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Ciências Forenses e Séries de TV

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Revista do GELNE, v.19, n.2, 2017 ISSN: 2236-0883 ON LINE 
 
76 
Revista do GELNE, Natal/RN, Vol. 19 - Número 2: p. 76-90. Jul-Dez. 2017 
 
A TRANSGRESSÃO DO PERSONAGEM DETETIVE NAS SÉRIES 
TELEVISIVAS “ELEMENTARY” E “CSI - CRIME SCENE 
INVESTIGATION” 
 
THE TRANSGRESSION OF THE DETECTIVE CHARACTER IN THE 
"ELEMENTARY" AND "CSI - CRIME SCENE INVESTIGATION" 
TELEVISION SERIES 
 
Cristina I. Santana de Oliveira1 
 
RESUMO: Presenciamos um crescente interesse em torno das séries de televisão, em especial as 
norte-americanas que atingem múltiplos mercados e têm, em sua retaguarda, uma experiência 
cinematográfica de sucesso. Consolida-se um acervo de pesquisas que relaciona essas séries às 
narrativas literárias - caso do detetive Sherlock Holmes de Arthur Donan Coyle. Procuraremos 
analisar como produtores de Hollywood e as novas tecnologias revitalizam esse personagem 
criando possibilidades de manutenção e incentivo a novos leitores para o gênero policial. A breve 
reflexão sobre os gêneros de discurso (Bakhtin e Todorov) demonstra que sua maleabilidade 
pode trazer novos olhares para esse segmento literário, movimentar o cenário editorial, televisivo-
cinematográfico e acadêmico. 
 
Palavras-chave: Narrativa Policial. Sherlock Holmes. Detetive. Séries de Televisão 
 
 
ABSTRACT: We are seeing a growing interest in television series, especially the North American 
that reach multiple markets and have a successful cinematic experience behind them. It 
consolidates a collection of research that relates these series to the literary narratives - case of the 
detective Sherlock Holmes of Arthur Donan Coyle. We will try to analyze how great producers 
of Hollywood and the new technologies revitalize this character creating possibilities of 
maintenance and incentive to new readers for the police genre. The short reflection on the genres 
of discourse (Bakhtin and Todorov) shows that its malleability can bring new views to this 
literary segment, for the editorial, television-cinematographic and academic scenery. 
 
Keywords: Police narrative. Sherlock Holmes. Detective. TV Series 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Este artigo tem por objetivo apontar alguns elementos, que na adaptação do romance 
policial para o meio televisivo, criam uma nova dimensão para o personagem detetive. Para isso 
faz-se necessário uma pequena discussão sobre gêneros e seus tênues limites. Limites esses que 
permitem ao leitor criar um horizonte de expectativas e que norteiam escritores na composição 
de suas narrativas. O gênero policial está dentro do grande guarda-chuva conceitual de gêneros 
do discurso, analisado por Bakhtin (2010) e Todorov (1980) e alguns outros semioticistas. A 
conceituação, mesmo que de maneira ampla, de gênero é importante, pois a narrativa policial é 
 
1
 Doutoranda em Letras/Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 Revista do GELNE, v.19, n.2, 2017 ISSN: 2236-0883 ON LINE 
 
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Revista do GELNE, Natal/RN, Vol. 19 - Número 2: p. 76-90. Jul-Dez. 2017 
 
entendida, por vezes, como um subgênero, mas que apresenta características próprias e 
peculiares. 
Para Bakhtin os gêneros discursivos são enunciados, relativamente estáveis, com um 
conteúdo temático em uma composição específica. Esses gêneros modificam-se de acordo com o 
propósito comunicacional e levam em conta formas de produção, estilo, linguagem, etc. Ao 
acrescentarmos a criatividade humana, potencializamos inúmeros e variados tipos de discurso. 
Os gêneros do discurso são incontáveis e heterogêneos resultando em “traços gerais [...] 
demasiadamente abstratos e vazios” (Bakhtin, 2010, p. 266). 
Para melhor esclarecer o que seria então um gênero de discurso, já que sua definição parece 
excessivamente aberta e ampla, Bakhtin, o divide em dois grupos: um primário ou simples e um 
secundário ou complexo. Os gêneros discursivos complexos são os romances, os dramas, textos 
científicos, etc.…, pois carregam consigo uma ideologia. (Bakhtin, 2010, p. 263) 
Tzvetan Todorov2 também investigou os gêneros do discurso e apresentou sua 
conceituação. Para ele os gêneros são classes de texto, sendo que a palavra discurso deve ser 
entendida como sinônimo de texto (Todorov, 1980, p.46). Destaca também que um discurso se 
compõe de enunciados inseridos em um contexto de enunciação. Bakhtin denomina esse 
contexto de campo de atividades porque contém um sujeito enunciador dentro de certas condições e 
finalidades especificas. 
Um dos mais renomados pesquisadores brasileiros da Análise do Discurso, José Luiz 
Fiorin aponta em seu livro Introdução ao pensamento de Bakhtin (2008) que a noção de gênero é 
entendida, via uma visão bakhtiniana, como “um conjunto de propriedades formais a que um texto deve 
obedecer” (Fiorin, 2006, p.60). Ressalta o linguista que a preocupação do linguista estava mais no 
processo de produção dos gêneros discursivos do que na definição de gênero propriamente dita. 
Isto porque há uma relação inerente entre o uso da linguagem e as relações humanas. 
 
Os seres humanos agem em determinadas esferas de atividades, as da escola, as da 
igreja, as do trabalho num jornal, as do trabalho numa fábrica, as da política, as das 
relações de amizade e assim por diante. Essas esferas de atividades implicam a utilização 
da linguagem na forma de enunciados. (Fiorin, 2006, p.61) 
 
 Corroborando com essa observação apontada por Fiorin(2006), é importante também 
ressaltar que Bakhtin também investiga a Estilística como um aspecto da Linguística, pois ela está 
intimamente relacionada aos gêneros do discurso. Um estilo se liga as formas típicas de 
enunciados, ou seja, aos gêneros do discurso. Se o enunciado é algo particular, nele 
encontraremos traços de um estilo individual. O campo da Literatura é promissor para esse 
processo. Cada gênero discursivo corresponde a determinado estilo por causa dessa 
maleabilidade, ou como prefere ressaltar Bakhtin “os gêneros do discurso são relativamente estáveis” 
(BAKHTIN, 2010). 
O aparecimento de um “novo” gênero de discurso é delimitado por uma série de 
características, mas ele ganha destaque a partir do momento em que diferentes autores passem a 
explorá-lo. 
Para Todorov, os gêneros do discurso podem ser avaliados sob dois aspectos distintos: a 
observação empírica e a análise abstrata. O primeiro ligado à percepção da relação de codificação 
que compõe o gênero e a segunda relacionada à codificação das propriedades discursivas 
(TODOROV, 1980). Segundo sua óptica, as diferenças entre os gêneros podem mostrar, por 
exemplo, porque o romance de suspense não seria considerado uma narrativa policial clássica. 
Considerando então o horizonte de expectativas é possível se pensar que aspectos e 
características o leitor do romance policial espera desse gênero? 
 
