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Aula Iluminismo

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Unidade 01
O Iluminismo
Introdução
 O Iluminismo foi um movimento filosófico, político, 
econômico, social e cultural que defendeu o uso da 
razão como o melhor caminho para se atingir a 
liberdade, a autonomia e a emancipação do ser 
humano;
 Seus defensores acreditavam vigorosamente no 
progresso humano através da educação; em sua visão 
(um tanto quanto utópica...), a sociedade finalmente 
atingiria a perfeição quando as pessoas tivessem plena 
liberdade para pôr em prática o pensamento racional.
 O respeito pela filosofia racional era, em grande parte, 
derivado dos recentes avanços da ciência e de sua 
crescente popularidade; 
Introdução
 Cientistas ilustres, tais como Isaac Newton 
(1643-1727), descobridor de várias leis da 
física, forneciam as evidências matemáticas 
para embasar diversas descobertas científicas; 
ou seja, estas descobertas acabaram 
fornecendo uma explicação racional para vários 
fenômenos naturais que, até então, dependiam 
de concepções religiosas.
Introdução
 Nesse sentido, a partir do Iluminismo “acabou-se a era 
religiosa da história humana e inaugurou-se uma era 
não-religiosa e racionalista”. (Collingwood)
Introdução
 Curiosidade: mesmo no século XVIII, muitos 
naturalistas ainda acreditavam que os fósseis de 
dinossauros (termo cunhado apenas em 1841) eram os 
vestígios de animais mortos no dilúvio bíblico (ou seja, 
que não conseguiram ser salvos por Noé!);
 Outros historiadores propõe que, 
sem ter uma explicação “racional” 
para a existência dos vestígios 
daqueles enormes animais, várias 
culturas então desenvolveram a 
lenda do dragão! 
 O Iluminismo foi também pioneiro na aplicação de 
métodos científicos ao estudo das sociedades humanas, 
“rabiscando as modernas ciências sociais”;
 A ideia básica, neste momento, era que leis racionais 
pudessem descrever até mesmo o comportamento social
– assim como descreviam os fenômenos naturais - e que
Introdução
justamente o conhecimento destas 
leis poderia então ser usado para 
aprimorar as ações humanas.
 Os conceitos mais importantes do Iluminismo eram a “fé 
na natureza e a crença no progresso humano”,
 A natureza, neste caso, era compreendida como “um 
complexo de leis que interagiam entre si e que 
governavam o universo”;
Introdução
 O ser humano, portanto, como 
parte desse “sistema natural”, 
estaria – por consequência lógica 
- intencionado a agir de acordo 
com a razão.
 Para os iluministas, os seres humanos nascem 
com a mente “vazia” (a ser preenchida); assim 
sendo, todas as pessoas nascem 
essencialmente boas; 
 É a sociedade, portanto, que “molda a sua
mente e a corrompe”; 
Introdução
 Portanto, se todos pudessem agir e pensar de modo
puramente racional (a “pura razão”), as pessoas
naturalmente agiriam para promover a felicidade dos 
outros…
Introdução
 Dessa forma, acreditando terem 
descoberto “o segredo do 
progresso infinito” do ser 
humano, os iluministas defendiam 
que tanto a felicidade quanto a 
correção moral do ser humano 
dependiam, entre outras coisas, 
do fim das restrições 
desnecessárias impostas pelo 
Estado e pela(s) Igreja(s).
Histórico
 As raízes do movimento iluminista podem ser traçadas 
desde o século XVII, nas ideias do francês René 
Descartes (1596-1650), para quem a verdade poderia 
ser alcançada através de duas habilidades inerentes ao 
ser humano: duvidar e refletir .
“Nunca nos devemos deixar persuadir senão por 
evidência da razão”.
“Humanamente não existe um ser que seja feliz 
sem que o outro também seja”. 
“Penso logo existo”.
 Para alguns historiadores, contudo, o título de “pai do 
Iluminismo” caberia ao famoso filósofo inglês John Locke 
(1632-1704), autor do “Ensaio sobre o entendimento 
humano” (1689), no qual, pela primeira vez, desafiou a
Histórico
doutrina original de que a educação 
consistia unicamente da leitura de 
antigos textos e da absorção dos dogmas 
religiosos. Para ele, o entendimento do 
mundo requeria observações diretas, 
incentivando as pessoas a pensarem por 
si mesmas, usando a razão como guia.
 Tendo vivido os horrores da guerra civil inglesa (1642 –
1646), Locke foi autor de inúmeros panfletos 
revolucionários, incluindo o influente “Segundo tratado 
sobre o governo”, no qual pregava ideias “polêmicas”, tais 
como: (a) todo governo tem o dever moral de servir o 
povo através da proteção da vida, da liberdade e da 
propriedade; (b) o poder do governo deve ser regulado; 
(c) o povo tem o direito de rebelar-se sempre que o 
governo violar os direitos individuais; (d) o poder do rei 
(ou de qualquer governo) emana do povo, que aceita 
obedecer as lideranças em troca da segurança e do 
respeito às leis.
Histórico
 Curiosidade: como resultado da guerra civil inglesa 
(1642 – 1646), o rei Charles I (que havia entrado em 
conflito com o Parlamento) foi preso e decapitado em 
janeiro de 1649. Com a sua morte, a Inglaterra torna-se 
uma “república” até 1660, quando a monarquia é 
reinstituída (com o rei Charles II).
Histórico
 Em 1693, Locke publica a obra “Pensamentos sobre 
educação”, defendendo ideais inovadoras, tais como: (1) 
a educação deve servir para a liberdade; (2) o exemplo é 
a melhor forma de repassar valores morais e habilidades 
fundamentais; (3) os pais devem estimular o intelecto de 
seus filhos; (4) os professores tendem a valorizar o poder 
etc.
