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PLANO DE AULA DIREITO ADMINISTRATIVO I Eugène Delacroix: A liberdade guiando o povo Chamamos de ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão olhando. O conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos de caráter. Oscar Wilde DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO I DOCENTE: ELIANE COSTA DOS SANTOS BAPTISTA SEMESTRE: 9° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DA BAHIA/ESTÁCIO PRIMEIRA PARTE DIREITO ADMINISTRATIVO 1. FORMAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO Nas palavras de José dos Santos Carvalho, O Direito Administrativo, contudo, como sistema jurídico de normas e princípios, somente veio ao lume com a Instituição do Estado de Direito, ou seja, quando o Poder criador passou também a respeitá-lo. O fenômeno nasce com os movimentos constitucionalistas, cujo início se deu no final do século XVIII. Através do novo sistema, o Estado passava a ter órgãos específicos para o exercício da administração pública e, por via de consequência, foi necessário o desenvolvimento do quadro normativo disciplinador das relações internas da Administração e das relações entre esta e os administradores. Por isso, pode considerar-se que foi a partir do século XIX que o mundo jurídico abriu os olhos para esse novo ramo jurídico, o Direito Administrativo. No período anterior o regime vigorante era o das monarquias absolutas, em que todos os poderes do Estado desaguavam nas mãos do monarca, tornando frágeis as relações entre o Estado e os súditos [...]. 2) Criação do Conselho de Estado Francês Segundo Maria Sylvia Di Pietro, De início, a própria Administração decidia os seus conflitos com os particulares, já que o Judiciário não podia fazê-lo. Foi a fase do administrador-juiz, em que a Administração era, ao mesmo tampo, juiz e parte. No entanto, no ano VIII, começa a desenvolver-se uma verdadeira jurisdição administrativa, com a criação do Conselho de Estado, que só passa exercer função verdadeiramente jurisdicional a partir de 1872, quando se tornou independente e suas decisões deixaram de submeter-se ao chefe de Estado. d) Decisão de Agnès Blanco e autonomia do Direito Administrativo Segundo Maria Sylvia, “pode-se dizer que a autônoma do Direito Administrativo, ou seja, a sua posição como ciência dotada de objeto, método, institutos, princípios e regime jurídico próprios, começou a conquistar-se a partir do famoso caso Blanco, ocorrido em 1873 [...]”. 2. SISTEMAS ADMINISTRATIVOS: sistema inglês e sistema francês 2.1. Sistema inglês De acordo com Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, “O sistema inglês, ou de unicidade de jurisdição, é aquele em que todos os litígios – administrativos ou que envolvam interesses exclusivamente privados – podem ser levados ao Poder Judiciário, único que dispõe de competência para dizer o direito aplicável aos casos litigiosos, de forma definitiva, com força da chamada coisa julgada. Diz-se que somente o Poder Judiciário tem jurisdição, em sentido próprio”. 2.2. Sistema francês, ou de dualidade de jurisdição, ou sistema do contencioso administrativo Segundo Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, “é aquele em que se veda o conhecimento pelo Poder Judiciário de atos da administração pública, ficando estes sujeitos à chamada jurisdição especial do contencioso administrativo, formada por tribunais de índole administrativa. Nesse sistema há, portanto, uma dualidade de jurisdição: a jurisdição administrativa (formada por tribunais de natureza administrativa, com plena jurisdição em matéria administrativa) e a jurisdição comum (formada pelos órgãos do Poder Judiciário, com a competência de resolver os demais litígios)”. 4. DIREITO ADMINISTRATIVO 4.1. CONCEITOS De acordo com Dirley da Cunha, [...]é o ramo do Direito Público que consiste num conjunto articulado e harmônico de normas jurídicas (normas-princípio e normas-regras) que atuam na disciplina da Administração Pública de seus órgãos e entidades, de seu pessoal, serviços e bens, regulando uma das funções desenvolvidas pelo Estado: a função administrativa. Segundo Celso Antônio, “direito administrativo é o ramo do direito público que disciplina a função administrativa, bem como pessoas e órgãos que a exercem”. 5.CODIFICAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO Segundo Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, O direito administrativo no Brasil não se encontra codificado, isto é, os textos administrativos não estão reunidos em um só corpo de lei, como ocorre com outros ramos do nosso direito (Código Pena, Código Civil). As normas administrativas estão espraiadas no texto da Constituição, em diversas leis, ordinárias e complementares, e ainda em muitos diplomas normativos, a exemplo de decretos-leis, medidas provisórias, regulamentos e decretos do Poder Executivo, circunstância que muito dificulta a obtenção de um conhecimento abrangente, bem como a formação de uma visão sistemática, orgânica, desse importante ramo do direito. 6. FONTES Para Licínia Rossi, a fonte do “direito administrativo é tudo aquilo que leva à definição de uma regra de direito administrativo. A expressão deriva do latim fons que significa origem, nascente. As fontes do direito administrativo são (Licínia Rossi): a) Lei: “A lei é a base do direito administrativo, afinal exercer a função administrativa significa aplicar a lei de ofício. A expressão é utilizada em sentido lado e abrange principalmente: a.1) Constituição Federal; a.2) leis ordinárias; a.3) leis delegadas; a.4) leis complementares; a.5) regulamentos administrativos etc”. b) Doutrina: “é o resultado do trabalho especializado dos estudiosos que analisam e interpretam o sistema normativo resolvendo contradições encontradas e formuladas definições e classificações para melhor compreensão do sistema normativo”. c) Jurisprudência: “consiste na junção de decisões reiteradas e uniformes, proferidas pelos órgãos jurisdicionais, num determinado sentido”. Observação: Art. 103-A da CRFB/88, a súmula terá efeito vinculante para a Administração direta e Administração indireta. d) Costumes: “é a prática reiterada e habitual de condutas, com a convicção de que não obrigatórias, porém não cria e nem exime obrigações”. e) Princípios gerais do direito: “Podem ser expressos ou implícitos: e.1) vedações do enriquecimento ilícito; e.2) ninguém pode beneficiar-se com a própria torpeza; e.3) ninguém pode causar dano a outrem e, se causar, deverá indenizar etc. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA: 1. ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016. 2. CARVALHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2016. 3. CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. 3ª. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016. 4. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2015. 5. DA CUNHA JÚNIOR, Dirley. Curso de Direito Administrativo. Salvador: JusPODIVM, 2007. 6. GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 13º.ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 7. MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo Brasileiro. 34ª. Ed. São Paulo: Malheiros, 2008. 8. ROSSI, Licínia. Manual de Direito Administrativo. 3ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO I DOCENTE: ELIANE COSTA DOS SANTOS BAPTISTA SEMESTRE: 9° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DA BAHIA/ESTÁCIO ESTUDO DIRIGIDO 1.A origem do direito administrativo é apontada por muitos como francesa. Assinale a alternativa abaixo queapresenta uma característica do Direito francês presente no Direito brasileiro. a) princípio do rule of law. b) limitação do poder discricionário por via do contrato administrativo. c) sistema de dualidade de jurisdição. d) executoriedade da decisão administrativa. e) predominância do direito comum. 2. O Direito Administrativo tem por objeto de estudo: a) os atos legislativos. b) os atos administrativos editados pelo Poder Executivo. c) os atos de governo. d) os atos políticos. e) os atos administrativos editados pelos três poderes. 3. No Direito Administrativo brasileiro, adota-se o sistema de controle administrativo denominado de: a) jurisdição única. b) jurisdição dual. c) jurisdição plural. d) contencioso administrativo. e) contencioso litigioso. 4. Analise a veracidade das frases. I. A função administrativa é exercida exclusivamente pelos órgãos do Poder Executivo. II. A principal fonte do Direito Administrativo é o regulamento administrativo. III. A doutrina brasileira adota a teoria objetiva para melhor explicar a relação jurídica entre o órgão e agente público. Está(ão) correta(s): a) I. b) II. c) III. d) Nenhuma. e) I e II. 5. O sistema francês de controle administrativo denomina-se: a) contencioso administrativo. b) contencioso judiciário. c) jurisdição única. d) contencioso político. e) contencioso legislativo. 6. Assinale a alternativa abaixo que melhor se adapta ao conceito contemporâneo do Direito Administrativo. a) É o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. b) É o estudo dos atos do Poder Executivo. c) É o estudo das normas administrativas de um determinado país. d) É o conjunto de regras e princípios jurídicos que regem os elementos constitutivos do Estado. e) É o conjunto de regras e princípios que regulam os serviços públicos. 