Buscar

Apostila Direito Penal 04 (2 semestre)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO PENAL PARTE GERAL Cap.4. Antijuridicidade. Estado de necessidade. Legítima Defesa. Estrito Cumprimento do Dever Legal. Exercício Regular de Direito. 
 
-INTRODUÇÃO.
	O crime é um fato típico e antijurídico. 
 Para a existência do ilícito penal é necessário que a conduta seja típica, e, antijurídica. 
	A antijuridicidade é a contradição entre uma conduta é o ordenamento jurídico. 
 O fato típico, até prova em contrario, é um fato que, ajustando-se ao tipo penal, é antijurídico.
	Existem, porém, na lei penal causas que excluem a antijuridicidade do fato típico. 
 Por isso diz-se que a tipicidade é o indicio de antijuridicidade, que será excluída se houver uma causa que elimine sua ilicitude. 
 Matar alguém voluntariamente é fato típico, mas não será antijurídico, por exemplo, se o autor do fato agiu em legítima defesa. 
 Nesta hipótese não haverá crime. A antijuridicidade significa “ausência de causas excludentes de ilicitude”. 
	A antijuridicidade é um juízo de “desvalor” que recai sobre a conduta típica.
	Num sentido material, a antijuridicidade não tem conceito pacifico, pois ou apresenta um comportamento antissocial, ou contrário a justiça social, ou ofende as normas de cultura reconhecidas e aceitas pelo Estado, ou infringe uma idéia de justo, que determinado Estado em certa época histórica elegeu como inviolável, sem esclarecer o seu verdadeiro conteúdo. 
 O que existe é um comportamento típico, que pode ou não ser licito em face do juízo de valor do ordenamento jurídico. 
 A antijuridicidade “é a contradição do fato, eventualmente adequado ao modelo legal, com a ordem jurídica, constituindo a lesão de um interesse protegido” (Arturo C. Santoro).
EXCLUSÃO DA ANTIJURIDICIDADE.	 
	O ordenamento jurídico prevê causas que excluem a antijuridicidade do fato típico (causas excludentes da criminalidade, causas excludentes da antijuridicidade, causas justificativas, causas excludentes da ilicitude, eximentes ou descriminantes). 
	São normas permissivas, os denominados “tipos permissivos”, que excluem a antijuridicidade por permitirem a prática de um fato típico. 
 Deste modo, para parte da doutrina, a exclusão da antijuridicidade não implica o desaparecimento da tipicidade e, por conseguinte, deve-se falar em conduta típica justificada. 
	No entanto, para outros doutrinadores, os quais adotam a “teoria dos elementos negativos do tipo”, as causas de justificação, eliminam a tipicidade. 
 Para estes o tipo constitui somente a parte positiva do tipo total de injusto, a que se deve juntar a parte negativa representada pela concorrência dos pressupostos de uma causa de justificação. Somente será típico o fato que também for antijurídico; presentes os requisitos de uma descriminante não há que se falar em conduta típica.
	O Código Penal dispõe que “não há crime” quando o agente pratica o fato em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito (artigo 23 do CP). 
	Além das normas permissivas da Parte Geral, existem algumas na Parte Especial, como, a possibilidade de o médico praticar aborto se não há outro meio de salvar a vida da gestante ou se a gravidez resulta de estupro; a ofensa irrogada em juízo na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; a opinião desfavorável da critica literária, artística ou cientifica e o conceito desfavorável emitido por funcionário público em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever de oficio.
	Para que o agente atue juridicamente é necessário que, além de estarem presentes os elementos objetivos das descriminantes preencha também o elemento subjetivo. A norma permissiva contém elementos subjetivos paralelos aos objetivos. O autor, para praticar fato típico que não seja antijurídico, deve agir no conhecimento da situação de fato justificante e com fundamento em uma autorização que lhe é conferida pelo ordenamento jurídico.
CAUSAS SUPRALEGAIS DE EXCLUSÃO DE ANTIJURIDICIDADE.
	Doutrinadores têm sustentado que, além das causas justificativas expressamente consignadas na lei, existem outras, chamadas “supralegais”, não expressas na lei.
	Essa doutrina funda-se que o Direito do Estado, por ser estático, não esgota a totalidade do Direito e a lei não pode prever todas as causas de justificativas da conduta humana no plano do ordenamento penal.
	Como a razão de ser do Direito é o equilíbrio da vida social e a antijuridicidade nada mais é do que a lesão a determinado interesse vital aferido mediante as normas de cultura reconhecidas pelo Estado, afirma-se que não se deve apreciar o antijurídico apenas diante do direito legislado, mas também dessas normas de cultura. Assim, justificam-se os fatos que aparentemente não estão regulados no ordenamento jurídico: a correção de menores não sujeitos à autoridade legal de quem os castiga; o tratamento médico dos pais nos filhos; os castigos não previstos em regulamento escolar aplicados sem abuso por professor. Inclui-se também nessas causas, o consentimento expresso do ofendido em relação a danos que atingem bens plenamente disponíveis. 
	A lei penal prevê expressamente como causas descriminantes o “exercício regular de direito”. Assim, de acordo com Damásio E. de Jesus, aplicando o juiz o artigo 4º da LICC, que prevê a possibilidade de decidir de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito, poderá reconhecer a excludente não pelo dispositivo legal, mas pela norma superior que o inspira. O interprete pode e deve, em certos casos, ir além da só e mecanicista aplicação do texto legal, buscando solução razoável, conforme ao Direito, na sua acepção mais ampla e que seja também a mais justa para o caso concreto.
 
