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Artigo Le Corbusier- Plano Voisin a Ville Radieuse

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PENSAMENTO URBANISTICO DE LE CORBUSIER: PLANO VOISIN ‘A VILLE RADIEUSE
	
LE CORBUSIER URBANISTIC THOUGHT: PLAN VOISIN AND VILLE RADIEUSE
Julia Frecchiane Alves Wanderlei
Universidade de Brasilia
juliafrechiane@gmail.com
RESUMO
 Análise da maneira de evolução do Modernismo no século XX, com as vanguardas e conferências realizadas para unir todos os arquitetos que compartilhavam as mesmas ideologias CIAM (Conferência Internacional de Arquitetura Moderna); Le Corbusier se destaca por suas utopias e maneira de se planejar o ambiente urbano. Usando a metodologia de análise de plantas e do andar da história verifica-se que seus planos utópicos, Plano Voisin e Ville Radieuse, dificilmente seriam implementados pois seria necessário um grande financiador. Com a necessidade de uma tabula rasa para suas construções urbanísticas e a aprovação de algum Estado para suas obras, avalia-se que seus planos continham zoneamentos segregacionistas, diminuindo assim a proximidade entre o modo de habitar e o modo de viver na Ville Radieuse.
Palavras-chave
Le Corbusier, Plano Voisin, Ville Radieuse,CIAM, Modernismo.
Abstract
Analysis on the evolution of Modernism throughout the XX century, with the avant-garde and conferences realized in order to unite all architects that shared the same ideologies. CIAM (International Conference of Modern Architecture); Le Corbusier stands out due to his utopias and ways of planning the urban environment. Using a methodology of analysis with floor plants and the continuity of history it is verifiable how utopic his plans were; Plan Voisin and Ville Radieuse would hardly be implemented for its necessity of huge sponsors.With the necessity of a Tabula Rasa for its urban constructions and the approval of a State for its works. Its plans held segregating zoning, diminishing the proximity between the way to inhabit and the way of living in the Ville Radieuse.
Keywords
Le Corbusier, Plan Voisin, Ville Radieuse, CIAM, Modernism.
Introdução
 O século XX é marcado entre muitos acontecimentos pelo advento do movimento Modernista cuja transformação se veria em diversas áreas do conhecimento humano. De cunho político-social, a corrente é movida por um sentido utópico em resposta à grave crise global vivenciada na sua contemporaneidade. No âmbito da arquitetura, surge a célebre figura de Le Corbusier, entre outros, com novas propostas de soluções funcionais, estéticas e teóricas. Em base ao princípio que a estrutura da cidade é responsável por ditar o comportamento individual e colectivo, os avanços tecnológicos, e a progressão de suas ideias que Corbusier chega a alguns de seus projetos mais ousados; como o “Plano Voisin” e a “Ville Radieuse”.
	Le Corbusier, nome artístico adotado por Charles-Édouard Jeanneret, foi um artista plástico, arquiteto e urbanista moderno. Nascido na Suíça em 1887 e nacionalizado francês em 1930, país onde viveu e desenvolveu alguns de seus trabalhos mais importantes. Introduzido a ciência e a arte da arquitetura de forma autodidata através de livros, muitas de suas ideias surgiram também de viagens que fez por países distintos, o que lhe permitiu ampliar sua visão de mundo e acerca das diferentes manifestações arquitetônicas. Viajar também lhe permitiu estabelecer relações profissionais com seus contemporâneos e fazer contatos com governos estrangeiros dispostos a implementar seus projetos.
	
Contexto histórico, surgimento do CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna)
 Na sua personalidade forte a liderança nata era um de seus principais traços. Fundou o CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna), principal associação da arquitetura modernista e realizou palestras e conferências para a mesma. Seu caráter ideológico e sonhador mostrou excessiva influência em vários dos profissionais em sua volta e que o sucederam eventualmente. 
 Devido a crise emergente de 1929, viu-se necessário um novo modelo de consumo, de habitação e de produção de espaço voltado para as urgências sociais da época. Grupo de arquitetos se reuniram para transformar a crise em ideias que iriam revolucionar o modo de se planejar cidades.