7. A interpretação do Direito Administrativo deve considerar o seguinte pressuposto: a) controle jurisdicional. b) desigualdade jurídica entre a Administração Pública e os administrados. c) supremacia do interesse privado. d) boa-fé objetiva. e) moralidade comum. 8. Analise a veracidade das frases. I. O fim do Administração Pública é o bem comum da coletividade. II. O Direito Administrativo pertence ao Direito Privado. III. A função jurisdicional é objeto do estudo do Direito Administrativo. Está(ao) correta(s): a) nenhuma. b) I e II. c) II e III. d) I. e) II. 9. Analise a veracidade das frases. I. O sistema judiciário é aquele em que todos os litígios são resolvidos definitivamente pelo Poder Judiciário. II. O sistema de jurisdição única é o denominado sistema francês. III. No sistema do contencioso administrativo, o Poder Judiciário funcional como corte de apelação ou de cassação. Está(ao) correta(s): a) I e II. b) II e III. c) I, d) II. e) Nenhuma. 10. O sistema inglês de controle administrativo denomina-se: a) jurisdição dual. b) jurisdição plural. c) jurisdição única. d) controle administrativo. e) jurisdição política. 11. Um dos aspectos primordiais do Direito Administrativo brasileiro é o de ser um conjunto a) de princípios e normas aglutinadoras dos poderes do Estado de maneira a colocar o administrado em relação de subordinação hierárquica a tais poderes. b) de princípios e normas não alberga a noção de bem de domínio privado do Estado. c) instrumental de princípios e normas que regula exclusivamente as relações jurídicas administrativas entre o Estado e o particular. d) de princípios e normas limitador dos poderes do Estado. 12. Costuma-se indicar o sítio histórico do advento do direito administrativo, como ramo autônomo, entre: a) o fim do século XIX e o início do século XX. b) o fim da idade média e o início dos tempos modernos. c) o fim do século XVIII e o início do século XIX. d) a Carta Magna de 1215 e o fim do século XV. DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO I DOCENTE: ELIANE COSTA DOS SANTOS BAPTISTA SEMESTRE: 9° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DA BAHIA/ESTÁCIO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1.O VOCÁBULO ADMINISTRAÇÃO De acordo com Maria Sylvia, o administrativista Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, aponta duas versões para a origem etimológica da palavra administração, “[...] Para uns, vem de ad (preposição)maisministro, as, are (verbo), que significa servir, executar; para outros, vem de ad manus trahere, que envolve ideia de direção ou gestão. Nas duas hipóteses, há o sentido de relação de subordinação, de hierarquia. O mesmo autor demonstra que a palavra administrar significa não só prestar serviço, executa-lo, como, outrossim, dirigir, governar, exercer a vontade com o objetivo de obter um resultado útil; e que até, em sentido vulgar, administrar quer dizer traçar um programa de ação e executá-lo”. 2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO ESTRITO De acordo com o Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, “Administração Pública em sentido estrito só inclui os órgãos e pessoas jurídicas que exercem meramente a função administrativa, de execução dos programas de governo. Ficam excluídos os órgãos políticos e as funções políticas, de elaboração das políticas públicas”. 3.1.1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PODE SER VISTA SOB DOIS ASPECTOS: a) ASPECTO OBJETIVO De acordo com Maria Sylvia, “Administração Pública pode ser definida como a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob o regime jurídico de direito público, para a consecução dos interesses coletivos. [...] Nesse sentido, a Administração Pública abrange o fomento, a polícia administrativa e o serviço público. Alguns autores falam em intervenção como quarta modalidade, enquanto outros consideram como espécie de fomento”. a.1)Quadro explicativo (posição de Marcelo Alexandrino) SERVIÇO PÚBLICO “(prestações concretas que representam, em si mesmas, diretamente, utilidades ou comodidades materiais para a população em geral, oferecidas pela administração pública formal ou por particulares delegatórios sob regime jurídico de direito público)” “(restrições ou condicionamentos impostos ao POLÍCIA ADMINISTRATIVA exercício de atividades privadas em benefício do interesse público; exemplo típico são as atividades de fiscalização)”. FOMENTO “(incentivo à iniciativa privada da utilidade pública, por exemplo, mediante a concessão de benefícios ou incentivos fiscais)”. INTERVENÇÃO “(abrangendo toda a intervenção do Estado no setor privado, exceto a sua atividade direta como agente econômico; está incluída a intervenção na propriedade privada, a exemplo da desapropriação e do tombamento, e a intervenção no domínio econômico como agente normativo e regulador, por exemplo, mediante a atuação das agências reguladoras, a adoção de medidas de repressão a práticas tendentes à eliminação da concorrência, a formação de estoques reguladores etc)”. b) ASPECTO SUBJETIVO Nas lições de Maria Sylvia, a Administração Pública, em sentido subjetivo, “todos os órgãos integrantes das pessoas jurídicas políticas (União, Estados, Municípios e Distrito Federal), aos quais a lei confere o exercício de funções administrativas. São os órgãos da Administração Direta do Estado. Porém, não é só. Às vezes, a lei opta pela execução indireta da atividade administrativa, transferindo-sea pessoas jurídicas com personalidade de direito público ou privado, que compõem a chamada Administração Indireta do Estado”. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA: 1. ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016. 2. CARVALHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2016. 3. CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. 3ª. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016. 4. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2015. 5. DA CUNHA JÚNIOR, Dirley. Curso de Direito Administrativo. Salvador: JusPODIVM, 2007. 6. GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 13º.ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 7. MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo Brasileiro. 34ª. Ed. São Paulo: Malheiros, 2008. 8. ROSSI, Licínia. Manual de Direito Administrativo. 3ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. ESTUDO DIRIGIDO 1. A Administração Pública se divide em: a) Direta, indireta e fundacional. b) Direta e centralizada. c) Indireta e descentralizada. d) Direta e indireta. e) Direta e fundacional. 2. A respeito das definições apresentadas pela doutrina a respeito da Administração Pública, assinale a alternativa correta. a)Em sentido subjetivo, a Administração Pública manifesta-se exclusivamente no Poder Executivo. b) Em sentido funcional, é o conjunto de órgãos e entidades integrantes da Administração. c) Em sentido objetivo, não se manifesta no Poder Judiciário. d) No sentido subjetivo, é a própria atividade administrativa. e) Em sentido material, expressa uma das funções tripartites do Estado. 3. Em sentido objetivo, a Administração Pública pode ser considerada como: a) a atividade não concreta do Estado dirigida à consecução das necessidades coletivas de modo direto e mediato. b) a atividade abstrata do Estado, com o fito de atender as necessidades públicas. c) a gestão de serviços e bens públicos e particulares. d) atividade normativa. e) nenhuma das alternativas. 4. São pessoas políticas: a) União, Estados, Municípios e Distrito Federal. b) Territórios. c) Autarquias. d) Partidos Políticos. e) Todas as alternativas anteriores estão corretas. DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO I DOCENTE: ELIANE COSTA DOS SANTOS BAPTISTA SEMESTRE: 9° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DA BAHIA/ESTÁCIO PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1. PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Dentre as prerrogativas (poderes) da Administração Pública são encontrados os poderes administrativos, instrumentos indispensáveis para execução do interesse público. Pode-se conceituar poderes da Administração, segundo Fernanda Marinela, como o “[...] conjunto de prerrogativas ou de competências se direito público, conferidas à Administração, com o objetivo de permitir a aplicação da supremacia do interesse público e a realização do bem comum”. 2.1. CLASSIFICAÇÃO 2.1.1. Quanto ao GRAU DE LIBERDADE: a) Poder vinculado Para Hely Lopes, tem-se um poder vinculado ou regrado quando o administrador não possui liberdade de escolha, haja vista que não há conveniência e oportunidade. Na presença dos requisitos legais, o administrador deve praticar o ato. b) Poder discricionário Fernanda Marinela afirma que no ato discricionário o administrador, apesar de estar submetido à lei, possui liberdade para “atuar de acordo com um juízo de conveniência e oportunidade, de tal forma que, havendo duas alternativas o administrador poderá optar por uma delas, escolhendo a que em seu entendimento, preserve melhor o interesse público”. 