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REFLEXÕES SOBRE O “ACCRUAL”REFLEXÕES SOBRE O “ACCRUAL”REFLEXÕES SOBRE O “ACCRUAL”REFLEXÕES SOBRE O “ACCRUAL” Rodrigo Antônio Chaves da Silva Contador e Neopatrimonialista A doutrina norte-americana, embora saibamos do seu forte apego ao empirismo, e na absorção de conceitos que segue uma outra via que não a filosófica, às vezes fornece pontos a serem discutidos, e de certa importância para a contabilidade científica. Um deles é o que se refere ao “Accrual”. O “accrual” é na verdade todo aquele valor provindo dos lucros, porém, que não se transforma em liquidez imediata. É como se fosse a relação das disponibilidades produzidas pelos lucros. Como é normal a empresa vender e receber os seus preços a dinheiro, é lógico que a tendência do caixa será de aumento. Porém, às vezes, o dinheiro que era para ser realizado em bens pecuniários, transforma-se em crédito, é o “accrual” de que trata a doutrina americana, e que alguns pesquisadores brasileiros assim apelidam (no entanto, a interpretação literal do verbete não é essa, ou seja, apropriaram uma palavra, sinônimo de uma coisa, para a significação de outra). A palavra “Accrual” quer dizer em nossa língua “acréscimo”. Para a doutrina norte-americana é como se fosse um fenômeno da não-tendência dos lucros se transformarem diretamente em numerários. Ainda consideram o accrual como ativo e passivo (como dissemos, modificando a sua interpretação literal). Como são relativos a dinheiro, é óbvio que este elemento exige, e se movimenta, pelas entradas que lhe dão acréscimos, e pelas saídas que lhe provocam decréscimos. No caso do passivo, percebe-se tais fenômenos no prazo em que não exige a retirada imediata (como é o caso dos fornecedores) de numerário. Numa linguagem doutrinal brasileira e européia, estes eventos são designados doutrinariamente por fornecedores, e créditos a receber; são elementos que alteram freqüentemente o caixa da empresa. Se toda a venda é recebível a dinheiro, seria óbvio que todo o valor do lucro seria igual ao disponível, porém, em diversas ocasiões, as vendas são a crédito: ou a disponibilidade do lucro é concedida por um prazo, e mesmo sendo recebido, ela serviria para pagar as despesas e gastos imediatos da empresa, em compensação os valores a se pagar “paralisados” são aqueles fornecidos por prazos, contudo, existem aqueles à vista que exigem uma saída imediata de numerário. Em diversos casos, a empresa também possui uma reserva de caixa, ou seja, um volume mínimo para a manutenção do seu ciclo operacional, pela compra de estoques, ou para quaisquer dívidas eventuais. Muitas vezes, os valores do caixa são movimentados para outros fins, como os de pagamento de debêntures, dividendos, doações, portanto, nem sempre a origem para tais movimentos estará no mesmo acréscimo dos lucros. Poderá, também, advir de descontos comerciais, juros financeiros de aplicações bancárias, que o aumentarão, e embora, façam parte do sistema reditual, não provém, diretamente das vendas da empresa, ou da sua receita operacional. Então o valor dos lucros nem sempre será igual à disponibilidade da empresa. Isto num aspecto nominal. Os problemas dos créditos e débitos de funcionamento são aceitáveis, mas, talvez, a forma de se abordar sobre os mesmos, pela teoria norte-americana, seja tanto quanto incoerente. Isso devido à confusão do conceito de lucro com o fluxo de caixa. Quase todos os tratadistas norte-americanos, ou ao menos os brasileiros que tentam imitá-los, mencionam o fluxo de caixa, e analisam o rédito da empresa, como se fosse a única base para manter este potencial de numerário, a nível presente e futuro. Se assim fosse, seria desnecessário analisar a rentabilidade dos recursos fixos investidos, pois, tudo se observaria na massa circulante. Na teoria da dimensão substancial, não se pode confundir a massa do lucro com a disponibilidade, apesar de possuírem uma interligação, gerando a “disponibilidade do lucro”. Também não se pode aceitar o fluxo de caixa apenas como o único aceitável, para os estudos redituais. Isso é menosprezar a relatividade sistemática como um produto da interação dos mesmos componentes patrimoniais. Entender como funciona o fluxo de numerário, com o exercício reditual sempre será plausível e necessário para atender os interesses do capital organizado. Ou seja, a relação “lucro-disponibilidade” é aceitável e aconselhável. Apenas confundir conceitos não adianta, para favorecer as conclusões. Embora, as teses norte-americanas mencionam problemas já ressaltados há décadas na contabilidade, as questões em torno dos créditos e débitos de funcionamento favorecem os estudos do capital, embora, se tenha uma visão distorcida dos conceitos axiomáticos, derivados por um critério de juízo da ciência do patrimônio.
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