capital Fixo + Variação de Estoques 
I = FBKF + E 
 
Entendido dessa forma, investimento passa a ser o efetivo motor da economia, uma vez 
que o aumento da capacidade produtiva do sistema econômico envolve infraestrutura, 
máquinas e equipamentos, tecnologia, ou seja, meios que dinamizam a economia do 
país, aumentando a produção, que refletirá nas demais variáveis macroeconômicas tais 
como: empregos, renda, salário, consumo, novos produtos, novos empregos, formando 
um círculo virtuoso no sistema econômico: investimento gerando investimento e como 
consequência gerando emprego. 
 
Sabendo que investimento é o aumento da capacidade produtiva do sistema econômico, 
ele pode ser feito tanto por agentes privados como agentes públicos. Em termos 
conceituais, o investimento privado é classificado como aquele feito por empresas ou 
por famílias e que tem por objetivo o lucro por parte do investidor. A implantação de um 
negócio ou, ainda, as melhorias em uma empresa já instalada, tem sempre o objetivo 
de gerar novos rendimentos, excedente ao já proporcionado. Em síntese, o investimento 
privado é uma decisão individual visando lucro. Para o sistema econômico, quando o 
agente privado investe, ele proporciona um aumento no emprego e consumo agregados 
da economia, mas a priori, sua decisão é na busca do lucro. 
 
O investimento público, por sua vez, pode ser norteado tanto pelo lucro como por 
retornos sociais ou ainda por ambos. Para muitos investimentos realizados pelo setor 
público não existem retornos financeiros, contudo, são essenciais para a integração da 
infraestrutura econômica, visando economizar recursos dos investimentos privados para 
que esses se realizem, garantindoo crescimento econômico, do emprego e da renda. 
São exemplos, estradas, pontes, hidrovias, telecomunicações, escolas, universidades, 
entre outros. Chamamos isso de externalidades ou economias externas, isto é, geram 
uma redução nos custos e/ou aumento das receitas das empresas a partir de algo fora 
da empresa. Um bom exemplo, no caso brasileiro é a construção e manutenção de 
estradas, principal meio de escoamento da produção, em especial a agropecuária do 
país, que resulta em redução nos gastos privados, tanto para quem produz quanto para 
quem transporta. 
 
Desta forma, os investimentos públicos são fundamentais no processo de crescimento 
econômico. Quanto maiores os investimentos públicos, maiores são as possibilidades 
de crescimento dos investimentos privados e, por consequência, maiores os níveis de 
emprego, renda e consumo. 
 
Obviamente existem investimentos públicos que não são feitos pensando diretamente 
no retorno econômico que vão gerar no futuro, seja para o setor público ou para o setor 
privado. Saneamento, creches, tratamento de água, parques ecológicos, áreas de lazer 
são exemplos de investimentos públicos que visam mais o retorno social que 
propriamente o lucro. 
 
Por fim cabe dizer que existem diferenças entre gastos públicos e investimentos 
públicos. Os gastos públicos não aumentam a capacidade produtiva do sistema 
econômico, sendo despesas de manutenção e operação dos serviços do setor poder 
público, tais como salários, viagens, aluguéis, manutenções de estruturas de 
atendimentos, e todas as diversas despesas de órgãos públicos. Ao contrário do que 
muitos pensam, os gastos públicos podem gerar efeitos positivos quando incrementam 
a economia através de salários do funcionalismo público, que circulam pelo sistema 
econômico do país, ou ainda no consumo realizado pelas diversas áreas do setor 
público na medida em que quando o governo gasta, alguém recebe por um produto ou 
serviço feito, dando dinâmica na economia. É necessário dizer também que o excesso 
de gasto público muito acima das arrecadações pode aumentar o endividamento 
público, obrigando a desvios de recursos do investimento para manter equilíbrio entre a 
arrecadação e os gastos públicos. 
 
O que muitos chamam de investimento no mercado financeiro (ações, letras de câmbio, 
títulos da dívida pública, por exemplo), é conhecido como aplicação no jargão dos 
profissionais da área e, para os economistas é comumente chamado de poupança. De 
toda a renda recebida pelos diversos agentes econômicos (famílias e empresas), parte 
dela é direcionada para consumo de bens ou serviços e parte pode não ser consumida, 
ou seja, parte pode ser poupada, guardada. Podemos então definir a poupança como a 
renda não consumida. Esquematicamente temos: 
 
 
 
 
 
Pautando nossa análise no caso brasileiro, com um elevado número de trabalhadores 
mal remunerados, ganhando o mínimo necessário para a subsistência supõe-se que a 
renda das famílias seja toda consumida, ou seja, a grande maioria dos brasileiros (os 
assalariados) tem uma poupança igual a zero e caso aumentem suas rendas, 
aumentaram seu consumo, pois apresentam uma demanda muito aquém de suas 
necessidades básicas (demanda reprimida ou represada). 
 