ESTADO DE NECESSIDADE.
 “Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstancias, não era razoável exigir-se”. (artigo 24 do CP). 	 
	Par alguns doutrinadores o estado de necessidade configura uma faculdade e não um direito, pois, a todo direito corresponde uma obrigação, o que não ocorre com relação aquele que tem lesado seu bem jurídico por um caso fortuito. Para outros, trata-se de um direito, não contra o interesse do lesado, mas em relação ao Estado que concede ao sujeito esse direito subjetivo através da norma penal.
	O estado de necessidade pressupõe um conflito entre titulares de interesses lícitos, legítimos, em que um pode perecer licitamente para que outro sobreviva. Exemplos são o furto famélico, a antropofagia no caso de pessoas perdidas, a destruição de mercadorias de uma aeronave para salvar a tripulação e passageiros.
	Não podendo o Estado acudir aquele que está em perigo, nem devendo tomar partido de qualquer dos titulares dos bens em conflito, concede o direito de que se ofenda bem alheio para salvar direito próprio ou de terceiro ante um fato em concreto.
REQUISITOS.
	São requisitos do estado de necessidade perante o Código Penal: 
A) a ameaça a direito próprio ou alheio; 
B) a existência de perigo atual e inevitável; 
C) a inexigibilidade do sacrifício ameaçado; 
D) uma situação não provocada voluntariamente pelo agente; E) a inexistência de dever legal de enfrentar o perigo; 
F) o conhecimento da situação de fato justificante.
	Para ocorrer o estado de necessidade é indispensável que o bem jurídico do sujeito esteja em perigo; que ele pratique o fato típico para evitar um mal que pode ocorrer se não o fizer. Esse mal pode ser provocado por força da natureza, como, por exemplo, a eliminação de um animal selvagem numa reserva florestal, ou por ação do homem, como a destruição de uma coisa alheia para defender-se de agressão de terceiro.
	É preciso que o sujeito atue para evitar um perigo atual, ou seja, que exista probabilidade de dano, presente eimediata, ao bem jurídico. O perigo é uma situação de existência de probabilidade de dano imediato e, assim, abrange o que esta prestes a ocorrer, não havendo estado de necessidade se a lesão somente é possível em futuro remoto ou se o perigo já esta consumado.
	É requisito que o perigo seja inevitável, numa situação em que o agente não podia, de outro modo, evitá-lo. Isso significa que a ação lesiva deve ser imprescindível, como único meio de afastar o perigo. Caso, nas circunstâncias do perigo, possa o agente utilizar-se de outro modo para evitá-lo (fuga, recurso às autoridades públicas), não haverá estado de necessidade na conduta típica adotada pelo sujeito ativo que lesou o bem jurídico desnecessariamente. Não se pode confundir estado de necessidade com “estado de precisão”, sendo insuficiente, por exemplo, a alegação de dificuldades de ordem econômica para justificar o furto, o roubo, o estelionato etc. Já se tem decidido que dificuldades financeiras, desemprego, situação de penúria e doença não caracterizam o estado de necessidade. Para que a excludente seja acolhida, é necessário que o agente não tenha outro meio a seu alcance, senão lesando o interesse de outrem.
	Também é indispensável para a configuração do estado de necessidade que o agente não tenha provocado o perigo por sua vontade. Inexistirá a excludente, para aquele que incendiou o imóvel para receber o seguro, mas mata alguém para escapar do fogo.
	Há discussão na doutrina se pode ser reconhecida a descriminante, em caso de ter o agente provocado o perigo por culpa. Levando-se em conta que a lei se refere à vontade e que esta, na lei em vigor, implica o conceito de intencionalidade, conclui a doutrina que não está excluída a justificativa quando o agente causou culposamente o perigo (o incêndio, por exemplo).
	A lei menciona que se deve verificar se era ou não razoável exigir-se o sacrifício do bem ameaçado e que foi preservado pela conduta típica. Há estado de necessidade não só no sacrifício de um bem menor para salvar um de maior valor, mas também no sacrifício de um bem de valor idêntico ao preservado, como no caso do homicídio praticado pelo náufrago para se apoderar da tabua de salvação. Não ocorrerá a justificativa se for de maior importância o bem lesado pelo agente. Pode-se destruir o patrimônio para preservar a vida; não se pode matar para garantir um bem patrimonial. A razoabilidade é um conceito de valoração dos bens que, em muitas ocasiões, somente poderá ser aferida no caso em concreto.
	O estado de necessidade pode ser, na teoria, invocado quando da pratica de qualquer crime. Entretanto, exigindo a lei como requisito a inevitabilidade do perigo e referindo-se as circunstâncias do fato, não se tem admitido a existência de estado de necessidade nos crimes permanentes e habituais.
	Prevê o artigo 24 § 2º do CP: “Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços”. Presentes os demais requisitos legais, é facultado ao juiz à redução da pena em casos de sacrifício de bem de maior valor do que o protegido.
	Permite a lei o estado de necessidade para preservar qualquer bem jurídico. Possibilita a lei o estado de necessidade em beneficio próprio ou em favor de terceiro. Tratando-se de estado de necessidade em favor de terceiro é de se entender que é possível que a excludente abrigue inclusive o agente que atua em beneficio da pessoa jurídica que possui bens e interesses que podem ser colocados em risco. A doutrina menciona o termo “estado de necessidade defensivo”, quando o agente atua contra o causador do perigo, e em “estado de necessidade agressivo” quando lesa bem jurídico de alguém que não provocou a situação de risco.
	Tratando-se de um mesmo fato típico, não há crime quando houver estado de necessidade e, assim, a justificativa estende-se a todos os co autores ou participe.
	Como em todas as causas excludentes da criminalidade, exige-se no estado de necessidade o elemento subjetivo, ou seja, que o sujeito aja com a vontade de preservar o bem jurídico.
	Pressupondo o estado de necessidade um conflito entre titulares de interesses legítimos, é possível o estado de necessidade recíproco (pessoas que se agridem para se apoderar de uma bóia na ocasião de um naufrágio).
EXCLUSÃO DO ESTADO DE NECESSIDADE.
	Algumas pessoas, por estarem encarregadas de funções que, normalmente, as coloca em perigo não podem eximir-se da responsabilidade pela conduta típica que praticarem numa dessas situações. Prevê o artigo 24 § 1º do CP: “Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo”. Dever legal é aquele previsto em uma norma jurídica, o que inclui a obrigação funcional do policial, do soldado, do bombeiro, do capitão de aeronave. O princípio da “exigibilidade do dever de enfrentar o perigo”, porém, não é absoluto. Os limites da exigência de sacrifício devem coincidir com os limites legais ou sociais do exercício de sua profissão. Mais do que isso, não se pode exigir de ninguém um comportamento heróico ou virtuoso.
EXCESSO.
	Excedendo-se o agente na conduta de preservar o bem jurídico, responderá por ilícito penal se atuou dolosa ou culposamente. Exemplo, o agente que, podendo apenas ferir a vitima, acaba por causar-lhe a morte. Poderá haver o excesso doloso ou culposo, a ser apreciado oportunamente.
