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Cives
Centro de Informação em Saúde para Viajantes
Capítulo
Vacinas
Terezinha Marta PP Castiñeiras, Fernando SV Martins & Luciana GF Pedro
**Versão preliminar adaptada para o Curso de DIP da FM/UFRJ – 2008
As vacinas resultam da observação de que, em algumas doenças como a varíola, o indivíduo 
era acometido apenas uma vez, não ocorrendo um segundo episódio. É provável que esta 
observação tenha motivado os chineses a tentar prevenir a varíola - doença grave e 
potencialmente fatal caracterizada por lesões pustulosas generalizadas - através da exposição 
de indivíduos saudáveis a materiais provenientes das lesões pustulosas de outro indivíduo 
acometido da doença. Este processo, denominado "variolação", foi praticado de diversas 
maneiras, como injeção intradérmica do pus das lesões cutâneas, inalação de pó produzido a 
partir das crostas e injeção intravenosa, única ou seriada, do "raspado" das lesões.
A "variolação" foi introduzida na Inglaterra no início do século XVIII pela mulher do 
embaixador britânico na Turquia, Mary Wortley Montagu. Embora a "variolação" não fosse 
isenta de risco e tenha sido responsável por algumas fatalidades, na maioria dos inoculados 
resultava apenas em doença branda e, ainda que de forma primitiva, contribuiu para a redução 
da morbidade e mortalidade nas populações nas quais a técnica foi aplicada.
O termo vacina (do latim vacca, em português vaca) originou-se das experiências de Edward 
Jenner na Inglaterra no final do século XVIII. Jenner, que sobreviveu a varíola na infância 
possivelmente pelos benefícios da variolação que foi anteriormente submetido, tornou-se 
médico rural. Observador meticuloso, Jenner notou a ocorrência relativamente freqüente de 
uma doença no gado (a varíola bovina) com lesões pustulosas parecidas com a varíola 
humana, porém de curso benigno e que muitos indivíduos que cuidavam do gado, em especial 
os ordenhadores, não contraíam varíola humana mesmo quando sucessivamente expostos à 
doença. Registrou, além disto, a história contada por uma ordenhadora que acreditava estar 
protegida da varíola humana por ter antes contraído a varíola bovina.
Com base nestas observações, Jenner realizou uma série de experimentos em 1796. 
Inicialmente fez a inoculação do material proveniente de lesões pustulosas de varíola bovina 
em um menino, que desenvolveu uma doença branda. Após aguardar a completa recuperação 
do paciente, inoculou pus proveniente de lesão pustulosa da varíola humana - o que hoje seria 
considerado antiético - por via intradérmica e, conforme havia previsto, o menino não 
desenvolveu varíola. Jenner denominou este processo, capaz de induzir proteção contra a 
varíola humana, como vacinação.
À semelhança de outras grandes descobertas, a aceitação pela comunidade científica não foi 
imediata. O estudo foi recusado para a publicação na Philosophical Transactions of the Royal 
Society. A despeito disto, Jenner reuniu outros 23 casos semelhantes nos meses que se 
seguiram e em observações detalhadas publicou seu próprio livro. Nos anos que se seguiram 
muitas pessoas foram protegidas da varíola pelo processo de vacinação desenvolvido por 
Jenner.
Na segunda metade do século XIX, época em que foram desenvolvidas técnicas de isolamento 
de microorganismos, elucidados ciclos microbianos e determinada a etiologia de várias 
doenças, ocorreu o segundo grande passo na história das vacinas. Coube a Pasteur em 1884, 
na busca de um possível tratamento profilático para a raiva, mesmo antes da identificação 
63
precisa da etiologia da doença, o desenvolvimento da primeira vacina com vírus atenuado, 
resultante do processo de redução progressiva da patogenicidade (capacidade de causar 
doença) através de cultivos sucessivos. Nas primeiras décadas do século XX, foram 
descobertas várias técnicas de inativação de microorganismos e de toxinas, possibilitando o 
desenvolvimento e a disponibilização de outras vacinas. Após a Segunda Guerra Mundial, 
seguiu-se uma verdadeira revolução tecnológica [Tabela 1], que resultou em aumento 
significativo do número de vacinas disponíveis.
Tabela 1
Desenvolvimento de vacinas
1796-1950 1950-1970
Varíola 1796
Raiva 1885
Difteria 1923
Coqueluche 1926
Tétano 1927
Tuberculose(BCG) 1927
Febre amarela 1935
Poliomielite inativada 1955
Poliomielite atenuada 1963
Sarampo 1965
Rubéola 1967
Até 1970, a despeito do reconhecimento progressivo da importância das vacinas no controle 
das doenças infecciosas, a prática da imunização estava basicamente restrita aos países 
industrializados e, mesmo nestes, ocorria de forma não sistemática, em geral ligada a 
programas de controle de doenças específicas em determinados grupos populacionais. À 
medida que seus benefícios se comprovaram inequivocamente, particularmente com a 
intervenção global que resultou na erradicação da varíola (último caso na Somália, em 1977), 
a vacinação foi tornando-se o protótipo de intervenção em saúde pública.
O período que se seguiu foi marcado pela expansão dos programas de vacinação em massa e 
pela implantação dos primeiros programas de imunização rotineira, que tinham como alvo 
primário a população infantil. Em 1974, a Organização mundial de Saúde criou o Programa 
Expandido de Imunizações (EPI, do inglês Expanded Programme on Immunization), que 
tinha como alvo seis doenças (tuberculose, difteria, tétano neonatal, coqueluche, poliomielite 
e o sarampo).
É possível afirmar que de todas as intervenções na área da saúde, apenas o tratamento da água 
de consumo, produziu impacto semelhante à vacinação na prevenção de casos de doenças 
com relação custo-benefício sistematicamente favorável. A vacinação tornou possível a 
erradicação da varíola e está possibilitando a eliminação progressiva de outras doenças como 
a poliomielite e o sarampo. Além disto, contribui significativamente para o controle de muitas 
outras como o tétano, a difteria, a coqueluche, a rubéola, a caxumba, a febre amarela, a raiva 
etc. Mais recentemente com o advento das vacinas recombinantes (1986) e das 
polissacarídicas conjugadas (1990) as perspectivas de efetiva redução de agravos estenderam-
se à hepatite B e as doenças invasivas causadas por bactérias encapsuladas como o 
Haemophilus influenzae, o Streptococcus pneumoniae e a Neisseria meningitidis.
No início do século XXI, a despeito da enorme difusão e do êxito incontestável, nem toda a 
população mundial tem acesso aos programas de imunização. Os índices de cobertura vacinal 
são extremamente díspares entre países com condições sócio-econômicas e determinação 
política diferentes. A situação é crítica em países de economia débil, onde são escassos - e 
freqüentemente mal empregados - os recursos disponíveis para combater os problemas de 
saúde. Em áreas marcadas pela miséria, como na maioria dos países da África subsaariana e 
na Índia, doenças para as quais há vários anos já existem vacinas eficazes, como a 
poliomielite e o sarampo, continuam contribuindo para elevadas taxas de morbidade e 
mortalidade infantis.
@ Cives – Centro de Informação em Saúde para Viajantes
64
A persistência de áreas focais com baixas coberturas vacinais possibilita a persistência da 
transmissão de doenças infecciosas, o que acaba representando uma ameaça de saúde para 
toda a população mundial. Isto é particularmente preocupante à medida que se observa que 
cada vez é maior o movimento de pessoas pelas mais variadas regiões do globo. A dimensão 
potencial do problema pode ser inferida pela constatação óbviade que os microorganismos 
não respeitam fronteiras geográficas e pode haver disseminação e reintrodução em locais de 
onde já haviam sido aparentemente eliminados, desde que existam susceptíveis. Esta 
vulnerabilidade associada a globalização é a justificativa para o investimento internacional em 
estratégias de imunização nas regiões mais carentes e para a manutenção dos programas de 
imunização nas regiões mais favorecidas, mesmo quando as doenças-alvo pareçam 
controladas.
Em todos os países, inclusive no Brasil, a década de 70 foi marcada pela expansão dos 
programas de vacinação em massa, tendo como alvo primário a população infantil. A despeito 
do sucesso (ou por isto mesmo) dos programas de vacinação da população infantil, a 
população de adolescentes e adultos era, até recentemente, virtualmente ignorada. Em razão 
disto, não é surpreendente que, em termos culturais, no Brasil, a vacinação ainda seja 
considerada como uma “coisa para crianças”. Como conseqüência, uma grande parte dos 
adolescentes tem o calendário vacinal desatualizado e a população adulta nunca foi vacinada 
ou tem esquemas incompletos. Além disto, desde a década de 70, foram desenvolvidas novas 
vacinas (contra a varicela, a hepatite A, a hepatite B, Hib, etc) e tornaram-se disponíveis. No 
Brasil, algumas destas novas vacinas (contra a hepatite B e contra Haemophilus influenzae 
tipo b) foram incorporadas ao Calendário Básico e outras, consideradas especiais, estão 
disponíveis gratuitamente apenas nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais 
(CRIE). Paradoxalmente, a melhoria das condições sanitárias pode levar a um aumento da 
população de adolescentes e adultos susceptíveis no caso das infecções transmitidas por água 
e alimentos para as quais a cobertura vacinal não é adequada, como a hepatite A. Nos últimos 
anos, o reconhecimento da necessidade de dar continuidade à imunização ao longo da vida do 
indivíduo tem motivado a expansão dos programas de imunização para a população de 
adolescentes e adultos em todo o mundo.
Fundamentos da Vacinação
Todos os seres vivos são dotados de mecanismos de defesa para protegê-los de possíveis 
agressores. Alguns destes recursos são muito simples e conferem algum grau de proteção 
independente da natureza do estímulo, daí serem denominados mecanismos inespecíficos de 
defesa.