 As atividades do CIAM e o desenvolvimento dos projetos idealizadores de Le Corbusier se dão maioritariamente num período entre guerras. A Europa, e a França em específico, enfrentavam crises políticas e financeiras que repercutiam no ramo da construção civil, se por um lado havia necessidade de projetar a reconstrução de cidades, por outro, a falta de recursos servia de empecilho. Na Depressão econômica de 1929, o arquiteto devotou seu tempo a teoria e aos estudos, que com o CIAM procurava “academizar” o modernismo. Nos anos que prosseguiram, canalizou suas principais teorias em uma só obra utópica; a criação da cidade do futuro. Le Corbusier iniciou diálogos e inclinava-se com a extrema direita de Benito Mussolini e Adolf Hitler, o que por motivos óbvios causou polêmica em sua carreira e em seu legado. A ascensão de ditaduras Fascistas e Comunistas não só traziam tensão ao cenário, mas oportunidades de novos modelos urbanísticos capazes de transformarem a estrutura de classes e o comportamento das massas. O Estado também era visto como o patrocinador ideal de seus projetos de tamanha dimensão. No entanto, nenhum de seus planos revolucionários foi implementado na Europa entre guerras.
 Anos mais tarde, as ideias centrais da Cidade Radiante seriam implementadas sob a direção do próprio autor em Chandigarh, na Índia recém-liberta. Em Brasília, de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, Corbusier até chegou a ser cogitado para a planificação, porém sua colaboração não passou da influência de seus princípios. Os pontos cardinais do urbanismo racionalista da Cidade Radiante encontram-se na Carta de Atenas, escrita para sintetizar as conferências da quarta edição da CIAM, em que Corbusier, de forma anônima, mistura suas concepções pessoais. 
 Com o progresso da tecnologia e das técnicas industriais surge no fim do século XIX, a arquitetura moderna. A revolução industrial traz o uso do ferro de forma intensa e da produção de outros materiais como o aço e concreto armado, o que possibilita novas formas de se projetar edificações nunca antes vistas, aliado a isso, está a agilidade no processo industrial.
 Com o crescimento das cidades europeias no século XIX, viu-se necessário uma nova forma de habitar. A alta densidade populacional nos centros das cidades fez com que houvesse uma verticalização dos prédios, portanto o uso do ferro proporcionou a criação de estruturas maiores e mais ousadas.
 No início do século XX entre os anos 1910 e 1950 surgem escolas arquitetônicas e movimentos que dão início ao modernismo, em que não há uma ideologia moderna única. Mais tarde esses grupos que se originavam de vários países se reúnem no Congresso Internacional de Arquitetura Moderna, o CIAM. Um dos seus princípios seria o rompimento e rejeição com toda a arquitetura anterior ao movimento, tal afirmação faz parte do discurso de Le Corbusier e Adolf Loos.
 Os modernistas viam no ornamento , uma característica típica dos estilos históricos, o que achavam que devia ser algo combatido por ser uma arquitetura preocupada com o superficial e supérfluo. Projetar uma arquitetura sem ornamentos tornou-se um objetivo para alguns arquitetos da época. Os Modernistas almejavam o racionalismo e funcionalismo em seus projetos, sendo que as obras deste estilo apresentavam como características comuns formas geométricas definidas, sem ornamentos; separação entre estrutura e vedação; uso de pilotis a fim de liberar o espaço sob o edifício; panos de vidro contínuos nas fachadas ao invés de janelas tradicionais; integração da arquitetura com o entorno pelo paisagismo, e com as outras artes plásticas através do emprego de painéis de azulejo decorados, murais e esculturas. A arquitetura moderna não se restringiu somente às suas áreas,pois veio a ser um movimento global acerca de outros aspectos como o social, econômico e artístico.Le Corbusier fazia parte da escola funcionalista subordinando a função à forma, sempre relacionando a forma harmoniosamente conectada com a função.