ESTADO DE NECESSIDADE PUTATIVO.
	Haverá estado de necessidade putativo se o agente supõe, por erro, que se encontra em situação de perigo. Supondo o agente, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, estar no meio de um incêndio, não responderá pelas lesões corporais ou morte que vier a causar para salvar-se. Inexiste a justificativa, mas o agente não responde pelo fato por ausência de culpa em decorrência de erro de proibição.
LEGÍTIMA DEFESA.
	Artigo 25 do CP: “Entende-se em legitima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”.
	São requisitos para a existência da legitima defesa: 
A) a reação a uma agressão atual ou iminente; 
B) a defesa de um direito próprio ou alheio; 
C) a moderação no emprego dos meios necessários á repulsa; D) o elemento subjetivo. 
AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE E INJUSTA.
	É indispensável que haja, inicialmente, por parte do agente, reação contra aquele que está praticando uma agressão. 
 Agressão é um ato humano que lesa ou põe em perigo um direito.
	Em regra implique violência, nem sempre esta estará presente na agressão, pois poderá consistir em um ataque sub-reptício (no furto), e até em uma omissão (o carcereiro que não cumpre alvará de soltura).
	Somente se pode falar em agressão quando parte ela de uma ação humana. 
 Não há legítima defesa e sim estado de necessidade quando alguém atua para afastar um perigo pela força da natureza ou por um animal, salvo se este estiver sendo utilizado por outrem para uma agressão. 
	A agressão deve ser atual ou iminente. 
 Atual é a agressão que esta ocorrendo, iniciando-se ou que ainda está desenrolando-se porque não se concluiu.
 Pode-se tratar de uma agressão iminente, que está prestes a acontecer, a que existe quando se apresenta um perigo concreto, que não permite demora à repulsa. 
 Não há legitima defesa, porém, contra uma agressão futura, remota, que pode ser evitada por outro meio. 
 O temor embora fundado, não é suficiente para legitimar a conduta do agente, ainda que verossímil. 
 Não é admissível a excludente sequer contra uma ameaça desacompanhada de perigo concreto, pois não se concebe legitima defesa sem a certeza do perigo, e este só existe em face de uma agressão imediata, isto, quando o perigo se apresenta como realidade objetiva e clara.
	Não atua em legítima defesa aquele que pratica o fato típico em agressão finda, que já cessou. 
	A reação deve ser imediata à agressão ou tentativa dela.
 A demora na reação descaracterizaa discriminante.
 Quem, provocado pela vitima, se dirige a sua residência, apanha uma arma e volta para o acerto de contas não age licitamente.
	Só estará protegido pela lei aquele que reage a uma agressão injusta. Injusta é a agressão não autorizada pelo Direito. 
 Não age em legítima defesa aquele que reage a uma agressão justa: regular prisão em flagrante, cumprimento de mandado judicial. 
	A injustiça da agressão deve ser considerada objetivamente, pelo fato em si, e não quanto à impunibilidade do autor da agressão. 
 Um ataque de um doente mental ou de um menor, embora não constitua ilícito penal punível, justifica a defesa.
	A reação deve ser exercida contra o agressor, mas se, por erro na execução é atingido bem jurídico de terceiro inocente, nem por isso deixará de existir a justificativa, aplicando-se a regra inserida na lei a respeito do erro de execução em que se considera a pessoa visada e não a atingida.
DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO.
	A defesa deve abranger direito próprio ou alheio. Embora, em sua origem, somente se pudesse falar em legítima defesa quando em jogo a vida humana, atualmente se tem disposto que qualquer direito pode ser preservado pela descriminante em tela. 
 O ato visa resguardar a vida, a integridade física, o patrimônio, a honra, ou seja, os bens materiais ou morais.
	Controversa é a possibilidade da “legitima defesa da honra”. 
 No sentido de dignidade pessoal, boa fama, a honra, são direitos que podem ser defendidos, mas a repulsa do agredido há de ater-se aos limites impostos pelo artigo 25 do CP. 
 Na jurisprudência tem-se admitido como ato de legitima defesa, a imediata reação física contra injuria verbal, desde que não excessiva a reação. 
 Quanto às lesões corporais ou homicídio praticado pelo sujeito que surpreende o cônjuge em flagrante adultério, há decisões em que se reconhece a existência da descriminante.
 A honra, porem, é atributo personalíssimo, não se deslocando para o corpo de terceiro, mesmo que este seja a esposa ou o marido do adúltero; assim, a maioria da doutrina e jurisprudência é no sentido de não existir a legítima defesa nessas hipóteses.
	O sujeito pode defender seu bem jurídico (legítima defesa própria) ou defender direito alheio (legítima defesa de terceiro), pois a lei consagra o sentimento da solidariedade humana. 
 Admite-se, no segundo caso, apenas a defesa de bens indisponíveis quando o titular consente na agressão, mas não quando há agressão consentida e referencia a bens disponíveis. 
 Pode-se defender a vitima de um homicídio consentido, mas não o patrimônio de alguém que consente na subtração, no dano, ou na lesão à honra de quem não deseja essa tutela.
	A legítima defesa de terceiro inclui os bens particulares e também o interesse da coletividade, como na hipótese da pratica de atos obscenos em lugar público, bem como do próprio Estado, preservando-se sua integridade, a administração da Justiça.
USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS. 
	Na reação, deve o agente utilizar moderadamente os meios necessários para repelir a agressão atual ou iminente e injusta. 
 Entende-se que os meios necessários são os que causam o menor dano indispensável à defesa do direito. É claro que meio necessário é aquele de que o agente dispõe no momento em que repele a agressão, podendo ser até mesmo desproporcional com o utilizado no ataque, desde que seja o único à sua disposição no momento. 
	Deve o sujeito ser moderado na reação, ou seja, não ultrapassar o necessário para repeli-la. 
	A legítima defesa é uma reação humana e não se pode auferi-la com um medidor, milimetricamente, quanto á proporcionalidade de defesa ao ataque sofrido pelo sujeito. 
 Aquele que se defende não pode raciocinar friamente e pesar com perfeito critério essa proporcionalidade, pois no estado emocional em que se encontra não pode dispor de reflexão para exercer sua defesa em equivalência com a agressão. 
 Não se deve fazer rígido confronto entre o mal sofrido e o mal causado pela reação, que pode ser sensivelmente superior ao primeiro, sem que por isso seja excluída a justificativa, e sim entre os meios defensivos que o agredido tinha e sua disposição e os meios empregados, devendo a reação ser medida tendo em vista as circunstâncias do caso, personalidade do agressor, o meio ambiente, dentre outros fatores. 
 A defesa exercita-se desde a simples atitude de não permitir a lesão até a ofensiva violenta, dependendo das circunstâncias do fato, em razão do bem jurídico defendido e do tipo de crime em que a repulsa se enquadra.
	Havendo grave desproporção entre a ofensa e a reação, desqualifica-se a legítima defesa. 
 Haverá excesso no caso de responder-se um tapa com um golpe mortal, ou matar-se uma criança porque penetrou no pomar e apanhou algumas frutas.
 