Se os trabalhadores assalariados têm poupança zero, quem poupa? Diante das 
especificidades do caso brasileiro, é de se supor que poupem profissionais liberais que 
têm autonomia sobre seus rendimentos e empresários que obtém lucros de suas 
atividades econômicas. Sendo assim, os poupadores são, em sua maioria, uma classe 
mais abastada. Se os poupadores guardarem seus recursos poupados em suas 
residências duas são as possibilidades futuras: 
 
 1) o dinheiro pode perder valor diante do aumento de preços dos produtos no 
futuro (inflação); 
 2) em caso de inflação zero, o dinheiro em casa pode deixar de ganhar 
rendimentos (juros). Portanto fica claro que a grande parte dos recursos 
poupados em uma sociedade é destinada ao mercado financeiro na forma de 
aplicações. 
 
Tal como os investimentos, a poupança também pode ser pública ou privada. A 
poupança privada é a que, além de pertencer a empresas e famílias, ainda está sob o 
controle delas. Como explicado anteriormente, a poupança é a renda não consumida 
que se destina ao setor financeiro para render juros ou se proteger de inflação e, sendo 
assim, podemos exemplificar com uma infinidade de produtos bancários que são 
frequentemente oferecidos aos correntistas de um banco: previdências privadas, fundos 
de renda fixa ou flutuante, CDB’s (certificados de depósitos bancários), RDB’s (recibos 
de depósitos bancários), títulos públicos, entre outros; todos rendendo dividendos para 
os poupadores a depender da taxa de juros de cada um. 
 
A poupança pública também é oriunda de recursos financeiros não consumidos por 
empresas e famílias, contudo seu controle está sob a tutela do setor público. A gestão 
dos recursos delimita esta classificação, ficando sob a responsabilidade do poder 
Poupança = Renda – Consumo 
S = Y – C 
público administrar os recolhimentos do FGTS, INSS, PIS, PASEP, FAT, dentre outros, 
recursos que são, em tese, destinados a investimentos públicos, com a finalidade de 
aumento da produção na economia. 
 
Taxa de juros 
 
É melhor investir ou aplicar? Se essa pergunta fosse dirigida a um agente econômico 
qualquer, a resposta mais acertada seria: no que me render mais. Se a mesma questão 
fosse feita para o conjunto da economia nacional, a resposta, no senso comum seria 
óbvia: investimento, pois ele gera emprego, renda e consumo. Contudo, o excesso de 
consumo, por sua vez, eleva os preços dos produtos em geral, ou seja, pode gerar 
inflação. O inverso também não seria o ideal, pois o excesso de poupança poderia trazer 
uma redução no consumo e uma recessão econômica. O equilíbrio entre a poupança e 
o investimento seria a condição ideal. Em termos práticos o que fosse captado na forma 
de poupança seria transferido para o setor produtivo como financiamento dos 
investimentos. 
 
SITUAÇÃO CONSEQUÊNCIAS RESULTADO 
I < S Menos dinheiro em circulação, menor consumo Recessão 
I > S Mais dinheiro em circulação, maior consumo Inflação 
 
 
A palavra equilíbrio em economia é fonte de grandes polêmicas, especialmente em 
macroeconomia. Se a economia é expressa por um conjunto de agentes em interações 
diversas, como atingir o equilíbrio? Em outros termos: as decisões de investimento ou 
poupança são, na sua maioria, decisões individuais visando retornos também 
individuais. Então, como canalizar os desejos individuais para um fim comum, isto é, o 
equilíbrio? Para muitos economistas a resposta a essa pergunta seria impossível, para 
outros tantos, seria taxa de juros. 
 
O poupador quer juros elevados, a fim de obter os maiores ganhos. Já o investidor 
deseja ou necessita de juros baixos, para que possa financiar seus investimentos. 
Sendo assim, podemos definir a taxa de juros como sendo o custo do dinheiro no 
mercado. 
 
TAXA DE JUROS = CUSTO DO DINHEIRO NO MERCADO. 
 
Em um cenário econômico de altas taxas de juros com respectivos altos rendimentos 
monetários, o dinheiro fica concentrado nos agentes financeiros (bancos), tornando-se 
escasso na economia, causando a queda no consumo e consequente aumento dos 
estoques, desemprego, dentre outros fatores que culminam com processo chamado 
recessão. 
 
Quando a situação encontra-se em posição inversa, com baixas taxas de juros e baixos 
rendimentos no mercado financeiro, o dinheiro circula de forma mais intensa pelo 
mercado, elevando os índices de consumo, criando um excesso de demanda, tornando 
a ofertainsuficiente para atender o consumidor, gerando assim uma pressão acedente 
sobre os preços, ou seja, inflação. 
 
É correto supor que o mercado financeiro é repleto de riscos, mas também é verdadeiro 
supor que os investimentos também são sujeitos a riscos. Tanto poupadores quanto 
investidores padecem da máxima: quanto maiores os riscos maiores os lucros. Portanto, 
supondo que os riscos são iguais para a decisão de investir ou poupar, um agente 
individual canaliza seus recursos para o que lhe é mais rentável. Sendo definido como 
custo do dinheiro, os juros têm enorme relevância na economia, no momento das 
decisões individuais de investimento ou poupança que buscam retorno, portanto são 
fundamentais na determinação do volume total de investimentos ou poupanças 
nacionais. 
 
