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Advogado é Doutor por direito e tradição

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jusbrasil.com.br
3 de Setembro de 2017
Advogado é Doutor por direito e tradição
O título de doutor foi concedido aos advogados por Dom Pedro I, em 1827. Título
este que não se confunde com o estabelecido pela Lei nº 9.394/96 (Diretrizes e
Bases da Educação), aferido e concedido pelas Universidades aos acadêmicos em
geral. A Lei de diretrizes e bases da educação traça as normas que regem a
avaliação de teses acadêmicas. Tese, proposições de idéias, que se expõe, que se
sustenta oralmente, e ainda inédita, pessoal e intransferível.
Assim, para uma pessoa com nível universitário ser considerada doutora, deverá
elaborar e defender, dentro das regras acadêmicas e monográficas, no mínimo uma
tese, inédita. Provar, expondo, o que pensa.
A Lei do Império de 11 de agosto de 1827:? Cria dois cursos de Ciências Jurídicas e
Sociais; introduz regulamento, estatuto para o curso jurídico; dispõe sobre o título
(grau) de doutor para o advogado?. A referida Lei possui origem legislativa no
Alvará Régio editado por D. Maria I, a Pia (A Louca), de Portugal, que outorgou o
tratamento de doutor aos bacharéis em direito e exercício regular da profissão, e
nos Decreto Imperial (DIM), de 1º de agosto de 1825, pelo Chefe de Governo Dom
Pedro Primeiro, e o Decreto 17874A de 09 de agosto de 1827 que:? Declara feriado
o dia 11 de agosto de 1827?. Data em que se comemora o centenário da criação dos
cursos jurídicos no Brasil. Os referidos documentos encontram-se microfilmados e
disponíveis para pesquisa na encantadora Biblioteca Nacional, localizada na
Cinelândia (Av. Rio Branco)? Rio de Janeiro/RJ.
A Lei 8.906 de 04 de julho de 1994, no seu artigo 87 (EOAB? Estatuto da OAB), ao
revogar as disposições em contrário, não dispôs expressamente sobre a referida
legislação. Revogá-la tacitamente também não o fez, uma vez que a legislação
Imperial constitui pedra fundamental que criou os cursos jurídicos no país.
ADVOGADO - DOUTOR POR DIREITO E TRADIÇÃO Por: DR. JÚLIO
CARDELLA, (Tribuna do Advogado de Outubro de 1986, pág. 5)
Por insistência de colegas, publicamos nesta Tribuna do Advogado, um
despretensioso artigo, elaborado há 12 anos, e que foi publicado pela imprensa e
algumas revistas, causando certa polêmica entre outros profissionais liberais,
PUBLICARPESQUISAR   
principalmente entre médicos, que sistematicamente se intitulam "doutores",
quando na verdade o uso da honraria pertence por direito e também por tradição,
aos Advogados, salvo raras exceções. Comecemos pela tradição, que é também
fonte de Direito, para demonstrar que a verdade está a nosso lado sem querer ferir
suscetibilidades dos outros colegas liberais, mas com o intuito de reivindicar aquilo
que nos pertence e que nos vem sendo usurpado por "usucapião, através de posse
violenta", no dizer de um saudoso companheiro. Embora fôssemos encontrar o
registro da palavra DOUTOR em um cânon do ano 390 citado por MARCEL
ANCYRAN, editado no Concílio de Sarragosse, pelo qual se proibia declinar essa
qualidade sem permissão (Code de L'Humanité, ed, 1778 - Verdon - Biblioteca
OAB-Campinas), o certo é que somente se outorgou pela primeira vez esse título
aos filósofos - DOCTORES SAPIENTIAE - e aqueles que promoviam conferências
públicas sobre temas filosóficos, assim também eram chamados DOUTORES, os
advogados e juristas aos quais se atribuía o JUS RESPONDENDI.
Já no século XII, se tem a notícia do uso da honraria, atribuído a grandes filósofos
como Santo Tomás de Aquino, Duns Scott, Rogério Bacon e São Boaventura,
cognominado de Angélico, Sutil, Maravilhoso e Seráfico respectivamente. Pelas
Universidades o título só foi outorgado pela primeira vez, a um ADVOGADO, que
passou a ostentar o título de DOCTOR LEGUM em Bolonha, ao lado dos
DOCTORES ÉS LOIX, somente dado àqueles versados na ciência do Direito.
Tempos depois a Universidade de Paris passou a conceder a honraria somente aos
diplomados em Direito, chamando-os de DOCTORES CANONUM ET
DECRETALIUM. Eram estudiosos do Direito, e quando ocorreu a fusão deste com
o Direito Canônico, passaram a chamar os diplomados de DOCTORES
UTRUISQUE JURIS.