Histórico
Histórico
 Locke, já na década de 1680, procurava aplicar os 
princípios de seu amigo Isaac Newton (recentemente 
publicados) a áreas tão diversas quanto a psicologia, a 
economia e a teoria política;
 A partir de Locke, “o Iluminismo 
atingiu a maturidade e começou a 
espalhar-se para outros países”. 
(Pevsner)
 John Locke, de fato, influenciou bastante o 
pensamento de importantes teóricos iluministas -
Adam Smith, Thomas Jefferson, Benjamin Franklin, 
Voltaire etc. – tornando-se inclusive uma das fontes 
inspiradoras da independência americana (1776).
Histórico
 A partir de 1713 (Paz de Utrecht), todavia, o Iluminismo
tornou-se um fenômeno predominantemente francês; 
 De fato, por volta de 1750, a França, graças aos ideais do 
Iluminismo, voltou a ocupar a posição de centro cultural 
da Europa;
 O século XVIII, em função do apogeu atingido pelo 
Iluminismo, também é conhecido por “Século das Luzes” 
(em contraste com a Idade Média, que os iluministas 
preconceituosamente denominaram a “idade das 
trevas”).
Histórico
 O “racionalismo reformista” do Iluminismo, uma vez 
disseminado pela Europa, atravessou o Atlântico e 
chegou ao Novo Mundo;
Histórico
 Na América Espanhola e no 
Brasil, as “ideias francesas” 
eram amplamente lidas e 
debatidas (lembrar, por 
exemplo, da Inconfidência 
Mineira).
 Na Idade Média, “os problemas centrais do 
pensamento diziam respeito à teologia” e 
com isso as questões eram todas abordadas 
do ponto de vista das relações entre Deus e 
o homem; 
 Do século XVI até o século XIX, por outro 
lado, os teóricos concentraram-se na 
criação dos fundamentos da ciência natural;
 Para entender o espírito humano, usavam 
como ferramenta principal a filosofia. 
A Ideia de História
 No século XVII, o movimento de 
construção do pensamento, como 
vimos, concentrou-se nos 
problemas das ciências naturais, 
deixando de lado, por exemplo, as 
questões relacionadas à história. 
René Descartes (1596-1650), 
contudo, foi um dos pensadores 
que abordou o tema (história) em 
seus escritos.
A Ideia de História
 Para ele, no entanto, a história, “ainda que 
interessante e instrutiva, ainda que válida para 
assumir uma atitude prática na vida, não podia 
reivindicar a verdade” (Collingwood), pois em sua 
visão, não haveria como ter certeza que osacontecimentos descritos pela história tivessem 
ocorrido exatamente como foram relatados. Ou 
seja, para Descartes, a história não chegava a 
compor, de fato, um ramo do saber...
A Ideia de História
 Descartes (em o Discurso do Método): “Pois conversar com os homens 
dos outros séculos e viajar é quase a mesma coisa. É bom saber-se 
qualquer coisa acerca dos costumes de vários povos, para podermos 
julgar mais sensatamente os nossos e para não pensarmos que tudo 
aquilo que não está de acordo com os nossos modos é ridículo e 
irracional, tal como costumam fazer aqueles que nada viram. Mas 
quando passamos demasiado tempo a viajar, acabamos por nos tornar 
estrangeiros em relação ao nosso país; e, quando nos preocupamos 
demasiadamente com os fatos dos séculos passados, ficamos (...) a 
ignorar os que se manifestam em nosso tempo. Além disso (...) até as 
histórias mais fiéis – se não modificam nem aumentam o valor das 
coisas para as circunstâncias mais baixas e menos nobres (...), donde 
resulta que o resto não aparece tal como é.”
A Ideia de História
 Porém, no séc. XVIII, em consonância 
com o pensamento a respeito do 
mundo exterior, começou-se a pensar 
a história de um modo crítico, 
distinguindo-a inclusive como “uma 
forma específica de pensamento, não 
exatamente como a matemática, a 
teologia ou a ciência”. (Collingwood)
A Ideia de História
 O ceticismo de Descartes, portanto, não desencorajou 
os historiadores. Aliás, muito pelo contrário: 
“procederam como se o considerassem um desafio, um 
convite para elaborarem, por si próprios, os seus 
métodos, convencendo-se que a história crítica era 
possível.” (Collingwood)
A Ideia de História
 Destaque para o trabalho do filósofo, 
historiador e jurista italiano Giambattista
Vico (1668-1774) que, no início do século 
XVIII, lançou-se ao desafio de formular os 
princípios do método histórico, “opondo-se 
à filosofia cartesiana”; 
 Para Vico, sendo o homem o próprio autor 
da história e tendo ela já acontecido (ou 
seja, só se conhece o que já foi feito), nada 
impediria, a princípio, o seu conhecimento. 
A Ideia de História
 Para Vico, o processo histórico seria “um processo 
através do qual os seres humanos elaboram sistemas de 
linguagem, costumes, leis, governos etc. Isto é: 
considera a história como a história da gênese e do 
desenvolvimento das sociedades humanas e das suas 
instituições.” Ou seja, “o plano da história é um plano 
completamente humano”. (Collingwood) 
A Ideia de História
 A criação da sociedade humana 
pelo homem e os detalhes 
desta criação são, portanto, um 
fato humano, aptos a serem 
conhecidos/assimilados pelo 
“espírito humano”.
A Ideia de História
 Vico, por exemplo, ao apresentar seus estudos sobre a 
história do direito e da língua, considerou este 
conhecimento tão “certo” ou “válido” quanto o 
conhecimento que Descartes atribuía aos estudos da 
matemática e da física;
A Ideia de História
 Para Vico, portanto, o que unia o 
historiador e o “objeto” de seu 
estudo era “a própria natureza 
humana”, unindo os homens do 
passado e os historiadores 
contemporâneos. 
 Desconfiar das frequentes opiniões elogiosas da antiguidade 
(ou seja, os exageros tão comuns em relatos antigos);
 Levar em consideração a “vaidade das nações” e/ou a vaidade 
do próprio autor erudito;
 Estar preparado para dar maior importância às próprias 
descobertas do que acreditar totalmente nas fontes antigas. 