Na análise do detentor do dinheiro, direcionar o capital para o mercado financeiro, na 
forma de aplicações, pode oferecer um elevado retorno se a taxa de juros estiver alta. 
Em caso de baixas taxas de juros pagas nas aplicações financeiras, os investimentos 
podem ser priorizados, pois podem ser feitos financiamentos mais baratos e o retorno 
esperado das vendas será maior que a aplicação. Fica patente que existe uma 
contradição entre os interesses dos agentes poupadores e os investidores. Essa análise 
carece de uma explicitação mais criteriosa. 
 
A realidade econômica é mais complexa. Num cenário de altas taxas de juros a 
tendência é o direcionamento dos recursos para as aplicações do mercado financeiro, 
que proporciona projeções de maiores ganhos através das aplicações. Neste caso, 
considerando que há elevados ganhos a serem pagos ao aplicador, mais o spread que 
os agentes financeiros somam nas operações de repasse dos recursos para o 
investidor, o capital se torna muito caro, invariavelmente, inviabilizando a dinâmica de 
potencialização do sistema econômico produtivo. Em uma análise inversa, onde os juros 
são baixos, o atrativo das aplicações tende a cair drasticamente, pois não há altos 
ganhos. Sendo assim, o mercado financeiro não capta recursos suficientes para 
repasse, consequentemente, não consegue atender as necessidades prementes de 
capital para os investidores. 
 
Outro fator intrínseco da influência da taxa de juros na relação poupança x investimento 
diz respeito ao tempo. A poupança pode ser de curto prazo ou de longo prazo. Surge, 
então, um fator particularmente interessante. Mais que o tempo de permanência de 
recursos poupados em uma instituição financeira, o que caracteriza uma poupança de 
curto prazo ou longo prazo é o grau de volatilidade a mesma, isto é, a capacidade de 
retenção desses recursos dentro de uma economia, por exemplo. 
 
Supondo uma simplificação na qual um poupador tenha deixado seus recursos em um 
fundo de aplicação qualquer por 10 anos. Esses recursos dificilmente serão destinados 
a financiar um investimento, pois a qualquer momento o poupador pode retirar seus 
recursos do banco e estes não estiver à disposição do poupador, podendo gerar grave 
crise no sistema financeiro. Portanto, a capacidade de retirar o dinheiro a qualquer 
momento de uma instituição financeira condiciona a poupança como de curto prazo e 
ainda a inviabiliza de financiar atividades produtivas. Como exemplo, temos a grande 
maioria das aplicações no mercado financeiro, como fundos de renda fixa e variável e 
as diversas ações no mercado secundário. 
 
Já a poupança de longo prazo é aquela em que o agente financeiro que administra o 
volume de recursos poupados sabe exatamente quanto tempo o dinheiro estará 
disponível e pode dispor desses recursos para financiar atividades produtivas de outros 
agentes. Um grande exemplo são as previdências privadas e o Fundo de Garantia por 
Tempo de Serviço. 
 
Quando estes são de origem especulativa têm o objetivo de altos ganhos nas 
aplicações, se beneficiando de elevadas taxas de juros, portanto, são sensíveis a 
ínfimas alterações no mercado financeiro e ficam sob a total liberdade de transferência 
imediata para outras aplicações ou, ainda, outros mercados, especialmente o externo, 
considerado dinheiro volúvel. Estes recursos não são adequados para financiar o 
investimento por transitarem livremente a qualquer tempo, pelo mercado financeiro. Os 
recursos alocados em aplicações de longo prazo são aqueles que oferecem menores 
ganhos aos poupadores, contudo, mais concretamente tem a finalidade de financiar o 
investimento, haja vista a possibilidade de serem repassados pelos agentes financeiros 
também em longo prazo e menores taxas de juros. 
 
QUANTO MENORES OS JUROS QUANTO MAIORES OS JUROS 
Mais poupança de longo prazo, que são 
recursos financeiros mais estáveis, e que 
podem ser canalizados ao financiamento de 
investimento. 
Mais poupança de curto prazo, que são 
recursos financeiros mais instáveis ou 
voláteis, e são usados para especulação 
financeira. 
 
 
SELIC (Serviço especial de liquidação e custódia) 
 
Em que pese a definição mais pragmática de taxa de juros ser bem simples – o preço 
do dinheiro – isso ainda é insuficiente para uma análise mais rigorosa. Existem diversas 
taxas de juros no mercado, aliás, pode existir infinitas se levarmos em consideração as 
negociações formais e informais. 
 
Sendo assim, cabe saber qual taxa de juros deve ser levada em consideração na hora 
de análises macroeconômicas. Para tanto, existe o que se convencionou chamar de 
taxa básica de juros, ou no caso brasileiro a SELIC, (Serviço Especial de Liquidação e 
Custódia). A Selic é considerada uma taxa básica, pois influencia todo o sistema 
financeiro nacional na medida em que é utilizada em operações entre bancos públicos 
e privados, além de refletir a remuneração dos títulos públicos federais. Abaixo temos 
alguns gráficos da evolução da Selic no Brasil, retirados do site G1. 
 
