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O ENFERMEIRO ENQUANTO GESTOR DO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA THE NURSE AS A FAMILY HEALTH PROGRAM MANAGER COELHO, Eloíde Neves1 MARTINS, Alessandro2 BARROS, Marcela Milrea Araújo3 1 Graduada em Enfermagem pela Faculdade Interamericana de Porto Velho – UNIRON, Porto Velho, RO. Email: nalanda21@hotmail.com 2 Graduado em Enfermagem pela Faculdade Interamericana de Porto Velho – UNIRON, Porto Velho, RO. Email: marttins_ro@hotmail.com 3 Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Docente Faculdade Interamericana de Porto Velho – UNIRON, RO. End: Rua José Vieira Caúla n.º 5301, Res. Marina Casa 10, Fone: 69 84057965. Email: .mmilrea@hotmail.com RESUMO Este estudo tem por objetivo abordar a discussão que retrata o profissional de enfermagem que atua como gestor no Programa de Saúde da Família. Trata-se de uma metodologia descritiva exploratória, do tipo Revisão de Literatura. Para tanto, utilizou-se de um levantamento bibliográfico baseado na literatura técnico científica pertinente, nas bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Bibli (BVS), Google acadêmico, artigos publicados de 2002 à 2013. O papel gerencial desenvolvido pelo profissional enfermeiro enquanto gestor do Programa de Saúde da Família não é algo novo, todavia sua atuação não se limita ao processo assistência, mas sim, requer que seu trabalho ultrapasse as barreiras da saúde e envolva as demais políticas públicas tornando as parte de um processo, onde não se fragmenta o individuo, mas o assiste de forma integral e no seio de sua comunidade, permitindo destacar o papel do enfermeiro como peça chave deste processo. A enfermagem uma profissão de significativo contingente profissional que atua em diversos setores, desenvolvendo as mais variadas estratégicas para alcance e resolutividade das problemáticas de saúde, sendo sua atuação no contexto da atenção básica a gestão das políticas do Programa de Saúde da Família que por sua vez geralmente ocorre de forma silenciosa, não transparecendo aos usuários e a sociedade o papel que realmente desenvolvem esses profissionais bem como seu potencial relevante à implantação, manutenção e desenvolvimento das políticas públicas de saúde como atividade fim da atenção primária. Palavras-chaves: Enfermeiro. Planejamento. Gestão. Atenção Básica ABSTRACT This study aims to address the argument that portrays the nursing professional who acts as the manager of the Family Health Program. This is a descriptive exploratory methodology, the type Literature Review. Therefore, we used a literature survey based on relevant scientific and technical literature in databases: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Virtual Health Library (VHL), Google Scholar, published articles 2002 to 2013. The managerial role developed by the professional nurse as manager of the Family Health Program is not new, but its performance is not limited to the care process, but requires that their work goes beyond the barriers of health and other public policies involves making part of a process where the individual does not shatter, but assists in full and within their community, allowing highlight the role of the nurse as a key part of this process. Nursing a profession of significant contingent professional who operates in various sectors, developing various strategies to reach and solving the problems of health, and their performance in the context of primary care management policies of the Family Health Program which in turn usually occurs silently, not transpiring users and society the role that actually develop these professionals and their potential relevance to the implementation, maintenance and development of public health policies as a core activity in primary care. Keywords: Nurse. Planning. Management. Primary Care. 3 1 INTRODUÇAO No Programa de Saúde da Família a atuação do enfermeiro é atividade fim ao alcance dos objetivos esperados na execução das estratégias do programa de saúde da família, sendo com isso reconhecido por sua atuação gerencial junto à equipe de saúde, atuação esta considerada imprescindível, há um melhor desempenho das ações com a garantia de sua atuação. Todavia muito de seu potencial ainda precisa ser evidenciado para um melhor aproveitamento da força de trabalho desta categoria, que por sua vez irá refletir na melhoria da qualidade da assistência prestada por esses profissionais junto aos serviços de saúde. O Ministério da Saúde (2011) sugere que o enfermeiro para desenvolver êxito em suas ações deve utilizar o planejamento estratégico como ferramenta de trabalho, servindo de base norteadora ao processo decisório, ampliando as perspectivas do saber técnico, resultando em maior