Ou seja, o historiador poderia reconstituir, através de métodos 
científicos, o quadro de uma época passada sem basear-se 
unicamente na tradição ou nas fontes antigas!
A Ideia de História
São exemplos das regras que compunham o “método 
histórico” de G. Vico: 
 A Era dos deuses: os homens são ignorantes e insensatos, 
prevalecendo “a animalidade”; é uma época em que os homens 
pouco ou nada usam a reflexão e a razão, ligando-se mais aos 
sentidos;
A Ideia de História
 A Era dos homens: época em que destaca-se a razão; quando 
“os homens atingem a consciência crítica e a sabedoria”.
 A Era dos heróis: período de governos formados 
por uma aristocracia guerreira, prevalência de 
uma economia agrícola, uma moral 
fundamentada na ideia de coragem e lealdade 
pessoal;
 E mais: para Vico, os períodos repetiam-se ao longo 
da história, mas nunca de maneira igual, e sim numa 
forma “em espiral”, atingindo diferentes fases a cada 
ciclo semelhante. Por esta razão, a história estaria 
sempre a criar novidades, o que faz com que a “lei 
cíclica” realmente não permita prever o futuro;
 Suas ideias influenciaram os escritos de importantes 
pensadores, tais como Hegel, Augusto Comte e Karl 
Marx (“A história se repete, a primeira vez como 
tragédia e a segunda como farsa”).
A Ideia de História
 Curiosidade: para Vico, a tradição tinha uma grande 
importância. Logicamente, não como uma “versão literal” da 
história, mas sim como uma “confusa recordação de fatos 
distorcidos através de um meio, cujo índice de refração 
podemos, até certo ponto, determinar. Todas as tradições 
são verdadeiras, mas nenhuma delas significa aquilo que diz. 
Para descobrir-se o seu significado, temos de saber que 
espécie de gente as inventou e o que tal espécie de gente 
pretendia dizer com tal espécie de coisa”; (Collingwood)
 Exemplo: teoria da possível relação entre o homem de 
Neandertal e a lenda dos trolls (Noruega)
A Ideia de História
A Ideia de História
 A mesma relação Vico estabeleceu com a mitologia. Para 
ele, “os deuses primitivos representariam um modo 
semipoético de exprimir a estrutura social do povo que os 
inventou”. Ou seja, o estudo da mitologia poderia, de fato, 
ajudar na formulação de um quadro da vida doméstica, 
econômica e política dos antigos povos que a criaram;
 R. G. Collingwood: “Estes mitos constituíam o modo 
segundo o qual um espírito primitivo e imaginativo 
exprimia, para si mesmo, aquilo que um espírito mais dado 
à reflexão teria expresso em códigos jurídicos e morais”. 
A Ideia de História
A Ideia de História
Qual a principal limitação dos estudos históricos dos 
pensadores iluministas?
 Uma concepção verdadeiramente histórica da história 
humana entende que todas as coisas feitas pelo homem tem 
a sua razão de ser e que surgem com “a finalidade de atender 
às necessidades dos homens, cujas mentes as criaram”; 
 Desta forma, considerar qualquer objeto/construção da 
história – como foi o caso da religião, combatida pelos 
iluministas - como inteiramente irracional “é olhar para ela, 
não como historiador, mas como publicista, como polemista 
de panfletos”. (Collingwood)
 Por esta razão, pensadores importantes da história no século 
XVIII, tais como David Hume (1711-1776) e Voltaire (François 
Maria Arouet – 1694-1778), deram prioridade ao 
conhecimento dos fatos históricos ocorridos a partir do 
século XV: “a causa real dessa limitação de interesse aos 
tempos modernos residia no fato de, em consequência do 
seu estreito conceito de razão, não terem qualquer simpatia 
por aquilo que consideravam como períodos não-racionais da 
história humana”; (Collingwood)
 Daí a importância do enaltecimento do Renascimento e, 
como já dissemos, a denominação da Idade Média como 
sendo a “Idade das Trevas”...
A Ideia de História
O Iluminismo e a Política
 Na virada do século (XVII ao XVIII), 
grande parte da Europa 
continental encontrava-se nas 
mãos de monarquias absolutistas, 
sistema governamental com vários 
resquícios das antigas estruturas 
feudais, tais como a censura e a 
grande influência da Igreja Católica 
nas questões de Estado.
Pintura equestre de 
Luís XIV (1673)
O Iluminismo e a Política
 A liberdade conduz ao caos; 
 O pior governo será sempre melhor do 
que o desgoverno; As pessoas devem lealdade ao soberano, 
estando ele certo ou errado;
 O próprio Deus sanciona o poder 
absoluto dos monarcas.
Obras como Leviathan (1651) – a “bíblia do absolutismo” -
de Thomas Hobbes, e Patriarcha de Robert Filmer (1680) 
defendiam ideias conservadoras, tais como: 
 Dessa forma, a teoria política no Iluminismo procurou 
contestar “o contrato social do direito divino” através da 
defesa dos “direitos naturais” de liberdade política e de 
justiça para o homem; 
O Iluminismo e a Política
 Estas ideias, obviamente, 
negavam a autoridade absoluta 
dos monarcas e enfraqueciam o 
sistema em todas as suas fases.
Pintura equestre de 
Luís XIV (1694)
 De fato, diante da rápida disseminação dos ideais 
iluministas na Europa, alguns monarcas absolutistas, 
com receio de perder o poder, passaram a tolerá-los;
 O Iluminismo, portanto, tornou-se popular entre as 
elites de muitos “baluartes” do absolutismo, tais como a 
Prússia, a Rússia, a Áustria, a Espanha e até mesmo 
Portugal.