 
 
 
 
 
A lógica da Selic respeita o que foi apresentado antes. Quanto mais elevada for a Selic, 
maior o nível de poupança na economia. Quanto mais baixa, maior o nível de 
investimentos. Olhando a figura acima se pode constatar que a taxa básica de juros da 
economia brasileira vem caindo nos últimos anos, contudo, caso seja analisada a taxa 
real (ou seja, a Selic descontada a inflação) o Brasil apresenta a maior taxa de juros do 
mundo. 
 
PARTE II 
 
 
1 – Inflação: causas, efeitos e mecanismos de controle 
 
O termo inflação abrange mais que aumento de preços. É um processo de aumentos. 
Definindo de modo mais rigoroso, inflação é aumento contínuo e generalizado de preços 
de bens e serviços na economia. Em outras palavras o processo inflacionário envolve 
elevações de preços de bens e serviços em um determinado período de tempo de forma 
ampla e geral, não apenas em casos isolados ou eventuais. 
 
Um aumento de preço de um produto que tenha sofrido um abalo climático, por exemplo, 
não pode ser considerado como processo inflacionário, pois se trata de consequências 
de um efeito temporal. A elevação dos preços mantém relação intrínseca entre os 
produtos, fazendo com que o aumento de um conduza ao aumento do outro e assim 
sequencialmente, causando uma espiral inflacionária. 
 
Quando ocorre um processo em que a procura por bens e serviços – demanda – torna-
se maior que a capacidade de produção destes – oferta – ocorre um desequilíbrio no 
mercado denominado hiato inflacionário, que gera efeitos significativos como: 
 
 Distribuição de renda – os efeitos negativos sobre a distribuição de renda estão 
diretamente relacionados com a autonomia ou ausência dessa autonomia sobre 
os rendimentos próprios entre assalariados, profissionais liberais e empresários. 
Os assalariados dependem deprazos legais de reajustes de seus vencimentos 
ao passo que os preços, em condições inflacionárias, sobem rapidamente. 
Sendo assim, as classes de rendas mais baixas sofrem impactos maiores pelo 
fato de não conseguirem se proteger do processo inflacionário. Se analisados os 
profissionais liberais, por exemplo, o mesmo pode aumentar o custo dos seus 
serviços (médicos, advogados, dentistas, arquitetos, etc.) gradativamente, 
acompanhando assim o aumento geral de preços na economia; 
 
 Balança de pagamentos – quando a inflação nacional é maior que a inflação 
de outros países os produtos e serviços nacionais ficam mais caros em 
comparação com os produtos internacionais, dificultando exportações e 
facilitando importações, podendo causar uma diminuição no saldo da balança 
comercial. 
 
 Expectativas empresariais – a inflação gera instabilidade, imprevisibilidade e 
insegurança. Tais características transformam o ambiente macroeconômico, 
dificultando novos investimentos podendo afetar a capacidade de produção 
futura, assim como, o nível de emprego do país. 
 
 
Em um primeiro momento a inflação é sentida pela classe trabalhadora, contudo, seus 
efeitos negativos não ficam restritos a essa classe. De forma geral, ela prejudica todo 
um sistema econômico, começando com perdas salariais que são seguidas por perdas 
empresariais e até perdas tributárias com arrecadações menores por parte do governo. 
 
Muitos são os adjetivos que acompanham o termo inflação ao mesmo tempo em que 
esse processo se apresenta de modo diferenciado em diversos países, dada às 
especificidades históricas de cada um, no entanto alguns pontos comuns possibilitam a 
classificação de alguns momentos interessantes. 
 
Em termos metafóricos, a inflação poderia ser considerada uma febre. A febre 
não é uma doença específica e sim um sintoma de que algo está errado no organismo 
humano. Um antitérmico alivia o sintoma, contudo a causa da doença pode persistir. 
Usando a mesma analogia, a inflação não pode ser encarada per se, ou seja, não é um 
fato isolado, é um sintoma de que algo está errado na economia, e como a febre, pode 
ter causas completamente distintas que apresentam o mesmo sintoma: os aumentos 
contínuos e generalizados de preços. No gráfico abaixo podemos ter uma ideia da 
variação dos preços gerais da economia no período de 1980 a 2009. 
 
 
 
Quando o país apresenta uma inflação persistente, podemos classificar alguns tipos de 
inflação a partir de sua causa geradora. Antes, porém é bom que se diga que a depender 
da matriz teórica de formação do economista ele pode discordar a existência de alguns 
tipos ou ainda creditar maior importância em uma ou outra causa. 
 
 Inflação de demanda 
 
Pode ser definida como o aumento geral de preços causados por um aumento da 
demanda sem uma correspondência equivalente de oferta. Pode ser definida como 
choque de ofertas ou demanda maior que a oferta. Quando há muita procura, a 
tendência é que os preços se elevem. 
 