2
 Les genres du discours (1980 – edição em Língua Portuguesa) 
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 Fiorin (2008, p.63) ressalta a relevância na compreensão do porquê determinados 
enunciados são produzidos de uma forma e não de outra. Que elementos da esfera literária levam 
ao aparecimento desse tipo de enunciado. O gênero surge em certa época, lugar, sob certos 
critérios que lhe passa a ser “típicos”. Entretanto, ao transitar no meio social ele se transforma. 
Para o semioticista há uma combinação de critérios que acarreta um remanejamento e mudança 
de valor em função de seu entorno cultural. 
Todorov assim como Bakhtin consideram a existência de enunciados para formação de 
textos, mas Todorov não via com bons olhos as transgressõesdas regras de um gênero. Isso 
denotaria a pretensão de criação de um novo gênero. Ambos os linguistas não deixam de afirmar 
a questão ideológica que perpassa a formação de gêneros discursivos; entendem que ela regula a 
relação entre autores e leitores de textos pertencentes a um gênero específico. 
Mesmo se ponderarmos que há diferenças entre as narrativas literárias e as 
traduções/adaptações para outras linguagens, não se deve desprezar as afinidades complexas 
vindas das relações intertextuais, o que possibilita conexões com as mais variadas áreas de 
conhecimento. Parafraseando Leila Perroné Moises (1998), ao inserir em seus estudos os 
conceitos de dialogismo e intertextualidade3, compostos de vozes diversas, reafirma que o 
objetivo desses processos é examinar de que modo acontece à produção de um “novo” texto, os processos de 
rapto, absorção e integração de elementos externos na criação da nova obra. A tradução da narrativa literária 
para outras linguagens configura-se como novo produto, com novas significações e sentido. 
Even-Zohar (1990), linguista israelense, dirigiu seus estudos investigando estas relações 
comunicacionais como sistemas integrados em sua Teoria dos Polissistemas onde ele retrabalhou 
algumas categorias afirmando que a Literatura não pode ser considerada apenas como um conjunto 
de textos acabados e encerrados em si mesmos. Ela é, antes de tudo, uma resultante de atividades que, em 
seu todo, constitui um sistema que interage com outros sistemas. Para organizar os elementos 
que formam essa noção de sistemas, o crítico israelense, buscou referências nos estudos de 
Roman Jakobson e os adequou à Literatura. Esquematizou então, sua reflexão, redefinindo 
alguns termos fundamentais para compreensão desse funcionamento sistémico. Entende que 
Instituição é contexto; Repertório é código, Produtor é emissor/escritor, Consumidor é o receptor/ 
leitor (e telespectador), Mercado é o canal e Produto a mensagem. Declara que é preciso pensar “os 
textos” como produtos em diálogo com o meio social, vinculado a um discurso de poder 
moldado a partir de certo repertório legitimado e aceito. Como Kristeva e Bakhtin, nas palavras 
de Leyla Perrone-Moisés “a literatura é como um sistema de trocas, onde as questões da propriedade, da 
originalidade se relativizam e a questão da verdade se torna impertinente”. (MOISÉS, p.94, 1990) 
A narrativa policial clássica criada por Edgar Allan Poe insere, nesse gênero, certos 
elementos que o tornam “particular”, traços de um estilo individual. A criação de um detetive 
como personagem central dessa narrativa tornou-o elemento definidor desse gênero, mas não só 
isso. A inserção desse personagem traz um discurso cientifico, preciso, racional. Aspectos 
diretamente ligados ao contexto no qual o autor estava. O desenvolvimento das Ciências ligadas à 
fisiologia, a busca por maior compreensão do ser humano, o descrédito da Instituição Polícia e 
seu fraco discurso de proteção à sociedade, a propagação de jornais de cunho popular, etc., 
despertaram um interesse pelo percurso de investigação do detetive. O gênero tem sua origem 
em um certo contexto, que absorve traços que lhe passam a ser típicos, transita nesse meio social 
e se transforma. As narrativas policiais são exemplos de como o gênero se revitalizou e ganhou 
espaço nobre no meio televisivo. Feitas estás considerações, adentremos ao mundo emocionante do 
romance policial e suas particularidades de discurso na contemporaneidade. 
 