Plano Voisin
Figura 1- Plano Voisin
 Os elementos, traçado e rua, foram os componentes fundamentais dos planos e intervenções urbanas que Corbusier planejou. Na cidade tradicional, rua e edifício são partes dependentes. A arquitetura molda a rua, a forma da arquitetura é a forma da cidade. Na cidade do século XIX, o traçado viário se forma como um sistema autônomo, como uma instalação prévia à construção dos edifícios. Mas ainda assim os edifícios construídos posteriormente confirmam o traçado e concretizam o tecido.
	Na cidade do Movimento Moderno, essas duas partes, o traçado e a rua se tornam independentes. O traçado se transforma em uma forma geométrica abstrata – formada por vias projetadas sobre o plano horizontal, sem possibilidade de percepção na terceira dimensão. A forma da cidade não possui nenhum paralelo com a forma das edificações. Nos planos de Le Corbusier não existe nenhum tecido, nenhum primeiro plano. Em vez disso, existe uma floresta ou parque por meio do qual se vêem, ao longe, os blocos residenciais ou de escritórios. Le Corbusier escreve sobre o Plano Voisin:
 Eu gostaria de fazer um retrato da [rua] contemporânea. Leitores, imaginem-se caminhando nessa nova cidade e aclimatem-se às suas vantagens. Vocês estão sob a sombra das árvores, vastos gramados se estendem à sua volta. O ar é límpido e puro; não há ruídos. Como? Vocês não conseguem ver onde os edifícios estão? Olhem através das ramas das árvores, através do encantador arabesco formado pela trama dos galhos contra o céu, a grandes distâncias entre si, as gigantescas massas de cristal, mais altas que qualquer edifício do mundo. Esses prismas translúcidos parecem flutuar no ar sem qualquer ancoragem no solo – cintilantes sob o brilho do sol de verão, suavemente brilhantes sob o céu cinza do inverno, magicamente reluzentes ao entardecer – são enormes blocos de escritórios ... Ao possuir esta cidade uma densidade três ou quatro vezes maior que as cidades existentes, as distâncias a percorrer são três ou quatro vezes menores. Apenas 5-10 por cento da superfície do centro de negócios está construída. Esta é a razão pela qual vocês se encontram caminhando entre espaçosos parques e longe das barulhentas autopistas. (CORBUSIER,1925)
Figura 2- Croqui do Plano Voisin
Figura 3- Explicação das áreas do plano 
	O plano Voisin contava com demolir o centro de Paris na década de 1920. Haviam distritos sofrendo intensamente com a falta de saneamento, doenças, como a tuberculose, e superlotação nas suas habitações.
 Le Corbusier queria substituir esse problema urbano por algo incrível. O plano continha 18 torres de escritórios de vidro cruciformes, colocadas em uma planta retangular em um enorme espaço verde tipo parque, com shoppings de três níveis para pedestres com terraços colocados intermitentemente entre eles. Extendendo-se perpendicularmente ao oeste, haveria um retângulo adjacente de edifícios residenciais, governamentais e culturais de baixa elevação em meio a um espaço mais verde. O novo desenvolvimento seria integrado com linhas de rodovias, trem e metrô, bem como um aeroporto, tornando esta área a primeira coisa que a maioria dos visitantes da cidade veria. A nova área de escritórios seria o centro de negócios da cidade, do país e do mundo. A área habitacional ao lado seria o lar da elite comercial mundial.
 
A Paris de amanhã pode ser magnificamente igual à marcha dos eventos que, dia a dia, nos aproxima do início de um novo contrato social. (CORBUSIER)
	Para financiar o projeto, Le Corbusier contou com o investimento da elite francesa, garantindo um aumento de cinco vezes no valor do terreno. Quanto aos habitantes da área que queria destruir, o arquiteto disse que esses "trogloditas" poderiam ser transferidos para cidades jardim na periferia de Paris.
 Quanto às preocupações com o nivelamento de um bairro histórico, Le Corbusier insistiu em que a melhor arquitetura da cidade - incluindo o Palais Royal, a Place des Vosges e certas casas e igrejas - seriam salvas.
 O plano tinha quatro idéias gerais: o centro da cidade deve ser descongestionado, a densidade deve ser maior, a circulação e a mobilidade deve ser melhorada, e os espaços abertos devem ser aumentados.
