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Teoria Crítica e a Crítica ao positivismo

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Teoria Crítica e a Crítica ao positivismo (Alex Santos Bandeira Barra) 
O autor inicia seu artigo expondo que nas ciências humanas e sociais, há um confronto em 
relação aos métodos de pesquisa. Nesse sentido, ele analisa o positivismo e o materialismo 
dialético, ressaltando a importância deste para a compreensão da realidade. 
Atualmente, para a produção científica, há o predomínio do conhecimento influenciado 
pelas ciências naturais. Ou seja, a ciência é reduzida ao papel de utilidade, segundo essa 
perspectiva, ela deve ser útil e influenciar a sociedade. O materialismo dialético, ao contrário, se 
contrapõe ao idealismo e ao empirismo. Assim, ele propõe a análise da realidade levando-se em 
conta os fatos concretos, ou a realidade como ela é, mas também não abstraindo a noção de como 
a sociedade deveria ser, ou seja, as potencialidades dessa sociedade. 
Segundo os autores da Escola de Frankfurt, Adorno e Horkheimer, estudados no artigo, o 
positivismo esconde a reprodução da dominação, da ideologização social e manutenção do status-
quo. A dialética, então, se contrapõe a esse método positivista, que inclusive o Popper pode ser 
enquadrado. 
No primeiro texto analisado “Teoria Tradicional e Teoria Crítica”, de Horkheimer (1936) 
são feitas críticas à noção cientificista, a-histórica, acrítica, que finge ser neutra. Para o autor, a 
formação de teorias passou a ser algo matemático e a ideologização social passou a ser algo 
presente. (Ideologia: consciência falsa que é utilizada e criada para a manutenção da dominação). 
A ordem burguesa se organiza a partir do positivismo, pois ele legitima e mantêm esse sistema 
desigual. Para que essa ideologização fosse possível, a teoria passou a ser independente, distante 
da realidade, o que fez com que ela fosse coisificada. 
Assim, para o autor, a compreensão da sociedade só pode ser feita através da análise dos 
processos sociais, o que é chamado de Teoria Crítica, contrária à Teoria Tradicional de cunho 
positivista. Dessa forma, a teoria precisa ser parte da sociedade e vice-versa. 
No texto “Eclipse da Razão”, escrito também por Horkheimer em 1946, são feitas novas 
críticas à lógica tradicional e explica-se a crise da razão, evidenciando como a racionalidade 
moderna se tornou irracional. Ele evidencia a mudança da razão objetiva, pela razão subjetiva ou 
instrumental. A razão objetiva, focalizada no fim, é substituída pela razão subjetiva, condicionada 
por outros fatores e preocupada com os meios, ou a razão instrumentalizada, também voltada 
para a autopreservação e reduzida à técnica. Dessa forma, retira-se a necessidade de pensar 
porque as ideias já estão, de certa forma, prontas; e essa nova racionalidade enfatiza os meios, ou 
seja, ela se torna uma máquina e as ideias são automatizadas. Tudo isso tem como objetivo final o 
controle sobre o objeto pesquisado. 
Inclusive, nesse sentido, os conceitos são tidos como operacionais, ou seja, a palavra é 
separada da coisa nomeada, dando um "ar" de neutralidade, de cientificidade, mas escondendo, 
então, a redução do pensamento à técnica e ao empírico. 
No terceiro texto analisado “Dialética do Esclarecimento”, de Horkheimer e Adorno, 
argumenta-se como a ordem burguesa realizou a dominação justamente por sua falsa promessa 
de proporcionar, no contexto do Iluminismo, liberdade e igualdade, e praticando exatamente o 
oposto. 
Nesse sentido, para eles, a ciência moderna, que objetivava a superação do mito e da 
superstição, proporcionou o desencantamento do mundo, o que fez com que o próprio 
Esclarecimento fosse encantado. No mito tudo estava interligado com a realidade, e isso foi 
perdido. Com essa separação da teoria e da realidade, a dominação se tornou muito mais viável, 
uma vez que esse método científico se apresenta como neutro e objetivo. 
Pela Teoria Crítica parte de um processo contínuo entre sujeito e objetivo, teoria e prática. 
Recusa de chegar a conclusões universais. O sujeito não pode ser submetido ao poder da 
coletividade. Ao contrário, na operacionalização do sujeito-objeto o objeto é destruído e por isso 
liquida o pensamento, porque o sujeito não pode mais pensar o objeto. Dessa forma, toda a 
curiosidade do homem é liquidada porque até mesmo o que ainda não foi conhecido, já foi 
regulado. Foi desenvolvida então, uma nova forma de pensar, uma forma instrumentalizada, que 
contamina o que deveria ser desencantado. 
 Esse novo método significa a submissão do homem, a dominação se agrava e o 
pensamento é totalmente negado e substituído pela tautologia da lógica positivista, sendo o 
procedimento matemático o ritual do novo pensamento. E quanto mais esse novo pensamento 
subjuga o que existe, mais o contentamento com essa lógica se torna presente. 
 No positivismo, o universal se torna abstrato e, por isso, impossível para o pensamento. 
Então, dentro dessa lógica que converte o universal em particular, a possibilidade de pensamento 
livre e autônomo é liquidada (o que nos remete ao clipe do Pink Floyd “Another Brick in the Wall”, 
que faz analogia à uniformização e massificação como parte da dominação). Adorno e Horkheimer 
considerar exatamente isso, que os indivíduos são simplesmente mais um tijolo no muro. A partir 
disso, o presente se transforma em um futuro antecipado, ao mesmo tempo em que o passado é 
esquecido. A historicidade do real não é mais percebida a partir da presentificação do tempo, e a 
sociedade passa a se contentar com a reprodução dessa lógica. 
 Adorno e Horkheimer criticam essa apatia a história ou a ideia de uma história linear, e 
essa racionalidade subjuga o homem à essa lógica do progresso capitalista. 
 Por último, o texto de Adorno “Introdução à Controvérsia sobre o Positivismo na 
Sociologia Alemã”, de 1974, faz um debate do positivismo com o pensamento dialético. Ele critica 
o pensamento tradicional que não pensa pelas contradições, devido à sua proposta de 
objetividade e por isso não entende as controvérsias da sociedade. Ao contrário do que pretende, 
o positivismo coloca a verdade num plano subjetivo, já que pretende ser toda a verdade. A 
dialética, ao contrário, possibilita a crítica ao seu próprio método, evidenciando o que lhe escapa. 
Além disso, há uma distinção na forma de entender a totalidade. A partir da dialética ela é 
entendida seguindo a ordem do universal, ou do próprio movimento do pensamento, enquanto 
para o positivismo a totalidade é reduzida à generalidade entre o particular e universal. O que 
movimenta a dialética é justamente a contradição entre particular e universal. 
Suas formas de entender a realidade também se diferenciam, sendo a dialética 
responsável pela compreensão dos antagonismos reais que o positivismo, ao contrário, não 
enxerga. 
Dessa forma, a ideia da crítica que foi desenvolvida ao positivismo é enfatizada no artigo, 
demonstrando como essa lógica matematizada está impregnada na nossa sociedade e no modo 
pensar. A partir disso, a racionalidade já está previamente determinada, o que nos retira a 
capacidade de pensar e transcender essa lógica. Essa lógica elimina o sentido crítico e o modo de 
pensar é determinado. 
Para conhecer, então, a realidade, o papel do pesquisador é ultrapassar essa mera 
representação dos fenômenos, retirando disso a sombra da ideologia. Para isso, a crítica e o 
pensamento através da fantasia é o caminho para a libertação da sociedade.

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