 
3
 Kristeva (1966) concebe o termo intertextualidade como uma propriedade inerente ao texto literário que se constrói 
como um mosaico de citações, como absorção e transformação de outro texto, em outras palavras, o que antes era 
entendido como uma relação intersubjetiva passa a ser coletiva. 
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1. Narrativa Policial: um gênero literário 
É fator de consenso que a leitura é uma atividade fundamental para o aprimoramento 
intelectual. Pode-se dizer que lemos muito, mas as leituras são rápidas ou superficiais. Apesar da 
acessibilidade aos meios tecnológicos e as redes de informação como a internet e as redes sociais, a 
maioria de brasileiros continuam desconhecendo a Literatura. Mas se não há um hábito de leitura 
consistente de obras literárias, não se pode dizer o mesmo do hábito de assistir televisão. A 
presença de um aparelho de TV’s nos lares brasileiros é um fator cultural já há muitas décadas. 
 Considerar este panorama é importante, bem como as várias pesquisas dasdiversas áreas de 
conhecimento que são realizadas para compreensão do processo de chegada e instalação desse 
meio de comunicação no país. Dentro desse universo cultural, muitos são os caminhos pelos 
quais se pode desenvolver um trabalho acadêmico que nos auxilie a compreender o consumo de 
Literatura via meios televisivos. O diálogo entre esses dois elementos “Literatura” e “Televisão” 
cresce e se diversifica. 
 Mesmo que alguns brasileiros desconheçam obras de grandes escritores, eles os assistem 
sem, muitas vezes se dar conta disso. Novelas de época, minisséries, casos especiais, e mais 
recentemente seriados ganham espaço na programação e divulgam, mesmo que com algumas 
restrições de críticos especializados, narrativas literárias. 
 Esse artigo procura então, analisar, com foco na investigação dos processos de tradução de 
narrativas literárias policiais para a televisão (séries), a personagem clássica do detetive 
revitalizado a partir da inserção de novas características (conjuntos investigativos e figura 
feminina) como forma de reposicionar o gênero no mercado editorial e alcançar leitores que não 
conheciam ou não se interessava pela narrativa policial. 
Entrar no mundo misterioso do romance policial é, antes de tudo, buscar aventuras, 
emoções, enigmas e mistérios. Mas é também conhecer, pelas eximias mãos dos escritores4 que se 
dedicaram a esse gênero, as controversas, excêntricas e admiráveis personagens chamadas de 
“detetives”. Concebidos no campo da ficção, esses heróis ganham vida e ultrapassam as páginas 
dos livros. Para Medeiros Albuquerque, autor de O emocionante mundo do romance policial (1969), as 
narrativas que conhecemos hoje como romance policial têm suas origens no romance de aventuras. Por 
um longo período os dois gêneros permaneceram ligados intimamente, mas com a valorização do 
raciocínio e da lógica, o romance policial passou a se destacar e ganhou certa autonomia 
(ALBUQUERQUE, 1969, p.1-11). Contudo, o romance de aventuras é parte da história da 
humanidade e está presente nas narrativas que contam as grandes epopeias mitológicas, os relatos 
bíblicos, lendas, fatos históricos relevantes, etc., são representativos do grande desafio que é a 
sobrevivência e a evolução do homem na Terra. Por séculos a aventura dominou a literatura 
mundial. 
 As transformações culturais, econômicas e sociais criaram novos nichos de leitores e o 
romance de aventuras sofreu algumas modificações. Albuquerque (1979, p. 3) observa que o 
romance de aventuras se dividiu em três fases: a primeira preservou o espirito, ampliando apenas 
seu campo de ação. Em um segundo momento inter-relaciona-se com o romance de espionagem 
e, em seguida surge então o romance policial onde a razão e a lógica se faz maior que a ação e a 
força. Alguns autores preferem denominar esse gênero de romance de mistério, de ação, ou até 
mesmo criminal, uma vez que sempre existirá um crime a ser resolvido. É pertinente também a 
denominação de romance de mistério já que sempre haverá um enigma a ser desvendado. 
 
2. Allan Poe: o pioneiro no gênero policial moderno 
 
4Edgar Allan Poe, Conan Doyle, Agatha Christie, Dorothy Sayers, Émile Gaboriau, Edgar Wallace são alguns deles. 
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O marco inicial para o reconhecimento do gênero policial deu-se a partir de três contos 
escritos por Edgar Allan Poe no século XIX. São eles: “Os crimes da rua Morgue” (1841), “O mistério 
de Marie Roget” (1842) e “A carta roubada” (1845). É nesse primeiro conto que Allan Poe nos 
apresentará seu célebre detetive C. Auguste Dupin que aparecerá nos dois contos seguintes. O 
protagonista é uma figura extraordinária, dotado de uma inteligência fora do normal. O próprio 
escritor nos dá pistas da personalidade da personagem. 
 
Residindo em Paris, durante a primavera e parte do verão de 18..., travei conhecimento 
com um senhor C. Auguste Dupin, jovem cavalheiro de excelente e ilustre família. Em 
consequência de uma série de acontecimentos desastrosos, ficara reduzido a tal pobreza 
que a energia de seu caráter sucumbira aos reveses, tendo ele deixado de frequentar a 
sociedade e de esforçar-se em recuperar sua fortuna. Graças a condescendência de seus 
credores, mantinha-se ainda de posse de resto de seu patrimônio, com cuja renda 
conseguia, com rigorosa economia, prover-se do necessário, sem cuidar das coisas 
supérfluas. Tinha na verdade um único luxo: os livros, que em Paris, podem ser 
adquiridos a baixo custo. (...). Tinha uma esquisitice, que era amar a noite por amor da 
noite. (...). Em tais condições não podia deixar eu de notar e de admirar certa habilidade 
peculiar. Dizia-se, com vangloria e com uma risadinha escarninha, que a maioria dos 
homens tinha para ele janelas no coração, acompanhando geralmente tal afirmativa de 
provas diretas e bem surpreendentes de seu profundo conhecimento de minha própria 
pessoa. (POE, [1841]1960, p.18) 
 
Dupin é encarregado de encontrar a identidade de um criminoso e, para isso utiliza um 
método de investigação preciso e particular, baseado no raciocínio lógico. A trilogia criada por 
Allan Poe foi responsável por determinar as características da personagem “detetive” na narrativa 
policial moderna e contemporânea. Muitos outros autores nos anos seguintes, não só nos contos 
policiais, foram influenciados por ele. Das características criadas por Allan Poe pode ser ressaltar 
que o detetive não podia pertencer à polícia, uma vez que no contexto histórico da época, a 
população não confiava nessa instituição; trabalharia sozinho, pois era dotado de extrema 
inteligência e porque seu adversário, o criminoso, também agia só; e o fator mais relevante; 
deveria, obrigatoriamente, utilizar um método de investigação de natureza racional, lógica. 
Além do detetive, na narrativa policial deveria existir impreterivelmente um criminoso e, é 
óbvio, pelo menos uma vítima. A vítima tem para o criminoso um valor (de revelação de um 
segredo, de usurpar-lhe uma fortuna, de interromper um relacionamento amoroso, etc.). 
Observa Lins (1947, p. 19) “[...] o verdadeiro núcleo do romance policial está no assassinato, que tem 
além de tudo o privilégio de colocar o leitor diante do mistério da morte, aquele que mais excita, inquieta e apavora 
a natureza humana.”. Após o crime, o criminoso deve preservar sua identidade em segredo, e o fará 
mesmo que para isso precise cometer novos crimes. Ao detetive cabe a missão de capturá-lo, 
evitar novos crimes e reestabelecer o equilíbrio das regras sociais desrespeitada pelo criminoso 
diante da sociedade em que vive. 
Em uma sociedade em ebulição do século XIX, com suas teorias evolucionistas e avanço 
no conhecimento científico, aumento da burguesia, e desenvolvimento e barateamento de 
impressões, o crescimento da alfabetização, a concentração em meios urbanos, a melhoria do 
poder aquisitivo, o progresso tecnológico e a própria configuração dos jornais, que surgirá aquele 
que originalmente é o mais clássico dos detetives da narrativa policial: Auguste Dupin. Será ele o 
responsável por desvendar três crimes “diferentes”. No primeiro caso, “Os Crimes da Rua Morgue” 
sucedem-se crimes violentos e chocantes, com aspectos do gênero fantástico centrados em um 
quarto fechado. O uso de um ambiente fechado não era novidade nos romances5, e atrai ainda 
 