Para combater a inflação deste tipo, haveria a necessidade de que a produção 
alcançasse os níveis da demanda, entretanto, como esta solução não pode ser obtida 
em curto prazo, faz-se essencial a redução do consumo, que pode se dar das seguintes 
formas: 
 Aumento das taxas de juros – ação que gera incentivo às aplicações 
financeiras, com possibilidade de maiores ganhos, reduzindo assim o movimento 
de compra no sistema econômico; 
 
 Aumento de importações – essa medida tem como objetivo aumentar o grau 
de concorrência interna pressionando os preços dos produtos nacionais para 
baixo; 
 
 Aumento do compulsório bancário – o estabelecimento desta medida tem por 
objetivo a redução da moeda em circulação no meio econômico, pois, com a 
obrigatoriedade das instituições financeiras em depositarem, junto ao BACEN, 
um maior percentual sobre o volume de recursos captados, reduz-se o montante 
disponível para circulação, bem como para a oferta de crédito. 
 
 Inflação de custos 
 
É gerada quando há um aumento nos custos gerais da produção. Existem custos que 
afetam um conjunto muito grande de produtores como, por exemplo: petróleo, aço, 
energia elétrica e, entre outros, os juros. Na medida em que estes custos se elevem seu 
repasse aos produtos fabricados são quase imediatos. Pode se perceber que esse tipo 
de inflação pode ocorrer mesmo sem aumento de demanda ou até mesmo com 
respectiva redução na mesma, pois suas causas são muito específicas. 
Os juros tornam-se relevantes no processo inflacionário de custos quando, em níveis 
elevados, são repassados, pelos empresários, para a produção, impactando no preço 
final, elevando ainda mais a inflação. 
 
Medidas de contenção desse processo inflacionário são mais complexos. Por exemplo, 
no caso de petróleo, o aumento de seu preço está diretamente relacionado com o 
mercado internacional, no caso de energia elétrica, hoje a regulação do setor está a 
cargo a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), o aço passa por decisões 
empresarias em escala internacional e por fim os juros derivam de política monetária 
nacional. 
 
 Inflação de conflito distributivo 
 
Esse tipo de inflação ocorre quando existe um aumento de salários a um nível superior 
aos da inflação registrada anteriormente. Em termos práticos acontece quando o 
aumento de salários dos funcionários é repassado ao preço final do produto pelos 
empresários. Esse tipo de inflação acaba causando uma ilusão monetária, pois o salário 
nominal do trabalhador aumenta, contudo seu poder de compra (também chamado de 
salário real) não. 
 
Para amenizar a inflação de conflito distributivo existem formas de se aumentar o salário 
sem aumentá-lo, ou seja, aumento real de salários através do aumento do poder de 
compra da classe assalariada, sem reajustes no salário nominal. Um exemplo de 
medida para esta situação é a redução de impostos sobre os produtos da cesta básica, 
aumentando, consequentemente, o poder de compra dos salários. Diante do ridículo 
salário mínimo2 no Brasil e do enfraquecido grau de organização das entidades 
representativas dos trabalhadores essa inflação dificilmente atrapalharia o ambiente 
econômico. O que se vê no Brasil nos últimos anos são reposições inflacionarias 
decorrentes dos períodos altamente inflacionários nas décadas anteriores. 
 
 Inflação inercial 
 
A inércia inflacionária tem um caráter bastante psicológico e consiste no imediato 
repasse de inflação passada, por parte do empresário, para os produtos e serviços. 
Ocorrendo em períodos não homogêneos, tendem a se encurtar cada vez mais, gerando 
uma espiral inflacionária. Esta foi a inflação brasileira, por excelência, nos anos 80, 
gerando uma hiperinflação que descaracterizou a moeda nacional, gerando uma 
elevada indexação da economia brasileira. 
 
2 Segundo dados do DIEESE, em fevereiro de 2015, o salário mínimo no Brasil, para uma família 
com dois adultos e duas crianças deveria ser de R$ 3.182,81 ante aos R$ 788,00 recebidos. 
 
Os agentes econômicos, tendo vivido os movimentos inflacionários do passado, supõem 
que os mesmos acontecerão no futuro e, como forma de proteção de perdas, antecipa 
o aumento de preços. Essa atitude, em conjunto, é a maior responsável pela inflação 
futura. Em termos metafóricos, o medo da inflação acaba gerando nova inflação. 
 
O controle desse processo não pode ser tópico, carecendo de um conjunto complexo 
de medidas atuando na economia, mas que, em síntese, consistem em apagar a 
memória inflacionaria da população associada a uma desindexação econômica, com 
elevação de juros para redução imediata da demanda, associadaao aumento da 
concorrência interna, que pode ser feita pela valorização da moeda nacional. 
 