governabilidade ao processo decisório. O Conselho Nacional de Educação estabelece que a função gerencial no trabalho do enfermeiro é definida nas Diretrizes Curriculares Nacionais como uma ferramenta indispensável que o auxilia no seu cotidiano e nas expectativas do mercado de trabalho, principalmente dentro da perspectiva de consolidação do SUS (BRASIL, 2011). Bezerra (2000) afirma que o trabalho de enfermagem, subdivide-se ainda em vários processos tais como: cuidar/assistir, administrar/gerenciar, pesquisar e ensinar, sendo o cuidar e o gerenciar os processos mais evidenciados no trabalho do enfermeiro. As funções gerenciais apontadas como responsabilidade do enfermeiro, permitem compreender com m z q “g n ” é m f m n p ss b h “ ” q p ss m f n g nçã à s (NASCIMENTO, 2006). Como se pode perceber, o enfermeiro não se separa da atuação gerencial, atuação que por sua vez é evidencia quando encontramos este profissional a frente do Programa de Saúde da Família, desenvolvendo ações educativas para enfrentar os problemas de saúde encontrados na comunidade. Seu trabalho consiste numa relação de amizade e compreensão com a família assistida, buscando integrar 4 valores culturais e dificuldades financeiras a um estado de saúde que compreende bem-estar físico, mental e social (FELLI, 2005). Cabe salientar que conhecendo e analisando as competências gerenciais do enfermeiro no Programa de Saúde da Família, torna-se possível oferta de subsídios para o êxito do programa, uma vez que a enfermagem é uma parcela do trabalho em saúde, cabendo ao enfermeiro às atividades de supervisão, treinamento, controle e coordenação da equipe de enfermagem, o que caracteriza um trabalho predominantemente de cunho gerencial. O Ministério da Saúde (2009) estabelece que dentre as atribuições do enfermeiro na Estratégia Saúde da Família do Programa de Saúde da Família é: planejar, gerenciar, coordenar e avaliar [...] as reais necessidades da população. Neste sentido, este estudo tem por objetivo evidenciar as atribuições do enfermeiro enquanto Gestor do Programa de Saúde da Família por meio de Revisão de Literatura. 2 MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de estudo na modalidade de revisão de literária que evidencia através da produção cientifica um referencial bibliográfico, capaz de oportunizar análise ampla dos problemas metodológicos que possibilitem através do processo de inclusão e exclusão discutindo o empirismo o qual não poderá ser preterido aos conceitos da produção cientifica (SOUZA et al., 2010). Os critérios de inclusão definidos para a seleçãodos artigos foram: artigos publicados em português, artigos na íntegra que retratassem a temática referente ao estudo e artigos publicados e indexados nos referidos bancos de dados da última década. Foram inclusos os artigos das seguintes bases de dados online: Scientific Electronic Library Online - SCIELO, Revista Brasileira de Enfermagem - REBEN, Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde - LILACS, Base de Dados de Enfermagem – BDENF, Biblioteca Regional de Medicina - BIREME e Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste - REVRENE. Iniciar uma pesquisa é sempre preocupante, pois, a dúvida em certos momentos acaba por consumir o pesquisador, mas, autores como (QUIVY & CAMPENHOUDT, 1995, p.10), pensando em trazer acalanto ao pesquisador afirmam que, é preferível escolher o caminho mais simples e mais curto para chegar ao melhor resultado. Isso implica que não devemos nos engajar em um trabalho 5 importante sem antes termos refletido sobre o que queremos saber e de que forma devemos proceder. Descongestionar o cérebro de números e palavras é o primeiro passo para começar a pensar de forma ordenada e criativa. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Programa de Saúde da Família – PSF De acordo com o Ministério da Saúde (2011) a origem do Programa Saúde da Família ou PSF no Brasil, conhecido hoje como "Estratégia da Saúde da Família", por não se tratar mais apenas de um "programa", teve início, em 1994 como um dos programas propostos pelo governo federal aos municípios para implementar a atenção primária. A Estratégia de Saúde da Família visa à reversão do modelo assistencial vigente, onde predomina o atendimento emergencial ao doente, na maioria das vezes em grandes hospitais. A família passa a ser o objeto de atenção, no ambiente em que vive, permitindo uma compreensão ampliada do processo saúde/doença. O programa inclui ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes (MANDELLI, 1987). Na reorganização dos serviços de saúde, a estratégia da saúde da família vai ao encontro dos debates e análises referentes ao processo de mudança do paradigma que orienta o modelo de atenção à saúde vigente e que vem