5
 “Le Mystére de la Chambre Jayne” de Gaston Leroux; “Na pista do Alfinete Novo” de Edgar Wallace, John 
Dickson Carr e Carter Dickson, dentre outros exploraram esse recurso. 
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mais a atenção dos leitores, pois desafia sua percepção e inteligência. Neste conto o assassino é 
um macaco que age brutalmente. 
No segundo conto “O Mistério de Marie Roget”, Allan Poe inspira-se em um caso verídico 
ocorrido em Nova York, e Dupin a partir de artigos de jornais consegue desvendar o crime. Em 
“A Carta Furtada”, não há um assassinato, mas o desfecho é inusitado porque estava o tempo 
todo diante dos olhos dos leitores. Poe é o pai da narrativa policial criando três trabalhos, que 
mostra cada um, sob um ângulo de mistério diferente: o crime em um quarto fechado cujo 
assassino é um macaco; um crime real transposto para a ficção e uma carta escondida em um 
lugar visível a todos. Em uma das falas do personagem-detetive, August Dupin, Poe destaca 
como se deve encaminhar a investigação a partir dessa personagem que lida com a lógica e os 
fatos. 
“(…) Em investigações como esta que estamos fazendo, não se deve 
perguntar ‘o que aconteceu’, mas sim ‘o que aconteceu desta vez que nunca 
aconteceu antes’. Na verdade, a facilidade com a qual eu chegarei, ou já 
cheguei, à solução deste mistério está na razão direta de sua aparente 
insolubilidade aos olhos da polícia”. (Auguste Dupin “Os assassinatos na 
Rua Morgue” - 1841) 
 
 
A iniciativa de Poe inaugurou o romance policial moderno e arrebanha seguidores e leitores 
até os dias de hoje, permanecendo atual e instigante. 
 
3. Conan Doyle e Sherlock Holmes 
 [..] Sim. Tenho tendência a observar e a deduzir. As teorias que expus aí, e que lhe 
parecem tão fantasiosas, são extremamente práticas, tanto que dependo delas para comer e 
beber. - E como? - Perguntei sem querer. 
- Bem, trabalho por conta própria. Imagino que seja o único no mundo com meu ofício. 
Sou detetive-consultor, se entende o que quero dizer. Aqui, em Londres, há muitos 
detetives particulares e a serviço do governo. Quando eles têm dificuldades, procuram por 
mim e tento colocá-los na pista certa. Apresentam-me todos os indícios e, graças a meus 
conhecimentos da história do crime, geralmente consigo encaminhá-los corretamente. 
 S. Holmes (Um estudo em vermelho, 1887). 
Arthur Conan Doyle (1859-1930) é declaradamente um dos autores que leram Poe e retirou 
dele as bases para criação de outro detetive. Médico britânico, criador de Sherlock Holmes (e seu 
companheiro também médico, Dr. Watson), foi responsável pelo desenvolvimento da 
criminologia e de técnicas cientificas para solucionar os crimes nos contos policiais. O amplo 
acervo de obras que relatam as aventuras de Holmes e seu companheiro é conhecido como o 
cânone holmesiano e é formado por quatro romances e 56 contos6. 
O detetive aparece pela primeira vez em A study in scarlet 7(1887), quando se apresenta um 
detetive de inteligência cortante, violinista, amante dos conhecimentos científicos, curioso, 
arrogante e que usa morfina para aliviar a tensões provocadas pelo seu exercício mental 
profundo.Em contraste com seu ingênuo amigo dr. Watson, Holmes é capaz de traçar um perfil 
a partir de um simples cartão de visitas de seu dono, ou até de um chapéu causando o espanto e, 
por vezes, o desconforto, daqueles aos quais expõe fraquezas e segredos. 
 
6
 A obra relativa a Sherlock Holmes é formada por quatro romances fechados: A study in scarlet, The sign of four, The 
hound of Baskerville e The Valley of Fear, e cinco compilações de contos: The adventures of Sherlock Holmes e The memoirs of 
Sherlock Holmes, com 12 contos cada; The return of Sherlock Holmes, com 13 contos; His last bow, com 7 contos, e The 
case-book of Sherlock Holmes, com 12 contos, o que contabiliza 60 histórias protagonizadas pelo personagem. 
7 Publicado no Beeton’s Christmas Annual, de 1887 
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(...) Esta brincando. Que informação pode tirar desse velho chapéu amarotado? 
Perguntou Watson. (...) Tiro dele algumas deduções muito claras e outras baseadas em 
probabilidades sérias. É evidente que o dono desse chapéu era muito inteligente e vivia 
bem nos últimos três anos, embora esteja em situação difícil. Era previdente, mas o é 
muito menos agora o que prova uma decadência moral, que somada ao financeiro 
parece indicar algum vicio em sua vida, provavelmente embriaguez... (DOYLE, 2014, 
p.157 - O Carbúnculo Azul). 
O universo sherlockeano tem alguns personagens que se apresentam em mais de uma de 
suas aventuras. O fiel companheiro do detetive que, segundo Doyle é seu alter-ego, ocupa 
fundamental papel na divulgação dos casos do detetive e na condução e construção de Sherlock 
Holmes literariamente. Ele é o narrador de todas as histórias. É então o elemento de valor 
literário da criação doyleana, dispositivo que autentica o fazer literário do autor. Sob a voz de 
Watson conhecemos Holmes. Watson é o leitor que tenta seguir o raciocínio de Holmes, mas a 
inteligência de Sherlock não se compara aos simples mortais. Ressalta ele para seu amigo: você vê e 
não observa (DOYLE, 2014, p.14 -Um escândalo na Boêmia). Sempre impressionado pelos crimes 
que lhes chega, Watson é o lado humano e emocional. Holmes por sua vez atenta-se à logica e 
declara “Os crimes são comuns. A lógica é rara. Portanto é preciso enfatizar mais a lógica do que os crimes” 
(DOYLE, 2014, p.271 -As faias cor de cobre). Nesse sentido aproximam-se Auguste Dupin e 
Sherlock Holmes das temáticas de investigações truncadas, soluções problemáticas criadas por 
Allan Poe. Conan Doyle resgata esse jogo narrativo que prende o leitor e dá aos seus contos uma 
solução possível, o que em Poe ainda era embrionário. 
Dois outros personagens enriquecem a trajetória de Sherlock Holmes: Irene Adler – que 
aparece em “Um escândalo na Boêmia” – e consegue impressionar o detetive que até então se 
mostrava descrente da inteligência feminina. 
Foi assim que se evitou um grande escândalo na Boemia, e que os planos mais perfeitos 
de Sherlock Holmes foram frustrados por uma mulher. Ele tinha o hábito de ironizar 
sobre a esperteza feminina, mas daquele dia em diante nunca mais o ouvi fazê-lo. E 
quando fala de Irene Adler, ou quando se faz alusão à sua fotografia, é sempre com o 
honroso título de a mulher. (DOYLE, 2014, p.37 - Um escândalo na Boêmia). 
Na adaptação estadunidense-alemã para as telas de cinema, o filme Sherlock Holmes de 2009, 
dirigido por Guy Ritchie, à personagem de Irene Adler (Rachel McAdams) ganha destaque e se 
envolve emocionalmente com Sherlock Holmes que é interpretado por Robert Downey Jr., esses 
dois personagens se juntam ao Dr. Watson que é representado pelo ator Jude Law em mais duas 
outras produções. 
Há ainda (e não poderia deixar de faltar na narrativa ficcional policial) um inimigo maior a 
quem o detetive persegue em vários momentos: Professor Moriarty. Ao inserir um inimigo que se 
rivaliza em inteligência com o detetive, Conan Doyle abriu uma possibilidade “de seriação”, ou 
continuidade das narrativas. Mas ao contrário do que muitos fãs acreditam, o Professor Moriarty 
aparece apenas em duas histórias criadas por Doyle. Ele é apresentado, mesmo que rapidamente 
em “O problema final. Memórias de Sherlock Holmes” 8. A caracterização de Moriarty contrasta com a 
de Holmes, pois ele passa a ideia de plenitude e riqueza. Depois de persegui-lo por três meses, 
Holmes declara fui obrigado a confessar que afinal encontrara um adversário que, no plano intelectual, 
equiparava-se a mim. Ao decidir pela morte do detetive, em O problema Final (1893)9 Conan Doyle, 
deixa um que de mistério sobre a morte dos dois, detetive e criminoso, nas cataratas de 
Reichnbach. A cena é, metaforicamente, uma maneira de mostrar o equilíbrio de forças 
 