2.1.2. Quanto ao PODER NORMATIVO: Para Matheus Carvalho, “O Poder Normativo se traduz no poder conferido à Administração Pública de expedir normas gerais, ou seja, atos administrativos gerais e abstratos com efeitos erga omnes. Não se trata de poder para a edição de leis, mas apenas um mecanismo para a editar esses atos e permitir a sua efetiva aplicação sempre limitada pela lei [...]”. b.1) Tipos de regulamentos b.1.1. Regulamento executivo (art. 84, IV c/c art. 5º, II, art. 49, V, art. 61, § 1º, II, “e”1 , art. 25 dos ADCT da CRFB/88) b.1.2. Regulamento autônomo (art. 84,VI c/c art. 25 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT) 2.1.3. Quanto ao PODER HIERÁRQUICO Para José Carvalho Santos, a hierarquia “é o escalonamento em plano vertical dos órgãos e agentes da Administração que tem como objetivo a organização da função administrativa”. Maria Sylvia Di Pietro afirma que a partir do poder hierárquico decorrem alguns poderes: a) de editar atos normativos; b) dar ordens (poder de comando, por exemplo, ordens de serviço, portarias etc); c) controlar (revogar atos discricionários inoportunos e inconvenientes e anular atos ilegais); d) aplicar sanções; e) avocar (arts 11 e seguintes da Lei 9.784/99) Segundo Matheus Carvalho, a avocação “desde que as atribuições não sejam de competência exclusiva do órgão subordinado, o chefe poderá chamar para si, de forma temporária, a competência que deveria inicialmente ser exercida pelo agente subalterno. Saliente-se, dessa forma, que a avocação é a tomada temporária de competência legalmente atribuída a um agente subordinado, por outro agente de hierarquia superior” c) Delegar (arts. 11, 12 e seguintes da Lei 9.784/99) Segundo Matheus Carvalho, a delegação “é a extensão de atribuições de um órgão a outro de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior, desde que não sejam exclusivas. A delegação também é exercida de forma temporária. Nesse sentido, é importante salientar que a delegação não configura uma transferência, mas sim uma extensão ou ampliação de competência, ou seja, o agente delegante não perde a competência delegada. É designada de cláusula de reserva essa regra de manutenção da competência pelo agente, mesmo após a delegação, e esta cláusula está implícita nos atos administrativos de delegação [...]”. 2.1.4. Quanto ao PODER DISCIPLINAR Segundo Fernanda Marinela, é o poder conferido à Administração Pública de “punir, apenar a prática de infrações funcionais dos servidores e de todos que estiverem sujeitos à disciplina dos órgãos e serviços da Administração, como é o caso daqueles que com ele contratam”. Para elucidar melhor a questão, Matheus Carvalho traz o exemplo do estacionamento irregular em local público. “[...] A multa aplicada, neste caso, é penalidade que não guarda relação com o poder disciplinar. Não há, afinal, qualquer vínculo especial entre a Administração e o particular infrator. Esta multa decorrente do poder geral da Administração e encerra prerrogativa decorrente do exercício do Poder de Polícia Administrativa”. 2. USO E ABUSO DE PODER 2.1. Irrenunciabilidade dos poderes Para Licínia Rossi, Uma vez visualizado o interesse público, o agente público deverá persegui-lo – o que se traduz em manifestações do princípio da indisponibilidade do interesse público. Dessa forma, o poder atribuído ao agente público é irrenunciável e deverá ser obrigatoriamente exercido por seus titulares (por isso fala-se, inclusive, em poder-dever)”. Segundo Hely Lopes, citando Caio Tácito: “O abuso do poder tanto pode revestir a forma comissiva como a omissiva, porque ambas são capazes de afrontar a lei e causar lesão a direito individual do administrado. A inércia da autoridade administrativa – observouCaio Tácito -, deixando de executar determinada prestação de serviço a que por lei está obrigada, lesa o patrimônio jurídico individual. É forma omissiva de abuso de poder, quer o ato seja doloso ou culposo”. 2.2. Forma de abuso de poder: a) Excesso de poder2 Para Licínia Rossi, se “o agente público invadir atribuições de outro agente, ou, ainda, exercer atividades que a lei não lhe conferiu, cometerá abuso de poder na modalidade EXCESSO DE PODER”. Segundo Marcelo Alexandrino [...] Diferentemente, se a hipótese for de vício de competência quando à pessoa, desde que não se trate de competência exclusiva, o ato praticado com excesso de poder poderá ser convalidado, a critério da administração pública, uma vez preenchidas as demais condições legais. b) Desvio de poder3 ou desvio de finalidade, segundo Marcelo Alexandrino, [...] quando a atuação do agente, embora dentro de sua órbita de competência, contraria a finalidade explícita ou implícita na lei que determinou ou autorizou a sua atuação; tanto é desvio de poder a conduta contrária à finalidade geral (ou mediata) do ato – o interesse público -, quanto a que discrepe de sua finalidade específica (ou imediata) [...] Os atos praticados com desvio de poder são sempre nulos. 2.3. ESQUEMA DE LICÍNIA ROSSI 2Segundo Marinela, “o agente atua fora dos limites de competência, isto é, a autoridade embora competente para a prática do ato, vai além do permitido e exorbita no uso de suas faculdades administrativas, ultrapassando os limites legais”); 3 O agente público, não obstante ser competente para a prática do ato, distancia-se do interesse público. ABUSO DE PODER EXCESSO DE PODER DESVIO DE FINALIDADE O administrador vai além do Há disfarse na conduta Que por lei esta autorizado praticada pelo agente O móvel do agente está viciado. Há vício ideológico em sua conduta. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA: 1. ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016. 2. CARVALHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2016. 3. CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. 3ª. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016. 4. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2015. 5. DA CUNHA JÚNIOR, Dirley. Curso de Direito Administrativo. Salvador: JusPODIVM, 2007. 6. GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 13º.ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 7. MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo Brasileiro. 34ª. ed. São Paulo: Malheiros, 2008. 8. ROSSI, Licínia. Manual de Direito Administrativo. 3ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. ESTUDO DIRIGIDO 1.Qual dos poderes abaixo, a atividade da Administração Pública está condicionada aos constantes da lei? a) Poder hierárquico. b) Poder discricionário. c) Poder regulamentar. d) Poder disciplinar. e) Poder vinculado. 2.Qual dos poderes abaixo, a Administração Pública tem uma liberdade de escolha quanto ao mérito? a) Poder hierárquico. b) Poder discricionário. c) Poder regulamentar. d) Poder disciplinar. e) Poder vinculado. 3.Qual dos poderes abaixo, a lei estabelece a relação de subordinação entre os servidores do quadro de pessoal da Administração Pública? a) Poder hierárquico. b) Poder discricionário. c) Poder regulamentar. d) Poder disciplinar. e) Poder vinculado. 4.Qual dos poderes abaixo, a lei confere à Administração Pública poder de aplicar punição aos servidores por infrações funcionais? a)Poder hierárquico. b) Poder discricionário. c) Poder regulamentar. d) Poder disciplinar. e) Poder vinculado. 5. Sobre a apuração da falta disciplinar, assinale a alternativa falsa. a) Ela é indispensável para a legalidade de punição. b) Deve ser concedida a oportunidade de defesa do acusado. c) Nunca contra ela é cabível o mandado de segurança. d) A motivação do ato é imprescindível. e) Deve ser respeitado o princípio do contraditório. 6.Assinale a proposição correta. a) Não pode haver delegação de poderes no âmbito da Administração Pública. b) Não pode o superior hierárquico avocar a prática de atos de competência de inferior hierárquico. c) O poder disciplinar é discricionário. d) A punição administrativa afasta a criminal, pois não pode haver dupla punição pela mesma falta. e) É livre o exercício do poder de polícia pelo setor privado. 7. A aplicação de uma penalidade administrativa a um servidor, pela prática de infração administrativa prevista em lei, configura manifestação do poder. a) disciplinar. b) hierárquico. c) de polícia. d) punitivo. e) arbitrário. 8.Poder administrativo do qual decorre a faculdade da avocação e o controle, pela via recursal, é o: a) disciplinar. b) discricionário. c) hierárquico. d) regulamentar. e) vinculado. 9.Os regulamentos administrativos apresentam as seguintes características, exceto: a) originalidade. b) generalidade. c) secundário. d) universalidade. e) abstração. 10. No poder vinculado, a autoridade pública não tem maior liberdade de escolha, no tocante à(ao): a) objeto. b) mérito administrativo. c) conveniência. d) oportunidade. e) validade. 