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1 COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS Aula 04 CITAÇÃO É o ato processual no qual o réu toma conhecimento da existência de uma ação penal em seu desfavor e, além disso, é a forma usada para chamá-lo ao processo para oferecer resposta à acusação, nos termos do art. 396, CPP. - não existe no inquérito policial; - é ato essencial no processo (ausência gera nulidade absoluta) art. 564, III, e, CPP; - comparecimento espontâneo do réu em juízo supre a falta ou defeito da citação (art. 570, CPP); - não existe no Processo Penal a citação por carta com AR (Correios) ou por telefone. A Lei 11.719/2008 alterou o CPP (art. 362) e passou a admi�r a citação por hora certa na forma do CPC quando o réu se oculta para não ser citado. ESPÉCIES DE CITAÇÃO São espécies de citação: - citação real, também denominada pessoal, cons�tui a regra no processo Penal. - citação ficta ou presumida, que se realiza por meio de citação com hora certa ou por edital, configura exceção, somente sendo realizada quando não for possível efe�var pessoalmente. EFEITOS DA CITAÇÃO 2 A CITAÇÃO, tem por finalidade, completar a relação jurídica processual (art. 363 com a redação estabelecida pela Lei nº 11.719/2008); e seguirá sem a presença do Acusado, que citado ou in�mado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem mo�vo jus�ficado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo (art. 367 do CPP). FORMAS DE CITAÇÃO - POR MANDADO (é regra - art. 351): é a citação pessoal, quando o réu reside na Comarca. - Exceções: citação de militar (art. 358) e em legação estrangeira (art. 369) 1.1 – Requisitos intrínsecos (obrigatórios) da citação por mandado: O mandado deve conter os requisitos do art. 352 do CPP. 1.2 – Requisitos extrínsecos (art. 357 - dizem respeito à função do oficial de jus�ça ao citar o réu). – POR PRECATÓRIA (arts. 353 a 356 do CPP): - usada para réu residente fora da jurisdição do juiz processante (art. 353), que preencherá os requisitos estabelecidos no art. 354 do CPP; - precatória i�nerante: quando o juiz deprecado inicialmente constata que o réu se encontra em outra jurisdição, quando então remeterá os autos para efe�vação das diligências (art. 355, § 1º, CPP); - cabe precatória por carta telegráfica, com firma reconhecida e mencionada pela expedição (art. 356). - CITAÇÃO DE MILITAR (art. 358, CPP): feita através do chefe do serviço (o juiz oficia com as indicações indispensáveis ao mandado). - por edital: somente quando o superior do acusado declarar estar o mesmo em lugar ignorado. - CITAÇÃO DE PRESO: havia divergência nos tribunais e na doutrina quanto à dispensa da citação por mandado (o STJ entendia que bastava a requisição do preso ao chefe do estabelecimento), porém a Lei 10.792/03 alterou o art. 360 do CPP determinando a citação pessoal do réu preso. Súmula 351 STF 3 - CITAÇÃO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO FUNCIONÁRIO PÚBLICO: por mandado, porém, é no�ficado também o chefe da repar�ção pública (art. 359, CPP). - CITAÇÃO POR HORA CERTA Com o advento da Lei 11.719/08 que alterou o art. 362 do CPP, agora existe a citação por hora certa no processo penal quando o réu se oculta para não ser citado, devendo ser aplicado as regras dos arts. 227 e 229 do CPC. Se o réu não comparece o juiz deve nomear defensor da�vo. - CITAÇÃO POR CARTA ROGATÓRIA Se o réu es�ver no estrangeiro em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo o curso da prescrição até o seu cumprimento segundo previsões con�das nos ar�gos art. 368. O ar�go 369 do CPP, traz a figura da citação em legações estrangeiras, que na linguagem diplomá�ca, serve para designar a sede em que está instalada a embaixada ou a missão diplomá�ca. Se o réu es�ver no estrangeiro em lugar não sabido, adotam-se as regras da citação por edital (art. 366, alterado pela Lei 9.271/96). - CITAÇÃO POR EDITAL, SUSPENSÃO E REVELIA Art. 363 § 1º CPP Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por edital. Art. 363 § 4º CPP Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer tempo, o processo observará o disposto nos arts. 394 e ss deste Código. Art. 366 CPP Se não comparecer e não cons�tuir advogado ocorrerá a SUSPENSÃO. SUSPENSÃO - é a conjugação de três pressupostos, citação por edital, não comparecimento e não 4 cons�tuição de defensor; No caso de suspensão da prescrição, frente a não localização, devem ser respeitadas as regras de imprescri�bilidade da Cons�tuição Federal (art. 5º, XLII e XLIV) e o princípio cons�tucional da proporcionalidade. Durante algum tempo, houve discussão sobre o tempo determinado de suspensão: 1º - de 20 a 30 anos, com a consequente declaração da ex�nção da punibilidade, após o prazo; 2º - um tempo variável de suspensão, com fundamento na proporcionalidade, correspondente ao prazo da prescrição da pretensão puni�va calculado pela referência da faixa da pena mínima ou da pena máxima abstratamente previstas (art. 109, CP), após o que o prazo da prescrição suspenso volta a correr, mas o processo con�nua suspenso. SÚMULA 415 STJ O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada. SÚMULA 455 STJ A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 CPP deve ser concretamente fundamentada, não a jus�ficando unicamente o mero decurso do tempo. A REVELIA é a desnecessidade de in�mar o réu da prá�ca de atos processuais, salvo no caso da sentença condenatória, que tem regras especiais de in�mação (art. 392, CPP). A não in�mação do réu não se aplica a seu defensor, da�vo ou cons�tuído, pois a defesa técnica é indispensável. CRÍTICA AO TERMO –“REVELIA” NO PROCESSO PENAL Prá�ca equivocada por parte de alguns juízes - que diante da opção feita pelo réu de não ir na audiência de instrução, decretam a 'revelia'. A ‘revelia’ é um ins�tuto �pico do processo civil, carregada de sen�do nega�vo, impondo ainda a ‘presunção de veracidade’ sobre os fatos não contestados e outras consequências inadequadas no processo penal. Delmanto Jr. - “sua aplicação afigura- se, por si só, totalmente incompa�vel com a concepção de que não há como dissociar a ina�vidade do acusado, de um lado, do exercício dos direitos a ele cons�tucionalmente assegurados da ampla defesa e do silêncio, de outro”. 5 Exceto no caso de liberdade provisória condicionada ao comparecimento a todos os atos do processo, o réu tem o direito de ‘não ir’. A presença dele na audiência atende ao seu interesse de defesa. Não há uma obrigação de presença, todo o oposto. Com a modificação levada a cabo pela Lei n. 9.271/96, finalmente abandonou- se a “revelia” e os absurdos processos penais sem réu presente (em caso de ina�vidade processual ficta). Com a reforma de 2008, o art. 457 consagrou o direito de ausência do réu até mesmo no plenário do júri. Ou seja, sequer no julgamento no plenário do júri está o réu solto obrigado a comparecer, podendo perfeitamente optar por não ir. Atualmente, não há que se falar em “revelia” no processo penal. INTIMAÇÃO e NOTIFICAÇÃO INTIMAÇÃO - o ato pelo qual se dá ciência à parte, no processo, da prá�ca de algum ato, despacho, decisão ou sentença, referindo-se, pois, a um ato já pra�cado, um ato pretérito. NOTIFICAÇÃO - o ato por meio do qual se comunica à parte ou a outra pessoa, o lugar, dia e hora de um ato processual a que deva estar presente. Refere-se, portanto, a um ato futuro, que ainda vai ser pra�cado. - Dis�nção entre in�mação e no�ficação: In�mação: seria a comunicação da ocorrência de ato processual do passado. Ex.: in�mação da sentença; No�ficação: seria a comunicação de ato processual do futuro, a que a pessoa deve comparecer ou pra�car. Ex.: Audiência. - o termo no�ficação é pouco usual. Ex.: art. 329, § único; art. 359; art. 600, § 4º, do CPP. - aplicam-se as mesmas situações da citação para in�mações,nos termos do art. 370, CPP. - Certos sujeitos processuais somente podem ser in�mados pessoalmente: Ministério Público (art. 6 370, § 4º), o membro da Advocacia-Geral da União (Lei 9028/95), o defensor público (Lei nº. 1060/50) e o defensor nomeado ou da�vo (art. 370, § 4º). FORMAS DA INTIMAÇÃO Dispõe o ar�go 370, caput do CPP, com a redação que lhe foi dada pelo ar�go 1º. da lei 9.271, de 17-04-96, que nas “in�mações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que devem tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for aplicável, o disposto no Capito anterior”, referindo-se, assim, às regras previstas para a citação por mandado. Entende-se, porém, que não há nulidade: - na falta de requisição do militar, se o ato a�ngiu o fim, que é o seu comparecimento. - na in�mação e no�ficação do servidor quando o chefe da repar�ção não é cien�ficado desta. Quanto ao advogado cons�tuído, ao advogado do querelante e do assistente prevê a lei, na nova redação dada ao ar�go 370, em seu § 1º., que devem ser eles in�mados para os atos do processo pela imprensa, especificamente pelo órgão incumbido da publicação dos atos judiciais da comarca. Formalidade essencial dessa publicação é que ela conste o nome do acusado. A omissão ou erro que não permita iden�ficá-lo claramente é causa de nulidade. Como in�mação que é, aliás, a publicação pela imprensa deve conter o número da ação penal, o nome completo das partes e de seus procuradores, e a finalidade da in�mação de modo que o des�natário tenha ciência exata do despacho do juiz. Na ausência de órgão incumbido de publicações judiciais a in�mação desses procuradores será efetuada na forma dos §§ 2º. e 3º. do mesmo ar�go. Podem ser eles in�mados diretamente pelo escrivão. Como se trata, no caso de in�mação pessoal, pode também o escrivão in�mar o acusado, o Ministério Público, o defensor público ou equivalente, as testemunhas, os peritos etc. CONTAGEM DOS PRAZOS PENAL E PROCESSUAL PRAZO PENAL - Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. A contagem de prazos para os ins�tutos de direito material penal (prescrição, decadência, 7 