8Disponível em http://www.livros-digitais.com/sir-arthur-conan-doyle/as-memorias-de-sherlock-holmes/252 
9 O conto pertence a coletânea de onze contos The Memoirs of Sherlock Holmes (no Brasil, As Memórias de Sherlock 
Holmes), publicada em 1894 
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intelectuais entre os dois. No cinema a personagem ganha um maior destaque pela manifestação 
da dualidade entre “mentes brilhantes”, uma que a usa para o bem e outra que a usa para o mal. 
Na “vida real” a decisão de matar seu personagem mais famoso foi justificada pelo autor 
como necessária para que ele pudesse se dedicar a outros trabalhos10. Sherlock Holmes foi tão 
importante para a literatura e o gênero policial que muitos até hoje confundem autor e detetive 
achando-os uma só pessoa. Das páginas dos livros para a tela de cinema e televisão, Sherlock 
Holmes é figura ímpar da Literatura policial e da Cinematografia mundial. Dezenas de filmes, 
séries de televisão, peças de teatro foram produzidas a partir da criação de Conan Doyle. 
4. Séries televisivas: recriando Sherlock Holmes 
Ao iniciar essa seção, recorremos ao filósofo e historiador Rainer Rochlitz que conceituou 
a figura do detetive no romance policial moderno, como um Dom Quixote, cuja certeza subjetiva não 
contém nenhuma utopia. Para ele o romance policial clássico é um gênero kitsch precursor da 
indústria cultural. A fecundidade de adaptações para a televisão, que é um propagador da cultura 
de massas, pode nos levar a uma compreensão do porquê tantas séries televisivas utilizam-se 
desse gênero na criação de sua programação. 
Para o jornalista Rodrigo Seabra (2016), na última virada do século, aconteceu um enorme 
salto evolutivo e uma reintegração da importância da série de TV, o que foi apelidado pela 
imprensa especializada como uma nova era do ouro em comparação a outros momentos 
anteriores. O sucesso desse formato, segundo Morin (2009) se dá porque “se dirigem 
efetivamente a todos e a ninguém, as diferentes idades, aos dois sexos, às diversas classes da 
sociedade, isto é, ao conjunto de um público nacional e, eventualmente, ao público mundial”. 
Nesse sentido, as séries televisivas exploram pontos de atração inserindo, em suas histórias, 
aspectos comuns (o cenário das grandes cidades é um desses exemplos, acontecimentos “reais” 
(possíveis), temas recorrentes e “universais” (violência, justiça, drogas, ódio, machismo, doenças, 
,racismo), humanização do herói (dramas pessoais de um cidadão comum), substituição do 
individual/dupla detetive-parceiro para um coletivo que trabalha em equipe para solução de um 
mistério (os especialistas de CSI ou os médicos de House) e a figura do anti-herói (terroristas, serial 
killers), etc. 
Esses elementos despertam cadavez mais o interesse dos telespectadores; na ficção policial 
trabalha-se a ideia de que não é necessário que haja uma verdade absoluta na resolução de um 
mistério, mas é preciso criar uma identificação na narração a partir de aspectos com os quais o 
telespectador está habituado. Em outras palavras, mesmo que pareça um mundo desconhecido, 
as séries devem tornar acessível as revelações que mostram. Por exemplo, em House as patologias 
raras devem ter alguma veracidade para que possam ser tratadas pela equipe médica. Em CSI o 
aparato da polícia científica (especialistas) contém equipamentos possíveis. Os testes e imagens 
elaborados e apresentados com riqueza visual de detalhes na investigação preenchem o desejo de 
saber (libido cognoscendi), o que causa ao telespectador uma impressão de descoberta de conteúdos 
desconhecidos. O sucesso desse nicho na TV explica-se não por sua literal realidade, mas sim por 
criar condições para uma compensação simbólica sobre o nosso mundo (real). 
Filmes e séries de televisão que, embora acompanhem em geral a forma clássica da 
história de detetive, combinam pistas e ação são os de procedimento policiais altamente 
bem-sucedidos. O serviço policial tem fornecido material para filmes e programas de 
televisão há décadas. (JAMES, 2012, p. 166) 
 
