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Aula 9 A prescrição e a decadência nas relações de consumo

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Aula 9 - A prescrição e a decadência nas relações de consumo
Introdução
O grande objetivo do estabelecimento dos institutos da prescrição e da decadência diz respeito à pacificação social. Pois, inexistentes as pretensões, o exercício do direito seria eterno, gerando grande instabilidade jurídica, pois ficaria à mercê do respectivo titular.
Assim, a lei garante limites de tempo para o exercício do direito na seara cível.
Como não poderiam ser diferentes, tais preceitos são aplicáveis às normas de consumo. Os institutos da decadência e da prescrição estão previstos, consecutivamente, nos artigos 26 e 27 do CDC.
A prescrição
Em uma definição clássica, poderíamos dizer que prescrição é a maneira pela qual se dá a aquisição de um direito ou a liberação de uma obrigação, pela inação do titular do direito ou credor da obrigação, durante um lapso temporal previsto legalmente.
Sua previsão está no art. 27 da Lei 8.078 de 1990.
Prescrição - caracterização
 
Lei 8.078 de 1990:
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
Tomando por base que o instituto da prescrição já foi objeto de estudo na parte geral do código civil, nos limitaremos a sua correlação em sede exclusiva de relação de consumo.
O prazo quinquenal é direcionado, exclusivamente, às hipóteses previstas na seção II do capítulo, qual seja:
•Capítulo IV - Da qualidade de produtos e serviços, da prevenção e da reparação dos danos.
•Seção II - Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço.
Prescrição - aplicabilidade
 
Tal prazo é aplicável, exclusivamente, à responsabilidade civil nas relações de consumo:
Tal especificidade afasta a incidência do prazo prescricional pela reparação civil da Lei 10.406 de 2002.
Art. 206. Prescreve:
§ 3º Em três anos:
V - a pretensão de reparação civil;
Por consequência, aplica-se às relações de consumo (responsabilidade civil espécie) o prazo quinquenal, a diferença (responsabilidade civil gênero) e o prazo trienal.
 
Prescrição – início da contagem
 
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
O legislador consumerista foi perspicaz ao determinar a conjunção de fatores (“e”) para a caracterização do início da contagem de prazo. Pois, na ocorrência do dano imposta ao consumidor, nem sempre haverá a imediata identificação da autoria.
A decadência
 
A decadência é a extinção do direito pela inércia do titular, quando a eficácia desse direito estava originalmente subordinada ao exercício dentro de determinado prazo, que se esgotou, sem o respectivo exercício. Logo, seu objeto é o direito que nasce, por vontade da lei ou do homem, subordinado à condição de seu exercício em limitado lapso de tempo. Em sede de relação de consumo está prevista no art. 26 da Lei 8.078 de 1990.
Decadência – caracterização
Lei 8.078 de 1990:
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis..
A decadência está prevista no art. 26 da Lei 8.078 de 1990.
Seus prazos são de 30 e 90 dias, respectivamente para produtos/serviços duráveis e não duráveis.
Decadência - Obstaculização
 
Lei 8.078 de 1990:
Art. 26. (...)
§ 2° Obstam a decadência:
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;
Ao obstar o prazo, o consumidor terá a seu favor a interrupção do mesmo quando ocorrer algum dano posterior. Para tanto, deverá utilizar o art. 18° § 1ª e 2º°do CDC, verbis:
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
(...)
Exemplo: Um consumidor adquire uma estação móvel (celular) em determinada data. Considerando que o mesmo é um produto durável, seu prazo para vícios aparentes ou de fácil constatação é de 90 dias.
Da data da compra até o surgimento de um problema qualquer passaram-se 80 dias. O produto foi encaminhado por estar dentro da garantia legal de 90 dias. Durante este prazo em que ficou sob a guarda do fornecedor, tal prazo foi obstado (suspenso). Este foi devolvido com 20 dias sem problemas.
Com a sua devolução, o prazo de garantia teve sua contagem reiniciada. Em relação ao produto, restam mais 10 dias. Já em relação ao serviço (criando novo direito), o prazo é de 90 dias.
Caso o prazo de 30 dias em que ficou sob a guarda do fornecedor fosse ultrapassado, o consumidor poderia fazer uso das previsões legais dos incisos do parágrafo 1º:
Art. 18 (...)
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
Nos termos do § 2º do art. 18 do CDC:
Art. 18 (...)
(...)
§ 2º Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.
 
Decadência – vício oculto
 
Lei 8.078 de 1990:
Art. 26. (...)
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.
O vício oculto ficará caracterizado quando:
Não for possível identificar pela simples visualização;
Não provocar a impropriedade ou inadequação do bem de consumo (produto/serviço).

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