A evolução biológica levou ao progressivo refinamento da resposta de defesa dos organismos 
superiores, com o desenvolvimento de um sistema diferenciado, o sistema imune (ou 
imunológico), capaz de conferir proteção específica e duradoura contra possíveis agressores. 
Este sistema consiste basicamente em um conjunto de células (macrófagos e linfócitos) 
capazes de reconhecer elementos estranhos ao organismo, denominados antígenos, e 
especificamente contra estes desenvolver defesa, ou seja, uma resposta imune (ou 
imunológica). Esta resposta pode ser do tipo humoral que envolve a produção de proteínas 
conhecidas como anticorpos ou imunoglobulinas (IgM, IgG, IgA, IgD e IgE) ou do tipo 
celular que envolve a produção de outras células específicas (também linfócitos) cujo 
propósito é facilitar a eliminação do antígeno.
O exemplo mais típico e natural de resposta imune ativa (resposta imunológica primária) 
ocorre quando um agente infeccioso invade o organismo humano. O sistema imune reconhece 
este agente - que geralmente contém vários antígenos - como estranho ou invasor e responde 
@ Cives – Centro de Informação em Saúde para Viajantes
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com produção de anticorpos e de células de memória capazes de sob estímulo futuro voltar a 
produzir anticorpos específicos (resposta imunológica secundária) contra o invasor.
Este mesmo modelo de resposta imunológica pode ser reproduzido com a utilização de 
vacinas, que em geral se constituem de microorganismos inativados (“mortos’’) ou atenuados 
(“enfraquecidos”) ou fragmentos destes, que são capazes de simular a exposição natural a um 
agente infeccioso e induzir resposta protetora, sem, entretanto, os riscos da doença e suas 
complicações. Isto porque, a vacina desempenha o papel do agente infeccioso invasor no 
primeiro contato e induz a resposta imunológica primária. Numa eventual exposição futura 
ao agente infeccioso, a produção de anticorpos se fará rapidamente (2-7 dias), processo que 
corresponde à resposta imunológica secundária, de forma que o invasor será combatido antes 
de causar danos. As vacinas promovem imunização ativa ao estimular diretamente a resposta 
do sistema imune e, com isto, promovem resposta duradoura. Entretanto, também é possível 
conferir proteção ao indivíduo através da transferência de anticorpos "prontos", produzidos 
em animais (soros heterólogos) ou seres humanos (soros homólogos ou imunoglobulinas 
humanas). Este processo de transferência de anticorpo é denominado imunização passiva.
Tipos de vacinas
As vacinas podem ser produzidas através da atenuação de microrganismos (vacinas 
“atenuadas”), a partir de vírus ou bactérias que sofreram laboratorialmente redução 
progressiva da patogenicidade [Tabela 2]. Os microorganismos atenuados que constituem 
estas vacinas mantêm a capacidade de se multiplicar no organismo humano e quando 
inoculados replicam-se, simulando a infecção natural. Em pessoas saudáveis essa 
multiplicação é controlada pelo próprio sistema imunológico, levando a produção de 
anticorpos sem desenvolvimento de doença, ou algumas vezes, com a ocorrência de "doença 
branda", com sintomas discretos. A resposta a estas vacinas é muito próxima da resultante do 
estímulo natural e tende a ser eficaz e duradoura.
Tabela 2
Tipos de vacinas: microorganismos atenuados
Pólio oral
Sarampo
Rubéola
Caxumba
Catapora
Febre amarela
BCG
Febre tifóide (oral)
Gripe (spray nasal)
VOHR
Em pessoas imunodeficientes (HIV, leucemia) a multiplicação do microorganismo 
enfraquecido pode ser descontrolada, aumentando o risco de desenvolvimento de doença pela 
vacina. Por esta razão, como regra geral, essas vacinas não devem ser utilizadas em 
imunodeficientes, exceto em situações especiais em que o risco da doença seja 
consideravelmente superior ao imposto pela vacina. Ainda, devem ser evitadas nas gestantes, 
pela possibilidade de infecção fetal pelo agente vacinal. 
As vacinas também podem ser produzidas através da inativação de vírus e bactérias em 
laboratório (vacinas “inativadas”), pelo calor ou por produtos químicos [Tabela 3]. Estas 
vacinas podem ser constituídas por microorganismos inteiros ou por frações destes e, 
diferentemente das vacinas produzidas com microrganismos atenuados, não têm capacidade 
@ Cives – Centro de Informação em Saúde para Viajantes
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de replicação, o que confere vantagens de segurança para uso em imunodeficientes e 
gestantes. As vacinas produzidas através da inativação de microorganismos são mais estáveis 
e não estão sujeitas a mutações. Em geral, entretanto, tornam necessária mais de uma dose 
para promover resposta imune adequada e ainda reforços periódicos para manter o nível de 
anticorpos protetores satisfatório. As vacinas constituídas por toxinas modificadas (que 
passam a ser denominadas toxóides), como a antitetânica e a antidiftérica são também 
incluídas entre as vacinas “inativadas”.
Tabela 3
Tipos de vacinas: microorganismos inativados
Pólio injetável
Coqueluche 
Toxóide tetânico
Toxóide diftérico
Raiva
Gripe (injetável)
Hepatite B
Hepatite A
Haemophilus b
Pneumocócicas
Meningocócicas
Febre tifóide (injetável)
HPV quadrivalente 
Entre as vacinas inativadas, a depender da natureza do antígeno, observam-se diferenças 
significativasna qualidade da resposta final produzida. Aquelas que são constituídas pelo 
microorganismo inteiro ou por suas frações proteicas são capazes de induzir proteção mais 
eficiente e duradoura que aquelas constituídas por frações polissacarídicas, diferença que é 
mais significativa quando as vacinas são utilizadas em menores de dois anos de idade.
A descoberta do processo de conjugação de polissacarídeos com partículas proteicas no final 
da década de 80, tornou possível o desenvolvimento de vacinas com maior imunogenicidade. 
As vacinas assim elaboradas são denominadas vacinas conjugadas. O êxito obtido com a 
utilização da vacina conjugada contra Haemophilus influenzae serviu de estímulo para a 
pesquisa e desenvolvimento recente de outras vacinas polissacarídicas conjugadas, algumas já 
disponíveis para uso (pneumocócica 7, meningocócica C, meningocócica A/C/Y/W135)
O avanço das técnicas de engenharia genética tem possibilitado o desenvolvimento de 
antígenos vacinais geneticamente modificados, conhecidos como vacinas recombinantes. 
Assim por exemplo, extraindo-se do gene do vírus da hepatite B, o segmento responsável pela 
codificação do antígeno de superfície (HBsAg) e inserindo-se este fragmento no código 
genético de uma célula fúngica cultivada em laboratório é possível induzir a produção de 
partículas de HBsAg pela célula fúngica hospedeira, que após purificação serão utilizadas 
como vacinas contra a hepatite B.
Em todas as formulações de vacinas, além do antígeno, estão presentes (em pequena 
quantidade) outros elementos incluindo agentes inativantes, preservantes, estabilizantes e 
adjuvantes. Os agentes inativantes (formaldeído) são substâncias químicas utilizadas para 
inativar os microorganismos ou suas frações. Os preservantes (timerosal, fenol) são 
substâncias adicionadas às vacinas para impedir o crescimento bacteriano quando existe o 
risco de contaminação (por exemplo, nos frascos multidoses). Podem ser usados durante o 
processo de elaboração da vacina ou adicionados no contêiner final. Os estabilizantes 
(albumina, lactose, sorbitol) são produtos acrescidos visando preservar a eficácia da vacina 
@ Cives – Centro de Informação em Saúde para Viajantes
67
durante o transporte e a estocagem, particularmente conferindo resistência térmica. Os 
adjuvantes (hidróxido de alumínio, fosfato) são utilizados para potencializar a resposta 
protetora final.
Imunização passiva
As vacinas promovem imunização ativa ao estimular diretamente a resposta do sistema 
imune e, com isto, promovem resposta duradoura. Entretanto, também é possível conferir 
proteção ao indivíduo através da transferência de anticorpos "prontos", produzidos por outra 
fonte, animal ou humana, um processo que é denominado de imunização passiva. 
A imunização passiva ocorre de forma natural na transferência de anticorpos maternos para o 
concepto através da placenta. Pode também ser reproduzida "artificialmente", através da 
administração de soros ou imunoglobulinas [Tabela 4] obtidos de outras fontes, que podem 
ser humanas (soros homólogos ou imunoglobulinas humanas) ou de outros animais (soros 
heterólogos). Habitualmente utiliza-se o termo “soro” em referência aos produtos heterólogos 
e o termo “imunoglobulina” para os produtos homólogos. A imunização passiva é geralmente 
mais útil em situações de urgência, quando não é possível aguardar a produção de anticorpos 
pelo organismo, como por exemplo, nos acidentes de alto risco para tétano e raiva e na 
abordagem das vitimais de animais peçonhentos. 
Tabela 4
Soros e imunoglobulinas
Soro antitetânico
Soro anti-rábico
Soro antidiftérico
Soro antiaracnídico
Soro antiescorpiônico
Soro antibotrópico 
Soro anticrotálico
Soro antielapídico
Imunoglobulina antitetânica
Imunoglobulina anti-rábica
Imunoglobulina anti-hepatiteB
Imunoglobulina antivaricela 
Embora possam ter utilidade em situações específicas, os anticorpos assim transferidos 
promovem apenas proteção temporária (semanas), visto que não são capazes de estimular as 
células do sistema imune (papel do antígeno) e, portanto não asseguram memória 
imunológica. Ademais, não resultam em qualquer impacto na eliminação de portadores ou da 
doença e têm custo de produção, usualmente, bem mais elevado que as vacinas [Tabela 5].