10 Conan Doyle escreveu uma quantidade significativa de livros sobre a guerra, o exército e o espiritualismo bem 
como alguns ensaios. 
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 Para Décio Pignatari (1984) a televisão é um veículo de veículos, um grande rio com 
grandes afluentes, mas é um rio reversível, ou seja, recebe devolve influências. A palavra escrita é 
o rio subterrâneo, a literatura está por baixo de toda narrativa. Tal metáfora ilustra ricamente o 
diálogo entre televisão e outras mídias, entre elas o cinema. A constatação de que a TV é o “novo 
cinema” é pertinente à medida em que percebemos uma frutífera aproximação de profissionais de 
Hollywood com o meio televisivo. Pensar uma série é, de certa maneira, elaborar um longa-
metragem em partes que se sucedem ou se encadeiam. É natural que os seus produtores e equipe 
tenham conhecimentos de técnicas especificas e domínio de conceitos cinematográficos. Cada 
série tem a sua premissa, é um programa único e diferente, mas que se repete de certo modo. 
Assim como na literatura ela é elaborada em cima de conflitos que envolvem seus personagens. 
Se não houver o conflito não haverá o que revelar, não haverá necessidade da narrativa, da série. 
Do pioneirismo literário de Edgar Allan Poe na criação de seu célebre detetive Dupin ao 
surgimento de inúmeras séries televisivas, mais de um século se passou. Mas as características 
definidoras do personagem e das engrenagens que compõe o gênero literário policial, 
aprimorados por Arthur Conan Doyle parece se sintetizar esse pensamento de Poe: “o universo é 
o enredo de Deus. Uma intriga é apenas um conjunto de relações, e a dedução é um instrumento 
lógico que permite ordenar essas relações e reduzi-las ao princípio supremo que as contém. 
Graças a dedução o homem sobe a Deus”. 
Portanto, em uma narrativa policial, o detetive exerce uma função ética dentro de uma 
sociedade corrompida e desequilibrada, torna-se mediador entre um mundo em decomposição e 
uma outra realidade, é isso é atemporal. O romance policial pode então, de modo salutar 
influenciar uma mudança de costumes dentro de sociedade, cujo sentido parece se perder 
gradativamente. O também escritor de romances policiais Thomas Narcejac declarou, certa vez, 
que “o crime, longe de ser uma anomalia é um, efeito de violência que ultrapassa e provém de um 
estado coletivo de desequilíbrio”. Ao detetive - Dom Quixote moderno – cabe a árdua missão de 
reestabelecer esse equilíbrio coletivo social. 
Ao sair das páginas dos livros para outras mídias é preciso destacar a ampla visibilidade que 
um personagem atinge através da exposição televisiva e como ele se propaga em diversas leituras 
e adaptações. “A literatura é um sistema integrante de um sistema cultural mais amplo, 
estabelecendo diversas relações com outras artes e mídias” (PELLEGRINI, 2003, p.9). É essa 
maleabilidade do texto e suas relações que transformam a literatura em uma fonte inesgotável de 
inspiração para produções televisivas, teatrais e cinematográficas. Guimarães (2003) reforça essa 
afirmação ao reconhecer o valor do processo de adaptação, que na maioria das vezes, traz 
ganhos. 
O processo de adaptação, portanto, não se esgota na transposição do texto literário 
para outro veículo. Ele pode gerar uma cadeia quase infinita de referências a outros 
textos, constituindo um fenômeno cultural que envolve processos dinâmicos de 
transferências, tradução e interpretação de significados e valores histórico-culturais 
(GUIMARÃES,2003, p.91) 
 Alguns elementos são reforçados e outros são inseridos de modo a “atualizar” as histórias 
criadas por Conan Doyle no século passado. Desde a primeira versão cinematográfica até as mais 
recentes séries, milhares de fãs acompanham o detetive. Destaca-se a versão de 1939 The Hound of 
the Baskervilles protagonizada pelo ator Basil Rathbone que atuou no papel até 1946 e a mais atual 
exibida em 2009 na superprodução de Guy Rirchie com os atores hollywoodianos Robert 
Downey Jr e Jude Law. Para a televisão é importante ressaltar as séries com referência explicita à 
narrativa sherlockeana (O Jovem Sherlock, Elementary), e as que para o público em geral, não há 
ligações como a série “médica” House. David Shore, diretor dessa série já admitiu publicamente e 
insere em vários episódios elementos do universo de Conan Doyle (Holmes e House iniciam-se 
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com H, moram em ruas de mesmo nome, seus parceiros têm as iniciais J.W e são médicos, etc.). 
Muitas séries poderiam ser analisadas, mas os limites de um artigo, restringem o corpus, mas 
instigam à outros estudos e a outras reflexões. 
 O corpus selecionado é composto por duas séries exibidas nos canais de TV pagas 
(Universal Chanel, AXN e Sony) e Record (aberta) inspiradas no detetive doyleano. Tratam-se 
das séries Elementary e CSI (versões Las Vegas, Miami e Nova York) e CSI Cyber. 
5. Séries televisivas: o cinema em casa 
A entrada no século XXI trouxe mudanças reais e objetivas no modo de pensar a produção 
televisiva. A entrada de séries na grade de exibição proporcionou um salto evolutivo chamado 
por alguns especialistas de “renascimento”. Mesmo que para o grande público não haja 
diferenças, é importante esclarecer o que é e o que não é uma série televisiva. De um modo geral 
a série é a história roteirizada, que conta a história de um grupo relativamente pequeno, 
normalmente sem uma previsão de encerramento, tem periodicidade quase sempre semanal, 
direcionada a um certo público. Essa série pode ser seriada ou episódica. Como os termos não se 
distinguem muito na linguagem popular, podem parecer a mesma coisa, mas não são. 
A série episódica será aquela que cada história tem um final no episódio e ele não tem 
necessariamente uma ligação com a trama da semana seguinte. O fã nesse caso, não precisa seguir 
todas a sequência cronologicamente, em qualquer momento pode assistir um episódio pois 
entenderá o enredo. Exemplos atuais são as séries Criminal Minds, Law & Order, Doctor Who, 
House, Monk, Psych, Elementary, CSI, etc. 
A série serializada, por sua vez, conta uma história que tende a ser contínua, os episódios 
dependem uns dos outros e se assemelham à capítulosde uma novela. É um formato mais 
elaborado, pois os personagens devem “crescer” em detalhes. Esse modelo exige uma fidelidade 
maior do telespectador e uma fidelização à programa. 
Segundo Seabra (2016) os telespectadores costumam se apegar mais às séries serializadas 
do que as episódicas, o que pode ser comprovado pelo crescimento nas vendas de DVD de 
temporadas completas, como se compra um romance. Exemplos desse formato são encontrados 
em The Walking Dead, Lost, Game of the Thrones, Heroes, entre outros. O hábito de 
acompanhamento de novelas, no caso do Brasil, influencia na captação desse público que tem 
acesso à programação dos canais fechados e na diversidade de séries cada vez mais 
disponibilizadas. 
Dado esses pequenos esclarecimentos vamos analisar duas séries que celebram a criação de 
Arthur Conan Doyle em tempos atuais. Série estas que mantém no imaginário popular a figura do 
maior detetive da literatura universal: Sherlock Holmes e seu método dedutivo. Passado mais de 
um século, o personagem continua sendo retratado sob os mais diversos olhares e com isso 
alcança públicos que desconheciam sua origem literária. Uma recente exposição no Museu de 
Londres sobre Sherlock Holmes resume brilhantemente a abrangência do personagem na 
Literatura, Cinema e televisão. Denominada de “O homem que nunca existiu e nunca morrerá” 
sintetiza a vitalidade do personagem que ultrapassou o campo ficcional e se tornou referência 
para várias gerações de escritores e fã desse gênero policial. 
Elementary: O mundo está cheio de coisas óbvias que ninguém jamais observa 
Esta série de televisão estadunidense, criada por Robert Doherty, estreou na CBS (EUA) 
em 27 de setembro de 2012. É protagonizada por Jonny Lee Miller como um problemático 
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detetive londrino, ex-viciado em drogas, consultor da Scotland Yard11 que vai para Nova York 
para reabilitação. Seu abastado pai impõe que ele divida um apartamento com a Dra. Joan 
Watosn, uma médica que perdeu sua licença para clinicar em função da morte de um paciente. 
Watson na verdade deve acompanhar seu tratamento, mas os dois se aproximam e passam a 
construir uma relação de companheirismo e respeito. Ambos são criados a partir de problemas 
reais o que proporciona uma identificação com os telespectadores. A inteligência de Sherlock é 
“um dom e uma maldição” – como observava outro detetive cuja série circulou pela TV entre os 
anos de 2002/2009 – Monk - e isso é um fardo grande de suportar. O uso de drogas alivia sua alta 
tensão mental, mas também coloca toda a fragilidade e solidão que o personagem vivencia. Essa 
fragilidade é representada na personagem Watson que não consegue mais exercer a medicina e se 
afasta do seu convívio social, busca uma redenção através da salvação de Sherlock Holmes. 
A série apresenta duas inovações (ou transgressão?) se considerarmos que ela tem sua base 
na criação de Conan Doyle: tanto John Watson quanto Moriarty são representados por figuras 
femininas. Elementary focaliza a figura da mulher de uma maneira brilhante. Coloca Watson como 
Joan e dá toques de delicadeza à série sem perder a majestade. Moriarty por sua vez é a única 
personagem a qual Sherlock se iguala em capacidade mental. Dois presentes atualizadíssimos à 
uma era de empoderamento feminino. Joan Watson é o porto seguro do paciente Sherlock e 
Moriarty é aquela que desperta a paixão e a dor que o amor provoca em um homem que não 
consegue lidar com sua humanidade. 
 Sherlock Holmes mantém, nessa série, a genialidade, a lógica, a dedução de um Dupin de 
Allan Poe, mas convive com problemas da modernidade. Dos anos de 1880 até os dias de hoje, 
Holmes tornou-se o protótipo de detetive e um ícone na cultura e literatura inglesa. Faz parte de 
um seleto grupo de personagens que ofuscaram seus criadores12 e entraram para o inconsciente 
coletivo universal. 
Crime Scene Investigation: primeira série policial a focar seus casos pelo prisma da Ciência. 
É a segunda série a ser apontada nesse artigo como inovadora da narrativa policial. O foco 
de cada episódio é a investigação realizada por um grupo de cientistas forenses13 do 
Departamento de Criminalística. Criada no final dos anos 2000, por Anthony Zuiker, ela estreou 
no Brasil no ano seguinte e já está em sua 13ª temporada. O que nos chama a atenção nessa 
seriação é a transformação do detetive em um coletivo de investigadores centrados num só crime. 
A dedução, lógica e muitos efeitos especiais trazem o telespectador para um complexo de 
especialistas que buscam desvendar o crime. É ambientada em três cidades americanas Las Vegas 
(original), Miami ou Nova York (franquia). A narrativa é construída a partir das cenas do crime, e 
foca principalmente o processo de análise das pistas em laboratórios recheados de equipamentos 
de alta tecnologia. O detetive é um cientista e usa todo um aparato de equipamentos para chegar 
à solução. “Todo conhecimento é útil para o detetive” (DOYLE, 2014, p.1318) 
 Curioso e interessado pela ciência forense, Anthony Zuiker, visitou o laboratório de 
criminologia de La Vegas. Com uma ideia e proposta clara, chamou o produtor Jerry 
Bruckheimer14 para trabalhar com ele na produção da série. Reunidos, decidiram quais seriam os 
 