INEVITABILIDADE DA AGRESSÃO.
	É requisito também da legitima defesa a inevitabilidade da agressão. 
 Embora não se obrigue o homem a ser covarde, deverá evitar o confronto se, sem desonra, puder evitar a agressão a ele dirigida. 
 Porém, a legitimidade da defesa não pode ficar submetida a exigência de o agente evitar a agressão ou afastar-se discretamente. 
 A lei brasileira não exige obrigatoriamente de evitar-se a agressão como faz a lei italiana. 
 Diante de crianças, jovens imaturos, doentes mentais, agentes que atuam em estado de erro, as agressões devem ser evitadas, a não ser que seja a única forma de defesa dos interesses legítimos.
 
ELEMENTO SUBJETIVO. 
	Como em todas as justificativas, o elemento subjetivo, o conhecimento de que esta sendo agredido é indispensável.
EXCESSO.
	Impondo a lei a moderação no uso dos meios necessários para repelir a agressão, é possível que o agente se exceda na reação. 
 O excesso pode decorrer do uso inadequado do meio quando o sujeito podia utilizar meios menos agressivo, ou da falta de moderação na repulsa. 
 Haverá o excesso doloso ou culposo. 
 O agressor ao se defender do excesso do agredido, atual legitimamente, ocorrendo o que a doutrina chama de “legitima defesa sucessiva”.
LEGÍTIMA DEFESA RECÍPROCA 
	Havendo como pressuposto uma agressão injusta, não é possível falar-se em legitima defesa recíproca. 
 Um dos contendores estará agindo ilicitamente quando a tomar a iniciativa da agressão. 
 Poderá ocorrer a absolvição de ambos os contendores se, por falta de provas, não se apurar qual deles tomou a iniciativa, mas não se poderá falar em legitima defesa.
 Poderá alguém se defende licitamente quando for atacado por terceiro que supõe ser vitima de agressão, por erro. 
 O primeiro age em legítima defesa real e o segundo em legitima defesa putativa. 
PROVOCAÇÃO E DESAFIO.
	Parte da doutrina entende que é necessário, para a existência da descriminante, não ter o agente provocado o agressor. 
 Há ponderável corrente doutrinaria que afirma que a provocação, por si só, não afasta a possibilidade da legitima defesa, desde que não constitua uma agressão. 
 A lei brasileira não exclui essa possibilidade. 
 O provocador não pode ficar á mercê da vitima apenas pela provocação. 
 Até mesmo na hipótese de um marido que surpreende a esposa com o amante e a ambos agride, a doutrina não exige que estes se deixem sacrificar inertes, admitindo a excludente ao menos por agirem por instinto de conservação.
 Não se reconhecerá a justificativa, porém, quando a provocação visava justamente desencadear à justificativa, quando a provocação visava justamente desencadear a agressão do provocado para revidar esta. 
 Não age em legítima defesa aquele que aceita o desafio para a luta. 
 O duelo não é permitido pela legislação brasileira e os contendores responderão pelos ilícitos que praticarem.
 	
LEGITIMA DEFESA PUTATIVA.
	Existe quandoo agente, supondo por erro que está sendo agredido, repele a suposta agressão. 
 Não está excluída a antijuridicidade do fato porque inexiste um dos seus requisitos (agressão real; atual ou iminente); ocorrendo na hipótese uma excludente da culpabilidade nos termos do artigo 20 § 1º do CP. 
 Exemplo é o do agente que, em rua mal iluminada, se depara com um inimigo que lhe aponta um objeto brilhante e, pensando estar na iminência de uma agressão, lesa o desafeto. 
 Constatando-se que o inimigo não iria atingi-lo, não há legitima defesa real por não ter ocorrido a agressão que a justificaria, mas a excludente da culpabilidade por erro plenamente justificado pelas circunstâncias.
ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL 
	Não há crime quando o agente pratica o fato no “estrito cumprimento de dever legal” (artigo 23, inciso III, 1ª parte).
 Quem cumpre regularmente um dever não pode, ao mesmo tempo, praticar ilícito penal, uma vez que a lei não contém contradições. 
	A excludente pressupõe no executor um funcionário ou agente público que age por ordem da lei, não se excluindo o particular que exerça função pública (jurado, mesário). 
 Estão abrigados pela justificativa o policial que cumpre mandado de prisão, o meirinho que executa o despejo. 
 Agem em estrito cumprimento do dever legal os policiais que empregam força física para cumprir o dever, de evitar fuga do presídio, impedir a ação de pessoa armada que esta praticando um ilícito penal. 
 Refere-se o artigo em comento ao dever legal, ou seja, ao previsto em norma jurídica (lei, decreto), podendo derivar da própria lei penal ou extrapenal, como, as disposições jurídicas administrativas.
	Tratando-se de dever legal, estão excluídas da proteção as obrigações meramente morais, sociais, ou religiosas.
	Reconhecendo-se o estrito cumprimento de dever legal em relação a um autor, o co-autor ou participe do fato também não pode ser responsabilizado. 
	Exige-se também o elemento subjetivo nessa excludente, ou seja, que o sujeito tenha conhecimento de que está praticando um fato em face de um dever imposto pela lei. 
 Caso contrário o fato é ilícito. 
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
	Não há também crime quando ocorre o fato no “exercício regular de direito” (artigo 23, inciso III do CP).
	Qualquer pessoa pode exercitar um direito subjetivo ou faculdade prevista na lei (penal ou extrapenal). 
 É disposição constitucional que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (artigo 5º, inciso II da CF), excluindo-se a antijuridicidade nas hipóteses em que o sujeito está autorizado a esse comportamento. 
 Há exercício regular de direito na prisão em flagrante por particular, no penhor forçado (artigo 1470 do CC), na defesa em esbulho possessório recente (artigo 1210 § 1º do CC), no expulsar, ainda que usando a força, pessoas que entram abusivamente ou permanecem em escritório, clube ou outro local em que lhe está vedado o acesso.
	Também é necessário que se obedeça às condições objetivas do direito, que é limitado e, fora dos limites traçados na lei, haverá abuso de direito, excesso. 
 Responde o agente se não exercitar regularmente o direito. 
 Ocorre crime, por exemplo, de exercício arbítrio das próprias razões, quando se procura fazer justiça com as próprias mãos (artigo 346 do CP). 
 Exige-se também o elemento subjetivo, a congruência entre a consciência e a vontade do agente com a norma permissiva.
OFENDÍCULOS.
	São aparelhos predispostos para a defesa da propriedade (arame farpado, cacos de vidro em muros) visíveis a que estão equiparados os “meios mecânicos” ocultos (eletrificação de fios de maçanetas de portas, a instalação de armas prontas para disparar à entrada de intrusos). 
 Trata-se, para este Professor e outros doutrinadores, de exercício regular de direito. 
 Na doutrina comum é a assertiva de que se trata de “legitima defesa predisposta ou preordenada”. 
	Garantindo a lei a inviolabilidade do domicilio, exercita o sujeito uma faculdade ao instalar os ofendículos, ainda que não haja agressão atual ou iminente. 
	Evidentemente, há que não se atuar com excesso (eletrificação de cerca externa sem nenhum aviso), devendo o agente responder neste caso, por crime doloso ou culposo.
VIOLÊNCIA ESPORTIVA.
	Há esportes que podem provocar danos á integridade corporal ou a vida (boxe, luta livre, futebol). 
 Havendo lesões ou morte, não ocorrerá crime por ter o agente atuado em exercício regular de direito. 
	Pela legislação esportiva, haverá crime somente quando ocorrer excesso do agente, ou seja, quando a pessoa intencionalmente desobedecer ás regras esportivas, causando resultados lesivos.
 