sendo enfrentada, desde a década de 1970, pelo conjunto de atores e sujeitos sociais comprometidos com um novo modelo que valorize as ações de promoção e proteção da saúde, prevenção das doenças e atenção integral às pessoas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). Estes pressupostos, tidos como capazes de produzir um impacto positivo na orientação do novo modelo e na superação do anterior, calcado na supervalorização das práticas da assistência curativa, especializada e hospitalar, e que induz ao excesso de procedimentos tecnológicos e medicamentosos e, sobretudo, na fragmentação do cuidado, encontra, em relação aos recursos humanos para o Sistema Único de Saúde (SUS), outro desafio. Tema também recorrente nos debates sobre a reforma sanitária brasileira, verifica-se que, ao longo do tempo, tem sido unânime o reconhecimento acerca da importância de se criar um "novo modo de fazer saúde" (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). 6 No Brasil a origem do PSF remonta criação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) em 1991, como parte do processo de reforma do setor da saúde, desde a Constituição, com intenção de aumentar a acessibilidade ao sistema de saúde e incrementar as ações de prevenção e promoção da saúde. Em 1994 o Ministério da Saúde, lançou o PSF como política nacional de atenção básica, com caráter organizativo e substitutivo, fazendo frente ao modelo tradicional de assistência primária baseada em profissionais médicos especialistas focais (BRASIL, 2009). Percebendo a expansão do Programa Saúde da Família que se consolidou como estratégia prioritária para a reorganização da Atenção Básica no Brasil, o governo emitiu a Portaria Nº 648, de 28 de Março de 2006, onde ficava estabelecido que o PSF fosse à estratégia prioritária do Ministério da Saúde para organizar a Atenção Básica que tem como um dos seus fundamentos possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade, reafirmando os princípios básicos do SUS: universalização, equidade, descentralização, integralidade e participação da comunidade mediante o cadastramento e a vinculação dos usuários (MANDELLI, 1987,p 57). Em 2011 a portaria GM Nº2. 488/2011 revogou a portaria GM Nº 648/2006 e demais disposições em contrário ao estabelecer a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica e aprovar a Política Nacional de Atenção Básica para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e para o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Como consequência de um processo de hospitalização e humanização do Sistema Único de Saúde, o programa tem como ponto positivo a valorização dos aspectos que influenciam a saúde das pessoas fora do ambiente hospitalar (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). Diversos modelos de saúde existiram no Brasil em diferentes momentos da história. No setor privado, foram desenvolvidos planos previdenciários, que asseguravam aos contribuintes alguns benefícios como cuidados médicos, hospitalares e farmacêuticos. Este fato priorizava uma pequena parcela da população, sendo que a maioria não possuía acesso aos serviços de saúde. Até meados da década de 80, por exemplo, predominava o modelo de medicina voltado para a assistência à doença em seus aspectos individuais e biológicos, centrado no hospital, mas que nem sempre atendia às reais necessidades de saúde das pessoas (FELLI, 2005). 7 O desejo de mudança surgiu a partir da Reforma Sanitária, movimento populacional para melhora da situação existente. Diante desses anseios culminou a 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, que ressaltou a importância de um novo modelo de assistência que garantisse saúde como direito de todos (BRASIL, 2011). A partir desse princípio foi idealizado o Sistema Único de Saúde, com o propósito de atender ao sujeito em sua integralidade e reduzir os agravos aos mesmos. Associado a essa nova estrutura de saúde, o Ministério da Saúde (MS) institui em 1994, o Programa Saúde da Família (PSF), uma nova estratégia assistencial, que prioriza os cuidados primários, por meio das primícias de promoção, prevenção, proteção e recuperação de agravos, cujo enfoque de atenção é na família (BRASIL, 2009). Para o Departamento de Atenção Básica, a proposta de atenção à família é constituída mediante a implantação de equipes multiprofissionais, sendo o enfermeiro membro coordenador, o qual assume responsabilidades e organiza atividades em um território delimitado, a Unidade Saúde da Família (USF), com o propósito de identificar problemas e, consequentemente, alcançar resolubilidade às necessidades da população. Esta concepção substitui o modelo de caráter exclusivamente centrado na prática curativa e enfoca a prevenção, a qual ressalta a importância