Percebe-se daí, que, pelas suas origens, o título de Doutor é honraria legítima e
originária dos Advogados ou Juristas, e não de qualquer outra profissão. Os
próprios Juízes, uns duzentos anos mais tarde, protestaram (eles também
recebiam o título de Doutor tanto das Faculdades Jurídicas como das de Teologia)
contra os médicos que na época se apoderavam do título, reservado aos homens
que reservam as ciências do espírito, à frente das quais cintila a do Direito! Não é
sem razão que a Bíblia - livro de Sabedoria - se refere aos DOUTORES DA LEI,
referindo-se aos jurisconsultos que interpretavam a Lei de Moisés, e PHISICUM
aos curandeiros e médicos da época, antes de usucapido o nosso título! Houve
portanto, como afirmamos, um caso de "usucapião por posse violenta" por parte
dos médicos que passaram a ostentar a honraria, que no Brasil, é uma espécie de
"collier a toutes les bêtes", pois qualquer um que se vê possuidor de um diploma
universitário, se auto-doutora...
Sendo essa honraria autêntica por tradição dos Advogados e Juristas, entendemos
que a mesma só poderia ser estendida aos diplomados por Escola Superior, após a
defesa da tese doutoral. Agora, o bacharel em Direito, que efetivamente milita e
exerce a profissão de Advogado, por direito lhe é atribuída a qualidade de Doutor.
Se não vejamos: O Dicionário de Tecnologia Jurídica de Pedro Nune, coloca muito
bem a matéria. Eis o verbete: BACHAREL EM DIREITO - Primeiro grau
acadêmico, conferido a quem se forma numa Faculdade de Direito. O portador
deste título, que exerce o ofício de Advogado, goza do privilégio de DOUTOR. (aos
que gostam de pesquisar citamos as fontes dessa definição: Ord. L. 1º Tit. 66, § 42;
Pereira e Souza, Crim. 75. E not. 188; Trindade, pág. 157, nota 143 in fine, e pág.
529 § 2º; Aux. Jur., pág. 355 Ass93) O decano dos advogados de Campinas - Dr.
João Ribeiro Nogueira - estimado amigo, pesquisador incansável, lembra muito
bem em artigo publicado no "Correio Popular" de 3 de agosto de 1971, um alvará
régio editado por D. Maria I, a Pia, de Portugal, pelo qual os bacharéis em Direito,
passaram a ter o direito ao tratamento de DOUTORES! Ora, todos sabem que uma
lei só perde sua vigência quando revogada por outra lei. Assim, está plenamente
em vigor no Brasil esse alvará que outorgou o título de DOUTOR aos advogados!
Não consta nesse alvará legal, que tenha sido estendido a nenhuma outra
profissão! E tanto isto é verdade, que à época, um rábula, de notável saber jurídico
e grande honrabilidade, obteve também a honraria, por exercer a profissão, mas foi
necessário um alvará régio especial, sendo doutorado por decreto legislativo, pois
não era advogado diplomado em Faculdade de Direito. Foi o caso do rábula
Antonio Pereira Rebouças...
A lei está em vigor, assim como tantas outras da época do Império, que não foram
revogadas, como o nosso Código Comercial de 1850.
Por tradição e por direito, somos Doutores. E não poderia também ser de outra
forma, uma vez que, exercendo a profissão de Advogado, o bacharel em Direito,
está constantemente defendendo teses perante Juízos e Tribunais, que, julgando
procedentes suas razões, estarão de um modo ou outro, aprovando suas teses,
sobre os mais variados ramos do Direito. E o que se dizer do Advogado perante o
Tribunal de Júri, Tribunais Superiores, Auditorias? Não sustenta diária e
publicamente suas teses? O Prof. Flamínio Fávero, por sua vez, eminente médico,
que ostentava mais de 50 títulos, manifestando-se certa vez sobre o assunto,
repudiou ouso indiscriminado do título doutoral, por qualquer profissional,
dizendo que a "lei não permite isso, nem a ética" referindo-se especialmente aos
esculápios que pretendem até "monopolizar o título dos causídicos".
É tal a inversão e investida dos médicos sobre o nosso título, quenos Estados
Unidos chega-se a dizer com freqüência: "I am a doctor not a lawyer", quando em
verdade, este último é o doutor... A enciclopédia Americana, também registra o
fato de terem sido os advogados os primeiros doutores, mas em pequenos
dicionários vamos encontrar a definição de "doctor" como sendo "médico" para a
língua portuguesa.
Muitos colegas não têm o hábito de antepor ao próprio nome, em seus cartões e
impressos, o título de DOUTOR, quando em verdade, devem faze-lo, porque a
História nos ensina que somos os donos de tal título, por DIREITO E TRADIÇÃO,
e está chegada a hora de reivindicarmos o que é nosso; este título constitui adorno
por excelência da classe advocatícia.
Portanto, advogado é doutor sim!
Fonte: http://www.rafaelcmonteiro.com/2010/11/advogadoedoutor-por-direito-
e.html
Disponível em: http://drrafaelcm.jusbrasil.com.br/noticias/149904006/advogado-e-doutor-por-direito-e-tradicao

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