11. A respeito dos objetivos do poder hierárquico, analise a veracidade das frases. I. Distribuir diferentes funções conforme a gradação da autoridade de cada órgão e agente público. II. Punir as infrações cometidas no âmbito interno da Administração, relacionadas com o serviço. III. Submeter a ação do agente público ao enunciado das normas jurídicas administrativas. IV. Dar ordens legais e específicas aos subordinados para a prática de atos administrativos. Estão corretas. a) I e III. b) III e IV. c) II e IV. d) I e IV. e) II e III. 12. A respeito dos regulamentos, assinale a alternativa correta. a) Através do regulamento, o Poder Executivo possui a faculdade de ampliar, restringir ou modificar direitos ou obrigações, podendo não respeitar o direito adquirido, ato jurídico perfeito e a coisa julgada. b) Não é possível, no atual ordenamento jurídico brasileiro, a edição de decretos autônomos. c) Chefe do Poder Executivo poderá expedir decreto praeter legem. d) O decreto regulamentar é abstrato e geral. DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO I DOCENTE: ELIANE COSTA DOS SANTOS BAPTISTA SEMESTRE: 9° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DA BAHIA/ESTÁCIO PODER DE POLÍCIA 1.CONCEITO Segundo Dirley da Cunha, no sentido amplo, poder de polícia “[...] é toda atividade estatal que condiciona a liberdade e a propriedade visando a adequá-las aos interesses coletivos. Nessa acepção ampla, o poder de polícia abrange tanto atos do Poder Legislativo (pela lei) quando do Poder Executivo (através de atos administrativos). Já num sentido estrito, o poder de polícia é aquela atividade administrativa, a cargo dos órgãose das entidades da Administração Pública, que se destina a condicionar e restringir o exercício das liberdades individuais e o uso, gozo e disposição da propriedade, objetivando ajustá-loaos interesses coletivos e ao bem-estar social da comunidade [...]”. 2.FUNDAMENTO DO EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA 2.4. O princípio da supremacia do interesse público sobre o particular. 3.FINALIDADE DO PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA 3.1. Preventiva (por exemplo, através de disposições genéricas e abstratas). 3.2. Repressiva (evitar, obstar atividades contrárias ou nocivas aos interesses públicos e sociais). 4. OBJETO DO PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA 4. MOTIVO DO PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA De acordo com Dirley da Cunha, é a “situação fática ou jurídica que determina o exercício do poder de polícia é o comportamento abusivo do particular que ameaça ou viola o bem-estar social”. 6. POLÍCIA ADMINISTRATIVA VS POLÍCIA JUDICIÁRIA 6.1. Polícia administrativa a) Incidência: bens (uso da propriedade), direitos (exercício da liberdade), buscando condicioná- los aos interesses coletivos. b) Regras de regência: normas administrativas. c) Finalidade: preventiva ou repressiva. d) Atividade realizada por órgão da polícia militar ou órgãos de fiscalização. 6.2. Polícia judiciária. a) Incidência: sobre pessoas, de forma ostensiva ou investigativa. b) Regras de regência: normas penais que disciplinam a prática de ilícitos penais. c) Finalidade: preventiva ou repressiva. d) Atividade realizada por corporações especializadas (polícia civil e polícia militar). 6. MANIFESTAÇÃO DO PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA a)Atos normativos ou gerais De acordo com Dirley da Cunha, A Administração Pública expede atos gerais ou abstratos restringindo o exercício da liberdade e o uso, gozo e disposição da propriedade por parte dos administrados para o fim de ajustá-los ao interesse público (ex.: regulamentos ou portarias que regulam o horário e as condições de venda de bebida alcoólica em determinados locais; que disciplinam o uso de fogo de artifício etc). b) Atos concretos ou individuais – Para Dirley da Cunha, “são injunções que a Administração Pública faz sobre a liberdade de um indivíduo ou sobre uma propriedade [...]”. Barracas de praia em Salvador Fonte: internet c)Atos de fiscalização A tragédia da Boate Kiss Fonte: internet Nas palavras de Dirley da Cunha, [...] são manifestações que previnem ou acautelam possíveis danos que podem decorrer da ação dos administrados [...] Essas manifestações normalmente materializam-se por meio da autorização e da licença, que se veiculam por meio de instrumento formal chamado de alvará”. c.1) Atos preventivos de fiscalização. c.2) Atos repressivos de fiscalização 7. CAMPOS DE ATUAÇÃO DA POLÍCIA ADMINSTRATIVA (polícia de caça e pesca, polícia de diversões públicas, polícia de pesos e medidas, polícia de trânsito e tráfego, polícia sanitária, polícia de água, polícia atmosférica, polícia edilícia, polícia funerária) 8 ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA 8.1. O poder de polícia emanado pelo Poder Executivo é um ato administrativo, é, portanto possui os seguintes atributos (a matéria não é pacífica na doutrina): a) Discricionariedade Segundo Licíni, “em regra, os atos de polícia necessitam de um juízo de valor (conveniência ou oportunidade) para sua aplicação”. b) Presunção de legitimidade Para Dirley da Cunha, “este princípio, mais conhecido com um dos atributos do ato administrativo, faz presumir que toda atividade administrativa está em absoluta conformidade com as normas jurídicas [...]”. c) Imperatividade (ou coerbilidade) Para Dirley da Cunha, “É a qualidade de que dispõe o ato administrativo de impor obrigações ao administrado independentemente da aquiescência deste. Por este atributo, a Administração pode constituir o administrado unilateralmente em obrigações, ainda que sem o seu consentimento. Ele exprime a força obrigatória ou coercitiva que tem o ato administrativo ante os seus destinatários”. d)Exigibilidade Para o Dirley da Cunha, “É o atributo que confere à Administração Pública o poder de exigir do administrado as obrigações que ela unilateralmente lhe impôs, sob pena de lhe infligir multa ou outras penalidades administrativas em caso de descumprimento do ato (meios indiretos de coação). d) Auto-executoriedade Há doutrinadores que assim classifica: d.1) Executoriedade: Segundo Dirley de Cunha, “Executoriedade é a qualidade em face da qual a Administração Pública pode, por si, conferir imediata efetividade a seus atos administrativos. Por conta desse atributo, pode a Administração compelir materialmente o administrado, independentemente das vias judiciais, para o cumprimento da obrigação que previamente impôs (através da imperatividade) e exigiu (através da exigibilidade)”. a) Exigibilidade: Para Licínia Rossi, A exigibilidade consiste no ato decisório realizado pela Administração que tem por escopo de direcionar todos os demais atos subseqüentes, na decisão de aplicar a multa sanitária àquele que está em desacordo com tais determinações e em decidir aplicar a multa de trânsito quando o administrado dirige acima do limite de velocidade regulamentada. a.1) Aplicação da multa: Segundo Lícinia Rossi, “a cobrança da multa apenas poderá ser efetivamente concretizada na via judicial por meio de ação própria. Na cobrança da multa, não está presente a executoriedade, vez que não autoriza imediata ação e execução pela Administração Pública”. 9. DELEGAÇÃO DO PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello, salvo hipóteses excepcionalíssimas (caso dos poderes outorgados aos capitães de navio), não há delegação de ato jurídico de polícia a particulares e nem a possibilidade de que este o exerça a título contratual. Pode haver, entretanto, habilitação do particular à prática de ato material preparatório ou sucessivo a ato jurídico desta espécie, nos termos e com as limitações supra-assinaladas. Segundo Licínia Rossi, o STJ, no REsp 880.549-DF, rel. Min. Eliana Calmon, j. 21- 10-2008 (vide Informativo 373), decidiu que “o registro fotográfico da infração serve como base para lavratura do ato de infração, cuja competência é exclusiva da autoridade de trânsito”. Ainda sobre o tema, Licínia Rossi afirma que O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI 1.717/DF, rel. Min. Nelson Jobim, Publicação 28-03-2003, “declarou inconstitucional dispositivo da Lei n. 9.469/98, que previa a delegação a entidades privadas do poder de fiscalização de profissões regulamentadas, fundando-se a decisão na indelegabilidade do poder de polícia” A vedação também encontra respaldo na Lei 11.079/2004, que traz normas para o contrato de concessão especial – Parceria Público Privada, e fixou como diretriz obrigatória a indelegabilidade do exercício do poder de polícia. 11. SANÇÕES APLICÁVEIS EM RAZÃO DO EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA (multa, interdição de atividade, fechamento de estabelecimento, demolição, destruição, inutilização de gêneros, embargo de obra ) 11.1. OS GUARDAS MUNICIPAIS TÊM COMPETÊNCIA PARA APLICAR MULTAS DE TRÂNSITO? Para Licínia Rossi, Em notícia veiculada aos 19 de setembro de 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral dessa questão, por meio do “Plenário Virtual”, no que tange à possibilidade de guarda municipal aplicar multa de trânsito. A matéria consta do RE 637.539, de relatoriado Min. Marco Aurélio. [...] A questão foi decidida pelo Plenário do STF, que aos 6 de agosto de 2015, ao julgar o RE 658.570, por seis votos a cinco, decidiu que as guardas municipais têm competência para fiscalizar o trânsito, lavrar auto de infração de trânsito e impor multas. Assim, o poder de polícia de trânsito pode ser exercido pelo município, via delegação, já que o Código Brasileiro de Trânsito (CTB) fixou que essa competência é comum aos órgãos federais. 