O Iluminismo e a Política
Catharina II (1762-1796) 
da Rússia
 Os monarcas que, àquela altura, tentavam conciliar o 
tradicional sistema de governo com as ideias de 
progresso preconizadas pelo Iluminismo eram 
denominados “déspotas esclarecidos”: Frederico II, da 
Prússia; Catharina II, da Rússia; o Marquês de Pombal, 
em Portugal, dentre outros.
 Essa adoção dos princípios iluministas por parte das 
monarquias, por sua vez, empreendeu uma 
modernização do aparelho administrativo, favorecendo 
principalmente os interesses da nobreza e da burguesia
nacionais.
O Iluminismo e a Política
 Na verdade, os burgueses foram os principais 
interessados nesta nova filosofia, pois, apesar da riqueza 
que acumulavam, eles não tinham poder algum para 
interferir nas questões políticas;
O Iluminismo e a Política
 As práticas mercantilistas adotadas pelos 
governos absolutistas – com forte 
interferência do poder central e a 
concessão de privilégios para membros da 
nobreza – também contribuíam fortemente 
para a insatisfação da classe burguesa.
 Por sinal, alguns dos melhores exemplos de crítica social 
através das artes, nesta época, são as cenas das ruas 
londrinas feitas pelo pintor inglês William Hogarth (1697-
1764) e os retratos da corte espanhola feitos por 
Francisco Goya (1746-1828):
O Iluminismo e a Política
Infanta Maria Josefa
O Iluminismo e a Política
Infanta Maria Josefa
Retratos da rainha Maria Luisa, feitos 
por Francisco Goya
 Os pensadores iluministas acreditavam 
que o pensamento racional deveria ser 
levado adiante, substituindo as crenças 
religiosas e o “misticismo”, que, segundo 
eles, bloqueavam a evolução do homem; 
 O homem, portanto, deveria ser o centro 
das atenções e passaria a usar somente a 
razão para obter as respostas daquelas 
questões que, até então, eram justificadas 
somente pela fé.
O Iluminismo e a Religião
 Collingwood: “Por Iluminismo entende-se 
aquele esforço – característico do início do 
século XVIII – de secularizar todos os setores 
da vida e do pensamento humanos. Foi uma 
revolta não só contra o poder da religião 
institucional como contra a religião em si 
mesma”;
 Para os teóricos iluministas, “certas formas 
de atividade mental” eram, portanto, 
“formas primitivas, destinadas a perecer 
quando o espírito” atingisse a maturidade”.
O Iluminismo e a Religião
 Ou seja, à medida que o homem se desenvolvesse, a 
razão prevaleceria sobre “a imaginação e a paixão”;
O Iluminismo e a Religião
 Para os iluministas, “a religião era uma coisa completamente 
desprovida de qualquer valor positivo, não passava de erro 
total, devido à hipocrisia sem escrúpulos e calculista duma 
classe de seres chamados padres, que – segundo parece que 
eles pensavam – a inventaram para servir de instrumento de
O Iluminismo e a Religião
domínio sobre a massa dos homens. 
Termos como religião, sacerdote, 
Idade Média e barbarismo (...) eram, 
para essas pessoas, (...) simplesmente 
termos ofensivos. Possuíam uma 
significação emocional e não 
conceitual”. (Collingwood)
 Outra questão que levava os iluministas a combaterem 
a igreja era a sua frequente intromissão nos assuntos 
econômicos e políticos. Este “hábito”, portanto, seria 
nocivo “ao desenvolvimento e ao progresso da 
sociedade”; 
 “Até mesmo o pensamento dogmático religioso era 
colocado como uma barreira entre Deus e o homem. O 
pensamento iluminista acreditava que a natureza divina 
estava presente no próprio indivíduo e, por isso, a razão 
e o experimento eram meios seguros de compreensão 
da essência divina”. (R. Sousa)
O Iluminismo e a Religião
 Do ponto de vista da Igreja, é claro que “as 
liberdades modernas, que a doutrina das 
luzes colocava no centro das suas 
reivindicações, eram percebidas (...) como 
contrastantes com a absolutez (e a 
unicidade) da verdade e sobretudo como 
uma ameaça direta à própria possibilidade 
da sua legitimidade, enquanto atentavam 
contra o princípio de autoridade que está na 
base da estrutura hierárquica da Igreja” (G. 
Piana).
O Iluminismo e a Religião
Papa Pio VI (1775-1799)
 Daí a aberta - e veemente – condenação pela Igreja 
das teses iluministas e a rejeição da “razão da 
modernidade” que embasava todo o sistema do 
pensamento iluminista.
O Iluminismo e a Religião
“Napoleão: Revolta em 
Pavia”, de Paul-Emile 
Boutigny: Papa Pio VI 
clama a Napoleão para 
poupar a cidade de Pávia
(1796)
 G. Piana: “Certamente, também não faltavam motivos 
plausíveis para tal condenação e tal rejeição. A tendência 
às vezes presente na doutrina iluminista de absolutizar a 
razão acabava, de fato, subtraindo da fé qualquer 
possibilidade de expressão, relegando-a ao âmbito das 
formas míticas ou supersticiosas; enquanto, por sua vez, 
a tentação da totalização ideológica (...) dava origem a 
uma concepção fechada da realidade, destinada a servir 
de suporte ao sistema político e econômico existente – o 
liberal-capitalista – consolidando-o e tendendo a 
perpetuá-lo no tempo”.
O Iluminismo e a Religião
 O Iluminismo, em resumo, adotava um sistema que, 
embora admitisse a existência de um Deus, negava a 
autoridade de qualquer igreja, questionando a sua própria 
necessidade (bem como a do clero): o chamado deísmo;
 Dentro desta ótica, é óbvio que os pensadores iluministas 
atacaram a Igreja Católica com especial vigor, 
especialmente quando relembramos alguns de seus 
personagens polêmicos...