 
PARTE III 
 
1 – Moeda e dinheiro 
 
Antes de começarmos propriamente a falar de mercados financeiros é necessário nos 
atermos ao conceito de moeda. A moeda é tudo aquilo que serve como meio de troca 
num sistema econômico. Imaginemos as dificuldades de um sistema em que não 
houvesse a moeda. Um sapateiro, por exemplo, necessita, além de sapatos, de roupas, 
de alimentos, de uma casa e de diversos outros bens para poder sobreviver. Se não 
houvesse a moeda, esse sapateiro precisaria encontrar outras pessoas que 
produzissem os bens de que necessita e propor a elas a troca dos sapatos que produz 
por esses bens. 
 
A moeda representa o instrumento por excelência da troca, ou denominador comum de 
valores. Quando se compra, trocam-se indiretamente objetos ou serviços por outros 
objetos ou serviços, empregando-se uma mercadoria intermediária, que é a moeda. A 
moeda é mercadoria ou riqueza de aceitação geral, quer pela confiança que oferece em 
matéria de troca de objetos ou serviços, quer por sua qualidade de medida comum de 
valores. De modo mais esquemático, são três as funções da moeda: 
 
 
 Função 1: Intermediária de trocas (equivalente geral): Esta é a função 
essencial da moeda, já exercida em caráter embrionário até mesmo pelas 
primitivas mercadorias-moeda. Entre os benefícios resultantes desta função 
destacam-se a especialização e a divisão social do trabalho, básicas para a 
aceleração do progresso material e, em consequência, para expansão do bem-
estar social. 
 
 Função 2: Medida de valor (unidade de conta):A moeda é uma unidade 
padrão de medida de valor. É um denominador comum de valores, uma unidade 
de conta. Além de racionalizar o sistema de valoração, esta função da moeda 
torna possível a contabilização das atividades econômicas, não só de cada um 
dos agentes, mas do sistema como um todo. Essa função refere-se à 
necessidade de pessoas e empresas registrarem suas operações e transações 
econômicas em uma medida que seja comum a todos os bens e serviços. Assim, 
uma empresa que tem despesas com matéria-prima, equipamentos e mão de 
obra registra as operações correspondentes pelo valor. Como o valor é expresso 
em unidade monetária, a moeda é, nesse caso, o elemento comum a todos os 
itens de despesas da empresa, que fisicamente, são diferentes. Dessa forma, é 
possível somar tratores com galinhas e obter o produto de uma economia. 
 
 Função 3: Reserva de valor: Segundo J. M. Keynes, a moeda é a ponte entre 
o presente e o futuro. Ela não se limita a exercer função transacional. Os motivos 
para sua retenção podem ser de precaução ou de especulação. É o padrão de 
liquidez. 
 
É fato que as primitivas mercadorias-moeda não preenchiam satisfatoriamente essas 
três funções. Já o advento das moedas metálicas representou uma notável evolução, 
cujo ciclo seria completado com a constituição dos meios de pagamentos mais recentes, 
mais eficazes e seguros. 
 
Um indivíduo que possui certa soma de dinheiro e não quer trocá-la imediatamente por 
mercadorias precisa estar seguro de que esse dinheiro, ao ser gasto no futuro, terá o 
mesmo valor em termos de possibilidade de aquisição de bens e serviços. A bem da 
verdade existem também três tipos de demanda por moeda que são elas: a) 
transacional; b) precaucional e c) especulativa. 
 
2 – A Oferta e a Demanda por moeda: o papel do câmbio 
 
No chamado mercado monetário o equilíbrio se da quando a oferta de moeda e igual a 
demanda por moeda. O aumento da oferta de moeda e representado pela colocação de 
mais dinheiro na economia para circulação, sendo o próprio ato de colocação realizado 
pela autoridade monetária. O aumento da oferta monetária é exógeno, ou seja, não 
depende de nenhuma outra variável, mas apenas das decisões de política monetária 
tomadas pelo BACEN. O mercado monetário e o local onde são realizadas e analisadas 
as interações entre a demanda por moeda por parte dos agentes econômicos e a oferta 
de moeda realizada inicialmente pelo Banco Central. Diz-se que o mercado monetário 
esta em equilíbrio quando a oferta de moeda e igual a demanda por moeda. 
 
Adicionalmente, destaca-se que quanto maior o nível de renda, maior será a demanda 
por moeda em decorrência da maior procura por bens e serviços. Importa-nos saber 
como a autoridade monetária pode alterar o equilíbrio entre a oferta e a demanda por 
moeda. Conforme verificado, um dos instrumentos utilizados pelo Banco Central na 
condução da política monetária e a colocação e a retirada de títulos públicos no mercado 
monetário, por meio das operações de mercado aberto (open market). A colocação 
(venda) de títulos públicos aos bancos consiste na retirada de fundos a serem utilizados 
pelos bancos na forma de empréstimos e financiamentos a população em geral. O 
objetivo da venda dos títulos públicos pelo BACEN esta em controlar a liquidez da 
economia, evitando com que haja um excesso de recursos potenciais geradores de 
processo inflacionário. Os títulos públicos pagam aos bancos proprietários uma taxa de 
juros remuneratórios, o que faz com que estes tenham interesse em aceitar a oferta por 
parte do BACEN. 
 