11 Policia metropolitana instituída a partir de 1829, quando a população desacreditava dos policiais na resolução de 
crimes e proteção da sociedade inglesa vitoriana. Londres, mergulhada em seu nevoeiro, povoada de uma multidão 
de anônimos, labirintos de ruas escuras era o cenário que amedrontador. 
12 Frankenstein de Mary Shelley, Drácula de Bram Stoker, Dom Quixote de Cervantes, etc. 
13 Compreendido como o conjunto de todos os tipos de conhecimentos científicos e tecnológicos existentes, 
utilizados para desvendar crimes. 
14 É um dos mais importantes produtores norte-americano de cinema e TV, foi responsável pelos filmes Top Gun, 
Dangerous Minds, Armageddon, entre outros na década de80/90. É conhecido como o rei do entretenimento. 
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elementos essenciais da série: intriga e suspense, um cadáver, o processo de descobrimento dos 
casos. A tecnologia e os efeitos especiais - marca do seriado - ficaram a cargo de Danny 
Cannon15. Com essa perspectiva, conseguiu-se certo glamour à profissão, até então tratada como 
de segundo escalão. Exemplo do que foi citado anteriormente esse grupo de produtores/técnicos 
resgata sua experiência com o cinema e a agrega à série primando por um padrão de qualidade e 
meticulosidade que convence o telespectador num emaranhado de especialistas que recolhem e 
analisam as pistas. 
 Na captação de recursos muitas portas de fecharam – observa o produtor - pois, o custo de 
produção estava orçado em 2.500,00 dólares por episódio. (Hernando, 2003, p. 112). Um custo 
alto para se arriscar. A Rede CBS, buscando modernizar sua grade adquiriu a temporada de 
2000/2001. Ficaram surpreendidos com o êxito. Aliou-se então, à Disney Touchstone para a 
produção dos episódios seguintes. As produtoras de televisão Carol Mendelsohn16 e Anny 
Donahue17 se uniram ao projeto consolidando a equipe de produção. Um cuidado especial foi 
dado à trilha sonora com o uso de bandas clássicas como o The Who ou de sucesso no período de 
exibição da série. Recorreu-se ainda a produção de episódios especiais escritos por grandes 
diretores de Hollywood como é o caso de Quentin Tarantino. Mesmo com todo o cuidado, os 
produtores avisam que algumas manipulações sãorealizadas e que apesar de se buscar uma 
realidade muito próxima ao que ocorre, a série é uma ficção. 
 Com um time de produção esmerado, atores que se consolidam no segmento de seriados 
policiais e a essencial presença do detetive multifacetado, fragmentado, mas que, no conjunto, 
consegue solucionar o crime, CSI é outra perspectiva de desdobramento da narrativa policial, 
revitalizando o gênero, agregando novos telespectadores e contrariando o que Paulo Medeiros e 
Albuquerque (1979), em seu livro O mundo emocionante do romance policial (1979) alertava: a ficção 
cientifica vai matar o romance policial, CSI, Elementary e outras mais abusam da tecnologia e sem 
fugir daqueles detetives originais que aguçaram nossa inteligência na resolução de seus mistérios, 
desde o primeiro conto de Allan Poe. 
 Depois dele, muito se aprendeu e se criou em torno do gênero policial sem, no entanto, 
perder as bases do seu precursor. Nota-se diferentes possibilidades de desenvolvimento de 
narrativas e análises deste segmento. Independentemente de seu “tipo” (romance noir, de enigma, 
místico, suspense), o gênero tem sim seus leitores porque sua relação com a natureza humana é 
instantânea. O mistério em torno da verdade mantém o leitor preso às linhas do texto e a tela de 
TV ou cinema na busca pela solução do enigma, o que dá sentido ao romance policial. E quando 
o leitor chega à verdade sob a condução do detetive, uma catarse se dá e aquela indagação da 
Esfinge “Decifra-me ou te devoro”, se desfaz mitologicamente no ar. 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A produção de séries é um dos grandes nichos da programação de TVs, em especial os 
canais pagos. Alguns fatores são destacados como fundamentais para o crescimento e 
estabilidade no número de seguidores. A série fideliza o telespectador. Em artigo publicado no 
jornal Folha de São Paulo de 09.10.2012, intitulado “Texto sofisticado sustenta bonança das 
séries”, a autora Isabelle Moreira Lima, defende que a sofisticação do texto é um dos motivos que 
garante a valorização e crescimento das séries de tevês, e em especial as americanas. O motivo 
destacado pela autora para esse argumento é o aumento na quantidade de roteiristas, diretores e 
atores, já consagrados em Hollywood, que migram para o formato seriado. O discurso que se 
constrói é que, ao vermos um grande nome como produtor executivo da série, isso já lhe traz 
 