O Iluminismo e a Religião
 Curiosidade: a partir da Revolução Francesa (1789), o 
patrimônio religioso francês era frequentemente atacado 
pelas multidões enfurecidas, pois “o aparato eclesiástico 
(...), juntamente com a nobreza, representava o poder 
reacionário a derrubar.” (G. Piana)
O Iluminismo e a Religião
“Profanação de uma Igreja”, de 
Jacques Desfontaines (1794)
O Iluminismo e a Religião
Decreto francês de 02/11/1789 confiscou todos os bens da Igreja Católica; o 
decreto de 13/02/1790 fechou todos os mosteiros e expulsou seus habitantes.
O Iluminismo e a Religião
O Papa Pio VII, por exemplo, no início do século XIX (1808-1814), foi preso e 
exilado (como Pio VI) por Napoleão Bonaparte.
 O Iluminismo francês exerceu uma poderosa influência 
na Inglaterra; naquela época, muitos jovens de sua elite 
viajavam à França para completar sua educação; 
 Dentre eles, alguns expoentes do pensamento inglês, tais 
como Adam Smith (1723-1790), o “pai da economia 
moderna”.
O Liberalismo Econômico
“A riqueza de uma nação se mede pela riqueza 
do povo e não pela riqueza dos príncipes.”
“O Estado não deve interferir na economia. Ela 
se ajusta por si só.”
 Uma nova escola de economistas se 
desenvolveu no período. Atravésde 
Adam Smith, foram apresentados uma 
série de “princípios invariáveis” do 
comportamento econômico, baseados na 
crença de que as pessoas, apesar de 
agirem de acordo com seus próprios 
interesses, através da competição
trabalhariam para promover o progresso 
econômico geral: surgem as bases do 
liberalismo econômico. 
O Liberalismo Econômico
“Uma investigação sobre a 
natureza e a causa da riqueza 
das nações” (1776)
 Os defensores do liberalismo econômico, por sua vez, 
apontavam as mazelas do mercantilismo e sua doutrina 
baseada fortemente nas riquezas da terra (agricultura) e 
na acumulação de metais preciosos;
O Liberalismo Econômico
 Os iluministas, naturalmente, 
combatiam com vigor a instituição do 
monopólio comercial, típico das 
economias colonialistas (Inglaterra, 
Portugal etc.) e/ou fortemente 
centralizadas (França). 
 Ainda de acordo com Adam Smith, os governos 
deveriam evitar a regulação, em favor da livre operação 
da iniciativa privada e das próprias forças do mercado;
O Liberalismo Econômico
 Este, por sinal, é um dos mais 
importantes enunciados da política 
econômica liberal e também mais um 
exemplo da crença dos iluministas em 
modelos gerais do comportamento 
humano derivados do pensamento 
racional. 
 A revolução científica ocorrida entre os séculos XVII e 
XVIII, além de melhorar o conhecimento do mundo pelo 
ser humano, facilitaria, mais tarde, o nascimento da 
revolução industrial;
Iluminismo: consequências
 As discussões referentes aos direitos 
individuais e universais dos povos 
conduziram a importantes mudanças 
sociais e culturais e estas, por sua vez, 
estimularam grandes mudanças políticas, 
tais como a Revolução Francesa, o 
movimento de independência de várias 
colônias etc.
Pensadores Iluministas
 Charles de Secondat, o Barão de Montesquieu (1689-
1755): membro da primeira geração de iluministas, 
além de aristocrata foi também um oficial de justiça e 
membro da Academia de Ciências da França; 
 Em sua maior obra, “O espírito das leis” 
(1748), expressou seus princípios 
políticos básicos. Mais tarde, durante a 
Revolução Francesa (1789), este 
trabalho influenciaria bastante a 
Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão.
Pensadores Iluministas
 Com base na experiência inglesa, Montesquieu defendia 
a divisão equilibrada do governo em três poderes 
independentes - Legislativo, Executivo e Judiciário -, 
como forma de garantir o sucesso de uma democracia.
“O luxo arruína as repúblicas; a pobreza, as monarquias.”
“Liberdade é o direito de fazer aquilo que as leis permitem.”
“Quando vou a um país, não examino se há boas leis, mas se 
as que lá existem são executadas, pois boas leis há por toda 
parte”.
 Voltaire (1694-1778), pseudônimo de Françoise-Marie 
Arouet, foi o maior símbolo do Iluminismo; escritor e 
filósofo polêmico, foi um dos maiores críticos da 
monarquia (e suas injustiças) e da religião tradicional; 
 Dentre suas principais obras, destaque para “Cartas 
filosóficas” (1734).
Pensadores Iluministas
“O valor dos grandes homens mede-se pela 
importância dos serviços prestados à 
humanidade.”
“A guerra é o maior dos crimes, mas não 
existe agressor que não disfarce o seu crime 
com o pretexto de justiça.”
 Ele popularizou a ciência de Isaac Newton, lutou pela 
liberdade de imprensa, criticou abertamente a Igreja 
Católica etc. Ao longo de tais embates, além de 
enfrentar prisões e o exílio, produziu centenas de 
folhetins, peças de teatro, ensaios, panfletos etc.;
 Ainda em vida, Voltaire tornou-se uma “lenda” tanto 
para os leitores comuns quanto para importantes 
monarcas (alguns dos quais mantinham até 
correspondência com ele, tais como Catharina II (1762-
1796) da Rússia e Frederico II (1740-1786) da Prússia).
Pensadores Iluministas
 Voltaire teve muitos discípulos e 
imitadores, mas o seu maior “rival” na 
difusão das ideias iluministas foi, sem 
dúvida, uma publicação: a coleção de 
35 volumes que compunha a 
Enciclopédia francesa, editada por 
Denis Diderot (1713-1784) e Jean 
D’Alembert (1717-83) entre 1751 e 
1780.