INTERVENÇÕES MÉDICAS E CIRÚRGICAS.
	Haverá exercício regular de direito com relação as intervenções médicas e cirúrgicas, por se tratar de atividades autorizadas pelo Estado, que reconhece, estimula, organiza e fiscaliza a profissão de medico. 
	Para que exista o exercício regular de direito é indispensável o consentimento do paciente ou de seu representante legal. 
 Inexistente este, poderá haver o estado de necessidade em favor de terceiro (o paciente).
	A intervenção médica ou cirúrgica não exclui o crime quando houver imperícia, negligencia ou imprudência do agente, respondendo este por delito culposo se não se tratar de erro profissional. 
 Exemplo, por lesões corporais culposas, do medico que, por imperícia, ao submeter a vitima á cirurgia para retirada de pino metálico inserido em osso lesado, pinça nervo ciático conjuntamente com vaso sangrante, acarretando total comprometimento deste nervo, atrofia do membro atingido e equinismo do pé.
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO.
	O tema não é abordado expressamente pela nossa lei penal. Parte da doutrina o considera como “causa supralegal de exclusão de ilicitude”. 
	No entanto, o Código Penal italiano, no seu artigo 50 dispõe o seguinte: “não é punível quem lesa ou põe em perigo um direito, com o consentimento da pessoa que desse direito pode validamente dispor”. 
	É reconhecida a existência de bens indisponíveis, aqueles em cuja conservação há interesse coletivo do Estado (vida, integridade corporal, familiar), e disponíveis, exclusivamente de interesse privado (patrimônio, honra).
 Atingidos os últimos, pode não haver crime, por exclusão do tipo (inexiste violação de domicilio quando o morador acaba consentindo na entrada e permanência do sujeito, não há estelionato quando a vitima, ciente da fraude, entrega o bem jurídico ao que o tenta ludibriar), ou por exclusão da antijuridicidade (a injuria e a difamação aceitas pela vitima, embora figuras típicas, não são antijurídicas). 
	A orientação é valida para o direito brasileiro; não haverá crime quando a vitima consente na subtração do bem, na privação de liberdade, na violação do domicilio, desde que o sujeito passivo que consente livremente na supressão de seu interesse seja pessoa capaz. 
 O consentimento também pode ser do representante legal do incapaz, quando permitido pelo ordenamento jurídico (internação de um menor em escola, de um doente mental em sanatório).
	Há crime se o sujeito passivo se deixa matar, posto que a vida é um bem indisponível. 
 Dividem-se os doutrinadores quanto à integridade física, entendendo alguns que se trata de bem disponível. 
	O consentimento após a prática do ilícito penal não o descaracteriza, mas pode impedir a ação penal quando esta dependa de iniciativa da vítima. 
EXCESSO NAS CAUSAS JUSTIFICATIVAS. 
	Artigo 23, § único dispõe que o agente responderá pelo excesso doloso ou culposo nas discriminantes (estado de necessidade, legitima defesa, estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito).
	Em todas as justificativas é necessário que o agente não exceda os limites traçados pela lei. 
	Na legitima defesa e no estado de necessidade,não deve o agente ir além da utilização do meio necessário e da necessidade da reação para rechaçar a agressão e na ação para afastar o perigo. 
 No cumprimento do dever legal e no exercício de direito, é indispensável que o agente atue de acordo com o ordenamento jurídico. 
 Se, desnecessariamente, causa dano maior do que o permitido, não ficam preenchidos os requisitos das descriminantes, devendo responder pelas lesões desnecessárias causadas ao bem jurídico ofendido.
	 O excesso pode ser doloso, hipótese em que o sujeito, após iniciar sua conduta conforme o direito, extrapola seus limites na conduta, querendo um resultado antijurídico não autorizado na lei. 
 Excluída a descriminante quanto a esse resultado, responderá o agente por crime doloso pelo evento causado no excesso. 
 Assim, aquele que, podendo apenas ferir, mata a vítima, responderá por homicídio, o que podia evitar a agressão através da via de fato e causou lesão responderá por esta. 
	O excesso culposo ocorre quando o agente queria um resultado necessário, proporcional, autorizado e não o excessivo, que é proveniente de sua precipitação, desatenção.
 Nessa hipótese o agente responderá apenas pelo resultado ocorrido em decorrência do excesso. 
 Na lei alemã, o excesso na legitima defesa causado por perturbação, medo ou susto, denominado de excesso intensivo, é considerado causa de exclusão da culpabilidade.
Cap. 5 Concurso de Pessoas. Introdução. Autoria. Formas do concurso de pessoas. Co-autoria. Participação. Natureza jurídica. Autoria Mediata. Requisitos do concurso de pessoas. 
 
-INTRODUÇÃO.
	O tema também é conhecido como co-delinqüência, concurso de agentes ou concurso de delinqüentes. 
 Com a reforma de 1984, adotou-se a denominação “Concurso de pessoas”, no lugar de “Co-autoria”.
	Portanto, não é correto dizer que todos os casos de concurso de agentes caracterizam co-autoria, dada a existência de outra forma de concurso chamada de participação. A nova denominação legal (concurso de pessoas) está correta.
	Com relação ao concurso de pessoas, os crimes podem ser classificados em monossubjetivos ou de concurso eventual, que são aqueles que podem ser cometidos por um ou mais agentes, como o homicídio, o furto. 
 Os plurissubjetivos ou de concurso necessário, são os que só podem ser praticados por uma pluralidade de agentes em concurso, como no caso de crime de quadrilha ou bando, ou do crime de rixa. 
 Dentre os crimes plurissubjetivos podemos citar as seguintes modalidades: 
A) de condutas paralelas, as condutas auxiliam-se mutuamente, visando à produção de um resultado comum. Todos os agentes unem-se em prol de um objetivo idêntico, no sentido de concentrar esforços para a realização do crime. É o caso da quadrilha ou bando (artigo 288 do CP), em que todas as condutas estão direcionadas para a conservação do mesmo fim, no caso, a pratica de crimes. 
 
B) De condutas convergentes: as condutas tendem a encontrar-se, e desse concurso surge o resultado. Uma conduta se dirige à outra, e desse encontro resulta o delito, como, por exemplo, no revogado crime de adultério.
 
C) De condutas contrapostas, as condutas são praticadas umas contra as outras. Os agentes são, ao mesmo tempo, autoras e vítimas, como no crime de rixa (artigo 137 do CP).
	Com relação às espécies de concurso de pessoas podemos citar as seguintes: 
A) Concurso necessário refere-se aos crimes plurissubjetivos, os quais exigem o concurso de pelo menos duas pessoas. 
 Assim, este concurso de pessoas impõe sempre a co-autoria, mas a participação pode ou não ocorrer, sendo, portanto, eventual. 
 Exemplo, a rixa só pode ser praticada em co-autoria por três ou quatro agentes, porem, além deles, pode ainda um terceiro concorrer para o crime, na qualidade de participe, criando intrigas, animosidades, entre os rixentos ou fornecendo-lhes as armas para o conflito.
 
B) Concurso eventual refere-se aos crimes monossubjetivos, que podem ser praticados por um ou mais agentes. 
 Quando cometidos por duas ou mais pessoas em concurso, haverá co-autoria ou participação, dependendo da forma como os agentes concorrerem para a prática do crime, mas tanto uma como a outra podem ou não ocorrer, sendo ambas eventuais. 
 O agente pode cometer um homicídio sozinho, em co-autoria com alguém ou, ainda, ser favorecido pela participação de um terceiro que o auxilie, instigue ou induza.
AUTORIA.
	O conceito de autoria é polemico na doutrina, havendo três posições. 
A) Teoria Unitária: todos são considerados autores, não existindo a figura do participe. Autor é todo e qualquer causador do resultado típico, sem distinção. Possui base na Teoria da “conditio sine qua non”, pois, segundo esta, qualquer contribuição para o resultado é considerada sua causa. Era a posição adotada pelo Brasil, no Código Penal de 1940. Não é mais adotada no Brasil. No direito Alemão, porém, adota-se a corrente unitária para os crimes culposos, entendendo-se como autores todos os que contribuíram para o crime, não se admitindo a participação em crime culposo.
 