Tabela 5: 
Comparação entre vacinas e imunoglobulinas
Vacinas Imunoglobulinas
Duração da proteção longa transitória
Proteção após aplicação Após dias ou semanas imediata
Eliminação de portadores possível impossível
Erradicação de doenças possível impossível
Custo variável, geralmente baixo Geralmente alto
@ Cives – Centro de Informação em Saúde para Viajantes
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Princípios gerais de uso
A administração de imunobiológicos deve ser feita com todos os cuidados técnicos que 
possam garantir segurança e eficácia. O ato de administrar vacina em um indivíduo deve ser 
primariamente embasado no benefício direto para saúde do indivíduo vacinado, o que 
habitualmente contribui, direta ou indiretamente, para a desejável proteção da comunidade. 
Administração de vacinas
O ato de receber uma vacina deve ser consciente. É importante que o indivíduo (ou o 
responsável no caso de crianças) seja informado dos benefícios esperados e também da 
possibilidade, mesmo que pequena, da ocorrência de eventos adversos.
A administração de vacina deve ser documentada. Isto implica no registro de cada dose, bem 
como o fabricante e o lote, na ficha da unidade de saúde e também no cartão de vacinação que 
ficará com o indivíduo vacinado. O comprovante de vacinação deverá ser guardado junto com 
os documentos de identificação pessoal, pois é fundamental que esteja disponível nos 
atendimentos médicos, o que é crítico nos acidentes. O calendário vacinal deve ser iniciado 
precocemente e atualizado ao longo de toda a vida. Mesmo que o intervalo entre as doses 
tenha excedido o tempo programado, não é necessário reiniciar os esquemas, basta 
complementá-los, aplicando as doses restantes.
A maioria das vacinas atualmente em uso é injetável (intramuscular, subcutânea ou 
intradérmica). Os locais para a aplicação intramuscular devem estar distante dos grandes 
nervos e dos vasos sanguíneos, sendo os mais utilizados o músculo vastolateral da coxa 
(menores de 15 meses) e o músculo deltóide (crianças maiores, adolescentes e adultos). O 
glúteo não é habitualmente utilizado para aplicação de vacinas (pelo maior risco de reações 
locais e menor eficácia de algumas vacinas), apenas eventualmente para aplicação de volumes 
maiores de soros e imunoglobulinas. Para aplicação de vacinas por via intradérmica e 
subcutânea comumente utiliza-se a área superposta ao músculo deltóide.
A utilização de álcool na pele antes da aplicação de vacinas é desnecessária. O álcool pode 
exercer efeito irritativo quando inoculado com a agulha para os tecidos sob a pele, 
aumentando o risco de reação local e, além disto, existe o risco potencial de que o álcool 
possa inativar vacinas de microorganismos atenuados, comprometendo a eficácia.
É desejável que a vacinação seja planejada e realizada seguindo-se os esquemas estabelecidos 
como padrão, de forma a assegurar que a proteção máxima presumida seja alcançada. Por 
vezes, entretanto, modificações no esquema original podem ser necessárias em função de 
intercorrências médicas que requeiram adiamento de doses ou eventualmente de 
esquecimento. No caso de interrupção (atraso de doses), não é necessário recomeçar o 
esquema iniciado, apenas completá-lo, respeitando-se o intervalo mínimo recomendado para a 
vacina específica.
Em geral, a administração simultânea de mais de uma vacina nãointerfere com a resposta 
imunológica a cada componente isolado. Praticamente a única exceção é a administração 
simultânea das vacinas contra cólera e febre amarela, para a qual recomenda-se um intervalo 
mínimo de três semanas. Deve ser considerado, no entanto que, se a administração simultânea 
facilita a aderência ao esquema e reduz o número de atendimentos, eventualmente também 
pode dificultar o esclarecimento no caso de reações adversas. Portanto, a opção pela 
administração simultânea ou isolada não deve ser feita sem reflexão.
Quando administradas isoladamente, o intervalo recomendado para a aplicação de vacinas 
diferentes depende da natureza das mesmas. O planejamento é mais simples para as 
“inativadas”, pois não causam interferência significativa na resposta e nem sofrem 
interferência decorrente da aplicação de outras vacinas. No caso de aplicação isolada, em 
@ Cives – Centro de Informação em Saúde para Viajantes
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períodos distintos, de vacinas “atenuadas” (como a do sarampo e a da febre amarela), 
recomenda-se um intervalo de 4 semanas entre a aplicação das diferentes vacinas, uma vez 
que poderá ocorrer interferência na resposta à segunda vacina se o intervalo for muito curto. 
A regra não se aplica para a vacina oral para a poliomielite (Sabin), que pode ser aplicada a 
qualquer intervalo, antes ou depois de outras vacinas “atenuadas”.
A administração de imunoglobulinas - e também de derivados sanguíneos contendo 
anticorpos - pode interferir na resposta às vacinas atenuadas, recomendando-se que sejam 
respeitados os intervalos padronizados de acordo com o potencial de interferência, o que é 
particularmente importante no caso da vacina contra o sarampo. Em crianças, este tipo de 
interferência também ocorre naturalmente nos primeiros meses de vida, devido à presença de 
anticorpos maternos que foram transferidos através da placenta. Por esta razão, não se 
recomenda iniciar a vacinação para o sarampo, a rubéola e a caxumba antes da criança 
completar 12 meses de idade. 
Eventos adversos 
A utilização de vacinas não é desprovida de riscos. A questão fundamental é se o benefício 
resultante justifica os riscos. De uma forma geral, a resposta é simples, visto que a vacinação 
é a medida responsável pelo maior número de vidas salvas na história da medicina. Além 
disto, na imensa maioria das vezes, a aplicação de uma vacina não resulta em eventos 
adversos e estes, quando ocorrem, em geral são desprovidos de gravidade e apenas muito 
raramente acontecem reações mais graves.
A segurança é um aspecto primordialmente considerado antes da liberação de uma vacina 
para uso. O nível admitido de eventos adversos é bem menor do que o tolerado para utilização 
terapêutica de medicamentos, uma vez que as vacinas são recomendadas para grandes 
populações constituídas de indivíduos saudáveis com o objetivo de evitar riscos potenciais.
As reações indesejáveis, quando ocorrem, podem estar associadas ao componente antigênico 
ou às substâncias presentes nas formulações de vacinas. Estas substâncias podem ser resíduos 
da fonte de produção (células fúngicas, proteínas do ovo) ou elementos utilizados para 
aumentar a eficácia (alumínio), para estabilizá-las (gelatina) ou para preservá-las (timerosal, 
fenol, neomicina).
A maioria das reações resulta de algum grau de resposta inflamatória aos componentes da 
vacina. Por vezes, refletem os efeitos da multiplicação dos microorganismos vivos contidos 
nas vacinas atenuadas, que podem simular as doenças de forma branda. Mais raramente, 
decorrem de reação de hipersensibilidade (alergia) ao antígeno ou aos outros componentes da 
vacina.
Os eventos adversos mais comuns são aqueles decorrentes de reação inflamatória no local da 
aplicação das vacinas injetáveis e incluem dor, eritema (vermelhidão), edema (inchação) e 
induração. São mais comuns com as inativadas do que com as atenuadas, pois nas primeiras é 
maior a concentração de antígenos. Em geral, aparecem de 1 a 3 dias após a aplicação.
As reações sistêmicas são menos freqüentes que as locais e podem incluir febre, cansaço, 
manchas pelo corpo, dores articulares (artralgias), dores musculares (mialgias) e dor de 
cabeça (cefaléia). Podem surgir algumas horas ou dias após a vacinação. No caso das vacinas 
atenuadas, as reações sistêmicas simulam a doença natural e tendem a aparecer no período de 
tempo correspondente ao de incubação da respectiva doença.
As reações de natureza alérgica (anafilaxia) como urticária, rinite, broncoespasmo e choque 
anafilático são raras. A maioria destas reações ocorre de minutos a poucas horas após a 
administração das vacinas (de 5 minutos a 2 horas), tendendo as mais graves a ocorrer mais 
precocemente (de 5 a 15 minutos). Podem estar associadas a qualquer componente da vacina, 
o que torna fundamental a triagem pré-vacinal de antecedentes de reações alérgicas aos 
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componentes da vacina que se deseja administrar, a fim de excluir indivíduos que não possam 
recebê-la.
A ocorrência de anafilaxia grave (obstrução respiratória e choque anafilático) é raríssima, 
porém implica em risco de vida para o indivíduo. Como é quase sempre imprevisível, torna-se 
fundamental que as condições de assistência ao evento estejam disponíveis durante a 
aplicação de qualquer vacina, o que inclui disponibilidade de medicamentos, equipamentos, 
pessoal treinado e supervisão médica.
Quando a reação alérgica ocorre num indivíduo sem qualquer risco aparente, se o componente 
desencadeante for identificado (como o timerosal), este não deverá jamais ser administrado 
novamente. Se a causa específica não for identificada nenhum dos componentes da vacina 
deverá ser administrado novamente (o que é um problema significativo quando ocorre 
administração simultânea de vacinas), exceto em circunstâncias particulares, prescrito por 
médico especializado e sob supervisão médica em ambiente hospitalar. 
Os desmaios (síncope vaso-vagal) imediatamente após a vacinação (de alguns segundos a 
menos de 5 minutos) freqüentemente decorrem de ansiedade ou pânico e não devem ser 
confundidos com choque anafilático. Habitualmente revertem rápido e sem intervenção 
terapêutica, bastando colocar a pessoa em decúbito dorsal.