de atividades educativas por meio de ações diversificadas diretamente com as famílias e a comunidade. A USF é um espaço apropriado para desenvolver os eixos norteadores da saúde primária e propor incentivo educacional à população. A Lei n° 7498 de 25 de junho de 1986 que regulamenta o exercício da enfermagem no Brasil, é clara e garante os direitos de todos que compõem a classe de enfermagem (Art. 01). São pontos mais relevantes para a prática da enfermagem no PSF: a Consulta de Enfermagem, feita pelo enfermeiro em toda a sua complexidade de execução (Art. 11, alínea i); a prescrição de medicamentos desde que sejam estabelecidos em programas de Saúde Pública eem rotina aprovada pela instituição de saúde (Art. 11, alínea c); o exercício de enfermagem por profissionais de nível técnico e elementar, vinculado à supervisão do enfermeiro (Art. 15) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). Em 12 de julho de 1973 foram criados os Conselhos Regionais e Federal de Enfermagem pela Lei nº 5905/ 73. O Conselho Federal de Enfermagem - COFEn e 8 os Conselhos Regionais de Enfermagem são autarquias (órgãos independentes, ligados ao poder executivo do Governo) disciplinadores do exercício da profissão de enfermagem e demais categorias da enfermagem (art. 2º) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Promoção em saúde A Promoção da Saúde além de ser uma estratégia de produção de saúde, é um modo de pensar e operar que impreterivelmente deverá ser articulado com as demais políticas públicas e tecnologias acessíveis, pois, só assim será possível definir quais as reais determinações sociais em saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). A população (coletivo e individuo) tem constitucionalmente a garantia de não ser exposta a riscos tampouco ser vulnerável, caso não tenha o Estado à capacidade de suportar a demanda x demanda através de seus serviços prestados por suas figuras representativas, ou seja, seus funcionários, os quais não poderão sobrepor suas necessidades enquanto representantes do Estado às necessidades da população a ser assistida, necessidades como, por exemplo, a insatisfação dada pela falta de condições de desempenharem seu trabalho com eficiência, eficácia e efetividade (RUDIO, 1998). Além disso, o bom relacionamento entre os membros da equipe é e fator fundamental para que haja consonância e continuidade da e na execução de prestação dos serviços desde a porta de entrada. Sendo imprescindível desenvolver e prever a efetiva participação da comunidade assistida, pois, é inegável sua participação na construção de um processo assistencial que contemple as necessidades e especificidade de cada localidade, logo, a gestão participativa é fator indispensável a este processo (SILVA, 2001). O profissional enfermeiro e PSF Os profissionais envolvidos no cumprimento destas ações devem possuir competências técnicas e políticas, que os tornem resolutivos às necessidades dos programas e à realidade da comunidade a qual estão desenvolvendo o seu trabalho, neste contexto, o enfermeiro, através de sua qualificação profissional, contribui para a melhoria do atendimento, viabilizando a assistência prestada e diminuindo todas as causas que comprometem a qualidade e a agilidade dos serviços oferecidos. 9 Nascimento (2006) afirma que o enfermeiro para atuar junto às famílias precisa ser generalista, capaz de desenvolver estratégias, diante das diversas situações. A enfermagem é uma profissão desenvolvida através dos séculos, em estreita relação com a história da civilização. Sua assistência era prestada em bases empíricas, não exigindo qualquer nível de escolaridade para o exercício das funções de enfermeiro, sua prática era desenvolvida por voluntários, escravos e religiosos que faziam também a supervisão das atividades de enfermagem. O enfermeiro, como coordenador da Estratégia de Saúde da Família, tem grande responsabilidade para que ocorram mudanças no perfil de saúde da população. Para uma melhor resolução das ações destes profissionais, foi estabelecido pelo Guia Prático do Programa de Saúde da Família como atribuições do enfermeiro assistência e educação integral em todas as fases do ciclo da vida, com a criança, adolescente, mulher, adulto e idoso, através do planejamento, gerenciamento, coordenação, execução e avaliação, tanto na unidade quanto no domicílio (BRASIL, 2011). A educação em saúde nas últimas décadas apresenta um crescente desenvolvimento das reflexões teóricas e metodológicas. O profissional da área de enfermagem através de sua formação faculta ações prioritárias para redução de danos à saúde da sociedade. Assim, aderir práticas educativas na capacitação da equipe, enquanto educação continuada e da comunidade na educação permanente, torna-se