B) Teoria Extensiva: também toma por base a teoria da equivalência dos antecedentes e não faz qualquer diferença entre autor e partícipe, todos são autores. Porém, admite a existência de causas de diminuição de pena, com vistas a estabelecer diferentes graus de autor. Aparece a figura do cúmplice, ou seja, o autor menos importante, aquele que contribuiu de modo menos significativo para o evento. Aceita uma autoria de menor importância, na realidade uma forma de participação, que é aquela que se aplicam as causas de redução de pena, em face da menor importância da conduta. Existem as figuras do autor e do cúmplice (autor menos relevante). 
C) Teoria Restritiva. Existe diferença entre autor e participe. A autoria não decorre do mero ato de causar o resultado, pois não é qualquer contribuição que se pode enquadrar como autor. O conceito restritivo comporta três vertentes quanto a expressão autor:
I) Teoria ou critério objetivo-formal: somente é considerado autor aquele que pratica o verbo, isto é, o núcleo do tipo penal. 
 É o que mata, subtraí, obtém vantagem ilícita. 
 Autor é quem realiza a conduta principal, entendida como aquela descrita na definição legal. 
 Participe será aquele que, sem realizar a conduta principal (o verbo), concorrer para o resultado. 
 Assim, o mandante de um crime não é considerado autor, visto que não lhe competiram os atos de execução do núcleo do tipo (quem manda matar, não mata, logo, não realiza o verbo do tipo. 
 O denominado “autor intelectual”, ou seja, aquele planeja toda a empreitada delituosa não é autor, mas participe, na medida em que não executa materialmente a conduta típica. 
 A principal critica é a de que não só o verbo do tipo pode ser considerado conduta principal, o que torna insatisfatório na solução de determinados casos concretos.
 Seria admissível considerar meros participantes, porque não realizaram nenhuma fração de condutas típicas, o chefe de uma quadrilha de traficantes de drogas, que tem o comando e o controle de todos os que atuam na operação criminosa, ou o líder de uma organização mafiosa que atribui a seus comandados a tarefa de eliminar dirigentes de uma organização rival? 
 Muito embora tais críticas tenham seu valor lógico formal, o critério objetivo-formal oferece segurança jurídica e esta estribado na reserva legal. 
 A conduta principal é aquela definida no tipo, com o qual o comportamento do agente no caso concreto deve se amoldar.
 
II) Teoria ou critério objetivo-material. Autor não é aquele que realiza o verbo do tipo, mas a contribuição objetiva mais importante. 
 Trata-se de critério gerador de insegurança, na medida em que não se sabe com certeza, o que vem a ser “contribuiçãoobjetiva mais importante”, ficando na dependência do que o interprete ira considerar relevante.
 Não é adotado pela nossa legislação.
III) Teoria do domínio do fato. Autor é aquele que detém o controle final do fato, dominando toda a realização delituosa, com plenos poderes para decidir sobre sua prática, interrupção e circunstâncias. 
 Não importa se o agente pratica ou não o verbo descrito no tipo penal, pois o que a lei exige é o controle de todos os atos, desde o inicio da execução até a produção do resultado.
 Por isso, o mandante, embora não realize o núcleo da ação típica, deve ser considerado autor, uma vez que detém o controle final do fato até a sua consumação, determinando a pratica do crime. 
 O denominado “autor intelectual” de um crime é de fato considerado seu autor, pois não realiza o verbo do tipo, mas planeja toda a ação delituosa, coordena e dirige a atuação dos demais. 
 É também considerado autor qualquer que detenha o domínio pleno da ação, mesmo que não a realize materialmente. 
 WESSELS ensina que “autor é quem, como figura central do acontecimento, possui domínio do fato e pode, assim, deter ou deixar decorrer, segunda a sua vontade, a realização do tipo. 
 Participe é quem, sem um domínio próprio do fato, ocasiona ou de qualquer forma promove, como figura lateral do acontecimento real, o seu cometimento. 
 Assim, autor é quem dirige a ação, tendo o completo domínio sobre a produção do resultado, enquanto participe é um simples concorrente acessório. 
 Damásio E. de Jesus, partidário desta teoria, em complemento a teoria restritiva, sustenta que ambas são conciliáveis. 
	A posição mais aceita entre os doutrinadores é a restritiva. 
 Dentro dela, o critério formal-objetivo, muito embora com algumas deficiências não superadas. 
 Conduta principal é aquela que o tipo penal elegeu para descrever como crime. 
 Assim, a realização do verbo da conduta típica é a ação considerada principal. 
 Todas as outras, incluída a autoria intelectual, a do mandante, a do instigador, por mais relevantes que possam ser, são acessórias e devem ser consideradas como modalidades de participação. 
 Uma critica que se faz a teoria do domínio do fato é que ela não explica satisfatoriamente o concurso de agentes no crime culposo, em razão de que, neste caso, o agente não quer o resultado, logo não pode ter domínio final sobre algo que não deseja. 
 Já o critério formal-objetivo explica que será autor aquele que realizar o verbo do tipo culposamente, isto é, com imprudência, negligência ou imperícia, e participe o que tiver concorrido com culpa, sem, no entanto, realizar o tipo.
 Por exemplo, motorista imprudente atropela e mata um pedestre. 
 Ele é o autor, pois ele quem matou a vítima. 
 O acompanhante que, ao lado, o excitava, instigando-o a imprimir maior velocidade, é o participe, ressaltando-se que nenhum deles tinha o domínio final do fato.
-FORMAS DE CONCURSO DE PESSOAS.
CO-AUTORIA: Todos os agentes, em colaboração recíproca e visando o mesmo fim, realizam a conduta principal. 
 Há co-autoria quando dois ou mais autores, conjuntamente, realizam o verbo do tipo.
	A contribuição dos co-autores no fato criminoso não necessita ser materialmente a mesma, podendo haver uma divisão dos atos executórios. 
 Exemplo, no delito de roubo, um dos co-autores emprega violência contra a vítima e o outro retira dela um objeto. 
 O co-autor que concorre na realização do tipo também responderá pela qualificadora ou agravante de caráter objetivo quando tiver consciência delas e aceitá-la como possível. 
 Há discussão na doutrina se é possível a co-autoria no crime omissivo próprio. 
 Para uns, não cabe co-autoria em crime omissivo próprio, de modo que, se duas pessoas deixarem de prestar socorro a uma pessoa ferida, podendo cada uma delas fazê-lo sem risco pessoal, ambas cometerão o crime de omissão de socorro, isoladamente, não se concretizando hipótese do concurso de agentes. 
 Outros, no entanto, admitem co-autoria no crime omissivo próprio desde que haja adesão voluntaria de uma conduta a outra, e, sendo ausente o elemento subjetivo, cada agente responderá pelo delito de omissão de socorro. 
PARTICIPAÇÃO: Participe é quem concorre para que o autor ou co-autores realizem a conduta principal, ou seja, aquele que, sem praticar o verbo do tipo, concorre de algum modo para a produção do resultado. 
 Por exemplo, o agente que exerce vigilância sobre o local para que seus colegas pratiquem o crime de roubo é considerado participe, pois, sem realizar a conduta principal colaborou para que os autores produzissem o resultado. 
	Dois requisitos definem a participação: 
a) vontade de cooperar com a conduta principal, mesmo que a produção do resultado fique na total dependência do autor; 
b) cooperação efetiva, mediante uma autuação concreta acessória da conduta principal. 
NATUREZA JURÍDICA
	Basicamente, três teorias explicam a natureza jurídica do concurso de agentes:
 