Contra-indicações 
Contra-indicação é uma condição presente no receptor que torna bastante provável a 
ocorrência de uma reação grave se a vacina for administrada. A administração da vacina 
injetável da gripe que é produzida em ovos embrionados está contra-indicada em um 
indivíduo com antecedente de reação alérgica grave ao ovo, uma vez que pode resultar em 
reação anafilática. As vacinas de agentes atenuados não devem ser utilizadas em pessoas com 
imunodeficiências graves (leucemias, linfomas, infecção pelo HIV), pelo risco de 
desenvolvimento de doença pelo agente vacinal. Da mesma forma, não se utiliza a vacina da 
febre amarela em menores de 9 meses (maior risco de reação neurológica em crianças de 
baixa idade), a não ser quando o risco de adquirir a doença for muito elevado (surto), pois 
neste caso o benefício justificaria o risco, reduzindo-se o limite etário para 6 meses.
As contra-indicações podem ser permanentes, como no caso de antecedente de reação alérgica 
grave a um dos componentes da vacina ou a própria vacina ou temporárias como gravidez, 
imunossupressão por drogas, doença aguda grave e a administração recente de hemoderivados 
(imunoglobulinas, soros, transfusão de plasma, de hemácias e sangue total). Nestes casos, as 
vacinas constituídas por agentes infecciosos atenuados estão contra-indicadas até que a 
condição se resolva.
Preservaçãodas vacinas e imunoglobulinas
As vacinas e imunoglobulinas são materiais biológicos (ou seja, imunobiológicos), sujeitos à 
perda gradual de potência por deteriorização e desnaturação. Esta perda de potência pode ser 
acelerada pela inadequação no transporte, estocagem e manuseio, tendo como resultado final 
a falha em imunizar. 
Vacinação básica
Até o início da década de 70, a vacinação no Brasil, à semelhança de quase todos os países no 
mundo, se processava de forma descontínua, episódica e com reduzida cobertura. As ações 
eram conduzidas dentro de programas específicos de controle de doenças, como os programas 
da febre amarela, da varíola e da tuberculose. As iniciativas, em geral, cabiam aos governos 
estaduais, sem um planejamento unificado ou sincronia. A vacinação infantil sistemática é 
indiscutivelmente recurso seguro e eficaz na prevenção de muitas doenças infecciosas. A 
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implementação de programas de imunização bem estruturados têm resultado em redução 
expressiva da ocorrência de casos e óbitos por doenças (como o sarampo, a poliomielite e a 
difteria) que antes vitimavam uma parcela significativa da população infantil [Tabela 6].
De uma forma geral, as vacinas mais recentemente desenvolvidas tendem a ter custo inicial 
muito elevado, o que dificulta a inclusão imediata na vacinação rotineira da rede pública. Isto 
explica, por exemplo, o fato de vacinas comprovadamente eficazes (varicela) ou mais seguras 
(tríplice acelular) ainda não estarem disponíveis gratuitamente para todos no Brasil, embora 
já façam parte do Calendário Infantil de vários países [Tabela 7]. Cabe ressaltar, entretanto, 
que a maioria destes novos imunobiológicos podem ser encontrados na rede privada do país.
O calendário vacinal deve ser iniciado precocemente na infância. É fundamental, entretanto, 
que seja dado continuidade ao processo de imunização ao longo da vida do indivíduo. Desta 
forma, também é relevante que sejam bem estruturados os programas de vacinação de 
adolescentes e adultos. Ainda não existe no Brasil uma cultura de vacinação sistemática em 
adultos. Embora possa ser percebida uma tendência de estender os programas de imunização 
além da população infantil, as ações são ainda esparsas e restringem-se a alvos definidos 
[Tabela 8]. Espera-se que o estabelecimento dos três Calendários (Criança, Adolescente e 
Adulto) pelo Ministério da Saúde (Portaria 597/GM de abril de 2004) possa efetivamente 
contribuir para mudanças (consultar anexos para Calendários atuais - tabelas 26,27 e 28). De 
fato, é indiscutível que para se obter resultados efetivos e duradouros no controle das doenças 
imunopreveníveis, o processo de imunizar deve ter continuidade ao longo da vida do 
indivíduo. Isto justifica o investimento na expansão dos programas de imunização para a 
população de adultos.
Tabela 6
Evolução do Calendário básico de vacinas no Brasil (infância): 1975 - 2008
Idade/Ano 1975* 1990 2008
Ao nascer BCG BCG Hepatite B + BCG
 1 mês Hepatite B
2 meses DPT + Sabin DPT + Sabin DPT - Hib + Sabin +VORH
4 meses DPT + Sabin DPT + Sabin DPT - Hib + Sabin + VORH
6 meses DPT + Sabin DPT + Sabin DPT - Hib + Sabin + Hepatite B Febre amarela**
7 meses Sarampo - -
9 meses - Sarampo Febre amarela***
12 meses - - MMR
15 meses - MMR -
18 meses DPT + Sabin DPT + Sabin DPT(1º R) + Sabin
4 a 6 anos - DPT + Sabin DPT(2º R) + Sabin + MMR(2ª dose)
10 a 11 anos - - dT
 DPT = difteria/coqueluche/tétano (“tríplice bacteriana”). DPT-Hib (quadrivalente- tríplice bacteriana 
 com Haemophilus. DT = difteria/tétano (“dupla infantil”) e dT= difteria/tétano (“dupla adulto”).
 Sabin= OPV=poliomielite oral ou poliomielite atenuada
 MMR= sarampo/caxumba/rubéola (“tríplice viral”)
 VORH (vacina oral contra rotavírus humano
 * a vacina contra varíola era aplicada anualmente, inclusive em adultos
 **para residentes ou viajantes que se dirigem para áreas endêmicas de febre amarela.
 ***para residentes ou viajantes que se dirigem para áreas de transição.
Em 1997, a preocupação com a continuidade do processo de imunização motivou a criação do 
primeiro serviço no país destinado exclusivamente ao adulto, o Centro de Vacinação de 
Adultos (CVA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O CVA desenvolveu e mantém 
uma homepage (http://www.cva.ufrj.br) para divulgação de informações relativas à profilaxia 
de doenças imunopreveníveis.
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Tabela 7
Recomendações para vacinação de rotina, de 0 a 7 anos, 2008
Vacinas MS, Brasil CDC, EUA LCDC, Canadá
BCG Sim Não Não
Hepatite B Sim Sim Sim
DTP Sim Não Não
DTP acelular Não *2 Sim Sim
Hib Sim Sim Sim
OPV Sim Não Não
IPV Não*2 Sim Sim
Rotavírus Sim Sim Não
MMR Sim Sim Sim
Gripe Não*2 Sim Sim
Pneumocócica 7 C Não*2 Sim Sim
Meningocócica C conjugada Não*2 Não Sim
Varicela Não*2 Sim Sim
Hepatite A Nâo*2 Sim*3 Não
Febre amarela Sim*1 Não Não
*1. Indicada apenas para as crianças que residem ou se deslocam para área de risco de transmissão de febre amarela
*2.,Disponíveis na rede privada do Brasil. Comumente indicadas por infectologistas e pediatras. 
*3. Recomendada de rotina apenas em Estados onde há elevada prevalência da doença ou em portadores de doença hepática crônica
Tabela 8
Imunobiológicos disponíveis para adultos nos CMS - 2008
Vacinas População alvo
Difteria e tétano (dT)
(“dupla adulto”)
 Pessoas de qualquer idade.
 Para iniciar ou complementar esquemas.
 Reforços de 10 em 10 anos.
Sarampo/Caxumba/Rubéola
(SRC, MMR ou “tríplice viral”)
 Mulheres até 49 anos (exceto durante a gestação).
 Homens até 39 anos.
 Dose única
Febre amarela 1  Pessoas de qualquer idade (>9 meses) que residam ou se dirijam 
para áreas de risco para a febre amarela.
 A primeira dose deve ser feita pelo menos 10 dias antes da viagem.
 Reforços de 10 em 10 anos.
Hepatite B 2:  Menores de 20 anos.
 Pessoas de qualquer idade com uma das condições::
o profissional da área da saúde
o profissional da área de estética
o profissional da área de limpeza
o profissional da área de segurança
o contactante sexual de portador do vírus da hepatite B
o renal crônico em hemodiálise.
Influenza
(“gripe”)
 Pessoas com > 60 anos.
 Dose anual (preferencialmente abril-maio)
Antipneumocócica
(“pneumococo”)
 Pessoas com > 60 anos que convivem em instituições fechadas 
(casas geriátricas, hospitais, asilos, casas de repouso).
 Dose única (um único reforço pode ser feito cinco anos após a 
dose inicial).
Raiva 3  Pessoas de qualquer idade nos casos de acidente de risco para raiva 
(mordeduras por cães, gatos, morcegos, animais silvestres etc.).
 Profissionais com risco ocupacional para raiva (veterinários, 
zootécnicos, biólogos, geólogos, etc)
Fonte: Portaria 1602, de 17 de julho de 2006. Publicada no Diário Oficial da União, Brasília, DF, seção 1, p. 66-7, 18 jul. 2006.
1. Todas as Regiões do Brasil possuem áreas (zonas rurais, regiões de cerrado, florestas) onde há risco de transmissão da febre amarela. Nas 
Regiões Norte e Centro-Oeste o risco existe em todos os municípios (inclusive nas capitais dos Estados e em Brasília - DF). Nas Regiões 
Nordeste, Sudeste e Sul, existe em numerosos municípios (em Minas, todos incluindo Belo Horizonte).
2. Os indivíduos com idade superior a 20 anos que se enquadram nas condições associadas a maior risco de infecção pelo vírus da hepatite B, 
devem levar comprovante profissional/ocupacional ou encaminhamento médico para os Centros Municipais de Saúde.
3. Disponível nos Centros Municipais de Saúde que constituem pólos primários de atendimento aos acidentes de risco para raiva.
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Situações especiais de uso de vacinas
Gestantes
O uso devacinas durante a gravidez deve ser restrito a situações especiais com benefício 
evidente. A vacinação contra o tétano e a difteria com a dT é segura durante a gestação. Em 
relação às outras vacinas com agentes inativados, embora aparentemente não ofereçam riscos, 
não há experiência suficiente de uso em gestantes para garantir segurança de forma definitiva. 