Pensadores Iluministas
 A Enciclopédia, o principal “monumento” dos iluministas, 
declarou a supremacia da nova ciência, denunciando a 
superstição e expondo os méritos da liberdade humana; 
Pensadores Iluministas
 Além de informações e ilustrações 
científicas variadas, suas páginas 
continham também artigos diversos, 
dentre os quais, por exemplo, alguns 
textos críticos que apontavam os 
malefícios do tráfico de escravos e a 
crueldade das leis criminais 
contemporâneas.
 Jean-Jacques Rousseau (1712-1778): por suas ideias 
muitas vezes contrárias às de seus colegas iluministas, foi 
tido frequentemente como uma pessoa de 
temperamento difícil e bastante excêntrica; 
 Apesar de acreditar nos objetivos gerais do Iluminismo, 
Rousseau não confiava plenamente no racionalismo e na 
ciência...
Pensadores Iluministas
 Em seus inúmeros escritos, falava como 
“um rebelde contra todas as instituições 
estabelecidas”.
 Rousseau, na verdade, glorificava a intuição e o 
impulso humanos, confiando mais nas emoções do que 
nos pensamentos; no coração mais do que na mente. 
Por causa disso, foi também chamado de “defensor do 
racionalismo romântico”;
Pensadores Iluministas
 Para Rosseau, “a simplicidade e a 
comunhão entre os homens deveriam ser 
valorizados como itens essenciais na 
construção de uma sociedade mais justa”. 
 Além de ter contribuído com a Enciclopédia, foi também 
autor do “Discurso sobre a origem e os fundamentos da 
desigualdade entre os homens” e do “Contrato social” 
(1762), esta última a sua “acusação formal contra a 
monarquia absolutista”;
Pensadores Iluministas
 Destaque também para a criação da 
figura do “nobre selvagem” – aquele 
que vivia completamente livre das leis, 
das cortes, padres e oficiais civis – do 
qual Rousseau declarava-se um grande 
admirador. 
 O Iluminismo também foi significativo para a história da 
conservação de nossa herança cultural, na medida em 
que introduziu paradigmas e formulou conceitos que 
efetivamente fundaram o “moderno sistema 
conservacionista”;
 Uma das questões fundamentais no século XVIII foi, 
como já vimos, justamente a elaboração do novo 
conceito de “história”, conforme os estudos de 
Giambattista Vico (Itália) e principalmente Johann 
Joachim Winckelmann (como veremos mais adiante). 
História & Herança Cultural
 O século XVIII testemunhou 
não apenas um grande 
interesse no estudo 
arqueológico sistemático 
das antiguidades, como 
também assistiu ao início 
das viagens de estudo 
(Grand Tours) para a Itália e 
o Mediterrâneo (a 
princípio) e depois para 
outras regiões do mundo.
História & Herança Cultural
Interior do Panteão 
(G. Panini – c.1750)
 O objetivo dos viajantes –
contaminados pelo pensamento 
iluminista - era compreender a 
origem das coisas, explorar o 
mundo e “submeter tudo à 
consideração crítica”.
História & Herança Cultural
 No século XVII, o 
colecionismo de 
antiguidades já havia se 
tornado moda também fora 
da Itália. E uma vez que 
Roma perdia o seu poder 
econômico, importantes 
coleções eram vendidas para 
a França, Inglaterra e outros 
países. 
História & Herança Cultural
História & Herança Cultural
 Ou seja, importantes peças da cultura greco-romana 
foram definitivamente deslocadas para diferentes partes 
do continente europeu (a “diáspora” das obras de arte).
 A França, através do influente Ministro 
das Finanças de Luís XIV, Jean-Baptiste 
Colbert, fundou em 1666 a Academia 
Francesa em Roma; seus membros 
tinham como função principal estudar os 
antigos monumentos da cidade, preparar 
desenhos em escalae propor “restauros” 
ilustrativos, baseados nas hipotéticas 
“formas originais” dos antigos 
monumentos. 
História & Herança Cultural
 Sociedades acadêmicas na Itália 
também foram criadas por ingleses–
a Sociedade dos Antiquários (1717) e 
a Sociedade dos Dilettanti (1734). 
Este intercâmbio entre artistas e 
estudiosos ingleses, franceses e 
italianos, por sinal, iria contribuir 
posteriormente para o nascimento e 
difusão do movimento neoclássico
na Europa.
História & Herança Cultural
 A partir do século XVIII, portanto, evidencia-se uma 
crescente consciência do “valor universal” de 
importantes obras de arte e monumentos históricos, 
marcando assim o início de um sentimento mais 
generalizado de responsabilidade por sua preservação.
História & Herança Cultural
 De fato, a preocupação com as condições de várias obras-
primas artísticas e a crença de que deveria haver uma 
responsabilidade compartilhada por todos na 
preservação desta herança começam a ficar evidente nas 
expressões de muitos viajantes e estudiosos.
História & Herança Cultural
 Fragmentos do testemunho do viajante francês Boyer 
d’Argens em 1738, que evidenciam o reconhecimento 
patente do “valor universal” de importantes obras de 
arte como elementos de união dos povos: “Roma ainda 
possui um número infinito de vistas maravilhosas que 
devem ser defendidas, protegidas e conservadas por 
todos aqueles que se opõem à vulgaridade e à 
ignorância. (...) o homem Rafael, superior a todos os 
outros homens na arte (...) através de quem os homens 
de todos os países e todas as regiões podem se tornar 
irmãos”. 
História & Herança Cultural
 Ao final do século XVIII, seguidores das ideias de 
Winckelmann levaram ainda mais longe o conceito de 
“universalidade” da herança cultural, com a noção de que 
os produtos que contêm o valor de autenticidade
pertenceriam à toda humanidade; 
História & Herança Cultural
 A ciência, a arte e a literatura, 
portanto, eram vistos como 
pertencentes a um mundo além 
das barreiras nacionais.