Câmbio em economia se traduz em uma troca de moeda por outra moeda. O mais 
comum é a troca de uma moeda nacional por uma moeda internacional, por exemplo, a 
troca de reais por dólares. Como poucas moedas são conversíveis internacionalmente 
e dentre elas o dólar é a principal moeda internacional, o câmbio é fundamental, pois é 
a base para todas as relações do Brasil com o exterior, seja nas importações ou 
exportações. 
 
 Câmbio Valorizado – configura-se um câmbio valorizado a situação na qual 
precisasse de pouca moeda nacional para a compra de moeda internacional, 
como por exemplo, R$1,00 = US$1,00; 
 Câmbio Desvalorizado – configura-se um câmbio desvalorizado a situação na 
qual é necessário o valor maior de moeda nacional para adquirir moeda 
internacional, como por exemplo, R$4,00 = US$1,00. 
 
Vamos supor as seguintes situações cambiais: 
 
 
 
Hipóteses Moeda Nacional Situação Cambial 
A R$4,00 = US$1,00 Câmbio desvalorizado 
B R$2,00 = US$1,00 Situação intermediária 
C R$1,00 = US$1,00 Câmbio valorizado 
 
A partir das hipóteses acima, vamos supor que um vendedor de soja, exporte seu 
produto para o mercado internacional, e vamos supor ainda que a saca de soja seja 
precificada em reais e custe R$50,00. 
 
 
 
A partir do exemplo acima, percebe-se que quanto mais desvalorizada for à moeda 
nacional mais barata fica a saca de soja no mercado internacional. Pode parecer que 
para o vendedor não faça diferença, contudo, quanto mais cara a moeda nacional 
(câmbio valorizado) menos os produtores nacionais vendem e, portanto sua receita de 
exportações tende a cair. Sendo assim podemos considerar que: 
 
 Câmbio desvalorizado: o produto nacional fica mais competitivo no mercado 
internacional, ou seja, aumenta a exportação; 
 Câmbio valorizado: o produto nacional fica menos competitivo no 
mercado internacional e, portanto, diminui a exportação. 
 
Ainda usando as hipóteses acima se pode fazer a mesma análise para as 
importações. Vamos supor que compradores brasileiros estejam importando 
computadores portáteis do mercado internacional e vamos supor ainda que estes 
computadores sejam precificados em dólares e que cada um custe US$1.000,00. 
 
 
 
A partir do exemplo 2 a análise fica bem clara. Quanto mais desvalorizada for à moeda 
nacional mais caro fica o notebook e o inverso se faz verdadeiro, quanto mais 
valorizada a moeda maisbarato o computador, tornando-o mais acessível às pessoas 
de renda mais baixa. Sendo assim: 
 Câmbio desvalorizado: o produto internacional fica menos competitivo no 
mercado nacional, ou seja, diminuindo a importação. 
 Câmbio valorizado: o produto internacional fica mais barato no mercado 
nacional tendendo a aumentar as importações. 
A partir das análises feitas acima se pode tecer tendências de comportamento das 
relações comerciais do Brasil com o resto do mundo. Quando contabilizados os 
volumes recebidos pelas exportações (X) menos os recursos gastos em importações 
(M) temos a Balança Comercial. 
 
 
COMERCIAL = EXPORTAÇÕES – IMPORTAÇÕES 
BC = (X – M) 
 
 
A balança comercial pode ser positiva ou negativa. Caso o valor recebido com 
exportações seja maior que o valor pago com importações o saldo é positivo e 
chamado de superávit caso contrário fica negativo e é chamado de déficit. Vejamos uma 
tabela que indica tendências: 
 
Situação Cambial Exportações Importações Saldo 
Câmbio Desvalorizado Aumentam Diminuem Superávit 
Câmbio Valorizado Diminuem Aumentam Déficit 
 
 
A bem da verdade, no que se refere ao saldo da balança comercial, outros fatores 
podem influenciar o volume de importações e exportações. Neste sentido, o câmbio é 
a principal variável macroeconômica, contudo, não é a única, portanto é mais correto 
dizer que câmbio desvalorizado tende a gerar superávit e câmbio valorizado tende a 
gerar déficit. 
 
O câmbio não é apenas uma variável macroeconomia, é também um instrumento de 
política econômica. A política cambial refere-se à atuação do governo sobre a taxa de 
câmbio. O governo, através do Banco Central, pode atuar na taxa de câmbio, ou 
melhor, no mercado de câmbio. Este mercado é formado pelos diversos agentes 
econômicos que compram e vendem moeda estrangeira conforme suas necessidades 
ou interesses. Cabe ao Banco Central determinar se o mercado irá definir o preço da 
moeda estrangeira ou se haverá algum tipo de intervenção governamental. Partindo 
das possíveis relações entre moeda nacional e moeda internacional (R$/US$), 
podemos ter: 
 