essencial para consolidar o propósito do programa (FELLI, 2005). Para isto, a ação educativa desenvolvida no PSF deve propiciar uma articulação de vários saberes com o objetivo de qualificar a assistência diante dos anseios da sociedade. Em relação à enfermagem, essa ação é um elemento constitutivo do processo de trabalho, ainda que sejam campos de conhecimentos e práticas independentes, educação e saúde estão profundamente interligados (BARBOSA, 2004). A comunicação enfermeiro-paciente deve estabelecer relações interpessoais efetivas, que visem acolher os envolvidos dentro das possibilidades de articulações da equipe, ensinando-os medidas de saúde e mantendo um ambiente seguro. Em conformidade aos princípios estabelecidos pelo SUS, em especial o da integralidade, a educação em saúde coloca-se como tema relevante para as práticas desenvolvidas pelo profissional enfermeiro no PSF, pois propicia o autoconhecimento do indivíduo como ator social capaz de interagir e intervir em 10 suas necessidades mais abrangentes. Essa prática influi direta e indiretamente na adoção de novos hábitos condicionantes para uma melhor qualidade de vida, e reduz os riscos e os agravos à saúde (NASCIMENTO, 2006). O conhecimento é um indicador de competências que ajuda a lidar com o paradoxo da fortaleza e da flexibilidade. Quanto mais conhecimento o profissional apresenta, mais forte e ao mesmo tempo flexível se apresentará para enfrentar as mudanças e rupturas que podem surgir no dia–a-dia (RUTHES, 2008). Os profissionais de saúde têm seu campo de ação e conhecimento específicos, mas todos devem considerar o paciente no seu contexto biopsicossocial As competências profissionais, e o advento tecnológico têm ofertado a enfermagem, não tão somente nos programas curativos, profiláticos, preventivos e práticas sociais, mas também administrativos, uma vez que os avanços tecnológicos trouxeram maiores incumbências e responsabilidades administrativas (RUTHES 2007). A capacitação compreende o treinamento introdutório para o trabalho com orientações que proporcionam a integração entre os membros da equipe e organização do trabalho, ou seja, a coesão, coerência e a cumplicidade da equipe na busca de solucionar/dar respostas às necessidades dos usuários (MARTINS, 2006). Para Silva (2001) o trabalho de enfermagem tem a função de prestar assistência ao indivíduo sadio, ou doente, família e comunidade, desempenhando atividades para promoção, manutenção e recuperação da saúde [...] O enfermeiro, que atua no PSF, tem papel imprescindível junto à equipe, pois, a ele cabem todas as atividades de supervisão, treinamento, controle da equipe, e também atividades competentes à prática gerencial. Portanto, torna-se indispensável esclarecer o perfil gerencial do profissional de enfermagem dentro desta estratégia de atendimento à família, pois, nota-se uma deficiência no perfil gerencial de profissionais que atuam na Estratégia de Saúde da Família (ESF), e sabe-se que através do bom gerenciamento que o enfermeiro detém sobre sua equipe, consequentemente resultará em serviços e assistências de melhor qualidade a toda população de sua área de abrangência (BENITO E BECKER, 2007) As atribuições do enfermeiro no PSF são importantes para o desenvolvimento da equipe, pois, ele é responsável pelo gerenciamento dos trabalhos realizados na unidade de saúde. Ele coordena e supervisiona o trabalho 11 dos Agentes Comunitários de Saúde, bem como de toda a equipe de enfermagem, assim como materiais e insumos. Uma de suas atribuiçõesé incentivar o trabalho coletivo, visando à efetivação de um trabalho em equipe, para atingir uma alta produtividade e um nível de serviço de saúde de grande qualidade, tornando-se satisfatórios aos usuários. O profissional enfermeiro que integra o PSF tem como desafio, ser um agente de mudanças, coordenando a equipe e fazendo da mesma, instrumento de ações assertivas e resolutivas (ROCHA et al., 2009). O Enfermeiro e suas atribuições gerenciais no PSF Este profissional desenvolve seu trabalho em dois campos: na Unidade Básica de Saúde e na comunidade, apoiando e supervisionando o trabalho do agente comunitário de saúde e do auxiliar de enfermagem, bem como assistindo às pessoas que necessitam do atendimento de enfermagem a domicílio. O enfermeiro desenvolve atividades variadas, dependendo do cargo que ocupa, mas, em todos eles, em maior ou menor complexidade, desenvolve atividades de aperfeiçoamento do pessoal e manutenção das condições para prestação de um atendimento eficiente (BRASIL, 2009). A falta de protocolo que descreva as rotinas e as atribuições de cada profissional nas instituições gera uma ansiedade neste profissional. Cada instituição deveria ter o seu protocolo de funcionamento, o que facilitaria, para