 Ao longo do século XVIII, escavações 
foram promovidas nos arredores de 
Roma, Óstia e Tivoli, levando à 
consequente ampliação de seus museus;
 A grande agitação, porém, foi causada por 
novas descobertas arqueológicas, em 
particular a sensacional escavação das 
cidades de Herculano, Pompéia e Estabia, 
que haviam permanecido enterradas por 
um longo tempo ao pé do Vesúvio.
Descobertas Arqueológicas
Descobertas Arqueológicas
Mapa dos arredores do Vesúvio à época de sua grande erupção.
 Herculano, Pompéia e Estabia foram soterradas quase ao 
mesmo tempo na erupção do Vesúvio, ocorrida no ano 79 
de nossa era (evento descrito por Plínio, o Jovem, 
testemunha ocular da tragédia);
Descobertas Arqueológicas
 O desastre aconteceu tão rápido que 
muitos cidadãos foram incapazes de 
fugir quando as cidades foram 
inteiramente cobertas por lava e cinzas 
vulcânicas.
 A princípio, descobertas casuais às vezes revelavam 
estátuas de mármore e outros objetos, mas nada que 
despertasse especial atenção.
Descobertas Arqueológicas
 Em 1711, contudo, um nobre austríaco, escavando em 
sua propriedade na cidade portuária de Portici, 
desenterrou três estátuas romanas de rara qualidade 
(representando duas jovens mulheres e uma senhora de 
mais idade).
Descobertas Arqueológicas
 Depois de restaurá-las, enviou-as para Viena como 
presente ao Príncipe Eugéne; mais tarde, as estátuas foram 
adquiridas para a coleção de Dresden, onde tornaram-se 
conhecidas por Maria Amalia da Saxônia, casada com 
Carlos III dos Bourbons, que ascendeu ao trono do reino 
das Duas Sicílias;
Descobertas Arqueológicas
 Ao chegar a Nápoles em 1738, o rei 
Carlos imediatamente ordenou que as 
escavações continuassem no mesmo 
local onde as três estátuas haviam sido 
descobertas.
 De início, descobriu-se um teatro (depois identificado 
como parte de Herculano), porém a dureza do solo e a 
presença da “moderna” cidade de Resina logo acima de 
Herculano levaram os trabalhos a serem interrompidos 
em 1765; 
 Desta forma, Pompéia e Estabia, descobertas em 1748, 
logo atraíram uma maior atenção. 
Descobertas Arqueológicas
Descobertas Arqueológicas
Villa de Ariadne (Estabia)
Descobertas Arqueológicas
Imagem de Estabia
Descobertas Arqueológicas
Imagem de Estabia
 Contudo, por suas condições favoráveis (solo menos 
compacto, mais próxima da superfície), Pompéia
concentrou os maiores trabalhos de escavação, levando 
inclusive à criação de um museu na cidade de Portici, 
onde as descobertas eram então expostas.
Descobertas Arqueológicas
 Nesse período, as escavações acontecem sob a 
supervisão de Rocque Joaquín de Alcubierre (oficial 
espanhol), que logo em 1749 convida o matemático e 
engenheiro suíço Karl Jakob Weber (1712-1764) para 
integrar sua equipe;
Descobertas Arqueológicas
 Weber, por sua vez, aplicou aos trabalhos 
arqueológicos um inédito grau de 
profissionalismo; seu método de tratar 
ambientes inteiros dentro de um mesmo 
contexto fez dele um dos precursores da 
“moderna arqueologia”. 
Weber: Villa dos Papiros
 Em Pompéia, as escavações começaram no anfiteatro 
(pois sua forma inconfundível destacava-se no solo).
Descobertas Arqueológicas
 Os trabalhos arqueológicos, de início, 
eram confusos e sem objetivos claros. 
Tanto assim que vários locais eram 
escavados e, logo em seguida, 
enterrados novamente;
 Na verdade, havia inicialmente uma 
busca por tudo aquilo que pudesse 
enriquecer as coleções europeias do 
período; tudo o que pudesse ser 
removido (incluindo afrescos) era 
simplesmente levado embora.
Descobertas Arqueológicas
Descobertas Arqueológicas
 Curiosidade: após a escavação, as cores tendiam a perder 
o seu brilho e as pinturas começavam a descascar das 
paredes. Várias soluções foram testadas. Exemplo: em 
1739, Stefano Moriconi, um oficial siciliano, tentou 
“avivar” as cores com o uso de um “verniz milagroso”, 
mas isso acabou gerando uma camada amarelada que 
obscurecia as pinturas e causava um dano ainda maior.
Descobertas Arqueológicas
 Outro absurdo: em 1761, chegou-se a ordenar a 
remoção e destruição daqueles “inúteis rebocos 
coloridos antigos” encontrados nos prédios!
 Os prédios, muitas vezes escavados por escravos da 
Tunísia ou Argélia, poderiam até ser destruídos (se fosse 
preciso) para obter-se um item valioso;
Descobertas Arqueológicas
 As melhores peças em mármore, os 
mosaicos e bronzes tiveram a pátina
removida e em seguida foram 
“restaurados”; alguns fragmentos em 
bronze, porém, chegaram a ser 
derretidos para a produção de um busto 
do rei e uma grade para os portões da 
cidade! 
 Enfim, no início das escavações, muita coisa se perdeu 
ou foi simplesmente levada embora;
Descobertas Arqueológicas
 Em 1755, o rei Carlos III da Espanha (ou 
Carlos VII de Nápoles) finalmente 
providenciou uma série de leis para 
proteger a importante herança grega e 
romana na região de Nápoles. A partir 
deste momento, portanto, a exportação 
de peças sem a autorização expressa do 
monarca foi proibida.
 Essa proclamação focou basicamente em objetos 
encontrados nas escavações e em garantir os direitos da 
casa real e suas coleções; 
 Contudo, ainda não havia qualquer menção a respeito 
da conservação dos prédios ou sítios arqueológicos...
Descobertas Arqueológicas
Detalhe da tela “Escavações em 
Pompéia” de Louis Francais
 Em paralelo, a documentação que ia sendo produzida a 
partir destas descobertas transformou-se, mais tarde, em 
inúmeras publicações.