sursis, LC) ocorre de forma diversa do modo como se contam os prazos do direito processual penal (prazo para a conclusão do IP para oferecimento da denúncia pelo MP, para a conclusão da ação penal, para interposição de recursos, etc). PRAZO PROCESSUAL PENAL - Art. 798 § 1º CPP Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. A contagem dos prazos de direito processual se inicia no primeiro dia ú�l seguinte ao seu marco inicial e, caso se encerrem em feriados ou finais de semana, têm o final de sua contagem prorrogado para o primeiro dia ú�l subsequente. “Súmula 710 do STF: “No processo penal, contam-se os prazos da data da in�mação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de Ordem” PRAZO é o limite de tempo concedido a um sujeito para o cumprimento de um ato processual. Os prazos são regidos por dois princípios importan�ssimos, o da igualdade de tratamento e o da brevidade: a) Princípio da igualdade de tratamento – as partes não podem ser tratadas desigualmente. Para atos idên�cos, os prazos não podem ser diferentes. b) Princípio da brevidade – os prazos processuais não podem ser muito dilatados, pois as demandas não podem eternizar-se. CARACTERÍSTICAS DOS PRAZOS Os prazos são con�nuos e peremptórios: - Con�nuos – não serão interrompidos na sua duração (exceções - art. 798, §4º, CPP); - Peremptórios – são improrrogáveis (exceções - art. 798, § 3º, CPP e a Súmula 310 STF). Art. 798 CPP - Todos os prazos correrão em cartório e serão con�nuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. § 3º O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia ú�l imediato. STF – Súmula 310: “Quando a in�mação �ver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de in�mação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia ú�l que se seguir”; 8 PRECLUSÃO É a perda, ex�nção ou consumação de uma faculdade. Trata-se de fato processual impedi�vo, que se verifica quando a parte perde determinada faculdade, podendo a preclusão ser: a) temporal; b) lógica; c) consuma�va; a) preclusão temporal – a faculdade se perde pelo seu não-exercício no prazo legal. b) preclusão lógica - Às vezes a preclusão ocorre por ter sido cumprida uma faculdade incompa�vel com o exercício de outra. Ex: argui-se a exceção de li�spendência e depois a de suspeição. c) preclusão consuma�va - A decisão irrevogável transforma-se em fato impedi�vo, gerando uma preclusão denominada consuma�va, que não permite que a questão que foi objeto da sentença seja renovada em uma nova ação. ESPÉCIES DE PRAZO a) COMUNS – são aqueles que correm para ambas as partes, ao mesmo tempo; b) PARTICULARES – Correm apenas para uma das partes. (art. 46 CPP – oferecimento da denúncia). c) PRÓPRIOS – São aqueles prazos dentro dos quais a parte deve realizar o ato processual e, se não observados, haverá tão só a consequência de natureza processual (art. 396-A e 406, § 2º CPP, no que se refere ao arrolamento de testemunhas). d) IMPRÓPRIOS – São os impostos aos juízes e seus auxiliares e que, descumpridos, trarão consequências disciplinares, e não processuais (ver art.799, 800 § 2º e 801 CPP) e) LEGAIS – é o prazo estabelecido em lei; f) JUDICIAIS – o fixado pelo juiz - art. 93 § 1º CPP 9 CONTAGEM DOS PRAZOS No processo penal, os prazos são fixados em minutos, horas, dias, meses e até mesmo anos. (não existem prazos semanais). Art. 749. Indeferida a reabilitação, o condenado não poderá renovar o pedido senão após o decurso de dois anos, salvo se o indeferimento �ver resultado de falta ou insuficiência de documentos. Art. 94. A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for ex�nta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado. Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia Art. 103. Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 1º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. a) Prazo fixado em ano, mês ou dias a.1) se houver correspondência no Código Penal, a contagem se faz de acordo com o art. 10 do CP, ou seja, computa-se o dia inicial, e exclui-se o dia do final. (Vide arts. 749 e 38 do CPP, e seus correspondentes 94 e 103 do CP). a.2) Não havendo correspondência, o prazo é contado de acordo com o ar�go 798,§ 1º, do CPP (não se computa o dia inicial e inclui-se o dia do final). b) Prazo for fixado em horas ou em minutos, conta-se de minuto a minuto, aplicando-se a regra do art. 132, § 4º, do CC. - Art. 132 CC: “Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, 10 excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento” § 4o - Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto c) Demais casos - aplicam-se as regras do art. 798,§§ 1º, 3º e 4º CPP. FIXAÇÃO DO “DIES A QUO” (dia do início da contagem) - Art. 798 § 5º- Salvo os casos expressos, os prazos correrão: a) da in�mação;b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela es�ver presente a parte; c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho.
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