 A área planejada é altamente estruturada com duas novas artérias de circulação de tráfego avançando através da cidade, uma no leste-oeste, outro no eixo norte-sul. O seu papel não se limita à organização de Paris, eles têm o objetivo de se conectar da capital para os quatro cantos do país, as grandes cidades francesas e europeias. O cruzamento na junção das duas ruas é o centro do mapa, o centro da cidade, no centro da França. Esta questão da centralidade é o cerne do projeto de Le Corbusier. Por conta de seu radicalismo no que diz respeito a destruição do centro de Paris e o seu substituto inovador, houve oposição em relação a realização do projeto. Porém os conceitos referentes ao Plano Voisin seriam posteriormente elaborados com mais detalhe e precisão no centro de Ville Radieuse. 
Os cinco novos pontos da arquitetura
 Entre suas inúmeras contribuições Le Corbusier cria os “cinco novos pontos da arquitetura”. Elaborados em 1926 foram aplicado em 1928 no seu projecto da Ville Savoye. 
 Os cinco princípios dão suporte a planificação dos prédios que eventualmente constituiriam a cidade do futuro. Tais pontos revolucionariam a arquitetura ao permitir-lhes maior liberdade de criação devido a independência dos elementos construtivos. Eles são;
Figura 4- Vila Savoye
1.	Pilotis: permeabilidade visual e física no nível térreo, liberando o edifício do solo e tornando público o uso deste espaço antes ocupado, permitindo a livre circulação de pedestres;
2.	Terraço jardim: traz uma função ao telhado transformando as coberturas em terraços habitáveis, áreas de lazer, convívio social e de permanência, em contraposição aos telhados inclinados das construções tradicionais;
Figura 5- Terraco Jardim
Planta livre: desvinculação de estruturas e paredes divisórias ocasionando independência entre elas e possibilitando maior diversidade dos espaços internos, bem como mais flexibilidade na sua articulação;
Figura 6- Perspectiva interna da planta livre de Vila Savoye
4.	Fachada livre: consequência da planta livre, permitindo independência entre estrutura e paredes, possibilitando a máxima abertura das paredes externas em vidro, em contraste às maciças alvenarias que recebiam todos os esforços estruturais dos edifícios; 
	
5.	A janela em fita: com a independência da fachada , faz-se possível a abertura inovadora das janelas. A janela em fita tem principal característica enquadrar as vistas do entorno, se trata de aberturas longilíneas que cortam toda a extensão do edifício, permitindo iluminação mais uniforme e diminuindo a ornamentação que os modernistas achavam desnecessária.
	Esses cinco pontos definiram de certo modo a criação das suas primeiras casas, na definição de um repertório formal que se adequasse às novas possibilidades tecnológicas recém-surgidas, principalmente a impermeabilização e as estruturas em concreto armado.
Tais pontos viraram características a serem implementadas por outros arquitetos modernistas como, por exemplo , Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.
Ville Radieuse
Figura 7- Ville Radieuse
 Ville Radieuse foi um plano habitacional formulado por Le Corbusier em 1930. Agora por ser um membro do CIAM ele propõe esse plano como um modelo de reforma social. Mais tarde em 1933, ele irá incorporar os princípios da Ville no seu documento ”A Carta de Atenas”. A edificação da cidade teria que ser construída numa tabula rasa para assim inicia-la do zero, anulando toda e qualquer possibilidade de uma situação habitacional pré-existente.
 Ville Radieuse era uma cidade linear baseada na forma do corpo humano com cabeça, espinha, braçose pernas. O projeto manteve a idéia de blocos de habitação de alto nível, livre circulação e abundantes espaços verdes propostos em seu trabalho anterior. Os blocos de alojamento foram colocados em longas filas entrando e saindo. Eles estavam vidrados no lado sul e foram planejados em pilotis, tinham terraços e pistas de corrida em seus telhados. A cidade do futuro não somente proporcionaria aos moradores um modo de vida melhor, mas contribuiria para criar uma sociedade melhor.Radical, rigorosa e com aspectos totalitários, a simetria e padronização dos princípios propostos por Le Corbusier tiveram uma grande influência na arquitetura moderna e levaram a uma nova forma de habitações de alta densidade.