Descobertas Arqueológicas
 A primeira planta baixa, por exemplo, foi feita por 
Alcubierre do teatro de Herculano;
 Por volta de1750, no entanto, já haviam 404 relatórios 
escritos a respeito dos sítios escavados (a maioria por 
Weber).
Descobertas Arqueológicas
Quadro alemão 
retratando as 
escavações em 
Pompéia (autor 
e data 
desconhecidos)
 Destaque para os oito volumes da Le Antichità di Ercolano 
esposte do próprio Karl Jakob Weber, publicados entre 
1755 e 1792; 
 Estas obras foram traduzidas em diversas línguas e 
influenciaram, como seria de se esperar, a difusão do 
neoclassicismo (como veremos mais adiante).
Descobertas Arqueológicas
 Goethe, a respeito de Pompéia: “Muitos desastres têm 
atingido o mundo, mas poucos trouxeram tanta alegria 
à posteridade”.
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Detalhe do afresco “Vênus e cupidos” (Pompéia)
 A partir de 1765, porém, o novo responsável pelas 
escavações, o engenheiro espanhol Francesco La Vega, 
começa a adotar novos procedimentos. 
Descobertas Arqueológicas
 A partir de então, La Vega, o mais qualificado, deu início 
a uma documentação sistemática, insistindo numa 
abordagem mais organizada das escavações, 
concentrando-se na apresentação de grandes áreas ao 
invés de focar na simples coleta de antigos objetos.
Descobertas Arqueológicas
 La Vega, por exemplo, propôs a preservação e 
conservação dos afrescos da Casa del Chirurgo 
(Casa do Cirurgião) in loco, determinado a deixar o 
local exatamente como havia sido encontrado, não 
apenas de forma a “satisfazer o público” como 
também por reconhecer, como fonte principal de 
seu valor, o efeito que transmitia ao ambiente 
inteiro (preservado), algo que seria destruído caso 
as pinturas fossem removidas.
Descobertas Arqueológicas
Descobertas Arqueológicas
Casa del Chirurgo - Pompéia
Descobertas Arqueológicas
Casa del Chirurgo - Pompéia
 La Vega também propôs a construção de albergues 
para que os turistas pudessem se hospedar. Ele 
sugeriu que estas construções fossem exatamente 
iguais às casas antigas, de forma a servir também 
como algo didático.
Descobertas Arqueológicas
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Pompéia
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Pompéia
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Pompéia
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Pompéia
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Pompéia
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Pompéia
Descobertas Arqueológicas
Pompéia
Descobertas Arqueológicas
Pompéia
Descobertas Arqueológicas
Pompéia
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Pompéia
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Pompéia
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Pompéia – taberna (termopolium)
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Pompéia – taberna (termopolium) de Asellina
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Pompéia – taberna de Asellina: propaganda política!
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Pompéia – taberna de Asellina
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Pompéia – taberna de Asellina
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Pompéia – taberna de Asellina (Lararium)
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Pompéia – taberna de Asellina (afresco com dizeres)
Hoc
(Aqui!)
Non, mia est 
(Não, é meu!)
Qui vol sumat
(Que quer 
levar?)
Oceanus, 
veni, bibe!
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Pompéia
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Pompéia – triclinium interno
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Pompéia – triclinium externo
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Pompéia
Descobertas Arqueológicas
Pompéia
Descobertas Arqueológicas
Pompéia: vestígios dos habitantes
Descobertas Arqueológicas
Pompéia: vestígios dos habitantes
Descobertas Arqueológicas
Pompéia: vestígios dos habitantes
Descobertas Arqueológicas
Pompéia
Afrescos de um dos 
cubiculum da Casa del
Centenario
Descobertas Arqueológicas
Pompéia: estátua de Pan e o cabrito (escultura de jardim...)
Descobertas Arqueológicas
Pompéia: vestígios dos habitantes
Descobertas Arqueológicas
Pompéia (atual)
Descobertas Arqueológicas: Resultados
 Em resumo: as grandes 
descobertas arqueológicas do 
século XVIII estão entre os 
principais fatores a influenciar o 
neoclassicismo, que – conforme 
veremos mais adiante - tornou-
se um movimento reacionário 
contra os excessos do rococó e 
do barroco tardio.
Igreja de Sta. Elizabeth (Berlin), de 
Karl F. Schinckel (1832)
Igreja de Wies (Bavária), de 
Dominikus Zimmerman (1745-1754)
X
Descobertas Arqueológicas: Resultados
 O neoclássico, porém, ao 
procurar uma nova definição 
para a arquitetura, penetrou 
em todos os campos da arte 
e, em certa medida, 
contribuiu para a fundação 
do mundo moderno. 
(Jokilehto)
Hebe 
(Antonio Canova)
Descobertas Arqueológicas: Resultados
Antiochus e Stratonice
(Jean Auguste Ingres)
Referências:
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<http://www.historytoday.com/gemma-betros/french-revolution-and-catholic-church>. Acesso em: 10 fev. 
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BENEVOLO, Leonardo. Historia da arquitetura moderna. São Paulo: Perspectiva, 1994.
COLLINGWOOD. R. G. A Ideia de História. Lisboa: Editorial Presença, 1981.
HACKETT, Lewis. The Age of Enlightenment: the European Dream of Progress and
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jul. 2013.
JOKILEHTO, Jukka. A History of Architectural Conservation. Oxford: Elsevier, 2006.
JORDAN, Robert Furneaux. História da Arquitetura no Ocidente. São Paulo: Editorial Verbo, 1985. 
PEVSNER, Nikolaus. Panorama da Arquitetura Ocidental. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
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<http://www.ihu.unisinos.br/noticias/516502-iluminismo-e-igreja-catolica-artigo-de-giannino-piana>. 
Acesso em: 10 fev. 2014.

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