o enfermeiro executar suas funções, que é um direito do profissional, sem ultrapassar os limites da sua competência (NASCIMENTO, 2006). Segundo Benito (2007) a enfermagem é ciência, é razão, é sensibilidade. Já é tempo deste profissional ser visto sob este olhar. O enfermeiro quer dar, ao país, a contribuição a qual está capacitado. Para que isto ocorra, é necessário o apoio dos nossos governantes. Os diferentes estilos de gestão das equipes de saúde da família podem gerar conflitos entre seus membros coordenadores, sua equipe, a comunidade e o usuário, ou seja, de recursos humanos, se caracterizando indispensável quanto se trata da administração do trabalho das pessoas (BEZERRA, 2000) Araújo (2005) reafirma que o enfermeiro tem avançado no controle das suas atividades previstas tanto no Regulamento do Exercício Profissional como pelo Ministério da Saúde, apesar das reações surgidas por parte do médico. Atividades 12 de planejamento, organização, execução e avaliação das ações, consulta de enfermagem, exame físico, diagnóstico de enfermagem, prescrição, são efetivamente atribuições que o enfermeiro vem assumindo no PSF. Martins (2006) afirma que é fundamental que o profissional atuante seja ágil em decisões, criativo, inovador, capaz de agregar valor econômico e social a suas ações, somado ao potencial para resolução de problemas e a preocupação constante de se manter atualizado para acompanhar as inovações. Para Barbosa (2004) a enfermagem tem reafirmado o profissional enfermeiro como profissional através da gestão, pela relevância de seus serviços ao processo de saúde, sendo figura indissolúvel ao processo de gestão dos serviços e programas de saúde, demonstrando sua capacidade em implantar, manter e desenvolver as políticas de saúde em sua totalidade de ações. CONSIDERAÇÕES FINAIS O longo processo trilhado pela enfermagem para que fosse reconhecida como profissão perante a República brasileira tem seu marco histórico ainda no período colonial e desde então se vê os avanços e os desafios enfrentados para sua consolidação, reconhecimento e efetivação como uma profissão de saúde que tem seu foco o individuo e não sua doença. Anna Nery para o Brasil foi como Florence Nightingale para o mundo como defensora da enfermagem. Desde então, a enfermagem têm passado por processos evolutivos quem buscam a excelência nos campos de atuação profissional, requerendo cada vez mais do profissional enfermeiro habilidades imprescindíveis a efetivação da política pública de saúde voltada as necessidades individual, contudo, sem que haja a inércia quanto à assistência coletiva, ou seja, uma árdua missão para que ocorra o equilíbrio para a efetivação de sua atuação profissional. Atuação a qual rompe com modelos tradicionais de assistência em saúde, abandonando modelos hoje não usuais para alcançar o usuário da política pública de saúde, considerando-o como individuo a ser assistido não apenas no espaço físico da Unidade Hospitalar, mas no seio de sua comunidade. Assistência a qual requereu ação direta e efetivação de novos modelos assistencial de saúde com métodos específicos e este novo modelo, onde o individuo recebe a assistência em seu território através de uma rede de serviços que o integram e não que o exclua. 13 Diversos foram os vários debates e maiores ainda os embates para que se formatasse um modelo capaz de ofertar tal assistência de forma que trouxesse a eficiência, eficácia e a efetividades dos serviços. Surgindo assim,o Programa Saúde da Família (PSF) como estratégia de atenção em saúde capaz de implementar, as diretrizes do Sistema Único de Saúde – SUS, como forma de reorientar a pratica assistencial cuja as ações se pauta na atenção básica. Esse novo modelo de reorganização da assistência oportunizou principalmente ao profissional enfermeiro evidenciar sua participação frente as ações do PSF, cabendo a ele a responsabilidade fim de atuar como gestor das estratégias executadas pela equipe de saúde da família, papel distinto o qual não deve ser confundido como gerente da unidade de saúde. Diante o sobredito, não há como o profissional enfermeiro desenvolver, implementar e executar as estratégias que integram o Programa de Saúde da Família sem que este esteja investido da atuação gerencial para que se efetive as ações de promoção e prevenção em saúde preconizados pelo Programa. REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida de. Como preparar trabalhos para cursos de pós- graduação. São Paulo: Atlas, 1997. ARAÚJO, MFS. O enfermeiro no Programa de Saúde da Família: prática profissional e construção da identidade. Conceitos 39. julho de 2004/2005. Disponível em: <www.saude.ms.gov.br/controle/ShowFile. php?id=53553>. 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