Figura 8- Planta Ville Radieuse
 No centro do plano de Le Corbusier estava a noção de zoneamento: uma divisão estrita da cidade em áreas segregadas comerciais, de negócios , de entretenimento e residenciais. A área de negócios estava localizada no centro e continha arranha-céus monolíticos, cada um com uma altura de 200 metros e acomodando cinco mil a oitenta mil pessoas. Localizado no centro desta área cívica estava o principal convés de transporte, do qual um vasto sistema subterrâneo de trens transportaria os cidadãos para áreas residenciais circundantes. 
Figura 9- Perspectiva do centro
 Os distritos habitacionais contêm prédios de apartamentos pré-fabricados, conhecidos como "Unités".Alcançando uma altura de cinqüenta metros, um único Unité poderia acomodar 2.700 habitantes e funcionar como uma vila vertical: instalações de restaurantes e lavanderia seriam no térreo, um Jardim de infância e uma piscina no telhado. Os parques existiriam entre as Unités, permitindo que os moradores possuíssem um máximo de luz natural, um mínimo de barulho e facilidades recreativas à sua disposição.
 Corbusier conceitua o equilíbrio dos dois opostos do espectro; luz e sombra, cidade e jardins, máquina e místico, continuidade e ruptura, arte e ciência, individual e colectivo. Queria aproximar o homem urbano aos luxos de uma vida simples e ordenada graças ao ambiente em que transita. Via o contacto com a natureza um grande diferencial na qualidade de vida. De forma poética escreve:
	A Cidade Radiante, inspirada por leis físicas e humanas, propõe trazer prazeres essenciais ao homem da era da máquina…
Sol na casa,
a vista do céu através de largas janelas,
árvores que ele possa ver de sua casa.
Eu digo que os materiais do desenho urbano são:
sol
céu
árvores
aço
cemento
nessa ordem de importância. (CORBUSIER)
	As idéias radicais desenvolvidas por Le Corbusier foram aplicadas em seus projetos para vários esquemas para cidades como Paris, Antuérpia, Moscou, Argelia e Marrocos. Finalmente, em 1949, ele encontrou uma autoridade estatal que lhe forneceu uma "mão livre" - a capital indiana de Punjab. Em Chandigarh, a primeira cidade planejada na Índia liberta, Le Corbusier aplicou seu sistema de zoneamento rígido e projetou o Complexo central do Capitólio, composto pela Suprema Corte, a Assembléia Legislativa e a Secretaria. A cidade se ser diferente ao idealizado.
Figura 10 -Tribunal Superior de Chandigarh
	Talvez a mais significativa realização das ideias de Le Corbusier possa ser testemunhada na concepção de Brasília, capital do Brasil, onde foi construída em um local vago fornecido pelo Presidente do Brasil. Sobre esta tabula rasa cobiçada por Corbu no seu sonho de realizar a Ville, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer desenharam uma cidade perfeitamente ordenada geometricamente que separava as zonas monumentais de administração e os distritos habitacionais idênticos, de propriedade exclusiva do governo. Ao implementar estes e outros princípios, assim como os cinco novos pontos da arquitetura e a estética da cidade, todos de Le Corbusier, Costa e Niemeyer esperavam criar uma cidade que materializasse igualdade e justiça. E que na sua tentativa de alcançar o futuro, a planta do projeto acabou assemelhando-se ao formato de um avião. 
 A influência da Cidade Radiante não era exclusiva do mundo do planejamento urbano. Em 1947, Le Corbusier projetou a Unité d'Habitation em Marselha, que - inspirada nas Unités da Ville Radieuse - continha 337 apartamentos em um único edifício, juntamente com areas públicas no telhado e no piso térreo. Devido aos custos da produção de aço na economia pós-guerra, a Unité d'Habitation foi construída de concreto exposto e anunciou a chegada da arquitetura brutalista. Nos anos que se seguiram, quatro edifícios similares foram erguidos na França e na Alemanha. Esta tipologia, que forneceu uma resposta para a escassez de habitação pós-guerra, foi adaptada ao redor do mundo em inúmeros projetos de habitação. 