Portanto, o uso destas vacinas deve-se restringir as situações de indiscutível benefício, e 
sempre que possível a partir da 12ª semana. As vacinas com agentes atenuados não devem ser 
usadas, pois existe o risco de infecção fetal pelo próprio vírus vacinal.
Em caso de utilização inadvertida de vacinas “atenuadas” em gestantes, deve-se fazer a 
notificação do caso e o acompanhamento do concepto e do recém nascido para a detecção de 
possível efeito adverso. Em geral, recomenda-se um intervalo mínimo de 1 mês (ideal 3 
meses) entre a administração de vacinas “atenuadas” e a gravidez.
Imunodeficientes
A vacinação em imunodeficientes [Tabela 9] deve levar em consideração a segurança, a 
eficácia e o melhor momento para ser realizada. Sempre que possível, deve-se adiar a 
administração de vacinas em pacientes com imunodeficiências transitórias. Em pacientes com 
imunodeficiências progressivas, como a infecção pelo HIV, deve-se vacinar o mais 
precocemente possível ou aguardar até que um grau satisfatório de reconstituição imune seja 
obtido com o uso de terapia anti-retroviral.
Como regra geral, as vacinas com agentes atenuados não devem ser utilizadas em 
imunodeficientes, exceto em situações especiais em que o risco da doença é 
consideravelmente superior ao imposto pela imunização. As vacinas “inativadas” podem ser 
utilizadas, embora a resposta vacinal, dependendo do grau de imunodeficiência, possa estar 
diminuída.
Tabela 9
Causas de Imunodeficiências
Doenças Drogas
Infecção pelo HIV Quimioterapia
Imunodeficiência congênita Radioterapia
Leucemias e Linfomas Corticoterapia ( sistêmica) 
Neoplasias malígnas em geral
Algumas pessoas, pela condição da doença de base, podem ter uma resposta vacinal 
inadequada ou a depuração mais rápida dos anticorpos protetores, mesmo quando recebem 
esquemas vacinais adequados. Portanto, em situações de exposição a doenças 
imunopreveníveis, pode ser necessária a utilização de imunização passiva (imunoglobulinas), 
independente da história vacinal (decisão técnica que compete ao especialista).
Os contactantes intradomiciliares também devem ter uma abordagem diferenciada em relação 
a sua programação vacinal. Para a proteção do imunodeficiente, os seus contactantes devem 
ser orientados a fazer a vacina contra gripe anualmente. É fundamental que estejam cientes de 
que deve ser evitada a administração da vacina anti-polio atenuada oral (Sabin), pelo risco 
potencial de transmissão do vírus vacinal para o imunodeficiente. Entretanto, cabe esclarecer 
que em relação às vacinas “atenuadas” injetáveis (sarampo, caxumba, rubéola, varicela e 
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febre amarela) a possibilidade de transmissão do vírus vacinal é tão remota, que justifica a 
recomendação de imunizar os contactantes susceptíveis para reduzir o risco da doença natural 
no domicílio do imunodeficiente, o que representaria um risco significativamente maior.
Infecção pelo HIV
As crianças infectadas pelo HIV devem receber as vacinas “inativadas” o mais precocemente 
possível [Tabela 10] , respeitando a idade mínima recomendada para cada vacina específica. 
Os adultos com diagnóstico recente devem ser avaliados quanto ao grau de imunodeficiência, 
devendo ser programada a vacinação [Tabela 11] para o momento onde há maior 
possibilidade de resposta imunológica.
 Tabela 10
 Recomendações para vacinação de rotina nas crianças infectadas pelo HIV
Vacinas 
Brasil CDC
Infecção 
assintomática
Imunodeficiência 
avançada (CD4 
<15%)
Infecção 
assintomática
Imunodeficiência 
avançada (CD4 
<15%)
BCG Sim Não Não Não
Hepatite B Sim Sim Sim Sim
DTP Sim Sim Sim Sim
OPV Sim Não Não Não
IPV - Sim Sim Sim
MMR Sim Não Sim Não
Hib Sim Sim Sim Sim
Pneumocócica Sim Sim Sim Sim
Gripe Sim Sim Sim Sim
Varicela Sim(1) Não Sim(1) Não
Hepatite A Sim(2) Sim(2) Sim(3) Sim(3)
Febre amarela Sim(4) Não - -
(1) Indicada apenas para crianças com CD4 >25%
(2) Disponível gratuitamente nos CRIE para portadores de doenças hepáticas crônicas susceptíveis.
(3) Recomendada de rotina em Estados onde há elevada prevalência da doença ou em portadores de 
doença hepática crônica
(4) Indicada apenas para as crianças com CD4 >25% que residem ou se deslocam para área de risco de 
transmissão de febre amarela
A utilização de vacinas “atenuadas” pode ser considerada em indivíduos HIV reativos 
assintomáticos, sem critérios laboratoriais de imunodeficiência avançada, em situações onde o 
benefício para o indivíduo é inquestionável. Quando há uma alternativa, deve-se optar - 
sempre - pela utilização da vacina que é mais segura para o indivíduo, como no caso da 
vacina ”inativada” injetável para a poliomielite (“Salk modificada” ) ao invés da vacina 
atenuada (“Sabin”).
A utilização de vacinas em pessoas infectadas pelo HIV pode aumentar transitoriamente a 
carga viral e, embora isto não influencie na progressão da doença, pode induzir o médico a 
uma interpretação equivocada do resultado do exame. Em razão disto, é recomendado um 
intervalo de quatro semanas entre a vacinação e a coleta de amostra sanguínea para 
determinação da carga viral.
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Tabela 11
Recomendações para vacinação de adolescentes e adultos infectados pelo HIV
Vacinas Recomendações
BCG Contra-indicada
Hepatite B Indicada
DT Indicada
OPV Contra-indicada
IPV Recomendada para indivíduos susceptíveis ou que se dirigem para área 
endêmica de poliomielite.
MMR Recomendada para indivíduos susceptíveis com CD4 >200
Hib Considerar. Disponível nos CRIE para pacientes até 18 anos.
Pneumocócica Indicada
Gripe Indicada (anual)
Varicela Recomendada apenas para indivíduos susceptíveis com CD4 > 350 (20%)
Hepatite A Recomendada para todos os indivíduos susceptíveis. Disponível gratuitamente 
nos CRIE para portadores de doenças hepáticas crônicas susceptíveis.
Febre amarela Indicada para indivíduos com CD4 > 350 (20%) que residem ou se deslocam 
para área de risco de transmissão de febre amarela. Indivíduos com CD4 entre 
200 – 350, considerar vacinação dependendo do grau de risco da região onde 
mora.
Esplenectomizados
As disfunções esplênicas podem ter origem congênita, cirúrgica ou funcional [Tabela 12]. A 
ausência do órgão (asplenia) ou seu funcionamento inadequado (hipoesplenismo funcional), 
tornam os indivíduos extremamente vulneráveis às infecções por germes encapsulados, 
particularmente Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Neisseria meningitidis. 
Desta forma, é desejável que estes indivíduos sejam rotineiramente vacinados contra estes 
agentes e, intuitivamente, que sejam também protegidos contra a gripe, recebendo anualmente 
a vacina contra influenza, reduzindo ainda mais o risco de infecções por germes encapsulados, 
que por vezes complicam o quadro gripal. Em certas circunstâncias, como no caso de 
residência ou viagem para área de risco de febre tifóide, deve ser também considerada a 
vacinação contra febre tifóide, doença potencialmente grave causada por bactéria (Salmonella 
typhi) também encapsulada.
A disfunção esplênica per se não constitui contra-indicação ao uso de qualquer vacina. Por 
vezes, contudo, a condição de base que resultou na disfunção do baço (como a esplenectomia 
funcional associada ao linfoma de Hodgkin) podeimplicar em restrições ao uso de vacinas 
com agentes atenuados.
Tabela 12
Condições associadas a asplenia ou hipoesplenismo
 Esplenectomia cirúrgica
 Anemia falciforme
 Talassemia major
 Doença celíaca
 Doença inflamatória intestinal
 Linfoma de Hodgkin
 Mieloma múltiplo
A vacinação em esplenectomizados deve ser realizada no momento mais adequado possível, 
particularmente relevante no caso de esplenectomias eletivas. A melhor resposta é obtida 
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quando a vacinação é realizada com antecedência de, no mínimo, duas semanas da cirurgia 
programada. Nas intervenções de urgência, a vacinação deve ser realizada tão logo o paciente 
tenha se recuperado da cirurgia.
A resposta vacinal em esplenectomizados parece, com os dados disponíveis, ser melhor com 
as vacinas conjugadas do que com as polissacarídicas isoladas, embora ainda não existam 
conclusões definitivas. Até o presente momento, entretanto, a disponibilidade de vacinas 
conjugadas é restrita a poucos sorotipos ou sorogrupos de algumas bactérias encapsuladas. 
Esta limitação torna desejável a utilização seqüencial destas vacinas, aplicando-se, sempre 
que possível, a vacina conjugada antes da polissacarídica e respeitando-se um intervalo de, no 
mínimo, duas semanas entre cada uma. 
Ainda que, com o tempo, se observe uma tendência à queda dos títulos de anticorpos 
induzidos pelas vacinas polissacarídicas, a utilização eventual e a periodicidade necessária de 
reforços também não foram estabelecidas de forma inequívoca. Admite-se, no caso da vacina 
pneumocócica 23, a repetição de uma segunda dose cinco anos após a aplicação da primeira. 
Em relação às vacinas polissacarídicas meningocócicas, a utilização eventual de reforços a 
cada 2-3 anos dependerá da situação epidemiológica da doença na ocasião.