 
 Câmbio fixo: um sistema de câmbio em que o Banco Central de um 
país estabelece um valor fixo para a troca entre a moeda local e o dólar. 
Este valor fixo pode ser tanto valorizado ou desvalorizado, dependendo dos 
interesses da política econômica do país. Com o câmbio fixo, as reservas 
internacionais são estratégicas, pois pode ocorrer uma situação onde a 
demanda por moeda estrangeira seja bem maior que a oferta, o que 
causaria, na ausência de reservas, um “efeito manada” podendo por o país 
em risco de solvência. 
 Câmbio flutuante: a taxa de câmbio oscila exclusivamente em função da oferta 
e da demanda no mercado. Nesta situação cambial a taxa de juros é 
estratégica, pois ela vai interferir diretamente na oferta ou demanda de moeda. 
Caso não haja nenhuma interferência direta da autoridade monetária máxima 
do país (Banco Central) dizemos que a flutuação é limpa. Caso contrário, 
quando o Banco Central atua no mercado cambial de modo a interferir nas 
valorizações ou desvalorizações cambiais dizemos que existe no país flutuação 
suja; 
 
 Bandas Cambiais: situação cambial mista entre câmbio fixo e flutuante na 
qual o governo estabelece um valor fixo máximo para a troca de moeda 
nacional por moeda internacional, denominado de teto e um valor mínimo fixo 
conhecido como piso e entre o piso e o teto o câmbio flutua livremente. 
 
No gráfico abaixo temos o comportamento da balança comercial do Brasil de 1993 (um 
ano antes do plano real) até 2012. A análise nos ajuda a entender a lógica da tendência, 
pois são confirmados os déficits e superávits a depender da situação cambial, mas as 
importações, por exemplo, podem cair com câmbio desvalorizado ou simplesmente 
crescer menos que as exportações. 
 
 
 
3 - Política Econômica Monetária 
A economia deve crescer com estabilidade de preços e pleno emprego. O papel do 
Governo (ou Estado) é garantir que estes objetivos se cumpram. A política econômica 
é a forma utilizada para isto. Os principais objetivos das políticas econômicas podem 
ser sintetizados da seguinte maneira: a) alto nível de emprego; b) estabilidade de 
preços; c) distribuição de renda socialmente justa e d) crescimento econômico. Existem 
diversas políticas econômicas que podemos listar, dentre elas, a política cambial, 
comercial, fiscal e tributária, entretanto, a que nos deteremos é a política monetária. 
-20.000
-10.000
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
93 95 97 99 01 03 05 07 09 11
Saldo da Balança Comercial
(Brasil - 1993-2012)
Saldo
A política monetária tem como objetivo controlar a oferta de moeda na economia. Ao 
determinar a quantidade de dinheiro, tem-se a formação da taxa de juros, ou seja, o 
“preço do dinheiro”. 
A política monetária, ao controlar os meios de pagamentos, está visando estabilizar o 
nível de preços geral da economia. Os governos que necessitam diminuir a taxa de 
inflação reduzem a oferta de monetária e aumentam a taxa de juros. Esse mecanismo 
controla os níveis de preços. Mas, se a taxa de juros permanece elevada por um período 
longo, a economia pode deixar de ter um crescimento econômico, redundando, assim, 
em baixos níveis de emprego. 
O BACEN pode alterar os meios de pagamento (oferta de moeda) utilizando-se de 
alguns instrumentos: 
 Operação de mercado aberto (Open Market) 
As operações de mercado aberto são caracterizadas pela compra e venda de títulos 
públicos do BACEN no mercado. Esses títulos podem ser de emissão própria ou em 
geral do Tesouro. O Banco Central tanto pode comprar títulos como vender títulos, 
aumentando ou diminuindo a liquidez no mercado, respectivamente. 
 Depósito compulsório 
São depósitos sob a forma de reservas bancárias que cada banco comercial é obrigado 
legalmente a manter junto ao Banco Central. É calculado como um percentual sobre os 
depósitos à vista nos bancos comerciais. 
Quanto maiores os depósitos compulsórios, maior o nível de reservas obrigatórias dos 
bancos junto ao Banco Central. Os recursos destinados aos empréstimos sofrem uma 
diminuição e provocam com isso a criação de moeda bancária (valores depositados nos 
bancos). 
Para diminuir a liquidez do sistema financeiro, o Banco Central eleva a taxa de 
compulsório. Com menos recurso para emprestar dos bancos comerciais, o crescimento 
da economia como um todo é afetado. 
 Taxa de Redesconto bancário 
O Redesconto é o mecanismo pelo qual o BACEN socorre instituições financeiras com 
problemas de liquidez. O redesconto é o empréstimo que os bancos comerciais recebem 
do BACEN para cobrir eventuais problemas de liquidez. A taxa cobrada sobre esses 
empréstimos é chamada de taxa de redesconto. 
Um aumento da taxa de redesconto indica que os bancos sofrerão maiores custos, caso 
tenham problema de liquidez. Neste caso, as instituições irão aumentar suas reservas 
e diminuir o crédito, aumentando o custo para se obter meios de pagamento, ou seja, a 
taxa de juros.

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