13. CONTROLE DO PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA Nas palavras de Dirley da Cunha, “por se tratar de ato administrativo, o ato de polícia administrativa submete-se ao controle da própria Administração Pública (autotutela) e do Poder Judiciário (controle judicial)”. REFERÊNCIA: 1. ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016. 2. CARVALHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2016. 3. CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. 3ª. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016. 4. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2015. 5. DA CUNHA JÚNIOR, Dirley. Curso de Direito Administrativo. Salvador: JusPODIVM, 2007. 6. GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 13º.ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 7. MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo Brasileiro. 34ª. Ed. São Paulo: Malheiros, 2008. 8. ROSSI, Licínia. Manual de Direito Administrativo. 3ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. ESTUDO DIRIGIDO 1.Quando atua na área do ilícito administrativo puramente administrativo, tem-se o poder de polícia: a) judicial. b) administrativo. c) legislativo. d) jurisdicional. e) executivo. 2.Assinale o atributo abaixo presente em todas as manifestações do poder de polícia: a) tipicidade. b) auto-executoriedade. c) punibilidade. d) exigibilidade. e) simultaneidade. 3. A respeito do poder de polícia, analise a veracidade das frases. I.Uma das características presentes em todas as manifestações do poder de polícia é a exigibilidade. II. Uma das características presentes em todas as manifestações do poder de polícia é a coercibilidade. III. Uma das características presentes em todas as manifestações do poder de polícia é a executoriedade. Está(ão) correta(s): a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) I. e) III. 4.O poder de policia, fato gerador de taxas, é uma atividade administrativa fiscaliza, em nome do interesse público: a) direitos sociais. b) direitos políticos. c) propriedade. d) direitos e liberdades individuais. e) direitos individuais, sociais ou coletivos. 5.O exercício do poder de polícia é de natureza: a)arbitrária. b) discricionária. c) vinculada. d) discricionária e arbitrária. e) discricionária e vinculada. 6. A atuação Conselho Federal de Odontologia, caracteriza o exercício do poder: a) hierárquico. b) disciplinar. c) de polícia. d) discricionário. e) regulamentar. 7. Quando atua na área do ilícito puramente administrativo, tem-se o poder de polícia: a) judiciário. b) legislativo. c) administrativo. d) facultativo. e) concomitante. 8. Não é atividade típica de polícia administrativa: a) a edição de norma regulamentar, de caráter geral, abstrato que visa condicionar o comportamento dos particulares. b) aplicação de sanções aos concessionários de serviços públicos, pela inadequação do serviço. c) imposição de obrigações de fazer aos particulares. e) adoção de medidas cautelares administrativas, como o embargo de obra irregular. 9. O Poder Legislativo aprova lei que proíbe fumar em lugares fechados, cujo texto prevê o seu detalhamento por ato do Poder Executivo. Sancionado a Lei, o Chefe do Executivo edita, imediatamente, decreto detalhando a aplicação da norma, conforme previsto. Ao fazê-lo o Chefe do Poder Executivo exerce o poder a) disciplinar. b) regulamentar. c) discricionário. d) de polícia. e) hierárquico. DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO I DOCENTE: ELIANE COSTA DOS SANTOS BAPTISTA SEMESTRES: 9° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO 1. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO Segundo Maria Sylvia, “A expressão regime jurídico da Administração Pública é utilizada para designar, em sentido amplo, os regimes de direito público e de direito privado a que pode submeter-se a Administração Pública. Já a expressão regime jurídico administrativo é reservada tão-somente para abranger o conjunto de traços, de conotações, que tipificam o Direito Administrativo, colocando a Administração Pública numa posição privilegiada, vertical, na relação jurídico-administrativa”. 2. ESPÉCIES DE PRINCÍPIOS (CLASSIFICAÇÃO DE LICÍNIA ROSSI) a) Onivalentes: “são os princípios aplicáveis para qualquer ciência. Exemplificando: “princípios da não contradição” (uma coisa não pode ser e não ao mesmo tempo”. b) Plurivalentes: “são os princípios aplicáveis para um grupo de ciências. Exemplificando: “princípio da causalidade” (é um princípio que informa as ciências naturais). c) Monovalentes: “são os princípios aplicáveis para uma só ciência. Exemplificando: o princípio da legalidade, que é princípio aplicável apenas no âmbito do direito”. c.1) Gerais: “valem só para um ramo da ciência. Exemplificando: o princípio da supremacia do interesse público sobre o particular é aplicado no ramo do direito público”. c.2) Específicos: “valem só para uma parte de um ramo da certa ciência. Exemplificando: princípio da continuidade dos serviços públicos, que vale apenas para o direito administrativo, que um sub-ramo do direito público”. 3.PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 3.1. PRINCÍPIOS EXPRESSOS a) Princípio da LEGALIDADE4 – art. 37, “caput” da CF/88. Nas palavras de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, 4ART. 4º DA DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO: “ A LIBERDADE CONSISTE EM FAZER TUDO AQUILO QUE NÃO PREJUDICA A OUTREM; ASSIM, O EXERCÍCIO DOS DIREITOS NATURAIS DE CADA HOMEM NÃO TEM OUTROS LIMITES QUE OS ASSEGURAM AOS MEMBROS DA SOCIEDADE O GOZO DESSES MESMOS DIREITOS. ESSES LIMITES SOMENTE PODEM SER ESTABELECIDOS EM LEI”. O princípio da legalidade é o postulado basilar de todos os Estados de Direito, consistindo, a rigor, no cerne da própria qualificação destes (o Estado é dito “de Direito” porque sua atuação está integralmente sujeita ao ordenamento jurídico, vigora o “império da lei. Segundo Licína Rossi, Para o direito privado, adota-se um critério de não contradição à lei: é lícito ao particular realizar todas as condutas, excetuadas aquelas que por lei estão proibidas. A legalidade no direito público estabelece que o administrador só pode fazer o que a lei autoriza ou determina; pauta-se, assim, num critério de subordinação a lei. b) Princípio da IMPESSOALIDADE - art. 37, “caput”, II, §1º da CRFB/88, art. 2º “e” da Lei 4.717/65, art. 2º, 18 a 21 da Lei 9.784/99. Para Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, o princípio da impessoalidade deve ser analisado sob dois prismas: a) como determinante da finalidade de toda atuação administrativa (também chamado princípio da finalidade, considerado um princípio constitucional implícito, inserido no princípio expresso da impessoalidade [...] b) como vedação a que o agente se promova às custas das realizações da Administração Pública (vedação à promoção pessoal do Administrador público pelos serviços, obras e outras realizações efetuadas pela Administração). Segundo Lícinia Rossi, a) Não houve posicionamento acerca do nepotismo em CARGOS PÚBLICO; assim,em razão da omissão, continua sendo permitido. Cargos de natureza política não estão envolvidos no enunciado da Súmula Vinculante 13. b) Como o enunciado da súmula inclui até o parentesco em 3º grau, os primos, por exemplo, não são alcançados pela vedação, já que compõe o 4º grau de parentesco. b.1) Enunciado da Súmula Vinculante 13: “A nomeação de cônjuge, companheiro, ou parente, em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta ou indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações, recíprocas, viola a Constituição Federal”. c) Princípio da MORALIDADE - art. 37 da CF/88, Lei 8.429 (Lei de improbidade administrativa), Lei 4.717/65 (Lei de Ação Popular), Lei 7.347/85 (Lei de ação civil pública), Resolução do CNJ nº 7). Segundo Marcelo Alexandrino e Vivente Paulo, “O princípio da moralidade torna jurídica a exigência de atuação ética dos agentes da Administração Pública. A denominada moral administrativa difere da moral comum, justamente por ser jurídica e pela possibilidade de invalidação dos atos administrativos que sejam praticados com inobservância deste princípio”. d) Princípio da PUBLICIDADE – art. 37, “caput”, art. 5º, XIV, XXXV, XXXIV, “a” e “b”, XXXIII, LX, art. 71, I, art. 93, IX da CF/88, art. 2º, parágrafo único, inciso V da Lei 9.87/99.5 De acordo com Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, “O princípio da publicidade também apresenta uma dupla acepção em face do sistema decorrente da Constituição de 1988, a saber: a)exigência de publicação em órgão oficial como requisito de eficácia dos atos administrativos que devam produzir efeitos externos e dos atos que impliquem ônus para o patrimônio público [...]