A) Teoria Monista ou Unitária. Todos os que contribuem para a prática do delito cometem o mesmo crime, não havendo distinção quanto ao enquadramento típico entre autor e participe. Todos respondem por um único crime.
B) Teoria Dualista. Existem dois crimes, ou seja, um crime cometido pelos autores, e outro crime cometido pelos participes.
C) Teoria Pluralista. Cada um dos participantes responde por um crime próprio, havendo vários fatos típicos, cada participe será punido por um crime diferente.
	O Código Penal adotou como regra, a Teoria Unitária, ordenando que todos, co-autores e participes, respondam por um único crime, conforme reza o artigo 29 do CP: 
 “Quem de qualquer modo, concorre para o crime incide na penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”. 
 Portanto, todos aqueles que, como co-autores ou participes, deram sua contribuição para o resultado típico, devem por ele responder. 
	No entanto, há exceções a Teoria Monista, como, por exemplo, a adoção da teoria pluralista no § 2º do artigo 29 do CP, que prevê: 
 “Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste”. 
 Assim sendo, excepcionalmente, com a finalidade de evitar-se a responsabilidade objetiva, a lei autoriza a imputação por outra figura típica quando o agente quis participar de crime menos grave. 
 É o caso do motorista que conduz três indivíduos para o cometimento de um furto em uma casa. 
 Enquanto aguarda, no carro, os executores ingressam no local e ao efetuarem a subtração sem violência (furto), mas, ao encontrarem a moradora acordada, que tenta reagir, a mesma é estuprada e morta. 
 O participe que imaginava estar ocorrendo apenas um furto responderá somente por este crime, do qual quis participar. 
 Os crimes principais foram latrocínio e estupro, porém, o participe só responderá por furto. 
 Se o resultado mais grave for previsível, a pena poderá ser aumentada até a metade, mas o delito será para o participe de furto. 
	Com relação à natureza jurídica da participação, de acordo com a teoria da “acessoriedade”, a participação é uma conduta acessória á do autor, a conduta principal. 
 Não existe descrição típica especifica para quem auxilia, instiga ou induz outrem a realizar a conduta principal, mas tão somente para quem pratica o próprio verbo do tipo. 
 Por exemplo, a ação do agente que empresta a arma para o autor eliminar a vítima. 
 Como proceder a tipificação da conduta de quem não matou, mas ajudou a fazê-lo, em um tipo penal, cuja descrição é matar alguém? 
 É necessária uma norma de “extensão”ou “ampliação” que leve a participação até o tipo penal. 
 Essa norma atua como uma ponte entre o tipo penal e a conduta do partícipe. 
 É o artigo 29 do CP que dispõe que “quem de qualquer modo concorrer para o crime incide nas penas a esse cominadas”. 
 Esta norma faz com que o agente que contribui para um resultado sem praticar o verbo, possa ser enquadrado no tipo penal que descreve a conduta principal. 
 Por isso a norma é chamada de “norma de extensão ou ampliação” da figura típica, sendo tal extensão chamada de “pessoal” (permite que o tipo alcance pessoas diversas do autor principal) e “espacial” (abrange condutas diferentes da do autor). 
 Ocorre uma “adequação típica mediata ou indireta”.
 Exemplo, o agente segura à vítima, enquanto o autor principal desfere as facadas. 
 Como o agente não realizou a conduta principal, ou seja, não matou, inexiste correspondência direta entre a conduta e o artigo 121 do CP. 
 Mas, devido à norma de ampliação (extensão) responderá o agente por homicídio, vez que, contribuiu de qualquer modo para a realização do crime. 
	Há quatro tipos de acessoriedade. 
A) Mínima. Basta ao participe concorrer para um fato típico, pouco importando que não seja ilícito.
B) Limitada. O participe só responde pelo crime se o fato principal é típico e ilícito.
 
C) Extremada. O participe somente é responsabilizado se o fato principal é típico, ilícito e culpável. Assim, não responderá por crime algum se tiver concorrido para a atuação de um inimputável.
 
D) Hiperacessoriedade. O fato deve ser típico, ilícito é culpável, incidindo ainda sobre o participe todas as agravantes e atenuantes de caráter pessoal relativas ao autor principal.
	Este professor adota a teoria da “acessoriedade limitada”, conforme entendimento majoritário na doutrina, ou seja, que o fato principal não precisa ser culpável para que o agente dele seja considerado participe, bastando ser típico e ilícito (ou antijurídico).
AUTORIA MEDIATA
	Autor mediato é aquele que se serve de pessoa sem condições de discernimento para realizar por ele a conduta típica. 
 O executor atua sem vontade ou consciência, considerando-se que a conduta principal foi realizada pelo autor mediato.
	Hans Welzel cita como exemplo de autoria mediata: o médico que, dolosa e insidiosamente, entrega uma injeção de morfina, em dose demasiadamente forte, para a enfermeira, que, sem desconfiar de nada, aplica-a em um enfermo, matando-o. 
 O médico é o autor mediato de homicídio doloso, pois usou como instrumento de sua agressão, ao passo que a enfermeira não será participe deste crime, respondendo por crime culposo, desde que tenha atuado com imprudência ou negligencia, ou por crime nenhum, se o seu erro tiver sido inevitável. 
	Ressalta-se que na autoria mediata ocorre adequação típica direta, porque para o ordenamento jurídico foi o próprio autor mediato quem realizou o núcleo da ação típica, ainda que pelas mãos de outra pessoa. 
 A autoria mediata pode ocorrer, dentre outros fatores, em razão de: 
a) ausência de capacidade penal da pessoa da qual o autor mediato se serve, por exemplo, induzir um inimputável a praticar o crime; 
b) coação moral irresistível. Nestes casos não foi a conduta do autor mediato que produziu o resultado, mas a da pessoa por ele usada como mero instrumento de seu ataque. 
	Por fim, lembro que não há autoria mediata nos crimes de mão própria, nem nos delitos culposos, assim como, não existe concurso de agentes entre o autor mediato e o executor usado.
REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS
 