	As Unités faziam uso do Le Modulor de Corbusier que o desenvolveu na longa tradição de Vitrúvio, o Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci, assim ele fazia tentativas de descobrir proporções matemáticas no corpo humano e, então, usar esse conhecimento para melhorar a aparência e a função de Arquitetura. Sem contar que projeção da cidade também faz uma alusão ao homem vitruviano. O sistema baseia-se em medições humanas, a unidade dupla, os números Fibonacci e a proporção áurea. Le Corbusier descreveu isso como uma "gama de medidas harmoniosas para se adequar à escala humana, universalmente aplicável à arquitetura e às coisas mecânicas”
Figura 11- Unité d'Habitation em Marselha
6. Conclusão 
 O mundo da arquitetura e do urbanismo se veria para sempre transformado após a presença dos modernistas. Sob a influência intelectual de Le Corbusier, os laços diplomáticos da área ficariam cada vez mais fortes com a internacionalização do CIAM que chegou a vários continentes e realizou trabalhos para governos e entidades privadas nas nacionalidades mais diversas. No entanto, o período de atividade dos referidos, passava-se num cenário de Europa entre guerras com todas suas conturbações políticas, sociais, financeiras, e bélicas. Num momento onde a classe intelectual se fascina por sonhar com uma utopia, Corbusier apresenta sua tentativa com a “Ville Radieuse”.
 Ela surge como fruto de um progresso nos estudos e trabalhos de Corbusier durante mais de uma década de dedicação. Aprimora teorias e conceitos primeiramente apresentados em seu Plano Voisin e a Cidade Contemporânea. Seria uma cidade criada do zero, capaz de readaptar o homem a um estilo de vida diferente, porém adaptado à sua época, que rompia com o anterior devida a revolução tecnológica que se iniciava então. Seu planejamento seria rigidamente seguido e ele coordenaria o ritmo da cidade e seus habitantes; conceito que gerou muitas críticas. 
 Os críticos de Corbusier concordam que o projeto da cidade planificada e o zoneamento em específico tira a espontaneidade, a rotina e a vida das ruas. Os amplos parques que abrem brechas nas áreas urbanas-residências são vistos como terras-de-ninguém. Alguns afirmam de forma mais radical que a cidade é totalitária e molda o ser humano. Ela não reconhece que as necessidades e desejos das pessoas são distintas, e a cidade não será capaz de suprimir-lhes todos, o que tiraria-lhe a função de bem-acomodar seus residentes.
Referencias
Cronologia Do Pensamento Urbanístico. N.p., n.d. acesso em 28 de junho 2017. http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/index.php Acesso em 28 de junho 2017
Lubin, Gus. "Why Architect Le Corbusier Wanted To Demolish Downtown Paris." Business Insider. Business Insider, 20 Aug. 2013.. <http://www.businessinsider.com/le-corbusiers-plan-voisin-for-paris-2013-7>. Acesso em 28 Junho 2017
"O Que São Os 5 Pontos De Uma Nova Arquitetura De Le Corbusier? Descubra Como Aplicá-los Na Arquitetura Contemporânea." Como Projetar. N.p., 12 Apr. 2016. Web. 28 June 2017. <http://comoprojetar.com.br/o-que-sao-os-5-pontos-de-uma-nova-arquitetura-de-le-corbusier-descubra-como-aplica-los-na-arquitetura-contemporanea/>. Acesso em. 28 Junho 2017
Paulo Heitlinger, Publicando De 1996 a 2007. "Design: Designers: Corbusier."Le Corbusier, Arquitecto E Designer Francês. Charles-Edouard Jeanneret. N.p., n.d. Web. 28 June 2017. <http://tipografos.net/design/corbusier.html>. Acesso em 28 Junho 2017
"Subscribe to Read." Financial Times. N.p., n.d. Web. 28 June 2017. <https://www.ft.com/content/2a194cb4-1a8d-11e5-a130-2e7db721f996?mhq5j=e1>. Acesso em 28 June 2017
Territórios Da História. N.p., n.d. Web. 
<http://www.territorios.org/teoria/H_C_mies.html>. Acesso em 28 de junho 2017

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