Doenças crônicas debilitantes
As doenças crônicas debilitantes [Tabela 13] não necessariamente implicam em 
imunossupressão. Contudo, representam risco potencialmente maior para complicações caso 
uma infecção ocorra, parecendo justificável, a indicação rotineira da vacina contra o tétano e 
a difteria, da vacina anti-influenza (anual) e da antipneumocócica (no mínimo uma dose) para 
os indivíduos portadores destas condições.
Como regra geral, estas doenças crônicas isoladamente não constituem contra-indicações ao 
uso de vacinas de qualquer natureza. Desta forma, os portadores destas condições que sejam 
susceptíveis, desde que não estejam fazendo uso de drogas imunossupressoras, poderão 
receber inclusive as vacinas com agentes atenuados. 
Tabela 13
Doenças crônicas debilitantes
 Diabetes mellitus
 Insuficiência renal crônica
 Insuficiência hepática
 Insuficiência cardíaca
 Pneumopatias crônicas
Na programação vacinal destes indivíduos certas particularidades da condição de base ou da 
terapêutica devem ser valorizadas na indicação das vacinas e adequação dos esquemas. Nos 
hepatopatas e susceptíveis é fundamental vacinar contra as hepatites A e B, no intuito de 
evitar a ocorrência de hepatite fulminante. Nos nefropatas submetidos à diálise, em 
decorrência do maior risco de exposição ao vírus da hepatite B associado ao processo 
dialítico, a vacinação contra hepatite B é mandatória e deve ser feita com esquema especial 
(maior volume e número de doses) para promover uma resposta vacinal adequada. 
Viajantes
O Centro de Informação em Saúde para Viajantes da UFRJ (Cives) foi implantado em março 
de 1997. É o primeiro Serviço Público especializado em Medicina de Viagem do Brasil. O 
Cives realiza atendimentos individuais, cerca de 60% dos quais relacionados às viagens de 
trabalho, com horário previamente agendado e faz consultorias para empresas (como a 
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Petrobrás) e para tropas brasileiras enviadas em missões no exterior (Timor Leste, 
Congo/Uganda, Sudão e Haiti). Além disto, desenvolveu e mantém uma homepage 
(http://www.cives.ufrj.br) para divulgação de informações relativas à profilaxia de doenças em 
viajantes, que recebeu mais de meio milhão de acessos nos últimos dois anos e meio.
As vacinas têm papel importante, mas não exclusivo, na prevenção de doenças infecciosas 
em viajantes. Além da atualização do calendário vacinal, é necessário avaliar a necessidade de 
imunizações complementares, considerando os riscos a que o viajante vai ser submetido. Para 
indicação de uma vacina, além dos riscos da viagem, deve-se levar em consideração a 
história clínica e vacinal do viajante [Tabela 14]. Em nenhuma hipótese as vacinas devem ser 
indicadas apenas devido aos riscos existentes em um lugar. As vacinas são indicadas para as 
pessoas, não para os lugares. As vacinas podem conferir imunidade de longa duração (como a 
do sarampo ou a da febre amarela) ou por apenas alguns anos (como a da febre tifóide e a 
antimeningocócica). Para algumas doenças (como a malária) não existem vacinas.
Na consulta pré-viagem é importante ainda considerar o tempo disponível para efetuar a 
imunização e a possibilidade de continuidade de esquemas vacinais que requerem doses 
múltiplas durante e após a viagem. As vacinas necessárias devem ser aplicadas com 
antecedência para que produzam efeito protetor adequado (para algumas é preciso mais de 
uma dose). 
Tabela 14
Informações essenciais para programação de vacinas em viajantes
 Informações clínicas Informações da viagem
✔ Doenças anteriores
✔ Doenças atuais
✔ Tratamentos em curso
✔ Gestação
✔ Alergias alimentares
✔ Alergias medicamentosas
✔ Vacinas já recebidas
✔ Eventos adversos às vacinas
✔ Roteiro
✔ Tempo de permanência
✔ Tipo de transporte
✔ Estilo de viagem
✔ Condições de alojamento
✔ Condições de higiene
✔ Disponibilidade de assistência médica
As vacinas exigidas, em geral, visam a proteção da população de um país e não 
necessariamente a do viajante. As vacinas recomendadas visam a proteção do viajante. Nem 
sempre as vacinas recomendadas e as exigidas são as mesmas. As exigências em relação às 
vacinas podem variar de um país para outro e também ao longo do tempo. Antes de viajar, 
estas exigências devem ser sempre verificadas nas embaixadas ou consulados. As vacinas 
necessárias devem ser aplicadas com antecedência para que produzam efeito protetor 
adequado (para algumas é preciso mais de uma dose).
O Regulamento Sanitário Internacional prevê que a vacina contra a febre amarela pode ser 
exigida como condição para a concessão de vistos de entrada. O Certificado Internacional de 
Vacinação contra febre amarela pode ser exigido para países onde a febre amarela é 
endêmica (África, América Central e do Sul) e também para aqueles onde, embora não ocorra 
a doença, exista risco de introdução ou reintrodução (Subcontinente Indiano, Sudeste 
Asiático, alguns países da Europa, etc). O Certificado Internacional é emitido apenas pelo 
Ministério da Saúde, através dos postos de portos, aeroportos e fronteiras. Para o Certificado 
ser válido, a vacina contra a febre amarela deve ser aplicada pelo menos dez dias antes da 
viagem. A Arábia Saudita exige a vacinação contra a meningite meningocócica para os 
peregrinos que se dirigem a Meca .
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Profissionais de Saúde
Promover proteção contra as doenças imunopreveníveis é parte integrante dos cuidados 
fundamentais com os profissionais que atuam na área da saúde. A utilização adequada e 
racional de vacinas nestes profissionais, não somente resulta em benefício individual e serve 
de incentivo para a vacinação em adultos, como também é relevante para proteger 
indiretamentea população de pacientes atendidos nas unidades de saúde [Tabela 15].
Tabela 15
Recomendações e esquemas para vacinação de profissionais da área da saúde
Vacinas Recomendações Esquema usual
dT* Indicada. Checar vacinação básica. Iniciar ou 
completar. Indicar reforço a cada dez anos.
3 doses IM 
0/1/6 ou 0/2/4 meses
Reforço – dose única IM
Hepatite 
B
Indicada. Checar vacinação básica. Iniciar ou 
completar. Avaliar resposta sorológica (Anti-HBs 
quantitativo) 1-2 meses após última dose.
3 doses IM 
0/1/6 meses
MMR Recomendada para os susceptíveis (sem 
antecedentes clínicos ou comprovação sorológica de 
imunidade)
No mínimo 1 dose SC. 
Desejável 2 doses com 
intervalo mínimo de 4 
semanas.
Varicela Recomendada para os susceptíveis (sem 
antecedentes clínicos ou comprovação sorológica de 
imunidade).
2 doses SC com 
intervalo de 4-8 semanas
Gripe 
inativada
Recomendada para os profissionais em contato com 
pacientes de maior risco para complicações da 
gripe._
1 dose anual 
preferencialmente IM . 
Pode ser feita SC
Hepatite 
A
Recomendada para todos os indivíduos susceptíveis 
(sem antecedentes clínico-epidemiológico e/ou 
comprovação sorológica de imunidade).Contudo, 
sem maior risco ocupacional comprovado.
2 doses IM com 
intervalo de 6-12 meses
IPV Não indicada rotineiramente para adultos no Brasil.
Recomendada para vacinação de adultos 
susceptíveis que se dirigem para área endêmica de 
poliomielite e também para a dose de reforço 
daqueles em contato com imunodeficientes.
3 doses SC
0/1/6 ou 0/2/4 meses.
Reforço – dose única SC
Febre 
amarela
Indicada para indivíduos que residem ou se 
deslocam para área de risco de transmissão de febre 
amarela. Indicar reforço a cada dez anos.
Esquema - Dose única 
SC.
Reforço – dose única SC
BCG Não indicada. Benefício não comprovado em 
adultos.
 ----------
*Uma dose da vacina dPaT quando disponível poderá ser utilizada como reforço, o que parece particularmente 
útil para os profissionais em contato freqüente com crianças menores de 1 ano. 
A estratégia de imunização mais adequada a ser implementada em uma determinada 
instituição deverá levar em consideração o perfil de riscos a que os profissionais são expostos 
e as características da população atendida. É recomendável que o estado imunológico de cada 
profissional seja estabelecido antes do início de suas atividades profissionais, através da 
análise da história vacinal e de doenças prévias. Todos os profissionais susceptíveis devem ser 
adequadamente vacinados [Tabela 15], no intuito de minimizar os riscos de se infectarem com 
agentes infecciosos no caso de exposições ocupacionais inadvertidas, como é o caso do vírus 
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79
da hepatite B (acidentes pérfuro-cortantes) e dos vírus da varicela e do sarampo (surtos 
hospitalares associados à transmissão respiratória).
A hepatite B é a doença ocupacional de maior impacto para os profissionais da área da saúde. 
O risco de infecção está diretamente relacionado à prevalência de pacientes cronicamente 
infectados pelo vírus B na população de atendidos e a freqüência de exposições do 
profissional ao sangue e aos outros fluidos biológicos potencialmente contaminados (líquidos 
serosos, sêmen, secreção vaginal). A vacinação é medida fundamental para prevenção 
primária da transmissão da doença.
O esquema padrão de vacinação contra hepatite B, que confere imunidade em mais de 90% 
dos vacinados, é de três doses da vacina recombinante (20µg no adulto) por via 
intramuscular , com intervalo de um mês entre a primeira e a segunda e de cinco meses entre a 
segunda e a terceira. No caso de interrupção (atraso de doses), não é necessário recomeçar, 
apenas completar o esquema iniciado, respeitando-se intervalo mínimo de dois meses entre a 
segunda e a terceira dose e de seis meses entre a primeira e a terceira. 