. b)exigência de transparência da atuação administrativa”. Atenção: A publicidade estabelece o início dos efeitos externos do ato administrativo. e) Princípio da EFICIÊNCIA – art. 41, art. 169, art. 37, “caput”, § 3º, art. 5º, LXXVIII, Segundo Maria Sylvia, “O princípio da eficiência apresenta, na realidade, dois aspectos: pode ser considerado em relação ao modo de atuação do agente público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os melhores resultados; e em relação ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública, também com o mesmo objetivo de alcançar os melhores resultados na prestação do serviço público”. Para Dirley da Cunha, o princípio da eficiência determina que a Administração Pública realize a atividade administrativa a partir dos seguintes parâmetros: a) rapidez; b) perfeição; c) rendimento. Nas palavras do doutrinador, a perfeição significa que a atividade administrativa deve ser realizada de maneira satisfatória e completa. “Uma Administração Pública morosa e deficiente se compromete perante o administrador com o dever de indenização pelos danos causados e decorrentes da falta de rapidez e perfeição”. Quanto a rendimento, segundo Dirley da Cunha, a atividade administrativa “deve atuar da forma menos onerosa possível, porém com a máxima produtividade, para alcançar resultados ótimos”. A respeito da rapidez, segundo o doutrinador, a atividade administrativa “deve ser desempenhada de forma rápida para atingir os seus propósitos com celeridade e dinâmica, de modo a afastar qualquer ideia de burocracia”. e.1) Dispositivos constitucionais vinculados ao princípio da eficiência: arts. 41, caput, §1º, III, §4º, 169, 37, §8º, 38, §2º, 39, §7º da CRFB/88. 3.3. PRINCÍPIOS RECONHECIDOS a) Princípio da SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO Segundo Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, 5 Na Lei 9.784/99, o art. 2º, parágrafo único, inciso V, exige, “DIVULGAÇÃO OFICIAL DOS ATOS ADMINISTRATIVOS, RESSALVADAS AS HIPÓTESES DE SIGILO PREVISTAS NA CONSTITUIÇÃO”. “O princípio da supremacia do interesse público é um princípio implícito. Embora não se encontre enunciado no texto constitucional, ele é decorrência das instituições adotadas no Brasil. Com efeito, por força do regime democrático e do sistema representativo, presume-se que toda atuação do Estado democrático e do sistema representativo, presume-se que toda atuação do Estado seja pautada pelo interesse público, cuja determinação deve ser extraída da Constituição e das leis, manifestação da vontade geral. Assim sendo, lógico é que a atuação do Estado subordine os interesses privados”. b) Princípio da INDISPONIBILIDADE, PELA ADMINISTRAÇÃO, DOS INTERESSES PÚBLICOS. De acordo com Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, “O princípio da indisponibilidade do interesse público é um dos dois pilares do denominado regime jurídico-administrativo (o outro é o princípio da supremacia do interesse público, precedentemente estudado). Dele derivam todas as restrições especiais impostas à atividade administrativa. Tais restrições decorrem, exatamente, do fato de não ser a Administração Pública “dona” da coisa pública, e sim mera gestora de bens e interesses alheios (públicos, isto é, do povo)”. c)Princípio da PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE Segundo Dirley da Cunha, “Este princípio, mais conhecido como um atributo do ato administrativo, faz presumir que toda atividade administrativa está em absoluta conformidade, com as normas jurídicas [...]. A presunção de legitimidade não se confunde com a presunção de veracidade, haja vista que a veracidade diz respeito aos fatos declarados pela Administração Pública. Tanto a presunção de legitimidade quanto a de veracidade podem ser contestadas, desde que o administrado prove o contrário, pois são presunções só relativas ou iuris tantum”. d) Princípio da AUTOTUTELA ou TUTELA Nas palavras de Dirley da Cunha, “[...] a Administração Pública pode, diretamente e sem intervenção do Judiciário, rever os seus próprios atos, para corrigi-los, seja quando não mais convenientes e oportunos, seja quando ilegais. Desse modo, pode a Administração Pública revogar os seus atos administrativos por razões de conveniência e oportunidade ou invalidá-los (ou anulá-los como tradicionalmente se diz), quando eivados de ilegalidade”. Súmula 346 STF – A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos. Súmula 473 STF – A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. ATENÇÃO: Não é possível revogar atos inválidos e somente a Administração Pública poderá fazê-lo. d.1) A possibilidade de revisão dos atos da Administração tem prazo? Para Lícinia Rossi, Para proteger o princípio da segurança jurídica, os direitos adquiridos e o princípio da estabilidade das relações jurídicas, vêm sendo criados limites ao exercício da autotutela pela Administração Pública, isto é, a possibilidade de revisão pela Administração de seus próprios atos não pode ser eterna. Em alguns casos, a eterna possibilidade de revisão dos atos administrativos pela Administração revela-se muito mais nociva do que a permanência de tais atos. Sendo assim, o limite para a Administração anular os atos administrativos encontra seu temperamento no art. 54 da Lei 9.784/99, que estabelece: “o direito da Administração de anular os atos administrativos de que decoramefeitos favoráveis para os destinatários decai em 5 anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé”. e)Princípio da MOTIVAÇÃO (art. 93, X da CRFB/88 c/c art. 50 da Lei 9.784/99) Nas palavras de Dirley da Cunha, o princípio da motivação “se traduz na exigência de que todos os atos e decisão” “Cumpre, em esclarecimento preliminar, não confundir motivação com o motivo do ato. Motivo é um dos elementos ou requisitos de ato administrativo que consiste na situação de fato ou de direito que autoriza ou determina a edição do ato. Motivação é a revelação ou exteriorização formal do motivo, integrando a própria forma do ato administrativo (que, na praxe administrativa, integrando a própria forma do ato administrativo (que, na praxe administrativa, vem sob a forma de “considerandos” que antecedem a decisão de expedir o ato). Isto porque a motivação consiste na exposição, por escrito (que é a forma do ato), do motivo do ato administrativo [...]. Enfim, via de regra, o ato administrativo deve ser sempre motivado [...]. Contudo, a própria Constituição abre algumas exceções ao princípio da motivação obrigatória dos atos administrativos: os cargos em comissão, por exemplo, são de livre nomeação e exoneração ou de função de confiança não precisa ser motivado”. g)Princípio da CONTINUIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS (art. 6º, §1º, da Lei 8987/95) Para Dirley da Cunha, é “dever da Administração Pública não só prestar os serviços públicos mas disponibilizá-los aos administrados continuamente, sem interrupções”. Segundo Matheus Carvalho, [...] os servidores militares não têm direito de greve nem de sindicalização, por expressa vedação constitucional, sejam eles das forças armadas ou policiais militares estaduais e integrantes do corpo de bombeiros militar dos estados. A norma está definida no art. 142, §3 º, IV, da Carta Magna que dispõe que ao ‘militar são proibidas a sindicalização e a greve. ATENÇÃO: - NOTÍCIA DO STF, DE 7 DE ABRIL DE 2014, REJEITOU AÇÃO EM QUE POLICIAIS CIVIS PEDIAM RECONHECIMENTO DO DIREITO DE GREVE – STF, MANDADO DE INJUNÇÃO 774. - NOTÍCIA DO STF, DE 18 DE MARÇO DE 2014, RECONHECEU A DECISÃO QUE AUTORIZOU CORTE DE PONTO POR PARALISAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL. h)Princípio da FINALIDADE PÚBLICA De acordo com Dirley da Cunha, a Administração Pública “só existe e se justifica para atender a um fim público, que é resultado que se busca alcançar com a prática do ato, e que consiste em satisfazer, em caráter geral e especial, os interesses da coletividade [...]”. h.3) Desvio de finalidade genérico acontece “quando a Administração Pública deixa simplesmente de atender ao interesse público [...]”. h.4) Desvio de finalidade específico acontece “quando a Administração pública desatende a finalidade indicada na lei, objetivando outra, ainda que pública”. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA: 1. ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016. 2. CARVALHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2016. 3. CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. 3ª. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016. 4. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2015. 5. DA CUNHA JÚNIOR, Dirley. Curso de Direito Administrativo. Salvador: JusPODIVM, 2007. 6. GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 13º.ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 7. MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo Brasileiro. 34ª. Ed. São Paulo: Malheiros, 2008. 8. ROSSI, Licínia. Manual de Direito Administrativo. 3ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO I DOCENTE: ELIANE COSTA DOS SANTOS BAPTISTA SEMESTRES: 9° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTACIO DA BAHIA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA 1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, CONCESSÕES, PERMISSÕES E TERCEIRO SETOR Segundo Rafael Carvalho Rezende Oliveira, a organização administrativa em setores pode ser assim considerada: “1º. Setor: Estado (Administração Pública Direta e Administração Pública indireta); 2º. Setor: mercado (concessionários e permissionários de serviços públicos); 3º. Setor: sociedade civil (Sistema “S’, “OS”, “OSCIPs” etc).” 2. DESCENTRALIZAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO De acordo com Maria Sylvia, descentralização “é a distribuição de competência de uma para outra pessoa, física ou jurídica”. Quanto à desconcentração, pode-se afirmar que é uma “distribuição de competência dentro da mesma pessoa jurídica”. 3. DISTINÇÃO ENTRE ADMINISTRAÇÃO DIRETA E A ADMINISTRAÇÃO INDIRETA e ENTIDADES PARAESTATAIS Segundo Marcelo Alexandrino, a administração direta “é o conjunto de órgãos que integram as pessoas políticas do Estado (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), aos quais foi atribuída a competência para o exercício, de forma centralizada, de atividade administrativa. Administração indireta é o conjunto de pessoas jurídicas(desprovidas de autonomia política) que, vinculadas à administração direta, têm a competência para o exercício, de forma descentralizada, de atividades administrativas [...]. Ao lado da estrutura da administração pública brasileira, positivada em nosso ordenamento jurídico, são objeto de estudo do direito administrativo determinados entes privados que, sem integrarem a administração direta ou a administração indireta, colaboram com o Estado no desempenho de atividades de interesse público, de natureza não lucrativa. São as chamadas entidades paraestatais, que compreendem: serviços sociais autônomos (SESI, SESC, SENAI, etc,), as organizações sociais, as organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP) e as denominadas “entidades de apoio”. 4.MODALIDADES DE DESCENTRALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA 4.1. DESCENTRALIZAÇÃO POR OUTORGA, POR SERVIÇO OU DESCENTRALIZAÇAO FUNCIONAL De acordo com Matheus Carvalho, a doutrina majoritária reconhece a outorga “para pessoas jurídicas de direito público, como as autarquias ou fundações públicas de direito público, as quais se tornam titulares do serviço a elas transferido, executando essas atividades por sua conta e risco, sem, contudo, excluir o controle dos entes federativos. A outorga, também denominada de descentralização por serviço ou descentralização funcional, é feita sempre mediante edição de lei específica que cria essas entidades e a elas transfere a atividade pública [...]”. 4.2. DESCENTRALIZAÇÃO POR DELEGAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO POR COLABORAÇÃO De acordo com Matheus Carvalho, “A delegação, chamada de descentralização por colaboração, pode ser efetivada por meio da edição de lei – no caso de entes da Administração Indireta de direito privado – ou mediante contratos de concessão e permissão de serviços públicos, quando a delegação é realizada a particulares, previamente existentes”. DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO I DOCENTE: ELIANE COSTA DOS SANTOS BAPTISTA SEMESTRES: 9° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTACIO DA BAHIA ADMINISTRAÇÃO DIRETA ÓRGÃOS PÚBLICOS 1. CONCEITO Nas palavras de Dirley da Cunha, “órgão público consiste num centro ou círculo de competências ou atribuições, despersonalizado e instituído por lei para o desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertence”.2. ÓRGÃO, ENTIDADE E AUTORIDADE: CONCEITOS (Lei 9.784/99) a) Órgão: a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta. b) Entidade: a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica. c) Autoridade: o servidor ou agente público dotado de poder de decisão. 4. TEORIAS SOBRE AS RELAÇÕES DO ESTADO COM OS AGENTES PÚBLICOS 3.1. TEORIAS Segundo José dos Santos Carvalho, a) Teoria do mandato considera que o agente público era o mandatário da pessoa jurídica “(teoria do mandato). Não podia prosperar a teoria porque, despido de vontade, não poderia o Estado outorgar mandato”. b) Teoria da representação defende que o agente público é legalmente o representante do Estado. “[....] Acerbas foram também as críticas a essa teoria. Primeiro, porque o Estado estaria sendo considerado como uma pessoa incapaz, que precisa da representação. Depois, porque se o dito representante exorbitasse de seus poderes, não poderia atribuir responsabilidade ao Estado, este como representado. A solução seria, à evidência, iníqua e inconveniente”. c) Teoria do órgão “Por inspiração do jurista OTTO GIERKE, foi instituída a teoria do órgão, e segundo ela a vontade da pessoa jurídica deve ser atribuída aos órgãos que a compõem, sendo eles mesmos, os órgãos, compostos de agentes”. 4.CARACTERÍSTICAS DA TEORIA DO ÓRGÃO De acordo com Santos Carvalho, “A característica fundamental da teoria do órgão consiste no princípio da imputação volitiva, ou seja, a vontade do órgão público é imputada à pessoa jurídica a cuja estrutura pertence. Há, pois, uma relação jurídica externa, entre a pessoa jurídica e outras pessoas, e uma relação interna, que vincula o órgão à pessoa jurídica a que pertence. A teoria tem aplicação concreta na hipótese da chamada função de fato. Desde que a atividade provenha de um órgão, não tem relevância o fato de ter sido exercida por um agente que não tenha investidura legítima. Bastam a aparência da investidura e o exercício da atividade pelo órgão: nesse caso, os efeitos da conduta vão ser imputados à pessoa jurídica”. 5. CRIAÇÃO E EXTINÇÃO (art. 48, XI, art. 84, VI, “a”, art. 61 §1º, §1º, II, “e”, art. 51,, IV, art. 52, XII) 6. CAPACIDADE PROCESSUAL (art. 70º do CPC, art. 82 do CDC) Para Santos Carvalho, “De algum tempo para cá, todavia, tem evoluído a ideia de conferir capacidade a órgãos públicos para certos litígios. Um desses casos é o da impetração de mandado de segurança por órgãos públicos da natureza constitucional, quando se trata da defesa de sua competência, violada por ato de outro órgão”. 7. CLASSIFICAÇÃO (na visão de Dirley da Cunha) 7.1. Quanto à posição estatal: a) Independentes “são os que se situam no topo da pirâmide da organização política e administrativa do Estado. São órgãos originários da Constituição [...]”. Exemplos: Casas Legislativas, Chefias do Executivo, Tribunais do Poder Judiciário, “Ministério Público” e “Tribunais de Contas”. b) Autônomos “são aqueles que se situam logo abaixo dos órgãos independnetes e diretamente subordinados a estes. Gozam de relativa autonomia, não na mesma intensidade dos órgãos independentes, e exercem funções de planejamento, supervisão, coordenação e controle de atividades afetas à sua competência [...]”. Exemplos, Secretarias Municipais, Ministérios, Controladoria-Geral da União, Advocacia-Geral da União”. c) Superiores “são órgãos de direção, porém sem autonomia administrativa e financeira. Sujeitam-se aos órgãos independentes e autônomos, compondo o primeiro escalão orgânico da estrutura dos órgãos independentes e autônomos”. Exemplos: Gabinetes, Secretarias-Gerais, Procuradorias Administrativas e Coordenadorias. d) Subalternos “são aqueles que se encontram na base da estrutura orgânica da Administração Pública e exercem atividades materiais ou de execução [...]”. 7.2. Quanto à esfera de ação: a) Centrais “são os que têm atuação em todo o território nacional, estadual e municipal. Quer dizer, o âmbito de competência desses coincide com o próprio domínio político da entidade estatal a que pertence [...]”. b) Locais “ são os que têm atuação somente em parte do território federal, estadual e municipal [...]”. 7.3. Quanto à estrutura: a) Simples ou unitários é considerado com um “único centro de competência, sem subdivisão interna. Quer dizer, inexiste outro órgão compondo”. Exemplo: Presidência da República. b) Composto é aquele composto por diversos centros de competência. Isto é, são constituídos por vários outros órgãos [...]”. Exemplo: Secretarias. 7.4. Quanto à composição: a) Singulares ou unipessoais, “[...] pode haver vários agentes auxiliares, mas o desempenho da função precípua cabe a apenas um agente investido com titular”. Exemplo: Prefeitura Municipal. b) Coletivos “[...] há mais de um agente responsável pela formação da vontade do órgão”. Exemplo: Tribunal administrativo. 7.5. Quanto à atividade (Alexandre Mazza): a) Ativos: “promovem a execução de decisões administrativas. Exemplo: órgãos de controle de realização de obras públicas”. b) Consultivos: “desempenham atividade de assessoria e aconselhamento a autoridades administrativas, emitindo pareceres e respondendo a consultas. Exemplo: Conselho de Defesa Nacional”. c) Controles: “responsáveis pela fiscalização das atividades de outros órgãos. Exemplo: Tribunais de Contas, Corregedorias e Controladoria-Geral da União”.[ 7.6. Quanto à situação estrutural (Alexandre Mazza): a) Diretivos: “exercem função de comando e direção”. Exemplo: Presidência da República. b) Subordinação: “desempenham tarefas rotineiras de mera execução”. Exemplo: Departamento Pessoal. 7.7. Natureza especial dos Tribunais de Contas, do Ministério Público e das Defensorias Públicas. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS APONTADAS POR ALEXANDRE MAZZA a) Órgãos primários ou independentes. b) Não integram a Tripartição dos Poderes. c) São destituídos de personalidade jurídica. d) Gozam de capacidade processual. e) Mantêm relação jurídica direta com entidade federativa. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA: 1. ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016. 2. CARVALHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2016. 3. CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. 3ª. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016. 4. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2015. 5. DA CUNHA JÚNIOR, Dirley. Curso de Direito Administrativo. Salvador: JusPODIVM, 2007. 6. GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 13º.ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 7. MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo Brasileiro. 34ª. Ed. São Paulo: Malheiros, 2008. 8. ROSSI, Licínia. Manual de Direito Administrativo. 3ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO I DOCENTE: ELIANE COSTA DOS SANTOS BAPTISTA SEMESTRES: 9° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTACIO DA BAHIA DAS ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA 1. ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA Segundo Matheus Carvalho, a Administração Indireta “decorre da descentralização por serviço (descentralização administrativa). Consiste na instituição, pelo Estado, por meio de lei, de uma pessoa jurídica de direito público ou privado à qual se atribui a titularidade e execução de determinado serviço público, consoante dispõe o art. 4º do Decreto-lei n. 200/67”. 1.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS (de acordo com Matheus Carvalho) a) Personalidade jurídica: “não se confundem com os entes da administraçãodireta que os criou”. b) Patrimônio próprio: “possuem patrimônio próprio, quando da sua criação, e a entidade responsável transfere parte de seu patrimônio que passa a pertencer ao novo ente independente e este novo ente terá liberdade para utilizá-lo”. c) Capacidade de autoadministração: “terão autonomia técnica e administrativa, além de efetivarem a nomeação de seus agentes, em concurso específico, com plano de carreira e atribuições definidas, possuindo, portanto, seu próprio corpo de pessoal”. d) Criação e extinção: depende de lei específica. “Importante frisar que a lei específica CRIA as autarquias (basta a aprovação da lei para a pessoa jurídica passar a existir) e a lei específica AUTORIZA A CRIAÇÃO dos demais entes [...]”. e) Finalidade pública: “Isso porque essas entidades têm finalidade especificada na própria lei responsável pela criação, estando vinculada ao fim que a instituiu”. f) Controle: f.1) Nomenclaturas: Segundo Matheus Carvalho, “Este controle pode ser denominado “controle finalístico” (porque não é limitado e diz respeito à finalidade da entidade). Também pode ser designado como vinculação ou tutela administrativa e, ainda, no âmbito federal, pode ser utilizado o designativo de supervisão ministerial, haja vista o fato de que essa tutela é exercida no âmbito dos ministérios responsáveis pelo serviço que é exercido pelo ente controlado”. f.2) Finalidade do controle: Segundo Fernanda Marinela, o controle consiste em “assegurar o cumprimento dos objetivos fixados em seus atos de criação; harmonizar sua atuação com a política e programação do Governo; zelar pela obtenção de eficiência administrativa; zelar pela autonomia administrativa, operacional e financeira”.c f.3) Tipos de controle: Segundo Rafael Carvalho Rezende Oliveira, existem três tipos de controle: “a)controle político: os dirigentes das entidades administrativas são escolhidos e nomeados, livremente, pela autoridade competente da Administração Direta. Por outro lado, a exoneração desses dirigentes é ad nutum, ou seja, não depende de motivação. É claro que existem casos em que a legislação exige procedimento diferenciado para a nomeação e para a exoneração de dirigentes, diminuindo a inferência política sobre a entidade, como ocorre, por exemplo, nas agências reguladoras. b) controle administrativo e finalístico: as entidades administrativas devem atender as finalidades que justificaram a sua instituição e que constam da respectiva legislação [...]. c) controle financeiro: as contas das entidades administrativas serão controladas pelos órgãos competentes, notadamente o respectivo Tribunal de Contas”. f.4) Vinculação (controle e tutela) x subordinação (hierarquia): Segundo Rafael Carvalho Rezende Oliveira, “Não se deve confundir vinculação (controle ou tutela) entre as entre as entidades administrativas e o Ente central com a subordinação (hierarquia), pois a subordinação (hierarquia) existe apenas entre órgãos de uma mesma pessoa jurídica. Por isso, a hierarquia existe em toda e qualquer desconcentração administrativa, seja entre órgãos da Administração Direta, seja no interior de determinada entidade da Administração Indireta. Entre pessoas jurídicas distintas, no entanto, em razão da autonomia dessas entidades, não existe hierarquia, mas somente os controles previstos expressamente na legislação. Em consequência, não existe hierarquia na descentralização administrativa, mas apenas instrumentos de vinculação (controle ou tutela). f.4.1.) Principais diferenças entre tutela e hierarquia apresentadas por Rafael Carvalho “a) a tutela não se presume (depende de previsão legal); a hierarquia é inerente à organização interna dos Entes federados e entidades administrativas (não depende de previsão legal); b) a tutela pressupõe a existência de duas pessoas jurídicas, onde uma exerce o controle sobre a outra (fruto da descentralização administrativa); a hierarquia existe no interior de uma mesma pessoa (relaciona-se com a idéia de descentralização); c) a tutela é condicionada pela lei, só admitindo os instrumentos de controle expressamente previstos em lei; a hierarquia é incondicionada, sendo-lhe inerente uma série de poderes administrativos (ex.: dar ordens, rever os atos dos subordinados, avocara ou delegar atribuições)”. f.5. Recurso hierárquico próprio x recurso hierárquico impróprio Segundo Matheus Carvalho, “Neste diapasão, um particular requer um benefício perante um agente do INSS. O pedido é negado. É interposto recurso para o dirigente do INSS. Da decisão deste dirigente, é possível a interposição de recurso, nos moldes da lei e esse recurso decorre da hierarquia existente entre os agentes desta pessoa jurídica. Sendo assim, pode-se falar que o recurso é efetivamente hierárquico e, portanto, designado pela doutrina como – recurso hierárquico próprio. Se, nesta decisão, houver ilegalidade ou abuso de poder, será apresentado recurso para o Ministério Supervisor (administração direta), desde que haja previsão legal expressa – Apesar de não decorrer da hierarquia, a lei chama esta manifestação de recurso hierárquico. Por esta razão denomina-se recurso hierárquico impróprio. Aqui há controle restrito dentro do controle de finalidade, não havendo manifestação de hierarquia”. 1. AUTARQUIA 1.1. O VOCÁBULO AUTARQUIA Nas palavras de José Cretella Júnior, o termo autarquia vem do grego: autos (=próprio) e arquia (=comando, governo, direção). 2.2. CONCEITO Segundo Maria Sylvia Di Pietro, a autarquia é “pessoa jurídica de direito público, criada por lei, com capacidade de auto-administração, para o desempenho de serviço público descentralizado, mediante controle administrativo exercido nos limites da lei.”. São exemplos de autarquias: Instituto Nacional do Seguro Social – INSS; Banco Central (BACEN); Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA); Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE; Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA); USP; UFRJ. 3.3. CARACTERÍSTICAS De acordo com Maria Sylvia Di Pietro, “1.criação por lei; personalidade jurídica pública; 3. capacidade de auto-administração; especialização dos fins ou atividades; 4. sujeição a controle ou tutela.” 3.3. REGIME JURÍDICO 3.3.1. Forma de criação (art. 37, XIX, art. 61 § 1º) Segundo Rafael Carvalho Rezende Oliveira, “A sua personalidade jurídica começa com a vigência da lei criadora, não sendo necessária a inscrição dos atos constitutivos no Registro competente [...]. A reserva legal, exigida para a instituição da autarquia, não impede que o detalhamento da sua estruturação interna seja estabelecido por ato administrativo normalmente Decreto”. 3.3.2. Natureza jurídica 3.3.3. Patrimônio (art. 129, III, art.71, II e art. 183, §3º e art. 191, parágrafo único da CRFB/88, art. 98 do Código Civil) Segundo Rafael Rezende, “O patrimônio das autarquias é constituído por bens públicos, na forma do art. 98 do CC. Em consequência, os bens autárquicos estão subordinados ao regime jurídico diferenciado dos bens públicos em geral e possuem as seguintes características”: a) Alienabilidade condicionada pela lei ou inalienabilidade relativa (arts. 100 e 101 do CC; art. 17 da Lei 8.666/93); b) Impenhorabilidade (art. 100 CRFB e art. 730 do CPC). Segundo Rafael Carvalho Rezende Oliveira, “os bens autárquicos não são passíveis de constrição judicial, pois a alienação, conforme já assinalado, depende do cumprimento das exigências legais e o pagamento decorrente da decisão judicial, transitada em julgado, deve seguir a ordem do precatório
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