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O enfrentamento dos mundos

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INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL CECÍLIA MARIA DE MELO BARCELOS
Aléxia de Sousa Pires Alves
Curso: Direito; Disciplina: Antropologia
ROTEIRO SOBRE O LIVRO O POVO BRASILEIRO, DE DARCY RIBEIRO
Visões opostas
De ordem econômica
Os índios achavam a terra um luxo de se viver. Caçavam, eram ricos de aves, peixes, frutos, sementes, raízes, plantavam e colhiam o necessário para o seu sustento. Viam Os recém-chegados eram aflitos demais, gostavam mais de acumular e tomar do que trocar e dar. 
Os recém-chegados eram práticos, preocupavam-se com ouro e glórias. Eram ambiciosos por riquezas, trabalhavam além do seu sustento. Achavam os índios preguiçosos e vadios, pois “viviam suas fúteis vidas fartas, como se neste mundo só lhes coubesse viver.”.
De ordem social
“Para os índios, a vida era uma tranquila fruição da existência, num mundo dadivoso e numa sociedade solidária.” Costumavam ter guerras entre os povos, mas pela glória de serem valentes, bravos, para mudarem de nome e terem uma nova marca tatuada cativando inimigos. As mulheres ocupavam-se com o artesanato, trabalhando com gosto e perfeição, expressando-se “como um fruto maduro de sua ingente vontade de beleza”. Todos eram saudáveis, bonitos e fartos. Eram vestidos com penas, pintados com urucum e jenipapo, viviam com vigor, braveza e alegria.
Os recém-chegados tinham a vida como uma tarefa, uma sofrida obrigação, que a todos condenava o trabalho visando o lucro. Se achavam heróis bravos e corajosos, que velejavam para além do desconhecido. Eram feios, fétidos, cheios de doenças e pestes, vestidos com panos, calçados com botas e de chapéus, “punham nessas peças seu luxo e vaidade, apesar de mais vezes as exibirem sujas e molambentas, do que pulcras e belas.” Eles viram os índios como uma oportunidade – “esses índios cativos, condenados à tristeza mais vil, eram também os provedores de suas alegrias, sobretudo as mulheres de sexo bom de fornicar, de braço bom de trabalhar, de ventre fecundo pra prenhar. A vontade mais veemente daqueles heróis d’além-mar era exercer-se sobre aquela gente vivente como seus duros senhores.” 
De ordem religiosa
Quando os europeus chegaram, os índios pensaram que eram gente de seu deus criador – Maíra, que milagrosamente vinha ao encontro de seu povo. Posteriormente, por causa do sofrimento que os europeus trouxeram, essa visão bucólica se dissipa. “Maíra, seu deus, estaria morto? Como explicar que seu povo predileto sofresse tamanhas provocações? Tão espantosas e terríveis eram elas, que para muitos índios melhor fora morrer do que viver.”
A vocação dos europeus eram a de autoridade de mando e cutelo sobre os animais, as plantas e as gentes, nas imensas terras que iam se apropriando em nome de Deus e da Lei. Eram cristãos. “Eram gente prática, experimentada, sofrida, ciente de suas culpas oriundas do pecado de Adão, predispostos à virtude, com clara noção dos horrores do pecado e da perdição eterna. Consideravam os índios um povo sem fé, por isso tentaram impor a catequese à eles.
Razões desencontradas
Os índios resistiram diante da invasão europeia, eles defenderam até o limite possível seu modo de ser e de viver, especialmente quando as ilusões dos primeiros contatos pacíficos se dissiparam. Eram várias batalhas travadas entre índios e colonizadores. “É o próprio atraso dos índios que os fazia mais resistentes à subjugação, condicionando uma guerra secular de extermínio. (...) com a lentidão da conquista do Brasil, que prossegue até hoje com tribos arredias resistindo armadas à invasão de seus territórios para além das fronteiras da civilização.” O alto plano jesuítico que maneou e ordenou a colonização. Uma junção de violência mortal, intolerância, prepotência e ganância. “Aplicado a ferro e fogo por Mem de Sá, esse programa levou o desespero e a destruição a cerca de trezentas aldeias indígenas na costa brasileira do século XVI.” 
O salvacionismo
Nas décadas do achamento, descoberta ou invasão do Brasil, surgiram descrições cada vez mais minuciosas das novas terras. Assim, elas iam sendo apropriadas pelo invasor também pelo conhecimento de seus rios e matas, povos, bichos, compondo um novo corpo de saber, voltado para valores e propósitos diferentes. “Foi a gente aqui encontrada que provocou maior curiosidade. Os índios, vistos em princípio como a boa gente bela, que recebeu dadivosa aos primeiros navegantes, passaram logo a ser vistos como canibais, comedores de carne humana, totalmente detestáveis.” A curiosidade se acendeu no reino dos teólogos. “Seriam também membros do gênero humano, feitos do mesmo barro pelas mãos de Deus, à sua imagem e semelhança? Caíram na impiedade. Teriam salvação? Ficou logo evidente que eles careciam, mesmo, é de um rigoroso banho de lixívia em suas almas sujas de tanta abominação.” Logo compuseram uma teologia alucinada e messiânica, que via na expansão ibérica uma missão divina que se cumpria passo a passo.

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