É recomendável, considerando-se o risco ocupacional continuado, que ao término do 
esquema, seja avaliada sorologicamente a resposta à vacinação, através da pesquisa 
quantitativa de anticorpos séricos contra o antígeno de superfície (anti-HBs). O momento 
ideal para testagem é de um a dois meses após a última dose e o nível sérico mínimo de 
anticorpos considerado satisfatório é de 10 mIU/ml. Caso não alcançado, deve ser considerada 
a continuidade do estímulo vacinal, com uma dose complementar, duas doses (intervalo de 30 
a 60 dias) ou revacinação completa, completando um máximo de seis doses.
O nível de anticorpos antiHBs alcançado após esquema completo tende a se reduzir com o 
tempo. Admite-se, entretanto, que nos indivíduos que apresentaram resposta satisfatória ao 
esquema padrão, o contato eventual com o vírus selvagem da hepatite B, servirá como reforço 
natural à vacinação prévia, estimulando a rápida produção de anticorpos e impedindo a 
replicação do agente natural. Contudo, quando a testagem sorológica não é realizada em 
momento oportuno (até no máximo seis meses após a terceira doses) torna-se difícil a 
interpretação correta da resposta vacinal, pois caso revele nível inferior a 10 mIU/ml não é 
possível discriminar a causa (resposta inadequada à vacina X queda natural do nível de 
anticorpos com o tempo). Nestas circunstâncias, a alternativa mais simples é aplicar uma dose 
de reforço da vacina, seguida da testagem sorológica um mês após.
Vacinação após exposição ao risco de infecções
A exposição de um indivíduo susceptível a um agente infeccioso resulta em possibilidade de 
aquisição de infecção e de adoecimento. Por vezes, a vacinação feita em tempo hábil após a 
exposição poderá ser útil, impedindo a infecção ou atenuando as manifestações da doença 
[Tabela 16]. Em termos gerais, a probabilidade de eficácia da vacina tende a ser maior quanto 
mais precoce após a exposição ela for utilizada, quanto maior for o período de incubação da 
doença e se o indivíduo exposto for imunocompetente. Naturalmente, na abordagem destas 
situações em imunodeficientes as vacinas produzidas com agentes atenuados estão contra-
indicadas, o que habitualmente implica na utilização de imunoglobulinas.
No caso de acidentes ocupacionais, pérfuro-cortantes ou com exposição de mucosas, 
envolvendo material biológico de fonte reconhecida ou potencialmente infectada pelo vírus B, 
dependendo do estado imunitário prévio do profissional acidentado [Tabela 17], podem ser 
necessárias doses adicionais de vacina ou utilização concomitante de imunoglobulina para 
hepatite B.
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Tabela 16
Informações essenciais para programação de vacinas após exposição 
Risco infeccioso Contactantes imunocompetentes 
susceptíveis
Contactantes imunodeficientes 
susceptíveis (inclui gestantes, 
prematuros e neonatos no caso do 
sarampo e da varicela)
Sarampo Vacinar até 72 horas Utilizar imunoglobulina padrão 
humana (IG) até 96 horas 
Varicela Vacinar até 72 horas Utilizar Imunoglobulina específica 
(VZIG) até 96 horas
Hepatite A Tendência a utilizar apenas vacina (1ª dose 
imediatamente).
Utilizar imunoglobulina padrão 
humana (IG) precocemente
Tétano Nos ferimentos de maior risco, além da 
limpeza do ferimento, utilizar Imunoglobulina 
específica (TIG)* o mais precoce possível e 
iniciar ou completar vacinação para o tétano.
Nos ferimentos de risco, além da 
limpeza do ferimento, utilizar 
Imunoglobulina específica (TIG)* o 
mais precoce possível e iniciar ou 
completar vacinação para o tétano.
Raiva Decisão de uso de vacina (de cultivo celular) 
e/ou imunoglobulina (HRIG)* dependerá da 
natureza do ferimento e do animal agressor.
Sempre que houver qualquer risco 
presumido, utilizarimunoglobulina 
(HRIG)* e vacina de cultivo celular. 
*Sempre que disponíveis as imunoglobulinas homólogas (TIG, HRIB) são preferíveis aos seus correspondentes (SAT e SAR) 
soros heterólogos, particularmente pelo menor risco de reações de hipersensibilidade às proteínas heterólogas.
Tabela 17
Profilaxia para hepatite B: acidentes ocupacionais e vítimas de abuso sexual.
➔ Fonte HBsAg-Positiva (comprovada ou presumida como de alto risco)
● Pessoas não vacinadas ou que sabidamente responderam inadequadamente à vacinação completa 
anterior devem receber imunoglobulina (HBIG) e vacina tão logo possível após exposição 
(preferencialmente nas primeiras 24 horas). 
● Pessoas com esquema vacinal em curso, porém incompleto, devem também receber 
imunoglobulina (HBIG) e vacina para completar esquema.
● Pessoas vacinadas e que responderam adequadamente à vacinação completa (comprovação 
sorológica), nenhuma medida adicional é necessária.
● No caso de criancas e adolescentes com comprovação de vacinação completa e sem controle 
sorológico pós-vacinação, indica-se uma dose de reforço da vacina.
➔ Fonte “desconhecida” 
● Pessoas não vacinadas ou que sabidamente responderam inadequadamente à vacinação completa 
anterior devem receber vacina tão logo possível após exposição (preferencialmente nas primeiras 
24 horas). A série vacinal deve ser completada utilizando a dose e o esquema adequado à idade.
● Pessoas com esquema vacinal em curso, porém incompleto, devem receber vacina para 
completar esquema.
● Pessoas vacinadas e que responderam adequadamente à vacinação completa (comprovação 
sorológica), nenhuma medida adicional é necessária.
● No caso de crianças e adolescentes com comprovação de vacinação completa e sem controle 
sorológico pós-vacinação, nenhuma medida adicional é necessária. 
1 Fonte HBsAg-Negativa 
● Embora nenhuma medida específica esteja indicada em relação ao acidente em questão, deve-se 
orientar as pessoas não vacinadas ou com esquemas incompletos, a iniciar ou completar a 
vacinação.
*Quando indicada, a administração de imunoglobulina deve ser feita o mais precocemente possível, se possível nas 
primeiras 24 horas. Admite-se, contudo, que a administração tardia ainda possa trazer benefícios desde que não ultrapasse 7 
dias nos acidentes percutâneos e 14 dias na exposição sexual.
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Programa de Imunizações Especiais no Brasil
A partir de 1993 iniciou-se no Brasil a implantação dos Centros de Referência para 
Imunobiológicos Especiais (CRIE) com a finalidade de atender pessoas com necessidades 
específicas, que por particularidades da condição de base ou por reações adversas aos 
imunobiológicos usuais, necessitem receber imunobiológicos diferenciados [Tabela 18] dos 
disponíveis na rotina.
Tabela 18
Imunobiológicos disponíveis nos CRIE - 2005
Vacinas Imunoglobulinas
DPaT = tríplice acelular 
DPaT-Hib_IPV
Haemophilus conjugada
Hepatite B
Hepatite A
Influenza
Meningocócica C conjugada
Pneumocócica 23
Pneumocócica 7 conjugada
Poliomielite inativada
Raiva de cultivo celular
Varicela
Imunoglobulina antitetânica
Imunoglobulina anti-rábica
Imunoglobulina anti-hepatiteB
Imunoglobulina antivaricela
Atualmente, existe pelo menos um CRIE em cada Estado da União e no Distrito Federal. 
Para receber os imunobiológicos disponíveis nos CRIE, o paciente encaminhado pelo 
médico assistente deverá preencher os critérios definidos pelo PNI (vide resumo em 
anexo e consultar portalweb02.saude.gov.br para maiores detalhes). No Estado do Rio de 
Janeiro, o CRIE oficial funciona no Hospital Municipal Jesus localizado em Vila Isabel, no 
Município do Rio de Janeiro. 
Vacinas específicas
Vacinas contra o tétano, a difteria e a coqueluche
A vacinação contra o tétano, a difteria e a coqueluche faz parte do calendário da infância em 
praticamente todos os países do mundo. A despeito do uso universal da vacinação há mais de 
30 anos, diferenças significativas nos índices de cobertura vacinal são observadas entre os 
países, contrastando-se coberturas superiores a 90% em países com programas de imunização 
bem estruturados, com menos de 30% em outros com precário sistema de saúde.
Na imunização primária da infância, estas vacinas são associadas (vacina DPT ou DPTa, 
também conhecida como tríplice bacteriana) e administradas por via intramuscular. 
Recomendam-se três doses no primeiro ano de vida e pelo menos um reforço de seis a doze 
meses após a última dose. Mais recentemente, com o advento crescente de vacinas 
polivalentes combinadas, possibilitando a simplificação do número de aplicações injetáveis, 
observa-se uma tendência de substituição do uso da clássica tríplice bacteriana pela 
quadrivalente que contém em acréscimo o componente anti-Haemophilus (atualmente em uso 
na rede pública do Brasil), ou pela pentavalente que contém ainda a pólio inativada e ou pela 
hexavalente que contém também a hepatite B.
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A DPT não está indicada para adultos, em razão da maior incidência de efeitos adversos do 
componente coqueluche nesta faixa de idade. Nos adultos nunca vacinados, recomenda-se que 
sejam feitas três doses de dupla adulto (dT), que contém os componentes diftérico e tetânico, 
com intervalo de um mês entre as duas primeiras doses e de cinco a doze meses entre a 
segunda e a última e, a partir desta, um reforço a cada dez anos. Alternativamente, a 
vacinação poderá ser feita com intervalo de dois meses (mínimo de um mês) entre as doses. 
Naqueles com esquema incompleto, não é necessário recomeçar, apenas completar o esquema 
com as doses que faltam. Cabe ressaltar que visando melhorar a tolerabilidade, a formulação 
de adulto contém uma fração menor (1/10) do componente diftérico contido na preparação 
infantil.