15 Roteirista, diretor e produtor de cinema e televisão. 
16 Melrose Place (1992) e China Beach (1988) 
17 Beverly Hills (1990), Murder One (1995) 
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créditos de qualidade e excelência. O produtor (ou showrunner) é a mente criativa do programa, 
responsável pela estrutura narrativa e a encenação, mas mesmo em produções mais simples ele 
estará cercado de uma equipe de multiprofissionais que o ajudarão no roteiro e na direção. O 
escritor/diretor garantirá a unidade de sentido da série seja pela supervisão do processo, pela 
redação dos episódios, ou ainda pelo estabelecimento de um padrão de encenação. 
 Com isso, o diretor de séries de TV, ocupa um lugar análogo ao de diretor de cinema para a 
crítica cinematográfica. Nomes com o de David Chase, Joss Whedon, Aaron Sorkin, Allan Ball, 
Vince Gilligan, Matthew Weiner, J.J. Abrams, David Crane, Larry David, Tina Fey, Seth 
MacFarlane e Rick Gervais tornaram-se comentaristas críticos sobre a excelência das séries de 
TV, capazes de mobilizar o interesse do público para obras diferentes de um mesmo autor. É um 
raro momento em que público e crítica parecem dialogar positivamente. 
 Todavia, o crescimento de oferta das séries para a TV ainda alcança um restrito grupo de 
telespectadores, pois as transmissões no caso brasileiro, ainda estão vinculadas a canais abertos. E 
a transição da televisão para a internet ainda é algo distante de ser consolidado. Para que se 
alcance um público amplo e diversificado com produções de qualidade muitos obstáculos 
precisam ainda ser vencidos18. 
 Falar de discurso televisivo/cinematográfico implica em falar, antes de tudo de um 
discurso midiático. Significa refletir sobre seu papel na sociedade que é de espetáculo (Debord, 
1979) e também na estetização do mundo (Lipovestsky & Serroy). “Novas linguagens” como a da 
televisão e do cinema exercem um papel fundamental ao ressaltar, reafirmar, recriar ideologias, 
diversificar, adaptar, traduzir, pequenas narrativas que ganham corpo e se universalizam. Com 
isso interferem no comportamento social. 
Em síntese, um dos fatores relevantes nessa nova reconfiguração do mercado televisivo em 
relação à produção de séries está na criação de novos modelos narrativos. Aliado a isso os 
avanços tecnológicos - notadamente o acesso e divulgação via internet – impulsionando as 
transmissões globalmente. Completa o processo o consumo desses programas, que através de fã-
clubes, concebem estratégias de ocupação nos meios de comunicação direcionados, o que 
fidelizam telespectadores. Elementar, meu caro Watson!19 
 
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___________________. Um estudo em vermelho, tradução de Rosaura Eichenberg, Porto Alegre, 
L&PM, 2016 
 
18 Dados oficiais da Anatel apontam que o número total de assinantes no Brasil é de pouco mais de dezesseis 
milhões, o que equivale a uma densidade por domicílio de 28,1%. Nos Estados Unidos, em torno de 43% dos 
domicílios possui serviço de TV por assinatura,3 o que representa 56 milhões de assinantes. 
 
19
 Essa frase mundialmente conhecida não foi cunhada por Conan Doyle. Ela foi criada em uma das peças teatrais 
baseadas em Sherlock Holmes 
 
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Recebido em 25/02/2017 
Aceito em 20/06/2017 
Publicado em 21/06/2017

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