A) Pluralidade de condutas. Para que haja concurso de agentes exigem-se, no mínimo duas condutas, quais sejam, duas principais, realizadas pelos autores (co-autoria) ou uma principal e outra acessória, praticadas, respectivamente, por autor e participe. 
B) Relevância causal de todas as condutas. Se a conduta não tem relevância causal, isto é, se não contribui em nada para o resultado, não pode ser considerada como integrante do concurso de pessoas. 
C) Liame subjetivo ou concursos de vontades. É necessária a unidade de desígnios, a vontade de contribuir para a produção do resultado. Sem que haja um concurso de vontades objetivando um fim comum, não há o concurso de pessoas. Muito embora seja imprescindível que as vontades convirjam para a produção do resultado, não se exige prévio acordo, bastando apenas que uma vontade adira à outra. Exemplo, uma empregada deixa a porta da cozinha da residência onde trabalha aberta objetivando que haja subtração de bens da casa, ocorrendo o furto será participe deste crime, sem que o autor furto tenha tido um acordo com a empregada. 
D) Identidade de infração para todos. Adotando-se a teoria monista, em regra, todos os co-autores e participes devem responder pelo mesmo crime, ressalvado o já exposto acima.
	Quanto ao tema participação em crime culposo, há duas posições na doutrina. 
A) Tratando-se o tipo culposo de tipo aberto, em que não existe descrição de conduta principal, dada sua previsão genérica (se o crime é culposo), não há que se falar em participação, que é acessória. 
 Toda concorrência culposa para o resultado constituirá crime autônomo. 
 Exemplo, motorista imprudente é instigado por seu acompanhante, a desenvolver velocidade incompatível com o local, vindo a atropelar e matar uma pessoa. 
 Ambos serão autores de homicídio culposo, não havendo que se falar em participação.
B) Mesmo no tipo culposo é possível definir qual a conduta principal. 
	No caso do homicídio culposo, por exemplo, a descrição típica é “matar alguém culposamente”; logo, quem matou é o autor e quem o auxiliou, instigou ou induziu à conduta culposa é o participe.
	Na hipótese acima, quem estava conduzindo o veiculo é o principal responsável pela morte, foi quem matou a vitima. 
	O acompanhante não matou ninguém, até porque não estava conduzindo o veículo. Assim, é possível determinar a conduta principal (autoria) e a acessória (participação).
	O clássico exemplo dos dois pedreiros que, juntos, arremessam uma tábua de um prédio para outro, mas não imprimem força suficiente, de modo que o objeto despenca pelo vão entre os dois prédios, matando um indigente que dormia no solo. 
	Ambos são co-autores de homicídio culposo, pois mataram, mediante uma conduta imprudente, consistente em jogar a tabua de modo arriscado. Suponhamos que o mestre-de-obras tenha determinado a ambos que assim procedessem. 
	Teríamos, o mestre-de-obras como participe, sendo possível co-autoria e participação em crime culposo.
	Adota-se o critério formal-objetivo, dentro da teoria restritiva. 
	Realço a dificuldade que a teoria do domínio do fato tem para explicar a autoria e o concurso de agentes no crime culposo. 
	Ora, se o agente não quer o resultado, como poderá ter o domínio final sobre o mesmo?
	No que se refere às formas de participação, a doutrina explica que existem duas: 
A) Moral: instigação e induzimento. Instigar é reforçar uma idéia já existente. Induzir é fazer nascer a idéia no agente. 
B) Material: auxílio. É a forma de participação material que corresponde á antiga cumplicidade. 
	Considera-se partícipe aquele que presta ajuda efetiva na preparação ou execução do crime. “São auxiliares da preparação do delito os que proporcionam informações que facilitem a execução, ou os que fornecem armas ou outros objetos úteis ou necessários à realização do projeto criminoso; e da execução, aqueles que, sem realizar os respectivos atos materiais, nela tomam parte pela prestação de qualquer ajuda útil” (José Frederico Marques). 
	Exemplos: a vigilância exercida durante a execução de um crime; emprestar arma; conduzir assaltantes, em qualquer veículo, ao local do crime, etc. 
 	Agora, nos interessa esclarecer a classificação que divide aautoria em colateral e incerta.
	Autoria colateral ocorre quando duas pessoas querem praticar um crime e agem ao mesmo tempo sem que uma saiba da existência da outro e o resultado decorre da ação de apenas uma delas.
	Por exemplo, A e B querem matar C. A aguarda a vitima de um lado da estrada e B de outro. Quando a vítima passa, ambos atiram ao mesmo tempo e a vítima e alvejada por apenas um disparo. No caso, se ficar provado que a vítima morreu em virtude do tiro de A, este responde por homicídio consumado e B por tentativa de homicídio, não se tratando de crime impossível porque a vitima estava viva no momento em que ambos os agentes dispararam o gatilho de suas armas.
	Não se menciona aqui em co-autoria ou participação, pois estas só se configuram quando ambos sabem que estão concorrendo para um resultado comum.
	Autoria incerta ocorre quando, na autoria colateral, não se consegue apurar qual dos envolvidos provocou o resultado.
	Por exemplo, A e B querem matar C. Um não sabe da intenção do outro. Ambos disparam contra a vítima, que morre recebendo apenas um disparo, não se conseguindo apurar qual deles causou a morte. Esta é a autoria incerta. 
	Qual é a solução do caso?
	Ambos respondem por crime consumado?
	O fato é atípico para ambos?
	Os dois respondem por tentativa?
	Não há uma única resposta correta em razão de não haver previsão legal a respeito, mas a solução mais justa possível é a de que ambos respondem por tentativa de homicídio.
	
COMUNICABILIDADE E INCOMUNICABILIDADE DE ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS (art. 30 do CP). 
	O artigo 30 do CP traça as seguintes regras:
A) As circunstâncias e condições objetivas comunicam-se aos participes desde que estes conheçam tais circunstâncias ou condições. 
	As circunstâncias são todos os dados acessórios que, agregados à figura típica, têm o condão de influir na fixação da pena (agravantes, atenuantes, causas de aumento de pena). 
	Circunstâncias objetivas são aquelas ligadas a aspectos objetivos do delito, como, por exemplo, o meio e modo de execução, lugar e momento do crime, etc. Como exemplo, duas pessoas que praticam um crime com emprego de fogo, incidem na agravante do art. 61, II, “d” do CP.
B) As circunstâncias ou condições subjetivas (de caráter pessoal) não se comunicam aos participes, salvo quando forem elementares do crime, isto é, pertencentes ao próprio tipo penal.
	Por exemplo, se duas pessoas matam a vitima e apenas uma delas agiu sob o domínio de violenta emoção, somente para esta será aplicado o privilegio do art. 121, § 1º do CP.
	Circunstâncias subjetivas são aquelas que se referem ao agente e não ao fato, como a reincidência, os motivos que levaram o sujeito a cometer o crime, parentesco com a vítima, etc. 
C) As elementares (componentes essenciais da figura típica), sejam elas subjetivas ou objetivas, comunicam-se aos participes, desde que conhecidas por eles.
	Assim, se um funcionário público comete um crime de peculato junto com que não é funcionário, ambos respondem pelo peculato, uma vez que, “ser funcionário público” é elementar do crime.

Outros materiais