Para assegurar a manutenção de níveis de anticorpos satisfatórios para o tétano e a difteria, a 
vacinação básica feita em qualquer momento da vida deverá ser seguida por reforço com a 
vacina dupla adulto (dT) a cada dez anos. Deve-se, entretanto, evitar a aplicação 
desnecessária de doses nos indivíduos já adequadamente vacinados mesmo nos casos de 
acidentes de risco [tabela 19], pois a repetição freqüente poderá resultar em reações de 
hipersensibilidade indesejáveis.
Tabela 19:
BRASIL. MS. Secretaria de Vigilância em Saúde 
Esquema para tratamento profilático do tétano - Conduta em ferimentos suspeitos
História de 
vacinação
prévia contra 
tétano
A
Risco mínimo de tétano
Ferimentos superficiais, limpos, sem corpos estranhos ou tecidos desvitalizados
Risco elevado de tétano
Ferimentos profundos ou superficiais sujos, com corpos estranhos ou tecidos 
desvitalizados; queimaduras;
feridas puntiformes ou por armas brancas e de fogo; mordeduras; politrauma-
tismos e fraturas expostas.
V VACINA(dT) IGHAT ou SAT CUIDADOS COM A 
FERIIMENTOA
VACINA(dT) IGHAT ou SAT CUIDADOS COM A 
FERIMENTO
Incerta
ou menos
de 3 doses
S Sim* Não
3 doses ou mais,
sendo a última dose 
há menos de 5 anos
Não Não
3 ou mais doses,
sendo a última dose 
há mais de 5 anos e 
menos de 10 anos
Não Não
3 ou mais doses,
sendo a última dose 
há 10 ou mais anos
Sim Não
Limpeza e desinfecção,
lavar com
soro fi siológico
e substâncias
oxidantes ou
antissépticas e
debridar o foco
de infecção
---
Sim*** sim
Não Não
Sim
(1 reforço)
Não
Sim
(1 reforço)
Não****
Desinfecção, lavar com
soro fi siológico e 
substâncias
oxidantes ou
antissépticas e remover
corpos estranhos e te-
cidos
desvitalizados.
Debridar o ferimento e
lavar com água oxige-
nada
***Vacinar e aprazar as próximas doses, para complementar o esquema básico. Esta vacinaçãovisa proteger contra o risco de tétano por outros fe-
rimentos futuros. Se o profissional que presta o atendimento suspeita que os cuidados posteriores com o ferimento não serão adequados, deve 
considerar a indicação de imunização passiva com SAT ou IGHAT. Quando indicado o uso de vacina e SAT ou IGHAT, concomitantemente, de-
vem ser aplicados em locais diferentes.
****Para paciente imunodeficiente, desnutrido grave ou idoso, além do reforço com a vacina está também indicada IGHAT ou SAT.
Mais recentemente, uma formulação de dT associada ao componente acelular (pa) da 
coqueluche (dpaT) foi desenvolvida para uso em adolescentes e adultos e preliminarmente 
liberada para uso como dose isolada de reforço. Particularmente útil para abordagem de 
contactantes em caso de surtos e para assegurar imunidade em profissionais de saúde e 
contactantes domiciliares de crianças menores de um ano com esquema vacinal incompleto 
para coqueluche (antes do primeiro reforço). Embora não liberada para uso em gestantes, 
poderá ser utilizada no pós-parto imediato.
Eventos adversos
Os eventos adversos associados à vacina dT são habitualmente discretos. As reações mais 
comuns (dor, vermelhidão e induração) são relacionadas ao local de aplicação da vacina. 
Eventualmente, pode ocorrer febre nas primeiras 72 horas após vacinação. Reações alérgicas 
graves (anafilaxia) são raras. O componente da coqueluche, presente na DPT, pode 
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desencadear sonolência e choro prolongado e mais raramente, convulsões e síndrome 
hipotônica (perda do tônus muscular, sudorese fria e diminuição da resposta aos estímulos).
Contra-indicações e precauções
A ocorrência de reação alérgica grave a qualquer uma das vacinas ou a seus componentes 
contra-indica a aplicação de doses subseqüentes. A instalação de encefalopatia nos primeiros 
sete dias após vacinação contra-indica a utilização do componente coqueluche. É prudente 
adiar a vacinação em indivíduos com doença aguda grave ou crônica descompensada.
Vacinas contra a poliomielite
A vacinação básica para a poliomielite faz ainda parte do calendário da infância em 
praticamente todos os países do mundo. Apesar da progressiva eliminação da poliomielite de 
extensas áreas geográficas com a vacinação sistemática de rotina e com as campanhas anuais, 
ainda persistem focos endêmicos com transmissão ativa do poliovírus, notadamente na África 
e na Índia. A persistência destes focos, num momento de grande facilidade de movimento de 
pessoas, acaba por representar risco de reintrodução da doença em locais de onde a mesma já 
foi eliminada, o que justifica a manutenção da vacinação.
Em geral recomendam-se três doses no primeiro ano de vida e pelo menos um reforço de seis 
a doze meses após a última dose. Duas vacinas são utilizadas contra a poliomielite, a OPV 
(Sabin) que é uma vacina oral (vírus atenuado) e a IPV (Salk modificada), que é injetável 
(vírus inativado). Ambas produzem imunidade contra os três sorotipos do poliovírus e têm 
eficácia comparável.
Independentemente da vacina utilizada no esquema básico (oral ou injetável), não se indica 
habitualmente reforços periódicos após os 5 anos de idade. A utilização da vacina em adultos 
restringe-se a situações particulares como é o caso de viajantes que se dirigem a áreas com 
risco de transmissão, como o Continente Africano e sudeste Asiático. Para os que foram 
previamente imunizados, indica-se uma dose de reforço que poderá ser feita com qualquer 
uma das formulações da vacina. Para os adultos que nunca foram vacinados, indica-se o 
esquema completo, recomendando-se que, preferencialmente, pelo menos as duas primeiras 
doses sejam feitas com a vacina com o vírus inativado (IPV ou Salk modificada).
Os indivíduos saudáveis que recebem a Sabin podem, muito raramente, desenvolver 
poliomielite induzida por mutação ("reversão") dos próprios vírus atenuados componentes da 
vacina, principalmente quando recebem a primeira dose. Os indivíduos com 
imunodeficiência, além do risco maior de poliomielite vacinal, podem eliminar o vírus pelas 
fezes por períodos prolongados (meses, anos), o que facilita a ocorrência de mutação 
("reversão") e constitui um risco para pessoas não vacinadas. Em uma situação de baixa 
cobertura vacinal na população, o vírus vacinal mutante pode levar a uma epidemia de 
poliomielite, como já ocorreu no Egito (1983-1993) e mais recentemente na República 
Dominicana e no Haiti.
Eventos adversos
Os eventos adversos associados à vacina da poliomielite inativada, quando ocorrem, são 
habitualmente discretos. As reações mais comuns (dor, vermelhidão e induração) são 
relacionadas ao local de aplicação da vacina. Reações alérgicas graves (anafilaxia) são 
raríssimas. Não há relato de fatalidades.
O evento adverso mais temido da vacina oral atenuada é a poliomielite vacinal. O risco de 
poliomielite vacinal é significativamente maior em pessoas com imunodeficiência, causada 
por doença ou medicamento, e também é algo maior para os adultos em geral quando 
comparado às crianças.
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Contra-indicações e precauções
A vacina oral contra a poliomielite está contra-indicada em pessoas com imunodeficiência e 
também em contactantes desses indivíduos, que devem ser vacinados com a vacina inativada 
injetável. Tanto a vacina oral quanto a injetável estão contra-indicadas em indivíduos que 
tenham apresentado reação alérgica grave à dose prévia da respectiva vacina ou a seus 
componentes. É prudente adiar a vacinação em indivíduos com doença aguda grave ou 
crônica descompensada.
Vacinas contra o sarampo, a caxumba e a rubéola
A profilaxia contra o sarampo (measles) é habitualmente feita em associação com a caxumba 
(mumps) e a rubéola (rubella), utilizando-se a vacina MMR ou tríplice viral. Trata-se de uma 
vacina produzida com vírus atenuados. A administração simultânea destes componentes é tão 
eficaz (>95%) quanto o uso de cada vacina isolada. A MMR deve ser administrada por via 
sub-cutânea preferencialmente após o primeiro ano de vida, recomendando-se mais 
recentemente a aplicação de uma segunda dose, geralmente feita entre 4 e 6 nos. Os adultos 
susceptíveis a essas doenças também devem receber a vacina. São considerados susceptíveis 
os indivíduos que não foram vacinados adequadamente e que não tiveram a doença.
Eventos adversos
Os eventos adversos com a MMR são geralmente desprovidos de gravidade, como febre 
(5-15%) e manchas avermelhadas (rash) na pele (5%), que surgem entre o 5o e o 12o dia após 
a vacinação. Pode ainda ocorrer dor nas articulações e discreto aumento da parótida (em razão 
do componente da caxumba). Os para-efeitos mais graves, como encefalite associada ao 
componente do sarampo (<1:1000000 de doses) e púrpura associada ao componente da 
rubéola, são raríssimos e consideravelmente menos freqüentes que os mesmos agravos 
decorrentes da infecção natural. Não há relatos de reações anafiláticas fatais.
Contra-indicações e precauções
A MMR está contra-indicada durante a gravidez e em imunodeficientes. Contudo, admite-se o 
uso da vacina em indivíduos infectados pelo HIV em áreas de elevada prevalência de 
sarampo. A MMR está contra-indicada em indivíduos que tenham apresentado reação 
alérgica grave a dose prévia da vacina ou a qualquer de seus componentes.
No caso de antecedentes de reações alérgicas leves à vacina ou a qualquer um dos seus 
componentes (incluindo ovo, neomicina e gelatina), caberá ao médico responsável a decisão 
de vacinar. Deve-se, em razão de possível interferência na indução de

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